SlideShare a Scribd company logo
1 of 90
Download to read offline
1

        UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
             EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO




O MÉTODO DE ANÁLISE HIERÁRQUICA APLICADO À SELEÇÃO DE
    FORNECEDORES EM UMA INDÚSTRIA DE AUTOPEÇAS




                                     Adriana dos Santos de Toledo




                     SÃO CARLOS
                        2011
2

        UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
             EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO




O MÉTODO DE ANÁLISE HIERÁRQUICA APLICADO À SELEÇÃO DE
    FORNECEDORES EM UMA INDÚSTRIA DE AUTOPEÇAS




                                            Adriana dos Santos de Toledo




                         Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação
                         Lato Sensu em Gestão da Produção do Departamento de
                         Engenharia de Produção da Universidade Federal de
                         São Carlos-SP, para obtenção do título de Especialista
                         em Gestão da Produção.




                     SÃO CARLOS
                        2011
3




                  Orientador
Prof.Me.Fabio Molina da Silva
4




  Homens superficiais acreditam na sorte,
homens fortes acreditam em causa e efeito.
                             Ralph Emerson
5

                                AGRADECIMENTOS


Agradeço, em primeiro lugar, a Deus, que me iluminou durante esta caminhada e por todas
as coisas maravilhas que tem feito em minha vida;
À minha mãe, Isaura de Toledo, meu porto de abrigo e meu apoio, a quem devo tudo o que
eu sou;
A minha avó Maria Rita e meu avô Vicente (in memorian);
Ao meu orientador, professor Fábio Molina da Silva, pelas cobranças, exigências,
dinamismo, confiança e por acreditar em meu potencial;
A todos meus amigos que me apoiaram e fizeram o possível para me ajudar;
Ao Edson Sanches pela indispensável ajuda na formatação deste material.
6

                                        RESUMO


A adequada gestão da cadeia de suprimento tem significado paras as empresas uma nova
fronteira a fim de se obter vantagens competitivas de forma efetiva. Através da gestão da
cadeia de suprimentos, as empresas devem definir suas estratégias competitivas por meio
de posicionamento dentro das cadeias produtivas as quais pertencem, tanto como
fornecedoras quanto como clientes. Além disso, quando a empresa visualiza-se como elo
importante dessa cadeia, essa visão introduz uma importante mudança no seu
desenvolvimento frente aos concorrentes. O objetivo básico da gestão da cadeia de
suprimento é tornar realidade as possíveis sinergias entre as partes da cadeia produtiva, de
forma a melhor atender o consumidor final. Nesse sentido, a gestão da cadeia de
suprimento engloba a gestão de elementos, como matérias-primas, manufatura, montagem e
distribuição ao consumidor final. Diante do exposto, o foco deste trabalho foi analisar a
importância da integração das empresas com seus fornecedores e apresentar rapidamente
vários métodos comuns aplicados à seleção dos mesmos. A pesquisa apoiou-se em estudo
de caso numa indústria de autopeças em processo de internacionalização que, diante do
novo cenário, apresenta dificuldades para definir o perfil do fornecedor mais adequado a
atender suas necessidades atuais. Dessa forma, este trabalho visou analisar o problema
apresentado pela empresa e a aplicação do Método de Análise Hierárquica (AHP)
demonstrando que, por meio desse método, empresas podem estruturar a tomada de decisão
em relação à definição da fonte de suprimento, considerando critérios estabelecidos não
apenas pela área de compras, mas por todos os envolvidos no processo de seleção de
fornecedores.

Palavras-Chave: Gestão da Cadeia de Suprimento, Seleção de fornecedor, Métodos para
Seleção de Fornecedores, Método de Análise Hierárquica (MAH).
7

                                        ABSTRACT


The appropriate supply chain management has been meaning to the companies a new
frontier for them to obtain competitive advantages in an effective way. Through the supply
chain management the companies should define their competitive strategies aligning
themselves as supplier and customer in the productive chain that they belong to. Moreover,
when the companies notice themselves as an important link of this chain, this new point of
view, introduce an important change on the development of the company head their
competitors. The basic goal of the supply chain management is to become true the possible
synergies between the parts of the productive chain in a way to better attend the final
customer. Toward this, the supply chain management includes elements like: raw-material,
manufacture, assembly and distribution to the final customer. In view of current discussions
on the subject, this research work aims to analyze the importance of the integration between
the companies and their suppliers and briefly introduce the several most common methods
that are applied on supplier selection. The research model is based on case study on an
industry of auto parts that is passing through a process of internationalisation and, in this
new scenario, has been facing difficulties to define which supplier would be the suitable
one to meet its requirements. In this way, the main goal of this work is to analyze the
problem presented by the company and apply the Analytic Hierarchy Process (AHP)
demonstrating how, through this method, the companies can structure the decision making
about the supply source, taking into consideration the criterias established, not only by the
purchase department, but also by all the involved on the process of supplier selection.


Keywords: Supply Chain Management, Supplier Selection, Methods for Supplier
Selection, Analytic Hierarchy Process (AHP).
8

                                          LISTA DE FIGURAS


Figura 1    Modelo geral da cadeia de suprimentos ..................................................... 15
Figura 2    Esquema de desenvolvimento do trabalho ................................................                           20
Figura 3    Processo de evolução logística ..................................................................                 22
Figura 4    Primeira fase da logística – Atuação Segmentada ..................................... 24
Figura 5    Segunda fase da logística – Integração Rígida ..........................................                          26
Figura 6    Terceira fase da logística – Integração Flexível ........................................                         27
Figura 7    Quarta fase da logística – Integração Estratégica (SCM) ..........................                                29
Figura 8    A Vantagem Competitiva e os “3 Cs” .......................................................                        32
Figura 9    Níveis da cadeia de suprimentos ................................................................ 34
Figura 10   Principais categorias de componentes do custo total de propriedade/TCO 41
Figura 11   Matriz de análise de valor dos itens comprados ........................................                           43
Figura 12   Algumas vantagens e desvantagens de fornecedores únicos e múltiplos ..                                            46
Figura 13   Estrutura do método AHP .......................................................................... 71
Figura 14   Estrutura da decisão hierárquica em três níveis ......................................... 78
Figura 15   Estrutura de preferências para os vários graus hierárquicos e a respectiva
            solução .......................................................................................................   84
9



                                            LISTA DE TABELAS


Tabela 1      Percepção da importância dos atributos dos fornecedores ...........................                            56
Tabela 2      Projeto do experimento fatorial fracionário .................................................. 57
Tabela 3      Exemplo de avaliação de cenário para seleção de fornecedores ................... 57
Tabela 4      Atributos relevantes para seleção de fornecedores .......................................                      59
Tabela 5      Atributos relevantes para seleção de fornecedores .......................................                      61
Tabela 6      Informações complementares com relação aos critérios de seleção de
              fornecedores .................................................................................................. 77
Tabela 7      Escala fundamental de comparações binárias elaborada por Saaty ..............                                  79
Tabela 8      Preferência por Qualidade ............................................................................         79
Tabela 9      Preferência por Custo ...................................................................................      79
Tabela 10     Preferência por Capacidade Técnica do Fornecedor ....................................                          79
Tabela 11     Preferência por Segurança no Gerenciamento de Problemas .......................                                79
Tabela 12     Cálculos para Normalização do Critério Qualidade .....................................                         80
Tabela 13     Cálculos para Normalização do Critério Custo ............................................                      80
Tabela 14     Cálculos para Normalização da Capacidade Técnica do Fornecedor ...........                                     80
Tabela 15     Cálculos para Normalização da Segurança no Gerenciamento de
              Problemas ...................................................................................................... 80
Tabela 16     Cálculo da Média do Critério Qualidade ......................................................                  81
Tabela 17     Cálculo da Média do Critério Custo .............................................................               81
Tabela 18     Cálculo da Média do Critério Capacidade Técnica do Fornecedor ..............                                   81
Tabela 19     Cálculo da Média do Critério Segurança no Gerenciamento de Problemas                                           81
Tabela 20     Matriz de Preferências ..................................................................................      82
Tabela 21     Comparação entre Critérios ..........................................................................          82
Tabela 22     Cálculo para Normalização dos Critérios .....................................................                  82
Tabela 22.1   Cálculo para Normalização dos Critérios .....................................................                  83
Tabela 22.2   Cálculo da Média dos Critérios ....................................................................            83
Tabela 23     Cálculo do Resultado Final ........................................................................... 83
Tabela 24     Matriz inicial da Comparação entre Critérios ..............................................                    84
10

Tabela 24.1   Matriz Inicial Normalizada e Respectiva Média dos Critérios ..................... 85
Tabela 24.2   Totalização das Entradas ..............................................................................   85
Tabela 25     Vetor para Determinar λ Máximo ................................................................           85
Tabela 26     Tabela do Índice Aleatório ...........................................................................    86
11

                                             LISTA DE QUADROS


Quadro 1    Quadro evolutivo da logística ...................................................................... 23
Quadro 2    Panorama dos modelos de seleção de fornecedores ....................................                            49
Quadro 3    Vantagens e inconvenientes dos diferentes métodos de seleção de
            fornecedores ................................................................................................   52
Quadro 4    Método de seleção de fornecedores segundo o tipo de aquisição ...............                                   53
Quadro 5    Critérios de seleção de fornecedores ...........................................................                54
Quadro 6    Critérios de seleção de fornecedores ..........................................................                 55
Quadro 7    Alguns meios comumente usados para mensurar o desempenho de
            compras ........................................................................................................ 67
Quadro 8    Critérios gerais considerados no processo de seleção de fornecedores ....... 74
Quadro 9    Pontuação dos critérios gerais considerados no processo de seleção de
            fornecedores ................................................................................................. 75
Quadro 10   Posicionamento dos quatro considerados como mais importante no
            processo de seleção de fornecedores por parte dos pesquisados .................                                 75
12

                                                            SUMÁRIO


RESUMO............................................................................................................................... 6
ABSTRACT .......................................................................................................................... 7
LISTA DE FIGURAS........................................................................................................... 8
LISTA DE TABELAS.......................................................................................................... 9
LISTA DE QUADROS....................................................................................................... 11
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 14
1.1 Objetivo .......................................................................................................................... 17
1.2 Justificativa..................................................................................................................... 18
1.3 Etapas do desenvolvimento do trabalho ......................................................................... 19
2 CADEIA DE SUPRIMENTOS ...................................................................................... 20
2.1 Introdução....................................................................................................................... 20
2.2 Evolução Logística da cadeia de suprimento ................................................................. 22
2.2.1 Atuação segmentada .................................................................................................... 23
2.2.2 Integração Rígida......................................................................................................... 25
2.2.3 Integração Flexível ...................................................................................................... 26
2.2.4 Integração Estratégica (SCM) ..................................................................................... 28
2.3 O PAPEL DA LOGÍSTICA NA CADEIA DE SUPRIMENTO .............................. 30
2.4 A CADEIA DE SUPRIMENTO E SEU GERENCIAMENTO................................ 33
2.5 COMPRAS .................................................................................................................... 37
2.6 DESENVOLVIMENTO DE FORNECEDORES...................................................... 41
2.6.1 Métodos para seleção de Fornecedores ....................................................................... 47
2.6.2 Critérios para desenvolvimento de Fornecedores........................................................ 53
2.6.3 Indicadores de Desempenho do Departamento de Compras ....................................... 62
2.7 O MÉTODO AHP ........................................................................................................ 67
2.7.1 Estrutura do método AHP ........................................................................................... 70
2.7.2 Descrição das etapas do método AHP......................................................................... 72
3. ESTUDO DE CASO ...................................................................................................... 73
3.1 Levantamento dos critérios............................................................................................. 74
3.2 Aplicação do Método de Análise Hierárquica (AHP) .................................................... 76
13

3.2.1 Definir o Problema e os Respectivos Critérios............................................................ 77
3.2.2 Construção da Estrutura de Decisão Hierárquica ........................................................ 77
3.2.3 Construção das matrizes de preferência para cada critério.......................................... 78
3.2.4 Normalizar as matrizes ................................................................................................ 80
3.2.5 Obter a média de cada critério..................................................................................... 81
3.2.6 Construir a matriz de prioridade.................................................................................. 81
3.2.7 Construir a matriz de comparação dos critérios .......................................................... 82
3.2.8 Obter o resultado final ................................................................................................. 83
3.2.9.1 Determinar a totalização das entradas ...................................................................... 85
3.2.9.2 Determinar o λ máximo............................................................................................ 85
3.2.9.3 Calcular o Índice de Coerência - IC ......................................................................... 86
3.2.9.4 Comparar o Índice de Coerência - IC com o Índice Aleatório - IA ......................... 86
4 CONCLUSÃO................................................................................................................. 87
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 88
14

1 INTRODUÇÃO


       Na década de 90 o tempo médio de processamento e entrega de mercadorias do
estoque de um armazém para o cliente final girava em torno de 15 a 30 dias e, às vezes, até
mais (BOWERSOX, CLOSS & COOPER, 2006). Isso ocorria pelo fato das atividades
serem todas manuais e não integradas. O processo típico de um pedido envolvia atividades
como: solicitação e transferência do pedido, o que normalmente acontecia via telefone, fax,
EDI (intercâmbio eletrônico de dados) ou correio público. O pedido era encaminhando para
aprovação de crédito. Aprovado, era registrado no armazém para fins de seleção e, somente
então, o produto era embarcado para o cliente.
       Porém, nessa época, as chances de algo dar errado durante o processo eram muitas.
Os problemas mais frequentes eram falta de estoque, ordem de serviço perdida ou fora de
lugar, entrega mal direcionada, entre outras. Todos esses fatores de falhas elevavam
rapidamente o tempo total de entrega do pedido ao cliente final (BOWERSOX, CLOSS &
COOPER, 2006). Para contornar esses problemas, era comum que os varejistas, atacadistas
e fabricantes mantivessem um numeroso estoque de produtos idênticos. Ainda segundo os
autores, tais práticas de negócios reconhecidas no século XX, bem como a estrutura de
canal de distribuição usada para levar a termo a entrega, desenvolveram-se em função de
anos de experiências datadas desde a Revolução Industrial. Essas práticas assim
permaneceram sem serem desafiadas, por falta de uma opção superior.
       Porém, ainda na década de 90, o mundo vivenciou um impacto profundo com o
advento dos avanços da informática, da internet e de uma série de possibilidades acessíveis
de transmissão de informação.
       A internet, operando em velocidade de rede, transformou-se em um meio
econômico para conduzir transações e deslanchou o potencial da distribuição eletrônica (e-
distribution) direta ao consumidor e entre empresas (B2B – Business to Business). A partir
daí, uma economia globalizada surgiu rapidamente.
       Na era do comercio eletrônico, a realidade da conectividade B2B (Business to
Business) tornou possível uma nova ordem de relacionamento de negócios chamada
“gestão da cadeia de suprimentos” (BOWERSOX, CLOSS & COOPER, 2006).
15

       Chopra e Meindl (2003) afirmam que a gestão da cadeia de suprimento engloba
todos os estágios envolvidos, direta ou indiretamente, no atendimento ao pedido de um
cliente. Dessa forma, a cadeia de suprimento não inclui apenas fabricantes e fornecedores,
mas transportadoras, depósitos, varejistas e os próprios clientes.
        Bowersox, Closs e Cooper (2006) vão além dessa definição. De acordo com os
autores, a gestão da cadeia de suprimento implica uma gestão de relacionamento
multiempresas, inserida numa estrutura caracterizada por limitações de capacidade, de
informações, competências essenciais, capital e restrição de recursos humanos. Portanto, a
estrutura e a estratégia da cadeia de suprimentos resultam de esforços para conectar
operacionalmente uma empresa aos clientes, assim como as redes de apoio à distribuição e
aos fornecedores a fim de ganhar vantagens competitivas. Figura 1 – Modelo Geral da
cadeia de suprimentos.




Figura 1 - Modelo Geral da cadeia de suprimentos
Fonte: Bowersox, Closs e Cooper, 2006.


       A figura 1 mostra os elementos que compõem a cadeia de suprimentos. Dentre eles,
no que concerne à empresa integrada, há três elementos: compras, distribuição ao mercado
e produção.
16

       A inclusão de compras como elemento significativo a ser considerado surgiu
justamente a partir do conceito de gestão da cadeia de suprimentos. Antes disso, a atividade
de compras era considerada uma atividade gerencial burocrática ou de baixo nível, cuja
responsabilidade era apenas a de executar e processar pedidos iniciados em algum outro
lugar da organização. O papel da compra era obter o recurso desejado pelo preço de
aquisição mais baixo possível de um fornecedor.
       Mas, o foco moderno na gestão da cadeia de suprimentos, com ênfase no
relacionamento entre comprador e vendedor, elevou a compra para uma atividade de nível
superior e estratégico. Segundo Bowersox, Closs e Cooper (2006), a crescente importância
de compras pode ser traçada por muitos fatores, sendo o mais básico o reconhecimento do
volume substancial de dólares despendidos em compras numa organização comum e suas
economias potenciais pela abordagem estratégica na gestão da atividade.
       Dentre as atividades da área de compras, a mais relevante é o desenvolvimento do
fornecedor correto, pois, atrelada a essa escolha, o comprador terá resolvido grande parte de
suas considerações, como preço, prazo de entrega e qualidade corretos (de acordo com as
especificações do comprador).
       Heinritz e Farrel (1979) consideram quatro os estágios para seleção do fornecedor:
1) levantamento de todas as fontes possíveis; 2) averiguação das qualificações e vantagens
relativas de fontes potenciais; 3) negociações e seleção que leva à emissão de um pedido de
lote inicial; e 4) pela experiência obtida por meio do lote inicial, o comprador estabelece
uma relação continuada com o fornecedor ou revisa as medidas iniciais tomadas na busca
da fonte ideal.
       As empresas estão inseridas em um ambiente globalizado e extremamente
competitivo, onde todos os critérios devem ser analisados pelo comprador ao optar por uma
determinada       fonte.   Perassa   e   Almeida   (2000)   citam   disponibilidades,   prazos,
confiabilidade, transporte, inventários, políticas governamentais, tributos, know-how,
barreiras do comprador e obviamente o comprometimento do fornecedor para com a
empresa compradora como elementos importantes da cadeia de suprimentos, que analisados
em conjunto, levam a empresa compradora a tomar a melhor decisão quanto à fonte de
fornecimento ideal.
17

       A área de compras de uma empresa é responsável por desenvolver fornecedores que
possam melhor atender suas necessidades. Segundo Pozo (2004) pode-se citar como
responsabilidade do departamento de compras a capacidade de obter materiais e produtos
com qualidade certa, quantidade exata, tempo certo, preço vantajoso e fonte adequada.
Partindo desse princípio ideal a todas as áreas de suprimento, Pozo (2004) enumera as
seguintes metas fundamentais:
a)     Permitir continuidade de suprimentos para o perfeito fluxo de produção;
b)     Coordenar os fluxos com o mínimo de investimentos em estoques e adequado ao
cumprimento dos programas;
c)     Comprar materiais e produtos aos mais baixos custos, dentro das especificações
predeterminadas em qualidade, prazos e preços;
d)     Evitar o desperdício e obsolescência de materiais por meio de avaliação e percepção
do mercado;
e)     Permitir à empresa uma posição competitiva, mediante negociações justas e
credibilidade;
f)     Manter parceria com os fornecedores para crescer junto com a empresa.


1.1 Objetivo


       O objetivo geral deste trabalho é demonstrar como o Método de Análise Hierárquica
pode ser usado como ferramenta de tomada de decisão no processo de seleção de
fornecedores, com os seguintes objetivos específicos:
a) Analisar as etapas e fatores de decisão no processo de seleção dos fornecedores;
b) Atribuir valores para cada critério de acordo com a importância do mesmo dentro dos
processos de aquisição e de acordo com a escala fundamental proposta pelo Método de
Análise Hierárquica;
c) Aplicar o Método de Análise Hierárquica;
d) Verificar a influência de cada fator;
e) Evidenciar e explicar a melhor alternativa da fonte de suprimento como resultado da
aplicação do Método de Análise Hierárquica.
18

1.2 Justificativa


       A justificativa deste trabalho baseia-se na dificuldade encontrada na tomada de
decisões no processo de seleção de fornecedores no mercado global, pois concorrentes
deixaram de ser locais, então, todas as fontes disponíveis devem ser consideradas, não
importando, nesse caso, em que local do globo o fornecedor se encontre. O que irá
diferenciá-lo de seus concorrentes são justamente suas condições de fornecimento.
       Segundo Baily et al. (2000), as decisões de compras mais importantes dizem
respeito à seleção da fonte de suprimento ideal, ou seja, se a decisão da fonte correta for
tomada em uma situação particular, as necessidades de compras da empresa devem ser
perfeitamente   atendidas.   Diante   dessas   circunstancias   essa   empresa      receberia
continuamente os bens ou serviços. Porém, a simplicidade dessa afirmativa contradiz a
complexidade da tomada de decisão sobre fonte de suprimentos, pois, para se chegar à
decisão correta, fatores como: entrega pontual, qualidade consistente, preço adequado,
apoio técnico, entre outros, devem ser considerados.
       Heinritz e Farrel (1979) afirmam que, em geral, a seleção de uma fonte adequada
resolve todas as considerações relativas às compras; a qualidade será a correta, as entregas
serão feitas a tempo e os preços serão justos. Mas, ao mesmo tempo, os autores afirmam
que o problema não é tão simples, pois há específicos padrões de compras para todos esses
fatores e, de qualquer modo, sempre haverá problemas para se encontrar o fornecedor ideal.
       Sendo assim, é possível perceber a importância da gestão e seleção de fornecedores;
além de ferramenta estratégica de integração em termos de cooperação, aproveitamento de
infra-estruturas, ainda constitui-se elemento de redução de custo e aumentos de
desempenho do processo de compras (PELÁ, 2010).
       Como ferramenta de auxílio na tomada da melhor decisão em relação à fonte de
fornecimento, abordou-se o Método de Análise Hierárquica (MAH) – Analytic Hierarchy
Process (AHP). Segundo Saaty (1980), o MAH é um método que diferencia por seu
algoritmo de determinação dos pesos dos critérios, que se fundamenta no conceito de
combinação binária de cada nível hierárquico de acordo com os elementos de nível
superior. O primeiro nível dessa hierarquia contém informações relativas aos critérios
principais, seguidos pelo segundo nível de critérios secundários associados a cada um dos
19

critérios principais e assim sucessivamente. O último nível da interação fornece indicações
do fornecedor potencial. Esse método é extremamente dependente do julgamento do
comprador ou do gestor do processo de escolha do fornecedor.


1.3 Etapas do desenvolvimento do trabalho


       O trabalho está estruturado em quatro etapas. A primeira consiste em uma pesquisa
bibliográfica por meio da qual são demonstrados os conceitos principais para
desenvolvimento do trabalho, como Supply Chain Management (Gerenciamento da Cadeia
de Suprimentos), Compras/Suprimentos e Análise Hierárquica (MAH), do inglês The
Analytic hierarchy Process (AHP).
       Na segunda etapa foi desenvolvido o estudo de caso que consiste na escolha de um
fornecedor em uma indústria de autopeças. Foram apresentados dois fornecedores para o
grupo de componentes de borrachas, e através do Método de Análise Hierárquica, definiu-
se a melhor opção. Os critérios considerados nessa análise apurados por meio de pesquisa
com pessoas consideradas chave na indústria em questão.
       Para isso, apresentou-se aos respondentes 17 critérios, dentre os quais deverão optar
por 5 deles, pontuando-os de 1 a 5, de acordo com sua importância. Na terceira etapa
apresentaram-se os resultados de cada fornecedor e a justificativa pela opção do
selecionado. Na quarta etapa conclui-se o estudo de caso. O esquema de desenvolvimento
do trabalho pode ser visto na figura 2.
20




Figura 2 - Esquema de desenvolvimento do trabalho.


2 CADEIA DE SUPRIMENTOS


2.1 Introdução


       O conceito geral de cadeia de suprimentos parte do princípio de que não há
nenhuma empresa isolada e auto-suficiente no mercado. O que existe é uma complexa e
interligada cadeia de fornecedores e clientes, pela qual fluem matérias-primas, produtos
intermediários, produtos acabados, informações e dinheiro, além de ser responsável pela
viabilidade do abastecimento de mercados consumidores.
       De acordo com Chopra, Meindl et al. (2003), em uma cadeia de suprimentos típica,
as matérias-primas são adquiridas, os itens são produzidos em uma ou mais fábricas e
transportados para depósitos para armazenamento temporário, e então despachados para
varejistas e clientes. Simchi-Levi, Kaminsky e Simchi-Levi (2003) afirmam que, como
consequência, para reduzir os custos e aumentar o nível de serviço, as estratégias eficazes
das cadeias de suprimentos devem considerar as interações nos vários níveis da cadeia.
       Ainda de acordo com Simchi-Levi, Kaminsky e Simchi-Levi (2003), a cadeia de
suprimentos, referenciada também como rede logística, é constituída por fornecedores,
21

centros de produção, depósitos, centros de distribuição, varejistas e ainda por matéria-
prima, estoque de produtos em processo e produtos acabados que fluem entre as
instalações.
       Slack (1993) diz que as redes de suprimentos podem ser divididas em três níveis. A
cadeia total de suprimentos é aquela que envolve todas as relações cliente-fornecedor desde
a extração da matéria prima até a compra do produto pelo consumidor final. Já a cadeia de
suprimentos imediata é aquela em que estão os fornecedores e consumidores com os quais
as empresas fazem negócios diretamente. Finalmente, dentro da empresa em si está a cadeia
de suprimentos local, com fluxos internos de materiais e informações entre departamentos
células ou setores da operação.
       Christopher (1997) afirma que nenhuma organização pode desenvolver uma
estratégia de vantagem competitiva que aperfeiçoe somente suas eficiências internas se ela
fizer parte de uma cadeia de suprimentos mais ampla. A vantagem competitiva somente é
alcançada quando o fluxo como um todo é mais eficiente e mais eficaz que dos
concorrentes.
       Para Ballou (2006), que apresenta uma visão logística-operacional sobre o assunto,
a cadeia de suprimentos é um conjunto de atividades funcionais (transportes, controle de
estoques etc) que se repetem inúmeras vezes ao longo do canal pelo qual as matérias-
primas vão sendo convertidas em produtos acabados, aos quais se agrega valor ao
consumidor.
       O nota-se é que vários são os autores que conceituam cadeia de suprimento e que
todos estão em sintonia com a definição dada pelo Council of Supply Chain Management
(CSCM) – entidade internacional que visa promover o conhecimento nessa área para seus
associados.
       Segundo uma das definições dadas pelo CSCM, a cadeia logística envolve o
planejamento e gerenciamento de todas as atividades relacionadas ao recebimento e
fornecimento, produção e todas as atividades de gerenciamento logístico. Mas,
principalmente, seu papel mais importante está em considerar a coordenação e colaboração
com canais parceiros, que podem ser fornecedores intermediários, terceirizados e clientes.
22

2.2 Evolução Logística da cadeia de suprimento


        Conforme Novaes (2007), o processo de evolução logística divide-se em quatro
fases: atuação segmentada, integração rígida, integração flexível e integração estratégica
(SCM). A figura 3 ilustra as fases:




Figura 3 – Processo de evolução logística.
Fonte: Novaes, 2007.


        Dallas e Morais (2006) ressaltam que esta é uma forma mais didática e clara de
perceber a evolução da logística, mas, que as datas e as sequências não se aplicam a
qualquer organização, tendo em vista fatores necessários para que ocorram tais mudanças.
A modernização da estrutura organizacional; a interligação pela TI de todos os parceiros da
cadeia e a implantação de sistemas de custo adequados aos objetivos não são observados ao
mesmo tempo em todas as organizações. O quadro 1 apresenta a evolução resumida de cada
fase.
23




Quadro 1 – Quadro evolutivo da logística
Fonte: Novaes, 2007.

2.2.1 Atuação segmentada


       De acordo com Novaes (2007), a primeira fase da evolução logística teve seu
desenvolvimento estimulado após a Segunda Guerra Mundial graças à capacidade ociosa
das indústrias e dos novos processos de fabricação em série. De fato, as indústrias da época
aproveitaram as demandas existentes por produtos como automóveis, eletrodomésticos,
bebidas, vestimentas, entre outras. Por outro lado, os produtos eram padronizados, ou seja,
tipos e cores únicos.
       Essa época foi caracterizada pela falta de sistemas de informação, portanto, as
indústrias fabricavam os lotes de produtos e os mandavam para estoque em seus próprios
depósitos. Esses produtos lá permaneciam à espera do pedido dos centros de distribuição,
atacadistas ou grandes varejistas. Os estoques nas fábricas funcionavam como pulmão entre
manufatura e centros de distribuição, balanceando os fluxos na cadeia de suprimento. Por
outro lado, muitos varejistas colocavam seus pedidos nos centros de distribuição ou
atacadistas. Nesse caso, os estoques localizados nesses lugares funcionavam como pulmão
para as lojas de varejo. A figura 4 ilustra esse fluxo.
24




Figura 4 – Primeira fase da logística – Atuação Segmentada.
Fonte: Novaes, 2007.


          Entretanto, não se pode esquecer que, além desses estoques, ainda havia os estoques
de componentes e produtos em processamento nas fábricas e, por trás disso, todo o estoque
de matéria-prima e de componentes nos fornecedores. Além disso, os produtos
transportados nos caminhões entre os pontos diversos da rede logística também formam o
estoque e são chamados estoques em trânsito.
          Como logística, o que as empresas dessa época procuravam era centrar o foco nas
possíveis economias que poderiam ser obtidas utilizando o modal de transporte de menor
custo, utilizando veículos de maior capacidade e buscando empresas que oferecessem
menor custo nos fretes, não se importando com os estoques que eram formados ao longo da
cadeia.
          Dallas e Morais (2006) observam que nesse momento a racionalização da cadeia de
suprimentos era resultante da otimização individual de cada componente, o que remetia à
ineficiência global do sistema.
          Para controle dos estoques utilizava-se, na época, o critério EOQ (Economic Order
Quantity - Quantidade Econômica do Pedido). Sob esse enfoque, os estoques eram
renovados de forma a minimizar a soma do custo de inventário, do custo de transporte e do
custo para elaborar o pedido. Nessa época, o processo para um pedido englobava atividades
do tipo: pesquisa de preços e demais condições de suprimento junto a vários fornecedores
por meio de telefone, correio ou recebendo os vendedores para entrevistas diretas na
própria empresa.
25

2.2.2 Integração Rígida


       Conforme relata Novaes (2007), com o surgimento dos especialistas em marketing,
os produtos padronizados característicos da primeira fase deixaram de ser interessantes para
os consumidores, pois tais especialistas começaram a incitar nos consumidores a vontade
de ter opções de cores e modelos diferentes dos produtos disponíveis no mercado. Além
disso, novos produtos estavam sendo incorporados ao cotidiano das pessoas, como a
televisão, a geladeira, o aparelho de som.
       O aumento na oferta de produtos e de opções foi possível porque os processos
produtivos foram se tornando cada vez mais flexíveis. Por outro lado, como consequência,
as empresas tiveram que lidar com um aumento acentuado ao longo da cadeia produtiva,
passando ser necessária uma maior racionalização da cadeia de suprimentos, visando
menores custos e maior eficiência.
       No inicio da década de 70 vivenciou-se a crise do petróleo, encarecendo
subitamente o transporte de mercadorias, acarretando aos empresários redução nas margens
de comercialização, e aos consumidores, o encarecimento dos produtos.
       Uma das características marcantes dessa época foi a utilização intensiva da
multimodalidade no transporte de mercadorias, visando redução de custos e aproveitamento
a capacidade ociosa nas diversas modalidades.
        Ainda dentro dessa fase, na década de 60 houve a introdução da informática nas
operações das empresas, mesmo que de forma tímida, substituindo apenas os
procedimentos feitos manualmente, permitiu o tratamento mais sofisticado de uma
variedade de problemas, como por exemplo, os modelos de otimização dos estoques, de
sequenciamento da produção no chão de fábrica (job shop scheduling), de localização
otimizada de centros de distribuição, entre outros.
       Esse fato levou as empresas a uma maior racionalização de seus processos, sendo
que os elementos chaves dessa racionalização foram a otimização das atividades e o
planejamento. Nessa época, a produção tinha grande poder na indústria e o planejamento
era feito pelos responsáveis da área e apenas alterado quando identificada a necessidade,
porém, sem envolvimento de outras áreas. Consequentemente, essa pratica gerava estoques
excessivos ao longo de toda cadeia de suprimento.
26

       Para tentar minimizar os efeitos negativos, passou-se a incluir no planejamento
outros setores da empresa, além dos fornecedores e clientes. Mensalmente os centros de
distribuição das indústrias consultavam os varejistas, seus clientes e faziam previsões de
demanda. Dessa maneira, a produção conseguia se planejar de forma a transmitir ao
departamento de compras as necessidades de matéria-prima e de componentes referentes ao
mês seguinte. Por sua vez, o departamento de compras conseguia planejar junto aos
fornecedores a programação de compras sem maiores surpresas. Esse enfoque estava por
trás de sistemas de programação da produção do tipo MRP e MRP II.
       Embora esse processo de integração permitisse maior racionalização das operações,
ainda era falho, pois não havia nenhuma flexibilidade nessa forma de planejamento. Uma
vez efetivado, todas as alterações que ocorressem durante o processo traziam transtornos às
outras áreas, isso porque a manufatura alterava a programação sem comunicar os evolvidos
(compras, por exemplo); vendas fechava novos contratos com clientes e não informava à
manufatura, os fornecedores atrasavam as entregas e não avisavam, e assim por diante.
       Dessa forma, Novaes (2007) caracteriza essa fase como uma busca inicial da
racionalização integrada da cadeia de suprimento, mas ainda muito rígida, pois não permitia
a correção dinâmica, em tempo real, do planejamento. A figura 5 mostra que já havia uma
integração de planejamento entre os elementos da cadeia de suprimento, mas não flexível,
assemelhando-se a um duto rígido de PVC ligando as partes.




Figura 5 – Segunda fase da logística – Integração Rígida.
Fonte: Novaes, 2007.


2.2.3 Integração Flexível


       De acordo com Novaes (2007), a terceira fase da logística é caracterizada pela
integração dinâmica e flexível entre os agentes da cadeia de suprimento, em dois níveis:
27

dentro da empresa e nas inter-relações da mesma com seus fornecedores e clientes. Porém,
nessa fase a integração das empresas se dá somente duas a duas.
       A terceira fase tem início no fim da década de 80 e ainda é implementada em muitas
empresas.
       A novidade dessa fase é o intercâmbio das informações entre dois elementos da
cadeia de suprimento que efetivou-se via eletrônica, por meio do EDI (Intercâmbio
Eletrônico de Dados).
       O desenvolvimento da informática nesse período possibilitou integração dinâmica
de consequências importantes na agilização da cadeia de suprimento. Exemplo foi o uso do
código de barras nos produtos vendidos nos supermercados, gerando uma flexibilidade das
vendas com o centro de distribuição, fornecendo dados mais precisos sobre a posição dos
estoques, garantindo maior controle.
       Além de permitir o intercâmbio eletrônico de dados entres fornecedores e clientes, o
EDI ainda flexibilizava o processo de programação, permitindo ajustes frequentes.
       Por essa razão, Novaes (2007) assimila a terceira fase da logística a uma mangueira
flexível, que interliga os elementos da cadeia e se adapta instantaneamente às necessidades
momentâneas do processo, conforme figura 6.




Figura 6 – Terceira fase da logística – Integração Flexível.
Fonte: Novaes, 2007.


       Na terceira fase da logística, diferentemente das outras fases, passou-se a observar
maior preocupação com a satisfação plena do cliente. Nessa fase o conceito de cliente vai
além do cliente-consumidor final e consideram-se também como cliente todos os elementos
28

intermediários, que por sua vez são clientes dos fornecedores que os antecedem na cadeia
de suprimento.
       Por fim, outra tendência dessa fase observada por Novaes (2007) foi a busca pelo
estoque zero. Ainda que aparentemente impossível de se alcançar, o autor ressalta que, por
meio de melhorias contínuas no processo, foi possível alcançar um nível ideal de estoque,
ou seja, algo parecido com o custo kaizen dos japoneses.


2.2.4 Integração Estratégica (SCM)


       De acordo Novaes (2007), a quarta fase da evolução logística é caracterizada por
um salto qualitativo de maior importância: as empresas da cadeia de suprimento passam a
tratar a questão da logística de forma estratégica. Assim, ao invés de otimizar somente
operações isoladas, focando os processos logísticos como meros geradores de custo, as
empresas participantes da cadeia de suprimento passaram a buscar por novas soluções,
utilizando-se da logística para ganhar competitividade e induzir novos negócios.
       Os agentes da cadeia de suprimento perceberam que precisavam trabalhar mais
próximos e trocar informações, formando parcerias. Além disso, a globalização e a
competição cada vez mais acirrada entre as empresas fizeram com que esses agentes da
cadeia de suprimentos olhassem para a logística sob uma nova ótica, considerando-a como
elemento diferenciador na busca de mais fatias do mercado.
       A novidade introduzida nessa fase foi o postponement (postergação), que tinha por
objetivo reduzir o tempo de entrega dos pedidos utilizando todos os recursos disponíveis,
de modo a minimizar o tempo gasto para entrega do produto ao cliente. Novaes (2007),
exemplifica o postponement com a seguinte situação: os veículos fabricados na França e
destinados à Espanha vão sendo montados durante a viagem de trem, desde a fábrica até o
destino – limpadores de pára-brisa, rádios, frisos e outros componentes que não exigem
mão-de-obra e equipamentos sofisticados e que podem ser montados fora da fábrica vão
sendo agregados ao veiculo dessa forma.
       Outra novidade surgida na quarta fase são as empresas virtuais, também conhecidas
por agile enterprises (empresas ágeis). Trata-se de fabricantes de produtos de grande valor
29

agregando, em geral, eletrônicos, que se localizam junto a grandes aeroportos e que atuam
de forma ágil.
       Mas o que distinguiu a quarta fase das demais foi o surgimento de uma nova
concepção no tratamento dos problemas logísticos. Trata-se do SCM – Supply Chain
Management (Gerenciamento da Cadeia de Suprimento).
       Sob essa nova abordagem, a integração entre os processos ao longo da cadeia de
suprimento continua a ser feita em termo de fluxo de materiais, de informação e de
dinheiro, mas, a diferença é que os participantes dessa cadeia atuam de forma estratégica,
buscando os melhores resultados possíveis em termos de redução de custos, de desperdícios
e de agregação de valor para o consumidor final.
       Na quarta fase, a separação nítida percebida entre os participantes da cadeia de
suprimento deixa de existir definitivamente e passa a haver uma interpenetração de
operações entre os elementos da cadeia, conforme demonstrado na figura 7.




Figura 7 – Quarta fase da logística – Integração Estratégica (SCM).
Fonte: Novaes, 2007.

       Além de redução de estoques e maior qualidade nos serviços logísticos, a
competição entre as empresas num ambiente globalizado passou a exigir custos reduzidos e
prazo curto no ciclo do pedido. Para conseguir atender essa nova demanda do mercado, as
empresas passaram a utilizar-se cada vez mais da tecnologia da informação. Por outro lado,
procuraram concentrar-se em suas atividades principais (core competence), terceirizando
muitas de suas atividades e buscando parcerias com fornecedores e clientes.
30

       O intercâmbio de informações durante essa fase da logística é intenso, mas Novaes
(2007) destaca outros elementos característicos dessa fase:


   •   Ênfase absoluta na satisfação plena do consumidor final;
   •   Formação de parcerias entre fornecedores e clientes ao longo da cadeia de
       suprimento;
   •   Abertura plena, entre parceiros, possibilitando acesso mútuo às informações
       estratégicas e operacionais;
   •   Aplicação de esforços de forma sistemática e continuada, visando agregar o máximo
       valor para o consumidor final e eliminar os desperdícios, reduzindo custos e
       aumentando a eficiência.


       De acordo com Novaes (2007), a gestão da logística seria o braço tático do SCM, ou
seja, a logística é uma das partes do SCM, porém, para que se chegasse ao pleno conceito e
prática do SCM, fez-se necessário todo o processo evolutivo da logística em suas quatro
fases, até que fosse atingido o estágio em que a logística estivesse desenvolvida o suficiente
para viabilizar o SCM (NOVAES, 2007).


2.3 O papel da logística na cadeia de suprimento


       Conforme Ballou (2006), a logística empresarial é um campo relativamente novo do
estudo da gestão integrada. As atividades logísticas foram por muitos anos exercidas pelos
próprios indivíduos. As empresas também estiveram permanentemente envolvidas em
atividades de movimentação-armazenagem (transporte-estoque). A novidade então,
segundo Ballou (2004), vem justamente do conceito de gestão coordenada de atividades
inter-relacionadas em substituição à prática histórica de administrá-las separadamente, e do
conceito de que a logística agrega valor a produtos e serviços essenciais para a satisfação
do consumidor e o aumento das vendas.
       A logística tem suas origens ligadas às atividades militares, principalmente após a
Segunda Guerra Mundial em 1950. A princípio, a logística era vista apenas como um custo
ligado ao serviço e/ou produto. Anterior a essa data, as empresas fragmentavam suas
31

atividades de compras, de administração, de estoques, de processamento de pedidos e de
transporte em diversas gerências, não havendo uma preocupação com a atividade chave da
logística. Essas atividades passaram a ser consideradas importantes quando o enfoque da
organização é transferido da produção para o atendimento às necessidades dos clientes.
Dessa forma, tornam-se explícitos os valores agregados pela logística (DALLAS E
MORAIS, 2006).
       De acordo com Bowersox e Closs (2001), no âmbito da gestão, as empresas têm
sido tradicionalmente estruturadas em departamentos para facilitar a atenção, o
estabelecimento de rotinas, a padronização e o controle dos trabalhos. Além disso, práticas
contábeis foram desenvolvidas para medir o desempenho dos departamentos. A maioria
dessas funções de desempenho se concentrou em atividades individuais.
       Para Bowersox e Closs (2001), o desafio fundamental da gestão integrada é o de
redirecionar a ênfase tradicional na funcionalidade para se concentrar na realização do
processo. A gestão de processos integrados procura identificar e alcançar menor custo total
ao detectar trocas compensatórias (trade-offs) existentes entre as funções. Bowersox e
Closs (2001) exemplificam esse processo: uma empresa talvez seja capaz de reduzir custos
totais ao despender mais em transporte mais rápido e mais confiável porque o custo do
inventário associado ao processo pode ser reduzido num valor maior do que aquele gasto
em transporte mais caro. Portanto, para Bowersox e Closs (2001), o objetivo da gestão
integrada é atingir o mais baixo custo de todo o processo, e não a obtenção do custo mais
baixo para cada função incluída no processo.
       Christopher (1997) observa que os generais e marechais dos tempos remotos
compreenderam o papel crítico da logística, mas que, estranhamente, somente num passado
recente as organizações empresariais reconheceram o impacto vital que o gerenciamento
logístico pode ter na obtenção da vantagem competitiva. Ainda de acordo com o autor, a
vantagem competitiva, é obtida quando uma empresa ocupa uma posição de superioridade
duradoura sobre os concorrentes, em termos de preferência do cliente.
       Conforme afirma Christopher (1997), as bases do sucesso no mercado são muitas,
mas um modelo simples é baseado na trilogia: companhia, seus clientes e seus
concorrentes, os três C’s, conforme figura 8.
32




Figura 8 - A Vantagem Competitiva e os “3 Cs”.
Fonte: Christopher, 1997.


       A fonte da vantagem competitiva é encontrada, primeiramente, na capacidade de a
organização diferenciar-se de seus concorrentes aos olhos do cliente e, em segundo lugar,
pela sua capacidade de operar a baixo custo e, portanto com lucro maior.
       De acordo com Novaes (2007) há algumas décadas, as grandes indústrias produziam
a maior parte dos componentes necessários à fabricação de seus produtos. Isso ocorria
porque essas indústrias conseguiam produzi-los a custos mais baixos. Por outro lado, por
questões estratégicas e de poder econômico, não gostavam de ficar na dependência de
fornecedores. Nesse contexto a tendência era a verticalização industrial. Porém, hoje
conceitos de vantagem competitiva e de core competence (competência central) estão
presentes na definição das estratégias das grandes empresas. É mais proveitoso para a
empresa concentrar suas atividades naquilo que ela consegue fazer bem, diferenciando-se
positivamente de seus concorrentes e adquirindo externamente componentes e serviços
ligados a tudo que não estiver dentro de sua competência central. Isso significa que hoje as
empresas adquirem não somente matéria-prima, mas também serviços de variadas espécies,
como: distribuição, armazenagem e transporte de produtos e insumos, alimentação de
empregados entre muitos outros.
       Conforme Christopher (1997) o gerenciamento da cadeia de suprimentos não é a
mesma coisa que “integração vertical”. Pensou-se no passado que essa seria uma estratégia
33

desejável, mas atualmente as empresas têm enfocado cada vez mais em “seus negócios”,
através dos quais elas conseguem o diferencial competitivo, sendo o restante adquirido
externamente.
       Bowersox, Closs e Cooper (2006) já pensavam o mesmo que Novaes (2007) ao
assumirem que para superar desafios de negociações comerciais, as empresas
desenvolveram relações de negócios com outras companhias de produtos e serviços para
conjuntamente desempenharem atividades essenciais. Essa reconhecida dependência foi
necessária para alcançar benefícios de especializações. Após os primeiros anos da
revolução industrial os administradores começaram a planejar, estrategicamente,
competências essenciais, especialização e economia de escala. Disso resultou-se a
percepção de que trabalhar muito próximo a outros negócios era essencial para obter o
sucesso continuado da empresa e esse entendimento de que nenhuma empresa poderia ser
auto-suficiente contrastava com entendimentos anteriores de integração vertical de
propriedade.
       Christopher (1997) afirma que se deve reconhecer que o conceito de gerenciamento
da cadeia de suprimentos, enquanto relativamente novo, em verdade não é nada mais que
uma extensão da logística. De acordo com esse autor, o gerenciamento logístico está
primeiramente preocupado com a otimização de fluxos dentro da organização, enquanto
que o gerenciamento da cadeia de suprimentos reconhece que a integração interna por si só
não é o suficiente.
       Ballou (2006) afirma que a logística diz respeito à criação de valor, seja para os
clientes e fornecedores, seja para os acionistas da empresa. De acordo com esse autor o
valor em logística é expresso em termos de tempo e lugar e conclui que produtos e serviços
não têm valor, a menos que estejam sob a posse do cliente, quando (tempo) e onde (lugar)
eles desejam.


2.4 A cadeia de suprimento e seu gerenciamento


       Conforme Christopher (1997) nos últimos anos do século XX o ambiente dos
negócios sofreram sérias turbulências. Um fator importante para isso foi a demanda
crescente por níveis cada vez mais altos de serviços e qualidade. Com tantas pressões as
34

organizações sentiram a necessidade imperativa de se tornarem mais ágeis. Ainda de
acordo com o autor, a organização ágil não somente procura colocar o cliente no centro do
negócio, mas projeta todos os seus sistemas e procedimentos com o objetivo principal de
melhorar a velocidade e a confiabilidade da resposta ao cliente.
       Com as enormes pressões competitivas vivenciadas atualmente, a atividade de
gerenciar a cadeia de suprimento tem ganhado cada vez mais espaço nas relações de
negócios. É fato que a competição no mercado ocorre no nível das cadeias produtivas e não
apenas nas unidades de negócios isoladas.
       Slack (1993) afirma que a cadeia de suprimento pode ser vista em três níveis, sendo
a cadeia total a que envolve todas as relações cliente-fornecedor desde a extração da
matéria-prima até a compra do produto pelo consumidor final. A cadeia de suprimento
imediata é que contempla fornecedores e consumidores com os quais a empresa faz
negócios diretamente. E, dentro da própria empresa, está a cadeia de suprimento local, com
os fluxos internos de materiais e informações entre departamentos, células ou setores da
produção. Esse esquema é representado pela figura 9.




Figura 9 – Níveis da cadeia de suprimentos.
Fonte: Slack, 1993.


       Conforme Handfield e Nichols (1999) a importância de efetivamente gerenciar o
fluxo de materiais através da cadeia de fornecimento tem sido percebida nos últimos anos
como crítica por executivos e pesquisadores. O custo associado com esse fluxo de materiais
tem sido um problema de particular interesse por parte desses executivos. Ainda de acordo
35

com esses autores, especialistas industriais estimam que o custo despendido com a cadeia
de fornecimento representa a maior parte das despesas operacionais para a maioria das
organizações e, em algumas delas, esse custo chega a 75% do total do orçamento
operacional anual.
       Para Bowersox, Closs e Cooper (2007) o desafio fundamental da gestão integrada
da cadeia de suprimento é redirecionar a tradicional ênfase na funcionalidade em um
esforço para se concentrar na realização do processo. Esses autores ainda afirmam que nas
últimas décadas ficou claro que as funções, mais bem realizadas individualmente em
grupos, não necessariamente se combinam ou se agregam para alcançar o menor custo total
ou processos altamente eficazes. A gestão integrada de processos busca identificar e
alcançar o menor custo total equilibrando as compensações (trade-off) que existem entre as
funções. Portanto, a gestão integrada tem como objetivo alcançar o menor custo total do
processo, que não necessariamente significa atingir o menor custo para cada função
incluída no processo.
       Chopra e Meindl (2008) afirmam que o objetivo de toda cadeia de suprimento é
maximizar o valor global gerado. O valor gerado por uma cadeia de suprimento é a
diferença entre o valor do produto final para o cliente e o esforço realizado pela cadeia de
suprimento para atender ao seu pedido.
       De acordo com Chopra e Meindl (2008) o gerenciamento da cadeia de suprimento
bem sucedido é baseado em várias decisões relacionadas ao fluxo de informações, de
produtos e valores. Os autores dividem essas decisões em três categorias ou fases:


1. Estratégia ou projeto da cadeia de suprimento: nessa fase a empresa decide como
estruturar sua cadeia de suprimento. A empresa determina também qual será a configuração
da cadeia e que processos cada estágio deverá desempenhar. Esse grupo de decisões é
também chamado de decisões estratégicas para a cadeia de suprimento. As decisões
tomadas pela empresa nessa fase incluem: local, capacidade de produção e das instalações
para armazenagem, produtos a serem fabricados ou estocados em diversos locais, meios de
transporte a serem disponibilizados de acordo com os diferentes turnos de expedição e o
tipo de sistema de informação que será adotado. Nesse estágio, é importante que a empresa
garanta que a configuração de sua cadeia de suprimento possa apoiar seus objetivos
36

estratégicos durante todo o desenvolvido dessa fase. As decisões de projeto da cadeia de
suprimento são normalmente tomadas pensando a longo-prazo e sua alteração repentina é
muito cara. Portanto, ao tomar decisões as empresas devem levar em consideração a
incerteza por anteciparem as condições de mercados para os anos projetados.
2.     Planejamento da cadeia de suprimento: nessa fase as empresas definem um conjunto
de políticas operacionais que lideram as operações de curto prazo. Para as decisões tomadas
durantes esse estágio, a configuração da cadeia de suprimento, determinada na fase
estratégica, é fixa. Essa configuração apresenta restrições dentro das quais cada
planejamento deve ser realizado. A fase de planejamento é iniciada pelas empresas com
uma previsão de demanda para o ano seguinte (ou período d execução semelhante) em
diferentes mercados. A fase de planejamento inclui decisões sobre: quais mercados serão
supridos e de que locais; construção de estoques; terceirização da fabricação; políticas de
reabastecimento e estocagem a serem seguidas; políticas que serão desempenhadas em
relação a locais de reserva, no caso de incapacidade de atender a um pedido e a
periodicidade e dimensão das campanhas de marketing. Na fase de planejamento, também é
estabelecido pela empresa os parâmetros dentro dos quais a cadeia de suprimento
funcionará durante um período de tempo especificado. Nessa fase as empresas também
devem considerar as incertezas em suas decisões. Comparadas com empresas que ainda
estão na fase de projeto da cadeia de suprimento, as empresas na fase de planejamento
conseguem trabalhar com períodos mais curtos e com melhores previsões e. por isso, essas
empresas tentam incorporar qualquer flexibilidade que tenha sido criada na cadeia de
suprimento durante a fase de projeto e explorá-las para otimizar o desempenho em um
período mais curto.
3.     Operações da cadeia de suprimento: nessa fase o período de tempo considerado
pelas empresas é semanal ou diário e durante essa fase as empresas tomam decisões sobre
pedidos individuais de clientes. Na fase operacional da cadeia de suprimento sua
configuração é considerada fixa e as políticas de planejamento já como definidas. O
objetivo das operações da cadeia de suprimento é implementar as políticas operacionais da
melhor maneira possível. Nessa fase as empresas distribuem os pedidos individuais para
estoque ou produção, determinam a data em que o pedido devera ser atendido, geram
inventário nos depósitos, adaptam o pedido a um meio de transporte ou expedição
37

apropriado, organizam as entregas dos caminhões e encaminham os pedidos de
reabastecimento. Como as decisões operacionais são tomadas em curto prazo há menos
incerteza em relação à demanda. O objetivo durante a fase operacional é explorar a redução
de incerteza e otimizar o desempenho dentro das restrições estabelecidas pela configuração
e pelas políticas de planejamento (fase anterior).


       Como se pode notar, de acordo com Chopra e Meindl (2008) as fase de decisão da
cadeia de suprimento podem ser classificadas em: projeto, planejamento ou operação,
dependendo do período de execução no qual as decisões tomadas serão aplicadas. O
projeto, o planejamento e a operação da cadeia de suprimento exercem um grande impacto
na lucratividade e no sucesso da empresa como um todo.


2.5 Compras


       Bowersox, Closs e Cooper (2007) afirmam que toda organização, seja ela industrial,
atacadista ou varejista compra materiais, serviços e suprimentos para apoiar as suas
operações. Historicamente, as compras eram percebidas como uma atividade de
funcionários administrativos ou de gerentes de níveis inferiores que tinham a
responsabilidade de executar e processar pedidos feitos por outros setores da organização.
Nesse caso, o papel do setor de comprar era obter de um fornecedor o recurso desejado pelo
menor preço de compra possível. Porém, nas últimas décadas essa visão tradicional sobre o
departamento de compras mudou significativamente. De acordo com Bowersox, Closs e
Cooper (2007) o foco moderno encontra-se nos gastos totais e no desenvolvimento de
relacionamentos entre compradores e vendedores. Consequentemente, as compras foram
elevadas à categoria de atividade estratégica.
       Segundo Baily et al. (2000), compras é vista pela organização como uma atividade
de importância estratégica considerável. O fato de o papel estratégico e de contribuição de
compras e suprimentos serem bem reconhecidos em muitos negócios relevantes significa
que as decisões estratégicas de compras podem ser tomadas em nível de diretoria, em vez
de o serem por um gerente departamental. De acordo com esses autores, o papel e a
38

contribuição de compras cresceu com bastante firmeza durante a segunda metade do século
XX, sendo que o maior interesse pela atividade vem ocorrendo em anos recentes.
       Bowersox, Closs e Cooper (2007), a crescente importância de compras pode ser
atribuída a diversos fatores. O mais importante deles é o reconhecimento do substancial
gasto monetário em uma organização típica e o potencial de economia monetária de uma
estratégia viável de compras. De acordo com esses autores o fato é simples: as mercadorias
e serviços comprados encontram-se entre os elementos de custo mais alto na maioria das
empresas.
       Para Ballou (2006), o setor de compras ocupa uma posição importante na maioria
das organizações, pois peças, componentes e suprimentos comprados representam, em
geral, de 40 a 60% do valor final das vendas de qualquer produto. Ballou (2006) afirma que
isso significa que reduções de custos relativamente baixas conquistadas no processo de
aquisição de materiais podem ter um impacto bem maior sobre os lucros do que
aperfeiçoamentos semelhantes em outras áreas de custos e vendas da organização. De
acordo com Ballou (2006), a isso se dá o nome de alavancagem. Esse autor argumenta que
embora grande parte do custo dos bens comprados não possa ser administrada, muitas vezes
procedimentos muito simples como solicitar cotação de dois fornecedores para cada item
comprado, trabalhar em colaboração com fornecedores a fim de controlar os custos, tirando
proveito de descontos por vendas de grande volume, ou prestar atenção à origem, rotas e
seleção de modais de transporte são fatores desencadeadores de substanciais reduções de
custos. Ainda de acordo com o autor, o percentual de redução nem precisa ser grande
demais para que se consigam redução de custo e melhoria dos lucros em termos financeiros
absolutos.
       Conforme Bowersox, Closs e Cooper (2007), a evolução do foco nas compras como
habilidade organizacional fundamental tem estimulado uma nova perspectiva em relação a
seu papel na gestão da cadeia de suprimentos. Assim sendo, o foco deixou de ser na
negociação adversária, voltada apenas para a transação e passou a ser em garantir que a
empresa esteja posicionada para implementar suas estratégias de produção e marketing com
apoio da base de fornecedores. Bowersox, Closs e Cooper (2007) ressaltam que um foco
considerável é colocado na garantia do fornecimento contínuo, da minimização dos
39

estoques, da melhoria da qualidade, do desenvolvimento de fornecedores e do menor custo
total de propriedade, conforme detalhado a seguir:
1.       Fornecimento contínuo: a falta de estoque de matérias-primas, peças ou
componentes pode interromper ou forçar uma alteração nos planos de produção, resultando
em custo inesperado. Além disso, o tempo ocioso devido a interrupções na produção
aumenta os custos operacionais e pode resultar em uma incapacidade de fornecer produtos
acabados conforme prometido a clientes. Dessa forma, um dos objetivos principais de
compras é garantir um fornecimento contínuo de materiais, peças e componentes a fim de
manter as operações de fabricação.
2.       Minimização do investimento em estoques: no passado, como as empresas não
tinham controle sob o potencial de interrupção no fornecimento, elas mantinham grandes
estoques de materiais e componentes para evitar paradas inesperadas na produção. Porém,
manter estoques é dispendioso. Portanto, uma das metas de compras é manter a
continuidade no fornecimento com o mínimo possível de investimento em estoque.
3.       Melhoria da qualidade: o setor de compras tem como umas de suas
responsabilidades coordenar junto aos seus fornecedores o atendimento da qualidade
exigida e especificada para cada produto, pois a qualidade de bens e serviços acabados
depende da qualidade dos materiais e componentes usados. Se forem utilizados
componentes ou materiais de baixa qualidade, o produto final provavelmente não
corresponderá aos padrões de qualidade exigidos pelo cliente. Dessa forma, tanto a empresa
quanto seus fornecedores têm que estar comprometidos com uma iniciativa de melhoria
contínua da qualidade.
4.       Desenvolvimento de fornecedores: compras bem sucedidas dependem diretamente
de localizar ou desenvolver fornecedores, analisar suas habilidades e selecionar e trabalhar
com esses fornecedores para atingir a melhoria              contínua. Desenvolver bons
relacionamentos de fornecimento com empresas que estejam comprometidas com o sucesso
da empresa compradora é fundamental no desenvolvimento de fornecedores. É importante
que a empresa compradora esteja disposta a desenvolver um relacionamento de confiança
com seus fornecedores para que ela se sinta segura em passar para eles informações e
recursos para juntos alcançarem resultados melhores. Essa perspectiva sobre compras e
desenvolvimento de fornecedores contrasta radicalmente com o tradicional foco apenas no
40

preço, que acabou criando relacionamentos antagonistas entre as empresas e seus
fornecedores.
5.       Menor custo total de propriedade: a diferença na perspectiva entre a estratégia de
compras tradicional e adversária e a mais contemporânea e colaborativa pode ser resumida
como um foco no custo total de propriedade ou total cost ownership – TCO em contraste
com um foco apenas no preço de compra. Os profissionais de compras reconhecem que,
embora o preço de compra de um material ou item continue sendo importante, ele é apenas
uma parte do custo total da organização. Os custos de serviços e os custos do ciclo de vida
também têm que ser considerados. Uma preocupação constante de qualquer comprador é
computar os descontos recebidos do fornecedor, seja por meio de negociação pontual ou
mesmo por um desconto concedido pelo vendedor sobre sua tabela de preço publicada. Um
exemplo desse comportamento acontece quando vendedores oferecem descontos por
quantidade comprada ou desconto para pagamento à vista. Porém, ao receber esse tipo de
oferta o comprador deve considerar outros custos associados, pois para se beneficiar do
desconto por quantidade, o comprador estará aumentando o estoque médio de materiais ou
suprimentos. Além disso, o tamanho da compra também tem impacto sobre os custos
administrativos associados à compra. Os termos de venda (condições de pagamento
negociadas) também representam impacto sobre o custo total de propriedade. Um
fornecedor que oferece condições de credito mais favoráveis está, na realidade,
influenciando o preço de compra. Por isso, o comprador deve comparar aos preços de
outros fornecedores em outras condições, considerando o valor do dinheiro no tempo. O
que normalmente não é considerado na prática tradicional de compras é o impacto das
estruturas de preço e descontos sobre as operações e os custos logísticos. Muitas
considerações logísticas são ignoradas ou recebem pouca atenção quando os compradores
tentam chegar ao menor preço de compra. Hoje há um crescente reconhecimento da
importância dos custos logísticos para o TCO. Enfim, na figura 10 é apresentado um
modelo de vários elementos que representam o TCO, conforme Bowersox, Closs e Cooper
(2007). Quando cada um desses elementos é levado em consideração por compras, se torna
claro que há muitas oportunidades de melhoria em grande parte das empresas. Muitas
dessas oportunidades surgem devido a relacionamentos de trabalho mais próximo com
fornecedores do que normalmente acontece nos casos de negociações adversárias entre
41

compradores e vendedores. Nas situações em que os compradores trabalham de forma
cooperativa com os vendedores muitas estratégias podem ser empregadas para que se
reduzam custos, tornando a cadeia de suprimentos mais eficiente.




Figura 10 – Principais categorias de componentes do custo total de propriedade – TCO.
Fonte: Bowersox, Closs e Cooper, 2007.


2.6 Desenvolvimento de Fornecedores


       De acordo com Arnold (2009) o processo de compras de uma empresa não é de
responsabilidade única do departamento de compras, mas sim de todos os departamentos da
empresa. Como exemplo disso, esse autor cita que escolher o material correto exige
informações dos departamentos de marketing, engenharia, produção e compras. Já as
quantidades e a entrega de mercadorias finalizadas são estabelecidas pela necessidade de
mercado, nesse caso, o PCP – Planejamento e Controle da Produção (MPC –
Manufacturing Planning and Control) tem como responsabilidade decidir quando pedir
quais matérias-primas afim de que a demanda do mercado seja atendida. Assim, o
departamento de compras fica como responsável por colocar os pedidos e garantir que as
mercadorias cheguem pontualmente.
       Além disso, segundo Arnold (2009) o departamento de compras tem a
responsabilidade principal localizar fontes adequadas de suprimentos e negociar os preços.
Portanto, as informações oriundas dos demais departamentos da empresa são necessárias
42

para que o departamento de compras possa fazer a busca e avaliar as potenciais fontes de
suprimento de acordo com o que foi especificado.
       Na visão de Baily et al. (2000), os compradores esclarecidos estão procurando
fornecedores com os quais possam trabalhar em benefício mútuo e o julgamento do melhor
fornecedor com o qual deve-se estabelecer esse tipo de relacionamento tem que ser baseado
em critérios técnicos e comerciais.
       Handfield et al. (2000) apud Pires (2004) afirmam que desenvolver fornecedor é
qualquer atividade que uma empresa cliente realiza com o intuito de melhorar o
desempenho e/ou capacidade do fornecedor no curto ou longo prazo. Dessa forma, as
atividades de desenvolver um fornecedor podem variar de uma simples avaliação informal
de suas operações até a criação de um programa de investimento conjunto em treinamentos,
melhorias de produtos e processos, dentre outros.
       Handfield et al. (2000) apud Pires (2004) formalizam um procedimento para
desenvolvimento de fornecedores divido em cinco etapas, conforme segue:


1. Identificar os itens mais críticos: nem sempre as empresas têm necessidade de
desenvolver fornecedores, são esses os casos em que: as empresas já são abastecidas por
fornecedores de classe mundial ou o volume dos itens comprados é tão baixo que não se
justifica a pesquisa por outros fornecedores. Porém, todos os fatores devem ser analisados e
classificados sob o ponto de vista estratégico da empresa cliente. A figura 11 apresenta uma
matriz para orientar a análise de valor dos itens comprados.
43




Figura 11 – Matriz de análise de valor dos itens comprados.
Fonte: Handfield et al. 2000 apud Pires, 2004.


     Feita a classificação dos itens a atenção maior deve votar-se sobre aqueles considerados
estratégicos, os quais geralmente são itens de alto valor agregado, comprados em grandes
volumes e de difícil substituição. São sobre esses itens que o trabalho de desenvolvimento
de novos fornecedores deve ser feito.


2.    Identificar os fornecedores críticos: essa etapa é bem crítica e nela deve se feita a
avaliação de desempenho dos fornecedores dos itens classificados como estratégicos. Uma
ferramenta de uso tradicional nesta etapa é a análise de Pareto. Através dessa ferramenta é
possível estipular que 20% dos fornecedores são responsáveis por 80% dos desempenhos
abaixo do esperado e são justamente os fornecedores desse grupo os potenciais candidatos
para o plano de desenvolvimento conjunto.
3.    Formar equipe, alinhar objetivos e definir projetos chaves: nessa fase a empresa
cliente deve montar uma equipe multifuncional antes de iniciar os trabalhos com os
fornecedores. A empresa cliente deve também definir claramente nessa etapa os objetivos e
as regras da condução do desenvolvimento. Após isso, é hora de contatar, discutir e alinhar
44

estrategicamente os objetivos com o fornecedor, definindo os projetos chaves de
desenvolvimento a serem conduzidos.
4.   Definir detalhes do acordo: depois de identificar um potencial projeto de melhoria, a
empresa cliente e a empresa fornecedora precisam definir as métricas específicas para
monitorar o sucesso desse projeto. Essas métricas podem incluir: o percentual de economia
a ser dividida; o percentual de melhoria da qualidade obtida; o percentual de entregas no
prazo; entre outras. O escopo do projeto de melhoria também deve indicar as datas dos
eventos importantes (milestones) e dos prazos finais (deadlines) bem como o papel a ser
desempenhado por cada empresa no processo. Concluídas essas etapas básicas, o processo
pode iniciar-se.
5.   Monitorar     o   desenvolvimento    e   modificar   estratégias:   todo   processo   de
desenvolvimento de fornecedor deve ser constantemente monitorado e o plano inicial deve
ser reajustado sempre que necessário. Cordon e Vollman (2002) apud Pires (2004) afirmam
que um ponto chave para muitas empresas tem sido tornar seus clientes mais atrativos para
alguns fornecedores chaves. Esses autores ressaltam que os resultados são mais efetivos
quando a empresa cliente consegue alavancar a “força do cérebro” (brainforce) de seus
fornecedores chaves. Cordom e Vollman (2002) apud Pires (2004) ainda afirmam que
muitos esforços de trabalho colaborativo são executados no curto prazo (principalmente em
ternos de desenvolvimento de novos produtos), mas logo se perdem, parte pela abordagem
“desenvolvimento de fornecedores”. A conclusão dos autores a respeito do assunto é que
hoje a atividade de compras é muito importante para ser deixada apenas sob
responsabilidade do departamento de compras e que o desenvolvimento de fornecedores
precisa ser visto de forma estratégica, reconhecendo-se três fatos-chaves: A) não se pode
ser parceiro de todos os fornecedores; tem-se que escolher. B) precisa-se achar formas para
fazer com que os melhores fornecedores queiram trabalhar conosco, ou seja, precisa-se ser
a opção mais atraente para eles. C) é necessário ter consciência que essa segunda questão
não acontece por acaso e que é preciso cultivar e reavaliar constantemente a parceria.


     De acordo com Arnold (2009), a função de compras é conseguir tudo ao mesmo
tempo: qualidade, quantidade, prazo de entrega e preço. Esse autor afirma que, uma vez
decidido o que comprar, a próxima etapa é definir de quem comprar, ou seja, qual o
45

fornecedor mais apropriado. Em sua visão, um bom fornecedor é aquele que tem a
tecnologia para fabricar o produto na qualidade exigida, tem capacidade de produzir as
quantidades necessárias e pode administrar o seu negócio com eficiência suficiente para ter
lucros e ainda assim vender seus produtos a preços competitivos.
       De acordo Arnold (2009), há três tipos de fontes de fornecimento: única, múltipla e
simples. Cada uma delas é explicada a seguir:


1.     Fonte única: há apenas um fornecedor para o produto devido a patentes,
especificações técnicas, matéria-prima, localização, dentre outros fatores que podem tornar
o fornecedor único.
2.     Fonte múltipla: quando há disponibilidade de mais de um fornecedor para um item.
As vantagens potenciais nesse tipo de cenário são: a competição gera preços mais baixos,
melhores serviços e haverá uma continuidade no fornecimento. Na pratica, existe uma
tendência de relação competitiva entre fornecedor e cliente.
3.     Fonte simples: é uma opção planejada da empresa de manter apenas um fornecedor
para um item quando existem outros disponíveis no mercado. O objetivo principal é
estabelecer uma parceria de longo prazo com esse fornecedor.


       Já Slack et al. (1993) apud Pires (2004) dividem em duas opções básicas em termos
de número de fornecedores, que são fontes únicas (single sourcing) e fontes múltiplas
(multi-sourcing). Sob a perspectiva da empresa cliente ambas as abordagens apresentam
uma série de vantagens e desvantagens. Conforme figura 12.
46




Figura 12 – Algumas vantagens e desvantagens de fornecedores únicos e múltiplos.
Fonte : Slack et al. 2002 apud Pires, 2004.

       Arnold (2009) define os fatores que influenciam a escolha dos fornecedores:


•      Habilidade técnica: sob esse aspecto o comprador deve avaliar se a empresa
fornecedora tem habilidade técnica para produzir ou fornecer o produto desejado. Deve ser
analisado se o fornecedor tem também um programa de desenvolvimento e melhoria do
produto, se o fornecedor pode auxiliar a empresa cliente na melhoria de seus produtos,
dentre outros fatores. Esses elementos combinados poderão aumentar ou reduzir o custo
dos produtos comprados. Além disso, o fornecedor pode sugerir mudanças na especificação
do produto que irão melhorá-lo e reduzir seu custo.
•      Capacidade de produção: a produção da empresa fornecedora deve ser capaz de
satisfazer às especificações do produto de forma consistente, ao mesmo tempo produzindo
o menor número de defeitos possíveis. As dependências de produção do fornecedor devem
47

ser capazes de oferecer a qualidade e a quantidade exigidas. Para isso, o fornecedor deve
tem um programa de controle da qualidade, pessoal de produção competente e capaz e bons
sistemas de planejamento e controle de produção. Esses elementos garantem que o
fornecedor pode suprir a qualidade e quantidade desejadas.
•      Confiabilidade: o fornecedor selecionado deve ser confiável, reputado e
financeiramente sólido. Para uma parceria de longo prazo deve haver uma confiança mútua
e a garantia de que o fornecedor tenha solidez financeira para permanecer no negócio.
•      Serviço pós-venda: caso o produto seja de natureza técnica, necessitará de peças de
reposição ou apoio técnico é importante que o comprador verifique se a empresa
fornecedora oferece um bom serviço de atendimento pós-venda. Isso inclui um atendimento
bem organizado e um estoque adequado de peças sobressalentes.
•      Localização do fornecedor: em alguns casos, é necessário que o fornecedor esteja
próximo ao comprador, ou pelo menos que ele mantenha um estoque local. A localização
próxima auxilia na redução dos tempos de entrega e significa que os produtos em falta
podem ser entregues rapidamente. Embora seja importante, a localização dos fornecedores
não é definitiva na definição da fonte de fornecimento. Hoje, é possível adquirir materiais e
produtos em qualquer parte do mundo e para isso há os diversos modais de transporte que
podem ser adequados à necessidade de entrega dos produtos e materiais em diferentes
localidades.
•      Outras considerações: algumas vezes, outros fatores como termos de crédito,
negócio recíproco e disposição do fornecedor no sentido de reservar um estoque para o
comprador, devem ser considerados.
•      Preço: o fornecedor deve ser capaz de oferecer preços competitivos. Porém, é
importante que o comprador saiba que isso não significa o preço mais baixo, mas sim que o
fator preço envolve outros aspectos como quantidade e qualidade correta, tempo desejado e
outros serviços que sejam agregados ao produto.


2.6.1 Métodos para seleção de Fornecedores


       Segundo Aguezzoul e Ladet (2006) apud Pelá (2010), dois aspectos devem ser
considerado quando da escolha de fornecedores. Um deles refere-se ao número de
48

fornecedores que a empresa pretende ter e que tipo de relação será estabelecida com esses
fornecedores. O outro aspecto é justamente qual o método que a empresa pretende utilizar
para definir seus fornecedores. Se o objetivo da empresa é ter uma relação duradoura e
colaborativa com seus fornecedores certamente seu número deve ser reduzido para que a
empresa possa geri-los de maneira mais eficaz.
       Assim, segundo Pelá (2010), a categorização dos fornecedores se torna relevante,
pois agrupar os fornecedores em função de seus posicionamentos estratégicos e da
criticidade de seus produtos ajuda a empresa a administrá-los. De acordo com Aguezzoul e
Ladet (2006) apud Pelá (2010), pode-se classificá-los da seguinte forma:


•      Parceiros: fornecedores com os quais a empresa pretende manter um forte
relacionamento de longo prazo, incluindo compartilhamento de informações estratégicas.
•      Estratégicos: fornecedores que possuem um impacto importante no desempenho da
empresa. Sem esses fornecedores a empresa teria dificuldades de funcionar. Nesse caso, a
interação entre fornecedores e a empresa é de curto prazo.
•      Localizados: os fornecedores possuem tecnologia, porém capacidade limitada.
Normalmente estão localizados em zonas geográficas específicas e, normalmente são
utilizados pelas empresas quando estas estão desenvolvendo novos produtos.
•      Preferenciais: esses fornecedores oferecem produtos ou serviços para os quais
existem vários outros fornecedores. Considera-se que o numero ideal dessa categoria de
fornecedores deve ser limitado entre dois ou três.
•      Gerais: fornecedores que possuem pouco impacto no desempenho da empresa. Esse
tipo de fornecedor poder ser facilmente encontrado, principalmente na internet.


       Por meio dessa classificação dos fornecedores é possível destacar alguns diferentes
posicionamentos da empresa. Nos casos de fornecedores preferenciais ou gerais a empresa
não precisa despender um grande esforço na escolha de um modelo para seleção de
fornecedores, pois isso implica em custos que não traria para a empresa grande melhoria no
processo decisório (PELÁ 2010).
       Segundo Pelá (2010), para os fornecedores estratégicos a empresa também não
precisa estabelecer critérios para selecioná-los. Na verdade, esses fornecedores são auto-
49

selecionados. Porém, é importante que a empresa perceba quais os fatores que os
diferenciam como qualidade muito elevada ou tecnologia para que seja possível o
desenvolvimento de outros fornecedores, configurando uma situação de “parceria”.
       Já no caso de fornecedores localizados é importante que os mesmos sejam
selecionados por nichos. Dessa forma, modelos de seleção de fornecedores podem ser
direcionados de forma mais abrangente para selecionar um conjunto localizado de
fornecedores. Cada nicho de fornecedores possui critérios homogêneos como qualidade do
produto, tipos de processo, preço entre outros (PELÁ 2010).
       Pelá (2010) finaliza afirmando que os fornecedores parceiros devem ser melhor
analisados no processo de escolha, pois são realizados maiores investimentos nesse tipo de
desenvolvimento e também há maiores trocas de conhecimentos e informações com esses
fornecedores. Isso quer dizer que uma definição de critérios e modelos de seleção desses
fornecedores é requerida e muito relevante para o desempenho tanto da empresa cliente
quanto da empresa fornecedora.
       Aguezzoul e Ladet (2006) apud Pelá (2010) apresentam uma breve abordagem dos
modelos que auxiliam no processo de seleção de fornecedores. O objetivo é apresentar as
características principais de cada modelo e fazer uma comparação entre eles, conforme o
quadro 2.




Quadro 2 – Panorama dos modelos de seleção de fornecedores.
Fonte: Aguezzoul e Ladet, 2006 apud PELÁ, 2010.
50

       Aguezzoul e Ladet (2006) apud Pelá (2010) apresentam um resumo sucinto de cada
abordagem:


•      Modelos de Ponderação: Métodos mais importantes - AHP (Analytic Hierarchy
Process) ou MAH (Método de Análise Hierárquica) e FST (Fuzzy Sets Theory) ou Lógica
fuzzy / Lógica Difusa. Nesses modelos os problemas devem ser subdividos em critérios e
posteriormente utilizados sob a experiência dos gestores ou simulações para traduzir o grau
de importância relativa aos critérios. O Método AHP é um método que se diferencia por seu
algorotimo de determinação dos pesos dos critérios, ue fundamenta-se em no conceito de
combinação binária de cada nível hierárquico de acordo com os elementos do nível
superior. No promeiro nível se encontram informações referentes aos critérios principais.
No segundo nível são considerados os critérios secundários assossiados a cada um dos
critérios principais e assim por diante, sendo que o último nível de interação oferece
informações dos fornecedores potenciais. Este método é totalmente dependente do
julgamento do comprador. O FST é uma teoria que considera grande parte de variáveis do
processo decisório, sendo possivel modelar a incerteza e imprecisão relativa aos valores dos
pesos atribuídos aos critérios, uma vez que as simulações dos comportamentos das várias
variaveis tem como objetivo reduzir os riscos das previsões. A classificação dessa teoria
como modelo de ponderação se justifica, sobretudo, nas relações fuzzy, em que uma função
binária traduz a pertinêcia do critério para decisão.
•      Modelos de Programação Matemática: baseados em uma função que pode se
maximizada para os casos de rendimentos ou minimizadas para os casos de custo, sendo
possível a inclusão de restrições, tanto sobre os fornecedores como sobre os compradores.
Os modelos dessa classificação são subclassificados em lineares – se a função objetivo e
suas restrições forem lineares ou não linear – se tais condições não forem satisfeitas. O
segundo qualificador do modelo de programação está ligado à natureza de suas variáveis,
que podem ser puras, e nesse caso se omitir a classificação, ou mistas, quando na função
objetivo são colocados parâmetros de dimensões diferentes. Como modelo de programação
matemática não-linear inteira pode-se citar o Modelo de Hong e Hayya (1992); como
modelos de programação matemática Não Linear a variáveis mistas pode-se citar: Modelo
de Ghodsypour e O’Brien (20001), MOP (Multi-Objectives Programming) e o DEA (Data
51

Envelopment Analysis) e Como modelo de programação matemática Lineares a variáveis
mistas podem-se citar os: Modelo de Chaudhry, Forst e Zydiac (1993), o Modelo de
Jayaraman, Srivastava e Benton (1999) e Modelo de Murthy, Soni e Ghosh (2004).
•      Métodos Baseados no Custo Total: dentre as técnicas desse método econtra-se o
TCO (Total Cost Ownership) e o ABC (Activity Based Costing). Essas técnicas são
consideravelmente complexas e necessitam de um cálculo robusto dos custos gerados pelas
atividades que intervém na operação de compras. O Método ABC, no contexto de seleção
de fornecedores consiste em classificar, por ordem decrescente, as compras a serem
realizadas nos fornecedores em três categorias diferentes: 20% dos fornecedores (classe A)
representam 80% do valor das compras; 30% (fornecedores classe B) representam 15% do
valor das aquisições e 50% (fornecedores classe C) representam 5% dos totais das compras.
Já o método TCO é um método de rateio de custos que necessita do cálculo dos custos total
de compras de um produto. Porém, o custo total inclui o preço de compra e todos os custos
operacionais adjacentes, como qualidade, inspeção, etc.
•      Modelos Estatísticos e Probabilísticos: estes modelos utilizam técnicas estatísticas
avançadas para modelar o comportamento dos fornecedores e oferecer uma decisão mais
vantajosa em termos de riscos. Por meio do Payoff Matrix é possível definir vários cenários
de comportamento futuro dos fornecedores. Em cada um dos cenários uma nota provável é
associada de acordo com os critérios pré-definidos, sendo que o fornecedor escolhido será o
que possuir uma nota estável para diferentes cenários. O Método VPA consiste na tomada
de uma função probabilística para cada fornecedor de acordo com cada critério definido e,
por simulação, é possível estimar o comportamento dos fornecedores. O MNL é um modelo
de regressão que representa a possibilidade de escolher uma alternativa dentre um conjunto
de possibilidades. A alternativa (perfil) é definida de acordo com o nível de importância
dos critérios. O UT é considerado com parte da teoria dos jogos. Esse modelo consiste em
fazer um estudo das decisões subjetivas sobre os fornecedores através da descrição destas
de forma qualitativa. Uma das aplicações para esse modelo é quando se trabalha com
fornecedores internacionais. O FA permite analisar as relações entre os critérios de seleção
de fornecedores, a contribuição destes para a melhoria do desempenho do produto, as
quatro dimensões de satisfação do cliente e o desempenho global da empresa. O ISM
permite determinar as relações entre os critérios e seus níveis de importância para a
52

classificação em setores. Através de sua representação gráfica, esse método permite
identificar os critérios dependentes e os independentes entre si. Finalizando, o método CA
permite agrupar os fornecedores em grupos (clusters) segundo as notas individuais obtidas
nos critérios considerados na análise. As diferenças entre os fornecedores do mesmo nível
devem ser mínimas enquanto que as diferenças entre fornecedores de grupos diferentes
devem ser significativas.
       Aguezzoul e Ladet (2006) apud Pelá (2010) sumarizam as principais vantagens e
inconvenientes das categorias de seleção de fornecedores. As informações apresentadas no
quadro 3 norteiam os gestores no momento da escolha do modelo de seleção de
fornecedores que mais se adequa à empresa.




Quadro 3 – Vantagens e inconvenientes dos diferentes métodos de seleção de fornecedores.
Fonte: Aguezzoul e Ladet, 2006 apud Pelá, 2010.


       Aguezzoul e Ladet (2006) apud Pelá (2010) ainda relacionam no quadro 4 os
principais tipos de aquisição e as etapas do processo de seleção de fornecedores com os
modelos apresentados nesse trabalho.
53




Quadro 4 – Método de seleção de fornecedores segundo o tipo de aquisição
Fonte: Aguezzoul e Ladet, 2006 apud Pelá, 2010.


2.6.2 Critérios para desenvolvimento de Fornecedores


       Cada empresa seleciona seus fornecedores segundo seus próprios critérios. Esses
critérios vão em encontro das estratégias gerais da empresa ou de estratégias momentâneas.
Porém, segundo Aguezzoul e Ladet (2006) apud Pelá (2010) existem estudos empíricos que
demonstram que há critérios de seleção comuns dentre as empresas, conforme o quadro 5.
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças
Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças

More Related Content

What's hot

Desenvolvimento de fornecedores tiago lemos
Desenvolvimento de fornecedores tiago lemosDesenvolvimento de fornecedores tiago lemos
Desenvolvimento de fornecedores tiago lemoscomitesestrategicospoa
 
Selecção e Qualificação de Fornecedores - Relação Cliente Fornecedor
Selecção e Qualificação de Fornecedores -  Relação Cliente FornecedorSelecção e Qualificação de Fornecedores -  Relação Cliente Fornecedor
Selecção e Qualificação de Fornecedores - Relação Cliente FornecedorSérgio Assunção
 
10 estratégias para a gestão de fornecedores
10 estratégias para a gestão de fornecedores10 estratégias para a gestão de fornecedores
10 estratégias para a gestão de fornecedoresManuel Teixeira
 
Aula 2 controle da qualidade total
Aula 2  controle da qualidade totalAula 2  controle da qualidade total
Aula 2 controle da qualidade totalinstitutocarvalho
 
Gestão da Qualidade e do Ambiente
Gestão da Qualidade e do AmbienteGestão da Qualidade e do Ambiente
Gestão da Qualidade e do Ambientezbam
 
Gestão da Qualidade nas Organizações
Gestão da Qualidade nas OrganizaçõesGestão da Qualidade nas Organizações
Gestão da Qualidade nas OrganizaçõesAdeildo Caboclo
 
Gestão da qualidade e produtividade
Gestão da qualidade e produtividade  Gestão da qualidade e produtividade
Gestão da qualidade e produtividade Mariana Nepomuceno
 
Engenharia de qualidade
Engenharia de qualidadeEngenharia de qualidade
Engenharia de qualidadePaulo Henrique
 
A Administração da Qualidade e a filosofia da Qualidade Total
A Administração da Qualidade e a filosofia da Qualidade TotalA Administração da Qualidade e a filosofia da Qualidade Total
A Administração da Qualidade e a filosofia da Qualidade TotalAntonio Marcos Montai Messias
 
35 artigo sistema qualidade x controladoria
35 artigo sistema qualidade x controladoria35 artigo sistema qualidade x controladoria
35 artigo sistema qualidade x controladoriaAmanda Fraga
 
Gestão da qualidade
Gestão da qualidadeGestão da qualidade
Gestão da qualidadeCarlos Sousa
 
Indicadores Em Compras
Indicadores Em ComprasIndicadores Em Compras
Indicadores Em ComprasInformaGroup
 

What's hot (20)

Desenvolvimento de fornecedores tiago lemos
Desenvolvimento de fornecedores tiago lemosDesenvolvimento de fornecedores tiago lemos
Desenvolvimento de fornecedores tiago lemos
 
Selecção e Qualificação de Fornecedores - Relação Cliente Fornecedor
Selecção e Qualificação de Fornecedores -  Relação Cliente FornecedorSelecção e Qualificação de Fornecedores -  Relação Cliente Fornecedor
Selecção e Qualificação de Fornecedores - Relação Cliente Fornecedor
 
10 estratégias para a gestão de fornecedores
10 estratégias para a gestão de fornecedores10 estratégias para a gestão de fornecedores
10 estratégias para a gestão de fornecedores
 
Aula 2 controle da qualidade total
Aula 2  controle da qualidade totalAula 2  controle da qualidade total
Aula 2 controle da qualidade total
 
Gestão da Qualidade e do Ambiente
Gestão da Qualidade e do AmbienteGestão da Qualidade e do Ambiente
Gestão da Qualidade e do Ambiente
 
Gestão da Qualidade nas Organizações
Gestão da Qualidade nas OrganizaçõesGestão da Qualidade nas Organizações
Gestão da Qualidade nas Organizações
 
Apostila ad qual fusco 2016
Apostila ad qual fusco 2016Apostila ad qual fusco 2016
Apostila ad qual fusco 2016
 
Custos da qualidade
Custos da qualidadeCustos da qualidade
Custos da qualidade
 
Gestão da qualidade e produtividade
Gestão da qualidade e produtividade  Gestão da qualidade e produtividade
Gestão da qualidade e produtividade
 
Engenharia da qualidade
Engenharia da qualidadeEngenharia da qualidade
Engenharia da qualidade
 
Custos e qualidade
Custos e qualidade  Custos e qualidade
Custos e qualidade
 
Engenharia de qualidade
Engenharia de qualidadeEngenharia de qualidade
Engenharia de qualidade
 
A Administração da Qualidade e a filosofia da Qualidade Total
A Administração da Qualidade e a filosofia da Qualidade TotalA Administração da Qualidade e a filosofia da Qualidade Total
A Administração da Qualidade e a filosofia da Qualidade Total
 
35 artigo sistema qualidade x controladoria
35 artigo sistema qualidade x controladoria35 artigo sistema qualidade x controladoria
35 artigo sistema qualidade x controladoria
 
Gestão da qualidade
Gestão da qualidadeGestão da qualidade
Gestão da qualidade
 
Gestão de qualidade (slides)
Gestão de qualidade (slides)Gestão de qualidade (slides)
Gestão de qualidade (slides)
 
Aula 1 controle de qualidade na ind. de alimentos
Aula 1   controle de qualidade na ind. de alimentosAula 1   controle de qualidade na ind. de alimentos
Aula 1 controle de qualidade na ind. de alimentos
 
Indicadores Em Compras
Indicadores Em ComprasIndicadores Em Compras
Indicadores Em Compras
 
Engenharia da qualidade
Engenharia da qualidadeEngenharia da qualidade
Engenharia da qualidade
 
Apoio á qualidade
Apoio á qualidadeApoio á qualidade
Apoio á qualidade
 

Viewers also liked

Monografia: DESENVOLVIMENTO DA INTERFACE DE UM PORTAL DE FORNECEDORES PARA IN...
Monografia: DESENVOLVIMENTO DA INTERFACE DE UM PORTAL DE FORNECEDORES PARA IN...Monografia: DESENVOLVIMENTO DA INTERFACE DE UM PORTAL DE FORNECEDORES PARA IN...
Monografia: DESENVOLVIMENTO DA INTERFACE DE UM PORTAL DE FORNECEDORES PARA IN...Janderson Araujo
 
AdministraçãO De Recursos Materiais E Patrimoniais Slidesaulas
AdministraçãO De Recursos Materiais E Patrimoniais SlidesaulasAdministraçãO De Recursos Materiais E Patrimoniais Slidesaulas
AdministraçãO De Recursos Materiais E Patrimoniais Slidesaulasguestb54373
 
Gestão de compras
Gestão de comprasGestão de compras
Gestão de comprasDanilo Pires
 

Viewers also liked (6)

Monografia: DESENVOLVIMENTO DA INTERFACE DE UM PORTAL DE FORNECEDORES PARA IN...
Monografia: DESENVOLVIMENTO DA INTERFACE DE UM PORTAL DE FORNECEDORES PARA IN...Monografia: DESENVOLVIMENTO DA INTERFACE DE UM PORTAL DE FORNECEDORES PARA IN...
Monografia: DESENVOLVIMENTO DA INTERFACE DE UM PORTAL DE FORNECEDORES PARA IN...
 
Selecao de Fornecedores
Selecao de FornecedoresSelecao de Fornecedores
Selecao de Fornecedores
 
Gestão de Fornecedores
Gestão de FornecedoresGestão de Fornecedores
Gestão de Fornecedores
 
Aula Compras
Aula ComprasAula Compras
Aula Compras
 
AdministraçãO De Recursos Materiais E Patrimoniais Slidesaulas
AdministraçãO De Recursos Materiais E Patrimoniais SlidesaulasAdministraçãO De Recursos Materiais E Patrimoniais Slidesaulas
AdministraçãO De Recursos Materiais E Patrimoniais Slidesaulas
 
Gestão de compras
Gestão de comprasGestão de compras
Gestão de compras
 

Similar to Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças

Sistemas de informação
Sistemas de informaçãoSistemas de informação
Sistemas de informaçãoPaula Goncalves
 
Projeto Gestão da Qualidade
Projeto Gestão da QualidadeProjeto Gestão da Qualidade
Projeto Gestão da Qualidademanskinho
 
Cattini a industrialização da intimidade em serviços
Cattini a industrialização da intimidade em serviçosCattini a industrialização da intimidade em serviços
Cattini a industrialização da intimidade em serviçosOrlando Cattini Junior
 
Concepção e análise de modelos de negócios por meio do Business Model Canvas
Concepção e análise de modelos de negócios por meio do Business Model CanvasConcepção e análise de modelos de negócios por meio do Business Model Canvas
Concepção e análise de modelos de negócios por meio do Business Model CanvasÉverton M. Gava
 
ESTRATÉGIA DE REAÇÃO EM CALL CENTER: UMA PROPOSTA DE ARQUITETURA
ESTRATÉGIA DE REAÇÃO EM CALL CENTER: UMA PROPOSTA DE ARQUITETURAESTRATÉGIA DE REAÇÃO EM CALL CENTER: UMA PROPOSTA DE ARQUITETURA
ESTRATÉGIA DE REAÇÃO EM CALL CENTER: UMA PROPOSTA DE ARQUITETURASabrina Mariana
 
MODELOS MULTICRITERIAIS DE APOIO À DECISÃO: O MÉTODO AHP COMO AUXILIO À SELE...
MODELOS MULTICRITERIAIS DE APOIO À DECISÃO: O MÉTODO  AHP COMO AUXILIO À SELE...MODELOS MULTICRITERIAIS DE APOIO À DECISÃO: O MÉTODO  AHP COMO AUXILIO À SELE...
MODELOS MULTICRITERIAIS DE APOIO À DECISÃO: O MÉTODO AHP COMO AUXILIO À SELE...Mylena Cristina Rezende Pacheco
 
MODELO DE GESTÃO DE OPERAÇÕES PARA EMPRESAS DE SERVIÇOS EM CENÁRIOS DE CRISE
MODELO DE GESTÃO DE OPERAÇÕES PARA EMPRESAS DE SERVIÇOS EM CENÁRIOS DE CRISEMODELO DE GESTÃO DE OPERAÇÕES PARA EMPRESAS DE SERVIÇOS EM CENÁRIOS DE CRISE
MODELO DE GESTÃO DE OPERAÇÕES PARA EMPRESAS DE SERVIÇOS EM CENÁRIOS DE CRISEFredjoger Mendes
 
Monografia Carlos Maciel Ciências Contábeis 2011
Monografia Carlos Maciel Ciências Contábeis 2011Monografia Carlos Maciel Ciências Contábeis 2011
Monografia Carlos Maciel Ciências Contábeis 2011Biblioteca Campus VII
 
Diretrizes estrategicas-para-uma-clinica-odontologica
Diretrizes estrategicas-para-uma-clinica-odontologicaDiretrizes estrategicas-para-uma-clinica-odontologica
Diretrizes estrategicas-para-uma-clinica-odontologicaDaniela Ferreira
 
Sistema de gestão da qualidade e saúde e segurança do trabalho na construção ...
Sistema de gestão da qualidade e saúde e segurança do trabalho na construção ...Sistema de gestão da qualidade e saúde e segurança do trabalho na construção ...
Sistema de gestão da qualidade e saúde e segurança do trabalho na construção ...João Luiz Lellis da Silva
 
Tese carlos alberto_murad
Tese carlos alberto_muradTese carlos alberto_murad
Tese carlos alberto_muradThiago Abraão
 
Resenha de logítica
Resenha de logíticaResenha de logítica
Resenha de logítica Grupo Fleury
 
Como Atrair e Reter Talentos no Varejo
Como Atrair e Reter Talentos no VarejoComo Atrair e Reter Talentos no Varejo
Como Atrair e Reter Talentos no VarejoKatiuscia Marques
 
Utilização da ferramenta VMI – Vendor Managed Inventory em uma empresa do set...
Utilização da ferramenta VMI – Vendor Managed Inventory em uma empresa do set...Utilização da ferramenta VMI – Vendor Managed Inventory em uma empresa do set...
Utilização da ferramenta VMI – Vendor Managed Inventory em uma empresa do set...Marcelo Afonso Knakiewicz
 

Similar to Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças (20)

Caio
CaioCaio
Caio
 
Projeto final
Projeto finalProjeto final
Projeto final
 
Sistemas de informação
Sistemas de informaçãoSistemas de informação
Sistemas de informação
 
Gestao macroprocesso
Gestao macroprocessoGestao macroprocesso
Gestao macroprocesso
 
Projeto Gestão da Qualidade
Projeto Gestão da QualidadeProjeto Gestão da Qualidade
Projeto Gestão da Qualidade
 
Cattini a industrialização da intimidade em serviços
Cattini a industrialização da intimidade em serviçosCattini a industrialização da intimidade em serviços
Cattini a industrialização da intimidade em serviços
 
Modelo SCOR
Modelo SCORModelo SCOR
Modelo SCOR
 
Concepção e análise de modelos de negócios por meio do Business Model Canvas
Concepção e análise de modelos de negócios por meio do Business Model CanvasConcepção e análise de modelos de negócios por meio do Business Model Canvas
Concepção e análise de modelos de negócios por meio do Business Model Canvas
 
ESTRATÉGIA DE REAÇÃO EM CALL CENTER: UMA PROPOSTA DE ARQUITETURA
ESTRATÉGIA DE REAÇÃO EM CALL CENTER: UMA PROPOSTA DE ARQUITETURAESTRATÉGIA DE REAÇÃO EM CALL CENTER: UMA PROPOSTA DE ARQUITETURA
ESTRATÉGIA DE REAÇÃO EM CALL CENTER: UMA PROPOSTA DE ARQUITETURA
 
Gestao de cadeia de suprimento
Gestao de cadeia de suprimentoGestao de cadeia de suprimento
Gestao de cadeia de suprimento
 
MODELOS MULTICRITERIAIS DE APOIO À DECISÃO: O MÉTODO AHP COMO AUXILIO À SELE...
MODELOS MULTICRITERIAIS DE APOIO À DECISÃO: O MÉTODO  AHP COMO AUXILIO À SELE...MODELOS MULTICRITERIAIS DE APOIO À DECISÃO: O MÉTODO  AHP COMO AUXILIO À SELE...
MODELOS MULTICRITERIAIS DE APOIO À DECISÃO: O MÉTODO AHP COMO AUXILIO À SELE...
 
MODELO DE GESTÃO DE OPERAÇÕES PARA EMPRESAS DE SERVIÇOS EM CENÁRIOS DE CRISE
MODELO DE GESTÃO DE OPERAÇÕES PARA EMPRESAS DE SERVIÇOS EM CENÁRIOS DE CRISEMODELO DE GESTÃO DE OPERAÇÕES PARA EMPRESAS DE SERVIÇOS EM CENÁRIOS DE CRISE
MODELO DE GESTÃO DE OPERAÇÕES PARA EMPRESAS DE SERVIÇOS EM CENÁRIOS DE CRISE
 
Monografia Carlos Maciel Ciências Contábeis 2011
Monografia Carlos Maciel Ciências Contábeis 2011Monografia Carlos Maciel Ciências Contábeis 2011
Monografia Carlos Maciel Ciências Contábeis 2011
 
Diretrizes estrategicas-para-uma-clinica-odontologica
Diretrizes estrategicas-para-uma-clinica-odontologicaDiretrizes estrategicas-para-uma-clinica-odontologica
Diretrizes estrategicas-para-uma-clinica-odontologica
 
Sistema de gestão da qualidade e saúde e segurança do trabalho na construção ...
Sistema de gestão da qualidade e saúde e segurança do trabalho na construção ...Sistema de gestão da qualidade e saúde e segurança do trabalho na construção ...
Sistema de gestão da qualidade e saúde e segurança do trabalho na construção ...
 
Tese carlos alberto_murad
Tese carlos alberto_muradTese carlos alberto_murad
Tese carlos alberto_murad
 
Resenha de logítica
Resenha de logíticaResenha de logítica
Resenha de logítica
 
Controle de Estoque
Controle de EstoqueControle de Estoque
Controle de Estoque
 
Como Atrair e Reter Talentos no Varejo
Como Atrair e Reter Talentos no VarejoComo Atrair e Reter Talentos no Varejo
Como Atrair e Reter Talentos no Varejo
 
Utilização da ferramenta VMI – Vendor Managed Inventory em uma empresa do set...
Utilização da ferramenta VMI – Vendor Managed Inventory em uma empresa do set...Utilização da ferramenta VMI – Vendor Managed Inventory em uma empresa do set...
Utilização da ferramenta VMI – Vendor Managed Inventory em uma empresa do set...
 

Seleção de Fornecedores com AHP em Indústria de Autopeças

  • 1. 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO O MÉTODO DE ANÁLISE HIERÁRQUICA APLICADO À SELEÇÃO DE FORNECEDORES EM UMA INDÚSTRIA DE AUTOPEÇAS Adriana dos Santos de Toledo SÃO CARLOS 2011
  • 2. 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO O MÉTODO DE ANÁLISE HIERÁRQUICA APLICADO À SELEÇÃO DE FORNECEDORES EM UMA INDÚSTRIA DE AUTOPEÇAS Adriana dos Santos de Toledo Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão da Produção do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de São Carlos-SP, para obtenção do título de Especialista em Gestão da Produção. SÃO CARLOS 2011
  • 3. 3 Orientador Prof.Me.Fabio Molina da Silva
  • 4. 4 Homens superficiais acreditam na sorte, homens fortes acreditam em causa e efeito. Ralph Emerson
  • 5. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço, em primeiro lugar, a Deus, que me iluminou durante esta caminhada e por todas as coisas maravilhas que tem feito em minha vida; À minha mãe, Isaura de Toledo, meu porto de abrigo e meu apoio, a quem devo tudo o que eu sou; A minha avó Maria Rita e meu avô Vicente (in memorian); Ao meu orientador, professor Fábio Molina da Silva, pelas cobranças, exigências, dinamismo, confiança e por acreditar em meu potencial; A todos meus amigos que me apoiaram e fizeram o possível para me ajudar; Ao Edson Sanches pela indispensável ajuda na formatação deste material.
  • 6. 6 RESUMO A adequada gestão da cadeia de suprimento tem significado paras as empresas uma nova fronteira a fim de se obter vantagens competitivas de forma efetiva. Através da gestão da cadeia de suprimentos, as empresas devem definir suas estratégias competitivas por meio de posicionamento dentro das cadeias produtivas as quais pertencem, tanto como fornecedoras quanto como clientes. Além disso, quando a empresa visualiza-se como elo importante dessa cadeia, essa visão introduz uma importante mudança no seu desenvolvimento frente aos concorrentes. O objetivo básico da gestão da cadeia de suprimento é tornar realidade as possíveis sinergias entre as partes da cadeia produtiva, de forma a melhor atender o consumidor final. Nesse sentido, a gestão da cadeia de suprimento engloba a gestão de elementos, como matérias-primas, manufatura, montagem e distribuição ao consumidor final. Diante do exposto, o foco deste trabalho foi analisar a importância da integração das empresas com seus fornecedores e apresentar rapidamente vários métodos comuns aplicados à seleção dos mesmos. A pesquisa apoiou-se em estudo de caso numa indústria de autopeças em processo de internacionalização que, diante do novo cenário, apresenta dificuldades para definir o perfil do fornecedor mais adequado a atender suas necessidades atuais. Dessa forma, este trabalho visou analisar o problema apresentado pela empresa e a aplicação do Método de Análise Hierárquica (AHP) demonstrando que, por meio desse método, empresas podem estruturar a tomada de decisão em relação à definição da fonte de suprimento, considerando critérios estabelecidos não apenas pela área de compras, mas por todos os envolvidos no processo de seleção de fornecedores. Palavras-Chave: Gestão da Cadeia de Suprimento, Seleção de fornecedor, Métodos para Seleção de Fornecedores, Método de Análise Hierárquica (MAH).
  • 7. 7 ABSTRACT The appropriate supply chain management has been meaning to the companies a new frontier for them to obtain competitive advantages in an effective way. Through the supply chain management the companies should define their competitive strategies aligning themselves as supplier and customer in the productive chain that they belong to. Moreover, when the companies notice themselves as an important link of this chain, this new point of view, introduce an important change on the development of the company head their competitors. The basic goal of the supply chain management is to become true the possible synergies between the parts of the productive chain in a way to better attend the final customer. Toward this, the supply chain management includes elements like: raw-material, manufacture, assembly and distribution to the final customer. In view of current discussions on the subject, this research work aims to analyze the importance of the integration between the companies and their suppliers and briefly introduce the several most common methods that are applied on supplier selection. The research model is based on case study on an industry of auto parts that is passing through a process of internationalisation and, in this new scenario, has been facing difficulties to define which supplier would be the suitable one to meet its requirements. In this way, the main goal of this work is to analyze the problem presented by the company and apply the Analytic Hierarchy Process (AHP) demonstrating how, through this method, the companies can structure the decision making about the supply source, taking into consideration the criterias established, not only by the purchase department, but also by all the involved on the process of supplier selection. Keywords: Supply Chain Management, Supplier Selection, Methods for Supplier Selection, Analytic Hierarchy Process (AHP).
  • 8. 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Modelo geral da cadeia de suprimentos ..................................................... 15 Figura 2 Esquema de desenvolvimento do trabalho ................................................ 20 Figura 3 Processo de evolução logística .................................................................. 22 Figura 4 Primeira fase da logística – Atuação Segmentada ..................................... 24 Figura 5 Segunda fase da logística – Integração Rígida .......................................... 26 Figura 6 Terceira fase da logística – Integração Flexível ........................................ 27 Figura 7 Quarta fase da logística – Integração Estratégica (SCM) .......................... 29 Figura 8 A Vantagem Competitiva e os “3 Cs” ....................................................... 32 Figura 9 Níveis da cadeia de suprimentos ................................................................ 34 Figura 10 Principais categorias de componentes do custo total de propriedade/TCO 41 Figura 11 Matriz de análise de valor dos itens comprados ........................................ 43 Figura 12 Algumas vantagens e desvantagens de fornecedores únicos e múltiplos .. 46 Figura 13 Estrutura do método AHP .......................................................................... 71 Figura 14 Estrutura da decisão hierárquica em três níveis ......................................... 78 Figura 15 Estrutura de preferências para os vários graus hierárquicos e a respectiva solução ....................................................................................................... 84
  • 9. 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Percepção da importância dos atributos dos fornecedores ........................... 56 Tabela 2 Projeto do experimento fatorial fracionário .................................................. 57 Tabela 3 Exemplo de avaliação de cenário para seleção de fornecedores ................... 57 Tabela 4 Atributos relevantes para seleção de fornecedores ....................................... 59 Tabela 5 Atributos relevantes para seleção de fornecedores ....................................... 61 Tabela 6 Informações complementares com relação aos critérios de seleção de fornecedores .................................................................................................. 77 Tabela 7 Escala fundamental de comparações binárias elaborada por Saaty .............. 79 Tabela 8 Preferência por Qualidade ............................................................................ 79 Tabela 9 Preferência por Custo ................................................................................... 79 Tabela 10 Preferência por Capacidade Técnica do Fornecedor .................................... 79 Tabela 11 Preferência por Segurança no Gerenciamento de Problemas ....................... 79 Tabela 12 Cálculos para Normalização do Critério Qualidade ..................................... 80 Tabela 13 Cálculos para Normalização do Critério Custo ............................................ 80 Tabela 14 Cálculos para Normalização da Capacidade Técnica do Fornecedor ........... 80 Tabela 15 Cálculos para Normalização da Segurança no Gerenciamento de Problemas ...................................................................................................... 80 Tabela 16 Cálculo da Média do Critério Qualidade ...................................................... 81 Tabela 17 Cálculo da Média do Critério Custo ............................................................. 81 Tabela 18 Cálculo da Média do Critério Capacidade Técnica do Fornecedor .............. 81 Tabela 19 Cálculo da Média do Critério Segurança no Gerenciamento de Problemas 81 Tabela 20 Matriz de Preferências .................................................................................. 82 Tabela 21 Comparação entre Critérios .......................................................................... 82 Tabela 22 Cálculo para Normalização dos Critérios ..................................................... 82 Tabela 22.1 Cálculo para Normalização dos Critérios ..................................................... 83 Tabela 22.2 Cálculo da Média dos Critérios .................................................................... 83 Tabela 23 Cálculo do Resultado Final ........................................................................... 83 Tabela 24 Matriz inicial da Comparação entre Critérios .............................................. 84
  • 10. 10 Tabela 24.1 Matriz Inicial Normalizada e Respectiva Média dos Critérios ..................... 85 Tabela 24.2 Totalização das Entradas .............................................................................. 85 Tabela 25 Vetor para Determinar λ Máximo ................................................................ 85 Tabela 26 Tabela do Índice Aleatório ........................................................................... 86
  • 11. 11 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Quadro evolutivo da logística ...................................................................... 23 Quadro 2 Panorama dos modelos de seleção de fornecedores .................................... 49 Quadro 3 Vantagens e inconvenientes dos diferentes métodos de seleção de fornecedores ................................................................................................ 52 Quadro 4 Método de seleção de fornecedores segundo o tipo de aquisição ............... 53 Quadro 5 Critérios de seleção de fornecedores ........................................................... 54 Quadro 6 Critérios de seleção de fornecedores .......................................................... 55 Quadro 7 Alguns meios comumente usados para mensurar o desempenho de compras ........................................................................................................ 67 Quadro 8 Critérios gerais considerados no processo de seleção de fornecedores ....... 74 Quadro 9 Pontuação dos critérios gerais considerados no processo de seleção de fornecedores ................................................................................................. 75 Quadro 10 Posicionamento dos quatro considerados como mais importante no processo de seleção de fornecedores por parte dos pesquisados ................. 75
  • 12. 12 SUMÁRIO RESUMO............................................................................................................................... 6 ABSTRACT .......................................................................................................................... 7 LISTA DE FIGURAS........................................................................................................... 8 LISTA DE TABELAS.......................................................................................................... 9 LISTA DE QUADROS....................................................................................................... 11 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 14 1.1 Objetivo .......................................................................................................................... 17 1.2 Justificativa..................................................................................................................... 18 1.3 Etapas do desenvolvimento do trabalho ......................................................................... 19 2 CADEIA DE SUPRIMENTOS ...................................................................................... 20 2.1 Introdução....................................................................................................................... 20 2.2 Evolução Logística da cadeia de suprimento ................................................................. 22 2.2.1 Atuação segmentada .................................................................................................... 23 2.2.2 Integração Rígida......................................................................................................... 25 2.2.3 Integração Flexível ...................................................................................................... 26 2.2.4 Integração Estratégica (SCM) ..................................................................................... 28 2.3 O PAPEL DA LOGÍSTICA NA CADEIA DE SUPRIMENTO .............................. 30 2.4 A CADEIA DE SUPRIMENTO E SEU GERENCIAMENTO................................ 33 2.5 COMPRAS .................................................................................................................... 37 2.6 DESENVOLVIMENTO DE FORNECEDORES...................................................... 41 2.6.1 Métodos para seleção de Fornecedores ....................................................................... 47 2.6.2 Critérios para desenvolvimento de Fornecedores........................................................ 53 2.6.3 Indicadores de Desempenho do Departamento de Compras ....................................... 62 2.7 O MÉTODO AHP ........................................................................................................ 67 2.7.1 Estrutura do método AHP ........................................................................................... 70 2.7.2 Descrição das etapas do método AHP......................................................................... 72 3. ESTUDO DE CASO ...................................................................................................... 73 3.1 Levantamento dos critérios............................................................................................. 74 3.2 Aplicação do Método de Análise Hierárquica (AHP) .................................................... 76
  • 13. 13 3.2.1 Definir o Problema e os Respectivos Critérios............................................................ 77 3.2.2 Construção da Estrutura de Decisão Hierárquica ........................................................ 77 3.2.3 Construção das matrizes de preferência para cada critério.......................................... 78 3.2.4 Normalizar as matrizes ................................................................................................ 80 3.2.5 Obter a média de cada critério..................................................................................... 81 3.2.6 Construir a matriz de prioridade.................................................................................. 81 3.2.7 Construir a matriz de comparação dos critérios .......................................................... 82 3.2.8 Obter o resultado final ................................................................................................. 83 3.2.9.1 Determinar a totalização das entradas ...................................................................... 85 3.2.9.2 Determinar o λ máximo............................................................................................ 85 3.2.9.3 Calcular o Índice de Coerência - IC ......................................................................... 86 3.2.9.4 Comparar o Índice de Coerência - IC com o Índice Aleatório - IA ......................... 86 4 CONCLUSÃO................................................................................................................. 87 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 88
  • 14. 14 1 INTRODUÇÃO Na década de 90 o tempo médio de processamento e entrega de mercadorias do estoque de um armazém para o cliente final girava em torno de 15 a 30 dias e, às vezes, até mais (BOWERSOX, CLOSS & COOPER, 2006). Isso ocorria pelo fato das atividades serem todas manuais e não integradas. O processo típico de um pedido envolvia atividades como: solicitação e transferência do pedido, o que normalmente acontecia via telefone, fax, EDI (intercâmbio eletrônico de dados) ou correio público. O pedido era encaminhando para aprovação de crédito. Aprovado, era registrado no armazém para fins de seleção e, somente então, o produto era embarcado para o cliente. Porém, nessa época, as chances de algo dar errado durante o processo eram muitas. Os problemas mais frequentes eram falta de estoque, ordem de serviço perdida ou fora de lugar, entrega mal direcionada, entre outras. Todos esses fatores de falhas elevavam rapidamente o tempo total de entrega do pedido ao cliente final (BOWERSOX, CLOSS & COOPER, 2006). Para contornar esses problemas, era comum que os varejistas, atacadistas e fabricantes mantivessem um numeroso estoque de produtos idênticos. Ainda segundo os autores, tais práticas de negócios reconhecidas no século XX, bem como a estrutura de canal de distribuição usada para levar a termo a entrega, desenvolveram-se em função de anos de experiências datadas desde a Revolução Industrial. Essas práticas assim permaneceram sem serem desafiadas, por falta de uma opção superior. Porém, ainda na década de 90, o mundo vivenciou um impacto profundo com o advento dos avanços da informática, da internet e de uma série de possibilidades acessíveis de transmissão de informação. A internet, operando em velocidade de rede, transformou-se em um meio econômico para conduzir transações e deslanchou o potencial da distribuição eletrônica (e- distribution) direta ao consumidor e entre empresas (B2B – Business to Business). A partir daí, uma economia globalizada surgiu rapidamente. Na era do comercio eletrônico, a realidade da conectividade B2B (Business to Business) tornou possível uma nova ordem de relacionamento de negócios chamada “gestão da cadeia de suprimentos” (BOWERSOX, CLOSS & COOPER, 2006).
  • 15. 15 Chopra e Meindl (2003) afirmam que a gestão da cadeia de suprimento engloba todos os estágios envolvidos, direta ou indiretamente, no atendimento ao pedido de um cliente. Dessa forma, a cadeia de suprimento não inclui apenas fabricantes e fornecedores, mas transportadoras, depósitos, varejistas e os próprios clientes. Bowersox, Closs e Cooper (2006) vão além dessa definição. De acordo com os autores, a gestão da cadeia de suprimento implica uma gestão de relacionamento multiempresas, inserida numa estrutura caracterizada por limitações de capacidade, de informações, competências essenciais, capital e restrição de recursos humanos. Portanto, a estrutura e a estratégia da cadeia de suprimentos resultam de esforços para conectar operacionalmente uma empresa aos clientes, assim como as redes de apoio à distribuição e aos fornecedores a fim de ganhar vantagens competitivas. Figura 1 – Modelo Geral da cadeia de suprimentos. Figura 1 - Modelo Geral da cadeia de suprimentos Fonte: Bowersox, Closs e Cooper, 2006. A figura 1 mostra os elementos que compõem a cadeia de suprimentos. Dentre eles, no que concerne à empresa integrada, há três elementos: compras, distribuição ao mercado e produção.
  • 16. 16 A inclusão de compras como elemento significativo a ser considerado surgiu justamente a partir do conceito de gestão da cadeia de suprimentos. Antes disso, a atividade de compras era considerada uma atividade gerencial burocrática ou de baixo nível, cuja responsabilidade era apenas a de executar e processar pedidos iniciados em algum outro lugar da organização. O papel da compra era obter o recurso desejado pelo preço de aquisição mais baixo possível de um fornecedor. Mas, o foco moderno na gestão da cadeia de suprimentos, com ênfase no relacionamento entre comprador e vendedor, elevou a compra para uma atividade de nível superior e estratégico. Segundo Bowersox, Closs e Cooper (2006), a crescente importância de compras pode ser traçada por muitos fatores, sendo o mais básico o reconhecimento do volume substancial de dólares despendidos em compras numa organização comum e suas economias potenciais pela abordagem estratégica na gestão da atividade. Dentre as atividades da área de compras, a mais relevante é o desenvolvimento do fornecedor correto, pois, atrelada a essa escolha, o comprador terá resolvido grande parte de suas considerações, como preço, prazo de entrega e qualidade corretos (de acordo com as especificações do comprador). Heinritz e Farrel (1979) consideram quatro os estágios para seleção do fornecedor: 1) levantamento de todas as fontes possíveis; 2) averiguação das qualificações e vantagens relativas de fontes potenciais; 3) negociações e seleção que leva à emissão de um pedido de lote inicial; e 4) pela experiência obtida por meio do lote inicial, o comprador estabelece uma relação continuada com o fornecedor ou revisa as medidas iniciais tomadas na busca da fonte ideal. As empresas estão inseridas em um ambiente globalizado e extremamente competitivo, onde todos os critérios devem ser analisados pelo comprador ao optar por uma determinada fonte. Perassa e Almeida (2000) citam disponibilidades, prazos, confiabilidade, transporte, inventários, políticas governamentais, tributos, know-how, barreiras do comprador e obviamente o comprometimento do fornecedor para com a empresa compradora como elementos importantes da cadeia de suprimentos, que analisados em conjunto, levam a empresa compradora a tomar a melhor decisão quanto à fonte de fornecimento ideal.
  • 17. 17 A área de compras de uma empresa é responsável por desenvolver fornecedores que possam melhor atender suas necessidades. Segundo Pozo (2004) pode-se citar como responsabilidade do departamento de compras a capacidade de obter materiais e produtos com qualidade certa, quantidade exata, tempo certo, preço vantajoso e fonte adequada. Partindo desse princípio ideal a todas as áreas de suprimento, Pozo (2004) enumera as seguintes metas fundamentais: a) Permitir continuidade de suprimentos para o perfeito fluxo de produção; b) Coordenar os fluxos com o mínimo de investimentos em estoques e adequado ao cumprimento dos programas; c) Comprar materiais e produtos aos mais baixos custos, dentro das especificações predeterminadas em qualidade, prazos e preços; d) Evitar o desperdício e obsolescência de materiais por meio de avaliação e percepção do mercado; e) Permitir à empresa uma posição competitiva, mediante negociações justas e credibilidade; f) Manter parceria com os fornecedores para crescer junto com a empresa. 1.1 Objetivo O objetivo geral deste trabalho é demonstrar como o Método de Análise Hierárquica pode ser usado como ferramenta de tomada de decisão no processo de seleção de fornecedores, com os seguintes objetivos específicos: a) Analisar as etapas e fatores de decisão no processo de seleção dos fornecedores; b) Atribuir valores para cada critério de acordo com a importância do mesmo dentro dos processos de aquisição e de acordo com a escala fundamental proposta pelo Método de Análise Hierárquica; c) Aplicar o Método de Análise Hierárquica; d) Verificar a influência de cada fator; e) Evidenciar e explicar a melhor alternativa da fonte de suprimento como resultado da aplicação do Método de Análise Hierárquica.
  • 18. 18 1.2 Justificativa A justificativa deste trabalho baseia-se na dificuldade encontrada na tomada de decisões no processo de seleção de fornecedores no mercado global, pois concorrentes deixaram de ser locais, então, todas as fontes disponíveis devem ser consideradas, não importando, nesse caso, em que local do globo o fornecedor se encontre. O que irá diferenciá-lo de seus concorrentes são justamente suas condições de fornecimento. Segundo Baily et al. (2000), as decisões de compras mais importantes dizem respeito à seleção da fonte de suprimento ideal, ou seja, se a decisão da fonte correta for tomada em uma situação particular, as necessidades de compras da empresa devem ser perfeitamente atendidas. Diante dessas circunstancias essa empresa receberia continuamente os bens ou serviços. Porém, a simplicidade dessa afirmativa contradiz a complexidade da tomada de decisão sobre fonte de suprimentos, pois, para se chegar à decisão correta, fatores como: entrega pontual, qualidade consistente, preço adequado, apoio técnico, entre outros, devem ser considerados. Heinritz e Farrel (1979) afirmam que, em geral, a seleção de uma fonte adequada resolve todas as considerações relativas às compras; a qualidade será a correta, as entregas serão feitas a tempo e os preços serão justos. Mas, ao mesmo tempo, os autores afirmam que o problema não é tão simples, pois há específicos padrões de compras para todos esses fatores e, de qualquer modo, sempre haverá problemas para se encontrar o fornecedor ideal. Sendo assim, é possível perceber a importância da gestão e seleção de fornecedores; além de ferramenta estratégica de integração em termos de cooperação, aproveitamento de infra-estruturas, ainda constitui-se elemento de redução de custo e aumentos de desempenho do processo de compras (PELÁ, 2010). Como ferramenta de auxílio na tomada da melhor decisão em relação à fonte de fornecimento, abordou-se o Método de Análise Hierárquica (MAH) – Analytic Hierarchy Process (AHP). Segundo Saaty (1980), o MAH é um método que diferencia por seu algoritmo de determinação dos pesos dos critérios, que se fundamenta no conceito de combinação binária de cada nível hierárquico de acordo com os elementos de nível superior. O primeiro nível dessa hierarquia contém informações relativas aos critérios principais, seguidos pelo segundo nível de critérios secundários associados a cada um dos
  • 19. 19 critérios principais e assim sucessivamente. O último nível da interação fornece indicações do fornecedor potencial. Esse método é extremamente dependente do julgamento do comprador ou do gestor do processo de escolha do fornecedor. 1.3 Etapas do desenvolvimento do trabalho O trabalho está estruturado em quatro etapas. A primeira consiste em uma pesquisa bibliográfica por meio da qual são demonstrados os conceitos principais para desenvolvimento do trabalho, como Supply Chain Management (Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos), Compras/Suprimentos e Análise Hierárquica (MAH), do inglês The Analytic hierarchy Process (AHP). Na segunda etapa foi desenvolvido o estudo de caso que consiste na escolha de um fornecedor em uma indústria de autopeças. Foram apresentados dois fornecedores para o grupo de componentes de borrachas, e através do Método de Análise Hierárquica, definiu- se a melhor opção. Os critérios considerados nessa análise apurados por meio de pesquisa com pessoas consideradas chave na indústria em questão. Para isso, apresentou-se aos respondentes 17 critérios, dentre os quais deverão optar por 5 deles, pontuando-os de 1 a 5, de acordo com sua importância. Na terceira etapa apresentaram-se os resultados de cada fornecedor e a justificativa pela opção do selecionado. Na quarta etapa conclui-se o estudo de caso. O esquema de desenvolvimento do trabalho pode ser visto na figura 2.
  • 20. 20 Figura 2 - Esquema de desenvolvimento do trabalho. 2 CADEIA DE SUPRIMENTOS 2.1 Introdução O conceito geral de cadeia de suprimentos parte do princípio de que não há nenhuma empresa isolada e auto-suficiente no mercado. O que existe é uma complexa e interligada cadeia de fornecedores e clientes, pela qual fluem matérias-primas, produtos intermediários, produtos acabados, informações e dinheiro, além de ser responsável pela viabilidade do abastecimento de mercados consumidores. De acordo com Chopra, Meindl et al. (2003), em uma cadeia de suprimentos típica, as matérias-primas são adquiridas, os itens são produzidos em uma ou mais fábricas e transportados para depósitos para armazenamento temporário, e então despachados para varejistas e clientes. Simchi-Levi, Kaminsky e Simchi-Levi (2003) afirmam que, como consequência, para reduzir os custos e aumentar o nível de serviço, as estratégias eficazes das cadeias de suprimentos devem considerar as interações nos vários níveis da cadeia. Ainda de acordo com Simchi-Levi, Kaminsky e Simchi-Levi (2003), a cadeia de suprimentos, referenciada também como rede logística, é constituída por fornecedores,
  • 21. 21 centros de produção, depósitos, centros de distribuição, varejistas e ainda por matéria- prima, estoque de produtos em processo e produtos acabados que fluem entre as instalações. Slack (1993) diz que as redes de suprimentos podem ser divididas em três níveis. A cadeia total de suprimentos é aquela que envolve todas as relações cliente-fornecedor desde a extração da matéria prima até a compra do produto pelo consumidor final. Já a cadeia de suprimentos imediata é aquela em que estão os fornecedores e consumidores com os quais as empresas fazem negócios diretamente. Finalmente, dentro da empresa em si está a cadeia de suprimentos local, com fluxos internos de materiais e informações entre departamentos células ou setores da operação. Christopher (1997) afirma que nenhuma organização pode desenvolver uma estratégia de vantagem competitiva que aperfeiçoe somente suas eficiências internas se ela fizer parte de uma cadeia de suprimentos mais ampla. A vantagem competitiva somente é alcançada quando o fluxo como um todo é mais eficiente e mais eficaz que dos concorrentes. Para Ballou (2006), que apresenta uma visão logística-operacional sobre o assunto, a cadeia de suprimentos é um conjunto de atividades funcionais (transportes, controle de estoques etc) que se repetem inúmeras vezes ao longo do canal pelo qual as matérias- primas vão sendo convertidas em produtos acabados, aos quais se agrega valor ao consumidor. O nota-se é que vários são os autores que conceituam cadeia de suprimento e que todos estão em sintonia com a definição dada pelo Council of Supply Chain Management (CSCM) – entidade internacional que visa promover o conhecimento nessa área para seus associados. Segundo uma das definições dadas pelo CSCM, a cadeia logística envolve o planejamento e gerenciamento de todas as atividades relacionadas ao recebimento e fornecimento, produção e todas as atividades de gerenciamento logístico. Mas, principalmente, seu papel mais importante está em considerar a coordenação e colaboração com canais parceiros, que podem ser fornecedores intermediários, terceirizados e clientes.
  • 22. 22 2.2 Evolução Logística da cadeia de suprimento Conforme Novaes (2007), o processo de evolução logística divide-se em quatro fases: atuação segmentada, integração rígida, integração flexível e integração estratégica (SCM). A figura 3 ilustra as fases: Figura 3 – Processo de evolução logística. Fonte: Novaes, 2007. Dallas e Morais (2006) ressaltam que esta é uma forma mais didática e clara de perceber a evolução da logística, mas, que as datas e as sequências não se aplicam a qualquer organização, tendo em vista fatores necessários para que ocorram tais mudanças. A modernização da estrutura organizacional; a interligação pela TI de todos os parceiros da cadeia e a implantação de sistemas de custo adequados aos objetivos não são observados ao mesmo tempo em todas as organizações. O quadro 1 apresenta a evolução resumida de cada fase.
  • 23. 23 Quadro 1 – Quadro evolutivo da logística Fonte: Novaes, 2007. 2.2.1 Atuação segmentada De acordo com Novaes (2007), a primeira fase da evolução logística teve seu desenvolvimento estimulado após a Segunda Guerra Mundial graças à capacidade ociosa das indústrias e dos novos processos de fabricação em série. De fato, as indústrias da época aproveitaram as demandas existentes por produtos como automóveis, eletrodomésticos, bebidas, vestimentas, entre outras. Por outro lado, os produtos eram padronizados, ou seja, tipos e cores únicos. Essa época foi caracterizada pela falta de sistemas de informação, portanto, as indústrias fabricavam os lotes de produtos e os mandavam para estoque em seus próprios depósitos. Esses produtos lá permaneciam à espera do pedido dos centros de distribuição, atacadistas ou grandes varejistas. Os estoques nas fábricas funcionavam como pulmão entre manufatura e centros de distribuição, balanceando os fluxos na cadeia de suprimento. Por outro lado, muitos varejistas colocavam seus pedidos nos centros de distribuição ou atacadistas. Nesse caso, os estoques localizados nesses lugares funcionavam como pulmão para as lojas de varejo. A figura 4 ilustra esse fluxo.
  • 24. 24 Figura 4 – Primeira fase da logística – Atuação Segmentada. Fonte: Novaes, 2007. Entretanto, não se pode esquecer que, além desses estoques, ainda havia os estoques de componentes e produtos em processamento nas fábricas e, por trás disso, todo o estoque de matéria-prima e de componentes nos fornecedores. Além disso, os produtos transportados nos caminhões entre os pontos diversos da rede logística também formam o estoque e são chamados estoques em trânsito. Como logística, o que as empresas dessa época procuravam era centrar o foco nas possíveis economias que poderiam ser obtidas utilizando o modal de transporte de menor custo, utilizando veículos de maior capacidade e buscando empresas que oferecessem menor custo nos fretes, não se importando com os estoques que eram formados ao longo da cadeia. Dallas e Morais (2006) observam que nesse momento a racionalização da cadeia de suprimentos era resultante da otimização individual de cada componente, o que remetia à ineficiência global do sistema. Para controle dos estoques utilizava-se, na época, o critério EOQ (Economic Order Quantity - Quantidade Econômica do Pedido). Sob esse enfoque, os estoques eram renovados de forma a minimizar a soma do custo de inventário, do custo de transporte e do custo para elaborar o pedido. Nessa época, o processo para um pedido englobava atividades do tipo: pesquisa de preços e demais condições de suprimento junto a vários fornecedores por meio de telefone, correio ou recebendo os vendedores para entrevistas diretas na própria empresa.
  • 25. 25 2.2.2 Integração Rígida Conforme relata Novaes (2007), com o surgimento dos especialistas em marketing, os produtos padronizados característicos da primeira fase deixaram de ser interessantes para os consumidores, pois tais especialistas começaram a incitar nos consumidores a vontade de ter opções de cores e modelos diferentes dos produtos disponíveis no mercado. Além disso, novos produtos estavam sendo incorporados ao cotidiano das pessoas, como a televisão, a geladeira, o aparelho de som. O aumento na oferta de produtos e de opções foi possível porque os processos produtivos foram se tornando cada vez mais flexíveis. Por outro lado, como consequência, as empresas tiveram que lidar com um aumento acentuado ao longo da cadeia produtiva, passando ser necessária uma maior racionalização da cadeia de suprimentos, visando menores custos e maior eficiência. No inicio da década de 70 vivenciou-se a crise do petróleo, encarecendo subitamente o transporte de mercadorias, acarretando aos empresários redução nas margens de comercialização, e aos consumidores, o encarecimento dos produtos. Uma das características marcantes dessa época foi a utilização intensiva da multimodalidade no transporte de mercadorias, visando redução de custos e aproveitamento a capacidade ociosa nas diversas modalidades. Ainda dentro dessa fase, na década de 60 houve a introdução da informática nas operações das empresas, mesmo que de forma tímida, substituindo apenas os procedimentos feitos manualmente, permitiu o tratamento mais sofisticado de uma variedade de problemas, como por exemplo, os modelos de otimização dos estoques, de sequenciamento da produção no chão de fábrica (job shop scheduling), de localização otimizada de centros de distribuição, entre outros. Esse fato levou as empresas a uma maior racionalização de seus processos, sendo que os elementos chaves dessa racionalização foram a otimização das atividades e o planejamento. Nessa época, a produção tinha grande poder na indústria e o planejamento era feito pelos responsáveis da área e apenas alterado quando identificada a necessidade, porém, sem envolvimento de outras áreas. Consequentemente, essa pratica gerava estoques excessivos ao longo de toda cadeia de suprimento.
  • 26. 26 Para tentar minimizar os efeitos negativos, passou-se a incluir no planejamento outros setores da empresa, além dos fornecedores e clientes. Mensalmente os centros de distribuição das indústrias consultavam os varejistas, seus clientes e faziam previsões de demanda. Dessa maneira, a produção conseguia se planejar de forma a transmitir ao departamento de compras as necessidades de matéria-prima e de componentes referentes ao mês seguinte. Por sua vez, o departamento de compras conseguia planejar junto aos fornecedores a programação de compras sem maiores surpresas. Esse enfoque estava por trás de sistemas de programação da produção do tipo MRP e MRP II. Embora esse processo de integração permitisse maior racionalização das operações, ainda era falho, pois não havia nenhuma flexibilidade nessa forma de planejamento. Uma vez efetivado, todas as alterações que ocorressem durante o processo traziam transtornos às outras áreas, isso porque a manufatura alterava a programação sem comunicar os evolvidos (compras, por exemplo); vendas fechava novos contratos com clientes e não informava à manufatura, os fornecedores atrasavam as entregas e não avisavam, e assim por diante. Dessa forma, Novaes (2007) caracteriza essa fase como uma busca inicial da racionalização integrada da cadeia de suprimento, mas ainda muito rígida, pois não permitia a correção dinâmica, em tempo real, do planejamento. A figura 5 mostra que já havia uma integração de planejamento entre os elementos da cadeia de suprimento, mas não flexível, assemelhando-se a um duto rígido de PVC ligando as partes. Figura 5 – Segunda fase da logística – Integração Rígida. Fonte: Novaes, 2007. 2.2.3 Integração Flexível De acordo com Novaes (2007), a terceira fase da logística é caracterizada pela integração dinâmica e flexível entre os agentes da cadeia de suprimento, em dois níveis:
  • 27. 27 dentro da empresa e nas inter-relações da mesma com seus fornecedores e clientes. Porém, nessa fase a integração das empresas se dá somente duas a duas. A terceira fase tem início no fim da década de 80 e ainda é implementada em muitas empresas. A novidade dessa fase é o intercâmbio das informações entre dois elementos da cadeia de suprimento que efetivou-se via eletrônica, por meio do EDI (Intercâmbio Eletrônico de Dados). O desenvolvimento da informática nesse período possibilitou integração dinâmica de consequências importantes na agilização da cadeia de suprimento. Exemplo foi o uso do código de barras nos produtos vendidos nos supermercados, gerando uma flexibilidade das vendas com o centro de distribuição, fornecendo dados mais precisos sobre a posição dos estoques, garantindo maior controle. Além de permitir o intercâmbio eletrônico de dados entres fornecedores e clientes, o EDI ainda flexibilizava o processo de programação, permitindo ajustes frequentes. Por essa razão, Novaes (2007) assimila a terceira fase da logística a uma mangueira flexível, que interliga os elementos da cadeia e se adapta instantaneamente às necessidades momentâneas do processo, conforme figura 6. Figura 6 – Terceira fase da logística – Integração Flexível. Fonte: Novaes, 2007. Na terceira fase da logística, diferentemente das outras fases, passou-se a observar maior preocupação com a satisfação plena do cliente. Nessa fase o conceito de cliente vai além do cliente-consumidor final e consideram-se também como cliente todos os elementos
  • 28. 28 intermediários, que por sua vez são clientes dos fornecedores que os antecedem na cadeia de suprimento. Por fim, outra tendência dessa fase observada por Novaes (2007) foi a busca pelo estoque zero. Ainda que aparentemente impossível de se alcançar, o autor ressalta que, por meio de melhorias contínuas no processo, foi possível alcançar um nível ideal de estoque, ou seja, algo parecido com o custo kaizen dos japoneses. 2.2.4 Integração Estratégica (SCM) De acordo Novaes (2007), a quarta fase da evolução logística é caracterizada por um salto qualitativo de maior importância: as empresas da cadeia de suprimento passam a tratar a questão da logística de forma estratégica. Assim, ao invés de otimizar somente operações isoladas, focando os processos logísticos como meros geradores de custo, as empresas participantes da cadeia de suprimento passaram a buscar por novas soluções, utilizando-se da logística para ganhar competitividade e induzir novos negócios. Os agentes da cadeia de suprimento perceberam que precisavam trabalhar mais próximos e trocar informações, formando parcerias. Além disso, a globalização e a competição cada vez mais acirrada entre as empresas fizeram com que esses agentes da cadeia de suprimentos olhassem para a logística sob uma nova ótica, considerando-a como elemento diferenciador na busca de mais fatias do mercado. A novidade introduzida nessa fase foi o postponement (postergação), que tinha por objetivo reduzir o tempo de entrega dos pedidos utilizando todos os recursos disponíveis, de modo a minimizar o tempo gasto para entrega do produto ao cliente. Novaes (2007), exemplifica o postponement com a seguinte situação: os veículos fabricados na França e destinados à Espanha vão sendo montados durante a viagem de trem, desde a fábrica até o destino – limpadores de pára-brisa, rádios, frisos e outros componentes que não exigem mão-de-obra e equipamentos sofisticados e que podem ser montados fora da fábrica vão sendo agregados ao veiculo dessa forma. Outra novidade surgida na quarta fase são as empresas virtuais, também conhecidas por agile enterprises (empresas ágeis). Trata-se de fabricantes de produtos de grande valor
  • 29. 29 agregando, em geral, eletrônicos, que se localizam junto a grandes aeroportos e que atuam de forma ágil. Mas o que distinguiu a quarta fase das demais foi o surgimento de uma nova concepção no tratamento dos problemas logísticos. Trata-se do SCM – Supply Chain Management (Gerenciamento da Cadeia de Suprimento). Sob essa nova abordagem, a integração entre os processos ao longo da cadeia de suprimento continua a ser feita em termo de fluxo de materiais, de informação e de dinheiro, mas, a diferença é que os participantes dessa cadeia atuam de forma estratégica, buscando os melhores resultados possíveis em termos de redução de custos, de desperdícios e de agregação de valor para o consumidor final. Na quarta fase, a separação nítida percebida entre os participantes da cadeia de suprimento deixa de existir definitivamente e passa a haver uma interpenetração de operações entre os elementos da cadeia, conforme demonstrado na figura 7. Figura 7 – Quarta fase da logística – Integração Estratégica (SCM). Fonte: Novaes, 2007. Além de redução de estoques e maior qualidade nos serviços logísticos, a competição entre as empresas num ambiente globalizado passou a exigir custos reduzidos e prazo curto no ciclo do pedido. Para conseguir atender essa nova demanda do mercado, as empresas passaram a utilizar-se cada vez mais da tecnologia da informação. Por outro lado, procuraram concentrar-se em suas atividades principais (core competence), terceirizando muitas de suas atividades e buscando parcerias com fornecedores e clientes.
  • 30. 30 O intercâmbio de informações durante essa fase da logística é intenso, mas Novaes (2007) destaca outros elementos característicos dessa fase: • Ênfase absoluta na satisfação plena do consumidor final; • Formação de parcerias entre fornecedores e clientes ao longo da cadeia de suprimento; • Abertura plena, entre parceiros, possibilitando acesso mútuo às informações estratégicas e operacionais; • Aplicação de esforços de forma sistemática e continuada, visando agregar o máximo valor para o consumidor final e eliminar os desperdícios, reduzindo custos e aumentando a eficiência. De acordo com Novaes (2007), a gestão da logística seria o braço tático do SCM, ou seja, a logística é uma das partes do SCM, porém, para que se chegasse ao pleno conceito e prática do SCM, fez-se necessário todo o processo evolutivo da logística em suas quatro fases, até que fosse atingido o estágio em que a logística estivesse desenvolvida o suficiente para viabilizar o SCM (NOVAES, 2007). 2.3 O papel da logística na cadeia de suprimento Conforme Ballou (2006), a logística empresarial é um campo relativamente novo do estudo da gestão integrada. As atividades logísticas foram por muitos anos exercidas pelos próprios indivíduos. As empresas também estiveram permanentemente envolvidas em atividades de movimentação-armazenagem (transporte-estoque). A novidade então, segundo Ballou (2004), vem justamente do conceito de gestão coordenada de atividades inter-relacionadas em substituição à prática histórica de administrá-las separadamente, e do conceito de que a logística agrega valor a produtos e serviços essenciais para a satisfação do consumidor e o aumento das vendas. A logística tem suas origens ligadas às atividades militares, principalmente após a Segunda Guerra Mundial em 1950. A princípio, a logística era vista apenas como um custo ligado ao serviço e/ou produto. Anterior a essa data, as empresas fragmentavam suas
  • 31. 31 atividades de compras, de administração, de estoques, de processamento de pedidos e de transporte em diversas gerências, não havendo uma preocupação com a atividade chave da logística. Essas atividades passaram a ser consideradas importantes quando o enfoque da organização é transferido da produção para o atendimento às necessidades dos clientes. Dessa forma, tornam-se explícitos os valores agregados pela logística (DALLAS E MORAIS, 2006). De acordo com Bowersox e Closs (2001), no âmbito da gestão, as empresas têm sido tradicionalmente estruturadas em departamentos para facilitar a atenção, o estabelecimento de rotinas, a padronização e o controle dos trabalhos. Além disso, práticas contábeis foram desenvolvidas para medir o desempenho dos departamentos. A maioria dessas funções de desempenho se concentrou em atividades individuais. Para Bowersox e Closs (2001), o desafio fundamental da gestão integrada é o de redirecionar a ênfase tradicional na funcionalidade para se concentrar na realização do processo. A gestão de processos integrados procura identificar e alcançar menor custo total ao detectar trocas compensatórias (trade-offs) existentes entre as funções. Bowersox e Closs (2001) exemplificam esse processo: uma empresa talvez seja capaz de reduzir custos totais ao despender mais em transporte mais rápido e mais confiável porque o custo do inventário associado ao processo pode ser reduzido num valor maior do que aquele gasto em transporte mais caro. Portanto, para Bowersox e Closs (2001), o objetivo da gestão integrada é atingir o mais baixo custo de todo o processo, e não a obtenção do custo mais baixo para cada função incluída no processo. Christopher (1997) observa que os generais e marechais dos tempos remotos compreenderam o papel crítico da logística, mas que, estranhamente, somente num passado recente as organizações empresariais reconheceram o impacto vital que o gerenciamento logístico pode ter na obtenção da vantagem competitiva. Ainda de acordo com o autor, a vantagem competitiva, é obtida quando uma empresa ocupa uma posição de superioridade duradoura sobre os concorrentes, em termos de preferência do cliente. Conforme afirma Christopher (1997), as bases do sucesso no mercado são muitas, mas um modelo simples é baseado na trilogia: companhia, seus clientes e seus concorrentes, os três C’s, conforme figura 8.
  • 32. 32 Figura 8 - A Vantagem Competitiva e os “3 Cs”. Fonte: Christopher, 1997. A fonte da vantagem competitiva é encontrada, primeiramente, na capacidade de a organização diferenciar-se de seus concorrentes aos olhos do cliente e, em segundo lugar, pela sua capacidade de operar a baixo custo e, portanto com lucro maior. De acordo com Novaes (2007) há algumas décadas, as grandes indústrias produziam a maior parte dos componentes necessários à fabricação de seus produtos. Isso ocorria porque essas indústrias conseguiam produzi-los a custos mais baixos. Por outro lado, por questões estratégicas e de poder econômico, não gostavam de ficar na dependência de fornecedores. Nesse contexto a tendência era a verticalização industrial. Porém, hoje conceitos de vantagem competitiva e de core competence (competência central) estão presentes na definição das estratégias das grandes empresas. É mais proveitoso para a empresa concentrar suas atividades naquilo que ela consegue fazer bem, diferenciando-se positivamente de seus concorrentes e adquirindo externamente componentes e serviços ligados a tudo que não estiver dentro de sua competência central. Isso significa que hoje as empresas adquirem não somente matéria-prima, mas também serviços de variadas espécies, como: distribuição, armazenagem e transporte de produtos e insumos, alimentação de empregados entre muitos outros. Conforme Christopher (1997) o gerenciamento da cadeia de suprimentos não é a mesma coisa que “integração vertical”. Pensou-se no passado que essa seria uma estratégia
  • 33. 33 desejável, mas atualmente as empresas têm enfocado cada vez mais em “seus negócios”, através dos quais elas conseguem o diferencial competitivo, sendo o restante adquirido externamente. Bowersox, Closs e Cooper (2006) já pensavam o mesmo que Novaes (2007) ao assumirem que para superar desafios de negociações comerciais, as empresas desenvolveram relações de negócios com outras companhias de produtos e serviços para conjuntamente desempenharem atividades essenciais. Essa reconhecida dependência foi necessária para alcançar benefícios de especializações. Após os primeiros anos da revolução industrial os administradores começaram a planejar, estrategicamente, competências essenciais, especialização e economia de escala. Disso resultou-se a percepção de que trabalhar muito próximo a outros negócios era essencial para obter o sucesso continuado da empresa e esse entendimento de que nenhuma empresa poderia ser auto-suficiente contrastava com entendimentos anteriores de integração vertical de propriedade. Christopher (1997) afirma que se deve reconhecer que o conceito de gerenciamento da cadeia de suprimentos, enquanto relativamente novo, em verdade não é nada mais que uma extensão da logística. De acordo com esse autor, o gerenciamento logístico está primeiramente preocupado com a otimização de fluxos dentro da organização, enquanto que o gerenciamento da cadeia de suprimentos reconhece que a integração interna por si só não é o suficiente. Ballou (2006) afirma que a logística diz respeito à criação de valor, seja para os clientes e fornecedores, seja para os acionistas da empresa. De acordo com esse autor o valor em logística é expresso em termos de tempo e lugar e conclui que produtos e serviços não têm valor, a menos que estejam sob a posse do cliente, quando (tempo) e onde (lugar) eles desejam. 2.4 A cadeia de suprimento e seu gerenciamento Conforme Christopher (1997) nos últimos anos do século XX o ambiente dos negócios sofreram sérias turbulências. Um fator importante para isso foi a demanda crescente por níveis cada vez mais altos de serviços e qualidade. Com tantas pressões as
  • 34. 34 organizações sentiram a necessidade imperativa de se tornarem mais ágeis. Ainda de acordo com o autor, a organização ágil não somente procura colocar o cliente no centro do negócio, mas projeta todos os seus sistemas e procedimentos com o objetivo principal de melhorar a velocidade e a confiabilidade da resposta ao cliente. Com as enormes pressões competitivas vivenciadas atualmente, a atividade de gerenciar a cadeia de suprimento tem ganhado cada vez mais espaço nas relações de negócios. É fato que a competição no mercado ocorre no nível das cadeias produtivas e não apenas nas unidades de negócios isoladas. Slack (1993) afirma que a cadeia de suprimento pode ser vista em três níveis, sendo a cadeia total a que envolve todas as relações cliente-fornecedor desde a extração da matéria-prima até a compra do produto pelo consumidor final. A cadeia de suprimento imediata é que contempla fornecedores e consumidores com os quais a empresa faz negócios diretamente. E, dentro da própria empresa, está a cadeia de suprimento local, com os fluxos internos de materiais e informações entre departamentos, células ou setores da produção. Esse esquema é representado pela figura 9. Figura 9 – Níveis da cadeia de suprimentos. Fonte: Slack, 1993. Conforme Handfield e Nichols (1999) a importância de efetivamente gerenciar o fluxo de materiais através da cadeia de fornecimento tem sido percebida nos últimos anos como crítica por executivos e pesquisadores. O custo associado com esse fluxo de materiais tem sido um problema de particular interesse por parte desses executivos. Ainda de acordo
  • 35. 35 com esses autores, especialistas industriais estimam que o custo despendido com a cadeia de fornecimento representa a maior parte das despesas operacionais para a maioria das organizações e, em algumas delas, esse custo chega a 75% do total do orçamento operacional anual. Para Bowersox, Closs e Cooper (2007) o desafio fundamental da gestão integrada da cadeia de suprimento é redirecionar a tradicional ênfase na funcionalidade em um esforço para se concentrar na realização do processo. Esses autores ainda afirmam que nas últimas décadas ficou claro que as funções, mais bem realizadas individualmente em grupos, não necessariamente se combinam ou se agregam para alcançar o menor custo total ou processos altamente eficazes. A gestão integrada de processos busca identificar e alcançar o menor custo total equilibrando as compensações (trade-off) que existem entre as funções. Portanto, a gestão integrada tem como objetivo alcançar o menor custo total do processo, que não necessariamente significa atingir o menor custo para cada função incluída no processo. Chopra e Meindl (2008) afirmam que o objetivo de toda cadeia de suprimento é maximizar o valor global gerado. O valor gerado por uma cadeia de suprimento é a diferença entre o valor do produto final para o cliente e o esforço realizado pela cadeia de suprimento para atender ao seu pedido. De acordo com Chopra e Meindl (2008) o gerenciamento da cadeia de suprimento bem sucedido é baseado em várias decisões relacionadas ao fluxo de informações, de produtos e valores. Os autores dividem essas decisões em três categorias ou fases: 1. Estratégia ou projeto da cadeia de suprimento: nessa fase a empresa decide como estruturar sua cadeia de suprimento. A empresa determina também qual será a configuração da cadeia e que processos cada estágio deverá desempenhar. Esse grupo de decisões é também chamado de decisões estratégicas para a cadeia de suprimento. As decisões tomadas pela empresa nessa fase incluem: local, capacidade de produção e das instalações para armazenagem, produtos a serem fabricados ou estocados em diversos locais, meios de transporte a serem disponibilizados de acordo com os diferentes turnos de expedição e o tipo de sistema de informação que será adotado. Nesse estágio, é importante que a empresa garanta que a configuração de sua cadeia de suprimento possa apoiar seus objetivos
  • 36. 36 estratégicos durante todo o desenvolvido dessa fase. As decisões de projeto da cadeia de suprimento são normalmente tomadas pensando a longo-prazo e sua alteração repentina é muito cara. Portanto, ao tomar decisões as empresas devem levar em consideração a incerteza por anteciparem as condições de mercados para os anos projetados. 2. Planejamento da cadeia de suprimento: nessa fase as empresas definem um conjunto de políticas operacionais que lideram as operações de curto prazo. Para as decisões tomadas durantes esse estágio, a configuração da cadeia de suprimento, determinada na fase estratégica, é fixa. Essa configuração apresenta restrições dentro das quais cada planejamento deve ser realizado. A fase de planejamento é iniciada pelas empresas com uma previsão de demanda para o ano seguinte (ou período d execução semelhante) em diferentes mercados. A fase de planejamento inclui decisões sobre: quais mercados serão supridos e de que locais; construção de estoques; terceirização da fabricação; políticas de reabastecimento e estocagem a serem seguidas; políticas que serão desempenhadas em relação a locais de reserva, no caso de incapacidade de atender a um pedido e a periodicidade e dimensão das campanhas de marketing. Na fase de planejamento, também é estabelecido pela empresa os parâmetros dentro dos quais a cadeia de suprimento funcionará durante um período de tempo especificado. Nessa fase as empresas também devem considerar as incertezas em suas decisões. Comparadas com empresas que ainda estão na fase de projeto da cadeia de suprimento, as empresas na fase de planejamento conseguem trabalhar com períodos mais curtos e com melhores previsões e. por isso, essas empresas tentam incorporar qualquer flexibilidade que tenha sido criada na cadeia de suprimento durante a fase de projeto e explorá-las para otimizar o desempenho em um período mais curto. 3. Operações da cadeia de suprimento: nessa fase o período de tempo considerado pelas empresas é semanal ou diário e durante essa fase as empresas tomam decisões sobre pedidos individuais de clientes. Na fase operacional da cadeia de suprimento sua configuração é considerada fixa e as políticas de planejamento já como definidas. O objetivo das operações da cadeia de suprimento é implementar as políticas operacionais da melhor maneira possível. Nessa fase as empresas distribuem os pedidos individuais para estoque ou produção, determinam a data em que o pedido devera ser atendido, geram inventário nos depósitos, adaptam o pedido a um meio de transporte ou expedição
  • 37. 37 apropriado, organizam as entregas dos caminhões e encaminham os pedidos de reabastecimento. Como as decisões operacionais são tomadas em curto prazo há menos incerteza em relação à demanda. O objetivo durante a fase operacional é explorar a redução de incerteza e otimizar o desempenho dentro das restrições estabelecidas pela configuração e pelas políticas de planejamento (fase anterior). Como se pode notar, de acordo com Chopra e Meindl (2008) as fase de decisão da cadeia de suprimento podem ser classificadas em: projeto, planejamento ou operação, dependendo do período de execução no qual as decisões tomadas serão aplicadas. O projeto, o planejamento e a operação da cadeia de suprimento exercem um grande impacto na lucratividade e no sucesso da empresa como um todo. 2.5 Compras Bowersox, Closs e Cooper (2007) afirmam que toda organização, seja ela industrial, atacadista ou varejista compra materiais, serviços e suprimentos para apoiar as suas operações. Historicamente, as compras eram percebidas como uma atividade de funcionários administrativos ou de gerentes de níveis inferiores que tinham a responsabilidade de executar e processar pedidos feitos por outros setores da organização. Nesse caso, o papel do setor de comprar era obter de um fornecedor o recurso desejado pelo menor preço de compra possível. Porém, nas últimas décadas essa visão tradicional sobre o departamento de compras mudou significativamente. De acordo com Bowersox, Closs e Cooper (2007) o foco moderno encontra-se nos gastos totais e no desenvolvimento de relacionamentos entre compradores e vendedores. Consequentemente, as compras foram elevadas à categoria de atividade estratégica. Segundo Baily et al. (2000), compras é vista pela organização como uma atividade de importância estratégica considerável. O fato de o papel estratégico e de contribuição de compras e suprimentos serem bem reconhecidos em muitos negócios relevantes significa que as decisões estratégicas de compras podem ser tomadas em nível de diretoria, em vez de o serem por um gerente departamental. De acordo com esses autores, o papel e a
  • 38. 38 contribuição de compras cresceu com bastante firmeza durante a segunda metade do século XX, sendo que o maior interesse pela atividade vem ocorrendo em anos recentes. Bowersox, Closs e Cooper (2007), a crescente importância de compras pode ser atribuída a diversos fatores. O mais importante deles é o reconhecimento do substancial gasto monetário em uma organização típica e o potencial de economia monetária de uma estratégia viável de compras. De acordo com esses autores o fato é simples: as mercadorias e serviços comprados encontram-se entre os elementos de custo mais alto na maioria das empresas. Para Ballou (2006), o setor de compras ocupa uma posição importante na maioria das organizações, pois peças, componentes e suprimentos comprados representam, em geral, de 40 a 60% do valor final das vendas de qualquer produto. Ballou (2006) afirma que isso significa que reduções de custos relativamente baixas conquistadas no processo de aquisição de materiais podem ter um impacto bem maior sobre os lucros do que aperfeiçoamentos semelhantes em outras áreas de custos e vendas da organização. De acordo com Ballou (2006), a isso se dá o nome de alavancagem. Esse autor argumenta que embora grande parte do custo dos bens comprados não possa ser administrada, muitas vezes procedimentos muito simples como solicitar cotação de dois fornecedores para cada item comprado, trabalhar em colaboração com fornecedores a fim de controlar os custos, tirando proveito de descontos por vendas de grande volume, ou prestar atenção à origem, rotas e seleção de modais de transporte são fatores desencadeadores de substanciais reduções de custos. Ainda de acordo com o autor, o percentual de redução nem precisa ser grande demais para que se consigam redução de custo e melhoria dos lucros em termos financeiros absolutos. Conforme Bowersox, Closs e Cooper (2007), a evolução do foco nas compras como habilidade organizacional fundamental tem estimulado uma nova perspectiva em relação a seu papel na gestão da cadeia de suprimentos. Assim sendo, o foco deixou de ser na negociação adversária, voltada apenas para a transação e passou a ser em garantir que a empresa esteja posicionada para implementar suas estratégias de produção e marketing com apoio da base de fornecedores. Bowersox, Closs e Cooper (2007) ressaltam que um foco considerável é colocado na garantia do fornecimento contínuo, da minimização dos
  • 39. 39 estoques, da melhoria da qualidade, do desenvolvimento de fornecedores e do menor custo total de propriedade, conforme detalhado a seguir: 1. Fornecimento contínuo: a falta de estoque de matérias-primas, peças ou componentes pode interromper ou forçar uma alteração nos planos de produção, resultando em custo inesperado. Além disso, o tempo ocioso devido a interrupções na produção aumenta os custos operacionais e pode resultar em uma incapacidade de fornecer produtos acabados conforme prometido a clientes. Dessa forma, um dos objetivos principais de compras é garantir um fornecimento contínuo de materiais, peças e componentes a fim de manter as operações de fabricação. 2. Minimização do investimento em estoques: no passado, como as empresas não tinham controle sob o potencial de interrupção no fornecimento, elas mantinham grandes estoques de materiais e componentes para evitar paradas inesperadas na produção. Porém, manter estoques é dispendioso. Portanto, uma das metas de compras é manter a continuidade no fornecimento com o mínimo possível de investimento em estoque. 3. Melhoria da qualidade: o setor de compras tem como umas de suas responsabilidades coordenar junto aos seus fornecedores o atendimento da qualidade exigida e especificada para cada produto, pois a qualidade de bens e serviços acabados depende da qualidade dos materiais e componentes usados. Se forem utilizados componentes ou materiais de baixa qualidade, o produto final provavelmente não corresponderá aos padrões de qualidade exigidos pelo cliente. Dessa forma, tanto a empresa quanto seus fornecedores têm que estar comprometidos com uma iniciativa de melhoria contínua da qualidade. 4. Desenvolvimento de fornecedores: compras bem sucedidas dependem diretamente de localizar ou desenvolver fornecedores, analisar suas habilidades e selecionar e trabalhar com esses fornecedores para atingir a melhoria contínua. Desenvolver bons relacionamentos de fornecimento com empresas que estejam comprometidas com o sucesso da empresa compradora é fundamental no desenvolvimento de fornecedores. É importante que a empresa compradora esteja disposta a desenvolver um relacionamento de confiança com seus fornecedores para que ela se sinta segura em passar para eles informações e recursos para juntos alcançarem resultados melhores. Essa perspectiva sobre compras e desenvolvimento de fornecedores contrasta radicalmente com o tradicional foco apenas no
  • 40. 40 preço, que acabou criando relacionamentos antagonistas entre as empresas e seus fornecedores. 5. Menor custo total de propriedade: a diferença na perspectiva entre a estratégia de compras tradicional e adversária e a mais contemporânea e colaborativa pode ser resumida como um foco no custo total de propriedade ou total cost ownership – TCO em contraste com um foco apenas no preço de compra. Os profissionais de compras reconhecem que, embora o preço de compra de um material ou item continue sendo importante, ele é apenas uma parte do custo total da organização. Os custos de serviços e os custos do ciclo de vida também têm que ser considerados. Uma preocupação constante de qualquer comprador é computar os descontos recebidos do fornecedor, seja por meio de negociação pontual ou mesmo por um desconto concedido pelo vendedor sobre sua tabela de preço publicada. Um exemplo desse comportamento acontece quando vendedores oferecem descontos por quantidade comprada ou desconto para pagamento à vista. Porém, ao receber esse tipo de oferta o comprador deve considerar outros custos associados, pois para se beneficiar do desconto por quantidade, o comprador estará aumentando o estoque médio de materiais ou suprimentos. Além disso, o tamanho da compra também tem impacto sobre os custos administrativos associados à compra. Os termos de venda (condições de pagamento negociadas) também representam impacto sobre o custo total de propriedade. Um fornecedor que oferece condições de credito mais favoráveis está, na realidade, influenciando o preço de compra. Por isso, o comprador deve comparar aos preços de outros fornecedores em outras condições, considerando o valor do dinheiro no tempo. O que normalmente não é considerado na prática tradicional de compras é o impacto das estruturas de preço e descontos sobre as operações e os custos logísticos. Muitas considerações logísticas são ignoradas ou recebem pouca atenção quando os compradores tentam chegar ao menor preço de compra. Hoje há um crescente reconhecimento da importância dos custos logísticos para o TCO. Enfim, na figura 10 é apresentado um modelo de vários elementos que representam o TCO, conforme Bowersox, Closs e Cooper (2007). Quando cada um desses elementos é levado em consideração por compras, se torna claro que há muitas oportunidades de melhoria em grande parte das empresas. Muitas dessas oportunidades surgem devido a relacionamentos de trabalho mais próximo com fornecedores do que normalmente acontece nos casos de negociações adversárias entre
  • 41. 41 compradores e vendedores. Nas situações em que os compradores trabalham de forma cooperativa com os vendedores muitas estratégias podem ser empregadas para que se reduzam custos, tornando a cadeia de suprimentos mais eficiente. Figura 10 – Principais categorias de componentes do custo total de propriedade – TCO. Fonte: Bowersox, Closs e Cooper, 2007. 2.6 Desenvolvimento de Fornecedores De acordo com Arnold (2009) o processo de compras de uma empresa não é de responsabilidade única do departamento de compras, mas sim de todos os departamentos da empresa. Como exemplo disso, esse autor cita que escolher o material correto exige informações dos departamentos de marketing, engenharia, produção e compras. Já as quantidades e a entrega de mercadorias finalizadas são estabelecidas pela necessidade de mercado, nesse caso, o PCP – Planejamento e Controle da Produção (MPC – Manufacturing Planning and Control) tem como responsabilidade decidir quando pedir quais matérias-primas afim de que a demanda do mercado seja atendida. Assim, o departamento de compras fica como responsável por colocar os pedidos e garantir que as mercadorias cheguem pontualmente. Além disso, segundo Arnold (2009) o departamento de compras tem a responsabilidade principal localizar fontes adequadas de suprimentos e negociar os preços. Portanto, as informações oriundas dos demais departamentos da empresa são necessárias
  • 42. 42 para que o departamento de compras possa fazer a busca e avaliar as potenciais fontes de suprimento de acordo com o que foi especificado. Na visão de Baily et al. (2000), os compradores esclarecidos estão procurando fornecedores com os quais possam trabalhar em benefício mútuo e o julgamento do melhor fornecedor com o qual deve-se estabelecer esse tipo de relacionamento tem que ser baseado em critérios técnicos e comerciais. Handfield et al. (2000) apud Pires (2004) afirmam que desenvolver fornecedor é qualquer atividade que uma empresa cliente realiza com o intuito de melhorar o desempenho e/ou capacidade do fornecedor no curto ou longo prazo. Dessa forma, as atividades de desenvolver um fornecedor podem variar de uma simples avaliação informal de suas operações até a criação de um programa de investimento conjunto em treinamentos, melhorias de produtos e processos, dentre outros. Handfield et al. (2000) apud Pires (2004) formalizam um procedimento para desenvolvimento de fornecedores divido em cinco etapas, conforme segue: 1. Identificar os itens mais críticos: nem sempre as empresas têm necessidade de desenvolver fornecedores, são esses os casos em que: as empresas já são abastecidas por fornecedores de classe mundial ou o volume dos itens comprados é tão baixo que não se justifica a pesquisa por outros fornecedores. Porém, todos os fatores devem ser analisados e classificados sob o ponto de vista estratégico da empresa cliente. A figura 11 apresenta uma matriz para orientar a análise de valor dos itens comprados.
  • 43. 43 Figura 11 – Matriz de análise de valor dos itens comprados. Fonte: Handfield et al. 2000 apud Pires, 2004. Feita a classificação dos itens a atenção maior deve votar-se sobre aqueles considerados estratégicos, os quais geralmente são itens de alto valor agregado, comprados em grandes volumes e de difícil substituição. São sobre esses itens que o trabalho de desenvolvimento de novos fornecedores deve ser feito. 2. Identificar os fornecedores críticos: essa etapa é bem crítica e nela deve se feita a avaliação de desempenho dos fornecedores dos itens classificados como estratégicos. Uma ferramenta de uso tradicional nesta etapa é a análise de Pareto. Através dessa ferramenta é possível estipular que 20% dos fornecedores são responsáveis por 80% dos desempenhos abaixo do esperado e são justamente os fornecedores desse grupo os potenciais candidatos para o plano de desenvolvimento conjunto. 3. Formar equipe, alinhar objetivos e definir projetos chaves: nessa fase a empresa cliente deve montar uma equipe multifuncional antes de iniciar os trabalhos com os fornecedores. A empresa cliente deve também definir claramente nessa etapa os objetivos e as regras da condução do desenvolvimento. Após isso, é hora de contatar, discutir e alinhar
  • 44. 44 estrategicamente os objetivos com o fornecedor, definindo os projetos chaves de desenvolvimento a serem conduzidos. 4. Definir detalhes do acordo: depois de identificar um potencial projeto de melhoria, a empresa cliente e a empresa fornecedora precisam definir as métricas específicas para monitorar o sucesso desse projeto. Essas métricas podem incluir: o percentual de economia a ser dividida; o percentual de melhoria da qualidade obtida; o percentual de entregas no prazo; entre outras. O escopo do projeto de melhoria também deve indicar as datas dos eventos importantes (milestones) e dos prazos finais (deadlines) bem como o papel a ser desempenhado por cada empresa no processo. Concluídas essas etapas básicas, o processo pode iniciar-se. 5. Monitorar o desenvolvimento e modificar estratégias: todo processo de desenvolvimento de fornecedor deve ser constantemente monitorado e o plano inicial deve ser reajustado sempre que necessário. Cordon e Vollman (2002) apud Pires (2004) afirmam que um ponto chave para muitas empresas tem sido tornar seus clientes mais atrativos para alguns fornecedores chaves. Esses autores ressaltam que os resultados são mais efetivos quando a empresa cliente consegue alavancar a “força do cérebro” (brainforce) de seus fornecedores chaves. Cordom e Vollman (2002) apud Pires (2004) ainda afirmam que muitos esforços de trabalho colaborativo são executados no curto prazo (principalmente em ternos de desenvolvimento de novos produtos), mas logo se perdem, parte pela abordagem “desenvolvimento de fornecedores”. A conclusão dos autores a respeito do assunto é que hoje a atividade de compras é muito importante para ser deixada apenas sob responsabilidade do departamento de compras e que o desenvolvimento de fornecedores precisa ser visto de forma estratégica, reconhecendo-se três fatos-chaves: A) não se pode ser parceiro de todos os fornecedores; tem-se que escolher. B) precisa-se achar formas para fazer com que os melhores fornecedores queiram trabalhar conosco, ou seja, precisa-se ser a opção mais atraente para eles. C) é necessário ter consciência que essa segunda questão não acontece por acaso e que é preciso cultivar e reavaliar constantemente a parceria. De acordo com Arnold (2009), a função de compras é conseguir tudo ao mesmo tempo: qualidade, quantidade, prazo de entrega e preço. Esse autor afirma que, uma vez decidido o que comprar, a próxima etapa é definir de quem comprar, ou seja, qual o
  • 45. 45 fornecedor mais apropriado. Em sua visão, um bom fornecedor é aquele que tem a tecnologia para fabricar o produto na qualidade exigida, tem capacidade de produzir as quantidades necessárias e pode administrar o seu negócio com eficiência suficiente para ter lucros e ainda assim vender seus produtos a preços competitivos. De acordo Arnold (2009), há três tipos de fontes de fornecimento: única, múltipla e simples. Cada uma delas é explicada a seguir: 1. Fonte única: há apenas um fornecedor para o produto devido a patentes, especificações técnicas, matéria-prima, localização, dentre outros fatores que podem tornar o fornecedor único. 2. Fonte múltipla: quando há disponibilidade de mais de um fornecedor para um item. As vantagens potenciais nesse tipo de cenário são: a competição gera preços mais baixos, melhores serviços e haverá uma continuidade no fornecimento. Na pratica, existe uma tendência de relação competitiva entre fornecedor e cliente. 3. Fonte simples: é uma opção planejada da empresa de manter apenas um fornecedor para um item quando existem outros disponíveis no mercado. O objetivo principal é estabelecer uma parceria de longo prazo com esse fornecedor. Já Slack et al. (1993) apud Pires (2004) dividem em duas opções básicas em termos de número de fornecedores, que são fontes únicas (single sourcing) e fontes múltiplas (multi-sourcing). Sob a perspectiva da empresa cliente ambas as abordagens apresentam uma série de vantagens e desvantagens. Conforme figura 12.
  • 46. 46 Figura 12 – Algumas vantagens e desvantagens de fornecedores únicos e múltiplos. Fonte : Slack et al. 2002 apud Pires, 2004. Arnold (2009) define os fatores que influenciam a escolha dos fornecedores: • Habilidade técnica: sob esse aspecto o comprador deve avaliar se a empresa fornecedora tem habilidade técnica para produzir ou fornecer o produto desejado. Deve ser analisado se o fornecedor tem também um programa de desenvolvimento e melhoria do produto, se o fornecedor pode auxiliar a empresa cliente na melhoria de seus produtos, dentre outros fatores. Esses elementos combinados poderão aumentar ou reduzir o custo dos produtos comprados. Além disso, o fornecedor pode sugerir mudanças na especificação do produto que irão melhorá-lo e reduzir seu custo. • Capacidade de produção: a produção da empresa fornecedora deve ser capaz de satisfazer às especificações do produto de forma consistente, ao mesmo tempo produzindo o menor número de defeitos possíveis. As dependências de produção do fornecedor devem
  • 47. 47 ser capazes de oferecer a qualidade e a quantidade exigidas. Para isso, o fornecedor deve tem um programa de controle da qualidade, pessoal de produção competente e capaz e bons sistemas de planejamento e controle de produção. Esses elementos garantem que o fornecedor pode suprir a qualidade e quantidade desejadas. • Confiabilidade: o fornecedor selecionado deve ser confiável, reputado e financeiramente sólido. Para uma parceria de longo prazo deve haver uma confiança mútua e a garantia de que o fornecedor tenha solidez financeira para permanecer no negócio. • Serviço pós-venda: caso o produto seja de natureza técnica, necessitará de peças de reposição ou apoio técnico é importante que o comprador verifique se a empresa fornecedora oferece um bom serviço de atendimento pós-venda. Isso inclui um atendimento bem organizado e um estoque adequado de peças sobressalentes. • Localização do fornecedor: em alguns casos, é necessário que o fornecedor esteja próximo ao comprador, ou pelo menos que ele mantenha um estoque local. A localização próxima auxilia na redução dos tempos de entrega e significa que os produtos em falta podem ser entregues rapidamente. Embora seja importante, a localização dos fornecedores não é definitiva na definição da fonte de fornecimento. Hoje, é possível adquirir materiais e produtos em qualquer parte do mundo e para isso há os diversos modais de transporte que podem ser adequados à necessidade de entrega dos produtos e materiais em diferentes localidades. • Outras considerações: algumas vezes, outros fatores como termos de crédito, negócio recíproco e disposição do fornecedor no sentido de reservar um estoque para o comprador, devem ser considerados. • Preço: o fornecedor deve ser capaz de oferecer preços competitivos. Porém, é importante que o comprador saiba que isso não significa o preço mais baixo, mas sim que o fator preço envolve outros aspectos como quantidade e qualidade correta, tempo desejado e outros serviços que sejam agregados ao produto. 2.6.1 Métodos para seleção de Fornecedores Segundo Aguezzoul e Ladet (2006) apud Pelá (2010), dois aspectos devem ser considerado quando da escolha de fornecedores. Um deles refere-se ao número de
  • 48. 48 fornecedores que a empresa pretende ter e que tipo de relação será estabelecida com esses fornecedores. O outro aspecto é justamente qual o método que a empresa pretende utilizar para definir seus fornecedores. Se o objetivo da empresa é ter uma relação duradoura e colaborativa com seus fornecedores certamente seu número deve ser reduzido para que a empresa possa geri-los de maneira mais eficaz. Assim, segundo Pelá (2010), a categorização dos fornecedores se torna relevante, pois agrupar os fornecedores em função de seus posicionamentos estratégicos e da criticidade de seus produtos ajuda a empresa a administrá-los. De acordo com Aguezzoul e Ladet (2006) apud Pelá (2010), pode-se classificá-los da seguinte forma: • Parceiros: fornecedores com os quais a empresa pretende manter um forte relacionamento de longo prazo, incluindo compartilhamento de informações estratégicas. • Estratégicos: fornecedores que possuem um impacto importante no desempenho da empresa. Sem esses fornecedores a empresa teria dificuldades de funcionar. Nesse caso, a interação entre fornecedores e a empresa é de curto prazo. • Localizados: os fornecedores possuem tecnologia, porém capacidade limitada. Normalmente estão localizados em zonas geográficas específicas e, normalmente são utilizados pelas empresas quando estas estão desenvolvendo novos produtos. • Preferenciais: esses fornecedores oferecem produtos ou serviços para os quais existem vários outros fornecedores. Considera-se que o numero ideal dessa categoria de fornecedores deve ser limitado entre dois ou três. • Gerais: fornecedores que possuem pouco impacto no desempenho da empresa. Esse tipo de fornecedor poder ser facilmente encontrado, principalmente na internet. Por meio dessa classificação dos fornecedores é possível destacar alguns diferentes posicionamentos da empresa. Nos casos de fornecedores preferenciais ou gerais a empresa não precisa despender um grande esforço na escolha de um modelo para seleção de fornecedores, pois isso implica em custos que não traria para a empresa grande melhoria no processo decisório (PELÁ 2010). Segundo Pelá (2010), para os fornecedores estratégicos a empresa também não precisa estabelecer critérios para selecioná-los. Na verdade, esses fornecedores são auto-
  • 49. 49 selecionados. Porém, é importante que a empresa perceba quais os fatores que os diferenciam como qualidade muito elevada ou tecnologia para que seja possível o desenvolvimento de outros fornecedores, configurando uma situação de “parceria”. Já no caso de fornecedores localizados é importante que os mesmos sejam selecionados por nichos. Dessa forma, modelos de seleção de fornecedores podem ser direcionados de forma mais abrangente para selecionar um conjunto localizado de fornecedores. Cada nicho de fornecedores possui critérios homogêneos como qualidade do produto, tipos de processo, preço entre outros (PELÁ 2010). Pelá (2010) finaliza afirmando que os fornecedores parceiros devem ser melhor analisados no processo de escolha, pois são realizados maiores investimentos nesse tipo de desenvolvimento e também há maiores trocas de conhecimentos e informações com esses fornecedores. Isso quer dizer que uma definição de critérios e modelos de seleção desses fornecedores é requerida e muito relevante para o desempenho tanto da empresa cliente quanto da empresa fornecedora. Aguezzoul e Ladet (2006) apud Pelá (2010) apresentam uma breve abordagem dos modelos que auxiliam no processo de seleção de fornecedores. O objetivo é apresentar as características principais de cada modelo e fazer uma comparação entre eles, conforme o quadro 2. Quadro 2 – Panorama dos modelos de seleção de fornecedores. Fonte: Aguezzoul e Ladet, 2006 apud PELÁ, 2010.
  • 50. 50 Aguezzoul e Ladet (2006) apud Pelá (2010) apresentam um resumo sucinto de cada abordagem: • Modelos de Ponderação: Métodos mais importantes - AHP (Analytic Hierarchy Process) ou MAH (Método de Análise Hierárquica) e FST (Fuzzy Sets Theory) ou Lógica fuzzy / Lógica Difusa. Nesses modelos os problemas devem ser subdividos em critérios e posteriormente utilizados sob a experiência dos gestores ou simulações para traduzir o grau de importância relativa aos critérios. O Método AHP é um método que se diferencia por seu algorotimo de determinação dos pesos dos critérios, ue fundamenta-se em no conceito de combinação binária de cada nível hierárquico de acordo com os elementos do nível superior. No promeiro nível se encontram informações referentes aos critérios principais. No segundo nível são considerados os critérios secundários assossiados a cada um dos critérios principais e assim por diante, sendo que o último nível de interação oferece informações dos fornecedores potenciais. Este método é totalmente dependente do julgamento do comprador. O FST é uma teoria que considera grande parte de variáveis do processo decisório, sendo possivel modelar a incerteza e imprecisão relativa aos valores dos pesos atribuídos aos critérios, uma vez que as simulações dos comportamentos das várias variaveis tem como objetivo reduzir os riscos das previsões. A classificação dessa teoria como modelo de ponderação se justifica, sobretudo, nas relações fuzzy, em que uma função binária traduz a pertinêcia do critério para decisão. • Modelos de Programação Matemática: baseados em uma função que pode se maximizada para os casos de rendimentos ou minimizadas para os casos de custo, sendo possível a inclusão de restrições, tanto sobre os fornecedores como sobre os compradores. Os modelos dessa classificação são subclassificados em lineares – se a função objetivo e suas restrições forem lineares ou não linear – se tais condições não forem satisfeitas. O segundo qualificador do modelo de programação está ligado à natureza de suas variáveis, que podem ser puras, e nesse caso se omitir a classificação, ou mistas, quando na função objetivo são colocados parâmetros de dimensões diferentes. Como modelo de programação matemática não-linear inteira pode-se citar o Modelo de Hong e Hayya (1992); como modelos de programação matemática Não Linear a variáveis mistas pode-se citar: Modelo de Ghodsypour e O’Brien (20001), MOP (Multi-Objectives Programming) e o DEA (Data
  • 51. 51 Envelopment Analysis) e Como modelo de programação matemática Lineares a variáveis mistas podem-se citar os: Modelo de Chaudhry, Forst e Zydiac (1993), o Modelo de Jayaraman, Srivastava e Benton (1999) e Modelo de Murthy, Soni e Ghosh (2004). • Métodos Baseados no Custo Total: dentre as técnicas desse método econtra-se o TCO (Total Cost Ownership) e o ABC (Activity Based Costing). Essas técnicas são consideravelmente complexas e necessitam de um cálculo robusto dos custos gerados pelas atividades que intervém na operação de compras. O Método ABC, no contexto de seleção de fornecedores consiste em classificar, por ordem decrescente, as compras a serem realizadas nos fornecedores em três categorias diferentes: 20% dos fornecedores (classe A) representam 80% do valor das compras; 30% (fornecedores classe B) representam 15% do valor das aquisições e 50% (fornecedores classe C) representam 5% dos totais das compras. Já o método TCO é um método de rateio de custos que necessita do cálculo dos custos total de compras de um produto. Porém, o custo total inclui o preço de compra e todos os custos operacionais adjacentes, como qualidade, inspeção, etc. • Modelos Estatísticos e Probabilísticos: estes modelos utilizam técnicas estatísticas avançadas para modelar o comportamento dos fornecedores e oferecer uma decisão mais vantajosa em termos de riscos. Por meio do Payoff Matrix é possível definir vários cenários de comportamento futuro dos fornecedores. Em cada um dos cenários uma nota provável é associada de acordo com os critérios pré-definidos, sendo que o fornecedor escolhido será o que possuir uma nota estável para diferentes cenários. O Método VPA consiste na tomada de uma função probabilística para cada fornecedor de acordo com cada critério definido e, por simulação, é possível estimar o comportamento dos fornecedores. O MNL é um modelo de regressão que representa a possibilidade de escolher uma alternativa dentre um conjunto de possibilidades. A alternativa (perfil) é definida de acordo com o nível de importância dos critérios. O UT é considerado com parte da teoria dos jogos. Esse modelo consiste em fazer um estudo das decisões subjetivas sobre os fornecedores através da descrição destas de forma qualitativa. Uma das aplicações para esse modelo é quando se trabalha com fornecedores internacionais. O FA permite analisar as relações entre os critérios de seleção de fornecedores, a contribuição destes para a melhoria do desempenho do produto, as quatro dimensões de satisfação do cliente e o desempenho global da empresa. O ISM permite determinar as relações entre os critérios e seus níveis de importância para a
  • 52. 52 classificação em setores. Através de sua representação gráfica, esse método permite identificar os critérios dependentes e os independentes entre si. Finalizando, o método CA permite agrupar os fornecedores em grupos (clusters) segundo as notas individuais obtidas nos critérios considerados na análise. As diferenças entre os fornecedores do mesmo nível devem ser mínimas enquanto que as diferenças entre fornecedores de grupos diferentes devem ser significativas. Aguezzoul e Ladet (2006) apud Pelá (2010) sumarizam as principais vantagens e inconvenientes das categorias de seleção de fornecedores. As informações apresentadas no quadro 3 norteiam os gestores no momento da escolha do modelo de seleção de fornecedores que mais se adequa à empresa. Quadro 3 – Vantagens e inconvenientes dos diferentes métodos de seleção de fornecedores. Fonte: Aguezzoul e Ladet, 2006 apud Pelá, 2010. Aguezzoul e Ladet (2006) apud Pelá (2010) ainda relacionam no quadro 4 os principais tipos de aquisição e as etapas do processo de seleção de fornecedores com os modelos apresentados nesse trabalho.
  • 53. 53 Quadro 4 – Método de seleção de fornecedores segundo o tipo de aquisição Fonte: Aguezzoul e Ladet, 2006 apud Pelá, 2010. 2.6.2 Critérios para desenvolvimento de Fornecedores Cada empresa seleciona seus fornecedores segundo seus próprios critérios. Esses critérios vão em encontro das estratégias gerais da empresa ou de estratégias momentâneas. Porém, segundo Aguezzoul e Ladet (2006) apud Pelá (2010) existem estudos empíricos que demonstram que há critérios de seleção comuns dentre as empresas, conforme o quadro 5.