O documento descreve as características e autores do Romantismo no Brasil, dividido em três gerações. A primeira geração é chamada de nacionalista ou indianista e exaltava a natureza e o índio como herói nacional, com autores como Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães. A segunda geração é marcada pelo mal-do-século e a fuga da realidade. A terceira geração é conhecida pela poesia social e libertária.
2. O Romantismo somente foi definido como escola literária nos últimos 25 anos do século
XVIII. A Alemanha e a Inglaterra foram pioneiras no romantismo, mas foi a França que
divulgou a nova tendência.
Em Portugal, o poema “Camões” de Almeida Garrett foi o marco inicial do Romantismo no
país.
O livro de poesias “Suspiros poéticos e saudades” e a revista Niterói são consideradas o
marco inicial do Romantismo no Brasil. As duas obras foram lançados no ano de 1836.
O momento histórico em que ocorreu o Romantismo no Brasil, deve ser visto a partir da
chegada da família real, em 1808, que leva o Rio de Janeiro a viver um processo de
urbanização e intelectualização.
3. CARACTERÍSTICAS DO ROMANTISMO
Inicialmente, romântico era tudo aquilo que se opunha a clássico. Ou seja, passa a valorizar o caráter
popular, o folclore e o que é nacional. O indivíduo passa a ser o centro das atenções, apelando para a
imaginação e para os sentimentos, resultando uma interpretação subjetiva da realidade.
O romantismo floresceu na Alemanha (Goethe e Schlegel), na França (Madame de Stäel e
Chateaubriand) e na Inglaterra (Coleridge e Wordsworth), como resposta aos modelos pretendidos
pelos Iluministas, que privilegiavam o racional e o objetivo, em detrimento do emocional e da
subjetividade.
Houve, no período, o desenvolvimento da chamada poesia ultra-romântica, dos romances (novels) e
dos romances históricos (romances). Tanto a prosa quanto a poesia foram amplamente difundidos no
período. Porém, com a ascensão da imprensa e da burguesia comercial, os romances e os periódicos
foram ganhando cada vez mais espaço e se popularizaram a ponto de atingir um novo público leitor que
até então não tinha acesso à literatura.
4. CARACTERÍSTICAS DO ROMANTISMO
Há uma diferença significativa com relação aos padrões poéticos vistos até então no Arcadismo, que se
assemelhavam à estrutura camoniana e eram inspirados nas obras greco-romanas. O verso clássico deu
espaço ao verso livre, aquele sem métrica e sem entonação, e ao verso branco, sem rima, que
possibilitou uma maior liberdade de criação do poeta romântico, agora livre para expressar sua
individualidade.
Os temas principais da poesia romântica giram em torno do sentimento de nacionalidade surgido a
partir novo do contexto histórico e cultural. A nova pátria, com a declaração da independência,
manifestava-se através da exaltação da natureza do país, no retorno ao passado histórico e na criação
dos heróis nacionais.
A hipervalorização dos sentimentos e das emoções pessoais (angústias, tristezas, paixões, felicidades
etc.) também é característica do movimento, que pressupunha uma olhada para o interior do artista e
de suas emoções, em detrimento do racional e do objetivo iluminista. Esse sentimentalismo exagerado
está refletido nos enredos que, em sua maioria, consistem em histórias de amor ou, quando este não é
o mote principal, em histórias em que o amor e a paixão prevalecem.
5. CARACTERÍSTICAS DO ROMANTISMO
A individualidade como refúgio proporciona também a evasão para mundos distantes como forma de
escapar a sua realidade. Essa característica está associada, principalmente, aos autores da chamada
Geração Mal-do-Século - autores acometidos pela tuberculose (a doença considerada o mal do século
XIX) - que almejavam uma vida de prazeres em países e territórios distantes para escapar à dor e à
morte.
O culto à natureza ganha traços diferenciados no romantismo pois, a partir de agora, passa a funcionar
não apenas como pano de fundo para as histórias mas também, passa a exercer profundo fascínio pelos
artistas. Além disso, a natureza passa a entrar em contato com o eu romântico, refletindo seus estados
de espírito e sentimentos.
Nos romances góticos, surgidos no final do século XVII e desenvolvidos durante o século XIX, a natureza
tem um papel muitas vezes hostil e ameaçador na trama, responsável por momentos de tensão. Com o
passar do tempo, essa natureza transformou-se em um clichê para histórias de terror na forma de
cenários assustadores: noite, névoa, pântanos, neve, árvores retorcidas etc.
6. CONCEITOS IMPORTANTES
• a) Subjetivismo e Individualismo - glorificação do que é particular e íntimo, dos sentimentos.
Segundo o professor Sergius Gonzaga, em seu livro Manual de Literatura Brasileira (Mercado
Aberto, 1989):
• Com frequência, o destino da grandeza individual é a "maldição", ou seja, distanciamento
pessoal da vida em sociedade, através da solidão voluntária, da orgia, da ofensa aos valores
comuns, da recusa em aceitar os princípios da comunidade. Isto ocorre em um segundo
momento, quando os artistas se dão conta da impossibilidade de uma nova experiência
napoleônica e da mediocridade da burguesia pós-revolucionária, voltada apenas para a
acumulação de capital.
7. CONCEITOS IMPORTANTES
• b) Patriarcalismo - o século XIX também é conhecido por refletir em sua literatura canônica uma
sociedade conservadora e patriarcalista. Neste modelo, a família (homem, mulher e filhos) é o
núcleo da sociedade burguesa, cujo poder está centrado na figura do pai. Os enredo giram
basicamente em torno dela, de suas relações, seus costumes e seus desejos.
• Embora no Brasil o modelo de sociedade patriarcal sempre esteve presente desde o início da
colonização, no Romantismo que uma explicitação desse modelo, pois ele fazia parte do projeto
nacional presente no século XIX, isto é, aparecia na literatura como reflexo da ideologia dominante
e para estabelecer os costumes esperados na sociedade e destinados principalmente às mulheres
• Com o advento do Realismo (movimento literário seguinte) muitos autores dedicam-se a criticar
este modelo e a retratar (da forma mais realista possível) as mazelas que se encontravam por trás
da família burguesa, como a submissão das mulheres, a violência praticada contra esposas e filhas
e a própria condição dessas personagens, moedas de troca a fim de garantir a situação financeira
das famílias.
8. CONCEITOS IMPORTANTES
• c) Eurocentrismo - com a expansão mercantilista, a Europa se transformou na grande
potência mundial expandindo seus mercados para além do continente, espalhando sua visão
de mundo e acreditando na soberania dos países e no modo de pensar europeu. As
consequências causadas pelo choque cultural dos europeus com outras sociedades
(principalmente africanas, asiáticas e americanas) criou uma série de estereótipos a respeito
desses povos "bárbaros" e a ideia de que o pensamento europeu seria civilizatório moldou as
colônias e que foi refletida através da história principalmente na literatura do século XIX.
9. CONCEITOS IMPORTANTES
• f) Nacionalismo - com o desenvolvimento de uma burguesia mercantil, os reinos europeus
foram se dissolvendo e desenvolvendo, inicialmente, uma ideia de organização política e
cultural autônoma. Nas colônias, o sentimento de nacionalidade surgiu como reação à
política mercantil restritiva das metrópoles e do desejo de liberdade econômica e política. No
Brasil, os escritores produziram obras importantes motivadas pelo ideal nacionalista no
sentido de delinear uma literatura que fosse considerada brasileira e não mais submissa à
colônia.
10. GERAÇÕES ROMÂNTICAS NO BRASIL
• O Romantismo pode ser classificado em três gerações no Brasil.
• Primeira – geração nacionalista: Exaltação da natureza, criação do herói na figura do índio,
sentimentalismo e a religiosidade são algumas das características marcantes da chamada
geração indianista. Principais autores: Gonçalves Dias, Gonçalves de Magalhães e Araújo
Porto Alegre.
• Segunda – geração do mal-do-século: Negativismo, desilusão, tédio e dúvida são
características da segunda geração do romantismo. A fuga da realidade é um dos temas
preferidos que se manifesta na exaltação da morte e nas virgens sonhadoras. Principais
autores: Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Fagundes Varela.
• Terceira – geração condoeira: Caracterizada pela poesia social e libertária, reflete as lutas
internas da segunda metade do reinado de D. Pedro II. Castro Alves foi seu principal
representante.
12. Nessa geração, os temas principais giram em torno da nova pátria, com menções ao passado
histórico do país. Também estão presentes temas como a exaltação do índio, considerado o
herói nacional por excelência, que deu nome à geração. O mito do bom selvagem, do filósofo
Rousseau é aqui traduzido na figura do índio que, além de valente e defensor da sua terra, é
livre e incorruptível. Seus principais autores são Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e
Araújo Porto-Alegre.
13. AUTORES
Gonçalves de Magalhães (1811-1882)
• Estudou Medicina e viajou para a Europa, onde exerce a função de diplomata e passa a ter contato com a
produção literária do velho continente e funda, em Paris, a revista literária Niterói, revista brasiliense, um dos
marcos iniciais do movimento romântico no país.
• Suspiros poéticos e saudades (1836) inaugura o movimento com uma literatura ufamista, celebrando a
nacionalidade e também com temas religiosos, repudiando a estética clássica e a temática da mitologia pagã
(bastante expressiva no período anterior). Além da poesia lírica voltada para o sentimentalismo, nacionalismo
e religiosidade, Magalhães escreveu a Confederação dos Tamoios (1856), poema em dez cantos, inspirado nos
poemas épicos, em que versa sobre a rebelião dos indígenas contra os colonizadores portugueses ocorrida
entre os anos de 1554 e 1567. Nele, o poeta defende os índios como bravos guerreiros empenhados na defesa
de sua terra, o que denotaria um forte sentimento nacionalista embora, é claro, ainda não houvesse
oficialmente um país. Logo, os índios seriam os primeiros heróis nacionais.
14. Gonçalves de Magalhães (1811-1882)
• Veja um trecho do poema:
Redobrando de força, qual redobra
A rapidez do corpo gravitante,
Vai discorrendo, e achando em seu arcanos
Novas respostas às razões ouvidas.
Mas a noilte declina, e branda aragem
Começa a refrescar. Do céu os lumes
Perdem a nitidez desfalecendo.
Assim já frouxo o Pensamento do índio,
Entre a vigília e o sono vagueando,
Pouco a pouco se olvida, e dorme, sonha,
Como imóvel na casa entorpecida,
Clausurada a crisálida recobra
Outra vida em silêncio, e desenvolve
Essas ligeiras asas com que um dia
Esvoaçará nos ares perfumados,
Onde enquanto reptil não se elevara;
Assim a alma, no sono concentrada,
Nesse mistério que chamamos sonho,
Preludiando a vista do futuro,
A póstuma visão preliba às vezes!
Faculdade divina, inexplicável
A quem só da matéria as leis conhece.
Como imóvel na casa entorpecida,
Clausurada a crisálida recobra
Outra vida em silêncio, e desenvolve
Essas ligeiras asas com que um dia
Esvoaçará nos ares perfumados,
Onde enquanto reptil não se elevara;
Assim a alma, no sono concentrada,
Nesse mistério que chamamos sonho,
Preludiando a vista do futuro,
A póstuma visão preliba às vezes!
Faculdade divina, inexplicável
A quem só da matéria as leis conhece.
15. Gonçalves Dias (1823-1864)
• Gonçalves Dias nasceu em Caxias, no Maranhão e, com quinze anos, vai a Coimbra estudar Direito.
Longe do Brasil, toma contato com poetas portugueses que cultivavam a Idade Média. É considerado o
primeiro poeta de fato brasileiro por dar vazão aos sentimentos de um povo com relação à pátria.
• Em 1843 escreve seu famoso poema Canção do Exílio, onde se percebe algumas das principais
características do Romantismo: saudosismo, nacionalismo, exaltação da natureza, visão idealizada da
pátria e religiosidade. Veja:
Canção do Exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossas flores têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
16. Gonçalves Dias (1823-1864)
• Também fazem parte de seu trabalho a poesia indianista, representada pelo conhecido I-Juca Pirama, e a
poesia lírica, pelo poema Se se morre de amor!
• O poema I-Juca Pirama é dividido em dez cantos e conta a história de um guerreiro tupi capturado pela tribo
inimiga, os Timbiras. Como seu pai estava velho e doente, o guerreiro chora e pede clemência à tribo para que
sua vida seja poupada e ele possa voltar à companhia do velho. Ao saber disso, o pai, decepcionado, alega que
seu filho é fraco e covarde por não ter aceitado seu destino de morrer lutando como um verdadeiro guerreiro
nas mãos da tribo inimiga.
Veja abaixo um trecho do poema indianista:
No meio das tabas de amenos verdores,
Cercadas de troncos — cobertos de flores,
Alteiam-se os tetos d’altiva nação;
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,
Temíveis na guerra, que em densas coortes
Assombram das matas a imensa extensão.
São rudos, severos, sedentos de glória,
Já prélios incitam, já cantam vitória,
Já meigos atendem à voz do cantor:
São todos Timbiras, guerreiros valentes!
Seu nome lá voa na boca das gentes,
Condão de prodígios, de glória e terror!
18. Inspirados nas obras dos poetas Lord Byron, Goethe, Chateaubriand e Alfred de Musset, os autores
dessa geração também são conhecidos como "byronianos". As principais características da geração são:
o individualismo, egocentrismo, negativismo, dúvida, desilusão, tédio e sentimentos relacionados à fuga
da realidade, que caracterizam o chamado ultra-romantismo. São temas recorrentes nas obra dos
autores da segunda geração: a idealização da infância, a representação das mulheres virgens sonhadas
e a exaltação da morte. Seus principais poetas são Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira
Freire e Fagundes Varela.
19. Quem foi...
• Lord Byron (1788 - 1824)
George Gordon Byron foi um poeta romântico inglês que influenciou toda uma geração de escritores com
sua poesia ultrarromântica. A ele estão associados termos como o spleen, que significa tédio, mau humor e
melancolia, geralmente causados por amores não correspondidos ou pela descrença na vida em razão da
aproximação da morte, temáticas comuns na poesia ultrarromântica.
De família aristocrática (porém, com dívidas), passava a vida a escrever poesia e a gastar dinheiro, vivendo
no ócio. Suas principais obras são Horas de Lazer (1870), A Peregrinação de Childe Harrold (1812-1818) e
Don Juan (1819-1824).
20. AUTORES
• Álvares de Azevedo (1831 - 1852)
• Poeta romântico por excelência, Álvares de Azevedo nasceu em São Paulo e estudou na
Faculdade de Direito, porém, não chegou a concluir o curso. Faleceu jovem, aos 21 anos,
vítima da tuberculose e da infecção resultante de um acidente de cavalo. A partir de então,
desenvolveu verdadeira fixação com a própria morte, escrevendo a respeito da passagem do
tempo, do sentido da vida e do amor - esse último, jamais realizado.
• Seu livro de poesias, Lira dos Vinte Anos (publicada postumamente em 1853), carrega consigo
a melancolia de um poeta empenhado em expressar seus sentimentos mais profundos. O
conjunto de poesias também evidencia um poeta sensível, imaginativo e harmonioso.
• Pode-se dizer que sua obra possui características góticas, pois retratam paisagens sombrias,
donzelas em perigo, personagens misteriosas, envoltas em vultos e véus entre outros.
• A frustração presente em sua obra é amenizada apenas através da lembrança da mãe e da
irmã. Além disso, a perspectiva da morte, apesar de assustadora, traz conforto por saber que
cessará a dor física causada pela doença e pelos sofrimentos amorosos do poeta. Veja no
poema a seguir:
21. • Se eu morresse amanhã!
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que amanhã!
Eu pendera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que dove n'alma
Acorda a natureza mais loucã!
Não me batera tanto amor no peito,
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
22. • Álvares de Azevedo (1831 - 1852)
• Além de poeta, Álvares de Azevedo produziu a peça de teatro Macário (1852), escrita após
haver sonhado com o diabo. A peça conta a história de um personagem que, em uma viagem
de estudos, faz amizade com um desconhecido e desobre ser ninguém mais, ninguém menos
que o próprio satã. Não há menções sobre o nome da cidade em que eles se encontram,
porém, há referências diretas à cidade de São Paulo. Assim, o poeta aproveita para fazer uma
crítica à devassidão na qual a cidade estava imersa.
• Azevedo também escreveu um romance chamado Noite na Taverna (publicada
postumamente em 1855), uma narrativa composta por cinco histórias paralelas sobre cinco
homens que relatam, em um bar, histórias de terror vivenciadas pelos mesmos. São eles:
Solfieri, Bertram, Gennaro, Claudius Hermann e Johann. Os nomes são claramente europeus
e fazem referência aos romances românticos produzidos naquele continente (especialmente
os italianos e os alemães), bem como sua temática macabra, inspirada nos romances góticos.
23. • Casimiro de Abreu (1839 - 1860)
• Nasceu em Capivary (RJ) e aos quatorze anos embarcou com o pai para Portugal, onde
escreveu a maior parte de sua obra, em que denota a saudade da família e da terra nativa.
Poeta da segunda geração romântica, Casimiro escreveu poemas onde o sentimento nativista
e a busca pela inocência da infância estão presentes. Pertenceu, graças à amizade com
Machado de Assis, à então recém fundada Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira
de número seis. Vítima da tuberculose, faleceu na cidade de Nova Friburgo (RJ).
• Os aspectos formais de sua obra são considerados fracos, porém, sua temática revela grande
importância no desenvolvimento da poesia romântica para as letras brasileiras. Sua
linguagem simples, acompanhada por um ritmo fácil, rima pobre e repetitiva revelam um
poeta empenhado na expressão dos sentimentos saudosistas com relação à pátria e à
infância. Essa última, em tom de profunda nostalgia, revela um tempo em que a vida era mais
prazerosa, junto à natureza e longe dos afazeres e das responsabilidades da vida adulta.
• Sua produção poética está reunida no volume As primaveras (1859) cujo poema mais
conhecido é Meus oito anos, em que o poeta canta a saudade da infância vivida:
24. • Meus oito anos
Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais.
Como são belos os dias
Do despontar da existência
Respira a alma inocência,
Como perfume a flor;
O mar é lago sereno,
O céu um manto azulado,
O mundo um sonho dourado,
A vida um hino de amor!
(...)
26. • A terceira geração romântica é caracterizada pela poesia libertária influenciada, principalmente, pela
obra político-social do escritor e poeta francês Victor Hugo, que originou a expressão "geração
hugoana". Além disso, a ave símbolo da geração é o condor, ave que habita o alto das cordilheiras dos
Andes, e que representa a liberdade daí o nome da geração ser condoeira. A poesia dessa geração é
combativa e prima pela denúncia das condições dos escravos, decorrência do sistema econômico
brasileiro, baseado no trabalho escravo. Os poetas dessa geração também clamam por uma poesia
social em que a humanidade trabalhe por igualdade, justiça e liberdade.
• Seus principais autores são Castro Alves e Sousândrade.
27. AUTORES
• Castro Alves (1847 - 1871)
• Nasceu em Curralinho e faleceu em Salvador (ambas na Bahia) em decorrência da tuberculose e de uma
infecção no pé causada por acidente em uma caçada. Considerado um dos poetas brasileiros mais brilhantes,
Castro Alves tem sua obra dividida em duas grandes temáticas: poesia lírico-amorosa e a poesia social e das
causas humanas.
• Começou a escrever cedo e aos dezessete anos já tinha seus primeiros poemas e peças declamados e
encenados. Aos vinte e um já havia conseguido a consagração entre os maiores escritores daquele tempo,
como José de Alencar e Machado de Assis. É o patrono número sete da Academia Brasileira de Letras.
• Uma das principais características de sua obra é a eloquência, a utilização de hipérboles, de antíteses, de
metáforas, comparações grandiosas e diversas figuras de linguagem, além da sugestão de imagens e do apelo
auditivo. O poeta também faz referência a diversos fatos históricos ocorridos no país, tais como a
Independência da Bahia, a Inconfidência Mineira (presente na peça O Gonzaga ou a Revolução de Minas),
• Diferentemente dos poetas da primeira geração, individualistas e preocupados com a expressão dos próprios
sentimentos, Castro Alves demonstra preocupação com os problema sociais presentes na sua época.
Demonstra também um certo questionamento aos ideais de nacionalidade, pois, de que adiantava louvar um
país cuja economia estava baseada na exploração de sua população (mais especificamente dos índios e dos
negros)?
• A visão do poeta demonstra paixão e fulgor pela vida, diferentemente dos poetas ultrarromânticos da geração
precedente.
28. • Seus trabalhos mais importantes são:
a) poesia lírico-amorosa: a poesia lírico-amorosa está associada ao período em que o poeta esteve
envolvido com a atriz portuguesa Eugênia Câmara. Assim, a virgem idealizada dá lugar a uma mulher de
carne e osso e sensualizada. No entanto, o poeta ainda é um jovem inocente e terno em face a sua amada
corporificada e cheia de desejo.
Seus poemas mais famosos dessa fase estão presentes em sua primeira publicação, Espumas Flutuantes
(1870), conjunto de 53 poemas que versam sobre a transitoriedade da vida frente à morte, sobre o amor
no plano espiritual e físico, que apela para o sentimental e para o sensual e sensorial. Além disso, o
romance com a atriz portuguesa acendeu no poeta o desejo de escrever sobre esperança e desespero.
Veja um trecho:
Boa-Noite
Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa-noite, Maria! É tarde... é tarde...
Não me apertes assim contra teu seio.
Boa-noite!... E tu dizes — Boa-noite.
Mas não digas assim por entre beijos...
Mas não mo digas descobrindo o peito
— Mar de amor onde vagam meus desejos.
29. • Outro poema famoso deste conjunto é O Livro e a América, em que o poeta incentiva a leitura e a
produção literária no país:
(...)
Por isso na impaciência
Desta sede de saber,
Como as aves do deserto --
As almas buscam beber...
Oh! Bendito o que semeia
Livros... livros à mão cheia...
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É germe -- que faz a palma,
É chuva -- que faz o mar.
(...)
30. • b) poesia social: poeta da liberdade, Castro denuncia as desigualdades sociais e a situação da
escravidão no país, além de solidarizar-se com os negros, que eram trazidos de modo precário dentro
dos navios negreiros. Castro clamava à natureza e às entidades divinas para que vissem a injustiça
cometida pelos homens sobre os homens e intervissem para que a viagem rumo ao Brasil fosse
interrompida.
Graças a sua obra empenhada na denúncia das condições dos negros, ficou conhecido como "o poeta dos
escravos", por solidarizar-se com a situação dos que aqui vinham e eram submetidos a todo tipo de
trabalho em condições desumanas.
• As obras mais importantes dessa fase são:
• Vozes D'África: Navio Negreiro (1869)
• A Cachoeira de Paulo Afonso (1876)
• Os Escravos (1883)
Veja trecho de Navio Negreiro:
31. Canto VI
Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!
32. • Didivido em seis cantos, segundo a divisão clássica da epopeia:
1º canto: descrição do cenário;
2º canto: elogio aos marinheiros;
3º canto: horror - visão do navio negreiro em oposição ao belo cenário;
4º canto: descrição do navio e do sofrimento dos escravos;
5º canto: imagem do povo livre em suas terras, em oposião ao sofrimento no navio;
6º canto: o poeta discorre sobre a África que é, ao mesmo tempo tempo, um país livre, acaba por se
beneficiar economicamente da escravidão.
O poema épico é eloquente e verborrágico. Embora o último navio negreiro que tenha chegado ao país
date de 1855, a escravidão ainda era parte do sistema econômico brasileiro.
33. AUTORES
• Sousândrade (1833 - 1902)
• Autor de vasta obra, seu trabalho mais importante é fruto de suas viagens, responsáveis pelo
contato com realidades diferentes ao redor do mundo. O aspecto que mais o diferencia dos outros
poetas brasileiros é a originalidade da sua poesia, principalmente com relação à ousadia de
vocabulário com o uso de palavras em inglês e neologismos, bem como de palavras indígenas.
Além disso, a sonoridade dos poemas também rompe com a métrica e com o ritmo tradicionais, o
que despertou a atenção da crítica literária do século XX.
• Seu trabalho, então esquecido, foi resgatado na década de 1960 pela crítica literária,
principalmente pelos poetas Haroldo e Augusto de Campos, responsáveis pela análise de sua obra.
• Seu poema mais famoso é o Guesa Errante, escrito entre 1858 e 1888, composto por treze cantos
e inspirado em uma lenda andina na qual um adolescente, o Guesa, seria sacrificado em
oferecimento aos deuses. O índio, porém, consegue fugir e passa a morar em uma das maiores
ruas de Nova York, a Wall Street. Os sacerdotes que o perseguiam estão agora transformados em
capitalistas da grande cidade de Nova Iorque e ainda querem o sangue do Guesa, que vê o
capitalismo consolidado como uma doença.
• Dotada de pinceladas autobiográficas, o Guesa Errante denuncia o drama dos povos indígenas à
exploração dos povos europeus.
34. • Veja um trecho do poema:
(...)
"Nos áureos tempos, nos jardins da América
Infante adoração dobrando a crença
Ante o belo sinal, nuvem ibérica
Em sua noite a envolveu ruidosa e densa.
"Cândidos Incas! Quando já campeiam
Os heróis vencedores do inocente
Índio nu; quando os templos s'incendeiam,
Já sem virgens, sem ouro reluzente,
"Sem as sombras dos reis filhos de Manco,
Viu-se... (que tinham feito? e pouco havia
A fazer-se...) num leito puro e branco
A corrupção, que os braços estendia!
"E da existência meiga, afortunada,
O róseo fio nesse albor ameno
Foi destruído. Como ensanguentada
A terra fez sorrir ao céu sereno!
(...)
36. • O desenvolvimento da prosa no período romântico coincide com o desenvolvimento do
romance como um gênero novo que, no Brasil, chegou graças à influência dos romances
europeus e do surgimento dos jornais -- que publicavam, diariamente, os folhetins, isto é,
capítulos de histórias que compunham um romance.
• As primeiras manifestações no gênero estavam empenhadas na descrição dos costumes da
classe dominante na cidade do Rio de Janeiro, que agora vivia um grande período de
urbanização, e de algumas amenidades da vida no campo. Ou então, apresentavam
personagens selvagens, concebidos pela ideologia e imaginação do período romântico como
idealização do herói nacional por excelência: o índio.
• Cronologicamente, o primeiro romance romântico publicado no Brasil foi O filho do pescador
(1843), de Teixeira de Souza, porém, como o romance apresenta enredo confuso e foi
considerado pelo público como "sentimentalóide", A Moreninha (1844), de Joaquim Manoel
Macedo, viria a ser considerado o primeiro romance efetivamente brasileiro por receber uma
maior aceitação do público e por definir as linhas dos romance brasileiro.
• Os principais autores do período são: Joaquim Manoel de Macedo, Manuel Antônio de
Almeida, José de Alencar e, constituindo o teatro nacional, Martins Pena.
37. AUTORES
• Joaquim Manuel de Macedo (1820 - 1882)
• É considerado um dos romancistas mais importantes do período por ter inaugurado o romance
romântico brasileiro, em termos de temática, estrutura e desenvolvimento de enredo. Este último se
desenvolve da seguinte maneira, com o seguinte movimento: descrição do ambiente, surgimento de
um conflito, resolução do mistério e restabelecimento do ambiente pacífico inicial.
• Seu principal romance é A Moreninha (1844), em que estão representados os costumes da elite carioca
da década de 1840, bem como suas festas e tradições (viajar para o litoral era um costume das famílias
pertencentes à elite), e hábitos da juventude burguesa do Rio de Janeiro. Ainda, segundo o professor
Roger Rouffiax, "a fidelidade com que o romancista descreveu os ambientes e costumes serviu como
um documentário sobre a vida urbana na capital do Império."
• Outras obras do autor são O Moço Loiro (1845) e A Luneta Mágica (1869).
38. A Moreninha
• Em uma viagem ao litoral, Augusto, Filipe e outros dois amigos, todos
estudantes de medicina, fazem uma aposta: Augusto não se apaixonaria por
nenhuma moça durante o período em que eles permaneceriam de férias no
litoral. Caso o estudante perdesse a aposta, deveria escrever um romance
contando a sua história de amor.
• Na praia, mais especificamente na casa da avó de Filipe, em Paquetá, Augusto
acaba se apaixonando por Carolina, irmã de Filipe. Os dois passam a se
conhecer melhor e o jovem recorda que, quando criança, havia jurado amor
a uma menina naquela praia e cujo nome desconhecia. Recorda também que
havia dado a ela um camafeu, isto é, um broche adornado com pedras,
como símbolo do verdadeiro amor.
• Carolina então revela a Augusto que possui um camafeu igual ao descrito pelo
moço, o qual havia ganhado de um menino por quem havia se apaixonado e
jurado amor quando criança.
• A coincidência faz com que os dois relembrem da infância e descubram que eram os amantes
prometidos. Augusto, então, revive a paixão pela menina e pede Carolina em casamento.
Perdida a aposta, Augusto escreve um romance. O título do livro foi dado pelo protagonista
fazendo referência aos aspectos físicos de Carolina, e seu apelido carinhoso dado pelas
pessoas mais próximas, "a moreninha".
39. • Manuel Antônio de Almeida (1830 - 1861)
• Nascido e falecido no Rio de Janeiro, Manuel Antônio de Almeida foi um importante
fomentador das letras brasileiras. Seu romance mais famoso, Memórias de um
Sargento de Milícias, foi publicado em formato de folhetim entre os anos de 1852 e
1853 no periódico Correio Mercantil do Rio de Janeiro. A ideia para a composição do
romance surgiu após ouvir as histórias de um colega de jornal, um antigo sargento
comandado pelo Major que inspirou o personagem homônimo do livro.
• O romance é uma obra inovadora para sua época pois rompe com o retrato exclusivo
da vida e dos hábitos da aristocracia para retratar o ambiente e a linguagem do povo
em sua simplicidade. Além disso, Leonardinho, o protagonista, não é o protótipo do
herói romântico, mas sim, um menino travesso que mais tarde se transforma em um
jovem pícaro, dado à vadiagem e à malandragem no lugar de procurar uma
ocupação.
40. O gênero picaresco
• O gênero picaresco, na literatura, é caracterizado pela narrativa de um pícaro, sinônimo para malandro. O
personagem é, geralmente, um garoto inocente e puro que é corrompido e desiludido à medida em que
cresce e toma contato com a realidade do mundo adulto. Nas suas origens espanholas e medievais, o
personagem sempre termina desiludido e adaptado às condições de um mundo na miséria ou em um
casamento que não lhe proporciona nenhum tipo de prazer. No entanto, no romance brasileiro o "pícaro"
Leonardinho difere um pouco do espanhol por não ser um personagem tão inocente e por terminar feliz em
sua vida adulta e em seu casamento.
• Se há tantas rupturas, o que faz de Manoel Antônio de Almeida um escritor do romantismo brasileiro?
Embora haja muitas convenções do romance romântico em sua obra, tais como o tom irônico e satírico do
narrador, o estilo frouxo, a linguagem descuidada e o final feliz do romance, o livro inova por envolve
personagens das classes mais baixas da sociedade, o clero e a milícia além de não idealizar seus personagens.
• O compadre quer ver Leonardinho instruído pois quer vê-lo como padre ou formado em Direito,
diferentemente do romance pícaro original, em que os protagonistas precisam fazer trabalhos manuais
(geralmente nas posições mais baixas como criado ou ajudante de cozinheiro) para garantir seu sustento.
Além disso, ao final do romance, ele casa com seu amor e recebe "cinco heranças" sem precisar trabalhar para
isso. O que faz de Leonardinho um pícaro com características à parte e o transforma em mais um tipo
brasileiro.
• O romance é considerado por alguns teóricos como o primeiro romance realmente de costumes brasileiro por
retratar a sociedade em toda a sua simplicidade e Manoel Antonio de Almeida é por vezes considerado um
autor de transição entre o Romantismo e o período seguinte, o Realismo. Além disso, o autor traz para o
enredo elementos que até então não eram retratados pelos romancistas, como acampamentos de ciganos e
bares frequentados pelas camadas sociais mais baixas.
41. • Memórias de um Sargento de Milícias (1852)
Publicado em formato de folhetim, o romance narra a história de Leonardinho, filho dos portugueses
Leonardo Pataca e Maria-da-Hortaliça que chegam ao Rio de Janeiro. Na viagem em direção ao Brasil,
Leonardo dá uma pisadela em Maria, que retruca com um beliscão. "Nove meses depois, filho de uma
pisadela e um beliscão, nascia Leonardo." Porém, abandonado pelos pais, acaba sendo criado pelo
compadre barbeiro. Largado à vagabundagem, o personagem é o protótipo do malandro brasileiro.
42. • José de Alencar (1829 - 1877)
• Primeiro escritor romântico a desenvolver o romance com temas mais variados e abrangentes do que
seus sucessores. Alencar empenhou-se em retratar diversas esferas e incluir o maior número de tipos
de personagens até então vistos na literatura brasileira. Alencar não se contentou somente com a
sociedade burguesa carioca de seu tempo mas, também, empenhou-se nos tipos brasileiros como o
gaúcho e o sertanejo. Sua intenção era de retratar um painel geral do país, de norte a sul, além de
tentar estabelecer uma linguagem brasileira.
• Segundo o crítico José de Nicola em seu Literatura Brasileira: das origens aos nossos dias (ed. Scipione,
2001), a obra de José de Alencar é um retrato de suas condições políticas e sociais: grande proprietário
de terras, político e conservador, monarquista, nacionalista exagerado e escravocrata. O romancista
transparece essas posições em sua obra, como se pode perceber na maneira como retrata os índios e a
sexualidade feminina em seus romances.
• Os críticos costumam dividir em quatro as fases principais de sua produção:
• a) urbana ou social: Cinco Minutos (1856), A viuvinha (1860), Lucíola (1862), Diva (1864), A pata da
gazela (1870), Sonhos d'ouro (1872), Senhora (1875), Encarnação (1893);
• b) indianista: O Guarani (1857), Iracema (1865), Ubirajara (1874);
• c) histórico: As Minas de Prata (1865), Guerra dos Mascates (1873);
• d) regionalista: O gaúcho (1870), O Tronco do Ipê (1871), Til (1872), O Sertanejo (1875);
43. • Curiosidade: no ano de 1856 Alencar publica uma série de cartas em resposta
ao poema A Confederação dos Tamoios (1857), de Gonçalves de Magalhães. A
coletânea de oito cartas, pubilcada sob o título de Cartas sobre a
confederação dos tamoios pretendia criticar o poema de Magalhães que, na
época, era protegido do imperador Dom Pedro II. A crítica recai
principalmente no modelo escolhido por Magalhães para seu poema, o épico,
um gênero clássico que não seria adequado para cantar o índio brasileiro.
Além disso, critica a fraca musicalidade do poema, a falta de "arte" na
descrição da natureza brasileira e dos costumes indígenas. No ano seguinte
(1857), Alencar publica seu primeiro romance indianista, O Guarani como
resposta ao poema de Magalhães.
44. a) romances urbanos ou sociais:
As características principais dos romances urbanos ou sociais são:
• final feliz ou ideal;
• prevalência do amor verdadeiro;
• protagonistas femininas (que refletem um "ideal de feminilidade");
• retrato das relações familiares;
• ambiente doméstico;
• casamentos;
• questões financeiras (heranças, dotes, títulos, falências...);
Os três romances mais conhecidos dessa fase são: Lucíola (1862), Diva (1864) e Senhora (1875)
que fazem parte da chamada trilogia "perfis de mulheres". Eles retratam uma sociedade
elegante marcada pela ascenção da burguesia carioca empenhada em seguir a moda das
cidades europeias, mais notadamente de Paris, no que diz respeito tanto às vestimentas quanto
à vida cultural no período do Segundo Reinado.
Os enredos, dramáticos, seguem uma estrutura tradicional das histórias de amor: situação
inicial - conflito/quebra - reparação/solução. O drama quase sempre gira em torno de um jovem
casal que precisa enfrentar obstáculos sociais, geralmente envolvendo questões financeiras, se
quiserem ficar juntos.
45. b) romances indianistas:
Características principais:
• nacionalistas;
• exaltação da natureza;
• idealização do índio;
• temas históricos;
• resgate de lendas;
• índio como um herói, europeizado, quase medieval;
• contato do índio com o europeu colonizador;
Os romances mais conhecidos da fase são O Guarani (1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1874).
O Brasil, agora uma nação indepentende, precisava definir seus heróis nacionais e os autores
indianistas viam o índio como o personagem ideal por este ser quem primeiro expressou amor às
terras brasileiras, defendendo seu território e seu povo contra os colonizadores europeus. Outros
autores, como o Padre Anchieta, Basílio da Gama e Gonçalves Dias já haviam versado sobre a
singularidade do índio brasileiro, porém, com o desenvolvimento da prosa e a popularização dos
romances de folhetins, Alencar pôde não apenas criar histórias mas também desenvolver e difundir
junto aos seus leitores um sentimento de nacionalidade mais abrangente e que tocasse em todos os
seus leitores baseando-se nos heróis medievais europeus, símbolos de honra e bravura.
46. b) romances indianistas:
Características principais:
• nacionalistas;
• exaltação da natureza;
• idealização do índio;
• temas históricos;
• resgate de lendas;
• índio como um herói, europeizado, quase medieval;
• contato do índio com o europeu colonizador;
Os romances mais conhecidos da fase são O Guarani (1857), Iracema (1865) e Ubirajara (1874).
O Brasil, agora uma nação indepentende, precisava definir seus heróis nacionais e os autores
indianistas viam o índio como o personagem ideal por este ser quem primeiro expressou amor às
terras brasileiras, defendendo seu território e seu povo contra os colonizadores europeus. Outros
autores, como o Padre Anchieta, Basílio da Gama e Gonçalves Dias já haviam versado sobre a
singularidade do índio brasileiro, porém, com o desenvolvimento da prosa e a popularização dos
romances de folhetins, Alencar pôde não apenas criar histórias mas também desenvolver e difundir
junto aos seus leitores um sentimento de nacionalidade mais abrangente e que tocasse em todos os
seus leitores baseando-se nos heróis medievais europeus, símbolos de honra e bravura.
47. c) romances históricos:
São os romances de fundo histórico, voltados para o período colonial brasileiro propondo uma nova interpretação
para fatos marcantes do período colonial do século XVII, como a busca por ouro e as lutas pela expansão
territorial. Seus enredos denotam, em vários momentos, nacionalismo exaltado e a importância da construção
histórica da pátria através da literatura.
O romance As Minas de Prata (1865) retrata o início pelas minas de prata e a corrida por metais preciosos e A
guerra dos Mascates trata dos conflitos entre as cidades históricas de Olinda e Recife. Os principais romances
desta fase são: As Minas de Prata (1865) e Guerra dos Mascates (1873);
d) romances regionalistas:
Nesses romances, Alencar procurou dar conta da diversidade brasileira e das regiões que se encontravam
distantes da corte e das principais cidades que receberam forte influência europeia. O autor desejava cobrir os
territórios de maneira a mostrar como a vida de seus habitantes estava intimamente ligada ao meio físico no qual
travavam contato.
Nesses romances, os homens recebem os papéis de destaque, em detrimento das personagens femininas,
diversamente retratadas nos romances urbanos e sociais.
Porém, há controvérsias sobre o retrato feito por Alencar de seus homens: quando trata do nordestino e do
sertanejo, Alencar consegue ser fiel à realidade por conhecer mais profundamente a região e seus habitantes.
Porém, quando retrata o gaúcho o autor incorre em uma série de falhas, provenientes da falta de familiaridade
com o tipo retratado e com a distância que separava Alencar do sul do país.
Os romances mais conhecidos desta fase são: O gaúcho (1870), O Tronco do Ipê (1871), Til (1872) e O Sertanejo
(1875);