1. A Construção da identidade
na adolescência
Profª. Viviane Medeiros Pasqualeto
2. Construindo a identidade
A adolescência tem várias tarefas
desenvolvimentais; todas elas,
entretanto, de uma maneira ou de
outra, passam pela estruturação da
identidade, que é iniciada desde o
nascimento e adquire nesta etapa
seu caráter mais definitivo.
3. A identidade se constrói através de:
Identificações que poderão ser
estruturantes ou patológicas.
Na infância as identificações se dão
basicamente com as figuras parentais.
Na adolescência, em função do processo
de separação e individuação próprio
desta etapa, o jovem busca modelos
identificatórios em representantes da
sociedade e da cultura em que estão
envolvidos (professores, artistas,
desportistas, etc.).
4. O adolescente procura outros jovens,
ou grupos de jovens, com quem se
identificar por semelhança ou por
oposição, sendo “igual” ou
completamente “diferente”. Há uma
grande necessidade de pertencimento
e de reconhecimento e os grupos são
espaços extremamente ricos para
estas experiências.
5. Nesta busca de modelos os
adolescentes agrupam-se conforme
suas características individuais, em
“tribos”, cada uma caracterizando-se
por uma cultura específica, muitas
vezes determinadas pelos padrões
trazidos da sociedade onde vivem.
6. Estes grupos poderão ter
características mais
“democráticas”, com flexibilização
e mudanças dos papéis dentro do
grupo, ou mais “autocráticas” (no
sentido de “doença”), com aspectos
mais rígidos e papéis mais
esteriotipados.
7. Buscam também elementos estéticos
(não apenas como expressões
estéticas, no vestir e na aparência,
mas também como modelos de
pensamento, em suas condutas e
músicas preferidas, por exemplo).
8. O adolescente de hoje...
A condição contemporânea (ou alta
modernidade ou, como preferem
alguns, a pós-modernidade) “des-
inventa” o conceito de infância a
encurtando, com uma adolescência
que começa cada vez mais cedo,
atingindo-especialmente- os anos
escolares, fundamentais.
9. A construção da identidade
• Identidade
– De acordo com Erikson: concepção coerente do
self , composta de metas, valores e crenças com
os quais a pessoas está solidamente
comprometida.
10. Identidade X Confusão de papéis
• Principal tarefa da adolescência: confrontar a
crise da identidade X confusão de identidade
(de papéis) e...
• Tornar-se um adulto singular com uma percepção
coerente do self e com um papel valorizado na
sociedade.
11. A Construção da Identidade
• A identidade se forma à medida que os jovens
solucionam três questões importantes:
– A escolha de uma profissão;
– A adoção de valores;
– Desenvolvimento de uma identidade sexual
• Questões referentes à identidade se manifestam
repetidas vezes ao longo da vida.
12. A crise da Identidade na Adolescência
• Durante a adolescência, o indivíduo desenvolve
os pré-requisitos de crescimento fisiológico,
maturidade mental e responsabilidade social que
preparam para experimentar e ultrapassar a crise
de identidade.
– A crise de identidade envolve elementos de todas as
outras. Ela é pronunciada em cada uma das crises
anteriores e, ao mesmo tempo, recapitula todas elas,
além de antecipar as três crises posteriores.
13. Integridade
Diagrama Epigenético de Erikson X
Deseperança
Generatividade
X
estagnação
Aspectos
Intimidade
parciais da crise X
isolamento
de identidade
Perspectiva Autocerteza Experimentação Aprendizagem Identidade Polarização Liderança e Comprometime
temporal x x de Papel X X Sexual Sectarismo nto ideológico x
confusão inibição X Paralisia Confusão de X X confusão de
temporal Fixação de papel Operacional papéis Confusão Confusão de valores
bissexual Autoridade
Produtividade Identificação com
x a tarefa x
As oito inferioridade sentimento de
futilidade
idades
do Iniciativa Previsão de
Quatro estágios
X papéis x inibição
homem Culpa de papéis da infância até a
crise de
Autonomia
x vergonha
Vontade de
afirmação pessoal
identidade da
e dúvida x dúvida de adolescência
afirmação pessoal
Confiança x Reconhecimento
desconfiança mútuo versus
isolamento
autístico
14. Crise de identidade na adolescência
• Envolve a resoluções das sete crises parciais
que a compõem
– Cada uma destas crises reedita uma das quatro
crises da infância ou fundamenta uma das três
crises da idade adulta.
• A construção de um firme sentido de identidade requer
o sucesso na resolução de todas essas crises parciais
– O indivíduo pode assim dessvincular-se de seu passado e
projetar-se para o futuro.
15. Perspectiva temporal x confusão
temporal
• Conciliação do passado de criança com o
futuro de adulto...
• Avaliar aquilo que se tornou e ponderar aquilo
que ele gostaria de se tornar
• O jovem deve escolher entre uma
multiplicidade de memórias, antecipações e
possibilidades, para estabelecer uma ponte
entre o passado e o futuro confusão
temporal
16. Perspectiva temporal x confusão
temporal
• “creio que todo adolescente se depara com
momentos, ao menos passageiros, em que entra em
choque com o próprio tempo. Em sua forma normal
e transitória, essa nova espécie de desconfiança
resulta, rápida ou gradualmente, em perspectivas
que permitem e exigem um investimento intenso e
até mesmo fanático no futuro, ou uma breve
conjetura sobre uma série de futuros possíveis”.
(ERIKSON, 1968, p.181)
17. Autocerteza x inibição
• A assimilação do passado e o planejamento do
futuro implicam em algum grau de
autoconfiança
– O jovem deve desenvolver uma convicção interna
– autocerteza, acreditando que sua história
anterior tem sentido e forma um todo integrado.
Da mesma forma, ele deve acreditarque tem
chances de alcançar seus objetivos na idade
adulta.
18. Autocerteza x inibição
• Nas tentativas de avaliar as vantagens e desvantagens, o
adolescente pode se sentir dominado por uma dolorosa
inibição:
– “a inibição é uma nova edição daquela dúvida original que diz
respeito à confiança que os pais merecem, e somente na
adolescência tal dúvida autoconsciente se refere à validade de
todo o período da infância, que agora é deixado para trás, e,
ainda, à confiança depositada em todo universo social, que agora
é questionado. A obrigação atual de vincular-se com um sentido
de livre-arbítrio a uma identidade autônoma poderá despertar
uma dolorosa vergonha global, de certo modo comparável à
vergonha e raiva decorrente de ser totalmente visível aos adultos
que tudo sabem – agora, porém, esta vergonha se refere de fato
que o jovem tem uma personalidade pública, exposta aos
companheiros de sua idade e ao julgamento dos líderes.”
(ERIKSON, 1968, p.183)
19. Autocerteza x inibição
• Eco da segunda crise (autonomia X vergonha e
dúvida), na medida em que o jovem se apóia
no sentimento básico de autonomia que
emergiu durante a infância
• A inibição deste estágio relembra a vergonha e
a dúvida mais primitivas daquele estágio
20. Experimentação de papel x fixação de
papel
• Quando as condições são favoráveis, o
adolescente contemporâneo se defronta com
uma quantidade muito grande de alternativas e
possibilidades.
• Para que possa descobrir para onde se dirigem
suas verdadeiras preferências e talentos e definir
seu lugar na sociedade é desejável que o jovem
tenha acesso ao maior número possível de
possibilidades de escolha de papéis que ele
acabará por desempenhar.
21. Experimentação de papel x fixação de
papel
• Moratória psicossocial: período de suspensão de
compromissos no qual ocorre a experimentação
de papéis e que precede o desenvolvimento de
um senso de identidade
• Na terceira crise, durante a infância, a mobilidade
crescente da criança e o desenvolvimento de suas
capacidades verbais estimulam seu sentido de
iniciativa. As experimentações do adolescente
são similares às explorações da criança.
22. Experimentação de papel x fixação de
papel
• O jovem confuso entre muitas possibilidades,
ou limitado por ter poucas opções, pode
experimentar um tipo de fixação de papel e
descobrir que é mais fácil derivar um
sentimento de identidade a partir de uma
identificação total com aquilo que só em
última análise se esperaria que ele fosse, do
que ter que lutar por um senso de identidade
de papéis aceitáveis que são inatingíveis com
seus próprios recursos.
23. Experimentação de papel x fixação de
papel
• Erikson exemplifica o alívio evidenciado pela
escolha de uma identidade negativa...
– Prefiro ser completamente inseguro do que um
pouco seguro.
– Pelo menos, na sarjeta eu sou a maior.
• Essa escolha drástica, no entanto, não ocorre com a
maioria dos jovens. Mesmo as experiências mais
excêntricas são classificadas e aceitas pela sociedade
como “extravagâncias da mocidade”.
24. Aprendizagem x paralisia operacional
• Escolhas referentes ao trabalho – importantes
• Escolha ocupacional – elemento crucial na
construção da identidade do jovem, uma vez que
seu trabalho será importante na determinação da
percepção de si próprio e de seu lugar na
sociedade.
• Influências da quarta crise (produtividade x
inferioridade) – na avaliação e exploração de sua
futura vocação, o adolescente se apóia naquelas
capacidades adquiridas durante este estágio
anterior
25. Experimentação de papel x fixação de
papel
• Em contrapartida, o senso de inferioridade numa
criança pode constituir a base de um sentido de
paralisia operacional na juventude.
– Esta descrença na possibilidade de que jamais possam
completar alguma coisa de valor (...) é acentuada naqueles
que, por alguma razão, não sentem estar compartilhando
da identidade tecnológica de seu tempo. Talvez o motivo
seja que suas qualidades particulares não são apropriadas
às finalidades produtivas da era da máquina, ou que eles
próprios se consideram pertencentes a uma classe social
(neste caso, a classe alta se iguala perfeitamente à classe
baixa) que não participa da corrente do progresso.
(ERIKSON, 1968, p. 185)
26. Polarização sexual x confusão bissexual
• A polarização sexual pode ser considerada uma
antecipação da sexta crise (Intimidade x
isolamento) que ocorre no início da idade adulta.
• O adolescente começa a definir e redefinir o que
significa ser homem e mulher dentro das
diferenças culturais a este respeito. Uma clara
identificação com um sexo ou com outro, na
confiança de sua feminilidade ou masculinidade
contribui significativamente para um forte
sentido de identidade.
27. Polarização sexual x confusão bissexual
• Erikson reconhece que não é incomum os
adolescentes atravessarem períodos de
atividades genital promíscua. Ele considera
que estes períodos representam ajustamentos
temporários que felizmente permitem ao
adulto jovem estabelecer o equilíbrio em
direção à intimidade.
28. Liderança e sectarismo x confusão de
autoridade
• A expansão dos horizontes sociais do adolescente e
sua participação numa comunidade mais ampla
ajudam-no a estabelecer as bases para o
enfretamento da sétima crise (generatividade x
estagnação) na meia-idade.
• Suas experiências com vários papéis, a iniciação em
uma ocupação, seus encontros com o sexo oposto,
o ajudarão a localizar-se na sociedade e a antecipar
suas contribuições enquanto cidadão, trabalhador e
pai. Ele aprende a tomar a responsabilidade de
liderança no momento apropriado e também em
assumir uma atitude sectária quando necessário.
29. Liderança e sectarismo x confusão de
autoridade
• A ampliação de sua rede de contatos sociais
pode tornar o adolescente consciente do fato de
que há uma série de demandas divergentes, às
quais deve se submeter: o Estado, a escola, sua
namorada, seu patrão, seus pais e seus amigos,
todos têm um impacto próprio sobre ele.
• Pode experimentar um senso de confusão de
autoridade. Para resolver esta confusão, ele deve
comparar estes valores divergentes com os seus,
formulando e comprometendo-se com um
quadro pessoal de valores (a sua própria crença).
30. Comprometimento ideológico x
confusão de valores
• A sexta crise parcial (liderança e sectarismo versus
confusão de autoridade) está intimamente relacionada à
sétima.
• Para se vincular solidamente a sua comunidade, e organizar
seu passado com suas experiências atuais, em função de
suas aspirações futuras, o adolescente deve possuir aquilo
que Erikson denomina de senso de comprometimento
ideológico – coerência entre o que ele fez, o que faz e o que
planeja fazer.
• Acreditar que seus próprios objetivos são significativos no
contexto da sociedade mais ampla e que esta irá aprová-los
e que lhes dará apoio necessário – ideologia pessoal –
auxilia na superação da confusão de autoridade e da
confusão de valores
31. Comprometimento ideológico x
confusão de valores
• A construção de uma ideologia durante a
adolescência favorece a resolução das crises
subsequentes à crise de identidade e também
envolve todas as crises do ciclo vital.
• Podemos perceber aqui que a resolução da
última crise do desenvolvimento (integridade
x desesperança) é influenciada e prenunciada
pelas escolhas e compromissos que são
estabelecidos ao final da adolescência.
32. O status de identidade
• Medida desenvolvida por James Márcia (1966)
– Utilizada com adolescentes e adultos
– Quatro pontos de concentração ao longo do
contínuo identidade x confusão de papéis:
identidade realizada, moratória, execução e
difusão de identidade
• Identidade realizada: passou por um período de crise,
explorou várias possibilidades e estabeleceu
compromissos ocupacionais, ideológicos e sociais.
33. O status de identidade
• Moratória: está passando pela crise, seus
compromissos ainda são vagos, mas ele parece estar
lutando para resolvê-los. Parece encaminhar-se para
um compromisso.
• Execução: fez compromissos sem ter passado pela
crise, suas atitudes e metas refletem rigidamente os
desejos parentais.
• Difusão de identidade: pode ou não ter passado pela
crise de identidade, mas sua característica principal é a
falta de compromissos e a ausência de preocupação em
relação à ocupação, ao quadro pessoal de valores e à
sexualidade.