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Michael Clyne
Universidade Federal de Minas Gerais
Pós-Graduação em Estudos Linguísticos
Estudos da Comunicação Intercultural
Profa. Ulrike Schroeder
Aluna: Adriana Mendes Porcellato
Sobre o autor:
Michael George Clyne, (1939-2010) de origem
australiana, foi um acadêmico de renome em muitos
campos da linguística, entre os quais a
sociolinguística,
pragmática,
bilinguismo
e
multilinguismo, aprendizado de L2 e comunicação
intercultural.
Tópicos:
 Introdução geral
 Introdução aos estudos e classificações de discursos escritos

(Kaplan, 1972)
 Os estudos de Clyne: Discurso acadêmico alemão / inglês
 Outros estudos:
a) Inglês/alemão
b) Outras línguas européias
c) Línguas do leste e sudeste asiático
d) Árabe
e) Oriente Médio e Ásia Meridional
 Conclusões
Retórica contrastiva
O que Ângela Levy diz
a respeito da estrutura
discursiva oral das
seguintes línguas:
- Inglês
- Alemão
- Português
Foco no discurso escrito
 Clyne escolhe focar-se no discurso escrito nesse capítulo com

a intenção de esclarecer algumas relações entre discurso e
sistemas de valores culturais.
 Estudos baseados em:

a) Textos expositivos mais do que narrativos
b) Coerência mais do que coesão
c)

Estudos top-to-bottom, pois nesse tipo de estudos as
diferenças entre os discursos ficam mais evidentes do que
em estudos bottom-up (partindo do número de palavras,
variáveis sintáticas ou lexicais)
A origem da análise do discurso
contrastiva
 Kaplan (1972) foi o primeiro a investigar o discurso escrito

entre culturas, dando início à análise do discurso
contrastiva ou retórica contrastiva
 Foco no discurso acadêmico: ensaios escritos por

estudantes estrangeiros nos EUA
 Esse estudo deu origem a uma classificação de 4 tipos de

estruturas discursivas
A classificação de Kaplan
Tipo de estrutura discursiva

Tipo genético de língua

1. Construções paralelas, com a
primeira ideia completada na
segunda parte

Línguas semíticas

2. Circularidade

Línguas orientais

3. Liberdade de divagar e de
introduzir “material estranho”

Línguas românicas

4. Parecido ao anterior, mas com mais
inserções parentéticas, subordinadas Línguas eslavas
e sem conclusão.
Proposta de Clyne para a classificação
de Kaplan
Tipo de estrutura discursiva
1. Construções paralelas, com a
primeira ideia completada na
segunda parte

Culturas(/Discursos?)
Discurso acadêmico árabe (mas não
maltês)

2. Circularidade

Típico dos discursos Indonésio, Indiano,
Chinês, Japonês e Coreano

3. Liberdade de divagar e de
introduzir “material estranho”

Discurso da Europa Central, incluindo o
discurso alemão, italiano, espanhol,
latino-americano e português (?) (mas
não muito o francês)

4. Parecido ao anterior, mas com mais
inserções parentéticas, subordinadas
e sem conclusão.

Discurso do Leste Europeu
Os estudos de Clyne:
Alemão x Inglês
Clyne apresenta diversos estudos e subsequentes
desdobramentos a partir do par alemão/inglês. Iremos ver
os seguintes:
1. Estudo preliminar (escolas de 2º grau)
2. Corpus de discurso acadêmico
a) Resultados gerais
b) Os “hedges” ou “mitigadores”
c) Enquete
d) Outros estudos
1. Estudo Preliminar
 Textos escritos por alunos de ensino médio de escolas

alemãs e australianas
 Notas e correções dos professores
 Manuais de escrita de ensaios em alemão e inglês
Expectativas/Resultados:
Para os textos em inglês

Para os textos em alemão

Formato de ensaio é obrigatório na
maioria das tarefas

Tarefas podem ser em formato de
notas, diagrama, ensaio

O tópico tem que ser definido no
começo do ensaio

Os tópicos, sendo mais gerias, não
precisam ser tratados com tanto
cuidado

Relevância e linearidade são os
critérios mais importantes

Correção e “extensão/importância”
são mais importantes

Repetição não é desejável

Recapitulação é necessária devido à
baixa linearidade do texto
2. Estudo sobre corpus de textos
acadêmicos: alemão x inglês
Corpus constituído por 52 textos seguindo os seguintes
critérios:
N° de textos

Língua dos textos

Língua nativa dos
autores dos textos

26

inglês (australiano)

inglês (australiano)

17

alemão

alemão

9

inglês

alemão

OBS. Os textos foram ulteriormente divididos de acordo com disciplina,
sub-disciplina, tipo de texto, tópico, intenção e gênero do autor
Algumas definições
 Digressão: quando se adicionam ao texto:
- Um componente teórico em estudo empírico;
- Um apanhado histórico;
- Uma dimensão ideológica;

- Mais conteúdo.
 Assimetria

textual: quando algumas seções ou
proposições do texto são muito maiores que outras.
 Advance organizers: expressões que indicam desde o
início a organização do texto
a) Resultados gerais:
Inglês
Maior linearidade
Mais coordenação
Maior simetria
Textos mais previsíveis,
com organização indicada
desde o começo
Definição de palavras-chave no
começo

Alemão
Menor linearidade
Mais subordinação
Maior assimetria

Definição das palavras-chave
ao longo do texto

Exemplos e estatísticas
acompanham o texto, com
notas explicativas

Exemplos e estatísticas em
anexo no final do texto e sem
notas explicativas

Textos menos previsíveis
Em resumo, as propriedades de um
bom texto em inglês:
Simetria textual

Simetria proposicional

Integração de dados
Colocação antecipada dos advance
organizers
0

200

400

600

800 1,000 1,200
b) “Hedgings” ou mitigadores
Hedgings: modais, verbos parentéticos, passivos, construções impessoais,
passivos sem agente
O corpus selecionado e os resultados
N° de textos

Língua dos textos

Língua nativa dos
autores

Média de
hedgings /texto

7

alemão

alemão

24

5

inglês

alemão

28,5

12

inglês

inglês

6,25

Conclusão: Houve uma transferência, por parte dos alemães, de estruturas
discursivas do alemão para o inglês.
c) Sondagem
 Com base nos dados coletados nos estudos anteriores, foram escritos:
- Textos tipicamente alemães
- Textos tipicamente “ingleses”
 Objetivo:

Obter informações sobre os critérios utilizados por australianos e alemães na
avaliação de um texto acadêmico
 Participantes:
Esses textos foram submetidos ao julgamento de:
- 14 linguistas australianos (falantes nativos de inglês)
- 14 linguistas alemães (falantes nativos de alemão)
- 14 sociólogos australianos (falantes nativos de inglês)
 Metodologia
Questionários com perguntas abertas, como:
- Do que você gostou mais/menos no texto?
Resultados
Orientados
para a forma

Linguistas
australianos

Orientados para
o conteúdo

Linguistas
alemães

Muito
lineares

Linguistas
australianos

Sociólogos
Australianos

Pouco
lineares

Sociólogos
Australianos

Linguistas
alemães

Legibilidade:
Australianos: legibilidade ligada à linearidade
Alemães: legibilidade ligada ao uso de palavras mais ou menos abstratas
Estruturas discursivas, línguas e culturas
“All

these differences in discourse structures and discourse
expectations should not be attributed to the languages but
rather to the cultures reproduced by the education system.
It is in the evaluation of discourse that people from a
dominant language or cultural group are most likely to be
intolerant of, or insensitive to, variation. Thus, Germanspeaking scholars who are being forced to publish in
English-medium international journals and to publish their
books in English are being disadvantaged in the refereeing
process and in reviews by the reaction of English-speaking
peers to their “un-English-” discourse patterns” (Clyne,
1996:165)
A influência do grupo
linguístico/cultural dominante
 Clyne cita dois estudos em que há presença de influência do grupo

linguístico dominante (os falantes de inglês) em certas áreas:
1.Estudo de Gnutzmann e Oldenburg (1991)

Nesse estudo foi feita a análise de 40 introduções e 40 conclusões de
artigos publicados em duas revistas de linguística: a americana
Language e a alemã Linguistische Berichte.
Resultados:
 Introduções bastante parecidas
 Conclusões na revista alemã são maiores que aquelas da revista
americana
 Conclusões na revista americana são mais fortes
2. Oldenburg (1992)
Nesse estudo o alvo foram diferentes tipos de resumos em
revistas em língua inglesa e alemã. As áreas acadêmicas
contempladas e os resultados obtidos foram estes:
 Linguística -> Diferenças não só interlinguísticas como

também intralinguísticas.
Economia -> Diferenças substanciais entre as duas línguas,
com mais “summarizing summaries” em inglês
Engenharia mecânica -> fortes semelhanças entre alemão
e inglês
Outras Línguas Européias
Entre outros estudos, Clyne apresenta este:
 Inglês/Australiano/Americano/Finlandês/Holandês/Alemão
Estudo conduzido através da análise de trabalhos de alunos do
ensino médio de escolas australianas, finlandesas, holandesas e
americanas.
+linear
+ restritos a um ponto
- digressões

Textos
Textos
australianos americanos

- linear
- restritos a um ponto
+ digressões

Textos
finlandeses

Textos
holandeses

Textos
alemães
Leste e Sudeste Asiático
Kaplan define o tipo de discurso ligado às línguas
orientais como circular. Essa teoria é ainda em parte
aceita, mas outros estudos foram feitos e não sempre
corroboram essa teoria:

 O caso do Japonês

Hinds (1980, 1983) descreve 3 padrões organizacionais do
discurso inexistentes em inglês:
1. Unidade: desenvolvimento lógico
2. Foco: se prender a um tópico sem divagar
3. Coerência: ligar diferentes pontos do texto, uso de
“transitions”)
+linear
+ orientado na forma
Textos
ingleses

- linear
+ orientado no conteúdo
Textos
Textos alemães
japoneses

 O caso do chinês

Diferentes estudos chegam a diferentes conclusões, pois existe uma
grande variação intralinguística nos ensaios acadêmicos chineses :
 Kirkpatrick aponta para o fato de o discurso ter sofrido diversas
adaptações ao longo do tempo;
 Alguns acadêmicos parecem privilegiar estilos ocidentais;
 Alguns linguistas apontam para uma grande linearidade nos textos
de alunos chineses,
 Outros linguístas definem uma estrutura padrão em textos de crítica
literária: introdução, transição, turn, síntese e conclusão.
 Outros linguistas ainda apontam para características típicas

dos textos chineses em relação aos correspondentes
ocidentais:
a) Discurso mais curto
b) Maior ocorrência de procedimentos não-convencionais
c) Falta da revisão bibliográfica
d) Textos menos dialógicos
 Yong Liang (1991) oferece um estudo comparativo mais claro

de resenhas em chinês e alemão, chegando às seguintes
conclusões:
a) Avaliações negativas: frequentes nas resenhas alemãs,
ausentes nas resenhas chinesas
b) Inserção de elogios no começo dos textos chineses
Identifying tendencies is useful, enforcing
rigid dichotomies is not. (Sanderson, 2008:
282)
Nos estudos apresentados por Clyne sobre a estrutura discursiva do chinês há
uma falta de consenso também devido aos diferentes gêneros comunicativos
mencionados.

Podemos, portanto, notar que a equação “1 estrutura discursiva = 1 cultura” tem
suas limitações, como o próprio Kaplan reconheceu mais tarde (apud Zhu, 2005).
Mesmo percebendo que o discurso chinês tende a ser indireto ou circular, devido
talvez ao fato de os chineses possuirem uma visão de self muito diferente dos
ocidentais, não é possível aplicar essa teoria a todos os contextos. Baste pensar ao
contexto do comércio, onde os chineses costumam ser mais diretos e persuasivos
que muitos ocidentais (Zhu, 2005)
Árabe
+linear
+ orientado na forma
Textos
árabes

- linear
+ orientado no conteúdo
Textos angloamericanos

Textos
alemães

 A cultura árabe parece levar em consideração a forma do texto até mais do

que a cultura anglo-americana
 Ao tentar explicar essa preferência pela forma sobre o conteúdo, os
linguistas divergem:
a) Ostler acredita que a atenção pela forma se deva ao tipo de
subordinação em árabe (bottom-up)
b) Kaplan defende que essa preferência venha da influência do Alcorão
c) Sa’adeddin atribui essa preferência à forma em que se desenvolve o
discurso (oral ou visual)
Ásia meridional e Oriente
Médio
Estudo:
 Gênero comunicativo: carta pedindo informação para
entrar na Universidade.
 Número de cartas selecionado: 20
 Sujeitos: provenientes de 2 regiões: Ásia Meridional ou
Oriente Médio
 Problemas encontrados:
a) Estrutura discursiva
b) Estratégias para fazer um pedido
 Exemplos:
 Expressões de deferência inapropriadas no inglês australiano:









Respected Sir, Your Honour
Referências ao background financeiro, acadêmico e social do autor
My family background too is excellent
Apelos desesperados
My life is now in danger, but to give up my studies I loose my future...so I’m
turning to you in my plight (Lebanese)
Falta de adequação ao registro
Dear Sir,
I hope you are well and enjoying your self.
Falha na produção de alguns “atos de fala”
Good Morning or after Good Night.
Transferência de estruturas típicas da L1
I hope to complete my university studies.VI begged to accepte my
application to your university [cultura árabe]
Falhas de adequação cultural
The Name of Allah The benefecent, The Mirciful
Conclusões de Clyne
Paralelo entre discursos escritos e falados:
 Em ambos o que é importante no sistema de valores
culturais do grupo e do indivíduo influencia a forma como
o grupo e o indivíduo interagem (na L1 ou na L2)
 O impacto do sistema de valores culturais nos padrões
discursivos transcende as culturas individuais
 Padrões discursivos coincidem com as expectativas que
são transmitidas através do sistema educacional
 É difícil para as pessoas aplicar a relatividade cultural à
variação no discurso sem preconceitos
Observações sobre o texto
 Culturas x Discursos

Não ficou muito clara a separação entre os dois conceitos.
 Culturas x Línguas

Apesar de criticar a correspondência que Kaplan traçou entre estruturas
discursivas e famílias linguísticas, às vezes o próprio Clyne parece fazer
essa correspondência.
Ex: Inglês e suas diversas culturas.
 Cultura = sistema escolar

Ainda identificando a cultura com o sistema escolar, nem sempre essa
identificação fica clara.
Ex. O sistema escolar inglês seria igual ao australiano ou americano?
 A questão do inglês como língua dominante

O autor parece não levar em conta que o inglês, hoje falado por mais
falantes não-nativos do que nativos, também está sofrendo modificações.
Bibliografia
 CLYNE, Michael. “Written discourse across cultures”.

In: CLYNE, Michael. Intercultural communication at
work. Cambridge: CUP, 1996, 160-175
 LEVY, Ângela; SOARES, Jô. Programa do Jô. Globo, Rio
de Janeiro, 14 de abril de 2011. Acesso em 22 de abril
2011.
 SANDERSON, Tamsin. Corpus, culture, discourse.
Tübingen: GNV, 2008.
 ZHU, Yunxia. Written Communication across Cultures.
Philadelphia: John Benjamins, 2005.
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Estudos da comunicação intercultural e discursos acadêmicos contrastivos

  • 1. Michael Clyne Universidade Federal de Minas Gerais Pós-Graduação em Estudos Linguísticos Estudos da Comunicação Intercultural Profa. Ulrike Schroeder Aluna: Adriana Mendes Porcellato
  • 2. Sobre o autor: Michael George Clyne, (1939-2010) de origem australiana, foi um acadêmico de renome em muitos campos da linguística, entre os quais a sociolinguística, pragmática, bilinguismo e multilinguismo, aprendizado de L2 e comunicação intercultural.
  • 3. Tópicos:  Introdução geral  Introdução aos estudos e classificações de discursos escritos (Kaplan, 1972)  Os estudos de Clyne: Discurso acadêmico alemão / inglês  Outros estudos: a) Inglês/alemão b) Outras línguas européias c) Línguas do leste e sudeste asiático d) Árabe e) Oriente Médio e Ásia Meridional  Conclusões
  • 4. Retórica contrastiva O que Ângela Levy diz a respeito da estrutura discursiva oral das seguintes línguas: - Inglês - Alemão - Português
  • 5. Foco no discurso escrito  Clyne escolhe focar-se no discurso escrito nesse capítulo com a intenção de esclarecer algumas relações entre discurso e sistemas de valores culturais.  Estudos baseados em: a) Textos expositivos mais do que narrativos b) Coerência mais do que coesão c) Estudos top-to-bottom, pois nesse tipo de estudos as diferenças entre os discursos ficam mais evidentes do que em estudos bottom-up (partindo do número de palavras, variáveis sintáticas ou lexicais)
  • 6. A origem da análise do discurso contrastiva  Kaplan (1972) foi o primeiro a investigar o discurso escrito entre culturas, dando início à análise do discurso contrastiva ou retórica contrastiva  Foco no discurso acadêmico: ensaios escritos por estudantes estrangeiros nos EUA  Esse estudo deu origem a uma classificação de 4 tipos de estruturas discursivas
  • 7. A classificação de Kaplan Tipo de estrutura discursiva Tipo genético de língua 1. Construções paralelas, com a primeira ideia completada na segunda parte Línguas semíticas 2. Circularidade Línguas orientais 3. Liberdade de divagar e de introduzir “material estranho” Línguas românicas 4. Parecido ao anterior, mas com mais inserções parentéticas, subordinadas Línguas eslavas e sem conclusão.
  • 8. Proposta de Clyne para a classificação de Kaplan Tipo de estrutura discursiva 1. Construções paralelas, com a primeira ideia completada na segunda parte Culturas(/Discursos?) Discurso acadêmico árabe (mas não maltês) 2. Circularidade Típico dos discursos Indonésio, Indiano, Chinês, Japonês e Coreano 3. Liberdade de divagar e de introduzir “material estranho” Discurso da Europa Central, incluindo o discurso alemão, italiano, espanhol, latino-americano e português (?) (mas não muito o francês) 4. Parecido ao anterior, mas com mais inserções parentéticas, subordinadas e sem conclusão. Discurso do Leste Europeu
  • 9. Os estudos de Clyne: Alemão x Inglês Clyne apresenta diversos estudos e subsequentes desdobramentos a partir do par alemão/inglês. Iremos ver os seguintes: 1. Estudo preliminar (escolas de 2º grau) 2. Corpus de discurso acadêmico a) Resultados gerais b) Os “hedges” ou “mitigadores” c) Enquete d) Outros estudos
  • 10. 1. Estudo Preliminar  Textos escritos por alunos de ensino médio de escolas alemãs e australianas  Notas e correções dos professores  Manuais de escrita de ensaios em alemão e inglês
  • 11. Expectativas/Resultados: Para os textos em inglês Para os textos em alemão Formato de ensaio é obrigatório na maioria das tarefas Tarefas podem ser em formato de notas, diagrama, ensaio O tópico tem que ser definido no começo do ensaio Os tópicos, sendo mais gerias, não precisam ser tratados com tanto cuidado Relevância e linearidade são os critérios mais importantes Correção e “extensão/importância” são mais importantes Repetição não é desejável Recapitulação é necessária devido à baixa linearidade do texto
  • 12. 2. Estudo sobre corpus de textos acadêmicos: alemão x inglês Corpus constituído por 52 textos seguindo os seguintes critérios: N° de textos Língua dos textos Língua nativa dos autores dos textos 26 inglês (australiano) inglês (australiano) 17 alemão alemão 9 inglês alemão OBS. Os textos foram ulteriormente divididos de acordo com disciplina, sub-disciplina, tipo de texto, tópico, intenção e gênero do autor
  • 13. Algumas definições  Digressão: quando se adicionam ao texto: - Um componente teórico em estudo empírico; - Um apanhado histórico; - Uma dimensão ideológica; - Mais conteúdo.  Assimetria textual: quando algumas seções ou proposições do texto são muito maiores que outras.  Advance organizers: expressões que indicam desde o início a organização do texto
  • 14. a) Resultados gerais: Inglês Maior linearidade Mais coordenação Maior simetria Textos mais previsíveis, com organização indicada desde o começo Definição de palavras-chave no começo Alemão Menor linearidade Mais subordinação Maior assimetria Definição das palavras-chave ao longo do texto Exemplos e estatísticas acompanham o texto, com notas explicativas Exemplos e estatísticas em anexo no final do texto e sem notas explicativas Textos menos previsíveis
  • 15. Em resumo, as propriedades de um bom texto em inglês: Simetria textual Simetria proposicional Integração de dados Colocação antecipada dos advance organizers 0 200 400 600 800 1,000 1,200
  • 16. b) “Hedgings” ou mitigadores Hedgings: modais, verbos parentéticos, passivos, construções impessoais, passivos sem agente O corpus selecionado e os resultados N° de textos Língua dos textos Língua nativa dos autores Média de hedgings /texto 7 alemão alemão 24 5 inglês alemão 28,5 12 inglês inglês 6,25 Conclusão: Houve uma transferência, por parte dos alemães, de estruturas discursivas do alemão para o inglês.
  • 17. c) Sondagem  Com base nos dados coletados nos estudos anteriores, foram escritos: - Textos tipicamente alemães - Textos tipicamente “ingleses”  Objetivo: Obter informações sobre os critérios utilizados por australianos e alemães na avaliação de um texto acadêmico  Participantes: Esses textos foram submetidos ao julgamento de: - 14 linguistas australianos (falantes nativos de inglês) - 14 linguistas alemães (falantes nativos de alemão) - 14 sociólogos australianos (falantes nativos de inglês)  Metodologia Questionários com perguntas abertas, como: - Do que você gostou mais/menos no texto?
  • 18. Resultados Orientados para a forma Linguistas australianos Orientados para o conteúdo Linguistas alemães Muito lineares Linguistas australianos Sociólogos Australianos Pouco lineares Sociólogos Australianos Linguistas alemães Legibilidade: Australianos: legibilidade ligada à linearidade Alemães: legibilidade ligada ao uso de palavras mais ou menos abstratas
  • 19. Estruturas discursivas, línguas e culturas “All these differences in discourse structures and discourse expectations should not be attributed to the languages but rather to the cultures reproduced by the education system. It is in the evaluation of discourse that people from a dominant language or cultural group are most likely to be intolerant of, or insensitive to, variation. Thus, Germanspeaking scholars who are being forced to publish in English-medium international journals and to publish their books in English are being disadvantaged in the refereeing process and in reviews by the reaction of English-speaking peers to their “un-English-” discourse patterns” (Clyne, 1996:165)
  • 20. A influência do grupo linguístico/cultural dominante  Clyne cita dois estudos em que há presença de influência do grupo linguístico dominante (os falantes de inglês) em certas áreas: 1.Estudo de Gnutzmann e Oldenburg (1991) Nesse estudo foi feita a análise de 40 introduções e 40 conclusões de artigos publicados em duas revistas de linguística: a americana Language e a alemã Linguistische Berichte. Resultados:  Introduções bastante parecidas  Conclusões na revista alemã são maiores que aquelas da revista americana  Conclusões na revista americana são mais fortes
  • 21. 2. Oldenburg (1992) Nesse estudo o alvo foram diferentes tipos de resumos em revistas em língua inglesa e alemã. As áreas acadêmicas contempladas e os resultados obtidos foram estes:  Linguística -> Diferenças não só interlinguísticas como também intralinguísticas. Economia -> Diferenças substanciais entre as duas línguas, com mais “summarizing summaries” em inglês Engenharia mecânica -> fortes semelhanças entre alemão e inglês
  • 22. Outras Línguas Européias Entre outros estudos, Clyne apresenta este:  Inglês/Australiano/Americano/Finlandês/Holandês/Alemão Estudo conduzido através da análise de trabalhos de alunos do ensino médio de escolas australianas, finlandesas, holandesas e americanas. +linear + restritos a um ponto - digressões Textos Textos australianos americanos - linear - restritos a um ponto + digressões Textos finlandeses Textos holandeses Textos alemães
  • 23. Leste e Sudeste Asiático Kaplan define o tipo de discurso ligado às línguas orientais como circular. Essa teoria é ainda em parte aceita, mas outros estudos foram feitos e não sempre corroboram essa teoria:  O caso do Japonês Hinds (1980, 1983) descreve 3 padrões organizacionais do discurso inexistentes em inglês: 1. Unidade: desenvolvimento lógico 2. Foco: se prender a um tópico sem divagar 3. Coerência: ligar diferentes pontos do texto, uso de “transitions”)
  • 24. +linear + orientado na forma Textos ingleses - linear + orientado no conteúdo Textos Textos alemães japoneses  O caso do chinês Diferentes estudos chegam a diferentes conclusões, pois existe uma grande variação intralinguística nos ensaios acadêmicos chineses :  Kirkpatrick aponta para o fato de o discurso ter sofrido diversas adaptações ao longo do tempo;  Alguns acadêmicos parecem privilegiar estilos ocidentais;  Alguns linguistas apontam para uma grande linearidade nos textos de alunos chineses,  Outros linguístas definem uma estrutura padrão em textos de crítica literária: introdução, transição, turn, síntese e conclusão.
  • 25.  Outros linguistas ainda apontam para características típicas dos textos chineses em relação aos correspondentes ocidentais: a) Discurso mais curto b) Maior ocorrência de procedimentos não-convencionais c) Falta da revisão bibliográfica d) Textos menos dialógicos  Yong Liang (1991) oferece um estudo comparativo mais claro de resenhas em chinês e alemão, chegando às seguintes conclusões: a) Avaliações negativas: frequentes nas resenhas alemãs, ausentes nas resenhas chinesas b) Inserção de elogios no começo dos textos chineses
  • 26. Identifying tendencies is useful, enforcing rigid dichotomies is not. (Sanderson, 2008: 282) Nos estudos apresentados por Clyne sobre a estrutura discursiva do chinês há uma falta de consenso também devido aos diferentes gêneros comunicativos mencionados. Podemos, portanto, notar que a equação “1 estrutura discursiva = 1 cultura” tem suas limitações, como o próprio Kaplan reconheceu mais tarde (apud Zhu, 2005). Mesmo percebendo que o discurso chinês tende a ser indireto ou circular, devido talvez ao fato de os chineses possuirem uma visão de self muito diferente dos ocidentais, não é possível aplicar essa teoria a todos os contextos. Baste pensar ao contexto do comércio, onde os chineses costumam ser mais diretos e persuasivos que muitos ocidentais (Zhu, 2005)
  • 27. Árabe +linear + orientado na forma Textos árabes - linear + orientado no conteúdo Textos angloamericanos Textos alemães  A cultura árabe parece levar em consideração a forma do texto até mais do que a cultura anglo-americana  Ao tentar explicar essa preferência pela forma sobre o conteúdo, os linguistas divergem: a) Ostler acredita que a atenção pela forma se deva ao tipo de subordinação em árabe (bottom-up) b) Kaplan defende que essa preferência venha da influência do Alcorão c) Sa’adeddin atribui essa preferência à forma em que se desenvolve o discurso (oral ou visual)
  • 28. Ásia meridional e Oriente Médio Estudo:  Gênero comunicativo: carta pedindo informação para entrar na Universidade.  Número de cartas selecionado: 20  Sujeitos: provenientes de 2 regiões: Ásia Meridional ou Oriente Médio  Problemas encontrados: a) Estrutura discursiva b) Estratégias para fazer um pedido
  • 29.  Exemplos:  Expressões de deferência inapropriadas no inglês australiano:       Respected Sir, Your Honour Referências ao background financeiro, acadêmico e social do autor My family background too is excellent Apelos desesperados My life is now in danger, but to give up my studies I loose my future...so I’m turning to you in my plight (Lebanese) Falta de adequação ao registro Dear Sir, I hope you are well and enjoying your self. Falha na produção de alguns “atos de fala” Good Morning or after Good Night. Transferência de estruturas típicas da L1 I hope to complete my university studies.VI begged to accepte my application to your university [cultura árabe] Falhas de adequação cultural The Name of Allah The benefecent, The Mirciful
  • 30. Conclusões de Clyne Paralelo entre discursos escritos e falados:  Em ambos o que é importante no sistema de valores culturais do grupo e do indivíduo influencia a forma como o grupo e o indivíduo interagem (na L1 ou na L2)  O impacto do sistema de valores culturais nos padrões discursivos transcende as culturas individuais  Padrões discursivos coincidem com as expectativas que são transmitidas através do sistema educacional  É difícil para as pessoas aplicar a relatividade cultural à variação no discurso sem preconceitos
  • 31. Observações sobre o texto  Culturas x Discursos Não ficou muito clara a separação entre os dois conceitos.  Culturas x Línguas Apesar de criticar a correspondência que Kaplan traçou entre estruturas discursivas e famílias linguísticas, às vezes o próprio Clyne parece fazer essa correspondência. Ex: Inglês e suas diversas culturas.  Cultura = sistema escolar Ainda identificando a cultura com o sistema escolar, nem sempre essa identificação fica clara. Ex. O sistema escolar inglês seria igual ao australiano ou americano?  A questão do inglês como língua dominante O autor parece não levar em conta que o inglês, hoje falado por mais falantes não-nativos do que nativos, também está sofrendo modificações.
  • 32. Bibliografia  CLYNE, Michael. “Written discourse across cultures”. In: CLYNE, Michael. Intercultural communication at work. Cambridge: CUP, 1996, 160-175  LEVY, Ângela; SOARES, Jô. Programa do Jô. Globo, Rio de Janeiro, 14 de abril de 2011. Acesso em 22 de abril 2011.  SANDERSON, Tamsin. Corpus, culture, discourse. Tübingen: GNV, 2008.  ZHU, Yunxia. Written Communication across Cultures. Philadelphia: John Benjamins, 2005.