Arquivo sobre o Renascimento, elaborado pelo Professor Evaldo Lima, do Curso de "Ensino Avançado de História", do Colégio Espaço Aberto - Fortaleza - Ceará - Brazil
2. O termo Renascimento é comumente aplicado à civilização européia que se
desenvolveu entre 1300 e 1650.
Além da inspiração na antiga cultura greco-romana, ocorreram nesse período
muitos progressos e incontáveis realizações no campo das artes, da literatura e
das ciências.
O ideal do humanismo foi o móvel desse progresso e tornou-se o próprio
espírito do Renascimento. Trata-se da proposta da ressurreição consciente (o re-
nascimento) do passado, considerado agora como fonte de inspiração e modelo
de civilização. Num sentido amplo, esse ideal pode ser entendido como a
valorização do homem (Humanismo) e da natureza, em oposição ao divino e ao
sobrenatural, conceitos que haviam impregnado a cultura da Idade Média.
3. O Renascimento abandonou Deus?
Eram ateus os Homens do Renascimento?
Deus criador – Homem criatura
Qual a relação entre o Renascimento e a
Burguesia?
Por que a Itália foi o berço do
Renascimento?
Quais os maiores expoentes do
Renascimento?
As massas tiveram acesso à revolução
cultural renascentista?
O Renascimento abandonou a Escolástica
e os fundamentos do Concílio de Nicéia?
4. Engels informa que em momentos de grave crise
histórica a humanidade produz gênios. O
Renascimento pode ser compreendido a partir deste
princípio, uma vez tratar-se de momento gravíssimo
de crise terminal do Modo de Produção Feudal.
A nova ética, a nova moral da burguesia, enfim,
exigia o fim do cavalheirismo medieval. Exigia
personagens capazes de simular serem o que não
são, de dissimular serem o que são, capazes, enfim,
de erigir o blefe, a fraude e a pecúnia como seus
tópicos principais de comportamento e adoração. O
Homem do Renascimento, segundo Agnes Heller,
era aquele que se comportava de acordo com as
frases de Shakespeare ou Leonardo da Vinci, como:
5. “Posso sorrir, e matar enquanto
sorrio,
E proclamar-me feliz com o que me
aflige o coração,
Molhar as minhas faces com
lágrimas fingidas
E acomodar a minha cara a todas
as ocasiões...
Posso acrescentar cores ao
camaleão,
Mudar de forma mais depressa que
Proteu
E mandar para a escola o
sanguinário Maquiavel!”
Ricardo II, Ato 3, Cena 5
“Vede aqueles que podem ser
chamados
Simples condutores de comida,
Produtores de estrume, enchedores
de latrinas,
Pois deles nada mais se vê no
Os cambistas, Quentim Metsys, Museu do
mundo
Louvre, séc. XVI
Nem qualquer virtude se observa
no seu trabalho,
Nada deles restando além de
latrinas cheias”
Anotações, Leonardo da Vinci
6. O homem dos novos tempos burgueses além de
ser capaz de simular, dissimular, mentir e
atraiçoar deveria ser capaz também de obter fama
e fortuna em vida, o que seria impensável durante
o feudalismo.
A seguir o pensamento do genial Leonardo da
Vinci, era preciso deixar a sua marca na
história, fosse em que campo da existência fosse.
Somente era criticado aquele que nada mais fazia
do que trabalhar, comer, dormir e, no
máximo, reproduzir-se, coisa que outros animais
são capazes de fazer – o que enfatiza o
humanismo renascentista.
7. Renascimento significou uma nova arte, o advento do
pensamento científico e uma nova literatura. Nelas estão
presentes as seguintes características:
antropocentrismo : Para os renascentistas o homem era visto
a-
como a mais bela e perfeita obra da natureza, com capacidade
criadora e poder de explicar os fenômenos à sua volta.
otimismo: os renascentistas acreditavam no progresso e na
b-
capacidade do homem de resolver problemas. Por essa razão
apreciavam a beleza do mundo e tentavam captá-la em suas obras
de arte.
racionalismo: tentativa de descobrir pela observação e pela
c-
experiência as leis que governam o mundo. A razão humana é a
base do conhecimento. Isto se contrapunha ao conhecimento
baseado na autoridade, na tradição e na inspiração de origem divina
que marcou a cultura medieval.
8. d- humanismo: o humanista era o indivíduo que traduzia e estudava
os textos antigos, principalmente gregos e romanos. Foi dessa
inspiração clássica que nasceu a valorização do ser humano. Uma das
características desses humanistas era a não especialização. Seus
conhecimentos eram abrangentes.
e- hedonismo: valorização dos prazeres sensoriais. Esta visão se
opunha à ideia medieval de associar o pecado aos bens e prazeres
materiais.
f- individualismo: a afirmação do artista como criador individual da
obra de arte se deu no Renascimento. O artista renascentista assinava
suas obras, tornando-se famoso.
g- inspiração na antiguidade clássica: os artistas renascentistas
procuraram imitar a estética dos antigos gregos e romanos. O próprio
termo Renascimento foi cunhado pelos contemporâneos do
movimento, que pretendiam estar fazendo re-nascer aquela
cultura, desaparecida durante a “Idade das Trevas” (Média).
9. Itália: o Berço do Renascimento
a- A vida urbana e as atividades comerciais, mesmo durante a Idade
Média, sempre foram mais intensas na Itália do que no resto da Europa.
Como vimos, o Renascimento está ligado à vida urbana e à burguesia.
Basta lembrar que Veneza e Gênova foram duas importantes cidades
portuárias italianas, ambas com uma poderosa classe de ricos mercadores.
b- A Itália foi o centro do Império Romano e por isso tinha mais presente
a memória da cultura clássica. Como vimos, o Renascimento inspirou-se
na cultura greco-romana.
c- O contato com árabes e bizantinos, por meio do comércio, deu
condições para que os italianos tivessem acesso às obras clássicas
preservadas por esses povos. Quando Constantinopla foi conquistada
pelos turcos, em 1453, vários sábios bizantinos fugiram para Itália
levando manuscritos e obras de arte.
10. •d- O grande acúmulo de riquezas obtidas no comércio
com o Oriente, formou uma poderosa classe de ricos
mercadores, banqueiros e poderosos senhores. Esse
grupo representava um mercado para as obras de arte,
estimulando a produção intelectual. Muitos pensadores,
pintores, escultores e arquitetos se tomaram protegidos
dessa poderosa classe. À essa prática de proteger
artistas e pensadores deu-se o nome de mecenato. Entre
os principais mecenas podermos destacar os papas
Alexandre II, Júlio II e Leão X. Também ricos
mercadores e políticos foram importantes mecenas,
como, por exemplo, a família Médici.
•e - Além desses fatores, a ausência de Estado
centralizado, o aparecimento das universidades, a
invenção da imprensa também favoreceram ao
Renascimento italiano.
11. Fases do Renascimento Italiano
I – TRECENTO
- Gênese do Renascimento
XIV – Renascimento Comercial e Urbano
Século
Aparecimento das Universidades – Escolástica e
Humanistas
Principais expoentes: Boccaccio, Giotto e ...
14. Renascimento: um fenômeno florentino?
A importância da Família Médicis.
Maiores expoentes: Leonardo da Vinci
e Michelangelo.
Veja agora algumas obras desses gênios da
Renascença:
20. A Decadência do
Renascimento Italiano
• A natureza elitista do movimento;
• A Contra-Reforma Católica: Inquisição e Index
Librorum Proibitorum.
• As lutas políticas internas entre as diversas
cidades-estados e a intervenção das potências
políticas da época (França, Espanha e Sacro Império
Germânico), consumiram as riquezas da Itália.
• Ao mesmo tempo, o comércio das cidades
italianas entrou em franca decadência depois que a
Espanha e Portugal passaram a liderar, através da
rota do Atlântico, o comércio com o Oriente.
21. Maquiavel e as Razões do Estado:
Fortuna e Virtude na Política.
22. O Renascimento em outras
partes da Europa
• Nos Países Baixos, uma classe de ricos comerciantes e banqueiros estava ligada
ao consumo e à produção de obras de arte e literatura. Um dos grandes pinto-res
flamengos foi Brueghel, que viveu em Antuérpia. Ele
pintou, principalmente, cenas da vida cotidiana, retratando o estilo de vida da
classe burguesa em ascensão (A Dança do Casamento, de 1565). Destacaram-se
ainda os irmãos pintores Hubert e Jan van Eyck (A Virgem e o Chanceler Rolin).
•A crítica à intolerância do pensamento religioso medieval foi feita por Erasmo
de Roterdan (1466-1529) com sua obra Elogio da Loucura.
• Na França, o Renascimento teve importantes expoentes: a- na literatura e
filosofia, Rabelais (1490-1 553), autor de Gargantua e Pantagruel, obra na qual
critica a educação e as táticas militares medievais. Montaigne (1533-1592), autor
de estudos filosóficos céticos intitulados Ensaios, nos quais o principal objeto de
crítica é o clero.
23. Na Espanha, Nas artes plásticas destacou-se El Greco (1575-1614), o grande pintor
espanhol do Renascimento (O Enterro do Conde de Orgaz e A Visão Apocalíptica). Na
literatura, a Espanha produziu um dos maiores clássicos da humanidade. Trata-se de D.
Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, obra na qual o personagem principal
(D.Quixote) é um cavaleiro romântico que imagina estar vi-vendo em plena Idade Média. A
metáfora é referente à decadência da cavalaria e ao conflito entre a mentalidade moderna e a
medieval.
Na Inglaterra, um dos principais expoentes do Renascimento foi Tomas Morus (1475-
1535), autor de Utopia, obra que descreve as condições de vida da população de uma ilha
imaginária, onde não havia classes sociais, pobreza e propriedade privada.
É também inglês o maior dramaturgo de todos os tempos, William Sheakspeare (1564-
1616).
Destaca-se ainda no Renascimento inglês, o filósofo Francis Bacon (1561-1626), autor
de Novun Organun. Esse autor pode ser considerado um dos precurso-es do Iluminismo (ver
capítulo 9).
Em Portugal, o grande representante do renascimento literário foi Luís Vaz de Camões
(1525-1580), autor de Os Lusíadas, poema épico que narra os grandes feitos da navegação
portuguesa.