CONTRIBUIÇÕES DOS ARTISTAS REGIONAIS DE XAPURI PARA A EDUCAÇÃO EM ARTES VISUA...
O ENSINO DA ARTE NA PRIMEIRA SÉRIE DO ENSINO MÉDIO EM XAPURI.
1. UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE ARTES
O ENSINO DA ARTE NA PRIMEIRA SÉRIE DO ENSINO MÉDIO EM XAPURI
FERNANDA GOMES DOS SANTOS
Trabalho de Conclusão de Curso
XAPURI, 2011
2. UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE ARTES
O ENSINO DA ARTE NA PRIMEIRA SÉRIE DO ENSINO MÉDIO EM XAPURI
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Instituto de Artes da Universidade de
Brasília, como requisito à obtenção do título
de Licenciatura em Artes Visuais da
Universidade de Brasília.
Orientadora: Professora Doutora Thérèse
Hofmann Gatti
Tutora: Dorisdei Valente Rodrigues
FERNANDA GOMES DOS SANTOS
Trabalho Final de Curso
XAPURI, 2011
3. A meu querido esposo, minha filha e aos meus pais
pelo apoio, a presença constante e por todo o carinho
que me dedicaram.
4. Há uma relação entre a alegria necessária à
atividade educativa e a esperança.
A esperança de que professor e alunos juntos
podemos aprender, ensinar, inquietar-nos,
produzir e juntos igualmente resistir aos
obstáculos a nossa alegria. (Paulo Freire)
5. AGRADECIMENTOS
O sonho que sonhei durante toda esta vida finalmente está se tornando
realidade... Mas esse sonho não foi só meu...
Por isso, não posso deixar de agradecer as pessoas queridas que
fizeram parte dessa conquista...
Agradeço a Deus por ser presença constante em minha vida durante
toda esta caminhada, principalmente nos momentos que precisei de força,
entusiasmo, persistência e coragem para realizar o meu maior sonho que é
uma formação superior.
Aos meus pais que sempre acreditaram nos meus sonhos e mantiveram
acesa a luz do caminho do bem.
Ao meu esposo, o grande responsável por tudo isso, agradeço por ter
confiado em mim e nunca ter deixado desanimar nos momentos mais difíceis
desta jornada.
A minha filha maravilhosa, Nanna Nicolly, que desde tão pequenina
conseguiu compreender que a vida é feita de sonhos e que as conquistas são
coletivas.
Aos meus irmãos e minha irmã que nem mesmo com a distância
deixaram de fazer parte desse desafio, me apoiando sempre.
Aos meus amigos e amigas: Preta, Aninha, Nira, Eli, Margarete, Fátima,
Marcos, Erivan e vários outros que atenderam o meu pedido de ajuda ao longo
desses 4 anos.
E por fim ao governo do Estado do Acre e a UAB-UNB por ter nos dado
a chance de realizar este sonho.
6. SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO........................................................................................... 08
2. JUSTIFICATIVA ........................................................................................ 10
3. DESENVOLVIMENTO ............................................................................... 13
3.1 A importância da Arte na formação cultural ...................................... 13
3.2 Panorama da Arte-educação no Brasil .............................................. 15
3.3 Metodologia e Instrumentos utilizados na pesquisa ........................ 17
3.4 O Ensino de Artes no Primeiro ano do Nível Médio em Xapuri ....... 24
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 28
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 30
ANEXO ..................................................................................................... 30
7. LISTA DE IMAGENS
Figura 01 – Dinâmica das Máscaras ................................................................. 26
Figura 02 – Dinâmica dos Desenhos ................................................................. 26
Figura 03 – Apreciação de obras de arte .......................................................... 26
Figura 04 – Oficina de arte ................................................................................ 26
Figura 05 – Oficina de Arte-produção ............................................................... 26
Figura 06 – Escolha de livros/apresentar .......................................................... 26
8. 8
1. INTRODUÇÃO
O ensino de artes na escola tem um papel fundamental na formação de
valores do aluno, assim como o conteúdo de matemática, de literatura, de
ensino religioso entre outros, que contribuem na formação do individuo de
forma integral trazendo para o contexto atual as contribuições das diferentes
disciplinas para os desafios do seu dia-a-dia.
Somos conhecedores de que a arte é utilizada de diferentes formas
como em medidas sócio-educativas para tratamento terápico, entre outras que
busca pela melhora do intelectual do individuo e sua integração na sociedade
despertando a capacidade de compreender a diversidade cultural e seu
reconhecimento no individual pela afirmação da sua identidade, assim como no
coletivo. Na proposta curricular de Arte nível médio, do Acre, destaca-se como
uma competência, (p. 11):
Reconhecer as artes visuais como um meio de comunicação,
expressão e construção do conhecimento. As habilidades descritas
nessa competência sugerem conhecimentos que o educando deve
atingir para que as artes visuais possam exercer plenamente sua
função expressiva e comunicativa. (Brasil, 1997, p.11)
Essa pesquisa busca por meio de uma analise da prática docente na
disciplina de arte trazer a importância da formação em arte, como item que
oportuniza a qualidade do ensino de arte, assim como cursos de formação
continuada.
Dessa forma, este estudo busca contribuir com algumas das questões
que motivam os debates conduzidos por educadores como Ana Mae, Irene
Tourinho e outros mais, da área, num contexto que mostra como a disciplina de
artes é trabalhada em uma turma do ensino médio de uma escola pública da
cidade de Xapuri, no Acre.
9. 9
Trazemos algumas reflexões sobre a história da arte e principalmente a
arte-educação no Brasil, embasados em fundamentos de Ana Mae Barbosa.
Investigamos por meio de uma pesquisa qualitativa participante onde a
observação apontou as primeiras dificuldades enfrentadas para se trabalhar
com artes tendo em vista que além da falta de fundamentação teórica
específica, tanto a cidade quanto a escola ainda não possuem material
didático.
A entrevista veio reforçar a primeira impressão que tínhamos do ensino
de artes em Xapuri. Ambas serviram de instrumentos para vivenciarmos a
realidade do professor no seu cotidiano. A metodologia orientada pelo curso de
licenciatura em Artes Visuais da UnB, disciplina de estágio, propôs um projeto
que pudéssemos por em pratica o que aprendemos no curso e conforme
orienta os Parâmetros Curriculares Nacionais.
10. 10
2. JUSTIFICATIVA
O ensino de artes tornou-se obrigatório e é reconhecido pela atual
legislação brasileira, porém, assim como as demais áreas, enfrenta ainda
dificuldades na execução da grade curricular, devido à ausência de estrutura
física, pouca valorização da disciplina com aula apenas uma vez por semana
ou mesmo pela falta de professores com formação específica, entre outros
problemas de estrutura física das escolas de forma geral.
Nesse contexto, é perceptível o descaso do sistema para com a
importância da arte na escola deixando-a em segundo plano, apesar de que
houve grandes avanços na área como a obrigatoriedade do ensino de artes na
rede básica de educação e a oferta de formação específica. Assim com intuito
de fortalecer o debate e a reflexão do ensino da arte na escola pública como
uma disciplina necessária na Educação brasileira, que possibilita ampliar o
olhar do aluno e sua inserção na sociedade, afirmando a sua identidade, este
estudo investiga a práxis do ensino de arte em uma turma da primeira série do
ensino Médio da Escola Divina Providência, em Xapuri.
Busco confrontar a literatura do curso de artes visuais, que aponta para
uma práxis que reconheça o aluno como sujeito que possui experiência e
desenvolva diferentes habilidades para aumentar o repertório do aluno assim
como sua experiência estética. Pautada na Metodologia ou Proposta
Triangular, sistematizada pela arte-educadora Ana Mae Barbosa na década de
1980, que envolve o trabalho em três vertentes mentais e sensoriais distintas: o
fazer artístico, a leitura da obra de arte e contextualização da arte (Barbosa,
1998, p.33). Em finais dos anos 1990, quando da redação dos Parâmetros
Curriculares Nacionais para a área de Arte (Brasil, 1997), a Metodologia
Triangular é o fundamento oficialmente proposto pela Secretaria de Educação
Fundamental do MEC para orientar o ensino artístico no Brasil.
11. 11
Essa pesquisa nasce de um descontentamento que observei na prática
de artes na Escola Divina Providência a partir da participação como aluno do
curso de artes visuais da UNB nas diferentes disciplinas, como estágio,
seminário interdisciplinar, antropologia cultural e outras que nos permitiram
fazer algumas reflexões sobre a qualidade do ensino de arte em Xapuri.
Nessa experiência foi possível ter acesso ao ambiente escolar, num
primeiro momento observando e logo após realizando intervenções que nos
levaram a confrontar a teoria (Curso de Artes Visuais) com a realidade. A
prática do ensino de artes na referida escola caminha a passos lentos por
vários fatores já citados e isso nos causou um impacto, pois, estávamos
vivendo um momento de fundamentação teórica que nos fez ver a arte como
um elo entre todas as outras áreas do conhecimento.
A formação de professor é um dos fatores que dificulta a qualidade do
ensino de artes, nível médio, em Xapuri. No Acre, a usina de Artes João
Donato muito timidamente atua na formação técnica de artistas ligados a área
de artes plásticas englobando o teatro e a música. A universidade Federal do
Acre – UFAC oferece o curso de artes cênicas- teatro. A primeira turma
formada recentemente apresentou-se ao mercado de trabalho com 7 (sete)
profissionais habilitados.
Xapuri possui apenas uma escola de Ensino médio e todos os anos
saem da instituição cerca de 100 jovens diplomados sem ter tido a
oportunidade de aprender por meio da experiência em arte, seja por meio do
fazer artístico, da leitura da obra de arte e/ou contextualização da arte e mais
profundamente sobre sua própria cultura e as possibilidades estéticas que
podem ser encontradas no meio local, social, nas tradições populares entre
outros.
Vivemos uma realidade em que a cultura local dar lugar para uma
cultura global imposta pela mídia que apesar de ter contribuído com a
disseminação da informação, tem imposto outros valores influenciando as
pessoas com culturas americanizadas ou eurocêntricas. O ensino de arte
12. 12
busca democratizar cada experiência em arte seja como produtor ou mesmo
fruidor e que deveria seu ensino tornar-se a cada dia mais acessível às
pessoas seja na escola na família ou na igreja.
Contudo a necessidade de formação de professores em artes é
fundamental para contribuição do processo de democratização, pois somente
com professores leigos e sem apropriação metodológica, de conteúdos e
técnicas que somente um curso de licenciatura de artes pode proporcionar será
difícil ter qualidade na sala de aula entendendo o ensino de arte como
necessidade na formação integral dos sujeitos.
13. 13
3. DESENVOLVIMENTO
O ser humano é um ser que possui a necessidade de se socializar.
Voltando ao tempo e tomando a história da humanidade como foco, podemos
afirmar que desde o surgimento do homem na terra, vem se utilizando do
ambiente em que vive para criar suas condições de sobrevivência.
Transformando, criando e aperfeiçoando o meio cultural ele não só buscou
aquilo que lhe serviria, mas observando toda uma questão histórica
percebemos o quanto o homem evoluiu e também sentiu a necessidade diante
da vida de expressar seus sentimentos de acordo com cada momento vivido na
história.
Seguindo esse raciocínio, o que o homem apresenta como produção
material, a sua expressão, torna-se o objeto artístico reconhecido nos dias de
hoje.
3.1 A importância da Arte na formação cultural
O homem tem passado por importantes processos de transformação
cultural sendo perceptível seu crescimento vindo da pré-história até os dias
atuais. A arte teve papel fundamental no registro desse desenvolvimento
cultural e é através dela que pesquisadores tiveram acesso ao processo
cultural acontecido durante toda a história. Sobre isso Graça Proença (2000,
p.06) afirma que:
Os antropólogos culturais sabem muito bem disso
e são capazes de reconstruir a organização social
de um grupo humano a partir dos objetos que se
preservaram. Assim, observando potes, urnas
mortuárias e instrumentos rudimentares para
tecer, caçar ou pescar, pode-se ficar sabendo
como os homens de antigamente viviam seu dia-a-
dia.
14. 14
Podemos afirmar também, que Arte é fundamental quando se fala em
expressão podendo notar que desde os primórdios, em tudo que se trata da
história, a arte esteve presente para trazer registros e saberes de outras
épocas. Sendo assim, compreendemos que a evolução do homem e a sua
relação com o mundo é expressa artisticamente. Notamos então, que é através
dela que o homem faz a leitura de mundo, da vida e do seu cotidiano. Contudo
não é só isso, apenas por uma questão de necessidade, unindo-se a ela o
homem ao criar seus objetos utilitários passou a colocar uma dose de
criatividade deixando de ser meros objetos e sendo transformados em obras de
decoração. De acordo com Proença (2000, p. 07):
(...) as obras de arte não devem ser encaradas
como algo extraordinário dentro da cultura
humana. Ao contrário, devem ser vistas como
profundamente integradas na cultura de um povo,
pois ora retratam elementos do meio natural, como
é o caso das pinturas nas cavernas (...) ora
expressam os sentimentos religiosos do homem.
Vivemos em um mundo que possui intensas interferências de linguagem,
com expressões deixadas pela história que ao passar dos anos foram
crescendo e se transformando simultaneamente com o homem, ator principal
dessa evolução e da presença artística. Mesmo assim a arte não pode ser
confundida como uma ciência, ela vem equilibrando a história deixando
registros de cada contexto vivido, experimentado.
A obra de arte, por exemplo, não perde significados a cada observação.
Ela ganha novos conceitos por seus observadores. Mas, para o artista não se
perde o vinculo mesmo ganhando outras interpretações. A arte mesmo tendo
sido criada em um determinado contexto, a experiência, o contato que cada um
tem com ela é puramente individual mesmo que esse momento não seja o que
a obra foi criada. Ela é única e eterna. Quem o aprecia o traduz para o seu
próprio contexto.
15. 15
Outra face da arte é a de revelar acontecimentos, pois o momento passa
e a obra fica mesmo havendo contradições de ponto de vista. Há quem o trate
como mero objeto comercial sem dar o devido valor que é o de afirmar
ideologias e contextualizar uma realidade social e econômica do lugar.
Diante do exposto, podemos afirmar que arte é de extrema importância e
que precisa ocupar este lugar de destaque ao lado do homem representando
os momentos vividos de glórias e derrotas. Quando fazemos um retrospecto da
história da arte vemos que o mundo sofreu diversas transformações e a arte
mesmo sendo considerada irrelevante no ponto de vista político, social e
econômico conseguiu contar fatos com riqueza de detalhes.
Após falar da necessidade da arte na educação faço uma breve
abordagem da arte na educação em busca de trazer elementos para melhor
compreensão da prática desenvolvida na escola observada
3.2. Panorama da Arte-Educação no Brasil
A Arte-Educação no Brasil teve seu processo de implantação bem lento.
Em 1971 a Lei nº. 5.692/71 em seu artigo 7, obrigou o ensino de arte nos
currículos no ensino fundamental de 5ª a 8ª série e nível médio. Era um
momento em que ainda existia a repressão política e cultural e com tudo isso o
ensino de artes passou a ser uma disciplina obrigatória na escola.
No currículo de 1971 a disciplina de artes era a única que trabalhava
com as humanidades e com o processo criativo, filosofia e história foram
extintas do currículo. Devido à grande demanda na área de construção civil
foram surgindo os cursos de desenhos, principalmente os geométricos.
O Movimento Escolinhas de Artes teve papel fundamental neste sentido
oferecendo cursos de artes para crianças e jovens de várias partes do país e
curso de arte-educação para professores e artistas. Logo em seguida, em
16. 16
1973, o governo federal criou o curso superior para preparar professores na
área de artes num período de dois anos com noção nas áreas de música,
dança, teatro, artes visuais, desenhos simultaneamente para lecionarem para
alunos de 1ª a 8ª série e, muitas das vezes, até para o ensino médio.
A arte-educação veio para dar à criança o acesso à arte de forma
democrática com o objetivo de mostrar que todas as crianças têm potencial de
criar e de expressar-se por meio da arte. Com uma trajetória conceitual rápida
o ensino de artes como atividade criou uma diversidade de práticas
pedagógicas que se tornou hábito e até hoje ainda é possível ver nas escolas
brasileiras como: cantar músicas da rotina da escola, produzir “lembrancinhas”
das datas comemorativas, além de preparar a decoração da escola para os
eventos cívicos e religiosos.
Com isso, mesmo a arte tendo se tornado obrigatória no ambiente
escolar e a Lei de Diretrizes e Base da educação brasileira, em 1996, tenha
dado suporte institucional para o seu desenvolvimento é comum saber que a
disciplina vem sendo aplicada por professores despreparados, formados em
outra área e não tem o conhecimento específico de artes.
O ensino de artes, trabalhado desta forma, contribuiu muito para que a
disciplina tenha sido colocada em um lugar de inferioridade com relação as
demais e inclusive para a retirada do ensino das três primeiras versões da
LDBEN na metade da década de 80.
Hoje a presença da arte nos currículos educacionais é fruto de toda uma
mobilização de arte-educadores brasileiros, que acreditaram e acreditam que a
arte é uma área de conhecimento específico com objetivos, conteúdos,
métodos de ensino e processos de avaliação da aprendizagem próprios.
Os parâmetros Curriculares Nacionais- PCN`s muito contribuíram com a
implantação do ensino de artes no sentido de orientar e mostrar a importância
de trabalhar a disciplina junto as demais áreas do conhecimento de maneira
17. 17
que incentive o aluno a criar, fruir para que assim se torne um individuo que
exerça a cidadania com ética e com iniciativas artísticas.
Os PCN vieram para dar oportunidade aos estudantes deste país que
não puderam conhecer os fundamentos da arte. De acordo com o PCN Arte
(1997, p.46):
(...) Embora haja exceções, muitos dos
adolescentes, jovens e adultos, estudantes do
ensino médio, em nosso país, não puderam, nas
escolas, conhecer mais sobre música, artes
visuais, dança e teatro principalmente como
linguagens artísticas e códigos correspondentes.
A disciplina de artes é de fundamental importância para o
desenvolvimento de um sujeito critico. Porém, ela deve ser trabalhada de forma
interdisciplinar e pautada na multiculturalidade, questão muito debatida nos
Parâmetros Curriculares Nacionais- PCN, pois nele consta que todas as
disciplinas, inclusive a de artes deve está relacionada a outras áreas do
conhecimento, contribuindo assim na formação de um aluno com o mínimo de
condições que ao concluir o ensino fundamental, seja capaz de refletir
criticamente a imagem a qual está sendo exposto.
O professor é o principal responsável por garantir que a disciplina de
arte aconteça de forma que tanto aluno quanto a sociedade entenda a sua
importância na formação de um cidadão crítico. Sobre isso Ana Mae (2007,
p.14) nos diz:
Somente a ação inteligente e empática do
professor pode tornar a arte ingrediente essencial
para favorecer o crescimento individual e o
comportamento de cidadão como fruidor de cultura
e conhecedor da construção de sua própria nação.
3.3. Metodologia e Instrumentos utilizados na pesquisa.
A pesquisa foi realizada com alunos do ensino médio da Escola Divina
Providência, em Xapuri, disciplina de artes. Foram 20 (vinte) Horas/aulas
18. 18
oferecidas no período de Setembro a Outubro, na escola Estadual de Ensino
Fundamental, Médio e EJA, Divina Providência. A classe escolhida (1º ano C)
possuía 46 alunos matriculados e 30 freqüentaram as aulas regularmente.
A metodologia deste trabalho está fundamentada na referência de
Bardin (2002). É uma pesquisa qualitativa e sua delimitação é de pesquisa
participante, onde a técnica utilizada é o trabalho de campo com a aplicação de
questionário semi-estruturado de perguntas abertas. A trajetória metodológica
desta pesquisa é caracterizada pela observação do conteúdo que procura
identificar as categorias originárias a partir da relação entre as perguntas feitas
nos questionários e suas respostas. Sobre essa técnica Bardin (2002, p. 42)
afirma:
A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas
de análise das comunicações visando obter, por
procedimentos sistemáticos e objetivos de
descrição do conteúdo das mensagens,
indicadores (qualitativos ou não) que permitam a
inferência de conhecimentos relativos às
condições de produção/recepção (variáveis
inferidas) destas mensagens.
Uma das contribuições deste trabalho, realizado através desta pesquisa
qualitativa participante é demonstrar através de registros, observações e
entrevistas como acontecem às aulas da disciplina de artes no primeiro ano do
ensino médio da escola Divina Providência, de Xapuri. Para isso, selecionamos
a turma do primeiro ano “C” como referência para este estudo.
No primeiro contato nos deparamos com uma escola que atende 1.006
alunos de nível fundamental, Médio e EJA. Esta é a única que oferece ensino
médio no município. As características da sede são conservadas há mais de
50 anos como forma de homenagear o colégio de regime de internato, “Servas
de Maria”. A congregação era Italiana e foi responsável pela formação de
pessoas de renome no Estado e que hoje fazem parte da administração do
Acre. O órgão que auxilia a instituição é o conselho escolar.
19. 19
A clientela atendida pela escola é bastante diversificada com estudantes
do campo e da cidade. No ensino médio, onde boa parte dos alunos é de
jovens e adolescentes que apenas estudam.
Na sala de aula, os problemas são comuns às demais escolas.
Indisciplina, desrespeito entre colegas, desatenção e desinteresse são alguns
observados. A escola une-se aos pais na tentativa de solucionar essas
dificuldades, pois quase sempre começam na família e na falta de perspectiva.
A cidade ainda não possui emprego e nem opção de lazer para atender a
grande demanda.
Esta pesquisa analisa a prática docente na disciplina de artes.
Investigamos uma turma do primeiro ano de nível médio na referida escola. A
importância desse estudo é apresentar para a sociedade como a arte-
educação pode ser importante na promoção do crescimento individual e no
comportamento de um cidadão capaz de fazer, fruir, produzir arte, além de
conhecer e preservar sua própria cultura e identidade.
Para isso, analisamos o que orienta o PCN de Nível Médio, a atuação do
professor bem como da direção escolar perante o ensino aprendizagem de
arte. O trabalho trás a opinião de docente e discente sobre algumas das
perguntas que deram norte a esta análise: O que entende de arte? E o que
gostaria de aprender nas aulas de artes? Quais as maiores dificuldades e os
maiores desafios de quem trabalha com a disciplina? Esses questionamentos
deram rumos à pesquisa que mostra a partir de agora a prática do ensino de
artes, no primeiro ano de nível médio, em Xapuri. O que pretendemos é refletir
e entender sobre o ensino desenvolvido nesta série.
Num primeiro momento nos deparamos com a falta de professores
formados na área. Isso não significa dizer que este é apenas um problema da
cidade de Xapuri ou somente da disciplina de artes. Reconhecemos que as
outras áreas de conhecimento também compartilham desta dificuldade, mesmo
não sendo de igual intensidade.
20. 20
A informação da falta de educadores licenciados em Artes é com base
no levantamento realizado no Núcleo de Representação da Secretaria de
Educação do Estado do Acre- Xapuri, onde constatamos que o município não
dispõe, até o momento, de nenhum profissional formado em Artes. Indagado
sobre tal questão o coordenador de ensino, professor Francisco Ramos diz:
“Na verdade, não temos profissionais na
educação, formados na área de artes em Xapuri.
Temos 5 professoras, sendo 4 formadas em
Pedagogia e 1 formada em Educação Física, que
trabalham com a disciplina de Artes nas escolas
da rede estadual de ensino de 6º ao 9º ano e
ensino médio.”
Questionando ainda sobre a importância da arte na escola, Francisco
responde:
Além de expressar sentimento e possibilitar a
interação cultural entre os alunos, a arte na escola
faz com que o aluno se torne na sociedade, um
ser criativo, que pensa, que age, expressando
todos esses aspectos por meio das palavras e de
outras linguagens como as artes visuais, da
dança, música e teatro.
Como recursos audiovisuais o colégio dispõe de um dvd e uma tv de 20
polegadas, além de um data show e um retroprojetor que servem as salas
existentes, que funcionam nos três turnos de forma ininterrupta. A utilização
desses equipamentos acontece de forma agendada, porém ainda não
consegue cobrir toda a demanda.
O material didático para as aulas de artes como pinceis, canetinhas,
cartolinas, tintas e outros são comprados pelos alunos e professores. A
biblioteca oferece pouca fundamentação teórica em artes ficando o professor
responsável por buscar em outras fontes a fundamentação necessária para
ministrar suas aulas.
21. 21
A aprendizagem em arte, assim como nas demais disciplinas, precisa
dar sentido ao aluno. Portanto, é de fundamental importância que o professor
tenha formação para poder orientar seus alunos de maneira que possa
oferecer conhecimentos desde a história do conteúdo aplicado até a promoção
do interesse pela parte específica da arte. Dessa forma o PCN´s nos diz:
“O ensino de Arte é área de conhecimento com
conteúdos específicos e deve ser consolidado
como parte constitutiva dos currículos escolares,
requerendo, portanto, capacitação dos professores
para orientar a formação do aluno” (1997, p. 51).
Respondendo a pergunta relacionada ao material didático disponível
para professor e aluno a professora entrevistada, Jeovana Rodrigues, afirma:
“Infelizmente não temos material didático nem para o professor, nem para o
aluno. Muitas das vezes o educador precisa adquirir e levá-lo para a escola”
Como podemos ver, existem, além da falta de formação específica,
outros problemas que dificultam o ensino de artes em Xapuri. Porém, não
impede que o mesmo aconteça, como afirma a professora Jeovana: “O
professor ver na arte uma das formas de expressão de grande importância. Lá
somos capazes de identificar talentos. A arte nos dá possibilidades, com ela
podemos transformar e até improvisar.”
O desafio de oferecer um ensino de artes de qualidade ainda é muito
grande. Mudanças intensas já aconteceram. Porém, existem muitas questões
que vem se arrastando ao longo dos anos, principalmente no que diz respeito
aos conceitos metodológicos e a estrutura. Sobre essa carência, Magalhães
(2007, p.164) diz:
Muitas são as questões que envolvem os motivos
de tantas fragilidades conceituais e metodológicas
no campo do ensino-aprendizagem em Arte: a
inexistência de recursos humanos, a inexperiência
pedagógica e a conseqüente falta de
questionamentos. (...)
22. 22
No processo de observação foi possível perceber que as aulas de artes
na maioria das vezes não aprofundam nos conhecimentos da arte, ainda focam
bastante na produção de “lembrancinhas” para datas comemorativas e eventos
civis. E para complementar a proposta da interdisciplinaridade as produções
acontecem em épocas de feiras escolares. Sobre essa postura, Barbosa,
(2007, p. 14) diz:
Em minha experiência tenho visto que as Artes
Visuais ainda estão sendo ensinadas como
desenho geométrico, seguindo a tradição
positivista, ou continuam a ser utilizadas
principalmente nas datas comemorativas, na
produção de presentes muitas das vezes
estereotipados para o dia das mães ou dos pais. A
chamada livre-expressão, praticada por um
professor realmente expressionista ainda é uma
alternativa melhor que as anteriores, mas
sabemos que o espontaneísmo apenas não basta,
pois o mundo de hoje e a arte de hoje exigem um
leitor informado e um produtor consciente. A falta
de uma preparação de pessoal para entender Arte
antes de ensiná-la é um problema crucial, nos
levando muitas das vezes a confundir
improvisação com criatividade.
Ainda observando a interdisciplinaridade, a professora, colaboradora
afirma que existe. “Na maioria das vezes trabalhamos essa interação. Por
exemplo: Geografia e Arte junta trabalhando as regiões e danças típicas de
cada uma delas. Aí entra a aula prática, os alunos irão apresentar essas
danças.”
Perguntamos ainda sobre como são realizadas as aulas de artes e a
educadora respondeu: “O professor ver na arte uma das formas de expressão
de grande importância, buscando incentivar o aluno em sua obra, mesmo
aqueles que não sabem fazer. São trabalhados vários temas e modalidades da
arte como a música, a dança, o teatro e etc..”
Sobre o interesse dos alunos em fazer visitas a museus e exposições a
professora Jeovana, garante que “tudo que envolve mais dinâmica e que
chame mais atenção eles estão participando.” Isso mostra que se a disciplina
23. 23
de artes propuser uma aula que consiga atrair a atenção dos alunos com base
na contextualização é possível que o interesse e o rendimento sejam
surpreendentes. Vimos que são muitas as dificuldades enfrentadas, como
afirma o coordenador de ensino:
O profissional da educação não habilitado na área
especifica de ensino, não terá facilidade para
trabalhar todas as capacidades e conteúdos
básicos da disciplina igual ao profissional da área.
Entretanto, se o professor elaborar seu
planejamento com base nos referenciais
curriculares nacionais, adequando os
conhecimentos à realidade de cada estado, e
participando das capacitações pedagógicas, por
área especifica, ele terá condições de desenvolver
diversas estratégias de ensino que proporcione a
aprendizagem dos educando.
A escola não dispõe de espaço apropriado para a realização das aulas
de artes, as atividades se resumem na sala dificultando o trabalho do
professor. Além da falta do espaço físico, outra questão que foi possível
observar é quanto à valorização da disciplina. Segundo Jeovana Rodrigues
“Ainda não há valorização. De alguns anos pra cá ela melhorou, mas ainda não
é valorizada como as demais. Os alunos a considera banal. Alguns deixam de
realizar muitos trabalhos por acharem que é bobagem.”
Ao analisar as falas acima, nota-se que a disciplina de artes se encontra
desvalorizada no contexto escolar e na sociedade, pois se os pais de alunos,
por exemplo, não tiveram uma formação em artes que faça o lembrar de um
aprendizado que lhe ajudou a conhecer a sua própria cultura, também
considera essa uma disciplina sem muita importância, uma vez que nossa
sociedade não possui um entendimento que possa fazer-lhe considerar a arte
uma área que proporcione a ampliação de conhecimentos.
Voltamos então a afirmar, mais uma vez, que a falta de formação
específica para o professor ainda é a responsável por não possibilitar, nesta
série, um ensino de artes de qualidade que faça o aluno entender que a arte é
de suma importância para o ser humano.
24. 24
Sobre a existência de curso de aperfeiçoamento o coordenador de
ensino Francisco destaca: “Sim, a Secretaria de Estado de Educação do Acre,
realiza a cada ano, formações, visando o aperfeiçoamento da prática
pedagógica dos professores. Esse ano, por exemplo, a secretaria realizou duas
formações continuadas com os professores com o tema: Favorecendo a
Aprendizagem em todas as disciplinas.”
Neste sentido há uma preocupação quanto à formação do professor,
Coutinho (2007, p. 153) destaca:
A formação do professor para todos os níveis de
ensino tem sido um dos pontos mais discutidos da
agenda educacional de hoje. O foco nesta questão
indica que a função do professor no processo de
ensino/aprendizagem está retomando seu lugar e
buscando contornos mais preciso. (...)
3.4 O Ensino de Artes no Primeiro ano do Nível Médio em Xapuri
Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas no ensino de artes da
primeira série nível médio, em Xapuri, os alunos ainda assim produzem. Numa
experiência realizada através do projeto “O Ensino de Artes” para a segunda
série do ensino médio, os estudantes foram estimulados a pintar, desenhar,
teatralizar e escrever sobre o que pensam a respeito da disciplina de artes.
A execução deste projeto foi motivada por reflexões que resultaram das
observações realizadas no período de estágio. A experiência dos estágios
mostrou que os estudantes do segundo ano médio conhecem muito pouco
sobre o ensino de Artes. Sendo assim, esta proposta veio para conhecer na
prática as dificuldades enfrentadas pelo professor que trabalha com a
disciplina, como ela é trabalhada e quais respostas os alunos dariam para as
atividades planejadas pelo projeto.
Este projeto foi elaborado propondo diversas atividades, tais como:
Acolhida, com o objetivo de ambientar a sala com as mais variadas formas de
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manifestações artísticas. Roda de conversa sobre o que viram na acolhida
instigando os estudantes a refletirem quais as contribuições da atividade para a
aquisição do conhecimento sobre artes. Ainda neste momento conversamos
sobre o que eles pensam do ensino de artes e o que gostariam de aprender na
disciplina.
Os alunos tiveram também a oportunidade de conhecer um pouco das
razões de se ensinar arte na escola através da leitura de textos relacionados
ao tema arte-educação.
Para os discentes exercitarem o que vinha sendo estudado propusemos
a eles uma oficina de arte–produção, onde pudessem criar e transformar com
liberdade. Para isso, preparamos a sala dispondo de uma variedade de
material como tintas, papéis, sementes, linhas, agulhas, tecidos, revistas, livros
literários e etc. para que pudessem abusar da criatividade.
Fantoches, contação de história, ilustração, teatro e pinturas foram
alguns dos produtos finais deste processo. A exposição foi realizada na última
aula na escola de Ensino Fundamental Plácido de Castro, para crianças do
segundo ciclo. Tanto as crianças quantos os participantes da oficina ficaram
entusiasmados com a atividade. Muitos perceberam que mesmo com todo o
nervosismo e a falta de experiência são capazes de produzir arte e envolver
outras pessoas que fazem parte do seu meio social.
Por fim, aplicamos dois questionários que contou com a participação de
toda a classe. Sendo um professor para os 30 alunos e o outro para a
professora colaboradora Jeovana Rodrigues.
O objetivo foi ter uma noção se a proposta foi alcançada que é a
consciência do significado da arte na escola, e dos desafios que o arte-
educador enfrenta com este ensino.
As figuras a seguir de 1 a 6 mostram momentos da oficina proposta,
assim como a interação e participação dos alunos.
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Imagens do projeto “O ensino de Artes” desenvolvido pela pesquisa.
Figura -01- Dinâmica das máscaras Figura -02- Dinâmica dos desenhos
desenhosmáscaras
. .
Figura -03- Apreciação de obras de Figura -04- Oficina de arte
arte
Figura -05- Oficina de arte-produção Figura-06- Escolha de livros
/apresentar
.
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O resultado foi interessante. Algumas produções saíram bem
elaboradas, outras menos, o suficiente para entender que se houver
empolgação, propostas interessantes ou instigantes eles se propõem a
participar.
Escrevendo sobre o que pensam do ensino de artes depois do trabalho
realizado para esta pesquisa, alguns respondem nos fragmentos abaixo:
Bom, para mim a artes antes era apenas desenhar,
mas depois que vocês vieram aqui eu mudei o conceito
do que é artes e para que serve. Agora para mim
mudou, não apenas desenhar é também a dança, a
música, arquitetura, a pintura, a fotografia, a leitura.
Quando eu ia assistir via os índios dançando, eu
pensava pra quê dançar desse modo? Agora eu
entendi que é uma cultura. A arte serve para o nosso
crescimento para entender que quando um copo de
suco derrama cria uma imagem e às vezes a gente
leva para vida toda. (Aluno A)
A arte é uma matéria legal, com ela sabemos relaxar,
pensar e se acalmar. Ela nos trás muita sabedoria e
mostra o quanto a cultura está presente em nossa vida.
(Aluno B)
Eu não dava valor para arte, mas depois que tivemos a
primeira aula com esses novos professores eu passei a
dar valor. Hoje onde eu passo observo e vejo aquelas
pinturas e fico imaginando que o pintor é um grande
artista e a gente vai vendo que as pessoas também
estão dando a valor a arte. (Aluno C)
Toda essa experiência foi extremamente relevante para se ter noção do
desafio que teremos enquanto futuros arte-educadores. Somente esse contato
com a sala de aula permitiu conhecermos o perfil dos alunos de Xapuri, como o
ensino de artes é trabalhado e o que deixamos de novo em nossa passagem
pela escola.
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4.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto e da experiência adquirida na construção desse
estudo que destacou o contexto histórico cultural em que a arte esteve inserida
e o processo educacional onde destacamos o ensino de artes no primeiro ano
do ensino médio notou-se que a arte é uma dimensão do ser humano por que
afirma e promove a interação com o que é real.
E é desse modo que percebemos através da análise de um contexto
histórico que o homem vem tentando superar preconceitos, conhecendo
através da arte si mesmo e que vem passando por diversas transformações
culturais onde é possível notar seu avanço desde a pré-história até os dias
atuais.
O objetivo ao realizar este trabalho de pesquisa qualitativa participante
foi de compreender como a disciplina de artes vem sendo tratada e
desenvolvida. Tentamos mostrar de acordo com as possibilidades de estrutura
em que o ensino faz parte, todo um contexto escolar, através de observação,
entrevista e questionários com alunos e profissionais que atuam nessa área.
Essa iniciativa reforça o que pensamos, que a arte enquanto uma
disciplina tem o papel de colaborar com a formação de um cidadão capaz de
compreender o contexto em que se vive e uma alternativa para interagir com
ele conforme propõe a metodologia triangular de Ana Mae que é o fazer
artístico, a leitura da obra de arte e sua contextualização. A proposta triangular
norteou este estudo provando que se aplica a nossa realidade.
Foi pensando dessa forma que levantamos questionamentos sobre
como o ensino da arte é tratado com o intuito de trazer para a sociedade como
à arte é na escola, na rede pública de ensino, que ainda deixa a desejar na
formação específica dos profissionais da área.
Durante esta pesquisa percebemos que a disciplina não está
transmitindo a arte enquanto um ensinamento que expressa à realidade
humana, e a falta de formação adequada do professor impossibilita o aluno a
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conhecer a arte como um elemento que ajuda traduzir a maneira que as
pessoas vivem de acordo com o seu tempo.
É desse modo que este estudo vem dar sua parcela de contribuição,
permitindo fazer uma profunda reflexão sobre o caminho da arte-educação
nesta cidade, pois, nós como futuros arte-educadores teremos que a partir de
agora pensar nas estratégias necessárias para ofertar um ensino de qualidade.
Mas, antes é preciso conhecer os desafios que nos esperam.
Somos conhecedores de que a demanda de professores formados na
área de Artes no Estado do Acre ainda é reduzida. Porém, se a Secretaria de
Educação passar a partir do próximo ano a aproveitar os novos formandos em
Artes Visuais da UAB-UNB no sentido de poder melhorar a oferta deste ensino,
fortes mudanças poderão ser percebidas ao longo dos próximos anos, e a
própria sociedade sentirá que a escola através da arte estará mais presente na
vida das pessoas.
O resultado deste trabalho pode ser considerado o começo de um
processo de reflexão sobre o ensino de artes, no nível médio, na cidade de
Xapuri. Embora, ao longo de sua construção tenha exigido uma intensa
dedicação desta pesquisadora, em formação, no momento das escolhas,
ajustes, disciplina e persistência. Assim, o conteúdo apresentado aqui é
resultado, mas aponta também, caminhos para novas buscas e investigações.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ARSLAN, Luciana Mourão. Ensino de Arte. São Paulo: Thomson Learning,
2006.
BARBOSA, Ana Mae. (org). Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte.-
3.ed - São Paulo: Cortez, 2007.
BARBOSA, Ana Mae. Arte-educação no Brasil.São Paulo: Perspectiva, 2006
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2002.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares
Nacionais: Arte/ Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF,
1997.
PROENÇA, Graça. História da Arte. São Paulo: Ática, 2000.
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ANEXO 1.
Oficina de Artes Produção de aluno
Escolha de livros para representação Sugestão de livro
Escolha de livro Confecção do material para apresentação
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Leitura da Produção de História Ilustrada Ensaio da Produção de História Ilustrada
Produção de História Ilustrada Apresentação de História Ilustrada
Apresentação de História Ilustrada Momento alunos
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ANEXO 2 - Entrevista com a Coordenação de Ensino do Núcleo da
SEE/Xapuri
1. Quantos profissionais são formados na área de artes e atuam nas escolas
estaduais de Xapuri?
Na verdade, não temos profissionais na educação, formados na área de artes em
Xapuri. Temos 5 professoras, sendo 4 formadas em Pedagogia e 1 formada em
Educação Física, que trabalham com a disciplina de Artes nas escolas da rede
estadual de ensino de 6º ao 9º ano e ensino médio.
2. Onde esses profissionais estão lotados?
Além dos professores do 1º ao 5º ano que atuam nas séries iniciais com todas as
disciplinas, os demais professores estão lotados nas escolas Anthero Soares Bezerra
(6º ao 9º ano) e Divina Providência (6º ao 9º ano e ensino médio).
3. Existe formação continuada para eles? Se não, por quê?
Sim, a Secretaria de Estado de Educação do Acre, realiza a cada ano, formações,
visando o aperfeiçoamento da prática pedagógica dos professores. Esse ano, por
exemplo, a secretaria realizou duas formações continuadas com os professores com o
tema: Favorecendo a Aprendizagem em todas as disciplinas.
4. O ensino de artes pode ser prejudicado pela falta de formação específica desses
professores?
O profissional da educação não habilitado na área especifica de ensino, não terá
facilidade para trabalhar todas as capacidades e conteúdos básicos da disciplina igual
ao profissional da área. Entretanto, se o professor elaborar seu planejamento com base
nos referenciais curriculares nacionais, adequando os conhecimentos à realidade de
cada estado, e participando das capacitações pedagógicas, por área especifica, ele
terá condições de desenvolver diversas estratégias de ensino que proporcione a
aprendizagem dos educandos.
5. Qual a principal função da arte na escola?
Além de expressar sentimento e possibilitar a interação cultural entre os alunos, a arte
na escola faz com que o aluno se torne na sociedade, um ser criativo, que pensa, que
age, expressando todos esses aspectos por meio das palavras e de outras linguagens
como as artes visuais, da dança, música e teatro.
Xapuri – Acre, 21 de Outubro de 2011.
Prof. Francisco Ramos de Melo.
Coord. de Ensino do Núcleo de Educação da SEE em xapuri