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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

      ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ”




                       PROJETO DE PESQUISA




                                 TÍTULO:

SUBSTITUIÇÃO DE MONENSINA SÓDICA POR ÓLEOS FUNCIONAIS NA DIETA
      DE TERMINAÇÃO DE MACHOS NELORE EM CONFINAMENTO

                                                                   (Relatório Final)


                        Discente: Lucas Jado Chagas

            Professor responsável: Flávio Augusto Portela Santos




                              PIRACICABA

                       Estado de São Paulo – Brasil

                               Agosto 2011
1- RESUMO

       A finalidade do projeto foi avaliar o efeito do uso de óleo funcional em substituição a
aditivos antibióticos sobre o desempenho de 240 tourinhos da raça Nelore terminados em
confinamento. Foram comparados os seguintes tratamentos: 1) Controle; 2) Monensina sódica
(30 mg/kg de MS); 3) Essential® (aditivo comercial extraído da mamona e óleo de caju) na
dose de 0,3g/kg de MS; 4) Essential® 0,5 g/kg de MS. Foram avaliados o consumo de matéria
seca, o ganho de peso diário, a eficiência alimentar e os parâmetros de carcaça dos animais
(peso da carcaça quente, rendimento de carcaça, espessura de gordura e área de olho de
lombo). O presente trabalho foi desenvolvido nas instalações do Departamento de Zootecnia
da ESALQ/USP, localizado no município de Piracicaba, com início em janeiro de 2011 e
duração de 124 dias. Os animais foram mantidos em instalação de confinamento experimental
e distribuídos em blocos completos casualizados. Por meio dos dados de consumo de matéria
seca (CMS), peso corporal e ganho de peso diário (GPD) foram calculados os valores de
energia líquida das rações.
2- INTRODUÇÃO

       Antibióticos ionóforos são utilizados na alimentação de bovinos a mais de 50 anos, e
com sucesso na redução de perdas metabólicas geradas por ineficiência (produção de metano
e perda de nitrogênio amoniacal) no processo fermentativo de microrganismos ruminais que
degradam nutrientes para produzir ácidos graxos voláteis e sintetizar proteína microbiana. No
entanto, o mérito destes produtos na alimentação animal vem sofrendo críticas, decorrente das
possíveis consequências do uso prolongado de antibióticos no desenvolvimento de
microrganismos patogênicos resistentes. Na União Europeia foi banido o uso de ionóforos
como promotores de crescimento, desde janeiro de 2006. Esse fato tem estimulado a pesquisa
com produtos alternativos para controle específico de populações microbianas a fim de
modular a fermentação ruminal. Plantas produzem vários compostos secundários, para se
protegerem de insetos, animais, fungos ou bactérias. Óleos extraídos de determinadas plantas
podem interagir com a membrana celular microbiana e inibir o desenvolvimento de algumas
bactérias gram-positivas e gram-negativas. Como resultado de tal inibição, a adição de alguns
extratos de planta no rúmen tem resultado em aumento na concentração de propionato e
redução na concentração de acetato e redução da produção de metano no rúmen. Com isto,
tem-se como objetivo neste projeto avaliar o uso de aditivo alimentar contendo óleos de caju e
mamona como alternativo ao ionóforos monensina em rações para bovinos confinados na fase
de terminação.
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Restrições ao uso de ionóforos

       A questão da segurança dos alimentos sempre foi uma preocupação constante entre os
consumidores, porém se intensificou com fatos recentes ocorridos, como a encefalopatia
espongiforme bovina, causada pela ingestão de produtos de origem animal por bovinos, e a
contaminação de frangos com dioxina, contaminante considerado cancerígeno. Tal
preocupação pode ser exemplificada pelo fato de a União Européia, adotando o princípio da
precaução, proibir a utilização de antibióticos como promotores de crescimento para bovinos.
A Dinamarca foi o primeiro país a adotar tal postura, em 1999. Apesar de sua eficácia ser
comprovada por inúmeros experimentos, sendo sua utilização já consagrada, a monensina nos
últimos anos tem sofrido sérias restrições, principalmente pela União Européia. Mediante tais
restrições, torna-se cada vez mais interessante a descoberta de aditivos alternativos aos
ionóforos, aumentando assim as opções existentes.

3.2 Óleos funcionais na alimentação de ruminantes

       Grande parte dos trabalhos de investigação da ação dos extratos vegetais no
metabolismo dos ruminantes refere-se, principalmente, a atuação dos extratos no ambiente
ruminal. Nestas condições, verificam-se resultados semelhantes à utilização de ionóforos
quanto aos produtos resultantes dos processos fermentativos e ao balanço populacional de
bactérias e protozoários no ambiente ruminal (Coneglian, 2009). Os óleos funcionais
pesquisados para alterar a fermentação ruminal são caracterizados por uma mistura de ácidos,
terpenóides aromáticos, líquidos e lipofílicos extraídos de diferentes partes da planta (Kohlert
et al., 2000). Estas substâncias apresentam atividade antimicrobiana modificando a estrutura
da parede celular bacteriana, desnaturando e precipitando as proteínas. O produto comercial
Essential®, testado no presente experimento contem mistura dos óleos funcionais cardol,
cardanol e ácido ricinoléico.

       O cardol e o cardanol são componentes do óleo de cajú com ação antimicrobiana . Os
dois são compostos fenólicos que funcionam como ionóforo monovalente (Nagabhusa et al.,
1995). O cardanol tem atividade tanto anti-inflamatória como antioxidante (Amoratti et al.,
2001 e Trevisan et al., 2006).
O ácido ricinoléico é um ácido graxo extraído do óleo de mamona, que funciona como
ionóforo divalente (Vieira et al., 2001).

        Em experimentos com novilhos precoce, Zawadzki, et al. (2010) observaram que a
adição de óleos funcionais na dieta melhorou o peso e o rendimento da carcaça dos animais.
Coneglian (2009) testou a inclusão de diferentes doses de produto contendo mistura de óleo
de caju e de mamona (Essential®) em novilhos holandeses e observou efeitos positivos na
digestibilidade aparente total dos nutrientes com a dose de 3,10 g/dia. Também foi observado
que o aditivo manteve o pH ruminal adequado, manteve baixa concentração de amônia e
adequada concentração de nitrogênio uréico plasmático, sendo que o produto também
melhorou a eficiência e a síntese microbiana. De acordo com McIntosch et al. (2003) a
inclusão de óleos funcionais reduz a quebra de aminoácidos sem comprometer a atividade
proteolítica e peptidolítica.

       A combinação dos efeitos acima mencionados e suas interações no metabolismo,
embora ainda não amplamente elucidadas, podem sustentar a hipótese de efeito semelhante ao
da monensina sódica no desempenho de bovinos.




3.3 Modo de ação dos óleos funcionais

       Coneglian (2009) elenca algumas hipóteses que têm sido consideradas acerca do modo
de ação dos óleos funcionais: (1) controle de patógenos pela atividade antimicrobiana, (2)
atividade antioxidante, (3) melhora na digestão, pelo do estímulo da atividade enzimática e (4)
morfometria dos órgãos.

       Segundo Kohlert et al. (2000), os princípios ativos dos óleos funcionais são absorvidos
no intestino pelos enterócitos e metabolizados rapidamente no organismo animal. Os produtos
deste metabolismo são transformados em compostos polares, pela conjugação com o
glicuronato, e excretados na urina. Outros princípios ainda podem ser eliminados pela
respiração como CO2. A rápida metabolização e a curta meia vida dos compostos ativos
levam a crer que existe um risco mínimo de acúmulo nos tecidos.
4 OBJETIVOS

       O objetivo da presente pesquisa foi avaliar o uso de óleos funcionais como aditivo
alternativo à monensina em rações para bovinos confinados na fase de terminação.


5 PLANO DE TRABALHO E METODOLOGIA DE ANÁLISES

5.1 Local e Animais

       O experimento foi conduzido nas instalações de confinamento de bovinos de corte do
Departamento de Zootecnia da USP-ESALQ. Foram utilizados 240 tourinhos da raça Nelore,
alojados por 124 dias em 40 baias (4x8m) cobertas, com piso de concreto. Todos os animais
receberam dose de vermífugo e de complexo vitamínico ADE no início e aos 60 dias do
período experimental.




5.2 Tratamentos

       As rações experimentais utilizadas no experimento são apresentadas na tabela 1.

        Tabela. 1. Ingredientes e composição estimada das rações experimentais.
                                                    Tratamentos
        Ingredientes (% da MS) Controle Monensina Essential 3               Essential 5


        Feno de gramínea                12,0         12,0          12,0         12,0
        Milho em grãos                  80,6         80,6          80,6         80,6
        Farelo de soja                    4            4            4            4
        Mineral                          2,5          2,5          2,5          2,5
        Uréia                            0,9          0,9          0,9          0,9
        Monensina (ppm)                   -          30,0           -             -
                  2
        Essential (ppm)                   -            -           300          500

    1 = Valores estimados pelo NRC (1996) nível 1

    2 = Produto comercial contendo óleos de ríceno (ácido ricinoleico extraído da mamona) e óleo
de caju (cardol e cardanol), veiculado em vermiculita expandida.
5.3 Período experimental, coleta de dados e análises químicas.

       Os animais foram adaptados às rações por 21 dias que foram incluídos no período
experimental. As rações de adaptação continham os mesmos ingredientes da ração final,
sendo inicialmente utilizados níveis de 40% de feno e 60% de concentrado. O teor de
forragem foi reduzido em 10 unidades percentuais a cada 7 dias. Após os 21 dias de adaptação
os animais passaram a receber a ração experimental com 12% de feno. Após a adaptação,
decorreram-se mais 103 dias de alimentação com a dieta final.

       Os animais foram pesados após jejum alimentar de 16 horas no início e no final do
período experimental. Pesagens intermediárias, após 21 dias (término da adaptação) e a cada
30 dias, foram realizadas sem jejum para fins de monitoramento do desempenho.

       Diariamente, às 7 h, a ração foi fornecida na forma totalmente misturada, com o uso de
vagão misturador equipado com balança eletrônica e esteira.

       A quantidade de alimento fornecido na forma de ração totalmente misturada foi
ajustada diariamente para manter, no máximo, 3% de sobras. As sobras foram retiradas a cada
7 dias e pesadas para avaliação do consumo por baia.

       Amostras de todos os ingredientes das rações foram coletadas a cada nova partida
recebida e congeladas para posteriores análises químicas.

       Após o abate dos animais, foram determinados os rendimentos de carcaça quente, a
incidência de abscessos hepáticos. Após resfriar as carcaças por 24 horas a 0ºC, foram
realizadas as avaliações subjetivas área de olho de lombo e espessura de gordura, sendo para
isso seccionado o músculo Longissimus dorsi na altura da 12ª costela, conforme metodologia
descrita por Müller (1987).

       Para fins de análises químicas amostras dos ingredientes foram descongeladas, secas
em estufas com ventilação forçada (55oC) por 72 horas (Silva, 2006) e moídas em moinhos
tipo “Wiley” providos de peneiras de 5,0 e 1,0 mm. As amostras foram compostas por
ingrediente e então analisadas para MS (cinco horas em estufa a 105°C), matéria orgânica
(MO) (três horas em mufla a 600°C), FDN de acordo com Van Soest et al. (1991), FDA de
acordo com Van Soest (1973), proteína bruta (PB) de acordo com AOAC (1990), e amido de
acordo com a técnica de espectroscopia de reflectância no infravermelho próximo através do
espectrômetro FOSS NIRSystem 5000.
5.4 Cálculo de energia líquida das rações

       Através dos dados de IMS e GPD obtidos no experimento, foram calculados os valores
de energia líquida observada das rações. Para tal, foram utilizadas as fórmulas a seguir,
segundo a metodologia proposta por Zinn & Shen (1998).

       Foram calculadas as exigências de ganho (Eg) e de manutenção (Em) dos animais
através das fórmulas 1 e 2, respectivamente. Calculadas as exigências energéticas
relacionadas aos ganhos de peso vivo (kg/dia) e aos pesos metabólicos (kg) dos animais foram
então calculados os valores de energia líquida das rações (Mcal/kg de MS) para manutenção
(ELm) e ganho (ELg) através das fórmulas 3 e 4.




       Eg = [0,0493 PV0,75] GPD1,097 ; (NRC, 1984)

       Em = 0,077 PV0,75 ; (Lofgreen & Garrett, 1968; citados por Zinn & Shen, 1998)

       ELm = (- b - ((b2) - (4ac))0,5))/(2a) ; (Zinn & Shen, 1998)

       a = -0,877 IMS

       b = 0,877 Em + 0,41 IMS + Eg

       c = -0,41 Em

       ELg = 0,877 ELm – 0,41 ; (Zinn & Shen, 1998)

       Onde, Eg = exigência em energia para ganho (Mcal/dia)

       Em = exigência em energia para manutenção (Mcal/dia)

       ELm = energia líquida de manutenção (Mcal/kg de MS)

       ELg = energia líquida de ganho (Mcal/kg de MS)

       Os valores de energia assim obtidos foram confrontados com os valores preditos pelas
equações de Weiss et al. (1992) com base nos dados das análises bromatológicas dos
ingredientes.
5.5 Comportamento animal

          Foram tomadas medidas de comportamento animal (consumo, ócio e ruminação) dos
240 animais. As observações foram feitas 1 dia, durante 24 h, a cada 10 minutos.




5.6 Delineamento experimental e análise estatística

          Foi adotado o delineamento em blocos completos casualizados (Tabela 2). Os animais
foram distribuídos nos blocos de acordo com o peso vivo inicial. Os dados de consumo de
alimentos, ganho de peso e eficiência alimentar do experimento foi analisado com uso do
procedimento MIXED do programa estatístico SAS. Os dados de avaliação de carcaça foram
analisados através do procedimento GLM do programa estatístico SAS. Para todos os
parâmetros analisados, a baia foi utilizada como unidade experimental. Foi feita a analise de
co-variância utilizando como co-variável o peso inicial médio da baia. Todos os dados foram
testados para se verificar a distribuição normal dos erros, utilizando-se o PROC
UNIVARIATE (SAS). Foi feita uma análise exploratória dos dados, utilizando-se o
procedimento GLM do SAS , envolvendo o tamanho da amostra, teste para homogeneidade
da variância, teste para medidas discrepantes e transformação potência ótima de Box & Cox
(1964).




     Tabela. 2. Resumo esquemático da análise        de variância para os parâmetros
                avaliados nos experimento 1.
            Causas de variação                       Graus de Liberdade
            Bloco                                    9
            Tratamento                               3
            Resíduo                                  27

               Total                                 39
6 RESULTADOS



       Na tabela 3 são apresentados os resultados obtidos durante os primeiros 21 dias do período
experimental, quando os animais encontravam-se em adaptação às rações finais.



           Tabela 3. Análise para 21 dias descontando os 4% no PV (21)
                     Controle Monensina        Ess. 3     Ess. 5    Valor      EPM
                                                                      P
           Pinicial    338,7       338,6        338,7     338,7     0,859       5,79
           Pfinal    358,7ab       349,7b      363,3a     360,2a   0,0109       6,69
           CMS21       7,96ª       6,49b        7,83a     7,71a    0,0001       0,22
           GPD21       0,95ª       0,76b        1,11a     1,12a    0,0500       0,11
           EA21      0,1199bc     0,1054c     0,1407ab 0,1447a     0,0578       0,01



       Durante a fase de adaptação, o tratamento com monensina diminuiu o consumo de
matéria seca, reduziu o ganho de peso diário e como consequência piorou a eficiência
alimentar dos animais. As dietas com Essential®, em comparação ao tratamento controle, não
afetaram o consumo de matéria seca, mas resultaram em aumento significativo na eficiência
alimentar, possivelmente em virtude do aumento numérico no ganho de peso.

               Na tabela 4 são apresentados os dados de desempenho animal durante os 124
dias do período experimental.

          Tabela 4. Análise do período total, sem considerar o PVi como co-variável
                                     Tratamentos                   Valor P   EPM
                     Controle Monensina         Ess. 3   Ess. 5
          Pinicial    338,60       338,53       338,55   338,68    0,7144    5,77
          Pfinal      496,44       493,20       501,26   504,86    0,3417    9,61
          CMS124       9,89a       9,52b        10,28a   10,26a    0,0870    0,33
          Pcarc       273,84       273,98       278,96   281,13    0,1357    5,16
          EG           6,06         6,02         6,33     6,65     0,3466    0,27
          AOL          62,84       63,98        65,06    65,59     0,1606    1,22
          RC           55,65       55,61        55,83    55,79     0,9119    0,26
          GPD124       1,27         1,24         1,31     1,34     0,3584    0,04
          CA124        7,79         7,67         7,85     7,68     0,8846    0,19
          EA124       0,1291       0,1311       0,1278   0,1311    0,8470    0,003
O uso do tratamento com 30 ppm de monensina sódica reduziu o consumo de MS
sem, no entanto, causar efeito positivo na eficiência alimentar.

       O Essential® não teve efeito (P>0,05) no consumo de matéria seca, no ganho de peso
diário e na eficiência alimentar em comparação ao tratamento controle. Entretanto, em virtude
do maior valor numérico para ganho de peso diário, o tratamento com Essential® na dose de
5g/animal/dia resultou em maior peso de carcaça (P< 0,15) quente que as dietas sem aditivo
ou contendo monensina na dose de 30ppm. Essa diferença em peso de carcaça, nos atuais
patamares de preços, mostram se interessante. Com 7,3kg a mais de carcaça por animal,
obtém-se quase ½ arroba a mais por unidade abatida. Assumindo-se a arroba a U$ 62,50, em
um lote de 100 animais, isto representaria U$ 3.041,87 a mais na receita bruta, considerando o
parâmetro cambial de U$ 1,00 = R$ 1,60.

       Na tabela 5 estão apresentados os valores de energia líquida de ganho e de mantença
oferecidos nas dietas, obtidos com base no desempenho dos animais.



        Tabela 5. Energia líquida para ganho em para mantença segundo Zinn & Shen (1998)
        Item                               Tratamentos
                                             Controle    Monensina     Ess. 3      Ess. 5
        EL observada da ração
        Manutenção                                 1,68         1,70       1,65        1,68
        Ganho                                      1,06         1,08       1,04        1,06



       Para as observações comportamentais (Tabela 6), houve diferença (p<0,05) para o
tempo que os animais destinaram à ingestão de matéria seca, que foi maior para os animais
recebendo dieta com monensina sódica. A princípio esta informação contraria o que seria
esperado de animais consumindo dietas com ionóforos. No entanto, este maior período de
alimentação deve estar relacionado a maior frequência de alimentação e não exatamente a
maior tempo destinado à alimentação. Isto poderia ser explicado pelo método de observação.
Com intervalos de 10 minutos entre as observações, a maior frequência de refeições, embora
menores, teria interferido na observação, sugerindo a necessidade de intervalos menores aos
adotados na metodologia usual.

  Tabela 6. Tempo, em minutos, das observações de comportamento animal
                         Controle    Monensina Ess. 3      Ess. 5     Valor P             EPM
  Consumindo               72b          95a         66b       71b     0,0306              7,84
  Ócio em pé               550          514         546       500     0,2871              21,04
Ócio deitado               561        592         592        596         0,2923   16,78
   Ruminando em pé            82         79          86         85          0,9587   9,54
   Ruminando deitado          169        152         146        180         0,2661   14,02
   Bebendo água                6          8           5          8          0,6403   2,09

7 DISCUSSÕES

       Os efeitos negativos da monensina no CMS e positivos na eficiência alimentar de
bovinos de corte confinados com rações com teores elevados de concentrado têm sido
amplamente relatados na literatura revisada (Sheelling, 1984, NRC, 1996).

       O efeito negativo da monensina no CMS se deve a dois fatores principais, o aumento
na densidade energética da dieta e ou questões de palatabilidade. A redução do CMS foi de
3,88% no presente estudo.

       Ao contrário do relatado na literatura de forma consistente, no presente estudo a
monensina não aumentou a densidade energética da dieta e por consequência, não melhorou a
eficiência alimentar dos animais.

       Durante os 21 dias de adaptação dos animais às rações, a monensina teve efeito
negativo no GPD dos animais, fato este contrário ao esperado de efeito positivo da monensina
principalmente durante a fase mais crítica do confinamento. A redução do CMS em
comparação com o tratamento controle foi de 22,65%.          Como pode ser observado, a
monensina reduziu o CMS de forma mais drástica durante a adaptação dos animais.

       A suplementação com Essential® não afetou o CMS durante a adaptação e propiciou
maior GPD numérico que no tratamento controle (P>0,05), com efeito significativo no
aumento da eficiência alimentar dos animais (P<0,05).

       O efeito dos óleos funcionais no consumo de MS ainda não está plenamente
esclarecido. A ausência de efeito positivo do Essential no CMS destoa de diversos estudos
revisados. Segundo Madrid et al. (2003), Denli et al. (2004) e Alcicek et al. (2004) a adição
de óleos funcionais na dieta maximizou o consumo dos animais. Da mesma forma, Cardozo et
al. (2005), testando os efeitos do óleo essencial da pimenta (Capsicum annuum), observaram
aumento na ingestão de água e de matéria seca. Os autores afirmam que este efeito é benéfico
em situações onde o consumo de MS é comprometido (chegada ao confinamento, stress
térmico, etc).
Com relação ao efeito positivo do Essential na eficiência alimentar dos animais na fase
de adaptação, aparentemente esse aditivo deve ter favorecido a fermentação ruminal, com
provável maiores produções de AGV ou maior proporção de propionato e redução nas perdas
via metano. O efeito positivo do Essential na fase de adaptação dos animais é relevante e será
melhor estudado em experimentos futuros, com animais canulados no rúmen.

       O resultados ainda apresentam baixa consistência mediante a diversidade de princípios
ativos envolvidos nas pesquisas com uso de óleos funcionais na alimentação de ruminantes.
Alguns estudos demonstram que óleos funcionais parecem não interferir na digestibilidade da
MS (Benchaar et al., 2006 e 2007). No entanto, Castillejos et al. (2006), trabalhando com 50
mg/ L de timol maximizaram a digestibilidade da MS, enquanto que 5 e 500 mg/L não
causaram efeito. De acordo com Coneglian (2009), esses dados sugerem que os efeitos dos
óleos funcionais dependem do tipo e da dose dos óleos funcionais, provável explicação para a
perda do efeito quando se administra doses maiores de óleos funcionais. Ainda segundo
Coneglian (2009) os nutrientes digestíveis totais apresentaram um comportamento quadrático
em relação aos diferentes níveis de óleos funcionais (Figura 1), sendo que o nível de óleo que
teve maior ação sobre a digestibilidade dos nutrientes foi de 3,10 g/dia do produto Essential®.




        Figura 1. Variação no NDT da dieta de novilhos HPB com adição de Essential®, em gramas.




       Evans & Martin (2000) relataram que a administração de óleo essencial na dieta de
ruminantes reduziu as concentrações de metano e de lactato, embora em doses mais elevadas
reduziu também a digestão dos nutrientes e produção total dos ácidos graxos voláteis, uma
clara indicação que o metabolismo microbiano foi inibido. Este efeito foi atribuído à perda da
integridade da membrana celular e uma redução na absorção de glicose. A variação dos
resultados encontrados em pesquisas pode estar relacionada a dose, ou ainda ao princípio
ativo dos óleos funcionais utilizados em cada estudo.

       Coneglian (2009) testando a inclusão diferentes doses de óleos funcionais (Essential®)
em novilhos holandeses observou melhores efeitos na digestibilidade aparente total dos
nutrientes em nível de 3,10 g/dia. Na mesma concentração o produto Essential® manteve o
pH ruminal adequado (Figura 2), baixa concentração de amônia, adequada concentração de
nitrogêio uréico plasmático e melhorou a eficiência e síntese microbiana. A inclusão de
Essential afetou o pH da fermentação in vitro, diminuindo o pH a medida que aumentava a
dose de Essential na solução de cada jarro de fermentação. Este fato indicaria uma maior
produção de ácidos graxos voláteis, o que estaria relacionado a uma maior atividade
microbiana.




      Figura 2. Variação do pH ruminal de animais com doses diárias crescentes de Essential® na dieta.



A inclusão de Essential® na fermentação in vitro aumentou a atividade microbiana in vitro,
sendo observado aumento na digestibilidade do feno e do milho (BRANCO & CONEGLIAN,
MANUAL ESSENTIAL).

       Segundo McIntosch et al. (2003) a inclusão de óleos funcionais reduz a quebra de
aminoácidos sem comprometer a atividade proteolítica e peptidolítica. Esse efeito dos óleos
funcionais pode favorecer o aporte de proteína para o intestino dos bovinos e ser de grande
importância, especialmente na fase inicial de confinamento, quando as exigências proteicas
são maiores e o CMS ainda é baixo. Isso pode explicar em parte o efeito positivo do Essential
na fase de adaptação dos animais no presente estudo.

       Acredita-se que os óleos funcionais possam estimular a produção de saliva e dos sucos
gástrico e pancreático, beneficiando a secreção enzimática e melhorando a digestibilidade dos
nutrientes (MELLOR, 2000). O estímulo da produção de enzimas e secreções intestinais é o
efeito mais estudado na tentativa de explicar a melhora da digestibilidade. Porém, pode existir
a contribuição de outros mecanismos nesse processo. Alguns pesquisadores acreditam que,
para obtenção de melhores resultados, devem ser administradas combinações de óleos
funcionais de diferentes plantas (LANGHOUT, 2000; KAMEL, 2000).

       O efeito positivo do Essential® ao longo de todo o período experimental foi menos
evidente que durante a fase de adaptação, mesmo assim houve efeito positivo (P<0,15) no
peso final de carcaça quente em comparação com os demais tratamentos, sem entretanto
aumentar a densidade energéticas da dieta.

       O maior peso de carcaça (Tabela 4) para animais recebendo Essential® está de acordo
com o observado por Zawadzki et al. (2010). Segundo os autores, o peso de carcaça quente e
o rendimento de carcaça foram 4,8% e 2,7%, respectivamente, superiores para os bovinos
alimentados com óleos funcionais em relação aos bovinos sem inclusão de óleos funcionais
(Essential®).
CONCLUSÕES



        O uso do Essential® como fonte de óleos funcionais melhorou o desempenho de bovinos
confinados durante a fase de adaptação às rações com teores altos de concentrado, que aparentemente
influenciou o desempenho positivo dos animais durante todo o confinamento.

        O uso de óleos funcionais como melhorador de desempenho animal, pode ser uma opção
viável a pecuária, porem são necessários mais estudos que comprovem cientificamente sua
viabilidade.
8 REFERÊNCIAS
	
  

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BENCHAAR, C., H. V. PETIT, R. BERTHIAUME, D. R. OUELLET, and J. CHIQUETTE.
Effects of essential oil supplement on ruminal fermentation, rumen microbial populations and in
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BENCHAAR, C., J. L. DUYNISVELD, and E. CHARMLEY. Effects of monensin and increasing
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CARDOZO, P.W.; CALSAMIGLIA, S. et al., Screening for the effects of natural plant extracts at
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CASTILLEJOS, L., S. CALSAMIGLIA, A. FERRET, and R. LOSA. Effects of a specific blend
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from a continuous culture system. Animal Feed Science Technology, 119. p.29–41. 2006.

CONEGLIAN, S.M. Uso de oleos essenciais de mamona e caju em dietas de bovinos.
2009. Tese (Doutorado em Agronomia) Universidade Estadual de Maringá, Maringá.

DENLI, M., OKAN, F., ULUOCAK, A., M. Effect of dietary supplementation of herb essential
oils on the growth performance carcass and intestinal characteristics of quail (Coturnix coturnix
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KAMEL,C. A novel look at a classic approach of plant extracts. Feed Mix-The International
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KOHLERT,C; VAN RENSEN, I; MARZ, R. Bioavailability and pharmokinetics of natural
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MADRID J., MEGIAS M.D., HERNANDEZ F. Determination of short chain volatile fatty acids
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Substituição de monensina por óleos funcionais em confinamento bovino

  • 1. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ” PROJETO DE PESQUISA TÍTULO: SUBSTITUIÇÃO DE MONENSINA SÓDICA POR ÓLEOS FUNCIONAIS NA DIETA DE TERMINAÇÃO DE MACHOS NELORE EM CONFINAMENTO (Relatório Final) Discente: Lucas Jado Chagas Professor responsável: Flávio Augusto Portela Santos PIRACICABA Estado de São Paulo – Brasil Agosto 2011
  • 2. 1- RESUMO A finalidade do projeto foi avaliar o efeito do uso de óleo funcional em substituição a aditivos antibióticos sobre o desempenho de 240 tourinhos da raça Nelore terminados em confinamento. Foram comparados os seguintes tratamentos: 1) Controle; 2) Monensina sódica (30 mg/kg de MS); 3) Essential® (aditivo comercial extraído da mamona e óleo de caju) na dose de 0,3g/kg de MS; 4) Essential® 0,5 g/kg de MS. Foram avaliados o consumo de matéria seca, o ganho de peso diário, a eficiência alimentar e os parâmetros de carcaça dos animais (peso da carcaça quente, rendimento de carcaça, espessura de gordura e área de olho de lombo). O presente trabalho foi desenvolvido nas instalações do Departamento de Zootecnia da ESALQ/USP, localizado no município de Piracicaba, com início em janeiro de 2011 e duração de 124 dias. Os animais foram mantidos em instalação de confinamento experimental e distribuídos em blocos completos casualizados. Por meio dos dados de consumo de matéria seca (CMS), peso corporal e ganho de peso diário (GPD) foram calculados os valores de energia líquida das rações.
  • 3. 2- INTRODUÇÃO Antibióticos ionóforos são utilizados na alimentação de bovinos a mais de 50 anos, e com sucesso na redução de perdas metabólicas geradas por ineficiência (produção de metano e perda de nitrogênio amoniacal) no processo fermentativo de microrganismos ruminais que degradam nutrientes para produzir ácidos graxos voláteis e sintetizar proteína microbiana. No entanto, o mérito destes produtos na alimentação animal vem sofrendo críticas, decorrente das possíveis consequências do uso prolongado de antibióticos no desenvolvimento de microrganismos patogênicos resistentes. Na União Europeia foi banido o uso de ionóforos como promotores de crescimento, desde janeiro de 2006. Esse fato tem estimulado a pesquisa com produtos alternativos para controle específico de populações microbianas a fim de modular a fermentação ruminal. Plantas produzem vários compostos secundários, para se protegerem de insetos, animais, fungos ou bactérias. Óleos extraídos de determinadas plantas podem interagir com a membrana celular microbiana e inibir o desenvolvimento de algumas bactérias gram-positivas e gram-negativas. Como resultado de tal inibição, a adição de alguns extratos de planta no rúmen tem resultado em aumento na concentração de propionato e redução na concentração de acetato e redução da produção de metano no rúmen. Com isto, tem-se como objetivo neste projeto avaliar o uso de aditivo alimentar contendo óleos de caju e mamona como alternativo ao ionóforos monensina em rações para bovinos confinados na fase de terminação.
  • 4. 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Restrições ao uso de ionóforos A questão da segurança dos alimentos sempre foi uma preocupação constante entre os consumidores, porém se intensificou com fatos recentes ocorridos, como a encefalopatia espongiforme bovina, causada pela ingestão de produtos de origem animal por bovinos, e a contaminação de frangos com dioxina, contaminante considerado cancerígeno. Tal preocupação pode ser exemplificada pelo fato de a União Européia, adotando o princípio da precaução, proibir a utilização de antibióticos como promotores de crescimento para bovinos. A Dinamarca foi o primeiro país a adotar tal postura, em 1999. Apesar de sua eficácia ser comprovada por inúmeros experimentos, sendo sua utilização já consagrada, a monensina nos últimos anos tem sofrido sérias restrições, principalmente pela União Européia. Mediante tais restrições, torna-se cada vez mais interessante a descoberta de aditivos alternativos aos ionóforos, aumentando assim as opções existentes. 3.2 Óleos funcionais na alimentação de ruminantes Grande parte dos trabalhos de investigação da ação dos extratos vegetais no metabolismo dos ruminantes refere-se, principalmente, a atuação dos extratos no ambiente ruminal. Nestas condições, verificam-se resultados semelhantes à utilização de ionóforos quanto aos produtos resultantes dos processos fermentativos e ao balanço populacional de bactérias e protozoários no ambiente ruminal (Coneglian, 2009). Os óleos funcionais pesquisados para alterar a fermentação ruminal são caracterizados por uma mistura de ácidos, terpenóides aromáticos, líquidos e lipofílicos extraídos de diferentes partes da planta (Kohlert et al., 2000). Estas substâncias apresentam atividade antimicrobiana modificando a estrutura da parede celular bacteriana, desnaturando e precipitando as proteínas. O produto comercial Essential®, testado no presente experimento contem mistura dos óleos funcionais cardol, cardanol e ácido ricinoléico. O cardol e o cardanol são componentes do óleo de cajú com ação antimicrobiana . Os dois são compostos fenólicos que funcionam como ionóforo monovalente (Nagabhusa et al., 1995). O cardanol tem atividade tanto anti-inflamatória como antioxidante (Amoratti et al., 2001 e Trevisan et al., 2006).
  • 5. O ácido ricinoléico é um ácido graxo extraído do óleo de mamona, que funciona como ionóforo divalente (Vieira et al., 2001). Em experimentos com novilhos precoce, Zawadzki, et al. (2010) observaram que a adição de óleos funcionais na dieta melhorou o peso e o rendimento da carcaça dos animais. Coneglian (2009) testou a inclusão de diferentes doses de produto contendo mistura de óleo de caju e de mamona (Essential®) em novilhos holandeses e observou efeitos positivos na digestibilidade aparente total dos nutrientes com a dose de 3,10 g/dia. Também foi observado que o aditivo manteve o pH ruminal adequado, manteve baixa concentração de amônia e adequada concentração de nitrogênio uréico plasmático, sendo que o produto também melhorou a eficiência e a síntese microbiana. De acordo com McIntosch et al. (2003) a inclusão de óleos funcionais reduz a quebra de aminoácidos sem comprometer a atividade proteolítica e peptidolítica. A combinação dos efeitos acima mencionados e suas interações no metabolismo, embora ainda não amplamente elucidadas, podem sustentar a hipótese de efeito semelhante ao da monensina sódica no desempenho de bovinos. 3.3 Modo de ação dos óleos funcionais Coneglian (2009) elenca algumas hipóteses que têm sido consideradas acerca do modo de ação dos óleos funcionais: (1) controle de patógenos pela atividade antimicrobiana, (2) atividade antioxidante, (3) melhora na digestão, pelo do estímulo da atividade enzimática e (4) morfometria dos órgãos. Segundo Kohlert et al. (2000), os princípios ativos dos óleos funcionais são absorvidos no intestino pelos enterócitos e metabolizados rapidamente no organismo animal. Os produtos deste metabolismo são transformados em compostos polares, pela conjugação com o glicuronato, e excretados na urina. Outros princípios ainda podem ser eliminados pela respiração como CO2. A rápida metabolização e a curta meia vida dos compostos ativos levam a crer que existe um risco mínimo de acúmulo nos tecidos.
  • 6. 4 OBJETIVOS O objetivo da presente pesquisa foi avaliar o uso de óleos funcionais como aditivo alternativo à monensina em rações para bovinos confinados na fase de terminação. 5 PLANO DE TRABALHO E METODOLOGIA DE ANÁLISES 5.1 Local e Animais O experimento foi conduzido nas instalações de confinamento de bovinos de corte do Departamento de Zootecnia da USP-ESALQ. Foram utilizados 240 tourinhos da raça Nelore, alojados por 124 dias em 40 baias (4x8m) cobertas, com piso de concreto. Todos os animais receberam dose de vermífugo e de complexo vitamínico ADE no início e aos 60 dias do período experimental. 5.2 Tratamentos As rações experimentais utilizadas no experimento são apresentadas na tabela 1. Tabela. 1. Ingredientes e composição estimada das rações experimentais. Tratamentos Ingredientes (% da MS) Controle Monensina Essential 3 Essential 5 Feno de gramínea 12,0 12,0 12,0 12,0 Milho em grãos 80,6 80,6 80,6 80,6 Farelo de soja 4 4 4 4 Mineral 2,5 2,5 2,5 2,5 Uréia 0,9 0,9 0,9 0,9 Monensina (ppm) - 30,0 - - 2 Essential (ppm) - - 300 500 1 = Valores estimados pelo NRC (1996) nível 1 2 = Produto comercial contendo óleos de ríceno (ácido ricinoleico extraído da mamona) e óleo de caju (cardol e cardanol), veiculado em vermiculita expandida.
  • 7. 5.3 Período experimental, coleta de dados e análises químicas. Os animais foram adaptados às rações por 21 dias que foram incluídos no período experimental. As rações de adaptação continham os mesmos ingredientes da ração final, sendo inicialmente utilizados níveis de 40% de feno e 60% de concentrado. O teor de forragem foi reduzido em 10 unidades percentuais a cada 7 dias. Após os 21 dias de adaptação os animais passaram a receber a ração experimental com 12% de feno. Após a adaptação, decorreram-se mais 103 dias de alimentação com a dieta final. Os animais foram pesados após jejum alimentar de 16 horas no início e no final do período experimental. Pesagens intermediárias, após 21 dias (término da adaptação) e a cada 30 dias, foram realizadas sem jejum para fins de monitoramento do desempenho. Diariamente, às 7 h, a ração foi fornecida na forma totalmente misturada, com o uso de vagão misturador equipado com balança eletrônica e esteira. A quantidade de alimento fornecido na forma de ração totalmente misturada foi ajustada diariamente para manter, no máximo, 3% de sobras. As sobras foram retiradas a cada 7 dias e pesadas para avaliação do consumo por baia. Amostras de todos os ingredientes das rações foram coletadas a cada nova partida recebida e congeladas para posteriores análises químicas. Após o abate dos animais, foram determinados os rendimentos de carcaça quente, a incidência de abscessos hepáticos. Após resfriar as carcaças por 24 horas a 0ºC, foram realizadas as avaliações subjetivas área de olho de lombo e espessura de gordura, sendo para isso seccionado o músculo Longissimus dorsi na altura da 12ª costela, conforme metodologia descrita por Müller (1987). Para fins de análises químicas amostras dos ingredientes foram descongeladas, secas em estufas com ventilação forçada (55oC) por 72 horas (Silva, 2006) e moídas em moinhos tipo “Wiley” providos de peneiras de 5,0 e 1,0 mm. As amostras foram compostas por ingrediente e então analisadas para MS (cinco horas em estufa a 105°C), matéria orgânica (MO) (três horas em mufla a 600°C), FDN de acordo com Van Soest et al. (1991), FDA de acordo com Van Soest (1973), proteína bruta (PB) de acordo com AOAC (1990), e amido de acordo com a técnica de espectroscopia de reflectância no infravermelho próximo através do espectrômetro FOSS NIRSystem 5000.
  • 8. 5.4 Cálculo de energia líquida das rações Através dos dados de IMS e GPD obtidos no experimento, foram calculados os valores de energia líquida observada das rações. Para tal, foram utilizadas as fórmulas a seguir, segundo a metodologia proposta por Zinn & Shen (1998). Foram calculadas as exigências de ganho (Eg) e de manutenção (Em) dos animais através das fórmulas 1 e 2, respectivamente. Calculadas as exigências energéticas relacionadas aos ganhos de peso vivo (kg/dia) e aos pesos metabólicos (kg) dos animais foram então calculados os valores de energia líquida das rações (Mcal/kg de MS) para manutenção (ELm) e ganho (ELg) através das fórmulas 3 e 4. Eg = [0,0493 PV0,75] GPD1,097 ; (NRC, 1984) Em = 0,077 PV0,75 ; (Lofgreen & Garrett, 1968; citados por Zinn & Shen, 1998) ELm = (- b - ((b2) - (4ac))0,5))/(2a) ; (Zinn & Shen, 1998) a = -0,877 IMS b = 0,877 Em + 0,41 IMS + Eg c = -0,41 Em ELg = 0,877 ELm – 0,41 ; (Zinn & Shen, 1998) Onde, Eg = exigência em energia para ganho (Mcal/dia) Em = exigência em energia para manutenção (Mcal/dia) ELm = energia líquida de manutenção (Mcal/kg de MS) ELg = energia líquida de ganho (Mcal/kg de MS) Os valores de energia assim obtidos foram confrontados com os valores preditos pelas equações de Weiss et al. (1992) com base nos dados das análises bromatológicas dos ingredientes.
  • 9. 5.5 Comportamento animal Foram tomadas medidas de comportamento animal (consumo, ócio e ruminação) dos 240 animais. As observações foram feitas 1 dia, durante 24 h, a cada 10 minutos. 5.6 Delineamento experimental e análise estatística Foi adotado o delineamento em blocos completos casualizados (Tabela 2). Os animais foram distribuídos nos blocos de acordo com o peso vivo inicial. Os dados de consumo de alimentos, ganho de peso e eficiência alimentar do experimento foi analisado com uso do procedimento MIXED do programa estatístico SAS. Os dados de avaliação de carcaça foram analisados através do procedimento GLM do programa estatístico SAS. Para todos os parâmetros analisados, a baia foi utilizada como unidade experimental. Foi feita a analise de co-variância utilizando como co-variável o peso inicial médio da baia. Todos os dados foram testados para se verificar a distribuição normal dos erros, utilizando-se o PROC UNIVARIATE (SAS). Foi feita uma análise exploratória dos dados, utilizando-se o procedimento GLM do SAS , envolvendo o tamanho da amostra, teste para homogeneidade da variância, teste para medidas discrepantes e transformação potência ótima de Box & Cox (1964). Tabela. 2. Resumo esquemático da análise de variância para os parâmetros avaliados nos experimento 1. Causas de variação Graus de Liberdade Bloco 9 Tratamento 3 Resíduo 27 Total 39
  • 10. 6 RESULTADOS Na tabela 3 são apresentados os resultados obtidos durante os primeiros 21 dias do período experimental, quando os animais encontravam-se em adaptação às rações finais. Tabela 3. Análise para 21 dias descontando os 4% no PV (21) Controle Monensina Ess. 3 Ess. 5 Valor EPM P Pinicial 338,7 338,6 338,7 338,7 0,859 5,79 Pfinal 358,7ab 349,7b 363,3a 360,2a 0,0109 6,69 CMS21 7,96ª 6,49b 7,83a 7,71a 0,0001 0,22 GPD21 0,95ª 0,76b 1,11a 1,12a 0,0500 0,11 EA21 0,1199bc 0,1054c 0,1407ab 0,1447a 0,0578 0,01 Durante a fase de adaptação, o tratamento com monensina diminuiu o consumo de matéria seca, reduziu o ganho de peso diário e como consequência piorou a eficiência alimentar dos animais. As dietas com Essential®, em comparação ao tratamento controle, não afetaram o consumo de matéria seca, mas resultaram em aumento significativo na eficiência alimentar, possivelmente em virtude do aumento numérico no ganho de peso. Na tabela 4 são apresentados os dados de desempenho animal durante os 124 dias do período experimental. Tabela 4. Análise do período total, sem considerar o PVi como co-variável Tratamentos Valor P EPM Controle Monensina Ess. 3 Ess. 5 Pinicial 338,60 338,53 338,55 338,68 0,7144 5,77 Pfinal 496,44 493,20 501,26 504,86 0,3417 9,61 CMS124 9,89a 9,52b 10,28a 10,26a 0,0870 0,33 Pcarc 273,84 273,98 278,96 281,13 0,1357 5,16 EG 6,06 6,02 6,33 6,65 0,3466 0,27 AOL 62,84 63,98 65,06 65,59 0,1606 1,22 RC 55,65 55,61 55,83 55,79 0,9119 0,26 GPD124 1,27 1,24 1,31 1,34 0,3584 0,04 CA124 7,79 7,67 7,85 7,68 0,8846 0,19 EA124 0,1291 0,1311 0,1278 0,1311 0,8470 0,003
  • 11. O uso do tratamento com 30 ppm de monensina sódica reduziu o consumo de MS sem, no entanto, causar efeito positivo na eficiência alimentar. O Essential® não teve efeito (P>0,05) no consumo de matéria seca, no ganho de peso diário e na eficiência alimentar em comparação ao tratamento controle. Entretanto, em virtude do maior valor numérico para ganho de peso diário, o tratamento com Essential® na dose de 5g/animal/dia resultou em maior peso de carcaça (P< 0,15) quente que as dietas sem aditivo ou contendo monensina na dose de 30ppm. Essa diferença em peso de carcaça, nos atuais patamares de preços, mostram se interessante. Com 7,3kg a mais de carcaça por animal, obtém-se quase ½ arroba a mais por unidade abatida. Assumindo-se a arroba a U$ 62,50, em um lote de 100 animais, isto representaria U$ 3.041,87 a mais na receita bruta, considerando o parâmetro cambial de U$ 1,00 = R$ 1,60. Na tabela 5 estão apresentados os valores de energia líquida de ganho e de mantença oferecidos nas dietas, obtidos com base no desempenho dos animais. Tabela 5. Energia líquida para ganho em para mantença segundo Zinn & Shen (1998) Item Tratamentos Controle Monensina Ess. 3 Ess. 5 EL observada da ração Manutenção 1,68 1,70 1,65 1,68 Ganho 1,06 1,08 1,04 1,06 Para as observações comportamentais (Tabela 6), houve diferença (p<0,05) para o tempo que os animais destinaram à ingestão de matéria seca, que foi maior para os animais recebendo dieta com monensina sódica. A princípio esta informação contraria o que seria esperado de animais consumindo dietas com ionóforos. No entanto, este maior período de alimentação deve estar relacionado a maior frequência de alimentação e não exatamente a maior tempo destinado à alimentação. Isto poderia ser explicado pelo método de observação. Com intervalos de 10 minutos entre as observações, a maior frequência de refeições, embora menores, teria interferido na observação, sugerindo a necessidade de intervalos menores aos adotados na metodologia usual. Tabela 6. Tempo, em minutos, das observações de comportamento animal Controle Monensina Ess. 3 Ess. 5 Valor P EPM Consumindo 72b 95a 66b 71b 0,0306 7,84 Ócio em pé 550 514 546 500 0,2871 21,04
  • 12. Ócio deitado 561 592 592 596 0,2923 16,78 Ruminando em pé 82 79 86 85 0,9587 9,54 Ruminando deitado 169 152 146 180 0,2661 14,02 Bebendo água 6 8 5 8 0,6403 2,09 7 DISCUSSÕES Os efeitos negativos da monensina no CMS e positivos na eficiência alimentar de bovinos de corte confinados com rações com teores elevados de concentrado têm sido amplamente relatados na literatura revisada (Sheelling, 1984, NRC, 1996). O efeito negativo da monensina no CMS se deve a dois fatores principais, o aumento na densidade energética da dieta e ou questões de palatabilidade. A redução do CMS foi de 3,88% no presente estudo. Ao contrário do relatado na literatura de forma consistente, no presente estudo a monensina não aumentou a densidade energética da dieta e por consequência, não melhorou a eficiência alimentar dos animais. Durante os 21 dias de adaptação dos animais às rações, a monensina teve efeito negativo no GPD dos animais, fato este contrário ao esperado de efeito positivo da monensina principalmente durante a fase mais crítica do confinamento. A redução do CMS em comparação com o tratamento controle foi de 22,65%. Como pode ser observado, a monensina reduziu o CMS de forma mais drástica durante a adaptação dos animais. A suplementação com Essential® não afetou o CMS durante a adaptação e propiciou maior GPD numérico que no tratamento controle (P>0,05), com efeito significativo no aumento da eficiência alimentar dos animais (P<0,05). O efeito dos óleos funcionais no consumo de MS ainda não está plenamente esclarecido. A ausência de efeito positivo do Essential no CMS destoa de diversos estudos revisados. Segundo Madrid et al. (2003), Denli et al. (2004) e Alcicek et al. (2004) a adição de óleos funcionais na dieta maximizou o consumo dos animais. Da mesma forma, Cardozo et al. (2005), testando os efeitos do óleo essencial da pimenta (Capsicum annuum), observaram aumento na ingestão de água e de matéria seca. Os autores afirmam que este efeito é benéfico em situações onde o consumo de MS é comprometido (chegada ao confinamento, stress térmico, etc).
  • 13. Com relação ao efeito positivo do Essential na eficiência alimentar dos animais na fase de adaptação, aparentemente esse aditivo deve ter favorecido a fermentação ruminal, com provável maiores produções de AGV ou maior proporção de propionato e redução nas perdas via metano. O efeito positivo do Essential na fase de adaptação dos animais é relevante e será melhor estudado em experimentos futuros, com animais canulados no rúmen. O resultados ainda apresentam baixa consistência mediante a diversidade de princípios ativos envolvidos nas pesquisas com uso de óleos funcionais na alimentação de ruminantes. Alguns estudos demonstram que óleos funcionais parecem não interferir na digestibilidade da MS (Benchaar et al., 2006 e 2007). No entanto, Castillejos et al. (2006), trabalhando com 50 mg/ L de timol maximizaram a digestibilidade da MS, enquanto que 5 e 500 mg/L não causaram efeito. De acordo com Coneglian (2009), esses dados sugerem que os efeitos dos óleos funcionais dependem do tipo e da dose dos óleos funcionais, provável explicação para a perda do efeito quando se administra doses maiores de óleos funcionais. Ainda segundo Coneglian (2009) os nutrientes digestíveis totais apresentaram um comportamento quadrático em relação aos diferentes níveis de óleos funcionais (Figura 1), sendo que o nível de óleo que teve maior ação sobre a digestibilidade dos nutrientes foi de 3,10 g/dia do produto Essential®. Figura 1. Variação no NDT da dieta de novilhos HPB com adição de Essential®, em gramas. Evans & Martin (2000) relataram que a administração de óleo essencial na dieta de ruminantes reduziu as concentrações de metano e de lactato, embora em doses mais elevadas reduziu também a digestão dos nutrientes e produção total dos ácidos graxos voláteis, uma clara indicação que o metabolismo microbiano foi inibido. Este efeito foi atribuído à perda da integridade da membrana celular e uma redução na absorção de glicose. A variação dos
  • 14. resultados encontrados em pesquisas pode estar relacionada a dose, ou ainda ao princípio ativo dos óleos funcionais utilizados em cada estudo. Coneglian (2009) testando a inclusão diferentes doses de óleos funcionais (Essential®) em novilhos holandeses observou melhores efeitos na digestibilidade aparente total dos nutrientes em nível de 3,10 g/dia. Na mesma concentração o produto Essential® manteve o pH ruminal adequado (Figura 2), baixa concentração de amônia, adequada concentração de nitrogêio uréico plasmático e melhorou a eficiência e síntese microbiana. A inclusão de Essential afetou o pH da fermentação in vitro, diminuindo o pH a medida que aumentava a dose de Essential na solução de cada jarro de fermentação. Este fato indicaria uma maior produção de ácidos graxos voláteis, o que estaria relacionado a uma maior atividade microbiana. Figura 2. Variação do pH ruminal de animais com doses diárias crescentes de Essential® na dieta. A inclusão de Essential® na fermentação in vitro aumentou a atividade microbiana in vitro, sendo observado aumento na digestibilidade do feno e do milho (BRANCO & CONEGLIAN, MANUAL ESSENTIAL). Segundo McIntosch et al. (2003) a inclusão de óleos funcionais reduz a quebra de aminoácidos sem comprometer a atividade proteolítica e peptidolítica. Esse efeito dos óleos funcionais pode favorecer o aporte de proteína para o intestino dos bovinos e ser de grande importância, especialmente na fase inicial de confinamento, quando as exigências proteicas
  • 15. são maiores e o CMS ainda é baixo. Isso pode explicar em parte o efeito positivo do Essential na fase de adaptação dos animais no presente estudo. Acredita-se que os óleos funcionais possam estimular a produção de saliva e dos sucos gástrico e pancreático, beneficiando a secreção enzimática e melhorando a digestibilidade dos nutrientes (MELLOR, 2000). O estímulo da produção de enzimas e secreções intestinais é o efeito mais estudado na tentativa de explicar a melhora da digestibilidade. Porém, pode existir a contribuição de outros mecanismos nesse processo. Alguns pesquisadores acreditam que, para obtenção de melhores resultados, devem ser administradas combinações de óleos funcionais de diferentes plantas (LANGHOUT, 2000; KAMEL, 2000). O efeito positivo do Essential® ao longo de todo o período experimental foi menos evidente que durante a fase de adaptação, mesmo assim houve efeito positivo (P<0,15) no peso final de carcaça quente em comparação com os demais tratamentos, sem entretanto aumentar a densidade energéticas da dieta. O maior peso de carcaça (Tabela 4) para animais recebendo Essential® está de acordo com o observado por Zawadzki et al. (2010). Segundo os autores, o peso de carcaça quente e o rendimento de carcaça foram 4,8% e 2,7%, respectivamente, superiores para os bovinos alimentados com óleos funcionais em relação aos bovinos sem inclusão de óleos funcionais (Essential®).
  • 16. CONCLUSÕES O uso do Essential® como fonte de óleos funcionais melhorou o desempenho de bovinos confinados durante a fase de adaptação às rações com teores altos de concentrado, que aparentemente influenciou o desempenho positivo dos animais durante todo o confinamento. O uso de óleos funcionais como melhorador de desempenho animal, pode ser uma opção viável a pecuária, porem são necessários mais estudos que comprovem cientificamente sua viabilidade.
  • 17. 8 REFERÊNCIAS   ALÇIÇEK, A., BOZKURT, M. and ÇABUK, M. The effects of a mixture of herbal essential oil, an organic acid or a probiotic on broiler performance. South African Journal of Animal Science 34: p.217-222. 2004.   AMORATTI, R.; PEDULLI, G. F.; VALGIMIGLI, L. Absolute rate constants for the reaction of peroxyl radicals with cardanol derivatives. Journal Chemic Perkin, p.2142-2146, 2001. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official Methods of Analysis. 15th ed. Arlington, 1990. v.1, 1117p. BENCHAAR, C., H. V. PETIT, R. BERTHIAUME, D. R. OUELLET, and J. CHIQUETTE. Effects of essential oil supplement on ruminal fermentation, rumen microbial populations and in sacco degradation of dry matter and nitrogen in the rumen of lactating dairy cows. Canada. Journal Animal Science. 83. p.637. (Abstr.). 2003. BENCHAAR, C., J. L. DUYNISVELD, and E. CHARMLEY. Effects of monensin and increasing dose levels of a mixture of essential oil compounds on intake, digestion and growth performance of beef cattle. Canada. Jounal Animal Science. 86. p.91–96. 2006. CARDOZO, P.W.; CALSAMIGLIA, S. et al., Screening for the effects of natural plant extracts at different pH on in vitro rumen microbial fermentation of a high-concentrade diet for beef cattle. Journal of Animal Science. v.83, n.1, p.2572-7579. 2005. CASTILLEJOS, L., S. CALSAMIGLIA, A. FERRET, and R. LOSA. Effects of a specific blend of essential oil compounds and the type of diet on rumen microbial fermentation and nutrient flow from a continuous culture system. Animal Feed Science Technology, 119. p.29–41. 2006. CONEGLIAN, S.M. Uso de oleos essenciais de mamona e caju em dietas de bovinos. 2009. Tese (Doutorado em Agronomia) Universidade Estadual de Maringá, Maringá. DENLI, M., OKAN, F., ULUOCAK, A., M. Effect of dietary supplementation of herb essential oils on the growth performance carcass and intestinal characteristics of quail (Coturnix coturnix japonica). South African Journal of Animal Science. 34: p.174- 179. 2004. KAMEL,C. A novel look at a classic approach of plant extracts. Feed Mix-The International Journal on Feed, Nutrition and Technology, v.18, n.6, p.19-24, 2000. KOHLERT,C; VAN RENSEN, I; MARZ, R. Bioavailability and pharmokinetics of natural volatile terpenes in animal and humans. Planta Medica, v.66, p.495-505, 2000.   LANGHOUT, P. New additives for broiler chickens. Feed Mix-The International Journal on Feed, Nutrition and Technology, v.18, n.6, p.24-27, 2000.
  • 18. MADRID J., MEGIAS M.D., HERNANDEZ F. Determination of short chain volatile fatty acids in silages from artichoke and orange by-products by capillary gas chromatography. Journal of the Science of Food and Agriculture 79, 580-584. 2003. McINTOSH, F.M. et al. Effects of essential oils on ruminal microorganisms and their protein metabolism. Applied and Environmental Microbiology, v.69, p. 5011– 5014, 2003. MELLOR,S. Alternatives to antibiotic. Pig Progress, v.16, p.18-21, 2000 MÜLLER, L. Normas para avaliação de carcaças e concurso de carcaça de novilhos. 2ª ed. Santa Maria: Imprensa Universitária, 1987. 31p NAGABHUSHSA K.S., ASH V.N., OBHA; RAVINDRANATH V. Selective ionophoric properties of anacardic acid. Journal Natural Produced, v. 58, n. 5, p.807-810, 1995. SILVA, D.J. Análise de alimentos (Métodos químicos e biológicos). Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 2006. 235p TREVISAN M.T.S., PFUNDSTEIN B., HAUBNER R. Characterization of alkyl phenols in cashew (Anacardium occidentale) products and assay of their antioxidant capacity. Food Chemical Toxicology, v. 44, n. 2, p.188-97, 2006. VAN SOEST, P. J. Collaborative study of acid detergent fiber and lignin. Journal of the Association of Official Analytical Chemists, v.56, p.781, 1973. VAN SOEST, P.J.; ROBERTSON, J.B.; LEWIS, B.A. Methods for dietary fiber, neutral detergent fiber, and nonstarch polysaccharides in relation to animal nutrition. Journal of Dairy Science, v.74, p.3583, 1991. VIEIRA, C., FETZER S., SAUER S.K. Pro and antiinflammatory actions of ricinoleic acid similarities and differences with capsaicin. Archive Pharmacology, v. 364, p.87–95, 2001. WEISS, W.P.; CONRAD, H.R.; PIERRE, R.S. A theoretically-base model for predicting total digestible nutrient values of a forages and concentrates. Animal Feef Science, Amsterdan, v.39, p.95-119, 1992. ZAWADZKI, F.; DA SILVA, L.G.; STRACK, M.G.; MOURA,I.C.F; PEROTTO, D.; DO PRADO.I.N. Glicerol e óleos funcionais na dieta de bovinos não castrados precoces Purunã terminados em confinamento sobre o desempenho e ingestão de alimentos. Anais... 47a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia Salvador, BA – UFBA, 27 a 30 de julho de 2010 ZINN, A.; SHEN, Y. An evaluation of ruminal degradable intake protein and metabolizable amino acid requirements of feedlot calves. Journal of Animal Science, v. 76, n. 5, p. 1280- 1289, 1998.