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REFLEXÕES LINGÜÍSTICAS

                                 REFERÊNCIAS A ALGUNS TERMOS BÁSICOS
                                          DO FONE AO TEXTO

        O falante, ao tentar se comunicar, necessita de recursos – um tipo de “material” – para chegar aos seus
objetivos. Na presente exposição, segui- remos dois caminhos: no primeiro caminho, exporemos o “material” utilizado
pelo falante; no segundo caminho, mostraremos o que o falante pretende e os passos que ele dá para realizar sua
pretensão.

        Na exposição do primeiro caminho, relacionaremos esse material com determinados termos básicos e com o
estudo desses termos. No segundo cami- nho, seguiremos uma linha inversa, baseando-nos no princípio latino que diz:
“Primum in intentione, ultimum in exsecutione”. Isso quer dizer que “aquilo que está em primeiro lugar na intenção é o
último na execução”.

        Exporemos inicialmente os significados de certos termos básicos da Lingüística. São os seguintes: fonética,
fone, fonologia, fonema, signo, significado, significante, morfologia,morfe, morfema, sintaxe, sentença, sintagma,
discurso, texto.

        1 – Fonética é o estudo dos fones, isto é, sons que são utilizados na lin- guagem humana articulada. O conjunto
de fones constitui a matéria prima da qual cada idioma tira o que precisa, fazendo, portanto, uma seleção. Por isso, o
estudo da fonética pode ser limitado a uma língua específica, podendo-se falar de fonética do latim, fonética do
português, fonética do inglês, etc.

        Os fones são sons que se articulam e ouvem. Eles têm uma realidade física, diferentemente dos fonemas que
têm realidade mental e não física.

        Quando estudam os fones, os especialistas costumam apontar certas características que distinguem uns fones
dos outros. Essas características são denominadas traços fonéticos. São diferentes dos traços fonológicos.

         2 – Fonologia é o estudo dos fonemas. Por fonemas entendem-se sons internalizados como unidades capazes
de portar e distinguir significados. Os fonemas são, portanto, realidades subjacentes ou virtuais. Podemos comparar os
fonemas com as fórmulas de fazer um bolo ou uma feijoada. Essa fórmula existe na mente daquele que vai fazer o bolo
ou a feijoada. O bolo concreto ou a feijoada concreta, realizada, podem ser comparados ao fone. Ninguém come um
bolo ou uma feijoada que está na cabeça de alguém. Assim também, nin- guém ouve um som, enquanto ele está na
cabeça de alguém. Come-se o bolo concretizado ou a feijoada realizada: assim também ouve-se o som concreti- zado
como fone.

        Continuando a comparação, o cozinheiro sabe que se ele modificar a fórmula, trocando algum ingrediente
básico, o bolo ou a feijoada vão ser diferentes ou de outro tipo. Assim também, o falante sabe que, por exemplo, se ele
usar um fone vozeado, produzirá um significado diferente, ao dizer pote/bote.

        Entretanto, em certos casos, algum ingrediente pode ser trocado por outro, sem haver alteração do produto. Por
exemplo, se numa feijoada trocar- mos o ingrediente paio por lingüiça, o produto ainda continuará feijoada. Assim, se
na sílaba -ti- da palavra tia, trocarmos o fone [t] pelo fone africado [t‘], não haverá alteração de significado.

         3 – O termo signo é muito empregado depois de Saussure. Para esse autor, o signo é o resultado de um
processo mental em que se juntam indisso- luvelmente dois elementos: o significante e o significado. O significante e
o significado existem na mente: o significante é, por assim dizer, a gravação dos sons – para Saussure, a imagem
acústica –e o significado é o conceito a ele vinculado. O significante corresponderia a um ou mais fonemas, na
línguagem atual. Saussure, porém, diz que não se trata de fonemas, porque na sua época ainda não havia uma distinção
clara entre fones e fonemas. O que Saussure quis dizer é que o significante não corresponde a fone ou fones.

        4 – A morfologia estuda morfes e/ou morfemas. Por morfes entende- mos unidades de significação ou função
realizadas concretamente. Conse- qüentemente, devemos entender morfemas como unidades subjacentes ou
internalizadas, que existem na mente. Também é importante lembrar que de- terminados morfemas podem ser
realizados de várias formas (variação). As- sim, por exemplo, se falamos de morfema de plural do substantivo, obser-
vamos que há várias possibilidades de realização do plural: -s-, -es-, zero (Ver: livros, mares, pires).

                            ELEMENTOS E PROCESSOS DA LÍNGUA E DA FALA

                                            DO FONE AO TEXTO
                                         ROTEIRO DOS PASSOS DADOS

1 – O ouvinte (futuro falante), por processo externo de audição, ouve um conjunto de fones.

2 – Esse ouvinte internaliza (processo interno) esses fones, na forma de fonemas (resultado interno), com suas
possíveis variações.

3 - Seleciona fonemas ou variações para formar significantes.

4 – No mesmo processo interno, junta significantes a significados.

5 – O resultado interno desse processo é o signo.

6 – O signo equivale ao morfema (elemento interno), nas suas várias classes.

7 – O morfema nuclear – chamado lexical – transporta o significado básico do vocábulo.

8 – O morfema nuclear se manifesta como morfe radical (elemento externo).

9 – Os morfemas periféricos transportam significados que modificam o signi- ficado básico: morfemas prefixais,
sufixais, flexionais.

10 - Os morfemas periféricos se manifestam externamente como morfes prefixais, sufixais, desinenciais, morfes
flexionais suprassegmentais.

11 – O processo de junção interna de signos (equivalentes a morfemas voca- bulares) produz sintagmas.

12 – Os sintagmas podem ser vocabulares ou sentenciais.

13 – O processo interno de junção de sintagmas sentenciais produz sentenças (internas).

14 – As sentenças podem ser sentenças nominais/sincopadas/integrais/ complexas.

15 – O falante procura adequar os processos internos e seus resultados ao discurso que pretende realizar.

16 – O discurso poderá ser monológico, dialógico, pessoal, grupal, à distância (não presencial), a um tempo
definido, a um tempo indefinido .

17 – O falante adequará internamente o discurso ao ouvinte, ao contexto externo, aos seus objetivos, a seu tema, à
própria argumentação, às possíveis reações do ouvinte.

18 – O discurso se manifestará externamente no texto.

19 – O texto poderá ser oral, ou traduzido para a escrita.


                                           DISTINÇÕES NECESSÁRIAS

1 – Processo/resultado.
2 – Processo interno/ processo externo.

3 – Resultado interno/resultado externo.

4 – Processos internos:

       internalização de fones: formação de fonemas;

       formação de significantes;

       junção de significantes a significados: formação de signos;

       formação de morfemas: várias classes de morfemas;

       formação de sintagmas;

       formação de sentenças (vários tipos);

       adequação ao discurso;

5 – Resultados internos:

       fonemas:
       signos;

       morfemas;

       sentenças internas;

       discurso.

6 – Processos externos:

       articulação de fones;

       processos fonéticos;

       expressão de morfes;

       expressão de sentenças;

       expressão do discurso.

7 – Resultados externos:

       fones;

       morfes (vários tipos);

       sentenças (vários tipos)

       texto(vários tipos).
QUADRO COM PROCESSOS INTERNOS/EXTERNOS E RESULTADOS INTERNOS/EXTERNOS

PROC. EX-           PROC. INTER- NO          RESULT. INTER- NO       RESULT. EXTER- NO.
TERNO
Falante B produz
texto oral
Falante A ouve      Fal.A internaliza        Fonemas c/var.          Futuros fones
fones desse texto   fones ouvidos
                    A junta sigte e signdo
                                        Signo
                                        Signo=Morfema c/var.         Futuros morfes
                    Seleção de morfemas Morfemas nuclea- res e       Futuro morfe
                                        periféricos                  radical/derivativo /
                                                                     flexional /suprasseg- mental
                    Junção de morfe- mas     Sintagma vocabu- lar    Futuro vocábulo
                    primários
                    Junção de sintag-        Sintagma senten- cial   Futura locução
                    mas vocabulares
                    Junção de sintag-        Sentença interna        Futura sentença
                    mas sentenciais
                    Apagamento do            Sentença nominal        Futura sentença nominal
                    verbo                    interna
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Linguística ii
 

Reflexões linguísticas: dos fonemas ao texto

  • 1. REFLEXÕES LINGÜÍSTICAS REFERÊNCIAS A ALGUNS TERMOS BÁSICOS DO FONE AO TEXTO O falante, ao tentar se comunicar, necessita de recursos – um tipo de “material” – para chegar aos seus objetivos. Na presente exposição, segui- remos dois caminhos: no primeiro caminho, exporemos o “material” utilizado pelo falante; no segundo caminho, mostraremos o que o falante pretende e os passos que ele dá para realizar sua pretensão. Na exposição do primeiro caminho, relacionaremos esse material com determinados termos básicos e com o estudo desses termos. No segundo cami- nho, seguiremos uma linha inversa, baseando-nos no princípio latino que diz: “Primum in intentione, ultimum in exsecutione”. Isso quer dizer que “aquilo que está em primeiro lugar na intenção é o último na execução”. Exporemos inicialmente os significados de certos termos básicos da Lingüística. São os seguintes: fonética, fone, fonologia, fonema, signo, significado, significante, morfologia,morfe, morfema, sintaxe, sentença, sintagma, discurso, texto. 1 – Fonética é o estudo dos fones, isto é, sons que são utilizados na lin- guagem humana articulada. O conjunto de fones constitui a matéria prima da qual cada idioma tira o que precisa, fazendo, portanto, uma seleção. Por isso, o estudo da fonética pode ser limitado a uma língua específica, podendo-se falar de fonética do latim, fonética do português, fonética do inglês, etc. Os fones são sons que se articulam e ouvem. Eles têm uma realidade física, diferentemente dos fonemas que têm realidade mental e não física. Quando estudam os fones, os especialistas costumam apontar certas características que distinguem uns fones dos outros. Essas características são denominadas traços fonéticos. São diferentes dos traços fonológicos. 2 – Fonologia é o estudo dos fonemas. Por fonemas entendem-se sons internalizados como unidades capazes de portar e distinguir significados. Os fonemas são, portanto, realidades subjacentes ou virtuais. Podemos comparar os fonemas com as fórmulas de fazer um bolo ou uma feijoada. Essa fórmula existe na mente daquele que vai fazer o bolo ou a feijoada. O bolo concreto ou a feijoada concreta, realizada, podem ser comparados ao fone. Ninguém come um bolo ou uma feijoada que está na cabeça de alguém. Assim também, nin- guém ouve um som, enquanto ele está na cabeça de alguém. Come-se o bolo concretizado ou a feijoada realizada: assim também ouve-se o som concreti- zado como fone. Continuando a comparação, o cozinheiro sabe que se ele modificar a fórmula, trocando algum ingrediente básico, o bolo ou a feijoada vão ser diferentes ou de outro tipo. Assim também, o falante sabe que, por exemplo, se ele usar um fone vozeado, produzirá um significado diferente, ao dizer pote/bote. Entretanto, em certos casos, algum ingrediente pode ser trocado por outro, sem haver alteração do produto. Por exemplo, se numa feijoada trocar- mos o ingrediente paio por lingüiça, o produto ainda continuará feijoada. Assim, se na sílaba -ti- da palavra tia, trocarmos o fone [t] pelo fone africado [t‘], não haverá alteração de significado. 3 – O termo signo é muito empregado depois de Saussure. Para esse autor, o signo é o resultado de um processo mental em que se juntam indisso- luvelmente dois elementos: o significante e o significado. O significante e o significado existem na mente: o significante é, por assim dizer, a gravação dos sons – para Saussure, a imagem acústica –e o significado é o conceito a ele vinculado. O significante corresponderia a um ou mais fonemas, na línguagem atual. Saussure, porém, diz que não se trata de fonemas, porque na sua época ainda não havia uma distinção clara entre fones e fonemas. O que Saussure quis dizer é que o significante não corresponde a fone ou fones. 4 – A morfologia estuda morfes e/ou morfemas. Por morfes entende- mos unidades de significação ou função realizadas concretamente. Conse- qüentemente, devemos entender morfemas como unidades subjacentes ou internalizadas, que existem na mente. Também é importante lembrar que de- terminados morfemas podem ser
  • 2. realizados de várias formas (variação). As- sim, por exemplo, se falamos de morfema de plural do substantivo, obser- vamos que há várias possibilidades de realização do plural: -s-, -es-, zero (Ver: livros, mares, pires). ELEMENTOS E PROCESSOS DA LÍNGUA E DA FALA DO FONE AO TEXTO ROTEIRO DOS PASSOS DADOS 1 – O ouvinte (futuro falante), por processo externo de audição, ouve um conjunto de fones. 2 – Esse ouvinte internaliza (processo interno) esses fones, na forma de fonemas (resultado interno), com suas possíveis variações. 3 - Seleciona fonemas ou variações para formar significantes. 4 – No mesmo processo interno, junta significantes a significados. 5 – O resultado interno desse processo é o signo. 6 – O signo equivale ao morfema (elemento interno), nas suas várias classes. 7 – O morfema nuclear – chamado lexical – transporta o significado básico do vocábulo. 8 – O morfema nuclear se manifesta como morfe radical (elemento externo). 9 – Os morfemas periféricos transportam significados que modificam o signi- ficado básico: morfemas prefixais, sufixais, flexionais. 10 - Os morfemas periféricos se manifestam externamente como morfes prefixais, sufixais, desinenciais, morfes flexionais suprassegmentais. 11 – O processo de junção interna de signos (equivalentes a morfemas voca- bulares) produz sintagmas. 12 – Os sintagmas podem ser vocabulares ou sentenciais. 13 – O processo interno de junção de sintagmas sentenciais produz sentenças (internas). 14 – As sentenças podem ser sentenças nominais/sincopadas/integrais/ complexas. 15 – O falante procura adequar os processos internos e seus resultados ao discurso que pretende realizar. 16 – O discurso poderá ser monológico, dialógico, pessoal, grupal, à distância (não presencial), a um tempo definido, a um tempo indefinido . 17 – O falante adequará internamente o discurso ao ouvinte, ao contexto externo, aos seus objetivos, a seu tema, à própria argumentação, às possíveis reações do ouvinte. 18 – O discurso se manifestará externamente no texto. 19 – O texto poderá ser oral, ou traduzido para a escrita. DISTINÇÕES NECESSÁRIAS 1 – Processo/resultado.
  • 3. 2 – Processo interno/ processo externo. 3 – Resultado interno/resultado externo. 4 – Processos internos: internalização de fones: formação de fonemas; formação de significantes; junção de significantes a significados: formação de signos; formação de morfemas: várias classes de morfemas; formação de sintagmas; formação de sentenças (vários tipos); adequação ao discurso; 5 – Resultados internos: fonemas: signos; morfemas; sentenças internas; discurso. 6 – Processos externos: articulação de fones; processos fonéticos; expressão de morfes; expressão de sentenças; expressão do discurso. 7 – Resultados externos: fones; morfes (vários tipos); sentenças (vários tipos) texto(vários tipos).
  • 4. QUADRO COM PROCESSOS INTERNOS/EXTERNOS E RESULTADOS INTERNOS/EXTERNOS PROC. EX- PROC. INTER- NO RESULT. INTER- NO RESULT. EXTER- NO. TERNO Falante B produz texto oral Falante A ouve Fal.A internaliza Fonemas c/var. Futuros fones fones desse texto fones ouvidos A junta sigte e signdo Signo Signo=Morfema c/var. Futuros morfes Seleção de morfemas Morfemas nuclea- res e Futuro morfe periféricos radical/derivativo / flexional /suprasseg- mental Junção de morfe- mas Sintagma vocabu- lar Futuro vocábulo primários Junção de sintag- Sintagma senten- cial Futura locução mas vocabulares Junção de sintag- Sentença interna Futura sentença mas sentenciais Apagamento do Sentença nominal Futura sentença nominal verbo interna Apagamento de Sentença sincopada Futura sentença com outros elementos elementos omissos Junção integral de Sentença integral Futura sentença integral sintagmas sentenciais Junção de sen- tenças Sentença complexa Futura sentença complexa integrais Adequação da(s) Discurso monoló- Texto oral/escrito/ sentença(s) ao gico/ /dialógico/ monológico/dialó- discurso preten- presencial/distanci- gico/individual/grupal dido al/oral/escrito ELEMENTOS PROCESSOS ELEMENTOS PROCESSOS INTERNOS INTERNOS EXTERNOS EXTERNOS FONEMAS ESCOLHA DE FONES PRODUÇÃO DE FONEMAS FONES ESCOLHA DE PROCESSOS VARIANTES FONÉTICOS PROCESSOS FONOLÓGICOS SIGNIFICANTES JUNÇÃO DE SIGNIFICADOS SIGNIFICANTES E SIGNIFICA- DOS=FORMAÇÃO DE SIGNOS SIGNOS VOCÁBULOS MORFEMAS ESCOLHA DE MORFES E SEUS MORFEMAS E SUAS TIPOS