SlideShare a Scribd company logo
1 of 20
Psicologia do desenvolvimento I
Prof. Ana Paula Melchiors Stahlschmidt
A CRIANÇA A PARTIR DO SEGUNDO
ANO DE VIDA:
DESENVOLVIMENTO, INTERAÇÕES
FAMILIARES E SOCIAIS E O INGRESSO NA
ESCOLA
Considerações sobre desenvolvimento infantil
 Primeiros anos de vida: essenciais para o desenvolvimento
humano e para a estruturação subjetiva
 Resiliência relativa
 Diferenças individuais na forma de vivenciar experiências
 A criança passa a ter seu próprio passado, com respectivas
lembranças – capacidade mnémica irregular
 Momento de ingresso na escola – Educação Infantil, Ensino
Fundamental
 Para Freud – a criança dos 2 aos 12 anos, aproximadamente:
Fase Anal, Fálica, Latência
 Para Piaget – a criança dos 2 aos 12 anos, aproximadamente:
Estágio Pré Operatório e Operatório Concreto
FREUD: A CRIANÇA A PARTIR DO 2º
ANO DE VIDA
 Fase anal
 Fase fálica
 Latência
 O sentimento de que o que produzimos é
bom, é necessário para todas as relações
posteriores.
FASE ANAL (Retomando...)
 Zona erógena anal
 Relacionada ao controle dos esfíncteres, além do andar
e falar, que fornece mais autonomia a criança.
 Fantasia básica está ligada aos primeiros produtos (valor
simbólico das fezes), dadas como presentes.
FASE FÁLICA (Retomando...)
 Erotização dos genitais.
 Preocupação com as diferenças sexuais (presença ou
ausência de pênis).
 Complexo de Édipo – menino busca a figura feminina
da mãe. Interdição paterna – temor à castração.
Dissolução do CE com a internalização das proibições.
 Complexo de Édipo feminino para Freud é diferente.
Começa com a percepção da castração. Ódio em
relação à mãe. Dissolução mais lenta.
LATÊNCIA (Retomando...)
 Com a repressão do Édipo, a energia da libido fica
temporariamente deslocada dos seus objetos sexuais.
 É deslocada para o desenvolvimento intelectual e social
da criança (sublimação). Educação formal torna-se
presente.
 Não é exatamente uma fase (sexualidade dormente).
 Pulsão do saber – escópica.
PIAGET: A CRIANÇA A PARTIR DO 2º
ANO DE VIDA
 Pré-operatório
 Operatório concreto
ESTÁGIO PRÉ-OPERATÓRIO (Retomando...)
 Três modificações gerais:
 Socialização – Relação com pares, percepção da subordinação
aos adultos
 Pensamento – Inteligência com implicações da linguagem
(veículo de conceitos e noções) e socialização; egocentrismo
intelectual (relatos mais do que trocas), transitividade ainda em
construção (Se A < B e B < C, ele não conclui que A < C).
 Intuição – “Interiorização das percepções e dos movimentos sob
a forma de imagens representativas e de “experiências mentais”,
que prolongam os esquemas senso-motores sem coordenação
propriamente racional”.
ESTÁGIO PRÉ-OPERATÓRIO (continuação)
 Abrange o desenvolvimento cognitivo aproximadamente dos 2 aos 7
anos.
 Embora já haja uma modificação de esquemas para uma nova
estrutura, ao nível de interiorização da ação, os aspectos
perceptivos e subjetivos continuam sendo predominantes em
relação à concepção do mundo, da causalidade física e dos
conceitos espaço temporais.
 Por isso esse sub estágio simbólico é chamado pré operatório, não
havendo noção de conservação física nem reversibilidade nas
operações. Ex: o corte no meu dedo não vai sarar.
ESTÁGIO PRÉ-OPERATÓRIO (continuação)
 Momento de desenvolvimento ativo da linguagem - inicia a
capacidade de representar uma coisa por outra = formar
esquemas simbólicos. Ex: uso de um objeto como se fosse
outro (brincar de cavalinho com a vassoura).
 Ainda predomina o egocentrismo (visão da realidade que
parte do eu). Ex: vai anoitecer pois estou com sono. Ou Fiquei
doente por que não me comportei. Ou conta uma história
como se o outro conhecesse os detalhes.
 Explicações animísticas, artificialistas (atribuição de causas
humanas a fenômenos naturais). Ex: a nuvem foi para lá pois
tinha que almoçar.
ESTÁGIO PRÉ-OPERATÓRIO (continuação)
 Mistura de realidade com fantasia - percepção distorcida da
realidade. Ex: o lobo da história vai me pegar.
 No final do estágio pré-operatório as estruturas intuitivas,
rígidas e irreversíveis, tornam-se móveis, mais flexíveis,
descentradas e reversíveis.
 Ação interiorizada não reversível. Exemplo: distância entre A e
B pode ser diferente de B e A. Ou brincar de mãe e filha, a filha
é a irmã mais velha (sem que exista uma mais nova).
ESTÁGIO OPERATÓRIO CONCRETO (Retomando...)
 Abrange o desenvolvimento cognitivo dos 7 aos 12 anos.
 Progressos da conduta e da socialização – Maiores e mais produtivas relações
interindividuais, jogos com regras e possibilidades de segui-las, a criança
começa a fazer exercícios de reflexão.
 Progressos do pensamento – Explicações por identificação (o sol nasceu
porque nascemos) perdem a força e se complexificam, a criança entende
reações mais abstratas (o açúcar segue existindo após se dissolver na água –
bolinhas invisíveis – atomismo).
 Operações racionais – Reversão das operações (mais e menos, menos e mais),
seriação (inicialmente tamanho e depois peso).
 Afetividade e vontade – Regras mais complexas, valorização do respeito (em
detrimento à noção de simplesmente “não pois é proibido”, justiça (intenção
como fator relevante) e noção de justiça retributiva (penalidade proporcional),
vontade como algo que pode ser postergado se necessário.
ESTÁGIO OPERATÓRIO CONCRETO (continuação)
 Declínio do egocentrismo intelectual.
 Declínio do egocentrismo social: outras pessoas podem ter
pensamentos, sentimentos e necessidades diferentes dos seus -
maior interação social com pares e com adultos.
 Incremento do pensamento lógico (realidade estruturada pela
razão).
 Atitude crítica que substitui a fantasia. Ex: o urso não tem fome
pois é de pano.
 Reversibilidade interiorizada. Ex: distância de A e B é igual à
distância de B e A.
O ingresso na escola
 Valores familiares se articulam aos sociais com a convivência com pares
e ingresso na escola
 Importância de escolher uma escola com valores compatíveis com os
familiares
 Importância de a escola considerar o momento de desenvolvimento da
criança
 Para Winnicott: na Educação Infantil a escola se adapta à criança, no
Ensino Fundamental a criança precisa se adaptar à escola
 Os pais precisam autorizar a criança a fazer novos vínculos, investir o
professor de autoridade e suportar a separação, auxiliando a criança a
fazer o mesmo.
O primeiro dia de aula
Após o ditado soou a campainha:
- Vamos garotada! Quero todos em fila,com as mãos para trás. Agora vamos
para o recreio! – Diz Dona Florisbela.
No caminho, Pedrinho observa tudo com muita curiosidade.
A escola é bem grande, mas sombria. Os móveis estão velhos e quebrados,
as paredes estão sujas e descascadas, os corredores estão pichados e rabiscados.
No caminho para o banheiro a professora aguardou na porta, sempre
avisando:
- Não se esqueçam de puxar a descarga!
Ao sair do banheiro, Pedrinho disse:
- Professora, a descarga não funciona!
- Menino danado, já estragou a descarga do banheiro?
Pedrinho tentou se explicar, mas a professora já estava no pátio, bem à frente
dos alunos observando a fila.
A cantina também estava escura e fria. A cantineira foi logo dando as
ordens:
- É proibido deixar restos de merenda no prato! Quem não estiver com
vontade de comer,é só avisar!
Pedrinho espichou o pescoço para dentro do caldeirão e viu um pouco
de macarrão boiando naquela água vermelha.
- Não quero não dona. Todas as vezes que a mamãe faz sopa com
colorau eu passo mal com dores na barriga.
- Menino chato, esse Pedrinho! Prepare-se, Florisbela, esse garoto
esquentou a cabeça da Zilda no ano passado. Ele não tem limites. Tem sempre
uma resposta na ponta da língua. A Zilda quase deu bomba nele!
Desenvolvimento infantil e ingresso na escola
Desenvolvimento infantil e ingresso na escola
Desenvolvimento infantil e ingresso na escola

More Related Content

What's hot

Jean piaget trabalho de grupo
Jean piaget   trabalho de grupoJean piaget   trabalho de grupo
Jean piaget trabalho de grupo9iulian0
 
Psicologia e aprendizagem
Psicologia e aprendizagemPsicologia e aprendizagem
Psicologia e aprendizagemFabiano
 
Movimento97
Movimento97Movimento97
Movimento97bcg
 
Jean piaget
Jean piagetJean piaget
Jean piagetEscola
 

What's hot (7)

Jean piaget trabalho de grupo
Jean piaget   trabalho de grupoJean piaget   trabalho de grupo
Jean piaget trabalho de grupo
 
Psicologia e aprendizagem
Psicologia e aprendizagemPsicologia e aprendizagem
Psicologia e aprendizagem
 
Movimento97
Movimento97Movimento97
Movimento97
 
Mapas mentais
Mapas mentaisMapas mentais
Mapas mentais
 
Resumo piaget vygotsky e wallon
Resumo piaget vygotsky e wallonResumo piaget vygotsky e wallon
Resumo piaget vygotsky e wallon
 
Jean piaget
Jean piagetJean piaget
Jean piaget
 
Piaget fases
Piaget   fasesPiaget   fases
Piaget fases
 

Similar to Desenvolvimento infantil e ingresso na escola

09 aula5 5º construtivismo jean piaget
09 aula5 5º construtivismo  jean piaget09 aula5 5º construtivismo  jean piaget
09 aula5 5º construtivismo jean piagetfsoliveira
 
Trabalho de organizacao e metodologia da educacao infantil
Trabalho de organizacao e metodologia da educacao infantilTrabalho de organizacao e metodologia da educacao infantil
Trabalho de organizacao e metodologia da educacao infantilAnny Caroline Hoffmeister
 
Trabalho da disciplina de inclusão
Trabalho da disciplina de inclusãoTrabalho da disciplina de inclusão
Trabalho da disciplina de inclusãoLeandro Oliveira
 
Dialnet o brincar-umapercepcao-3694660
Dialnet o brincar-umapercepcao-3694660Dialnet o brincar-umapercepcao-3694660
Dialnet o brincar-umapercepcao-3694660Leandro (Inpes-Uscs)
 
Psicologia da educação 25.06.11
Psicologia da educação 25.06.11Psicologia da educação 25.06.11
Psicologia da educação 25.06.11Ana Lucia Gouveia
 
A educação de crianças hoje: Quando o excesso de sentido segrega o sujeito.
A educação de crianças hoje: Quando o excesso de sentido segrega o sujeito.A educação de crianças hoje: Quando o excesso de sentido segrega o sujeito.
A educação de crianças hoje: Quando o excesso de sentido segrega o sujeito.Tássia Oliveira
 
Henri wallon - AFETIVIDADE
Henri wallon - AFETIVIDADEHenri wallon - AFETIVIDADE
Henri wallon - AFETIVIDADEAclecio Dantas
 
Sexualidade na educação infantil
Sexualidade na educação infantilSexualidade na educação infantil
Sexualidade na educação infantilMary Lopes
 
CARTA DE UM ADOLESCENTE: A QUESTÃO DO SUJEITO
CARTA DE UM ADOLESCENTE: A QUESTÃO DO SUJEITOCARTA DE UM ADOLESCENTE: A QUESTÃO DO SUJEITO
CARTA DE UM ADOLESCENTE: A QUESTÃO DO SUJEITOsilbartilotti
 
Gênero e sexualidade na Educação Infantil (Jonas Alves da Silva Junior)
Gênero e sexualidade na Educação Infantil (Jonas Alves da Silva Junior)Gênero e sexualidade na Educação Infantil (Jonas Alves da Silva Junior)
Gênero e sexualidade na Educação Infantil (Jonas Alves da Silva Junior)jornadaeducacaoinfantil
 
Entrevista com Carlos Byngton - Revista da ESPM (setembro/outubro 2011)
Entrevista com Carlos Byngton - Revista da ESPM (setembro/outubro 2011)Entrevista com Carlos Byngton - Revista da ESPM (setembro/outubro 2011)
Entrevista com Carlos Byngton - Revista da ESPM (setembro/outubro 2011)ESPM
 
Desenvolvimento da motricidade, da linguagem e da cognição
Desenvolvimento da motricidade, da linguagem e da cogniçãoDesenvolvimento da motricidade, da linguagem e da cognição
Desenvolvimento da motricidade, da linguagem e da cogniçãoMaria Bárbara Floriano
 

Similar to Desenvolvimento infantil e ingresso na escola (20)

Piscanáliseducação
PiscanáliseducaçãoPiscanáliseducação
Piscanáliseducação
 
Piaget, vygotsky e wallon – tripé teórico da educação
Piaget, vygotsky e wallon – tripé teórico da educaçãoPiaget, vygotsky e wallon – tripé teórico da educação
Piaget, vygotsky e wallon – tripé teórico da educação
 
09 aula5 5º construtivismo jean piaget
09 aula5 5º construtivismo  jean piaget09 aula5 5º construtivismo  jean piaget
09 aula5 5º construtivismo jean piaget
 
Trabalho de organizacao e metodologia da educacao infantil
Trabalho de organizacao e metodologia da educacao infantilTrabalho de organizacao e metodologia da educacao infantil
Trabalho de organizacao e metodologia da educacao infantil
 
Trabalho da disciplina de inclusão
Trabalho da disciplina de inclusãoTrabalho da disciplina de inclusão
Trabalho da disciplina de inclusão
 
Dialnet o brincar-umapercepcao-3694660
Dialnet o brincar-umapercepcao-3694660Dialnet o brincar-umapercepcao-3694660
Dialnet o brincar-umapercepcao-3694660
 
Formação Continuada Coordenadores Pedagógicos 4
Formação Continuada Coordenadores Pedagógicos 4Formação Continuada Coordenadores Pedagógicos 4
Formação Continuada Coordenadores Pedagógicos 4
 
Psicologia da educação 25.06.11
Psicologia da educação 25.06.11Psicologia da educação 25.06.11
Psicologia da educação 25.06.11
 
A educação de crianças hoje: Quando o excesso de sentido segrega o sujeito.
A educação de crianças hoje: Quando o excesso de sentido segrega o sujeito.A educação de crianças hoje: Quando o excesso de sentido segrega o sujeito.
A educação de crianças hoje: Quando o excesso de sentido segrega o sujeito.
 
Henri wallon - AFETIVIDADE
Henri wallon - AFETIVIDADEHenri wallon - AFETIVIDADE
Henri wallon - AFETIVIDADE
 
Sexualidade na educação infantil
Sexualidade na educação infantilSexualidade na educação infantil
Sexualidade na educação infantil
 
PIAGET
PIAGET PIAGET
PIAGET
 
CARTA DE UM ADOLESCENTE: A QUESTÃO DO SUJEITO
CARTA DE UM ADOLESCENTE: A QUESTÃO DO SUJEITOCARTA DE UM ADOLESCENTE: A QUESTÃO DO SUJEITO
CARTA DE UM ADOLESCENTE: A QUESTÃO DO SUJEITO
 
22
2222
22
 
Desenvolvimento infantil
Desenvolvimento infantilDesenvolvimento infantil
Desenvolvimento infantil
 
Jean Piaget.pptx
Jean Piaget.pptxJean Piaget.pptx
Jean Piaget.pptx
 
Gênero e sexualidade na Educação Infantil (Jonas Alves da Silva Junior)
Gênero e sexualidade na Educação Infantil (Jonas Alves da Silva Junior)Gênero e sexualidade na Educação Infantil (Jonas Alves da Silva Junior)
Gênero e sexualidade na Educação Infantil (Jonas Alves da Silva Junior)
 
Entrevista com Carlos Byngton - Revista da ESPM (setembro/outubro 2011)
Entrevista com Carlos Byngton - Revista da ESPM (setembro/outubro 2011)Entrevista com Carlos Byngton - Revista da ESPM (setembro/outubro 2011)
Entrevista com Carlos Byngton - Revista da ESPM (setembro/outubro 2011)
 
Desenvolvimento da motricidade, da linguagem e da cognição
Desenvolvimento da motricidade, da linguagem e da cogniçãoDesenvolvimento da motricidade, da linguagem e da cognição
Desenvolvimento da motricidade, da linguagem e da cognição
 
Teori piag
Teori piagTeori piag
Teori piag
 

Desenvolvimento infantil e ingresso na escola

  • 1. Psicologia do desenvolvimento I Prof. Ana Paula Melchiors Stahlschmidt A CRIANÇA A PARTIR DO SEGUNDO ANO DE VIDA: DESENVOLVIMENTO, INTERAÇÕES FAMILIARES E SOCIAIS E O INGRESSO NA ESCOLA
  • 2. Considerações sobre desenvolvimento infantil  Primeiros anos de vida: essenciais para o desenvolvimento humano e para a estruturação subjetiva  Resiliência relativa  Diferenças individuais na forma de vivenciar experiências  A criança passa a ter seu próprio passado, com respectivas lembranças – capacidade mnémica irregular  Momento de ingresso na escola – Educação Infantil, Ensino Fundamental  Para Freud – a criança dos 2 aos 12 anos, aproximadamente: Fase Anal, Fálica, Latência  Para Piaget – a criança dos 2 aos 12 anos, aproximadamente: Estágio Pré Operatório e Operatório Concreto
  • 3. FREUD: A CRIANÇA A PARTIR DO 2º ANO DE VIDA  Fase anal  Fase fálica  Latência
  • 4.  O sentimento de que o que produzimos é bom, é necessário para todas as relações posteriores. FASE ANAL (Retomando...)  Zona erógena anal  Relacionada ao controle dos esfíncteres, além do andar e falar, que fornece mais autonomia a criança.  Fantasia básica está ligada aos primeiros produtos (valor simbólico das fezes), dadas como presentes.
  • 5. FASE FÁLICA (Retomando...)  Erotização dos genitais.  Preocupação com as diferenças sexuais (presença ou ausência de pênis).  Complexo de Édipo – menino busca a figura feminina da mãe. Interdição paterna – temor à castração. Dissolução do CE com a internalização das proibições.  Complexo de Édipo feminino para Freud é diferente. Começa com a percepção da castração. Ódio em relação à mãe. Dissolução mais lenta.
  • 6. LATÊNCIA (Retomando...)  Com a repressão do Édipo, a energia da libido fica temporariamente deslocada dos seus objetos sexuais.  É deslocada para o desenvolvimento intelectual e social da criança (sublimação). Educação formal torna-se presente.  Não é exatamente uma fase (sexualidade dormente).  Pulsão do saber – escópica.
  • 7. PIAGET: A CRIANÇA A PARTIR DO 2º ANO DE VIDA  Pré-operatório  Operatório concreto
  • 8. ESTÁGIO PRÉ-OPERATÓRIO (Retomando...)  Três modificações gerais:  Socialização – Relação com pares, percepção da subordinação aos adultos  Pensamento – Inteligência com implicações da linguagem (veículo de conceitos e noções) e socialização; egocentrismo intelectual (relatos mais do que trocas), transitividade ainda em construção (Se A < B e B < C, ele não conclui que A < C).  Intuição – “Interiorização das percepções e dos movimentos sob a forma de imagens representativas e de “experiências mentais”, que prolongam os esquemas senso-motores sem coordenação propriamente racional”.
  • 9. ESTÁGIO PRÉ-OPERATÓRIO (continuação)  Abrange o desenvolvimento cognitivo aproximadamente dos 2 aos 7 anos.  Embora já haja uma modificação de esquemas para uma nova estrutura, ao nível de interiorização da ação, os aspectos perceptivos e subjetivos continuam sendo predominantes em relação à concepção do mundo, da causalidade física e dos conceitos espaço temporais.  Por isso esse sub estágio simbólico é chamado pré operatório, não havendo noção de conservação física nem reversibilidade nas operações. Ex: o corte no meu dedo não vai sarar.
  • 10. ESTÁGIO PRÉ-OPERATÓRIO (continuação)  Momento de desenvolvimento ativo da linguagem - inicia a capacidade de representar uma coisa por outra = formar esquemas simbólicos. Ex: uso de um objeto como se fosse outro (brincar de cavalinho com a vassoura).  Ainda predomina o egocentrismo (visão da realidade que parte do eu). Ex: vai anoitecer pois estou com sono. Ou Fiquei doente por que não me comportei. Ou conta uma história como se o outro conhecesse os detalhes.  Explicações animísticas, artificialistas (atribuição de causas humanas a fenômenos naturais). Ex: a nuvem foi para lá pois tinha que almoçar.
  • 11. ESTÁGIO PRÉ-OPERATÓRIO (continuação)  Mistura de realidade com fantasia - percepção distorcida da realidade. Ex: o lobo da história vai me pegar.  No final do estágio pré-operatório as estruturas intuitivas, rígidas e irreversíveis, tornam-se móveis, mais flexíveis, descentradas e reversíveis.  Ação interiorizada não reversível. Exemplo: distância entre A e B pode ser diferente de B e A. Ou brincar de mãe e filha, a filha é a irmã mais velha (sem que exista uma mais nova).
  • 12.
  • 13. ESTÁGIO OPERATÓRIO CONCRETO (Retomando...)  Abrange o desenvolvimento cognitivo dos 7 aos 12 anos.  Progressos da conduta e da socialização – Maiores e mais produtivas relações interindividuais, jogos com regras e possibilidades de segui-las, a criança começa a fazer exercícios de reflexão.  Progressos do pensamento – Explicações por identificação (o sol nasceu porque nascemos) perdem a força e se complexificam, a criança entende reações mais abstratas (o açúcar segue existindo após se dissolver na água – bolinhas invisíveis – atomismo).  Operações racionais – Reversão das operações (mais e menos, menos e mais), seriação (inicialmente tamanho e depois peso).  Afetividade e vontade – Regras mais complexas, valorização do respeito (em detrimento à noção de simplesmente “não pois é proibido”, justiça (intenção como fator relevante) e noção de justiça retributiva (penalidade proporcional), vontade como algo que pode ser postergado se necessário.
  • 14. ESTÁGIO OPERATÓRIO CONCRETO (continuação)  Declínio do egocentrismo intelectual.  Declínio do egocentrismo social: outras pessoas podem ter pensamentos, sentimentos e necessidades diferentes dos seus - maior interação social com pares e com adultos.  Incremento do pensamento lógico (realidade estruturada pela razão).  Atitude crítica que substitui a fantasia. Ex: o urso não tem fome pois é de pano.  Reversibilidade interiorizada. Ex: distância de A e B é igual à distância de B e A.
  • 15. O ingresso na escola  Valores familiares se articulam aos sociais com a convivência com pares e ingresso na escola  Importância de escolher uma escola com valores compatíveis com os familiares  Importância de a escola considerar o momento de desenvolvimento da criança  Para Winnicott: na Educação Infantil a escola se adapta à criança, no Ensino Fundamental a criança precisa se adaptar à escola  Os pais precisam autorizar a criança a fazer novos vínculos, investir o professor de autoridade e suportar a separação, auxiliando a criança a fazer o mesmo.
  • 16. O primeiro dia de aula Após o ditado soou a campainha: - Vamos garotada! Quero todos em fila,com as mãos para trás. Agora vamos para o recreio! – Diz Dona Florisbela. No caminho, Pedrinho observa tudo com muita curiosidade. A escola é bem grande, mas sombria. Os móveis estão velhos e quebrados, as paredes estão sujas e descascadas, os corredores estão pichados e rabiscados. No caminho para o banheiro a professora aguardou na porta, sempre avisando: - Não se esqueçam de puxar a descarga! Ao sair do banheiro, Pedrinho disse: - Professora, a descarga não funciona! - Menino danado, já estragou a descarga do banheiro? Pedrinho tentou se explicar, mas a professora já estava no pátio, bem à frente dos alunos observando a fila.
  • 17. A cantina também estava escura e fria. A cantineira foi logo dando as ordens: - É proibido deixar restos de merenda no prato! Quem não estiver com vontade de comer,é só avisar! Pedrinho espichou o pescoço para dentro do caldeirão e viu um pouco de macarrão boiando naquela água vermelha. - Não quero não dona. Todas as vezes que a mamãe faz sopa com colorau eu passo mal com dores na barriga. - Menino chato, esse Pedrinho! Prepare-se, Florisbela, esse garoto esquentou a cabeça da Zilda no ano passado. Ele não tem limites. Tem sempre uma resposta na ponta da língua. A Zilda quase deu bomba nele!