SlideShare a Scribd company logo
1 of 33
Download to read offline
A Construção da identidade
     na adolescência

     Profª. Viviane Medeiros Pasqualeto
Construindo a identidade

A adolescência tem várias tarefas
 desenvolvimentais;    todas   elas,
 entretanto, de uma maneira ou de
 outra, passam pela estruturação da
 identidade, que é iniciada desde o
 nascimento e adquire nesta etapa
 seu caráter mais definitivo.
A identidade se constrói através de:
 Identificações    que     poderão   ser
   estruturantes ou patológicas.

 Na infância as identificações se dão
  basicamente com as figuras parentais.

 Na adolescência, em função do processo
  de separação e individuação próprio
  desta etapa, o jovem busca modelos
  identificatórios em representantes da
  sociedade e da cultura em que estão
  envolvidos     (professores, artistas,
  desportistas, etc.).
O adolescente procura outros jovens,
   ou grupos de jovens, com quem se
   identificar por semelhança ou por
       oposição, sendo “igual” ou
 completamente “diferente”. Há uma
grande necessidade de pertencimento
 e de reconhecimento e os grupos são
  espaços extremamente ricos para
          estas experiências.
Nesta     busca    de   modelos    os
adolescentes agrupam-se conforme
suas características individuais, em
“tribos”, cada uma caracterizando-se
por uma cultura específica, muitas
vezes determinadas pelos padrões
trazidos da sociedade onde vivem.
Estes    grupos     poderão     ter
 características               mais
 “democráticas”, com flexibilização
 e mudanças dos papéis dentro do
 grupo, ou mais “autocráticas” (no
 sentido de “doença”), com aspectos
 mais rígidos e papéis mais
 esteriotipados.
Buscam também elementos estéticos
    (não apenas como expressões
 estéticas, no vestir e na aparência,
    mas também como modelos de
   pensamento, em suas condutas e
  músicas preferidas, por exemplo).
O adolescente de hoje...
A condição contemporânea (ou alta
  modernidade ou, como preferem
  alguns, a pós-modernidade) “des-
  inventa” o conceito de infância a
 encurtando, com uma adolescência
   que começa cada vez mais cedo,
 atingindo-especialmente- os anos
      escolares, fundamentais.
A construção da identidade
• Identidade
  – De acordo com Erikson: concepção coerente do
    self , composta de metas, valores e crenças com
    os quais a pessoas está solidamente
    comprometida.
Identidade X Confusão de papéis
• Principal tarefa da adolescência: confrontar a
  crise da identidade X confusão de identidade
  (de papéis) e...
     • Tornar-se um adulto singular com uma percepção
       coerente do self e com um papel valorizado na
       sociedade.
A Construção da Identidade
• A identidade se forma à medida que os jovens
  solucionam três questões importantes:
  – A escolha de uma profissão;
  – A adoção de valores;
  – Desenvolvimento de uma identidade sexual
     • Questões referentes à identidade se manifestam
       repetidas vezes ao longo da vida.
A crise da Identidade na Adolescência
• Durante a adolescência, o indivíduo desenvolve
  os pré-requisitos de crescimento fisiológico,
  maturidade mental e responsabilidade social que
  preparam para experimentar e ultrapassar a crise
  de identidade.
  – A crise de identidade envolve elementos de todas as
    outras. Ela é pronunciada em cada uma das crises
    anteriores e, ao mesmo tempo, recapitula todas elas,
    além de antecipar as três crises posteriores.
Integridade
        Diagrama Epigenético de Erikson                                                                                        X
                                                                                                                          Deseperança

                                                                                                        Generatividade
                                                                                                              X
                                                                                                         estagnação
                    Aspectos
                                                                                       Intimidade
                 parciais da crise                                                          X
                                                                                       isolamento
                  de identidade
Perspectiva      Autocerteza   Experimentação     Aprendizagem        Identidade       Polarização       Liderança e     Comprometime
temporal x             x           de Papel            X                  X              Sexual           Sectarismo     nto ideológico x
 confusão          inibição           X             Paralisia        Confusão de            X                  X           confusão de
 temporal                      Fixação de papel    Operacional          papéis          Confusão         Confusão de          valores
                                                                                        bissexual        Autoridade

                                                  Produtividade    Identificação com
                                                          x            a tarefa x
               As oito                             inferioridade     sentimento de
                                                                       futilidade
               idades
                 do               Iniciativa                         Previsão de
                                                                                                     Quatro estágios
                                       X                           papéis x inibição
               homem                Culpa                             de papéis                      da infância até a
                                                                                                          crise de
                  Autonomia
                  x vergonha
                                                                       Vontade de
                                                                   afirmação pessoal
                                                                                                      identidade da
                   e dúvida                                            x dúvida de                     adolescência
                                                                   afirmação pessoal


 Confiança x                                                       Reconhecimento
desconfiança                                                        mútuo versus
                                                                     isolamento
                                                                       autístico
Crise de identidade na adolescência
• Envolve a resoluções das sete crises parciais
  que a compõem
  – Cada uma destas crises reedita uma das quatro
    crises da infância ou fundamenta uma das três
    crises da idade adulta.
     • A construção de um firme sentido de identidade requer
       o sucesso na resolução de todas essas crises parciais
        – O indivíduo pode assim dessvincular-se de seu passado e
          projetar-se para o futuro.
Perspectiva temporal x confusão
               temporal
• Conciliação do passado de criança com o
  futuro de adulto...
• Avaliar aquilo que se tornou e ponderar aquilo
  que ele gostaria de se tornar
• O jovem deve escolher entre uma
  multiplicidade de memórias, antecipações e
  possibilidades, para estabelecer uma ponte
  entre o passado e o futuro confusão
                                  temporal
Perspectiva temporal x confusão
               temporal
• “creio que todo adolescente se depara com
  momentos, ao menos passageiros, em que entra em
  choque com o próprio tempo. Em sua forma normal
  e transitória, essa nova espécie de desconfiança
  resulta, rápida ou gradualmente, em perspectivas
  que permitem e exigem um investimento intenso e
  até mesmo fanático no futuro, ou uma breve
  conjetura sobre uma série de futuros possíveis”.
  (ERIKSON, 1968, p.181)
Autocerteza x inibição
• A assimilação do passado e o planejamento do
  futuro implicam em algum grau de
  autoconfiança
  – O jovem deve desenvolver uma convicção interna
    – autocerteza, acreditando que sua história
    anterior tem sentido e forma um todo integrado.
    Da mesma forma, ele deve acreditarque tem
    chances de alcançar seus objetivos na idade
    adulta.
Autocerteza x inibição
• Nas tentativas de avaliar as vantagens e desvantagens, o
  adolescente pode se sentir dominado por uma dolorosa
  inibição:
   – “a inibição é uma nova edição daquela dúvida original que diz
     respeito à confiança que os pais merecem, e somente na
     adolescência tal dúvida autoconsciente se refere à validade de
     todo o período da infância, que agora é deixado para trás, e,
     ainda, à confiança depositada em todo universo social, que agora
     é questionado. A obrigação atual de vincular-se com um sentido
     de livre-arbítrio a uma identidade autônoma poderá despertar
     uma dolorosa vergonha global, de certo modo comparável à
     vergonha e raiva decorrente de ser totalmente visível aos adultos
     que tudo sabem – agora, porém, esta vergonha se refere de fato
     que o jovem tem uma personalidade pública, exposta aos
     companheiros de sua idade e ao julgamento dos líderes.”
     (ERIKSON, 1968, p.183)
Autocerteza x inibição
• Eco da segunda crise (autonomia X vergonha e
  dúvida), na medida em que o jovem se apóia
  no sentimento básico de autonomia que
  emergiu durante a infância
• A inibição deste estágio relembra a vergonha e
  a dúvida mais primitivas daquele estágio
Experimentação de papel x fixação de
              papel
• Quando as condições são favoráveis, o
  adolescente contemporâneo se defronta com
  uma quantidade muito grande de alternativas e
  possibilidades.
• Para que possa descobrir para onde se dirigem
  suas verdadeiras preferências e talentos e definir
  seu lugar na sociedade é desejável que o jovem
  tenha acesso ao maior número possível de
  possibilidades de escolha de papéis que ele
  acabará por desempenhar.
Experimentação de papel x fixação de
              papel
• Moratória psicossocial: período de suspensão de
  compromissos no qual ocorre a experimentação
  de papéis e que precede o desenvolvimento de
  um senso de identidade
• Na terceira crise, durante a infância, a mobilidade
  crescente da criança e o desenvolvimento de suas
  capacidades verbais estimulam seu sentido de
  iniciativa. As experimentações do adolescente
  são similares às explorações da criança.
Experimentação de papel x fixação de
              papel
• O jovem confuso entre muitas possibilidades,
  ou limitado por ter poucas opções, pode
  experimentar um tipo de fixação de papel e
  descobrir que é mais fácil derivar um
  sentimento de identidade a partir de uma
  identificação total com aquilo que só em
  última análise se esperaria que ele fosse, do
  que ter que lutar por um senso de identidade
  de papéis aceitáveis que são inatingíveis com
  seus próprios recursos.
Experimentação de papel x fixação de
              papel
• Erikson exemplifica o alívio evidenciado pela
  escolha de uma identidade negativa...
  – Prefiro ser completamente inseguro do que um
    pouco seguro.
  – Pelo menos, na sarjeta eu sou a maior.
     • Essa escolha drástica, no entanto, não ocorre com a
       maioria dos jovens. Mesmo as experiências mais
       excêntricas são classificadas e aceitas pela sociedade
       como “extravagâncias da mocidade”.
Aprendizagem x paralisia operacional
• Escolhas referentes ao trabalho – importantes
• Escolha ocupacional – elemento crucial na
  construção da identidade do jovem, uma vez que
  seu trabalho será importante na determinação da
  percepção de si próprio e de seu lugar na
  sociedade.
• Influências da quarta crise (produtividade x
  inferioridade) – na avaliação e exploração de sua
  futura vocação, o adolescente se apóia naquelas
  capacidades adquiridas durante este estágio
  anterior
Experimentação de papel x fixação de
               papel
• Em contrapartida, o senso de inferioridade numa
  criança pode constituir a base de um sentido de
  paralisia operacional na juventude.
   – Esta descrença na possibilidade de que jamais possam
     completar alguma coisa de valor (...) é acentuada naqueles
     que, por alguma razão, não sentem estar compartilhando
     da identidade tecnológica de seu tempo. Talvez o motivo
     seja que suas qualidades particulares não são apropriadas
     às finalidades produtivas da era da máquina, ou que eles
     próprios se consideram pertencentes a uma classe social
     (neste caso, a classe alta se iguala perfeitamente à classe
     baixa) que não participa da corrente do progresso.
     (ERIKSON, 1968, p. 185)
Polarização sexual x confusão bissexual
• A polarização sexual pode ser considerada uma
  antecipação da sexta crise (Intimidade x
  isolamento) que ocorre no início da idade adulta.
• O adolescente começa a definir e redefinir o que
  significa ser homem e mulher dentro das
  diferenças culturais a este respeito. Uma clara
  identificação com um sexo ou com outro, na
  confiança de sua feminilidade ou masculinidade
  contribui significativamente para um forte
  sentido de identidade.
Polarização sexual x confusão bissexual
• Erikson reconhece que não é incomum os
  adolescentes atravessarem períodos de
  atividades genital promíscua. Ele considera
  que estes períodos representam ajustamentos
  temporários que felizmente permitem ao
  adulto jovem estabelecer o equilíbrio em
  direção à intimidade.
Liderança e sectarismo x confusão de
               autoridade
• A expansão dos horizontes sociais do adolescente e
  sua participação numa comunidade mais ampla
  ajudam-no a estabelecer as bases para o
  enfretamento da sétima crise (generatividade x
  estagnação) na meia-idade.
• Suas experiências com vários papéis, a iniciação em
  uma ocupação, seus encontros com o sexo oposto,
  o ajudarão a localizar-se na sociedade e a antecipar
  suas contribuições enquanto cidadão, trabalhador e
  pai. Ele aprende a tomar a responsabilidade de
  liderança no momento apropriado e também em
  assumir uma atitude sectária quando necessário.
Liderança e sectarismo x confusão de
              autoridade
• A ampliação de sua rede de contatos sociais
  pode tornar o adolescente consciente do fato de
  que há uma série de demandas divergentes, às
  quais deve se submeter: o Estado, a escola, sua
  namorada, seu patrão, seus pais e seus amigos,
  todos têm um impacto próprio sobre ele.
• Pode experimentar um senso de confusão de
  autoridade. Para resolver esta confusão, ele deve
  comparar estes valores divergentes com os seus,
  formulando e comprometendo-se com um
  quadro pessoal de valores (a sua própria crença).
Comprometimento ideológico x
          confusão de valores
• A sexta crise parcial (liderança e sectarismo versus
  confusão de autoridade) está intimamente relacionada à
  sétima.
• Para se vincular solidamente a sua comunidade, e organizar
  seu passado com suas experiências atuais, em função de
  suas aspirações futuras, o adolescente deve possuir aquilo
  que Erikson denomina de senso de comprometimento
  ideológico – coerência entre o que ele fez, o que faz e o que
  planeja fazer.
• Acreditar que seus próprios objetivos são significativos no
  contexto da sociedade mais ampla e que esta irá aprová-los
  e que lhes dará apoio necessário – ideologia pessoal –
  auxilia na superação da confusão de autoridade e da
  confusão de valores
Comprometimento ideológico x
        confusão de valores
• A construção de uma ideologia durante a
  adolescência favorece a resolução das crises
  subsequentes à crise de identidade e também
  envolve todas as crises do ciclo vital.
• Podemos perceber aqui que a resolução da
  última crise do desenvolvimento (integridade
  x desesperança) é influenciada e prenunciada
  pelas escolhas e compromissos que são
  estabelecidos ao final da adolescência.
O status de identidade
• Medida desenvolvida por James Márcia (1966)
  – Utilizada com adolescentes e adultos
  – Quatro pontos de concentração ao longo do
    contínuo identidade x confusão de papéis:
    identidade realizada, moratória, execução e
    difusão de identidade
     • Identidade realizada: passou por um período de crise,
       explorou várias possibilidades e estabeleceu
       compromissos ocupacionais, ideológicos e sociais.
O status de identidade
• Moratória: está passando pela crise, seus
  compromissos ainda são vagos, mas ele parece estar
  lutando para resolvê-los. Parece encaminhar-se para
  um compromisso.
• Execução: fez compromissos sem ter passado pela
  crise, suas atitudes e metas refletem rigidamente os
  desejos parentais.
• Difusão de identidade: pode ou não ter passado pela
  crise de identidade, mas sua característica principal é a
  falta de compromissos e a ausência de preocupação em
  relação à ocupação, ao quadro pessoal de valores e à
  sexualidade.

More Related Content

What's hot

Palestra Motivacional Ensino Médio
Palestra Motivacional Ensino MédioPalestra Motivacional Ensino Médio
Palestra Motivacional Ensino Médioangelavbecker
 
A importancia da auto estima na mulher graça
A importancia da auto estima na mulher  graçaA importancia da auto estima na mulher  graça
A importancia da auto estima na mulher graçaLiene Campos
 
Adolescência e identidade
Adolescência e identidadeAdolescência e identidade
Adolescência e identidadeariadnemonitoria
 
PALESTRA : A energia transformadora do autoconhecimento e da auto estima -fai
PALESTRA : A energia transformadora do autoconhecimento e da auto estima -faiPALESTRA : A energia transformadora do autoconhecimento e da auto estima -fai
PALESTRA : A energia transformadora do autoconhecimento e da auto estima -faiEdson Salgado Ávella
 
Autoconhecimento
AutoconhecimentoAutoconhecimento
AutoconhecimentoDalila Melo
 
Apresentação Inteligência Emocional
Apresentação Inteligência EmocionalApresentação Inteligência Emocional
Apresentação Inteligência Emocionalanaediteaires
 
Empatia - A arte de se colocar no lugar do outro
Empatia - A arte de se colocar no lugar do outroEmpatia - A arte de se colocar no lugar do outro
Empatia - A arte de se colocar no lugar do outroVera Lessa
 
Autoconhecimento e realização pessoal
Autoconhecimento e realização pessoalAutoconhecimento e realização pessoal
Autoconhecimento e realização pessoalBruno Carrasco
 
Desenvolvendo Inteligência emocional
Desenvolvendo Inteligência emocionalDesenvolvendo Inteligência emocional
Desenvolvendo Inteligência emocionalAlexandre Rivero
 

What's hot (20)

Auto Estima
Auto EstimaAuto Estima
Auto Estima
 
Palestra Motivacional Ensino Médio
Palestra Motivacional Ensino MédioPalestra Motivacional Ensino Médio
Palestra Motivacional Ensino Médio
 
Auto estima.ppt 2014 (hj)
Auto estima.ppt 2014 (hj)Auto estima.ppt 2014 (hj)
Auto estima.ppt 2014 (hj)
 
A importancia da auto estima na mulher graça
A importancia da auto estima na mulher  graçaA importancia da auto estima na mulher  graça
A importancia da auto estima na mulher graça
 
Palestra Inteligência Emocional
Palestra Inteligência EmocionalPalestra Inteligência Emocional
Palestra Inteligência Emocional
 
Adolescência e identidade
Adolescência e identidadeAdolescência e identidade
Adolescência e identidade
 
PALESTRA : A energia transformadora do autoconhecimento e da auto estima -fai
PALESTRA : A energia transformadora do autoconhecimento e da auto estima -faiPALESTRA : A energia transformadora do autoconhecimento e da auto estima -fai
PALESTRA : A energia transformadora do autoconhecimento e da auto estima -fai
 
Educaçao sexual
Educaçao sexualEducaçao sexual
Educaçao sexual
 
Adolescencia
AdolescenciaAdolescencia
Adolescencia
 
Autoconhecimento
AutoconhecimentoAutoconhecimento
Autoconhecimento
 
Inteligencia emocional
Inteligencia emocionalInteligencia emocional
Inteligencia emocional
 
Apresentação Inteligência Emocional
Apresentação Inteligência EmocionalApresentação Inteligência Emocional
Apresentação Inteligência Emocional
 
Emoções
EmoçõesEmoções
Emoções
 
Empatia - A arte de se colocar no lugar do outro
Empatia - A arte de se colocar no lugar do outroEmpatia - A arte de se colocar no lugar do outro
Empatia - A arte de se colocar no lugar do outro
 
PERSONALIDADE
PERSONALIDADEPERSONALIDADE
PERSONALIDADE
 
Valores
ValoresValores
Valores
 
Sexualidade e afetividade 1
Sexualidade e afetividade 1Sexualidade e afetividade 1
Sexualidade e afetividade 1
 
Autoconhecimento e realização pessoal
Autoconhecimento e realização pessoalAutoconhecimento e realização pessoal
Autoconhecimento e realização pessoal
 
Desenvolvendo Inteligência emocional
Desenvolvendo Inteligência emocionalDesenvolvendo Inteligência emocional
Desenvolvendo Inteligência emocional
 
Apresentação motivacional
Apresentação motivacionalApresentação motivacional
Apresentação motivacional
 

More from Viviane Pasqualeto

Dsenvolvimento psicossocial do adulto jovem certo
Dsenvolvimento psicossocial do adulto jovem certoDsenvolvimento psicossocial do adulto jovem certo
Dsenvolvimento psicossocial do adulto jovem certoViviane Pasqualeto
 
Desenvolvimento moral na adolescência
Desenvolvimento moral na adolescência Desenvolvimento moral na adolescência
Desenvolvimento moral na adolescência Viviane Pasqualeto
 
Dsenvolvimento psicossocial do adulto jovem certo
Dsenvolvimento psicossocial do adulto jovem certoDsenvolvimento psicossocial do adulto jovem certo
Dsenvolvimento psicossocial do adulto jovem certoViviane Pasqualeto
 
Desenvolvimento humano e ciclo vital –
Desenvolvimento humano e ciclo vital –Desenvolvimento humano e ciclo vital –
Desenvolvimento humano e ciclo vital –Viviane Pasqualeto
 
Principais teorias da adolescência
Principais teorias da adolescênciaPrincipais teorias da adolescência
Principais teorias da adolescênciaViviane Pasqualeto
 
Desenvolvimento humano e ciclo vital
Desenvolvimento humano e ciclo vitalDesenvolvimento humano e ciclo vital
Desenvolvimento humano e ciclo vitalViviane Pasqualeto
 

More from Viviane Pasqualeto (10)

Fonoaudiologia e educação
Fonoaudiologia e educaçãoFonoaudiologia e educação
Fonoaudiologia e educação
 
Dsenvolvimento psicossocial do adulto jovem certo
Dsenvolvimento psicossocial do adulto jovem certoDsenvolvimento psicossocial do adulto jovem certo
Dsenvolvimento psicossocial do adulto jovem certo
 
Desenvolvimento moral na adolescência
Desenvolvimento moral na adolescência Desenvolvimento moral na adolescência
Desenvolvimento moral na adolescência
 
Vida adulta intermediária
Vida adulta intermediáriaVida adulta intermediária
Vida adulta intermediária
 
Dsenvolvimento psicossocial do adulto jovem certo
Dsenvolvimento psicossocial do adulto jovem certoDsenvolvimento psicossocial do adulto jovem certo
Dsenvolvimento psicossocial do adulto jovem certo
 
Desenvolvimento humano e ciclo vital –
Desenvolvimento humano e ciclo vital –Desenvolvimento humano e ciclo vital –
Desenvolvimento humano e ciclo vital –
 
Adultez e envelhecimento2
Adultez e envelhecimento2Adultez e envelhecimento2
Adultez e envelhecimento2
 
Principais teorias da adolescência
Principais teorias da adolescênciaPrincipais teorias da adolescência
Principais teorias da adolescência
 
Desenvolvimento humano e ciclo vital
Desenvolvimento humano e ciclo vitalDesenvolvimento humano e ciclo vital
Desenvolvimento humano e ciclo vital
 
Adolescência 213
Adolescência 213Adolescência 213
Adolescência 213
 

Identidade adolescente

  • 1. A Construção da identidade na adolescência Profª. Viviane Medeiros Pasqualeto
  • 2. Construindo a identidade A adolescência tem várias tarefas desenvolvimentais; todas elas, entretanto, de uma maneira ou de outra, passam pela estruturação da identidade, que é iniciada desde o nascimento e adquire nesta etapa seu caráter mais definitivo.
  • 3. A identidade se constrói através de: Identificações que poderão ser estruturantes ou patológicas. Na infância as identificações se dão basicamente com as figuras parentais. Na adolescência, em função do processo de separação e individuação próprio desta etapa, o jovem busca modelos identificatórios em representantes da sociedade e da cultura em que estão envolvidos (professores, artistas, desportistas, etc.).
  • 4. O adolescente procura outros jovens, ou grupos de jovens, com quem se identificar por semelhança ou por oposição, sendo “igual” ou completamente “diferente”. Há uma grande necessidade de pertencimento e de reconhecimento e os grupos são espaços extremamente ricos para estas experiências.
  • 5. Nesta busca de modelos os adolescentes agrupam-se conforme suas características individuais, em “tribos”, cada uma caracterizando-se por uma cultura específica, muitas vezes determinadas pelos padrões trazidos da sociedade onde vivem.
  • 6. Estes grupos poderão ter características mais “democráticas”, com flexibilização e mudanças dos papéis dentro do grupo, ou mais “autocráticas” (no sentido de “doença”), com aspectos mais rígidos e papéis mais esteriotipados.
  • 7. Buscam também elementos estéticos (não apenas como expressões estéticas, no vestir e na aparência, mas também como modelos de pensamento, em suas condutas e músicas preferidas, por exemplo).
  • 8. O adolescente de hoje... A condição contemporânea (ou alta modernidade ou, como preferem alguns, a pós-modernidade) “des- inventa” o conceito de infância a encurtando, com uma adolescência que começa cada vez mais cedo, atingindo-especialmente- os anos escolares, fundamentais.
  • 9. A construção da identidade • Identidade – De acordo com Erikson: concepção coerente do self , composta de metas, valores e crenças com os quais a pessoas está solidamente comprometida.
  • 10. Identidade X Confusão de papéis • Principal tarefa da adolescência: confrontar a crise da identidade X confusão de identidade (de papéis) e... • Tornar-se um adulto singular com uma percepção coerente do self e com um papel valorizado na sociedade.
  • 11. A Construção da Identidade • A identidade se forma à medida que os jovens solucionam três questões importantes: – A escolha de uma profissão; – A adoção de valores; – Desenvolvimento de uma identidade sexual • Questões referentes à identidade se manifestam repetidas vezes ao longo da vida.
  • 12. A crise da Identidade na Adolescência • Durante a adolescência, o indivíduo desenvolve os pré-requisitos de crescimento fisiológico, maturidade mental e responsabilidade social que preparam para experimentar e ultrapassar a crise de identidade. – A crise de identidade envolve elementos de todas as outras. Ela é pronunciada em cada uma das crises anteriores e, ao mesmo tempo, recapitula todas elas, além de antecipar as três crises posteriores.
  • 13. Integridade Diagrama Epigenético de Erikson X Deseperança Generatividade X estagnação Aspectos Intimidade parciais da crise X isolamento de identidade Perspectiva Autocerteza Experimentação Aprendizagem Identidade Polarização Liderança e Comprometime temporal x x de Papel X X Sexual Sectarismo nto ideológico x confusão inibição X Paralisia Confusão de X X confusão de temporal Fixação de papel Operacional papéis Confusão Confusão de valores bissexual Autoridade Produtividade Identificação com x a tarefa x As oito inferioridade sentimento de futilidade idades do Iniciativa Previsão de Quatro estágios X papéis x inibição homem Culpa de papéis da infância até a crise de Autonomia x vergonha Vontade de afirmação pessoal identidade da e dúvida x dúvida de adolescência afirmação pessoal Confiança x Reconhecimento desconfiança mútuo versus isolamento autístico
  • 14. Crise de identidade na adolescência • Envolve a resoluções das sete crises parciais que a compõem – Cada uma destas crises reedita uma das quatro crises da infância ou fundamenta uma das três crises da idade adulta. • A construção de um firme sentido de identidade requer o sucesso na resolução de todas essas crises parciais – O indivíduo pode assim dessvincular-se de seu passado e projetar-se para o futuro.
  • 15. Perspectiva temporal x confusão temporal • Conciliação do passado de criança com o futuro de adulto... • Avaliar aquilo que se tornou e ponderar aquilo que ele gostaria de se tornar • O jovem deve escolher entre uma multiplicidade de memórias, antecipações e possibilidades, para estabelecer uma ponte entre o passado e o futuro confusão temporal
  • 16. Perspectiva temporal x confusão temporal • “creio que todo adolescente se depara com momentos, ao menos passageiros, em que entra em choque com o próprio tempo. Em sua forma normal e transitória, essa nova espécie de desconfiança resulta, rápida ou gradualmente, em perspectivas que permitem e exigem um investimento intenso e até mesmo fanático no futuro, ou uma breve conjetura sobre uma série de futuros possíveis”. (ERIKSON, 1968, p.181)
  • 17. Autocerteza x inibição • A assimilação do passado e o planejamento do futuro implicam em algum grau de autoconfiança – O jovem deve desenvolver uma convicção interna – autocerteza, acreditando que sua história anterior tem sentido e forma um todo integrado. Da mesma forma, ele deve acreditarque tem chances de alcançar seus objetivos na idade adulta.
  • 18. Autocerteza x inibição • Nas tentativas de avaliar as vantagens e desvantagens, o adolescente pode se sentir dominado por uma dolorosa inibição: – “a inibição é uma nova edição daquela dúvida original que diz respeito à confiança que os pais merecem, e somente na adolescência tal dúvida autoconsciente se refere à validade de todo o período da infância, que agora é deixado para trás, e, ainda, à confiança depositada em todo universo social, que agora é questionado. A obrigação atual de vincular-se com um sentido de livre-arbítrio a uma identidade autônoma poderá despertar uma dolorosa vergonha global, de certo modo comparável à vergonha e raiva decorrente de ser totalmente visível aos adultos que tudo sabem – agora, porém, esta vergonha se refere de fato que o jovem tem uma personalidade pública, exposta aos companheiros de sua idade e ao julgamento dos líderes.” (ERIKSON, 1968, p.183)
  • 19. Autocerteza x inibição • Eco da segunda crise (autonomia X vergonha e dúvida), na medida em que o jovem se apóia no sentimento básico de autonomia que emergiu durante a infância • A inibição deste estágio relembra a vergonha e a dúvida mais primitivas daquele estágio
  • 20. Experimentação de papel x fixação de papel • Quando as condições são favoráveis, o adolescente contemporâneo se defronta com uma quantidade muito grande de alternativas e possibilidades. • Para que possa descobrir para onde se dirigem suas verdadeiras preferências e talentos e definir seu lugar na sociedade é desejável que o jovem tenha acesso ao maior número possível de possibilidades de escolha de papéis que ele acabará por desempenhar.
  • 21. Experimentação de papel x fixação de papel • Moratória psicossocial: período de suspensão de compromissos no qual ocorre a experimentação de papéis e que precede o desenvolvimento de um senso de identidade • Na terceira crise, durante a infância, a mobilidade crescente da criança e o desenvolvimento de suas capacidades verbais estimulam seu sentido de iniciativa. As experimentações do adolescente são similares às explorações da criança.
  • 22. Experimentação de papel x fixação de papel • O jovem confuso entre muitas possibilidades, ou limitado por ter poucas opções, pode experimentar um tipo de fixação de papel e descobrir que é mais fácil derivar um sentimento de identidade a partir de uma identificação total com aquilo que só em última análise se esperaria que ele fosse, do que ter que lutar por um senso de identidade de papéis aceitáveis que são inatingíveis com seus próprios recursos.
  • 23. Experimentação de papel x fixação de papel • Erikson exemplifica o alívio evidenciado pela escolha de uma identidade negativa... – Prefiro ser completamente inseguro do que um pouco seguro. – Pelo menos, na sarjeta eu sou a maior. • Essa escolha drástica, no entanto, não ocorre com a maioria dos jovens. Mesmo as experiências mais excêntricas são classificadas e aceitas pela sociedade como “extravagâncias da mocidade”.
  • 24. Aprendizagem x paralisia operacional • Escolhas referentes ao trabalho – importantes • Escolha ocupacional – elemento crucial na construção da identidade do jovem, uma vez que seu trabalho será importante na determinação da percepção de si próprio e de seu lugar na sociedade. • Influências da quarta crise (produtividade x inferioridade) – na avaliação e exploração de sua futura vocação, o adolescente se apóia naquelas capacidades adquiridas durante este estágio anterior
  • 25. Experimentação de papel x fixação de papel • Em contrapartida, o senso de inferioridade numa criança pode constituir a base de um sentido de paralisia operacional na juventude. – Esta descrença na possibilidade de que jamais possam completar alguma coisa de valor (...) é acentuada naqueles que, por alguma razão, não sentem estar compartilhando da identidade tecnológica de seu tempo. Talvez o motivo seja que suas qualidades particulares não são apropriadas às finalidades produtivas da era da máquina, ou que eles próprios se consideram pertencentes a uma classe social (neste caso, a classe alta se iguala perfeitamente à classe baixa) que não participa da corrente do progresso. (ERIKSON, 1968, p. 185)
  • 26. Polarização sexual x confusão bissexual • A polarização sexual pode ser considerada uma antecipação da sexta crise (Intimidade x isolamento) que ocorre no início da idade adulta. • O adolescente começa a definir e redefinir o que significa ser homem e mulher dentro das diferenças culturais a este respeito. Uma clara identificação com um sexo ou com outro, na confiança de sua feminilidade ou masculinidade contribui significativamente para um forte sentido de identidade.
  • 27. Polarização sexual x confusão bissexual • Erikson reconhece que não é incomum os adolescentes atravessarem períodos de atividades genital promíscua. Ele considera que estes períodos representam ajustamentos temporários que felizmente permitem ao adulto jovem estabelecer o equilíbrio em direção à intimidade.
  • 28. Liderança e sectarismo x confusão de autoridade • A expansão dos horizontes sociais do adolescente e sua participação numa comunidade mais ampla ajudam-no a estabelecer as bases para o enfretamento da sétima crise (generatividade x estagnação) na meia-idade. • Suas experiências com vários papéis, a iniciação em uma ocupação, seus encontros com o sexo oposto, o ajudarão a localizar-se na sociedade e a antecipar suas contribuições enquanto cidadão, trabalhador e pai. Ele aprende a tomar a responsabilidade de liderança no momento apropriado e também em assumir uma atitude sectária quando necessário.
  • 29. Liderança e sectarismo x confusão de autoridade • A ampliação de sua rede de contatos sociais pode tornar o adolescente consciente do fato de que há uma série de demandas divergentes, às quais deve se submeter: o Estado, a escola, sua namorada, seu patrão, seus pais e seus amigos, todos têm um impacto próprio sobre ele. • Pode experimentar um senso de confusão de autoridade. Para resolver esta confusão, ele deve comparar estes valores divergentes com os seus, formulando e comprometendo-se com um quadro pessoal de valores (a sua própria crença).
  • 30. Comprometimento ideológico x confusão de valores • A sexta crise parcial (liderança e sectarismo versus confusão de autoridade) está intimamente relacionada à sétima. • Para se vincular solidamente a sua comunidade, e organizar seu passado com suas experiências atuais, em função de suas aspirações futuras, o adolescente deve possuir aquilo que Erikson denomina de senso de comprometimento ideológico – coerência entre o que ele fez, o que faz e o que planeja fazer. • Acreditar que seus próprios objetivos são significativos no contexto da sociedade mais ampla e que esta irá aprová-los e que lhes dará apoio necessário – ideologia pessoal – auxilia na superação da confusão de autoridade e da confusão de valores
  • 31. Comprometimento ideológico x confusão de valores • A construção de uma ideologia durante a adolescência favorece a resolução das crises subsequentes à crise de identidade e também envolve todas as crises do ciclo vital. • Podemos perceber aqui que a resolução da última crise do desenvolvimento (integridade x desesperança) é influenciada e prenunciada pelas escolhas e compromissos que são estabelecidos ao final da adolescência.
  • 32. O status de identidade • Medida desenvolvida por James Márcia (1966) – Utilizada com adolescentes e adultos – Quatro pontos de concentração ao longo do contínuo identidade x confusão de papéis: identidade realizada, moratória, execução e difusão de identidade • Identidade realizada: passou por um período de crise, explorou várias possibilidades e estabeleceu compromissos ocupacionais, ideológicos e sociais.
  • 33. O status de identidade • Moratória: está passando pela crise, seus compromissos ainda são vagos, mas ele parece estar lutando para resolvê-los. Parece encaminhar-se para um compromisso. • Execução: fez compromissos sem ter passado pela crise, suas atitudes e metas refletem rigidamente os desejos parentais. • Difusão de identidade: pode ou não ter passado pela crise de identidade, mas sua característica principal é a falta de compromissos e a ausência de preocupação em relação à ocupação, ao quadro pessoal de valores e à sexualidade.