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                             Do Quintal                                      Julho de 2010 - Ano I - Número 1
                                                                                                                            Um jornal
                                                                                                                            a serviço do
                                                                                                                            nosso quintal
                                                                                                                            O Do Quintal surge
                                                                                                                            com o objetivo de
                                                                                                                            contar as histórias
Marco André Lima
                                                                                                                            de ontem e de
                                                                                                                            hoje do Pilarzinho,
                                                                                                                            São Lourenço,
                                                                                                                            Abranches, Mercês
                                                                                                                            e Vista Alegre.
                                                                                                                            Bairros que juntos
                                                                                                                            concentram a maior
                                                                                                                            parte e os mais
                                                                                                                            visitados parques e
                                                                                                                            bosques da cidade,
                                                                                                                            o “coração verde”
                                                                                                                            da capital. Pág. 16



                                                                                                                            O seu bairro
                                                                                                                            pode mudar
                                                                                                                            para melhor.
                                                                                                                            E você pode
                                                                                                                            ajudar.
                                                                                                                            Veja como na Pág. 5



                                                                                                                            Família Basso,
                                                                                                                            há um século
                                                                                                                            no Pilarzinho.
                                                                                                                            Ela chegou em 1888
                                                                                                                            à região e desde




Onde nascem
                                                                                                                            então é sinônimo de
                                                                                                                            comércio no bairro.
                                                                                                                            Pág. 3



                                                                                                                            Os perigos



Os santOs
                                                                                               Fábricas no Pilarzinho e     do crédito
                                                                                               Vista Alegre abastecem       consignado
                                                                                              igrejas e fiéis de Curitiba
                                                                                               e várias regiões do País.    Cada vez mais
                                                                                                          Páginas 8 e 9     aposentados
                                                                                                                            e pensionistas
                                                                                                                            recorrem a essa
                                                                                                                            modalidade. Pág. 14
                                                                                          Arquivo da família

» CRACk
droga já virou epidemia e
está exterminando jovens
Arquivo
                                         O crack tornou-se o principal
                                         combustível para morte de
                                         adolescentes. Em 2009, Curitiba e
                                         Região Metropolitana registraram
                                         em média três assassinatos de
                                         garotos entre 12 e 18 anos por
                                         semana. Para autoridades,
                                         situação é um caso de
                                         saúde pública. Páginas 6 e 7



                                                              » CRAQUE

                             Ize, a história do
                       baixinho driblador que
                              deixou saudade
                              O Canhotinha de Ouro foi um dos melhores jogadores
                              que já pisaram os gramados do Pilarzinho. Página 10
Curitiba, 26 de maio de 2010

»2                                                                   Do Quintal


 edItORIaL


 Um quintal verde                                     a história do
                                                      abranches
 O Do Quintal surge com uma proposta simples,
    mas ao mesmo tempo inovadora. A de
    simplesmente fazer bom jornalismo e com isso
    contribuir com a região que abrange no sentido



                                                      P
    de informar sobre o que de mais importante
                                                             ara incentivar o interesse dos jovens
    acontece por aqui, de lembrar a história
                                                             pela história do bairro, a Associação
    de quem veio antes de nós, de colocar em                 dos Moradores e Amigos do Abranches
    evidência o que hoje há de bom – e enaltecê-      (Amada) está promovendo um concurso de
    lo – e o que há de ruim – questionando e          redação voltado aos estudantes dos colégios
    cobrando soluções para os problemas.              da região. Os melhores textos sobre persona-
                                                      gens e fatos históricos do bairro serão reuni-
 O Do Quintal atuará nos bairros do Pilarzinho,       dos em livro.
    Vista Alegre, Mercês, Bom Retiro e São                O presidente da Amada, José Gomes, diz
    Lourenço. A escolha não é por acaso. É            que a idéia é que a partir do trabalho, os mais
    justamente esta região que concentra as           jovens conheçam um pouco mais da centená-
    principais áreas verdes e parques da cidade. Ao   ria história do Abranches. Ele explicou que há
    mesmo tempo, abriga áreas com uma história        27 anos foi realizada ação parecida, quando
    centenária, onde famílias de várias partes do     os estudantes da época também fizeram pes-
                                                      quisas e colheram depoimentos de moradores
    mundo chegaram em séculos passados para
                                                      mais antigos. O problema, porém, é que na
    ajudar a construir o que é hoje a cidade de
                                                      época os relatos acabaram se perdendo. “Des-
    Curitiba.                                         ta vez, as histórias vão virar um livro e ficaram
 Antigamente eram chácaras, a partir das quais        preservadas”, explica José Gomes.
   os pioneiros iniciavam uma nova vida, longe
   de seus familiares deixados do outro lado          » História do Abranches 2?
                                                          Apesar de o presidente da Amada dizer que
   do Oceano Atlântico. Com trabalho e muito
                                                      não restou registro dos trabalhos daquela épo-
   sacrifício, aos poucos os bairros se tornaram
                                                      ca, o Do Quintal descobriu nos arquivos muni-
   o que são hoje. Muita coisa mudou, mas a           cipais um dos textos feitos em 1983.
   história de quem veio antes continua presente,         Trata-se do depoimento do morador Antô-
   seja em nomes de ruas ou no sobrenome de           nio Kucaniz, um comerciante aposentado e bis-
   muitos moradores locais, que de certa forma        neto dos primeiros colonos que vieram para o
   continuam a saga de seus ancestrais.               Abranches. Infelizmente, o nome dos estudan-
                                                      tes que fizeram o trabalho foi riscado, sendo possível decifrar    mento é da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem (SPVS).
 Hoje, a região é um ponto turístico que atrai        somente o nome “Roberto”. Ao lado, reprodução da página que        A ONG fez na capital o primeiro estudo no Brasil que mostra a
     pessoas de todos os cantos do mundo.             consta no arquivo da Casa da Memória. Quem souber quem fo-         importância das florestas urbanas no combate ao aquecimento
     Vêm em busca das belezas naturais e das          ram os alunos que fizeram o trabalho ou tiver informações sobre    global, do qual o dióxido de carbono é um dos principais fato-
     intervenções conscientes do homem, que           Antônio Kucaniz, entre em contato conosco (Telefones 3527-         res. O CO2 é retirado do ar pelas plantas.
     redundaram nas atrações como a Ópera de          0501 e 8819-8717. E-mail: Doquintal@yahoo.com.br)                      Para se ter uma ideia do benefício das florestas para Curitiba,
     Arame, Parques Tanguá, Tingui, do Alemão,                                                                           4,2 milhões de toneladas de CO² são a quantidade liberada por
     Gutierrez, São Lourenço, Pedreira Paulo          » Brochado                                                         cerca de 1 milhão de veículos circulando durante um ano e meio
                                                          A rua Primeiro-Ministro Brochado da Rocha, que começa          nas ruas da cidade.
     Leminski e outras. Numa cidade conhecida por
     ecológica, pode-se dizer que este é o coração,
                                                      na Hugo Lange e dá acesso à Universidade do Meio Ambiente,
                                                      será completamente reformada, a partir de setembro. O anúncio      » Bom Negócio
     o “coração verde da cidade”.
                                                      foi feito pelo prefeito, Luciano Ducci, no último dia 31, duran-       Dezenas de empreendedores do Pilarzinho e Mercês, pes-
 Mesmo com essa importância, a região ainda           te a assinatura da ordem de serviço para as obras da Fredolin      soas que já possuem uma empresa ou que pretendem criá-la,
   carece de obras que a torne melhor não             Wolf.                                                              participaram , em maio e junho, do Programa Bom Negócio, da
   só para quem a visita, mas principalmente                                                                             Prefeitura de Curitiba. A formatura foi no dia 30 de junho, no
   para quem mora nela. Um passo importante           » Mais um parque                                                   Estação Convention Center. Em 20 dias de aulas, os participan-
   nesse sentido foi o anúncio da revialização
                                                          Reforçando sua condição de “coração verde” da cidade, a        tes aprenderam como aperfeiçoar a gestão de seus negócios. Os
                                                      nossa região ganhará mais um parque. A Prefeitura anunciou         empreendedores certificados passam a ter acompanhamento de
   da Fredolin Wolf, do Santa Felicidade
                                                      que transformará uma área de 100 mil metros quadrados de           consultores especializados. No total, de 11 bairros atendidos no
   ao Pilarzinho. Obra que o Do Quintal
                                                      uma antiga pedreira desativada na rua Gardênio Scorzato, no        primeiro semestre, foram 450 formados. No segundo semestre,
   acompanhará minuciosamente.                        bairro Vista Alegre, em parque de preservação ambiental e de       o programa atingirá mais nove bairros, entre eles o centro e o
 Ao mesmo tempo, em outra proposta inovadora,         uso público. A intenção é tornar o local, que tem vegetação na-    Bom Retiro. O curso é gratuito.
                                                      tiva e uma cachoeira, em espaço de contemplação, mas também
    o Do Quintal, trabalhará com duas faixas
                                                      para a prática de esportes radicais.
    etárias geralmente negligenciadas pela grande                                                                        » Mão única
                                                          O prefeito, Luciano Ducci, informou que determinou à
    imprensa: os adolescentes e os idosos. Em                                                                                A rua Coronel João Guilherme Guimarães, no bairro Mer-
                                                      equipe do Meio Ambiente a elaboração de um projeto onde o
    relação aos primeiros, a partir das escolas                                                                          cês, tornou-se mão única em um trecho de cinco quadras, com
                                                      visitante consiga interagir com as belezas naturais do parque.
    locais o jornal irá acompanhar o que vive o
                                                                                                                         sentido da rua Myltho Anselmo da Silva para a Dr. Roberto Bar-
                                                                                                                         roso. Segundo a Urbs, a intenção é garantir melhor fluidez do
    jovem de hoje e tentará contribuir para um
                                                      » Filtro verde                                                     tráfego. A rua tem cerca de dois quilômetros de extensão e liga
    melhor entrosamento entre os jovens e a               As florestas dentro de Curitiba têm 1,16 bilhão de toneladas   a Avenida Manoel Ribas, nas Mercês, à rua Claudio Manoel da
    própria escola, a família e o bairro em que       de carbono estocados em seus galhos, troncos, raízes e folhas.     Costa, no Pilarzinho. A rua ganhou também nova pintura e duas
    vivem. Já os chamados da terceira idade, terão    Isso representa 4,25 milhões de toneladas de dióxido de carbo-     lombadas, na quadra entre a Desembargador Vieira Cavalcanti;
    no Do Quintal informações que interessam a        no (CO2) a menos no ar respirado pelos curitibanos. O levanta-     e na quadra entre as ruas Solimões e Mamoré.
    essa faixa etária, a que mais vem crescendo no
    Brasil e no mundo, mas que ainda sente falta
    de publicações que atendam aos seus anseios.

 É com essas propostas que o Do Quintal
    pede licença para entrar em seus lares.                                                         Movido à mula
    Sabendo, porém, que elas só terão sucesso
                                                                  Na época em que os Basso chegaram à cidade, Curitiba
    com a participação dos moradores, seja                              tinha recém-inaugurado seu primeiro sistema de
    criticando, elogiando, dando sugestões, enfim,                 transporte coletivo. Em novembro de 1887, a Empreza
    participando. Só assim poderemos fazer um                    Curitybana pusera em funcionamento o primeiro bonde,
    jornal dos moradores para os moradores, ou                        puxado por mulas. A foto, do acervo de Cid Stefani,
                                                                mostra um carro da linha Batel-Seminário na esquina das
    seja, um jornal com a cara do nosso quintal.
                                                                  ruas XV de Novembro e Monsenhor Celso, e um guarda
                                                                      civil. O registro foi feito em 1911. Dois anos depois,
                                                                     em 7 de janeiro de 1913, seria inaugurado o primeiro
                                                                     ônibus elétrico da cidade. Só em 1952 chegariam os
                                                                   ônibus, primeiro movidos a gasolina e depois, a diesel,
                                                                             aposentando definitivamente o velho bonde.
                                                                         A foto e outras de Cid Stefani estão expostas no
                                                                    mais antigo bar da cidade, o Stuart, na Praça Osório,
                                                                         inaugurado em 1904 e ainda em funcionamento.
Curitiba, 26 de maio de 2010

                                                                                                          Do Quintal                                                                                         »3

PIONEIROS



                                                                                                                                         Basso, uma
                                                                                                                  Arquivo familiar




                                                                                                                                         história
                                                                                                                                         centenária
                                                                                                                                         Família chegou da Europa no século
                                                                                                                                         XIX e fincou raízes na região

                                                          O armazém dos Basso, ao lado da Capela, em foto de 1959.                       Família tradicional do Pilarzinho,     tório, em 1950, porém, ele voltou
                                                                                                                                         os Basso participam da história        para Curitiba, para auxiliar a mãe
                                                                                                                                         do bairro há mais de um século.        no negócio. Tinha a ajuda do ir-
                                                                                                                                         Os primeiros representantes deles      mão José, o Bepe, e da irmã ca-
                                       Arquivo familiar




                                                                                                                                         aportaram por esta região por vol-     çula, Leonilda, que até hoje traba-
                                                                                                                                         ta de 1888, vindos da Itália, numa     lha no local. E por ali continuou,
                                                                                                                                         das primeiras levas de imigrantes      assumindo a empresa após a mãe
O casal Luiz e Rosa                                                                                                                      europeus que buscavam no Bra-          retirar-se da vida no comércio.
chegou da Europa                                                                                                                         sil oportunidades de crescimento           Benjamim casou-se em 1953
em 1888.                                                                                                                                 pessoal. O casal Luiz e Rosa Bas-      com Lídia Pilati.
                                                                                                                                         so se fixou inicialmente na região         Na época em que Benjamim
                                                                                                                                         onde é hoje o bairro São Lourenço.     assumiu o negócio, o bairro ainda
                  Casamento de
                                                                                                                                         Com a experiência que já tinham        carecia de infra-estrutura básica,
                   Angelina com
                     Augustinho,                                                                                                         na lavoura, começaram a plantar        oferecendo poucos serviços aos
                 pouco antes da                                                                                                          milho, feijão e hortaliças nas no-     moradores. Com isso, muitas ve-
             compra do armazém.                                                                                                          vas terras, vendendo a produção        zes, ele tinha que usar sua cami-
                                                                                                                                         no centro da cidade.                   nhonete F 100 para fazer um tipo
                                     Marco André Lima




                                                                                                                                             Com isso, criaram os filhos, que   de serviço social, como transportar
                                                                                                                                         casaram e constituíram famílias.       famílias, levar doentes a hospitais,
                                                                                                                                         Um deles, Augusto, havia se ca-        fazer carretos para os clientes etc.
                                                                                                                                         sado há poucos anos com Ângela             Ferragens
                                                                                                                                         Costa, quando, em 1918, comprou            Em 1962, Vitório Pilati, casado
                                                                                                                                         o armazém de secos e molhados          com uma das filhas de Augusto,
                                                                                                                                         do alemão Gustavo Born, ao lado        Catarina Basso, entrou na socieda-
                                                                                                                                         da Capela Nossa Senhora do Pilar.      de no armazém. A sociedade du-
                                                                                                                                             O comércio funcionava em uma       rou até 1988, quando o armazém
                                                                                                                                         casa de madeira, que ficava numa       ficou trabalhando somente com
                                                                                                                                         área que compreendia do atual          os produtos com que trabalha ate
                                                                                                                                         posto de gasolina, na esquina das      hoje, e a parte de ferragens, ferra-
                                                                                                                                         ruas São Salvador com a Desem-         mentas e materiais de construção
                                                                                                                                         bargador José Carlos Ribas, até à      ficou com o sócio, dando origem à
Benjamim e a esposa                                       Leonilda e os sobrinhos Rubens e                                               Sociedade Primavera, na atual Do-      Fermatti Materiais de Construções,
Lídia em foto de 1985.                                    Joceli em frente ao atual prédio.                                              mingos Moro.                           vizinho ao supermercado.
                                                                                                                                             Na época, toda a região era            Desde o início do século pas-

   Tempos de tripa e querosene                                                                                                           formada por chácaras. O armazém
                                                                                                                                         era a única casa comercial da re-
                                                                                                                                                                                sado, o atual supermercado fun-
                                                                                                                                                                                cionava em uma antiga casa de
                                                                                                                                         gião. A venda de secos e molha-        madeira. O atual prédio só seria
   Se um jovem de hoje viajasse no tempo e                                  mercado, como milho e seus derivados,
                                                                                                                                         dos mais próxima ficava na Cruz        construído na década de 1970.
      entrasse no Armazém Basso nos anos 50                                 batata, leite, frutas, hortaliças, ovos, óleo
                                                                                                                                         do Pilarzinho, de propriedade dos          Benjamim e Lídia tiveram cinco
      se depararia com uma série de produtos                                (usava-se banha) e carnes in natura não
                                                                                                                                         Polak, uma das famílias polone-        filhos. O mais velho, Renato Olivir
      nas prateleiras que nem saberia para que                              eram oferecidos. Em compensação, como
                                                                                                                                         sas que vieram para o Paraná em        é engenheiro florestal e trabalha
      serviam. O querosene, por exemplo, era um                             ninguém tinha geladeira, vendia-se muito
                                                                                                                                         1871.                                  em Sinop (MT); o quarto, Ronei, é
      campeão de vendas. Mas, compravam o                                   charque e torresmo. Lenha, ferramentas                           Na época, os produtos vendidos     funcionário do Banco do Brasil. Os
      produto não para usá-lo na limpeza como                               para a lavoura, materiais para construção,                   eram bem diferentes dos de hoje.       demais, Joceli, a segunda filha, Ru-
      hoje. Antes, ele era usado para iluminar as                           cera, louças e panelas também tinham                         Querosene era um dos principais,       bens, o terceiro, e Janete, a caçula,
      casas. Numa época em que ainda não havia                              muita saída, assim como linhas, agulha,                      pois como ainda não havia luz          assumiram o negócio em 1988.
      chegado a luz elétrica à região, ele era o                            cordas para amarrar animais, uma infinidade                  elétrica, os moradores tinham que          Lídia faleceu precocemente, aos
      combustível para os lampiões e lamparinas.                            de miudezas para o lar e até roupas rústicas.                usar esse combustível para acen-       60 anos, em 1990. Tempos depois,
   Um dos artigos mais curiosos que se vendia                            Nesta época, o Basso também comercializava                      der os lampiões ou lamparinas.         ele se casaria com Terezinha Ma-
      naquele tempo era a tripa de porco. Rubens                            galinhas, mas não como hoje, depenadas,
                                                                                                                                             Com o comércio, o casal foi        canhão.
      Basso explica que a “tripa seca” era usada                            cortadas, limpas e às vezes até temperadas.
                                                                                                                                         tocando a vida. Tiveram oito fi-           Nos últimos anos, Benjamim
      para se fazer salame e outros embutidos,                              Na época, elas eram vendidas vivas. Ao lado
                                                                                                                                         lhos. Em agosto de 1938, vítima        enfrentou um câncer, e quando
                                                                                                                                         de câncer, Augusto morreu aos 54       estava quase curado, surgiu o al-
      muito consumidos pelos moradores de                                   do mercado, havia um cercado, onde os
                                                                                                                                         anos, deixando Ângela, ou Angeli-      zheimer. Com isso, ficou 16 meses
      então. Outra mercadoria que não podia                                 clientes escolhiam a que levariam para casa,
                                                                                                                                         na como era chamada pelos fami-        hospitalizado, alimentando-se por
      faltar era o fumo de rolo, opção para os                              para botar ovos ou para virar o prato do dia.
                                                                                                                                         liares, para cuidar dos filhos e do    aparelhos. Em maio último, ain-
      fumantes numa época em que nem se
                                                                         Quem não deve sentir saudade dessa época                        negócio.                               da em estado vegetativo, ele teve
      imaginava que um dia até fumar em bares
                                                                            são as mulheres. Antes de levar um                               Benjamim                           alta do hospital e foi levado para a
      seria proibido.
                                                                            galináceo ao fogo, elas tinham primeiro que                      Com o tempo, os filhos mais        casa da filha Janete. Ele está com
   Os produtos oferecidos atendiam às                                       matá-lo, depois depená-lo em água fervente,                  velhos buscavam seus caminhos,         83 anos, completados em 15 de
      necessidades básicas da região, que ainda                             cortá-lo, limpá-lo e temperá-lo, e só então                  encontrando empregos em outras         janeiro.
      era formada por chácaras onde se produzia                             colocar o bicho na panela ou no forno. Sem                   regiões. O sexto filho, Benjamim,          Apesar da tristeza com o esta-
      a maior parte dos alimentos consumidos.                               contar, claro, o trabalho para acender o fogo                também parecia seguir a mesma          do do pai, os três filhos e a irmã
      Então, vários produtos hoje comuns no                                 feito com lenha. Melhor hoje, não? (DSF)                     rota. Na maioridade, foi para o        Leonilda dão continuidade ao tra-
                                                                                                                                         Rio de Janeiro servir ao Exército.     balho de Benjamim e à história
                                                                                                                                         Findo o tempo de serviço obriga-       dos Basso no Pilarzinho.
Curitiba, 26 de maio de 2010

»4                                                                                     Do Quintal

JÁ ERA HORA

                                                                                                                     Revitalização da
                                                                                                                     importante é desejo
                                                                                                                     antigo dos moradores
                                                                                                                     da região




                                                                                                                                           Como ficará a “nova Fredolin”
                                                                                                                                                   Início das obras: 1.º de junho de 2010
                                                                                                                                                Previsão de término: 31 de maio de 2011
                                                                                                                                                   A avenida será alargada e terá de sete
                                                                                                                                                        até 11 metros, conforme o trecho
                                                                                                                                     Ciclovia compartilhada com sinalização exclusiva.
                                                                                                                                          Rampas para idosos e pessoas com deficiência
                                                                                                                                             Vários cruzamentos terão faixa adicional
                                                                                                                                                         para conversões à esquerda
                                                                                                                                                      Rotatórias em alguns cruzamentos
                                                                                                                        Do Parque Tanguá até a rua Grazielli Wolf haverá duas faixas
                                                                                                                                   para quem segue em direção a Santa Felicidade.




Finalmente,                                                                                                           Bloqueios
a reforma da                                                                                                           exigem atenção
                                                                                                                      As equipes estão trabalhando em dois trechos da avenida,




Fredolin
                                                                                                                         entre as ruas Edson Campos Matesich e Ari José Valle,
                                                                                                                         em Santa Felicidade, numa extensão de 480m, e entre as
                                                                                                                         ruas Graziele Wolf e Melchíades Silveira do Valle, no bairro
                                                                                                                         São João, próximo ao Parque Tingui, numa extensão de
                                                                                                                         670m. Os dois trechos foram bloqueados totalmente e nos
                                                                                                                         próximos dois meses, os motoristas terão que passar por
                                                                                                                         desvios, que estão sinalizados.




O
        s moradores do Pilarzinho, São João e Santa       ra de Arame, cartões-postais de Curitiba localizados        No primeiro trecho de obras, o desvio é feito pelas ruas Edson
        Felicidade têm um bom motivo para comemo-         entre o Abranches e o Pilarzinho.                             Campos Metesich, Praxedes Silva Avelleda e Edison Nobre
        rar. Depois de anos e anos de espera, finalmen-                                                                 de Lacerda, para quem vem de Santa Felicidade para o
te começaram, na manhã do último dia primeiro, a re-       » Poucas desapropriações                                     bairro São João. No sentido contrário, o desvio é feito pelas
forma e o alargamento da Rua Fredolin Wolf, uma das           Apesar da extensão da obra, a sua execução não            mesmas ruas. Parte do segundo trecho de obras opera em
mais importantes vias da região. Esburacada, estreita,    exigirá grandes desapropriações, como explica o chefe         meia pista. A partir da rua Graziele Wolf, o bloqueio é total e
em grande parte sem acostamento e calçadas, além de       do setor de Projetos Viários do Ippuc, Márcio Augusto         o desvio é por ela (Graziele Wolf) e pela Raposo Tavares, na
enfeiar a região que concentra algumas das principais     de Toledo Teixeira. Segundo ele, ao todo serão nove           divisa com o município de Almirante Tamandaré. Também
atrações turísticas da cidade, a Fredolin como está é     desapropriações, mas todas de pequenas áreas. Marcio          neste caso, o desvio é o mesmo nos dois sentidos.
um risco diário principalmente para pedestres e ciclis-   Teixeira explica que na própria concepção do projeto        Moradores, comerciantes e a população em geral deverão
tas. Com a assinatura da ordem de serviços pelo pre-      foi buscado o mínimo de intervenção em propriedades           estar atentos às informações a respeito do andamento dos
feito Luciano Ducci, no último dia 31, esta situação      particulares. Daí o fato de a via ser projetada para ter      trabalhos. Sempre que houver necessidade de desvios,
tem data para estar completamente resolvida: 31 de        várias larguras, de sete a 11 metros, conforme as pe-         eles serão sinalizados. Pedestres e ciclistas também
maio de 2011.                                             culariedades de cada trecho. Na Domingos Moro, por            devem estar atentos à sinalização. Por enquanto, não
    Este é o prazo que o consórcio vencedor da licita-    exemplo, ficará em sete metros. Da Saturnino Braga até        há mudanças nas linhas de ônibus, mas os usuários das
ção, formado pela empresa paranaense Gaissler Mo-         o Parque Tingui, ela terá 11 metros, com duas faixas de       linhas que utilizam as vias também precisarão observar os
reira e a argentina Dos Arroyos, tem para entregar os     tráfego por sentido e estacionamento. Do Tingui até           informativos quanto a possíveis alterações temporárias nos
7.765 metros de obras entre a Manoel Ribas, no Santa      a Rua José Ribeiro de Cristo, serão nove metros, com          itinerários, caso seja necessário durante o período de obras.
Felicidade, e a Nilo Peçanha, no Pilarzinho, abrangen-    duas faixas subindo e uma descendo, e estacionamen-           Comerciantes e moradores da região terão acesso aos seus
do trechos também das ruas Saturnino Braga, Domin-        tos em alguns pontos. Da José Ribeiro de Cristo até           imóveis.
gos Moro e São Salvador. O projeto, orçado em R$          Nilo Peçanha, sete metros de pista e remansos (estacio-
17.914,90 prevê pistas de 7 a 11 metros de largura,       namentos em forma de baias) em alguns locais.
recape completo, calçadas com ciclovias em todo o             A maior desapropriação será no Bairro São João,
trecho, nova rede de drenagem, nova sinalização e         na confluência da Fredolin com a rua Ari José Vale.
plantio de 800 árvores. As obras fazem parte do pro-      Ali será desapropriado um grande terreno, onde será
grama Pró-Cidades, que tem financiamento do Banco         construído um “bolsão de retorno” para os veículos.
Interamericano de Desenvolvimento (BID) e contra-             Márcio Teixeira explica que os proprietários de ter-
partida de 50% do município.                              renos a serem atingidos pelas obras serão chamados
    A Prefeitura diz que com a revitalização consolida-   pela Prefeitura para conversar sobre os detalhes da
rá uma nova alternativa de acesso rápido entre Santa      desapropriação e indenização. No caso de muros que
Felicidade, São João e Pilarzinho, beneficiando uma       precisem ser afastados, a Prefeitura se encarregará de
população de 80 mil pessoas, melhorando também os         derrubá-los e reconstruí-los no novo local, sem custos
acessos aos parques Tanguá e Tingui e a saída da Ópe-     para o proprietário.
Curitiba, 26 de maio de 2010

                                                                                 Do Quintal                                                                                                   »5

JÁ ERA HORA




 Curva da capela                                                                     João Gava terá
  preocupa                                                                           lombada eletrônica
 Quando anunciadas as obras de revitalização da Fredolin Wolf, os
   moradores e comerciantes ao redor da Capela Nossa Senhora
   do Pilar já tinham uma pergunta na ponta da língua: como
                                                                                     em frente a Ópera
   ficará a confluência das as ruas Domingos Moro, São Salvador
   e Bruno João da Silva ? É que este local é considerado um dos
   mais perigosos da região. Como não há sinalização ou redutor
   de velocidade, e como os motoristas não têm visão da pista
   contrária devido à curva fechada e ao prédio da Capela, é um
   perigo constante. Principalmente para as centenas de crianças
   que estudam no Bento Munhoz e outras escolas da região, que
   têm que passar pelo local diariamente.

 A equipe do Do Quintal apurou junto ao Ippuc o que está
    projetado para o local. O chefe do setor de projetos viários
    do órgão, Márcio Teixeira, adiantou que, além da sinalização,
    será construída uma meia lua, ou uma meia rotatória, no
    cruzamento. Com ela, os motoristas que vêm pelos dois
    sentidos da Domingos Moro ou da São Salvador em direção à
    Nilo Peçanha, terão um local de parada para fazer a confluência.

 Já para aumentar a segurança dos pedestres, estão previstas a
    construção de duas “ilhas” do lado da São Salvador, que serão
    bases para a travessia.
                                                                                     Gaúcho da Ópera: campanha para fazer o curitibano parar na faixa de pedestres.
 Para a abrir espaço para as mudanças, será necessária a
    desapropriação de uma faixa do terreno que fica na esquina                          “O Brasil para na faixa. Só falta Curitiba”. A pla-   da eletrônica. Sem ela, a velocidade média dos
    da São Salvador com a Bruno João da Silva. Segundo Marco                         ca, em cima de um triciclo, fica diariamente ex-         veículos aumentou, agravando o problema para
    Teixeira, será desapropriada uma faixa de três metros. O corte                   posta em frente à Opera de Arame, alertando os           os pedestres atravessarem a via em horários de
    abrangerá uma dezena de velhos cedros. Como, porém, essa                         motoristas que passam pela João Gava para que            maior movimento.
    árvore não é nativa, e portanto não está protegida de corte                      respeitem a faixa de pedestres no local. Raros,              O novo equipamento obrigará o motorista a
    como no caso do Pinheiro do Paraná, a prefeitura espera não ter                  porém, são os que fazem isso.                            diminuir a velocidade para 40 km/h e o penaliza-
    entraves para a desapropriação.                                                      Autor da placa, o comerciante Jairo Araujo da        rá, caso exceda o limite estipulado.
                                                                                     Cunha, conhecido como o Gaúcho da Ópera,
                                                                                     iniciou a campanha há quatro anos, após cons-             » Campanha
                                                                                     tatar diariamente os problemas de moradores e                O desrespeito à faixa de pedestres é um pro-
                                                                                     de turistas para atravessarem a movimentada via.         blema crônico no Brasil e responsável por grande
                                                                                     Proprietário de uma loja de lembranças em fren-          parte dos mortos e feridos no trânsito urbano. No
                                                                                     te à Ópera, ele promoveu nos últimos meses um            ano passado, por exemplo, o tema da Campanha
                                                                                     abaixo-assinado que reuniu o nome de cinco mil           Nacional do Trânsito foi justamente esse. Em
                                                                                     pessoas, entre turistas e moradores da região, pe-       Curitiba, foi lançada a campanha “O trânsito é de
                                                                                     dindo a construção de uma passarela elevada no           todos, a faixa é do pedestre”. No material educa-
                                                                                     local.                                                   tivo, orientava-se o pedestre a atravessar na faixa
                                                                                         O documento foi entregue em maio à Câ-               e o motorista a respeitá-la. Para quem atravessa
                                                                                     mara Municipal. O vereador Professor Galdino             a faixa, a orientação é que nos cruzamentos sem
                                                                                     (PSDB), que encaminhou o pedido, disse que a             semáforo a pessoa faça um sinal com a mão, in-
                                                                                     Prefeitura considerou mais eficiente a instalação        dicando aos motoristas a intenção de atravessar
                                                                                     de uma lombada eletrônica e que o secretário de          para que ele pare o carro. Onde há semáforos é
                                                                                     governo de Curitiba, Luiz Fernando Jabur, lhe ga-        preciso respeitar o sinal.
                                                                                     rantiu que ainda em junho ela seria instalada.               O artigo 214 do Código de Trânsito Brasi-
                                                                                         Jairo da Cunha diz que agora a expectativa é         leiro (CTB) prevê, desde 1998, a penalização
                                                                                     pela instalação do equipamento o mais rápido             para quem desrespeitar a faixa de pedestres. A
                                                                                     possível, isso porque o radar que havia no local         multa é de R$ 192 e mais a perda de sete pontos
                                                                                     foi retirado justamente para dar lugar à lomba-          na carteira de habilitação.




                                                                                                                                        Perigo diário
                                                                                                                                            Um dos problemas mais generalizados no Abranches é a
                                                                                                                                        questão do trânsito. Ruas esburacadas, falta de calçadas e si-
                                                                                                                                        nalização deficiente são um perigo constante.
                                                                                                                                            Os alunos da Escola Estadual Sebastião Saporski, na rua
 Convite ao pedalar                                                                                                                     Maria de Lourdes Mickosz, entre o Abranches e o Taboão,
                                                                                                                                        convivem com o problema inclusive em frente ao estabele-
                                                                                                                                        cimento de ensino. Só há calçada numa faixa estreita do lado
 Revitazada, a Fredolin Wolf deverá ser um convite ao pedalar. Os                                                                       do colégio. Já do outro lado, além de não haver espaço para
   ciclistas terão uma ciclovia compartilhada com os pedestres                                                                          pedestres, uma extensa erosão na lateral da pista torna o tre-
   nos 7,6 km da obra. Para incentivar a boa convivência entre                                                                          cho ainda mais perigoso. Também trafegam ônibus em alta
    pedestres e ciclistas, todo o trecho terá uma sinalização                                                                           velocidade pela rua, que desemboca na Rua Mateus Leme,
    especial, baseada num manual de sinalização exclusiva
                                                                                                                                        centenas de metros depois, ao cruzar a Rua José Carlos Ri-
                                                                                                                                        beiro Ribas.
    elaborado pelo IPPUC.
                                                                                                                                            A diretora Mercedes Antônia Gonçalves diz que já can-
 A ciclovia da Fredolin será interligada futuramente com a que                                                                          sou de pedir providências. Única escola estadual na região,
    está em fase de licitação na Toaldo Túlio. Com as duas obras
                                                                                                                                        a Sebastião Saporski mantém cerca de mil alunos do ensino
                                                                                                                                        fundamental e médio.
    concluídas, será possível ir de bicicleta, com segurança, da
                                                                                                                                            O trecho também não tem local para estacionamento.
    Ópera de Arame até a BR 277. Ou seja, não haverá mais desculpa                                                                      Para poder abrigar parte dos carros dos professores, a comu-
    para quem alega não usar bicicleta por falta de uma via            A diretora Mercedes Gonçalves em frente                          nidade escolar teve que improvisar um espaço até então to-
    apropriada na região.                                              ao colégio: risco diário de acidente.                            mado por mato, bem em frente ao colégio.
Curitiba, 26 de maio de 2010

»6                                                                                       Do Quintal

XXXXXX

Projeto inovador põe os próprios moradores
para definirem o futuro do local onde vivem



construindo o                                                                                                                                             A hora
                                                                                                                                                           do jovem
bairro dos sonhos                                                                                                                                          mostrar
                                                                                                                                                           sua voz
                                                                                                                                                          O projeto articulado pelo



C
        om pouca divulgação, sem estardalhaço, está começando por qua-                                                                                       Sesi é uma ótima
        se toda a cidade uma ação que poderá transformar profundamente,
        para melhor, os bairros e a própria relação dos moradores entre si e
                                                                                           Como participar                                                   chance dos jovens locais
                                                                                                                                                             colocarem em prática o
com os locais em que vivem. Trata-se do projeto Rede de Desenvolvimen-                                                                                       chamado “protagonismo
                                                                                           Se você quer também contribuir para
to Local, coordenado pelo Sesi, mas elaborado pela própria comunidade.                                                                                       juvenil” . O termo,
                                                                                              deixar o seu bairro um local melhor
Ou seja, são os próprios moradores que apontam as carências de sua re-                                                                                       incorporado à educação
                                                                                              para se viver, entre em contato com
gião, definem soluções e, juntos, trabalham para que elas virem realidade.                                                                                   pelo pedagogo mineiro
                                                                                              o agente de sua área e fique sabendo
     Dentre os bairros abrangidos pelo Do Quintal, os pilarzienses estão                                                                                     Antônio Carlos Gomes
                                                                                              como participar:
numa etapa adiantada do projeto. Grupos de moradores já estão traba-                                                                                         da Costa, designa o
lhando para transformar, em dez anos, o Pilarzinho no bairro de seus so-                   Abranches: Mariana Daros.                                         papel de frente que os
nhos.                                                                                        Telefone: 9608-3822.                                            adolescentes poderiam
    O projeto foi lançado em 2007 pela Rede de Participação Política do                      E-mails: maridaros@gmail.com e                                  – e deveriam – ter em
Empresariado do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná                         mariana.daros@sesipr.org.br                                     relação ao seu meio. O
(Fiep/Sesi), atingindo as principais cidades do interior. Neste ano, chegou                Pilarzinho: Michelle Norberto, telefone
                                                                                                                                                             educador defende que
a Curitiba, onde pretende atingir 70 dos 75 bairros da cidade.                                9982-9284 e Vinicius (9960-3350)
                                                                                                                                                             o jovem deve participar
    A ação é simples, mas pode ter resultados formidáveis e permanentes.                      ou pelos e-mails
                                                                                                                                                             ativamente do meio
    Tudo começa com os agentes comunitários, estudantes universitários                        michelle.norberto@sesipr.org.br
                                                                                                                                                             social, mobilizando-se por
treinados pelo Sesi, que contatam líderes locais, presidentes de associa-                     ou vinicius.santos@sesipr.org.br
                                                                                                                                                             melhorias da comunidade
ções, enfim, pessoas ativas do bairro.                                                                                                                       onde vive, contribuindo
    Estas, por sua vez, convidam outras pessoas que se interessam pelo fu-                 Mercês: Camila Braga Karam,                                       assim para o seu próprio
turo do local onde moram, que por sua vez chamarão outras, formando                          telefones 3271.7423 e 8803-7781.                                crescimento pessoal.
uma rede representativa do bairro.                                                           E-mail: camila.karam@sesipr.org.br
                                                                                                                                                          E o projeto de
    A partir deste núcleo, iniciam-se as reuniões, onde os moradores proje-                  São Lourenço: A agente está em fase
                                                                                                                                                             desenvolvimento
tam como gostariam que o bairro fosse em 2020. Nas reuniões seguintes,                       de treinamento. Tão logo termine,
                                                                                                                                                             comunitário criado pelo
são levantados as carências do bairro, o que ele tem a oferecer e traçados                   será divulgado o seu contato.
                                                                                                                                                             Sesi é um espaço perfeito
planos para se chegar ao “bairro dos sonhos” dos moradores. A última fase                  Vista Alegre: Fernanda B. Penteado.                               para o jovem demonstrar
é colocar tudo isso em prática.                                                               Telefone: 8841-2779.                                           o que acha do bairro, o
    No Abranches, Vista Alegre e Mercês, as agentes comunitárias estão na
                                                                                                                                                             que considera que deve
fase de mobilizar os líderes locais para participarem do projeto. No São                   Informações sobre o projeto e seu
                                                                                                                                                             ser criado ou melhorado.
Lourenço, a agente está sendo treinada para em seguida iniciar o trabalho                     andamento nos bairros estão no site
                                                                                                                                                             E o que pode fazer para
local. Já no Pilarzinho, a primeira etapa começou em março e agora os par-                    www.rededeparticipacaopolitica.org.br
                                                                                                                                                             que isso aconteça.
ticipantes já estão trabalhando para colocar em prática as primeiras ações
rumo ao bairro de seus sonhos.                                                                                                                            Membros do Grêmio
                                                                                                                                                            Estudantil do Colégio
                                                                                                                                                            Bento Munhoz


as ações estão em curso
                                                                                                                                                            perceberam isso, e estão
                                                                                                                                                            participando ativamente
                                                                                                                                                            do projeto do Pilarzinho.

e todos podem contribuir                                                                                                                                    Entre as propostas que
                                                                                                                                                            o grupo defende, e já
                                                                                                                                                            está lutando por isso, é
    A Rede de Desenvolvimento do Pilarzinho deu no último dia                                                                                               a de que o colégio abra
primeiro de junho o passo mais importante rumo ao “bairro dos                                                                                               aos finais de semana
sonhos”. Neste dia foi celebrado o pacto dos participantes em tor-                                                                                          para realização de feiras
no dos objetivos comuns. Os grupos de participantes apresenta-                                                                                              de ciências e eventos
ram oito ações em várias áreas a serem implantadas até outubro                                                                                              culturais.
deste ano. Os coordenadores dos grupos agora estão em busca de
                                                                                                                                                          Jovens que têm idéias para
pessoas do bairro que se disponham a participar das ações. Veja a
                                                                                                                                                             melhorar a região onde
seguir a lista das primeiras ações para começar a melhorar o bair-
ro. Escolha uma ou mais ações em que você queira contribuir de                                                                                               moram devem entrar em
                                                                                                                                          Uma das            contato com o agente
alguma forma – mesmo que seja só para apoiar a iniciativa - e en-
                                                                                                                                          reuniões no        comunitário de seu
tre em contato com os agentes do Sesi no Pilzarzinho, Michelle                                                                            Colégio Bento
Norberto, telefone 9982-9284 e Vinicius (9960-3350) ou pelos                                                                                                 bairro, pelos telefones
                                                                                                                                          Munhoz: união
e-mails michelle.norberto@sesipr.org.br ou vinicius.santos@se-                                                                            para melhorar      divulgados nesta edição.
sipr.org.br, para ser encaminhado ao grupo respectivo.Seja você                                                                           o bairro.
                                                                                                                                                            Força jovem: membros do
também um membro atuante da comunidade:                                                                                                                   Grêmio Estudantil do Bento
    1 - Cães abandonados – Está se formando uma comissão para           5 - Comissão de segurança – Grupo está buscando soluções                           Munhoz trabalham por um
buscar soluções para o problema de cachorros soltos na rua. O        para o problema da criminalidade no bairro. Primeiro passo é um                                   bairro melhor.
primeiro passo é uma campanha de castração de cães e de cons-        levantamento junto ao comércio local sobre a incidência de cri-
cientização dos moradores para não abandonar os animais.             mes na região nos últimos meses.
    2 - Alfabetização de idosos – Aulas já estão sendo ministra-        6 - Fortalecimento da Associação dos Pais e Mestres- Inten-
das para 12 pessoas. Idéia é ampliar o trabalho.                     ção e divulgar a importância da participação dos pais no dia-a-dia
    3 - Fortalecimento do comércio – Intenção é criar uma asso-      das escolas do bairro.
ciação comercial para unir os comerciantes e mostrar aos morado-        7 - Feiras de ciências e cultura – Grupo de alunos do colégio
res locais que eles podem fazer a maior parte de suas compras no     Bento Munhoz puxa a iniciativa de abrir as escolas nos finais de
próprio bairro.                                                      semana para realização de eventos voltados à comunidade.
    4 - Lazer da terceira idade – Coordenado pela professora Sô-        8 - Saneamento do Clube Golfinho – Amplo espaço abando-
nia Brush, já existe um grupo que realiza passeios mensais com       nado na Rua São Salvador virou foco de proliferação de doenças.
idosos. Intenção é ampliar essa ação.                                Grupo busca solução para o problema.
Curitiba, 26 de maio de 2010

                                                                       Do Quintal                                                                                                      »7

XXXXXXX


Professora dá exemplo
                                                                 DSF
                                                                           Pilarzinho quer
                                                                           criar associação
                                                                           comercial
                                                                           Da redação                                               não explorado no bairro. E que, unindo as empre-


                                                                           U
                                                                                   ma das propostas tiradas dos encontros           sas, seria possível realizar ações para fortalecer o
                                                                                   dos moradores do Pilarzinho foi a de lutar       setor e atrair mais clientes e consumidores.
                                                                                   pelo fortalecimento do comércio local. A            Uma delas, por exemplo, poderiam ser pro-
                                                                           idéia é que um comércio forte e bem diversifica-         moções conjuntas de todo o comércio. Outra
                                                                           do atrairia mais moradores a fazerem boa parte           possibilidade, seria unir esforços para lutar pela
Primeiras letras: professora Sônia orienta o aluno Sebastião.
                                                                           de suas compras por aqui mesmo, evitando des-            instalação de agências bancárias e dos correios

Sim, nós podemos!
                                                                           locamentos desnecessários para o centro ou ou-           no bairro. Sabe-se que muita gente que vai ao
                                                                           tras regiões da cidade. Ou seja, seria bom para os       banco no centro, acaba fazendo compras por lá,
                                                                           moradores locais, para os comerciantes e até para        não devido ao preço ou qualidade do produto,
                                                                           o trânsito na área da central, que seria em parte        mas por já estar por lá mesmo. Ou seja, a simples
Entre as pessoas inconformadas com algo errado, há basicamente             desafogado.                                              existência de serviços bancários já ajudaria a in-
   dois tipos: as que reclamam, mas não fazem nada para mudar                 Para se chegar a esse objetivo, o primeiro pas-       crementar as vendas locais.
   a situação; e as que arregaçam as mangas e vão à luta. A                so está sendo juntar os empresários para criarem            Lorena lembra, porém, que por enquanto o
   professora Sônia Brusch faz parte deste segundo grupo. Mesmo            a Associação Comercial, Industrial e Empresarial         objetivo é unir os comerciantes para criar a asso-
   tendo seu dia tomado por dois empregos, uma pós-graduação               do Pilarzinho e Região (Aciep). Até foi lançado          ciação e só então é que serão definidas as ações
   e tendo que cuidar dos dois filhos adolescentes, ela ainda              um site, o www.aciep.com.br, que já recebe ade-          . A primeira reunião para expor os objetivos da
   consegue tempo para se dedicar à melhoria da qualidade de               sões e informa sobre os objetivos da iniciativa.         associação foi no dia 2 de julho. Quem não parti-
   vida dos moradores do bairro onde vive, o Pilarzinho.                      Uma das coordenadoras da ação é a sócia-pro-          cipou, mas quer se associar ou saber mais sobre a
                                                                           prietária da papelaria Jollis, na Hugo Simas, Lore-      iniciativa, entre no site ou ligue para um dos três
Professora de História e lecionando para sete turmas do ensino
                                                                           na Drescher. Segundo ela, a idéia surgiu ao perce-       coordenadores: Lorena (33390010), Amarilda
   fundamental no Colégio Estadual Bento Munhoz, Sônia
                                                                           ber que há um grande potencial comercial ainda           (8820-0007) e Adélcio (8853-3806).
   se indignou com o que acontecia a 100 metros da escola.
                                                                                                                                                                                         DSF
   Ela presenciou o atropelamento de uma criança por um
   motociclista, quando a aluna ia para o ponto de ônibus da rua
   Hugo Simas, próximo à Cruz do Pilarzinho. Dias depois, estava
   envolvida numa campanha para melhorar a segurança no local.

Com seus alunos, produziu cartazes sobre segurança no trânsito
  e puxou um abaixo-assinado de pais pedindo providências.
  Depois de uma maratona por órgãos públicos, ela conseguiu                      Lorena Drescher:
  que uma equipe da Diretran avaliasse o que poderia ser feito.                        união para
  Decidiu-se transformar a lombada que havia a cerca de 50                            fortalecer o
                                                                                     comércio e o
  metros do semáforo, na confluência com a Hugo Lange, numa
                                                                                            bairro.
  ‘travessia elevada para pedestres”. Nos primeiros dias, foi tudo
  bem, pois os agentes de trânsito estiveram no local. Hoje,
  porém, são raríssimos os que param na faixa. Sônia voltou
  a pedir providências à Diretran, e foi informada que estão
  estudando uma nova ação, que poderia ser até a instalação de
  um radar ou câmaras para flagrar as infrações. A professora
  está aguardando.
                                                                           O escândalo na assembléia
                                                                               Desde março, os paranaenses acompanham o es-         ética do deputado em quem votou. Para acompanhar
                                                                           cândalo de corrupção na Assembléia Legislativa que,      o que ele vem fazendo na AL, acesse o site WWW.vi-
 » Primeiras letras                                                        segundo a série de reportagens do jornal Gazeta do       gilantesdademocracia.com.br, do Sistema Fiep. Já para
Sônia dá aulas no Bento Munhoz à tarde e à noite. De manhã                 Povo e da RPC-TV, seria responsável por uma sangria      manifestar sua indignação contra os “fantasmas da As-
  trabalha na Unidade de Saúde Vista Alegre. E foi ali que ela             de mais de R$ 100 milhões nos cofres públicos. Além      sembléia”, participe da campanha “O Paraná que que-
  conheceu o senhor Sebastião Barbosa, de 72 anos. Num dia, ele            da indignação diante do que seria o maior desvio de      remos”, organizada pela OAB/PR, e que já havia reu-
  comentou que seu sonho é de um dia poder tirar uma carteira
                                                                           dinheiro público da história do Paraná, chama atenção    nido até 30 de junho, o apoio de 1.353 empresas, 577
                                                                           a falta de mobilização da população. O próprio pre-      entidades de classe e 31.399 pessoas. Para apoiá-la,
  de identidade que não tenha o carimbo “analfabeto”. O fato
                                                                           sidente da Assembléia, Nelson Justus (DEM) disse,        acesse o site WWW.novoparana.com.br. Se nada disso
  comoveu a professora. Sabendo que haveria mais pessoas                   em maio, que não havia pressão popular para que ele      resolver, aí então só restará ao eleitor mostrar o cartão
  iletradas no bairro, ela fez cartazes e anunciou que daria aulas         deixasse o cargo. É hora do eleitor cobrar uma postura   vermelho em outubro a quem não o respeita. (DSF)
  de alfabetização de graça. Isso foi em março. Hoje são 12
  pessoas que três vezes por semana se reúnem numa sala do
  Bento Munhoz para dar os primeiros passos no universo das
  letras.

E isso tudo não cansa? Sônia diz que sim, mas que é gratificante.
    “Estou fazendo bem para mim e para eles”, diz ela. A professora
    afirma que nada paga ver a alegria e o brilho nos olhos dos
    idosos que, de certa forma, começam uma nova vida ao
    aprender a escrever.

Uma vez por mês, a professora leva os alunos para um passeio.
  Para não haver custo para os alunos, ela conseguiu parceiros
  no bairro: a empresa de ônibus Nossa Senhora do Carmo cede
  ônibus, motorista e combustível ; e a panificadora Companhia
  do Pão doa pães, bolos e salgadinhos para a confraternização.
  Ou seja, tudo foi conseguido pela própria comunidade. Faltava
  apenas alguém que tomasse a frente.

E o que poderia ser feito se houvesse dezenas ou centenas de
   Sônias por aqui? Vale pelo menos uma reflexão, não? (veja
   no www.doquintal.com.br, mais detalhes sobre o trabalho e o
   depoimento dos alunos da professora Sônia). (DSF)
Curitiba, 26 de

»8                                                                                                                                                            Do Qu
XXXXXXX
Fotos: Marco André Lima

                                                                                    Há três décadas, ex-seminarista produ




                                                                                    Pilarzinho
                                                                                    Douglas de Souza Fernandes



                                                                                    S
                                                                                          ão Francisco de Assis, barba bem aparada e com passarinhos ao redor,
                                                                                          observa Nossa Senhora Aparecida, que ao lado tem santo Antônio à
                                                                                          espera da próxima moça que irá lhe pedir um marido perfeito. Logo
                                                                                    adiante, a Virgem de Guadalupe divide espaço com Nossa Senhora da Luz
                                                                                    dos Pinhais, que passa o tempo a abençoar a cidade que a escolheu como
                                                                                    padroeira. Para os descrentes, a cena pode parecer ficção. Mas, é pura rea-
                                                                                    lidade numa rua bucólica do Pilarzinho. Ali, na Humberto de Campos, 56,
                                                                                    estes e mais uma infinidade de outros santos e santas esperam tranquilos
                                                                                    para viajar. Em breve irão estar em igrejas de Curitiba e região ou em resi-
                                                                                    dências de várias partes do país e do exterior.
                                                                                        A façanha de reunir tanta santidade em tão pouco espaço é da família
                                                                                    Joly. Nos anos 70, Vilson Joly, um ex-seminarista, concluiu que embora
                                                                                    sentisse não ter vocação para seguir carreira eclesiástica, poderia continuar
                                                                                    no caminho religioso a partir da reprodução das imagens de santos cató-
                                                                                    licos. Ali surgia a semente, como o grão de mostarda da passagem bíblica,
                                                                                    que germinaria e se tornaria anos depois uma respeitada fábrica de ima-
                                                                                    gens de santos.
                                                                                        O começo não foi fácil. Após fazer um curso de pintura em gesso,Vilson
                                                                                    começou a adquirir as peças, pintá-las e vendê-las. Nesta época, ainda nos
                                                                                    anos 70, saía humildemente de casa com uma sacola com suas primeiras
                                                                                    produções para oferecer para as paróquias de Curitiba. A qualidade das re-
                                                                                    produções foi o suficiente para que o negócio prosperasse. Daí a produzir
                                                                                    suas próprias peças foi um passo.
                                                                                        O negócio cresceu e, ao lado de Vilson passaram a trabalhar o seu ir-
                                                                                    mão, Eduardo, o Dudu, a irmã Neuza Maria e a mãe, dona Carmem. Logo
                                                                                    foi necessário contratar funcionários para atender à demanda. Há dois
                                                                                    anos, o irmão abriu uma subdivisão na empresa, passando a atuar na área
                                                                                    de forros e decoração em gesso (veja matéria ao lado).
                                                                                        Avesso à publicidade, Vilson pediu para não ser fotografado pela re-
                                                                                    portagem do Do Quintal e nem quis informar qual o número de santos
                                                                                    produzidos e vendidos atualmente por mês. De qualquer forma, a quan-
                                                                                    tidade é menor do que a de alguns anos atrás, devido à concorrência com
                                                                                    as imagens feitas em polietileno e pintadas industrialmente. Mas, Vilson
                                                                                    tem uma clientela fiel entre paróquias de Curitiba e região. Como são pe-
                                                                                    ças frágeis, difíceis de transportar, Vilson diz não ter interesse em buscar
                                                                                    mercados distantes.
                                                                                        Mesmo assim, os seus santos já chegaram a vários países das Américas
                                                                                    e da Europa, levados por turistas ou viajantes que passaram por Curitiba
                                                                                    nos últimos 30 e poucos anos.
                                                                                        Vilson só afirma que a quantidade que ele comercializa é justamente
                                                                                    aquela que ele tem condições de produzir e por isso não tem interesse em
                                                                                    aumentar sua clientela. “Nunca pensei em ficar rico com isso”, resume.
                                                                                        Mais falante, o irmão Dudu diz que não é pela quantidade que os santos
                                                                                    de Vilson se destacam, mas pela qualidade das peças, principalmente pela
                                                                                    pintura, toda feita artesanalmente, com o uso de pincéis, e não com sprays
                                                                                    ou mecanicamente, como acontece nas grades linhas de produção. O traba-
                                                                                    lho minucioso dos pintores é que garante a qualidade artística às imagens.
                                                                                    Apesar de retratar santos, as imagens ficam assim “mais humanizadas”.
Dudu com Nossa Senhora do Guadalupe: santos por todos os lados.




        Família no gesso
            Vilson Joly não só teve sucesso   tamanhos menores que os traba-
        na atividade que escolheu, como       lhados pelo irmão Vilson. Também
        “arrastou” a família para o mun-      mantém uma lojinha para expo-
        do do gesso. O irmão Eduardo, ou      sição e venda de imagens, ao lado
        Dudu, trabalhou vários anos com       da fábrica. Seus principais clien-
        a produção e venda de imagens até     tes são pequenos comerciantes e
        que há cerca de dois anos pegou       participantes de feiras artesanais.
        um novo caminho.                      A mãe, Dona Carmem, também
            Passou a produzir e instalar      não ficou de fora. Ela se especia-
        forros de gesso e outros mate-        lizou em restauração de imagens.
        riais de acabamento e decora-         Com seu meticuloso trabalho, ela
        ção, como divisórias, estátuas etc.   atende a igrejas de toda a região,
        Já a irmã Neuza Maria atua na pro-    que a procuram quando têm algu-
        dução e venda de santos, só que em    ma imagem danificada. (DSF)



                                                      Funcionário modela peça.
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Jornal local conta histórias e desafios de bairros de Curitiba

  • 1. R$ 1,50 Do Quintal Julho de 2010 - Ano I - Número 1 Um jornal a serviço do nosso quintal O Do Quintal surge com o objetivo de contar as histórias Marco André Lima de ontem e de hoje do Pilarzinho, São Lourenço, Abranches, Mercês e Vista Alegre. Bairros que juntos concentram a maior parte e os mais visitados parques e bosques da cidade, o “coração verde” da capital. Pág. 16 O seu bairro pode mudar para melhor. E você pode ajudar. Veja como na Pág. 5 Família Basso, há um século no Pilarzinho. Ela chegou em 1888 à região e desde Onde nascem então é sinônimo de comércio no bairro. Pág. 3 Os perigos Os santOs Fábricas no Pilarzinho e do crédito Vista Alegre abastecem consignado igrejas e fiéis de Curitiba e várias regiões do País. Cada vez mais Páginas 8 e 9 aposentados e pensionistas recorrem a essa modalidade. Pág. 14 Arquivo da família » CRACk droga já virou epidemia e está exterminando jovens Arquivo O crack tornou-se o principal combustível para morte de adolescentes. Em 2009, Curitiba e Região Metropolitana registraram em média três assassinatos de garotos entre 12 e 18 anos por semana. Para autoridades, situação é um caso de saúde pública. Páginas 6 e 7 » CRAQUE Ize, a história do baixinho driblador que deixou saudade O Canhotinha de Ouro foi um dos melhores jogadores que já pisaram os gramados do Pilarzinho. Página 10
  • 2. Curitiba, 26 de maio de 2010 »2 Do Quintal edItORIaL Um quintal verde a história do abranches O Do Quintal surge com uma proposta simples, mas ao mesmo tempo inovadora. A de simplesmente fazer bom jornalismo e com isso contribuir com a região que abrange no sentido P de informar sobre o que de mais importante ara incentivar o interesse dos jovens acontece por aqui, de lembrar a história pela história do bairro, a Associação de quem veio antes de nós, de colocar em dos Moradores e Amigos do Abranches evidência o que hoje há de bom – e enaltecê- (Amada) está promovendo um concurso de lo – e o que há de ruim – questionando e redação voltado aos estudantes dos colégios cobrando soluções para os problemas. da região. Os melhores textos sobre persona- gens e fatos históricos do bairro serão reuni- O Do Quintal atuará nos bairros do Pilarzinho, dos em livro. Vista Alegre, Mercês, Bom Retiro e São O presidente da Amada, José Gomes, diz Lourenço. A escolha não é por acaso. É que a idéia é que a partir do trabalho, os mais justamente esta região que concentra as jovens conheçam um pouco mais da centená- principais áreas verdes e parques da cidade. Ao ria história do Abranches. Ele explicou que há mesmo tempo, abriga áreas com uma história 27 anos foi realizada ação parecida, quando centenária, onde famílias de várias partes do os estudantes da época também fizeram pes- quisas e colheram depoimentos de moradores mundo chegaram em séculos passados para mais antigos. O problema, porém, é que na ajudar a construir o que é hoje a cidade de época os relatos acabaram se perdendo. “Des- Curitiba. ta vez, as histórias vão virar um livro e ficaram Antigamente eram chácaras, a partir das quais preservadas”, explica José Gomes. os pioneiros iniciavam uma nova vida, longe de seus familiares deixados do outro lado » História do Abranches 2? Apesar de o presidente da Amada dizer que do Oceano Atlântico. Com trabalho e muito não restou registro dos trabalhos daquela épo- sacrifício, aos poucos os bairros se tornaram ca, o Do Quintal descobriu nos arquivos muni- o que são hoje. Muita coisa mudou, mas a cipais um dos textos feitos em 1983. história de quem veio antes continua presente, Trata-se do depoimento do morador Antô- seja em nomes de ruas ou no sobrenome de nio Kucaniz, um comerciante aposentado e bis- muitos moradores locais, que de certa forma neto dos primeiros colonos que vieram para o continuam a saga de seus ancestrais. Abranches. Infelizmente, o nome dos estudan- tes que fizeram o trabalho foi riscado, sendo possível decifrar mento é da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem (SPVS). Hoje, a região é um ponto turístico que atrai somente o nome “Roberto”. Ao lado, reprodução da página que A ONG fez na capital o primeiro estudo no Brasil que mostra a pessoas de todos os cantos do mundo. consta no arquivo da Casa da Memória. Quem souber quem fo- importância das florestas urbanas no combate ao aquecimento Vêm em busca das belezas naturais e das ram os alunos que fizeram o trabalho ou tiver informações sobre global, do qual o dióxido de carbono é um dos principais fato- intervenções conscientes do homem, que Antônio Kucaniz, entre em contato conosco (Telefones 3527- res. O CO2 é retirado do ar pelas plantas. redundaram nas atrações como a Ópera de 0501 e 8819-8717. E-mail: Doquintal@yahoo.com.br) Para se ter uma ideia do benefício das florestas para Curitiba, Arame, Parques Tanguá, Tingui, do Alemão, 4,2 milhões de toneladas de CO² são a quantidade liberada por Gutierrez, São Lourenço, Pedreira Paulo » Brochado cerca de 1 milhão de veículos circulando durante um ano e meio A rua Primeiro-Ministro Brochado da Rocha, que começa nas ruas da cidade. Leminski e outras. Numa cidade conhecida por ecológica, pode-se dizer que este é o coração, na Hugo Lange e dá acesso à Universidade do Meio Ambiente, será completamente reformada, a partir de setembro. O anúncio » Bom Negócio o “coração verde da cidade”. foi feito pelo prefeito, Luciano Ducci, no último dia 31, duran- Dezenas de empreendedores do Pilarzinho e Mercês, pes- Mesmo com essa importância, a região ainda te a assinatura da ordem de serviço para as obras da Fredolin soas que já possuem uma empresa ou que pretendem criá-la, carece de obras que a torne melhor não Wolf. participaram , em maio e junho, do Programa Bom Negócio, da só para quem a visita, mas principalmente Prefeitura de Curitiba. A formatura foi no dia 30 de junho, no para quem mora nela. Um passo importante » Mais um parque Estação Convention Center. Em 20 dias de aulas, os participan- nesse sentido foi o anúncio da revialização Reforçando sua condição de “coração verde” da cidade, a tes aprenderam como aperfeiçoar a gestão de seus negócios. Os nossa região ganhará mais um parque. A Prefeitura anunciou empreendedores certificados passam a ter acompanhamento de da Fredolin Wolf, do Santa Felicidade que transformará uma área de 100 mil metros quadrados de consultores especializados. No total, de 11 bairros atendidos no ao Pilarzinho. Obra que o Do Quintal uma antiga pedreira desativada na rua Gardênio Scorzato, no primeiro semestre, foram 450 formados. No segundo semestre, acompanhará minuciosamente. bairro Vista Alegre, em parque de preservação ambiental e de o programa atingirá mais nove bairros, entre eles o centro e o Ao mesmo tempo, em outra proposta inovadora, uso público. A intenção é tornar o local, que tem vegetação na- Bom Retiro. O curso é gratuito. tiva e uma cachoeira, em espaço de contemplação, mas também o Do Quintal, trabalhará com duas faixas para a prática de esportes radicais. etárias geralmente negligenciadas pela grande » Mão única O prefeito, Luciano Ducci, informou que determinou à imprensa: os adolescentes e os idosos. Em A rua Coronel João Guilherme Guimarães, no bairro Mer- equipe do Meio Ambiente a elaboração de um projeto onde o relação aos primeiros, a partir das escolas cês, tornou-se mão única em um trecho de cinco quadras, com visitante consiga interagir com as belezas naturais do parque. locais o jornal irá acompanhar o que vive o sentido da rua Myltho Anselmo da Silva para a Dr. Roberto Bar- roso. Segundo a Urbs, a intenção é garantir melhor fluidez do jovem de hoje e tentará contribuir para um » Filtro verde tráfego. A rua tem cerca de dois quilômetros de extensão e liga melhor entrosamento entre os jovens e a As florestas dentro de Curitiba têm 1,16 bilhão de toneladas a Avenida Manoel Ribas, nas Mercês, à rua Claudio Manoel da própria escola, a família e o bairro em que de carbono estocados em seus galhos, troncos, raízes e folhas. Costa, no Pilarzinho. A rua ganhou também nova pintura e duas vivem. Já os chamados da terceira idade, terão Isso representa 4,25 milhões de toneladas de dióxido de carbo- lombadas, na quadra entre a Desembargador Vieira Cavalcanti; no Do Quintal informações que interessam a no (CO2) a menos no ar respirado pelos curitibanos. O levanta- e na quadra entre as ruas Solimões e Mamoré. essa faixa etária, a que mais vem crescendo no Brasil e no mundo, mas que ainda sente falta de publicações que atendam aos seus anseios. É com essas propostas que o Do Quintal pede licença para entrar em seus lares. Movido à mula Sabendo, porém, que elas só terão sucesso Na época em que os Basso chegaram à cidade, Curitiba com a participação dos moradores, seja tinha recém-inaugurado seu primeiro sistema de criticando, elogiando, dando sugestões, enfim, transporte coletivo. Em novembro de 1887, a Empreza participando. Só assim poderemos fazer um Curitybana pusera em funcionamento o primeiro bonde, jornal dos moradores para os moradores, ou puxado por mulas. A foto, do acervo de Cid Stefani, mostra um carro da linha Batel-Seminário na esquina das seja, um jornal com a cara do nosso quintal. ruas XV de Novembro e Monsenhor Celso, e um guarda civil. O registro foi feito em 1911. Dois anos depois, em 7 de janeiro de 1913, seria inaugurado o primeiro ônibus elétrico da cidade. Só em 1952 chegariam os ônibus, primeiro movidos a gasolina e depois, a diesel, aposentando definitivamente o velho bonde. A foto e outras de Cid Stefani estão expostas no mais antigo bar da cidade, o Stuart, na Praça Osório, inaugurado em 1904 e ainda em funcionamento.
  • 3. Curitiba, 26 de maio de 2010 Do Quintal »3 PIONEIROS Basso, uma Arquivo familiar história centenária Família chegou da Europa no século XIX e fincou raízes na região O armazém dos Basso, ao lado da Capela, em foto de 1959. Família tradicional do Pilarzinho, tório, em 1950, porém, ele voltou os Basso participam da história para Curitiba, para auxiliar a mãe do bairro há mais de um século. no negócio. Tinha a ajuda do ir- Os primeiros representantes deles mão José, o Bepe, e da irmã ca- Arquivo familiar aportaram por esta região por vol- çula, Leonilda, que até hoje traba- ta de 1888, vindos da Itália, numa lha no local. E por ali continuou, das primeiras levas de imigrantes assumindo a empresa após a mãe O casal Luiz e Rosa europeus que buscavam no Bra- retirar-se da vida no comércio. chegou da Europa sil oportunidades de crescimento Benjamim casou-se em 1953 em 1888. pessoal. O casal Luiz e Rosa Bas- com Lídia Pilati. so se fixou inicialmente na região Na época em que Benjamim onde é hoje o bairro São Lourenço. assumiu o negócio, o bairro ainda Casamento de Com a experiência que já tinham carecia de infra-estrutura básica, Angelina com Augustinho, na lavoura, começaram a plantar oferecendo poucos serviços aos pouco antes da milho, feijão e hortaliças nas no- moradores. Com isso, muitas ve- compra do armazém. vas terras, vendendo a produção zes, ele tinha que usar sua cami- no centro da cidade. nhonete F 100 para fazer um tipo Marco André Lima Com isso, criaram os filhos, que de serviço social, como transportar casaram e constituíram famílias. famílias, levar doentes a hospitais, Um deles, Augusto, havia se ca- fazer carretos para os clientes etc. sado há poucos anos com Ângela Ferragens Costa, quando, em 1918, comprou Em 1962, Vitório Pilati, casado o armazém de secos e molhados com uma das filhas de Augusto, do alemão Gustavo Born, ao lado Catarina Basso, entrou na socieda- da Capela Nossa Senhora do Pilar. de no armazém. A sociedade du- O comércio funcionava em uma rou até 1988, quando o armazém casa de madeira, que ficava numa ficou trabalhando somente com área que compreendia do atual os produtos com que trabalha ate posto de gasolina, na esquina das hoje, e a parte de ferragens, ferra- ruas São Salvador com a Desem- mentas e materiais de construção bargador José Carlos Ribas, até à ficou com o sócio, dando origem à Benjamim e a esposa Leonilda e os sobrinhos Rubens e Sociedade Primavera, na atual Do- Fermatti Materiais de Construções, Lídia em foto de 1985. Joceli em frente ao atual prédio. mingos Moro. vizinho ao supermercado. Na época, toda a região era Desde o início do século pas- Tempos de tripa e querosene formada por chácaras. O armazém era a única casa comercial da re- sado, o atual supermercado fun- cionava em uma antiga casa de gião. A venda de secos e molha- madeira. O atual prédio só seria Se um jovem de hoje viajasse no tempo e mercado, como milho e seus derivados, dos mais próxima ficava na Cruz construído na década de 1970. entrasse no Armazém Basso nos anos 50 batata, leite, frutas, hortaliças, ovos, óleo do Pilarzinho, de propriedade dos Benjamim e Lídia tiveram cinco se depararia com uma série de produtos (usava-se banha) e carnes in natura não Polak, uma das famílias polone- filhos. O mais velho, Renato Olivir nas prateleiras que nem saberia para que eram oferecidos. Em compensação, como sas que vieram para o Paraná em é engenheiro florestal e trabalha serviam. O querosene, por exemplo, era um ninguém tinha geladeira, vendia-se muito 1871. em Sinop (MT); o quarto, Ronei, é campeão de vendas. Mas, compravam o charque e torresmo. Lenha, ferramentas Na época, os produtos vendidos funcionário do Banco do Brasil. Os produto não para usá-lo na limpeza como para a lavoura, materiais para construção, eram bem diferentes dos de hoje. demais, Joceli, a segunda filha, Ru- hoje. Antes, ele era usado para iluminar as cera, louças e panelas também tinham Querosene era um dos principais, bens, o terceiro, e Janete, a caçula, casas. Numa época em que ainda não havia muita saída, assim como linhas, agulha, pois como ainda não havia luz assumiram o negócio em 1988. chegado a luz elétrica à região, ele era o cordas para amarrar animais, uma infinidade elétrica, os moradores tinham que Lídia faleceu precocemente, aos combustível para os lampiões e lamparinas. de miudezas para o lar e até roupas rústicas. usar esse combustível para acen- 60 anos, em 1990. Tempos depois, Um dos artigos mais curiosos que se vendia Nesta época, o Basso também comercializava der os lampiões ou lamparinas. ele se casaria com Terezinha Ma- naquele tempo era a tripa de porco. Rubens galinhas, mas não como hoje, depenadas, Com o comércio, o casal foi canhão. Basso explica que a “tripa seca” era usada cortadas, limpas e às vezes até temperadas. tocando a vida. Tiveram oito fi- Nos últimos anos, Benjamim para se fazer salame e outros embutidos, Na época, elas eram vendidas vivas. Ao lado lhos. Em agosto de 1938, vítima enfrentou um câncer, e quando de câncer, Augusto morreu aos 54 estava quase curado, surgiu o al- muito consumidos pelos moradores de do mercado, havia um cercado, onde os anos, deixando Ângela, ou Angeli- zheimer. Com isso, ficou 16 meses então. Outra mercadoria que não podia clientes escolhiam a que levariam para casa, na como era chamada pelos fami- hospitalizado, alimentando-se por faltar era o fumo de rolo, opção para os para botar ovos ou para virar o prato do dia. liares, para cuidar dos filhos e do aparelhos. Em maio último, ain- fumantes numa época em que nem se Quem não deve sentir saudade dessa época negócio. da em estado vegetativo, ele teve imaginava que um dia até fumar em bares são as mulheres. Antes de levar um Benjamim alta do hospital e foi levado para a seria proibido. galináceo ao fogo, elas tinham primeiro que Com o tempo, os filhos mais casa da filha Janete. Ele está com Os produtos oferecidos atendiam às matá-lo, depois depená-lo em água fervente, velhos buscavam seus caminhos, 83 anos, completados em 15 de necessidades básicas da região, que ainda cortá-lo, limpá-lo e temperá-lo, e só então encontrando empregos em outras janeiro. era formada por chácaras onde se produzia colocar o bicho na panela ou no forno. Sem regiões. O sexto filho, Benjamim, Apesar da tristeza com o esta- a maior parte dos alimentos consumidos. contar, claro, o trabalho para acender o fogo também parecia seguir a mesma do do pai, os três filhos e a irmã Então, vários produtos hoje comuns no feito com lenha. Melhor hoje, não? (DSF) rota. Na maioridade, foi para o Leonilda dão continuidade ao tra- Rio de Janeiro servir ao Exército. balho de Benjamim e à história Findo o tempo de serviço obriga- dos Basso no Pilarzinho.
  • 4. Curitiba, 26 de maio de 2010 »4 Do Quintal JÁ ERA HORA Revitalização da importante é desejo antigo dos moradores da região Como ficará a “nova Fredolin” Início das obras: 1.º de junho de 2010 Previsão de término: 31 de maio de 2011 A avenida será alargada e terá de sete até 11 metros, conforme o trecho Ciclovia compartilhada com sinalização exclusiva. Rampas para idosos e pessoas com deficiência Vários cruzamentos terão faixa adicional para conversões à esquerda Rotatórias em alguns cruzamentos Do Parque Tanguá até a rua Grazielli Wolf haverá duas faixas para quem segue em direção a Santa Felicidade. Finalmente, Bloqueios a reforma da exigem atenção As equipes estão trabalhando em dois trechos da avenida, Fredolin entre as ruas Edson Campos Matesich e Ari José Valle, em Santa Felicidade, numa extensão de 480m, e entre as ruas Graziele Wolf e Melchíades Silveira do Valle, no bairro São João, próximo ao Parque Tingui, numa extensão de 670m. Os dois trechos foram bloqueados totalmente e nos próximos dois meses, os motoristas terão que passar por desvios, que estão sinalizados. O s moradores do Pilarzinho, São João e Santa ra de Arame, cartões-postais de Curitiba localizados No primeiro trecho de obras, o desvio é feito pelas ruas Edson Felicidade têm um bom motivo para comemo- entre o Abranches e o Pilarzinho. Campos Metesich, Praxedes Silva Avelleda e Edison Nobre rar. Depois de anos e anos de espera, finalmen- de Lacerda, para quem vem de Santa Felicidade para o te começaram, na manhã do último dia primeiro, a re- » Poucas desapropriações bairro São João. No sentido contrário, o desvio é feito pelas forma e o alargamento da Rua Fredolin Wolf, uma das Apesar da extensão da obra, a sua execução não mesmas ruas. Parte do segundo trecho de obras opera em mais importantes vias da região. Esburacada, estreita, exigirá grandes desapropriações, como explica o chefe meia pista. A partir da rua Graziele Wolf, o bloqueio é total e em grande parte sem acostamento e calçadas, além de do setor de Projetos Viários do Ippuc, Márcio Augusto o desvio é por ela (Graziele Wolf) e pela Raposo Tavares, na enfeiar a região que concentra algumas das principais de Toledo Teixeira. Segundo ele, ao todo serão nove divisa com o município de Almirante Tamandaré. Também atrações turísticas da cidade, a Fredolin como está é desapropriações, mas todas de pequenas áreas. Marcio neste caso, o desvio é o mesmo nos dois sentidos. um risco diário principalmente para pedestres e ciclis- Teixeira explica que na própria concepção do projeto Moradores, comerciantes e a população em geral deverão tas. Com a assinatura da ordem de serviços pelo pre- foi buscado o mínimo de intervenção em propriedades estar atentos às informações a respeito do andamento dos feito Luciano Ducci, no último dia 31, esta situação particulares. Daí o fato de a via ser projetada para ter trabalhos. Sempre que houver necessidade de desvios, tem data para estar completamente resolvida: 31 de várias larguras, de sete a 11 metros, conforme as pe- eles serão sinalizados. Pedestres e ciclistas também maio de 2011. culariedades de cada trecho. Na Domingos Moro, por devem estar atentos à sinalização. Por enquanto, não Este é o prazo que o consórcio vencedor da licita- exemplo, ficará em sete metros. Da Saturnino Braga até há mudanças nas linhas de ônibus, mas os usuários das ção, formado pela empresa paranaense Gaissler Mo- o Parque Tingui, ela terá 11 metros, com duas faixas de linhas que utilizam as vias também precisarão observar os reira e a argentina Dos Arroyos, tem para entregar os tráfego por sentido e estacionamento. Do Tingui até informativos quanto a possíveis alterações temporárias nos 7.765 metros de obras entre a Manoel Ribas, no Santa a Rua José Ribeiro de Cristo, serão nove metros, com itinerários, caso seja necessário durante o período de obras. Felicidade, e a Nilo Peçanha, no Pilarzinho, abrangen- duas faixas subindo e uma descendo, e estacionamen- Comerciantes e moradores da região terão acesso aos seus do trechos também das ruas Saturnino Braga, Domin- tos em alguns pontos. Da José Ribeiro de Cristo até imóveis. gos Moro e São Salvador. O projeto, orçado em R$ Nilo Peçanha, sete metros de pista e remansos (estacio- 17.914,90 prevê pistas de 7 a 11 metros de largura, namentos em forma de baias) em alguns locais. recape completo, calçadas com ciclovias em todo o A maior desapropriação será no Bairro São João, trecho, nova rede de drenagem, nova sinalização e na confluência da Fredolin com a rua Ari José Vale. plantio de 800 árvores. As obras fazem parte do pro- Ali será desapropriado um grande terreno, onde será grama Pró-Cidades, que tem financiamento do Banco construído um “bolsão de retorno” para os veículos. Interamericano de Desenvolvimento (BID) e contra- Márcio Teixeira explica que os proprietários de ter- partida de 50% do município. renos a serem atingidos pelas obras serão chamados A Prefeitura diz que com a revitalização consolida- pela Prefeitura para conversar sobre os detalhes da rá uma nova alternativa de acesso rápido entre Santa desapropriação e indenização. No caso de muros que Felicidade, São João e Pilarzinho, beneficiando uma precisem ser afastados, a Prefeitura se encarregará de população de 80 mil pessoas, melhorando também os derrubá-los e reconstruí-los no novo local, sem custos acessos aos parques Tanguá e Tingui e a saída da Ópe- para o proprietário.
  • 5. Curitiba, 26 de maio de 2010 Do Quintal »5 JÁ ERA HORA Curva da capela João Gava terá preocupa lombada eletrônica Quando anunciadas as obras de revitalização da Fredolin Wolf, os moradores e comerciantes ao redor da Capela Nossa Senhora do Pilar já tinham uma pergunta na ponta da língua: como em frente a Ópera ficará a confluência das as ruas Domingos Moro, São Salvador e Bruno João da Silva ? É que este local é considerado um dos mais perigosos da região. Como não há sinalização ou redutor de velocidade, e como os motoristas não têm visão da pista contrária devido à curva fechada e ao prédio da Capela, é um perigo constante. Principalmente para as centenas de crianças que estudam no Bento Munhoz e outras escolas da região, que têm que passar pelo local diariamente. A equipe do Do Quintal apurou junto ao Ippuc o que está projetado para o local. O chefe do setor de projetos viários do órgão, Márcio Teixeira, adiantou que, além da sinalização, será construída uma meia lua, ou uma meia rotatória, no cruzamento. Com ela, os motoristas que vêm pelos dois sentidos da Domingos Moro ou da São Salvador em direção à Nilo Peçanha, terão um local de parada para fazer a confluência. Já para aumentar a segurança dos pedestres, estão previstas a construção de duas “ilhas” do lado da São Salvador, que serão bases para a travessia. Gaúcho da Ópera: campanha para fazer o curitibano parar na faixa de pedestres. Para a abrir espaço para as mudanças, será necessária a desapropriação de uma faixa do terreno que fica na esquina “O Brasil para na faixa. Só falta Curitiba”. A pla- da eletrônica. Sem ela, a velocidade média dos da São Salvador com a Bruno João da Silva. Segundo Marco ca, em cima de um triciclo, fica diariamente ex- veículos aumentou, agravando o problema para Teixeira, será desapropriada uma faixa de três metros. O corte posta em frente à Opera de Arame, alertando os os pedestres atravessarem a via em horários de abrangerá uma dezena de velhos cedros. Como, porém, essa motoristas que passam pela João Gava para que maior movimento. árvore não é nativa, e portanto não está protegida de corte respeitem a faixa de pedestres no local. Raros, O novo equipamento obrigará o motorista a como no caso do Pinheiro do Paraná, a prefeitura espera não ter porém, são os que fazem isso. diminuir a velocidade para 40 km/h e o penaliza- entraves para a desapropriação. Autor da placa, o comerciante Jairo Araujo da rá, caso exceda o limite estipulado. Cunha, conhecido como o Gaúcho da Ópera, iniciou a campanha há quatro anos, após cons- » Campanha tatar diariamente os problemas de moradores e O desrespeito à faixa de pedestres é um pro- de turistas para atravessarem a movimentada via. blema crônico no Brasil e responsável por grande Proprietário de uma loja de lembranças em fren- parte dos mortos e feridos no trânsito urbano. No te à Ópera, ele promoveu nos últimos meses um ano passado, por exemplo, o tema da Campanha abaixo-assinado que reuniu o nome de cinco mil Nacional do Trânsito foi justamente esse. Em pessoas, entre turistas e moradores da região, pe- Curitiba, foi lançada a campanha “O trânsito é de dindo a construção de uma passarela elevada no todos, a faixa é do pedestre”. No material educa- local. tivo, orientava-se o pedestre a atravessar na faixa O documento foi entregue em maio à Câ- e o motorista a respeitá-la. Para quem atravessa mara Municipal. O vereador Professor Galdino a faixa, a orientação é que nos cruzamentos sem (PSDB), que encaminhou o pedido, disse que a semáforo a pessoa faça um sinal com a mão, in- Prefeitura considerou mais eficiente a instalação dicando aos motoristas a intenção de atravessar de uma lombada eletrônica e que o secretário de para que ele pare o carro. Onde há semáforos é governo de Curitiba, Luiz Fernando Jabur, lhe ga- preciso respeitar o sinal. rantiu que ainda em junho ela seria instalada. O artigo 214 do Código de Trânsito Brasi- Jairo da Cunha diz que agora a expectativa é leiro (CTB) prevê, desde 1998, a penalização pela instalação do equipamento o mais rápido para quem desrespeitar a faixa de pedestres. A possível, isso porque o radar que havia no local multa é de R$ 192 e mais a perda de sete pontos foi retirado justamente para dar lugar à lomba- na carteira de habilitação. Perigo diário Um dos problemas mais generalizados no Abranches é a questão do trânsito. Ruas esburacadas, falta de calçadas e si- nalização deficiente são um perigo constante. Os alunos da Escola Estadual Sebastião Saporski, na rua Convite ao pedalar Maria de Lourdes Mickosz, entre o Abranches e o Taboão, convivem com o problema inclusive em frente ao estabele- cimento de ensino. Só há calçada numa faixa estreita do lado Revitazada, a Fredolin Wolf deverá ser um convite ao pedalar. Os do colégio. Já do outro lado, além de não haver espaço para ciclistas terão uma ciclovia compartilhada com os pedestres pedestres, uma extensa erosão na lateral da pista torna o tre- nos 7,6 km da obra. Para incentivar a boa convivência entre cho ainda mais perigoso. Também trafegam ônibus em alta pedestres e ciclistas, todo o trecho terá uma sinalização velocidade pela rua, que desemboca na Rua Mateus Leme, especial, baseada num manual de sinalização exclusiva centenas de metros depois, ao cruzar a Rua José Carlos Ri- beiro Ribas. elaborado pelo IPPUC. A diretora Mercedes Antônia Gonçalves diz que já can- A ciclovia da Fredolin será interligada futuramente com a que sou de pedir providências. Única escola estadual na região, está em fase de licitação na Toaldo Túlio. Com as duas obras a Sebastião Saporski mantém cerca de mil alunos do ensino fundamental e médio. concluídas, será possível ir de bicicleta, com segurança, da O trecho também não tem local para estacionamento. Ópera de Arame até a BR 277. Ou seja, não haverá mais desculpa Para poder abrigar parte dos carros dos professores, a comu- para quem alega não usar bicicleta por falta de uma via A diretora Mercedes Gonçalves em frente nidade escolar teve que improvisar um espaço até então to- apropriada na região. ao colégio: risco diário de acidente. mado por mato, bem em frente ao colégio.
  • 6. Curitiba, 26 de maio de 2010 »6 Do Quintal XXXXXX Projeto inovador põe os próprios moradores para definirem o futuro do local onde vivem construindo o A hora do jovem bairro dos sonhos mostrar sua voz O projeto articulado pelo C om pouca divulgação, sem estardalhaço, está começando por qua- Sesi é uma ótima se toda a cidade uma ação que poderá transformar profundamente, para melhor, os bairros e a própria relação dos moradores entre si e Como participar chance dos jovens locais colocarem em prática o com os locais em que vivem. Trata-se do projeto Rede de Desenvolvimen- chamado “protagonismo Se você quer também contribuir para to Local, coordenado pelo Sesi, mas elaborado pela própria comunidade. juvenil” . O termo, deixar o seu bairro um local melhor Ou seja, são os próprios moradores que apontam as carências de sua re- incorporado à educação para se viver, entre em contato com gião, definem soluções e, juntos, trabalham para que elas virem realidade. pelo pedagogo mineiro o agente de sua área e fique sabendo Dentre os bairros abrangidos pelo Do Quintal, os pilarzienses estão Antônio Carlos Gomes como participar: numa etapa adiantada do projeto. Grupos de moradores já estão traba- da Costa, designa o lhando para transformar, em dez anos, o Pilarzinho no bairro de seus so- Abranches: Mariana Daros. papel de frente que os nhos. Telefone: 9608-3822. adolescentes poderiam O projeto foi lançado em 2007 pela Rede de Participação Política do E-mails: maridaros@gmail.com e – e deveriam – ter em Empresariado do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná mariana.daros@sesipr.org.br relação ao seu meio. O (Fiep/Sesi), atingindo as principais cidades do interior. Neste ano, chegou Pilarzinho: Michelle Norberto, telefone educador defende que a Curitiba, onde pretende atingir 70 dos 75 bairros da cidade. 9982-9284 e Vinicius (9960-3350) o jovem deve participar A ação é simples, mas pode ter resultados formidáveis e permanentes. ou pelos e-mails ativamente do meio Tudo começa com os agentes comunitários, estudantes universitários michelle.norberto@sesipr.org.br social, mobilizando-se por treinados pelo Sesi, que contatam líderes locais, presidentes de associa- ou vinicius.santos@sesipr.org.br melhorias da comunidade ções, enfim, pessoas ativas do bairro. onde vive, contribuindo Estas, por sua vez, convidam outras pessoas que se interessam pelo fu- Mercês: Camila Braga Karam, assim para o seu próprio turo do local onde moram, que por sua vez chamarão outras, formando telefones 3271.7423 e 8803-7781. crescimento pessoal. uma rede representativa do bairro. E-mail: camila.karam@sesipr.org.br E o projeto de A partir deste núcleo, iniciam-se as reuniões, onde os moradores proje- São Lourenço: A agente está em fase desenvolvimento tam como gostariam que o bairro fosse em 2020. Nas reuniões seguintes, de treinamento. Tão logo termine, comunitário criado pelo são levantados as carências do bairro, o que ele tem a oferecer e traçados será divulgado o seu contato. Sesi é um espaço perfeito planos para se chegar ao “bairro dos sonhos” dos moradores. A última fase Vista Alegre: Fernanda B. Penteado. para o jovem demonstrar é colocar tudo isso em prática. Telefone: 8841-2779. o que acha do bairro, o No Abranches, Vista Alegre e Mercês, as agentes comunitárias estão na que considera que deve fase de mobilizar os líderes locais para participarem do projeto. No São Informações sobre o projeto e seu ser criado ou melhorado. Lourenço, a agente está sendo treinada para em seguida iniciar o trabalho andamento nos bairros estão no site E o que pode fazer para local. Já no Pilarzinho, a primeira etapa começou em março e agora os par- www.rededeparticipacaopolitica.org.br que isso aconteça. ticipantes já estão trabalhando para colocar em prática as primeiras ações rumo ao bairro de seus sonhos. Membros do Grêmio Estudantil do Colégio Bento Munhoz as ações estão em curso perceberam isso, e estão participando ativamente do projeto do Pilarzinho. e todos podem contribuir Entre as propostas que o grupo defende, e já está lutando por isso, é A Rede de Desenvolvimento do Pilarzinho deu no último dia a de que o colégio abra primeiro de junho o passo mais importante rumo ao “bairro dos aos finais de semana sonhos”. Neste dia foi celebrado o pacto dos participantes em tor- para realização de feiras no dos objetivos comuns. Os grupos de participantes apresenta- de ciências e eventos ram oito ações em várias áreas a serem implantadas até outubro culturais. deste ano. Os coordenadores dos grupos agora estão em busca de Jovens que têm idéias para pessoas do bairro que se disponham a participar das ações. Veja a melhorar a região onde seguir a lista das primeiras ações para começar a melhorar o bair- ro. Escolha uma ou mais ações em que você queira contribuir de moram devem entrar em Uma das contato com o agente alguma forma – mesmo que seja só para apoiar a iniciativa - e en- reuniões no comunitário de seu tre em contato com os agentes do Sesi no Pilzarzinho, Michelle Colégio Bento Norberto, telefone 9982-9284 e Vinicius (9960-3350) ou pelos bairro, pelos telefones Munhoz: união e-mails michelle.norberto@sesipr.org.br ou vinicius.santos@se- para melhorar divulgados nesta edição. sipr.org.br, para ser encaminhado ao grupo respectivo.Seja você o bairro. Força jovem: membros do também um membro atuante da comunidade: Grêmio Estudantil do Bento 1 - Cães abandonados – Está se formando uma comissão para 5 - Comissão de segurança – Grupo está buscando soluções Munhoz trabalham por um buscar soluções para o problema de cachorros soltos na rua. O para o problema da criminalidade no bairro. Primeiro passo é um bairro melhor. primeiro passo é uma campanha de castração de cães e de cons- levantamento junto ao comércio local sobre a incidência de cri- cientização dos moradores para não abandonar os animais. mes na região nos últimos meses. 2 - Alfabetização de idosos – Aulas já estão sendo ministra- 6 - Fortalecimento da Associação dos Pais e Mestres- Inten- das para 12 pessoas. Idéia é ampliar o trabalho. ção e divulgar a importância da participação dos pais no dia-a-dia 3 - Fortalecimento do comércio – Intenção é criar uma asso- das escolas do bairro. ciação comercial para unir os comerciantes e mostrar aos morado- 7 - Feiras de ciências e cultura – Grupo de alunos do colégio res locais que eles podem fazer a maior parte de suas compras no Bento Munhoz puxa a iniciativa de abrir as escolas nos finais de próprio bairro. semana para realização de eventos voltados à comunidade. 4 - Lazer da terceira idade – Coordenado pela professora Sô- 8 - Saneamento do Clube Golfinho – Amplo espaço abando- nia Brush, já existe um grupo que realiza passeios mensais com nado na Rua São Salvador virou foco de proliferação de doenças. idosos. Intenção é ampliar essa ação. Grupo busca solução para o problema.
  • 7. Curitiba, 26 de maio de 2010 Do Quintal »7 XXXXXXX Professora dá exemplo DSF Pilarzinho quer criar associação comercial Da redação não explorado no bairro. E que, unindo as empre- U ma das propostas tiradas dos encontros sas, seria possível realizar ações para fortalecer o dos moradores do Pilarzinho foi a de lutar setor e atrair mais clientes e consumidores. pelo fortalecimento do comércio local. A Uma delas, por exemplo, poderiam ser pro- idéia é que um comércio forte e bem diversifica- moções conjuntas de todo o comércio. Outra do atrairia mais moradores a fazerem boa parte possibilidade, seria unir esforços para lutar pela Primeiras letras: professora Sônia orienta o aluno Sebastião. de suas compras por aqui mesmo, evitando des- instalação de agências bancárias e dos correios Sim, nós podemos! locamentos desnecessários para o centro ou ou- no bairro. Sabe-se que muita gente que vai ao tras regiões da cidade. Ou seja, seria bom para os banco no centro, acaba fazendo compras por lá, moradores locais, para os comerciantes e até para não devido ao preço ou qualidade do produto, o trânsito na área da central, que seria em parte mas por já estar por lá mesmo. Ou seja, a simples Entre as pessoas inconformadas com algo errado, há basicamente desafogado. existência de serviços bancários já ajudaria a in- dois tipos: as que reclamam, mas não fazem nada para mudar Para se chegar a esse objetivo, o primeiro pas- crementar as vendas locais. a situação; e as que arregaçam as mangas e vão à luta. A so está sendo juntar os empresários para criarem Lorena lembra, porém, que por enquanto o professora Sônia Brusch faz parte deste segundo grupo. Mesmo a Associação Comercial, Industrial e Empresarial objetivo é unir os comerciantes para criar a asso- tendo seu dia tomado por dois empregos, uma pós-graduação do Pilarzinho e Região (Aciep). Até foi lançado ciação e só então é que serão definidas as ações e tendo que cuidar dos dois filhos adolescentes, ela ainda um site, o www.aciep.com.br, que já recebe ade- . A primeira reunião para expor os objetivos da consegue tempo para se dedicar à melhoria da qualidade de sões e informa sobre os objetivos da iniciativa. associação foi no dia 2 de julho. Quem não parti- vida dos moradores do bairro onde vive, o Pilarzinho. Uma das coordenadoras da ação é a sócia-pro- cipou, mas quer se associar ou saber mais sobre a prietária da papelaria Jollis, na Hugo Simas, Lore- iniciativa, entre no site ou ligue para um dos três Professora de História e lecionando para sete turmas do ensino na Drescher. Segundo ela, a idéia surgiu ao perce- coordenadores: Lorena (33390010), Amarilda fundamental no Colégio Estadual Bento Munhoz, Sônia ber que há um grande potencial comercial ainda (8820-0007) e Adélcio (8853-3806). se indignou com o que acontecia a 100 metros da escola. DSF Ela presenciou o atropelamento de uma criança por um motociclista, quando a aluna ia para o ponto de ônibus da rua Hugo Simas, próximo à Cruz do Pilarzinho. Dias depois, estava envolvida numa campanha para melhorar a segurança no local. Com seus alunos, produziu cartazes sobre segurança no trânsito e puxou um abaixo-assinado de pais pedindo providências. Depois de uma maratona por órgãos públicos, ela conseguiu Lorena Drescher: que uma equipe da Diretran avaliasse o que poderia ser feito. união para Decidiu-se transformar a lombada que havia a cerca de 50 fortalecer o comércio e o metros do semáforo, na confluência com a Hugo Lange, numa bairro. ‘travessia elevada para pedestres”. Nos primeiros dias, foi tudo bem, pois os agentes de trânsito estiveram no local. Hoje, porém, são raríssimos os que param na faixa. Sônia voltou a pedir providências à Diretran, e foi informada que estão estudando uma nova ação, que poderia ser até a instalação de um radar ou câmaras para flagrar as infrações. A professora está aguardando. O escândalo na assembléia Desde março, os paranaenses acompanham o es- ética do deputado em quem votou. Para acompanhar cândalo de corrupção na Assembléia Legislativa que, o que ele vem fazendo na AL, acesse o site WWW.vi- » Primeiras letras segundo a série de reportagens do jornal Gazeta do gilantesdademocracia.com.br, do Sistema Fiep. Já para Sônia dá aulas no Bento Munhoz à tarde e à noite. De manhã Povo e da RPC-TV, seria responsável por uma sangria manifestar sua indignação contra os “fantasmas da As- trabalha na Unidade de Saúde Vista Alegre. E foi ali que ela de mais de R$ 100 milhões nos cofres públicos. Além sembléia”, participe da campanha “O Paraná que que- conheceu o senhor Sebastião Barbosa, de 72 anos. Num dia, ele da indignação diante do que seria o maior desvio de remos”, organizada pela OAB/PR, e que já havia reu- comentou que seu sonho é de um dia poder tirar uma carteira dinheiro público da história do Paraná, chama atenção nido até 30 de junho, o apoio de 1.353 empresas, 577 a falta de mobilização da população. O próprio pre- entidades de classe e 31.399 pessoas. Para apoiá-la, de identidade que não tenha o carimbo “analfabeto”. O fato sidente da Assembléia, Nelson Justus (DEM) disse, acesse o site WWW.novoparana.com.br. Se nada disso comoveu a professora. Sabendo que haveria mais pessoas em maio, que não havia pressão popular para que ele resolver, aí então só restará ao eleitor mostrar o cartão iletradas no bairro, ela fez cartazes e anunciou que daria aulas deixasse o cargo. É hora do eleitor cobrar uma postura vermelho em outubro a quem não o respeita. (DSF) de alfabetização de graça. Isso foi em março. Hoje são 12 pessoas que três vezes por semana se reúnem numa sala do Bento Munhoz para dar os primeiros passos no universo das letras. E isso tudo não cansa? Sônia diz que sim, mas que é gratificante. “Estou fazendo bem para mim e para eles”, diz ela. A professora afirma que nada paga ver a alegria e o brilho nos olhos dos idosos que, de certa forma, começam uma nova vida ao aprender a escrever. Uma vez por mês, a professora leva os alunos para um passeio. Para não haver custo para os alunos, ela conseguiu parceiros no bairro: a empresa de ônibus Nossa Senhora do Carmo cede ônibus, motorista e combustível ; e a panificadora Companhia do Pão doa pães, bolos e salgadinhos para a confraternização. Ou seja, tudo foi conseguido pela própria comunidade. Faltava apenas alguém que tomasse a frente. E o que poderia ser feito se houvesse dezenas ou centenas de Sônias por aqui? Vale pelo menos uma reflexão, não? (veja no www.doquintal.com.br, mais detalhes sobre o trabalho e o depoimento dos alunos da professora Sônia). (DSF)
  • 8. Curitiba, 26 de »8 Do Qu XXXXXXX Fotos: Marco André Lima Há três décadas, ex-seminarista produ Pilarzinho Douglas de Souza Fernandes S ão Francisco de Assis, barba bem aparada e com passarinhos ao redor, observa Nossa Senhora Aparecida, que ao lado tem santo Antônio à espera da próxima moça que irá lhe pedir um marido perfeito. Logo adiante, a Virgem de Guadalupe divide espaço com Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, que passa o tempo a abençoar a cidade que a escolheu como padroeira. Para os descrentes, a cena pode parecer ficção. Mas, é pura rea- lidade numa rua bucólica do Pilarzinho. Ali, na Humberto de Campos, 56, estes e mais uma infinidade de outros santos e santas esperam tranquilos para viajar. Em breve irão estar em igrejas de Curitiba e região ou em resi- dências de várias partes do país e do exterior. A façanha de reunir tanta santidade em tão pouco espaço é da família Joly. Nos anos 70, Vilson Joly, um ex-seminarista, concluiu que embora sentisse não ter vocação para seguir carreira eclesiástica, poderia continuar no caminho religioso a partir da reprodução das imagens de santos cató- licos. Ali surgia a semente, como o grão de mostarda da passagem bíblica, que germinaria e se tornaria anos depois uma respeitada fábrica de ima- gens de santos. O começo não foi fácil. Após fazer um curso de pintura em gesso,Vilson começou a adquirir as peças, pintá-las e vendê-las. Nesta época, ainda nos anos 70, saía humildemente de casa com uma sacola com suas primeiras produções para oferecer para as paróquias de Curitiba. A qualidade das re- produções foi o suficiente para que o negócio prosperasse. Daí a produzir suas próprias peças foi um passo. O negócio cresceu e, ao lado de Vilson passaram a trabalhar o seu ir- mão, Eduardo, o Dudu, a irmã Neuza Maria e a mãe, dona Carmem. Logo foi necessário contratar funcionários para atender à demanda. Há dois anos, o irmão abriu uma subdivisão na empresa, passando a atuar na área de forros e decoração em gesso (veja matéria ao lado). Avesso à publicidade, Vilson pediu para não ser fotografado pela re- portagem do Do Quintal e nem quis informar qual o número de santos produzidos e vendidos atualmente por mês. De qualquer forma, a quan- tidade é menor do que a de alguns anos atrás, devido à concorrência com as imagens feitas em polietileno e pintadas industrialmente. Mas, Vilson tem uma clientela fiel entre paróquias de Curitiba e região. Como são pe- ças frágeis, difíceis de transportar, Vilson diz não ter interesse em buscar mercados distantes. Mesmo assim, os seus santos já chegaram a vários países das Américas e da Europa, levados por turistas ou viajantes que passaram por Curitiba nos últimos 30 e poucos anos. Vilson só afirma que a quantidade que ele comercializa é justamente aquela que ele tem condições de produzir e por isso não tem interesse em aumentar sua clientela. “Nunca pensei em ficar rico com isso”, resume. Mais falante, o irmão Dudu diz que não é pela quantidade que os santos de Vilson se destacam, mas pela qualidade das peças, principalmente pela pintura, toda feita artesanalmente, com o uso de pincéis, e não com sprays ou mecanicamente, como acontece nas grades linhas de produção. O traba- lho minucioso dos pintores é que garante a qualidade artística às imagens. Apesar de retratar santos, as imagens ficam assim “mais humanizadas”. Dudu com Nossa Senhora do Guadalupe: santos por todos os lados. Família no gesso Vilson Joly não só teve sucesso tamanhos menores que os traba- na atividade que escolheu, como lhados pelo irmão Vilson. Também “arrastou” a família para o mun- mantém uma lojinha para expo- do do gesso. O irmão Eduardo, ou sição e venda de imagens, ao lado Dudu, trabalhou vários anos com da fábrica. Seus principais clien- a produção e venda de imagens até tes são pequenos comerciantes e que há cerca de dois anos pegou participantes de feiras artesanais. um novo caminho. A mãe, Dona Carmem, também Passou a produzir e instalar não ficou de fora. Ela se especia- forros de gesso e outros mate- lizou em restauração de imagens. riais de acabamento e decora- Com seu meticuloso trabalho, ela ção, como divisórias, estátuas etc. atende a igrejas de toda a região, Já a irmã Neuza Maria atua na pro- que a procuram quando têm algu- dução e venda de santos, só que em ma imagem danificada. (DSF) Funcionário modela peça.