O documento apresenta a história da família Basso, que chegou à região do Pilarzinho em 1888 vinda da Itália. A família se estabeleceu inicialmente no São Lourenço, onde plantavam milho, feijão e hortaliças para vender na cidade. Mais tarde, um membro da família comprou um armazém no Pilarzinho, estabelecendo um negócio que permanece até hoje, sendo um símbolo do comércio local. A família participa da história do bairro há mais de um sé
Como escrever um bom parágrafo | Aula Sandra Portugal | 18/02/2014
Jornal local conta histórias e desafios de bairros de Curitiba
1. R$ 1,50
Do Quintal Julho de 2010 - Ano I - Número 1
Um jornal
a serviço do
nosso quintal
O Do Quintal surge
com o objetivo de
contar as histórias
Marco André Lima
de ontem e de
hoje do Pilarzinho,
São Lourenço,
Abranches, Mercês
e Vista Alegre.
Bairros que juntos
concentram a maior
parte e os mais
visitados parques e
bosques da cidade,
o “coração verde”
da capital. Pág. 16
O seu bairro
pode mudar
para melhor.
E você pode
ajudar.
Veja como na Pág. 5
Família Basso,
há um século
no Pilarzinho.
Ela chegou em 1888
à região e desde
Onde nascem
então é sinônimo de
comércio no bairro.
Pág. 3
Os perigos
Os santOs
Fábricas no Pilarzinho e do crédito
Vista Alegre abastecem consignado
igrejas e fiéis de Curitiba
e várias regiões do País. Cada vez mais
Páginas 8 e 9 aposentados
e pensionistas
recorrem a essa
modalidade. Pág. 14
Arquivo da família
» CRACk
droga já virou epidemia e
está exterminando jovens
Arquivo
O crack tornou-se o principal
combustível para morte de
adolescentes. Em 2009, Curitiba e
Região Metropolitana registraram
em média três assassinatos de
garotos entre 12 e 18 anos por
semana. Para autoridades,
situação é um caso de
saúde pública. Páginas 6 e 7
» CRAQUE
Ize, a história do
baixinho driblador que
deixou saudade
O Canhotinha de Ouro foi um dos melhores jogadores
que já pisaram os gramados do Pilarzinho. Página 10
2. Curitiba, 26 de maio de 2010
»2 Do Quintal
edItORIaL
Um quintal verde a história do
abranches
O Do Quintal surge com uma proposta simples,
mas ao mesmo tempo inovadora. A de
simplesmente fazer bom jornalismo e com isso
contribuir com a região que abrange no sentido
P
de informar sobre o que de mais importante
ara incentivar o interesse dos jovens
acontece por aqui, de lembrar a história
pela história do bairro, a Associação
de quem veio antes de nós, de colocar em dos Moradores e Amigos do Abranches
evidência o que hoje há de bom – e enaltecê- (Amada) está promovendo um concurso de
lo – e o que há de ruim – questionando e redação voltado aos estudantes dos colégios
cobrando soluções para os problemas. da região. Os melhores textos sobre persona-
gens e fatos históricos do bairro serão reuni-
O Do Quintal atuará nos bairros do Pilarzinho, dos em livro.
Vista Alegre, Mercês, Bom Retiro e São O presidente da Amada, José Gomes, diz
Lourenço. A escolha não é por acaso. É que a idéia é que a partir do trabalho, os mais
justamente esta região que concentra as jovens conheçam um pouco mais da centená-
principais áreas verdes e parques da cidade. Ao ria história do Abranches. Ele explicou que há
mesmo tempo, abriga áreas com uma história 27 anos foi realizada ação parecida, quando
centenária, onde famílias de várias partes do os estudantes da época também fizeram pes-
quisas e colheram depoimentos de moradores
mundo chegaram em séculos passados para
mais antigos. O problema, porém, é que na
ajudar a construir o que é hoje a cidade de
época os relatos acabaram se perdendo. “Des-
Curitiba. ta vez, as histórias vão virar um livro e ficaram
Antigamente eram chácaras, a partir das quais preservadas”, explica José Gomes.
os pioneiros iniciavam uma nova vida, longe
de seus familiares deixados do outro lado » História do Abranches 2?
Apesar de o presidente da Amada dizer que
do Oceano Atlântico. Com trabalho e muito
não restou registro dos trabalhos daquela épo-
sacrifício, aos poucos os bairros se tornaram
ca, o Do Quintal descobriu nos arquivos muni-
o que são hoje. Muita coisa mudou, mas a cipais um dos textos feitos em 1983.
história de quem veio antes continua presente, Trata-se do depoimento do morador Antô-
seja em nomes de ruas ou no sobrenome de nio Kucaniz, um comerciante aposentado e bis-
muitos moradores locais, que de certa forma neto dos primeiros colonos que vieram para o
continuam a saga de seus ancestrais. Abranches. Infelizmente, o nome dos estudan-
tes que fizeram o trabalho foi riscado, sendo possível decifrar mento é da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem (SPVS).
Hoje, a região é um ponto turístico que atrai somente o nome “Roberto”. Ao lado, reprodução da página que A ONG fez na capital o primeiro estudo no Brasil que mostra a
pessoas de todos os cantos do mundo. consta no arquivo da Casa da Memória. Quem souber quem fo- importância das florestas urbanas no combate ao aquecimento
Vêm em busca das belezas naturais e das ram os alunos que fizeram o trabalho ou tiver informações sobre global, do qual o dióxido de carbono é um dos principais fato-
intervenções conscientes do homem, que Antônio Kucaniz, entre em contato conosco (Telefones 3527- res. O CO2 é retirado do ar pelas plantas.
redundaram nas atrações como a Ópera de 0501 e 8819-8717. E-mail: Doquintal@yahoo.com.br) Para se ter uma ideia do benefício das florestas para Curitiba,
Arame, Parques Tanguá, Tingui, do Alemão, 4,2 milhões de toneladas de CO² são a quantidade liberada por
Gutierrez, São Lourenço, Pedreira Paulo » Brochado cerca de 1 milhão de veículos circulando durante um ano e meio
A rua Primeiro-Ministro Brochado da Rocha, que começa nas ruas da cidade.
Leminski e outras. Numa cidade conhecida por
ecológica, pode-se dizer que este é o coração,
na Hugo Lange e dá acesso à Universidade do Meio Ambiente,
será completamente reformada, a partir de setembro. O anúncio » Bom Negócio
o “coração verde da cidade”.
foi feito pelo prefeito, Luciano Ducci, no último dia 31, duran- Dezenas de empreendedores do Pilarzinho e Mercês, pes-
Mesmo com essa importância, a região ainda te a assinatura da ordem de serviço para as obras da Fredolin soas que já possuem uma empresa ou que pretendem criá-la,
carece de obras que a torne melhor não Wolf. participaram , em maio e junho, do Programa Bom Negócio, da
só para quem a visita, mas principalmente Prefeitura de Curitiba. A formatura foi no dia 30 de junho, no
para quem mora nela. Um passo importante » Mais um parque Estação Convention Center. Em 20 dias de aulas, os participan-
nesse sentido foi o anúncio da revialização
Reforçando sua condição de “coração verde” da cidade, a tes aprenderam como aperfeiçoar a gestão de seus negócios. Os
nossa região ganhará mais um parque. A Prefeitura anunciou empreendedores certificados passam a ter acompanhamento de
da Fredolin Wolf, do Santa Felicidade
que transformará uma área de 100 mil metros quadrados de consultores especializados. No total, de 11 bairros atendidos no
ao Pilarzinho. Obra que o Do Quintal
uma antiga pedreira desativada na rua Gardênio Scorzato, no primeiro semestre, foram 450 formados. No segundo semestre,
acompanhará minuciosamente. bairro Vista Alegre, em parque de preservação ambiental e de o programa atingirá mais nove bairros, entre eles o centro e o
Ao mesmo tempo, em outra proposta inovadora, uso público. A intenção é tornar o local, que tem vegetação na- Bom Retiro. O curso é gratuito.
tiva e uma cachoeira, em espaço de contemplação, mas também
o Do Quintal, trabalhará com duas faixas
para a prática de esportes radicais.
etárias geralmente negligenciadas pela grande » Mão única
O prefeito, Luciano Ducci, informou que determinou à
imprensa: os adolescentes e os idosos. Em A rua Coronel João Guilherme Guimarães, no bairro Mer-
equipe do Meio Ambiente a elaboração de um projeto onde o
relação aos primeiros, a partir das escolas cês, tornou-se mão única em um trecho de cinco quadras, com
visitante consiga interagir com as belezas naturais do parque.
locais o jornal irá acompanhar o que vive o
sentido da rua Myltho Anselmo da Silva para a Dr. Roberto Bar-
roso. Segundo a Urbs, a intenção é garantir melhor fluidez do
jovem de hoje e tentará contribuir para um
» Filtro verde tráfego. A rua tem cerca de dois quilômetros de extensão e liga
melhor entrosamento entre os jovens e a As florestas dentro de Curitiba têm 1,16 bilhão de toneladas a Avenida Manoel Ribas, nas Mercês, à rua Claudio Manoel da
própria escola, a família e o bairro em que de carbono estocados em seus galhos, troncos, raízes e folhas. Costa, no Pilarzinho. A rua ganhou também nova pintura e duas
vivem. Já os chamados da terceira idade, terão Isso representa 4,25 milhões de toneladas de dióxido de carbo- lombadas, na quadra entre a Desembargador Vieira Cavalcanti;
no Do Quintal informações que interessam a no (CO2) a menos no ar respirado pelos curitibanos. O levanta- e na quadra entre as ruas Solimões e Mamoré.
essa faixa etária, a que mais vem crescendo no
Brasil e no mundo, mas que ainda sente falta
de publicações que atendam aos seus anseios.
É com essas propostas que o Do Quintal
pede licença para entrar em seus lares. Movido à mula
Sabendo, porém, que elas só terão sucesso
Na época em que os Basso chegaram à cidade, Curitiba
com a participação dos moradores, seja tinha recém-inaugurado seu primeiro sistema de
criticando, elogiando, dando sugestões, enfim, transporte coletivo. Em novembro de 1887, a Empreza
participando. Só assim poderemos fazer um Curitybana pusera em funcionamento o primeiro bonde,
jornal dos moradores para os moradores, ou puxado por mulas. A foto, do acervo de Cid Stefani,
mostra um carro da linha Batel-Seminário na esquina das
seja, um jornal com a cara do nosso quintal.
ruas XV de Novembro e Monsenhor Celso, e um guarda
civil. O registro foi feito em 1911. Dois anos depois,
em 7 de janeiro de 1913, seria inaugurado o primeiro
ônibus elétrico da cidade. Só em 1952 chegariam os
ônibus, primeiro movidos a gasolina e depois, a diesel,
aposentando definitivamente o velho bonde.
A foto e outras de Cid Stefani estão expostas no
mais antigo bar da cidade, o Stuart, na Praça Osório,
inaugurado em 1904 e ainda em funcionamento.
3. Curitiba, 26 de maio de 2010
Do Quintal »3
PIONEIROS
Basso, uma
Arquivo familiar
história
centenária
Família chegou da Europa no século
XIX e fincou raízes na região
O armazém dos Basso, ao lado da Capela, em foto de 1959. Família tradicional do Pilarzinho, tório, em 1950, porém, ele voltou
os Basso participam da história para Curitiba, para auxiliar a mãe
do bairro há mais de um século. no negócio. Tinha a ajuda do ir-
Os primeiros representantes deles mão José, o Bepe, e da irmã ca-
Arquivo familiar
aportaram por esta região por vol- çula, Leonilda, que até hoje traba-
ta de 1888, vindos da Itália, numa lha no local. E por ali continuou,
das primeiras levas de imigrantes assumindo a empresa após a mãe
O casal Luiz e Rosa europeus que buscavam no Bra- retirar-se da vida no comércio.
chegou da Europa sil oportunidades de crescimento Benjamim casou-se em 1953
em 1888. pessoal. O casal Luiz e Rosa Bas- com Lídia Pilati.
so se fixou inicialmente na região Na época em que Benjamim
onde é hoje o bairro São Lourenço. assumiu o negócio, o bairro ainda
Casamento de
Com a experiência que já tinham carecia de infra-estrutura básica,
Angelina com
Augustinho, na lavoura, começaram a plantar oferecendo poucos serviços aos
pouco antes da milho, feijão e hortaliças nas no- moradores. Com isso, muitas ve-
compra do armazém. vas terras, vendendo a produção zes, ele tinha que usar sua cami-
no centro da cidade. nhonete F 100 para fazer um tipo
Marco André Lima
Com isso, criaram os filhos, que de serviço social, como transportar
casaram e constituíram famílias. famílias, levar doentes a hospitais,
Um deles, Augusto, havia se ca- fazer carretos para os clientes etc.
sado há poucos anos com Ângela Ferragens
Costa, quando, em 1918, comprou Em 1962, Vitório Pilati, casado
o armazém de secos e molhados com uma das filhas de Augusto,
do alemão Gustavo Born, ao lado Catarina Basso, entrou na socieda-
da Capela Nossa Senhora do Pilar. de no armazém. A sociedade du-
O comércio funcionava em uma rou até 1988, quando o armazém
casa de madeira, que ficava numa ficou trabalhando somente com
área que compreendia do atual os produtos com que trabalha ate
posto de gasolina, na esquina das hoje, e a parte de ferragens, ferra-
ruas São Salvador com a Desem- mentas e materiais de construção
bargador José Carlos Ribas, até à ficou com o sócio, dando origem à
Benjamim e a esposa Leonilda e os sobrinhos Rubens e Sociedade Primavera, na atual Do- Fermatti Materiais de Construções,
Lídia em foto de 1985. Joceli em frente ao atual prédio. mingos Moro. vizinho ao supermercado.
Na época, toda a região era Desde o início do século pas-
Tempos de tripa e querosene formada por chácaras. O armazém
era a única casa comercial da re-
sado, o atual supermercado fun-
cionava em uma antiga casa de
gião. A venda de secos e molha- madeira. O atual prédio só seria
Se um jovem de hoje viajasse no tempo e mercado, como milho e seus derivados,
dos mais próxima ficava na Cruz construído na década de 1970.
entrasse no Armazém Basso nos anos 50 batata, leite, frutas, hortaliças, ovos, óleo
do Pilarzinho, de propriedade dos Benjamim e Lídia tiveram cinco
se depararia com uma série de produtos (usava-se banha) e carnes in natura não
Polak, uma das famílias polone- filhos. O mais velho, Renato Olivir
nas prateleiras que nem saberia para que eram oferecidos. Em compensação, como
sas que vieram para o Paraná em é engenheiro florestal e trabalha
serviam. O querosene, por exemplo, era um ninguém tinha geladeira, vendia-se muito
1871. em Sinop (MT); o quarto, Ronei, é
campeão de vendas. Mas, compravam o charque e torresmo. Lenha, ferramentas Na época, os produtos vendidos funcionário do Banco do Brasil. Os
produto não para usá-lo na limpeza como para a lavoura, materiais para construção, eram bem diferentes dos de hoje. demais, Joceli, a segunda filha, Ru-
hoje. Antes, ele era usado para iluminar as cera, louças e panelas também tinham Querosene era um dos principais, bens, o terceiro, e Janete, a caçula,
casas. Numa época em que ainda não havia muita saída, assim como linhas, agulha, pois como ainda não havia luz assumiram o negócio em 1988.
chegado a luz elétrica à região, ele era o cordas para amarrar animais, uma infinidade elétrica, os moradores tinham que Lídia faleceu precocemente, aos
combustível para os lampiões e lamparinas. de miudezas para o lar e até roupas rústicas. usar esse combustível para acen- 60 anos, em 1990. Tempos depois,
Um dos artigos mais curiosos que se vendia Nesta época, o Basso também comercializava der os lampiões ou lamparinas. ele se casaria com Terezinha Ma-
naquele tempo era a tripa de porco. Rubens galinhas, mas não como hoje, depenadas,
Com o comércio, o casal foi canhão.
Basso explica que a “tripa seca” era usada cortadas, limpas e às vezes até temperadas.
tocando a vida. Tiveram oito fi- Nos últimos anos, Benjamim
para se fazer salame e outros embutidos, Na época, elas eram vendidas vivas. Ao lado
lhos. Em agosto de 1938, vítima enfrentou um câncer, e quando
de câncer, Augusto morreu aos 54 estava quase curado, surgiu o al-
muito consumidos pelos moradores de do mercado, havia um cercado, onde os
anos, deixando Ângela, ou Angeli- zheimer. Com isso, ficou 16 meses
então. Outra mercadoria que não podia clientes escolhiam a que levariam para casa,
na como era chamada pelos fami- hospitalizado, alimentando-se por
faltar era o fumo de rolo, opção para os para botar ovos ou para virar o prato do dia.
liares, para cuidar dos filhos e do aparelhos. Em maio último, ain-
fumantes numa época em que nem se
Quem não deve sentir saudade dessa época negócio. da em estado vegetativo, ele teve
imaginava que um dia até fumar em bares
são as mulheres. Antes de levar um Benjamim alta do hospital e foi levado para a
seria proibido.
galináceo ao fogo, elas tinham primeiro que Com o tempo, os filhos mais casa da filha Janete. Ele está com
Os produtos oferecidos atendiam às matá-lo, depois depená-lo em água fervente, velhos buscavam seus caminhos, 83 anos, completados em 15 de
necessidades básicas da região, que ainda cortá-lo, limpá-lo e temperá-lo, e só então encontrando empregos em outras janeiro.
era formada por chácaras onde se produzia colocar o bicho na panela ou no forno. Sem regiões. O sexto filho, Benjamim, Apesar da tristeza com o esta-
a maior parte dos alimentos consumidos. contar, claro, o trabalho para acender o fogo também parecia seguir a mesma do do pai, os três filhos e a irmã
Então, vários produtos hoje comuns no feito com lenha. Melhor hoje, não? (DSF) rota. Na maioridade, foi para o Leonilda dão continuidade ao tra-
Rio de Janeiro servir ao Exército. balho de Benjamim e à história
Findo o tempo de serviço obriga- dos Basso no Pilarzinho.
4. Curitiba, 26 de maio de 2010
»4 Do Quintal
JÁ ERA HORA
Revitalização da
importante é desejo
antigo dos moradores
da região
Como ficará a “nova Fredolin”
Início das obras: 1.º de junho de 2010
Previsão de término: 31 de maio de 2011
A avenida será alargada e terá de sete
até 11 metros, conforme o trecho
Ciclovia compartilhada com sinalização exclusiva.
Rampas para idosos e pessoas com deficiência
Vários cruzamentos terão faixa adicional
para conversões à esquerda
Rotatórias em alguns cruzamentos
Do Parque Tanguá até a rua Grazielli Wolf haverá duas faixas
para quem segue em direção a Santa Felicidade.
Finalmente, Bloqueios
a reforma da exigem atenção
As equipes estão trabalhando em dois trechos da avenida,
Fredolin
entre as ruas Edson Campos Matesich e Ari José Valle,
em Santa Felicidade, numa extensão de 480m, e entre as
ruas Graziele Wolf e Melchíades Silveira do Valle, no bairro
São João, próximo ao Parque Tingui, numa extensão de
670m. Os dois trechos foram bloqueados totalmente e nos
próximos dois meses, os motoristas terão que passar por
desvios, que estão sinalizados.
O
s moradores do Pilarzinho, São João e Santa ra de Arame, cartões-postais de Curitiba localizados No primeiro trecho de obras, o desvio é feito pelas ruas Edson
Felicidade têm um bom motivo para comemo- entre o Abranches e o Pilarzinho. Campos Metesich, Praxedes Silva Avelleda e Edison Nobre
rar. Depois de anos e anos de espera, finalmen- de Lacerda, para quem vem de Santa Felicidade para o
te começaram, na manhã do último dia primeiro, a re- » Poucas desapropriações bairro São João. No sentido contrário, o desvio é feito pelas
forma e o alargamento da Rua Fredolin Wolf, uma das Apesar da extensão da obra, a sua execução não mesmas ruas. Parte do segundo trecho de obras opera em
mais importantes vias da região. Esburacada, estreita, exigirá grandes desapropriações, como explica o chefe meia pista. A partir da rua Graziele Wolf, o bloqueio é total e
em grande parte sem acostamento e calçadas, além de do setor de Projetos Viários do Ippuc, Márcio Augusto o desvio é por ela (Graziele Wolf) e pela Raposo Tavares, na
enfeiar a região que concentra algumas das principais de Toledo Teixeira. Segundo ele, ao todo serão nove divisa com o município de Almirante Tamandaré. Também
atrações turísticas da cidade, a Fredolin como está é desapropriações, mas todas de pequenas áreas. Marcio neste caso, o desvio é o mesmo nos dois sentidos.
um risco diário principalmente para pedestres e ciclis- Teixeira explica que na própria concepção do projeto Moradores, comerciantes e a população em geral deverão
tas. Com a assinatura da ordem de serviços pelo pre- foi buscado o mínimo de intervenção em propriedades estar atentos às informações a respeito do andamento dos
feito Luciano Ducci, no último dia 31, esta situação particulares. Daí o fato de a via ser projetada para ter trabalhos. Sempre que houver necessidade de desvios,
tem data para estar completamente resolvida: 31 de várias larguras, de sete a 11 metros, conforme as pe- eles serão sinalizados. Pedestres e ciclistas também
maio de 2011. culariedades de cada trecho. Na Domingos Moro, por devem estar atentos à sinalização. Por enquanto, não
Este é o prazo que o consórcio vencedor da licita- exemplo, ficará em sete metros. Da Saturnino Braga até há mudanças nas linhas de ônibus, mas os usuários das
ção, formado pela empresa paranaense Gaissler Mo- o Parque Tingui, ela terá 11 metros, com duas faixas de linhas que utilizam as vias também precisarão observar os
reira e a argentina Dos Arroyos, tem para entregar os tráfego por sentido e estacionamento. Do Tingui até informativos quanto a possíveis alterações temporárias nos
7.765 metros de obras entre a Manoel Ribas, no Santa a Rua José Ribeiro de Cristo, serão nove metros, com itinerários, caso seja necessário durante o período de obras.
Felicidade, e a Nilo Peçanha, no Pilarzinho, abrangen- duas faixas subindo e uma descendo, e estacionamen- Comerciantes e moradores da região terão acesso aos seus
do trechos também das ruas Saturnino Braga, Domin- tos em alguns pontos. Da José Ribeiro de Cristo até imóveis.
gos Moro e São Salvador. O projeto, orçado em R$ Nilo Peçanha, sete metros de pista e remansos (estacio-
17.914,90 prevê pistas de 7 a 11 metros de largura, namentos em forma de baias) em alguns locais.
recape completo, calçadas com ciclovias em todo o A maior desapropriação será no Bairro São João,
trecho, nova rede de drenagem, nova sinalização e na confluência da Fredolin com a rua Ari José Vale.
plantio de 800 árvores. As obras fazem parte do pro- Ali será desapropriado um grande terreno, onde será
grama Pró-Cidades, que tem financiamento do Banco construído um “bolsão de retorno” para os veículos.
Interamericano de Desenvolvimento (BID) e contra- Márcio Teixeira explica que os proprietários de ter-
partida de 50% do município. renos a serem atingidos pelas obras serão chamados
A Prefeitura diz que com a revitalização consolida- pela Prefeitura para conversar sobre os detalhes da
rá uma nova alternativa de acesso rápido entre Santa desapropriação e indenização. No caso de muros que
Felicidade, São João e Pilarzinho, beneficiando uma precisem ser afastados, a Prefeitura se encarregará de
população de 80 mil pessoas, melhorando também os derrubá-los e reconstruí-los no novo local, sem custos
acessos aos parques Tanguá e Tingui e a saída da Ópe- para o proprietário.
5. Curitiba, 26 de maio de 2010
Do Quintal »5
JÁ ERA HORA
Curva da capela João Gava terá
preocupa lombada eletrônica
Quando anunciadas as obras de revitalização da Fredolin Wolf, os
moradores e comerciantes ao redor da Capela Nossa Senhora
do Pilar já tinham uma pergunta na ponta da língua: como
em frente a Ópera
ficará a confluência das as ruas Domingos Moro, São Salvador
e Bruno João da Silva ? É que este local é considerado um dos
mais perigosos da região. Como não há sinalização ou redutor
de velocidade, e como os motoristas não têm visão da pista
contrária devido à curva fechada e ao prédio da Capela, é um
perigo constante. Principalmente para as centenas de crianças
que estudam no Bento Munhoz e outras escolas da região, que
têm que passar pelo local diariamente.
A equipe do Do Quintal apurou junto ao Ippuc o que está
projetado para o local. O chefe do setor de projetos viários
do órgão, Márcio Teixeira, adiantou que, além da sinalização,
será construída uma meia lua, ou uma meia rotatória, no
cruzamento. Com ela, os motoristas que vêm pelos dois
sentidos da Domingos Moro ou da São Salvador em direção à
Nilo Peçanha, terão um local de parada para fazer a confluência.
Já para aumentar a segurança dos pedestres, estão previstas a
construção de duas “ilhas” do lado da São Salvador, que serão
bases para a travessia.
Gaúcho da Ópera: campanha para fazer o curitibano parar na faixa de pedestres.
Para a abrir espaço para as mudanças, será necessária a
desapropriação de uma faixa do terreno que fica na esquina “O Brasil para na faixa. Só falta Curitiba”. A pla- da eletrônica. Sem ela, a velocidade média dos
da São Salvador com a Bruno João da Silva. Segundo Marco ca, em cima de um triciclo, fica diariamente ex- veículos aumentou, agravando o problema para
Teixeira, será desapropriada uma faixa de três metros. O corte posta em frente à Opera de Arame, alertando os os pedestres atravessarem a via em horários de
abrangerá uma dezena de velhos cedros. Como, porém, essa motoristas que passam pela João Gava para que maior movimento.
árvore não é nativa, e portanto não está protegida de corte respeitem a faixa de pedestres no local. Raros, O novo equipamento obrigará o motorista a
como no caso do Pinheiro do Paraná, a prefeitura espera não ter porém, são os que fazem isso. diminuir a velocidade para 40 km/h e o penaliza-
entraves para a desapropriação. Autor da placa, o comerciante Jairo Araujo da rá, caso exceda o limite estipulado.
Cunha, conhecido como o Gaúcho da Ópera,
iniciou a campanha há quatro anos, após cons- » Campanha
tatar diariamente os problemas de moradores e O desrespeito à faixa de pedestres é um pro-
de turistas para atravessarem a movimentada via. blema crônico no Brasil e responsável por grande
Proprietário de uma loja de lembranças em fren- parte dos mortos e feridos no trânsito urbano. No
te à Ópera, ele promoveu nos últimos meses um ano passado, por exemplo, o tema da Campanha
abaixo-assinado que reuniu o nome de cinco mil Nacional do Trânsito foi justamente esse. Em
pessoas, entre turistas e moradores da região, pe- Curitiba, foi lançada a campanha “O trânsito é de
dindo a construção de uma passarela elevada no todos, a faixa é do pedestre”. No material educa-
local. tivo, orientava-se o pedestre a atravessar na faixa
O documento foi entregue em maio à Câ- e o motorista a respeitá-la. Para quem atravessa
mara Municipal. O vereador Professor Galdino a faixa, a orientação é que nos cruzamentos sem
(PSDB), que encaminhou o pedido, disse que a semáforo a pessoa faça um sinal com a mão, in-
Prefeitura considerou mais eficiente a instalação dicando aos motoristas a intenção de atravessar
de uma lombada eletrônica e que o secretário de para que ele pare o carro. Onde há semáforos é
governo de Curitiba, Luiz Fernando Jabur, lhe ga- preciso respeitar o sinal.
rantiu que ainda em junho ela seria instalada. O artigo 214 do Código de Trânsito Brasi-
Jairo da Cunha diz que agora a expectativa é leiro (CTB) prevê, desde 1998, a penalização
pela instalação do equipamento o mais rápido para quem desrespeitar a faixa de pedestres. A
possível, isso porque o radar que havia no local multa é de R$ 192 e mais a perda de sete pontos
foi retirado justamente para dar lugar à lomba- na carteira de habilitação.
Perigo diário
Um dos problemas mais generalizados no Abranches é a
questão do trânsito. Ruas esburacadas, falta de calçadas e si-
nalização deficiente são um perigo constante.
Os alunos da Escola Estadual Sebastião Saporski, na rua
Convite ao pedalar Maria de Lourdes Mickosz, entre o Abranches e o Taboão,
convivem com o problema inclusive em frente ao estabele-
cimento de ensino. Só há calçada numa faixa estreita do lado
Revitazada, a Fredolin Wolf deverá ser um convite ao pedalar. Os do colégio. Já do outro lado, além de não haver espaço para
ciclistas terão uma ciclovia compartilhada com os pedestres pedestres, uma extensa erosão na lateral da pista torna o tre-
nos 7,6 km da obra. Para incentivar a boa convivência entre cho ainda mais perigoso. Também trafegam ônibus em alta
pedestres e ciclistas, todo o trecho terá uma sinalização velocidade pela rua, que desemboca na Rua Mateus Leme,
especial, baseada num manual de sinalização exclusiva
centenas de metros depois, ao cruzar a Rua José Carlos Ri-
beiro Ribas.
elaborado pelo IPPUC.
A diretora Mercedes Antônia Gonçalves diz que já can-
A ciclovia da Fredolin será interligada futuramente com a que sou de pedir providências. Única escola estadual na região,
está em fase de licitação na Toaldo Túlio. Com as duas obras
a Sebastião Saporski mantém cerca de mil alunos do ensino
fundamental e médio.
concluídas, será possível ir de bicicleta, com segurança, da
O trecho também não tem local para estacionamento.
Ópera de Arame até a BR 277. Ou seja, não haverá mais desculpa Para poder abrigar parte dos carros dos professores, a comu-
para quem alega não usar bicicleta por falta de uma via A diretora Mercedes Gonçalves em frente nidade escolar teve que improvisar um espaço até então to-
apropriada na região. ao colégio: risco diário de acidente. mado por mato, bem em frente ao colégio.
6. Curitiba, 26 de maio de 2010
»6 Do Quintal
XXXXXX
Projeto inovador põe os próprios moradores
para definirem o futuro do local onde vivem
construindo o A hora
do jovem
bairro dos sonhos mostrar
sua voz
O projeto articulado pelo
C
om pouca divulgação, sem estardalhaço, está começando por qua- Sesi é uma ótima
se toda a cidade uma ação que poderá transformar profundamente,
para melhor, os bairros e a própria relação dos moradores entre si e
Como participar chance dos jovens locais
colocarem em prática o
com os locais em que vivem. Trata-se do projeto Rede de Desenvolvimen- chamado “protagonismo
Se você quer também contribuir para
to Local, coordenado pelo Sesi, mas elaborado pela própria comunidade. juvenil” . O termo,
deixar o seu bairro um local melhor
Ou seja, são os próprios moradores que apontam as carências de sua re- incorporado à educação
para se viver, entre em contato com
gião, definem soluções e, juntos, trabalham para que elas virem realidade. pelo pedagogo mineiro
o agente de sua área e fique sabendo
Dentre os bairros abrangidos pelo Do Quintal, os pilarzienses estão Antônio Carlos Gomes
como participar:
numa etapa adiantada do projeto. Grupos de moradores já estão traba- da Costa, designa o
lhando para transformar, em dez anos, o Pilarzinho no bairro de seus so- Abranches: Mariana Daros. papel de frente que os
nhos. Telefone: 9608-3822. adolescentes poderiam
O projeto foi lançado em 2007 pela Rede de Participação Política do E-mails: maridaros@gmail.com e – e deveriam – ter em
Empresariado do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná mariana.daros@sesipr.org.br relação ao seu meio. O
(Fiep/Sesi), atingindo as principais cidades do interior. Neste ano, chegou Pilarzinho: Michelle Norberto, telefone
educador defende que
a Curitiba, onde pretende atingir 70 dos 75 bairros da cidade. 9982-9284 e Vinicius (9960-3350)
o jovem deve participar
A ação é simples, mas pode ter resultados formidáveis e permanentes. ou pelos e-mails
ativamente do meio
Tudo começa com os agentes comunitários, estudantes universitários michelle.norberto@sesipr.org.br
social, mobilizando-se por
treinados pelo Sesi, que contatam líderes locais, presidentes de associa- ou vinicius.santos@sesipr.org.br
melhorias da comunidade
ções, enfim, pessoas ativas do bairro. onde vive, contribuindo
Estas, por sua vez, convidam outras pessoas que se interessam pelo fu- Mercês: Camila Braga Karam, assim para o seu próprio
turo do local onde moram, que por sua vez chamarão outras, formando telefones 3271.7423 e 8803-7781. crescimento pessoal.
uma rede representativa do bairro. E-mail: camila.karam@sesipr.org.br
E o projeto de
A partir deste núcleo, iniciam-se as reuniões, onde os moradores proje- São Lourenço: A agente está em fase
desenvolvimento
tam como gostariam que o bairro fosse em 2020. Nas reuniões seguintes, de treinamento. Tão logo termine,
comunitário criado pelo
são levantados as carências do bairro, o que ele tem a oferecer e traçados será divulgado o seu contato.
Sesi é um espaço perfeito
planos para se chegar ao “bairro dos sonhos” dos moradores. A última fase Vista Alegre: Fernanda B. Penteado. para o jovem demonstrar
é colocar tudo isso em prática. Telefone: 8841-2779. o que acha do bairro, o
No Abranches, Vista Alegre e Mercês, as agentes comunitárias estão na
que considera que deve
fase de mobilizar os líderes locais para participarem do projeto. No São Informações sobre o projeto e seu
ser criado ou melhorado.
Lourenço, a agente está sendo treinada para em seguida iniciar o trabalho andamento nos bairros estão no site
E o que pode fazer para
local. Já no Pilarzinho, a primeira etapa começou em março e agora os par- www.rededeparticipacaopolitica.org.br
que isso aconteça.
ticipantes já estão trabalhando para colocar em prática as primeiras ações
rumo ao bairro de seus sonhos. Membros do Grêmio
Estudantil do Colégio
Bento Munhoz
as ações estão em curso
perceberam isso, e estão
participando ativamente
do projeto do Pilarzinho.
e todos podem contribuir Entre as propostas que
o grupo defende, e já
está lutando por isso, é
A Rede de Desenvolvimento do Pilarzinho deu no último dia a de que o colégio abra
primeiro de junho o passo mais importante rumo ao “bairro dos aos finais de semana
sonhos”. Neste dia foi celebrado o pacto dos participantes em tor- para realização de feiras
no dos objetivos comuns. Os grupos de participantes apresenta- de ciências e eventos
ram oito ações em várias áreas a serem implantadas até outubro culturais.
deste ano. Os coordenadores dos grupos agora estão em busca de
Jovens que têm idéias para
pessoas do bairro que se disponham a participar das ações. Veja a
melhorar a região onde
seguir a lista das primeiras ações para começar a melhorar o bair-
ro. Escolha uma ou mais ações em que você queira contribuir de moram devem entrar em
Uma das contato com o agente
alguma forma – mesmo que seja só para apoiar a iniciativa - e en-
reuniões no comunitário de seu
tre em contato com os agentes do Sesi no Pilzarzinho, Michelle Colégio Bento
Norberto, telefone 9982-9284 e Vinicius (9960-3350) ou pelos bairro, pelos telefones
Munhoz: união
e-mails michelle.norberto@sesipr.org.br ou vinicius.santos@se- para melhorar divulgados nesta edição.
sipr.org.br, para ser encaminhado ao grupo respectivo.Seja você o bairro.
Força jovem: membros do
também um membro atuante da comunidade: Grêmio Estudantil do Bento
1 - Cães abandonados – Está se formando uma comissão para 5 - Comissão de segurança – Grupo está buscando soluções Munhoz trabalham por um
buscar soluções para o problema de cachorros soltos na rua. O para o problema da criminalidade no bairro. Primeiro passo é um bairro melhor.
primeiro passo é uma campanha de castração de cães e de cons- levantamento junto ao comércio local sobre a incidência de cri-
cientização dos moradores para não abandonar os animais. mes na região nos últimos meses.
2 - Alfabetização de idosos – Aulas já estão sendo ministra- 6 - Fortalecimento da Associação dos Pais e Mestres- Inten-
das para 12 pessoas. Idéia é ampliar o trabalho. ção e divulgar a importância da participação dos pais no dia-a-dia
3 - Fortalecimento do comércio – Intenção é criar uma asso- das escolas do bairro.
ciação comercial para unir os comerciantes e mostrar aos morado- 7 - Feiras de ciências e cultura – Grupo de alunos do colégio
res locais que eles podem fazer a maior parte de suas compras no Bento Munhoz puxa a iniciativa de abrir as escolas nos finais de
próprio bairro. semana para realização de eventos voltados à comunidade.
4 - Lazer da terceira idade – Coordenado pela professora Sô- 8 - Saneamento do Clube Golfinho – Amplo espaço abando-
nia Brush, já existe um grupo que realiza passeios mensais com nado na Rua São Salvador virou foco de proliferação de doenças.
idosos. Intenção é ampliar essa ação. Grupo busca solução para o problema.
7. Curitiba, 26 de maio de 2010
Do Quintal »7
XXXXXXX
Professora dá exemplo
DSF
Pilarzinho quer
criar associação
comercial
Da redação não explorado no bairro. E que, unindo as empre-
U
ma das propostas tiradas dos encontros sas, seria possível realizar ações para fortalecer o
dos moradores do Pilarzinho foi a de lutar setor e atrair mais clientes e consumidores.
pelo fortalecimento do comércio local. A Uma delas, por exemplo, poderiam ser pro-
idéia é que um comércio forte e bem diversifica- moções conjuntas de todo o comércio. Outra
do atrairia mais moradores a fazerem boa parte possibilidade, seria unir esforços para lutar pela
Primeiras letras: professora Sônia orienta o aluno Sebastião.
de suas compras por aqui mesmo, evitando des- instalação de agências bancárias e dos correios
Sim, nós podemos!
locamentos desnecessários para o centro ou ou- no bairro. Sabe-se que muita gente que vai ao
tras regiões da cidade. Ou seja, seria bom para os banco no centro, acaba fazendo compras por lá,
moradores locais, para os comerciantes e até para não devido ao preço ou qualidade do produto,
o trânsito na área da central, que seria em parte mas por já estar por lá mesmo. Ou seja, a simples
Entre as pessoas inconformadas com algo errado, há basicamente desafogado. existência de serviços bancários já ajudaria a in-
dois tipos: as que reclamam, mas não fazem nada para mudar Para se chegar a esse objetivo, o primeiro pas- crementar as vendas locais.
a situação; e as que arregaçam as mangas e vão à luta. A so está sendo juntar os empresários para criarem Lorena lembra, porém, que por enquanto o
professora Sônia Brusch faz parte deste segundo grupo. Mesmo a Associação Comercial, Industrial e Empresarial objetivo é unir os comerciantes para criar a asso-
tendo seu dia tomado por dois empregos, uma pós-graduação do Pilarzinho e Região (Aciep). Até foi lançado ciação e só então é que serão definidas as ações
e tendo que cuidar dos dois filhos adolescentes, ela ainda um site, o www.aciep.com.br, que já recebe ade- . A primeira reunião para expor os objetivos da
consegue tempo para se dedicar à melhoria da qualidade de sões e informa sobre os objetivos da iniciativa. associação foi no dia 2 de julho. Quem não parti-
vida dos moradores do bairro onde vive, o Pilarzinho. Uma das coordenadoras da ação é a sócia-pro- cipou, mas quer se associar ou saber mais sobre a
prietária da papelaria Jollis, na Hugo Simas, Lore- iniciativa, entre no site ou ligue para um dos três
Professora de História e lecionando para sete turmas do ensino
na Drescher. Segundo ela, a idéia surgiu ao perce- coordenadores: Lorena (33390010), Amarilda
fundamental no Colégio Estadual Bento Munhoz, Sônia
ber que há um grande potencial comercial ainda (8820-0007) e Adélcio (8853-3806).
se indignou com o que acontecia a 100 metros da escola.
DSF
Ela presenciou o atropelamento de uma criança por um
motociclista, quando a aluna ia para o ponto de ônibus da rua
Hugo Simas, próximo à Cruz do Pilarzinho. Dias depois, estava
envolvida numa campanha para melhorar a segurança no local.
Com seus alunos, produziu cartazes sobre segurança no trânsito
e puxou um abaixo-assinado de pais pedindo providências.
Depois de uma maratona por órgãos públicos, ela conseguiu Lorena Drescher:
que uma equipe da Diretran avaliasse o que poderia ser feito. união para
Decidiu-se transformar a lombada que havia a cerca de 50 fortalecer o
comércio e o
metros do semáforo, na confluência com a Hugo Lange, numa
bairro.
‘travessia elevada para pedestres”. Nos primeiros dias, foi tudo
bem, pois os agentes de trânsito estiveram no local. Hoje,
porém, são raríssimos os que param na faixa. Sônia voltou
a pedir providências à Diretran, e foi informada que estão
estudando uma nova ação, que poderia ser até a instalação de
um radar ou câmaras para flagrar as infrações. A professora
está aguardando.
O escândalo na assembléia
Desde março, os paranaenses acompanham o es- ética do deputado em quem votou. Para acompanhar
cândalo de corrupção na Assembléia Legislativa que, o que ele vem fazendo na AL, acesse o site WWW.vi-
» Primeiras letras segundo a série de reportagens do jornal Gazeta do gilantesdademocracia.com.br, do Sistema Fiep. Já para
Sônia dá aulas no Bento Munhoz à tarde e à noite. De manhã Povo e da RPC-TV, seria responsável por uma sangria manifestar sua indignação contra os “fantasmas da As-
trabalha na Unidade de Saúde Vista Alegre. E foi ali que ela de mais de R$ 100 milhões nos cofres públicos. Além sembléia”, participe da campanha “O Paraná que que-
conheceu o senhor Sebastião Barbosa, de 72 anos. Num dia, ele da indignação diante do que seria o maior desvio de remos”, organizada pela OAB/PR, e que já havia reu-
comentou que seu sonho é de um dia poder tirar uma carteira
dinheiro público da história do Paraná, chama atenção nido até 30 de junho, o apoio de 1.353 empresas, 577
a falta de mobilização da população. O próprio pre- entidades de classe e 31.399 pessoas. Para apoiá-la,
de identidade que não tenha o carimbo “analfabeto”. O fato
sidente da Assembléia, Nelson Justus (DEM) disse, acesse o site WWW.novoparana.com.br. Se nada disso
comoveu a professora. Sabendo que haveria mais pessoas em maio, que não havia pressão popular para que ele resolver, aí então só restará ao eleitor mostrar o cartão
iletradas no bairro, ela fez cartazes e anunciou que daria aulas deixasse o cargo. É hora do eleitor cobrar uma postura vermelho em outubro a quem não o respeita. (DSF)
de alfabetização de graça. Isso foi em março. Hoje são 12
pessoas que três vezes por semana se reúnem numa sala do
Bento Munhoz para dar os primeiros passos no universo das
letras.
E isso tudo não cansa? Sônia diz que sim, mas que é gratificante.
“Estou fazendo bem para mim e para eles”, diz ela. A professora
afirma que nada paga ver a alegria e o brilho nos olhos dos
idosos que, de certa forma, começam uma nova vida ao
aprender a escrever.
Uma vez por mês, a professora leva os alunos para um passeio.
Para não haver custo para os alunos, ela conseguiu parceiros
no bairro: a empresa de ônibus Nossa Senhora do Carmo cede
ônibus, motorista e combustível ; e a panificadora Companhia
do Pão doa pães, bolos e salgadinhos para a confraternização.
Ou seja, tudo foi conseguido pela própria comunidade. Faltava
apenas alguém que tomasse a frente.
E o que poderia ser feito se houvesse dezenas ou centenas de
Sônias por aqui? Vale pelo menos uma reflexão, não? (veja
no www.doquintal.com.br, mais detalhes sobre o trabalho e o
depoimento dos alunos da professora Sônia). (DSF)
8. Curitiba, 26 de
»8 Do Qu
XXXXXXX
Fotos: Marco André Lima
Há três décadas, ex-seminarista produ
Pilarzinho
Douglas de Souza Fernandes
S
ão Francisco de Assis, barba bem aparada e com passarinhos ao redor,
observa Nossa Senhora Aparecida, que ao lado tem santo Antônio à
espera da próxima moça que irá lhe pedir um marido perfeito. Logo
adiante, a Virgem de Guadalupe divide espaço com Nossa Senhora da Luz
dos Pinhais, que passa o tempo a abençoar a cidade que a escolheu como
padroeira. Para os descrentes, a cena pode parecer ficção. Mas, é pura rea-
lidade numa rua bucólica do Pilarzinho. Ali, na Humberto de Campos, 56,
estes e mais uma infinidade de outros santos e santas esperam tranquilos
para viajar. Em breve irão estar em igrejas de Curitiba e região ou em resi-
dências de várias partes do país e do exterior.
A façanha de reunir tanta santidade em tão pouco espaço é da família
Joly. Nos anos 70, Vilson Joly, um ex-seminarista, concluiu que embora
sentisse não ter vocação para seguir carreira eclesiástica, poderia continuar
no caminho religioso a partir da reprodução das imagens de santos cató-
licos. Ali surgia a semente, como o grão de mostarda da passagem bíblica,
que germinaria e se tornaria anos depois uma respeitada fábrica de ima-
gens de santos.
O começo não foi fácil. Após fazer um curso de pintura em gesso,Vilson
começou a adquirir as peças, pintá-las e vendê-las. Nesta época, ainda nos
anos 70, saía humildemente de casa com uma sacola com suas primeiras
produções para oferecer para as paróquias de Curitiba. A qualidade das re-
produções foi o suficiente para que o negócio prosperasse. Daí a produzir
suas próprias peças foi um passo.
O negócio cresceu e, ao lado de Vilson passaram a trabalhar o seu ir-
mão, Eduardo, o Dudu, a irmã Neuza Maria e a mãe, dona Carmem. Logo
foi necessário contratar funcionários para atender à demanda. Há dois
anos, o irmão abriu uma subdivisão na empresa, passando a atuar na área
de forros e decoração em gesso (veja matéria ao lado).
Avesso à publicidade, Vilson pediu para não ser fotografado pela re-
portagem do Do Quintal e nem quis informar qual o número de santos
produzidos e vendidos atualmente por mês. De qualquer forma, a quan-
tidade é menor do que a de alguns anos atrás, devido à concorrência com
as imagens feitas em polietileno e pintadas industrialmente. Mas, Vilson
tem uma clientela fiel entre paróquias de Curitiba e região. Como são pe-
ças frágeis, difíceis de transportar, Vilson diz não ter interesse em buscar
mercados distantes.
Mesmo assim, os seus santos já chegaram a vários países das Américas
e da Europa, levados por turistas ou viajantes que passaram por Curitiba
nos últimos 30 e poucos anos.
Vilson só afirma que a quantidade que ele comercializa é justamente
aquela que ele tem condições de produzir e por isso não tem interesse em
aumentar sua clientela. “Nunca pensei em ficar rico com isso”, resume.
Mais falante, o irmão Dudu diz que não é pela quantidade que os santos
de Vilson se destacam, mas pela qualidade das peças, principalmente pela
pintura, toda feita artesanalmente, com o uso de pincéis, e não com sprays
ou mecanicamente, como acontece nas grades linhas de produção. O traba-
lho minucioso dos pintores é que garante a qualidade artística às imagens.
Apesar de retratar santos, as imagens ficam assim “mais humanizadas”.
Dudu com Nossa Senhora do Guadalupe: santos por todos os lados.
Família no gesso
Vilson Joly não só teve sucesso tamanhos menores que os traba-
na atividade que escolheu, como lhados pelo irmão Vilson. Também
“arrastou” a família para o mun- mantém uma lojinha para expo-
do do gesso. O irmão Eduardo, ou sição e venda de imagens, ao lado
Dudu, trabalhou vários anos com da fábrica. Seus principais clien-
a produção e venda de imagens até tes são pequenos comerciantes e
que há cerca de dois anos pegou participantes de feiras artesanais.
um novo caminho. A mãe, Dona Carmem, também
Passou a produzir e instalar não ficou de fora. Ela se especia-
forros de gesso e outros mate- lizou em restauração de imagens.
riais de acabamento e decora- Com seu meticuloso trabalho, ela
ção, como divisórias, estátuas etc. atende a igrejas de toda a região,
Já a irmã Neuza Maria atua na pro- que a procuram quando têm algu-
dução e venda de santos, só que em ma imagem danificada. (DSF)
Funcionário modela peça.