1. Parlêtre maio de 2014
Os destinos da repetição
Alexandre Simões
na clínica psicanalítica
2. Repetição, em Psicanálise, não é exatamente o que
usualmente se reconhece como repetição, em nossa vida
cotidiana
3. Ou seja: não está em jogo a reprodução do idêntico
4. há sempre algo pouco
claro na repetição:
“A repetição aparece primeiro numa forma
que não é clara, que não é
espontânea, como uma reprodução, ou uma
presentificação, em ato.” (Jacques Lacan, Seminário 11, p. 52)
5. Em Freud, ao menos 2 grandes
perspectivas acerca da repetição
Repetição como um certo
estorvo à rememoração
Repetição como um aspecto
pulsional
6. Wiederholung:
repetição
Situações nas quais os pacientes (por meio de lembranças,
atos, ideias, sonhos, sintomas, relações amorosas) se
mostram embaraçados com um sofrimento que, a despeito
de ser tomado como tal, não cede facilmente.
7. Uma manifestação clínica bastante
reconhecida deste Wiederholung:
pacientes que nos relatam circunstâncias
ou impasses distintos ocorridos em suas
vidas e que trazem uma sensação de
familiaridade fronteiriça com o déjà-vu:
mudam-se os cenários e pessoas,
todavia, mantém-se a trama
8. Uma outra cena usual da repetição na clínica
analítica:
o ato de reviver episódios que não são
recobertos inteiramente pelo prazer
fazer prazer
9. Na experiência clínica da psicanálise, é bastante
comum nos depararmos com tal circunstância: a
irredutibilidade do fazer ao prazer.
Em nossa atualidade, ela está cada vez mais
envelopada pela atmosfera ora do acidente, ora da
inevitabilidade:
os recorrentes acidentes (por exemplo, através dos meios de transporte)
protagonizados pelo paciente, as constantes fraturas em seu corpo, as
intercorrências médicas que agora fazem parte de sua vida, o encontro –
tal qual uma goteira que não cessa - com a droga, com os cuidados
com o peso corporal, etc.
10. Voltemos a um aspecto: tem algo pouco claro
na repetição ... algo inassimilável