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DE PERI A MUNDURUKU: A INSERÇÃO
DO INDÍGENA NO CONTEXTO
LITERÁRIO BRASILEIRO
                                           Érica Fernandes Costa Duarte¹

RESUMO
O nativo brasileiro, após anos seguidos de humilhação e
barbaridades, vem, aos poucos, sendo reconhecido como
produtor de uma cultura única, bela e genuinamente brasileira.
Tendo como ponto de partida a Constituição de 1988, que
garantiu direitos mínimos de cidadania aos povos indígenas, um
processo de resgate cultural pôde ser iniciado, abrindo caminho
para a produção de um material direcionado de
autolegitimação. A literatura de autoria indígena vem marcando
presença de forma eficiente na reconquista de um espaço
outrora perdido, servindo como porta-voz desse grupo
excluído, exterminado, minoritário. Cercado por beleza e
ludismo, o discurso literário produzido pelo nativo brasileiro
tem caráter emocional, filosófico e, acima de tudo, político.
Palavras-chave: Grupos Minoritários. Literatura Indígena.
Autolegitimação.

ABSTRACT
The Brazilian native, after years and years of humiliation and
atrocities, has being slowly recognized as producing an unique,
beautiful, and authentic Brazilian culture. A truly cultural revival
could be done, from the 1988 Brazilian Constitution, opening
ways for a self identity material production. The native literature
is nowdays reconquering its space, speaking by this minority
group. Rounded by beauty and joy, the indigenous literary work
has a deeply emotional, philosophical and political meaning.
Key words: Minority groups. Indigenous literature. Self identity.

INTRODUÇÃO

           O nativo brasileiro vem sendo, desde 1500,

Mestranda em Letras pelo CES/JF. Artigo escrito sob orientação da Profª Drª Nícea
                                                                                       77
Helena de Almeida Nogueira.

                                                                   Juiz de Fora 2006
desconsiderado e maltratado, sofrendo preconceitos
           que tiveram origem com os colonizadores portugueses e foi
           continuado pelos que destes descenderam, ou seja, a maior
           parte da população brasileira. Pela ação direta ou indireta do
           homem branco, que perseguiu, escravizou e transmitiu todo
           tipo de doenças e males, o índio brasileiro acabou se tornando
           um grupo minoritário.
                     Nações indígenas numerosas foram dizimadas ao
           longo dos anos, línguas e culturas próprias de cada tribo foram
           se apagando, morrendo junto com os nativos. O grito de socorro
           do indígena não era ouvido ou, simplesmente, era ignorado.
           Esses povos, verdadeiros fundadores de uma cultura
           genuinamente brasileira, eram levados, pelo descaso e pelo
           preconceito, a ter vergonha de ser índio, renegando sua própria
           condição.
                     Com a Constituição de 1988, o indígena finalmente
           começou a ser valorizado, sua língua foi reconhecida e, a partir
           dessa data, foi garantido o direito de a criança indígena ser
           alfabetizada dentro de sua própria tradição lingüística.
           Monitores bilíngües e os próprios índios passaram então a
           trabalhar em prol de uma nova visão da educação indígena.
                     Com essa nova proposta para a educação indígena, a
           necessidade de material didático direcionado virou uma
           realidade, criando, desta forma, a necessidade de se escrever o
           que até então só era contado. Deste fato, começaram a surgir os
           primeiros livros indígenas, feitos por índios para índios.
                     Juntamente com as cartilhas bilíngües usadas na
           alfabetização das crianças indígenas, começou a ser escrito e
           publicado outro tipo de material literário indígena, voltado para
           a literatura infantil ou adulta. Pouco a pouco, esse material vem
           mostrando sua beleza e qualidade e vem disputando espaço nas
           livrarias com o literário tradicional, fato considerado impossível
           há até bem pouco tempo atrás.
                     Nomes de indígenas importantes, como os de Daniel
           Munduruku e Eliane Potiguara, dentre outros, têm levado a
           história de seus povos pelo Brasil e exterior, numa tentativa de
           resgate das suas tradições, bem como uma homenagem a esses
           que só sobreviveram por determinação e coragem.
78                   Este artigo tem por objetivo apresentar a literatura
           indígena e seus principais representantes. Dados históricos

     CES Revista
sobre o período do descobrimento e eventos atuais,
relacionados a mulheres indígenas de destaque, também serão
utilizados a fim de traçar um panorama sobre o mundo indígena
e sua contribuição para a Literatura e a Cultura brasileiras.

NA ERA DOS DESCOBRIMENTOS

          Cristóvão Colombo, ao sair da Espanha com destino às
Índias, acabou descobrindo a América e chamou de índios os
que nesta terra habitavam, por acreditar que havia chegado ao
seu destino pretendido.
          De acordo com a maioria dos livros didáticos de
História, o Brasil foi descoberto em 22 de abril de 1500 pelo
almirante português Pedro Álvares Cabral, não se levando em
conta o fato de que os nativos já vinham habitando aquela
região há cerca de quinhentos anos.
          A terra onde aportaram as naus européias era chamada
de Pindorama (DEMARQUET, 1986, p.37) por seus habitantes.
Muitos eram esses povos no século XVI. Os Tupi-guaranis (cerca
de 85 mil) ocupavam quase todo o litoral do Brasil. Os
Tupinambás (que somariam por volta de 100 mil), ocupavam
desde a margem direita do São Francisco até o Recôncavo
Baiano.
          Além destas tribos mais numerosas, pode-se citar
também outras de grande importância na formação do povo
brasileiro: Potiguar, Tremembé, Tabajar, Kaeté (os deglutidores
do Bispo Sardinha), Tupinambá, Aimoré, Tupiniquim,
Temiminó, Goitacá, Tamoio e Carijó (BUENO, 2003, p.19).
          Neste período, os que aqui habitavam foram chamados
de negros, por não serem brancos como os europeus e por
lembrarem os africanos. Na Bahia, onde foram escravizados ou
aliciados para que fizessem a retirada do pau-brasil, ficaram
conhecidos como brasis ou brasilienses (JECUPÉ, 2000, p.15).
          Com o passar do tempo, apesar de apresentarem
diferentes línguas, costumes, aparência e tradições, o termo
“índio” passou a ser usado de forma generalizada, para nomear
todos os nativos e até hoje nivela e iguala em uma única
categoria dezenas de povos distintos.
          O nativo, no início da colonização, seduzido por             79
espelhos e contas, exerceu o papel de colaborador do

                                                   Juiz de Fora 2006
português, ajudando-o a fixar residência e a se adaptar
           ao novo ambiente. Aprender o tupi foi uma maneira eficaz de
           aproximação. A aprendizagem da língua pelos colonizadores
           não representava uma aceitação da mesma, pelo contrário, foi
           falando tupi que os jesuítas começaram o processo de
           catequização dos índios. Com inigualável preparo intelectual,
           os jesuítas aprenderam rapidamente a nova língua e deram a
           ela, de forma eficaz, uma estrutura gramatical, passando a
           ensiná-la a todos os índios. Dessa forma, surgiu em pouco
           tempo uma língua geral que substituiu os modos particulares de
           fala de muitas tribos, o que facilitou a conversão dos nativos ao
           catolicismo e a sua descaracterização enquanto grupos
           diferenciados.
                    Os nativos, encarados pelos portugueses com desprezo
           e preconceito, considerados como povos inferiores, eram
           levados a crer pelos missionários que somente se deixassem de
           lado seus hábitos e costumes tradicionais atingiriam a condição
           de homem. Após a desestruturação das suas tribos e respectivas
           culturas, o nativo oferecia menos resistência, servindo como
           mão-de-obra na extração do pau-brasil.

           GRUPO MINORITÁRIO: EXCLUSÃO E PRECONCEITO

                     O Brasil possui dimensões continentais. Sua superfície
           mede, aproximadamente, 8.500.000 km. Banhado pela maior
           bacia hidrográfica do mundo, a amazônica, o país apresenta
           uma pluralidade no que se refere a seu povo e, por conseguinte,
           sua cultura. Essas diferenças deveriam ser respeitadas e
           principalmente valorizadas, já que, ao procurar-se o verdadeiro
           significado do que seja o homem brasileiro, encontrar-se-á um
           tipo mesclado, não genérico, de conceituação complexa e
           difícil.
                     A cultura no Brasil não pode ser encarada, portanto, de
           maneira linear e uniforme, pois o meio ambiente e os seus
           recursos (incluindo qualidade de vida) facilitam ou dificultam a
           sobrevivência do ser humano e essas experiências podem
           influenciar, de maneira direta ou indireta, a produção cultural
           dos mesmos. Dessa forma, no Brasil, não se pode falar em
80         uniformidade cultural e, sim, em valorização da multiplicidade
           cultural (CASCUDO, 1967, p.10).

     CES Revista
O colonizador, ao chegar ao Brasil, olhou o nativo que
aqui vivia com o mesmo preconceito com que encarava o negro.
Para eles, o nativo era um selvagem e, como tal, precisava ser
domado. Seus costumes, língua e religião foram desprezados, já
que, para o europeu, o que de útil poderia apresentar um povo
tão “inferior” como eram os primeiros habitantes do Brasil?
          Por conta de um preconceito arraigado, o negro e o
índio foram, por anos a fio, encarados como não civilizados,
incapazes de produzir algo realmente importante, de valor
cultural reconhecido. O estigma de inferioridade que
acompanha os descendentes desses grupos desde os primórdios
permanece até hoje, renegando todo um processo de formação
cultural brasileira.
          Além desses dois grupos já mencionados, a mulher e o
homossexual também foram vitimados ao longo dos anos por
fugirem a um padrão considerado ideal pela sociedade. A
mulher era vista como utensílio doméstico, só preparada para os
cuidados da casa e dos filhos (GATAI, 1995, p.13), incapacitada
para quaisquer outras funções que não fossem estas.
          O homossexual, por sua vez, era considerado um
desvio da natureza, portador de alguma doença mental que o
fazia agir de uma maneira fora dos padrões sociais considerados
convencionais. Exposto de modo vexatório, sendo perseguido,
julgado e condenado por não se adequar a um comportamento
imposto por uma sociedade conservadora, o homossexual
jamais poderia ser aceito como produtor de cultura.
          Esses grupos reduzidos, perseguidos e marcados por
estereótipos, acabaram encontrando na literatura um caminho
que serviu tanto como veículo de valorização cultural, como
também de porta-voz de denúncias raciais e preconceito. A obra
literária produzida por eles tem a intenção, portanto, de trazer
um retrato fiel do que vem a ser a sua cultura, proporcionando
ao leitor um exercício de reflexão sobre identidades culturais e
raciais e permitindo que seus acervos histórico-culturais sejam
conhecidos, mantidos e, principalmente, valorizados.
          Os grupos minoritários encontraram na literatura um
campo fecundo onde puderam assumir e defender suas
diferenças culturais. Ter direito à voz própria, desfrutar da sua
própria cultura, praticar sua própria religião e usar sua própria       81
língua são direitos defendidos por tratados internacionais,

                                                    Juiz de Fora 2006
porém pouco reconhecidos e, muito menos, exercidos
           plenamente.
                   Apesar da evolução cultural em que o mundo se
           encontra, muitos críticos não levam em consideração a
           qualidade cultural dos trabalhos produzidos por esses grupos,
           simplesmente porque fogem do que é considerado tradicional.
           No caso da literatura indígena em particular, o material
           produzido chega até mesmo a ser encarado como subliteratura
           (SOUZA, 2001, p.69), oriunda do popularesco e destinada
           somente a ele.

           LITERATURA INDÍGENA

                             Segundo Jecupé (2000, p.20) antes de existir a
                        palavra índio para designar todas as nações indígenas, já
                        existia o espírito índio espalhado em centenas de tons.
                        Os tons foram se dividindo por afinidades, formando
                        clãs, que formaram tribos, aldeias, e constituíram
                        nações. De modo que o índio é uma qualidade de
                        espírito posta em uma harmonia de forma.

                     Estudos a respeito da população indígena apontam
           para, aproximadamente, 206 povos nativos no Brasil, cada qual
           com seus costumes e língua própria. É possível, segundo os
           antropólogos que realizaram esses estudos, que alguns deles
           jamais tenham se encontrado.
                     A tradição oral indígena foi, desde 1500,
           desconsiderada e inutilizada. O povo que já habitava o Brasil
           antes de Pedro Álvares Cabral possuía uma arte verbal muito
           rica e diversificada, denominada poemúsica. Nessa perspectiva,
           portanto, a “poesia dos índios” seria o início da criação textual
           em nossos trópicos (RISÉRIO, 1993, p.50).
                     É provável que essa desconsideração européia para
           com a cultura ágrafa indígena, não permitindo que já naquela
           época os textos indígenas fossem codificados para a linguagem
           escrita, tenha dado início ao preconceito até hoje arrastado pela
           literatura produzida por esse grupo, ainda considerada por
           muitos críticos como inferior, ou até mesmo inexistente.
                     Dentro do Cânone literário, podem-se citar dois
82         movimentos que trouxeram a presença do índio de forma


     CES Revista
bastante diferente. O romantismo de José de Alencar
trouxe a figura do índio idealizado, o mito do bom selvagem,
personificado na figura do índio Peri (COUTINHO, 2001, p. 40).
Já o índio Macunaíma, criado por Mário de Andrade no
Modernismo, era um “herói sem nenhum caráter” (ANDRADE,
2000), registrando uma possível identidade do povo brasileiro,
uma mistura de vários povos, como numa colagem cubista.
          Com o Manifesto Antropofágico e o Manifesto da
Poesia Pau-Brasil, Mário e Oswald de Andrade, aliados aos
participantes da Semana de 22, convocaram o Brasil a
reconhecer seus símbolos locais e a ouvir novos ritmos e sons.
Pode-se considerar este movimento como um início da ruptura
com o nosso passado literário, que só valorizava o que era
estrangeiro.
             Somente com a Constituição de 1988, as línguas
nativas foram reconhecidas oficialmente, abrindo espaço para a
educação bilíngüe no Brasil, o que permitiu o estudo da cultura
indígena em seu próprio habitat, isto é, dentro das escolas
localizadas em meio às tribos. Até essa data as mesmas eram
obrigadas a seguir o currículo nacional brasileiro de educação,
fato que em muito contribuía para a desestabilização da cultura
e da auto-estima desses grupos.
          O aspecto lingüístico, bastante complexo e variado,
passou a ser encarado como representação própria de cada tribo
indígena. O ensino passou então a ser feito, levando-se em
consideração essas realidades únicas e suas heranças culturais,
dando início a um processo de resgate histórico. A constituição
representa, portanto, o grande marco no que se refere à
retomada dos valores indígenas, tão subestimados e esquecidos.
           Com essa nova visão da educação indígena, os nativos
puderam participar da elaboração dos planos e programas
educacionais voltados para a sua tribo, e melhor que isso,
puderam transmitir, oralmente ou por escrito, suas lendas e
mitos, bem como desenhar ilustrações para seus livros. O papel
do idoso se mostrou fundamental no processo de narração das
histórias. Esses povos possuem uma forte tradição oral e é tarefa
do homem mais velho da comunidade contar aos mais novos as
histórias que foram contadas a ele por seus antepassados e que
devem permanecer vivas na voz de seus sucessores. Percebe-se             83
nesse fato uma grande contradição entre o nativo e o branco.

                                                     Juiz de Fora 2006
Enquanto aquele, considerado inferior sabe
           reconhecer a importância do idoso, o homem dito civilizado,
           que se considera superior, renega e abandona o mais velho, por
           acreditar na falta de capacidade do mesmo.
                    Os monitores bilíngües passaram então a representar
           um papel de fundamental importância no trabalho com o povo
           indígena. Não bastando apenas dominar uma técnica de ensino
           especial, o monitor bilíngüe passou a patrocinar uma nova
           forma de educação, com a intenção de levar a criança índia a
           crescer sob uma consciência crítica da importância de seu povo
           no panorama nacional (SANTOS; WIELEWICKI, 2005, p.285).
           Essa nova forma de encarar a educação indígena permitiu que
           as crianças pudessem aprender a ler em sua própria língua,
           tendo o português como uma segunda língua, preparando-a
           para o futuro, porém, sem negligenciar seu passado.

           PRINCIPAIS REPRESENTANTES

                     O ensino das crianças indígenas, baseado em suas
           próprias leis, costumes e cultura, gerou um movimento em prol
           da criação de livros que atendessem ao principal objetivo desta
           nova visão da educação: livros escritos pelos próprios nativos e
           que abordassem fatos de sua realidade, bem como marcos
           importantes de seu passado. Esse material oriundo das
           representações indígenas vem de forma tímida ocupando as
           prateleiras das livrarias e conquistando, aos poucos, um público
           sensível, que encara a literatura indígena como especial,
           despindo-se de qualquer preconceito para apreciá-la e
           entender a importância cultural e social da mesma. O leitor
           desse material é brindado com histórias seculares, recheadas de
           lirismo e beleza.
                     Dentre os escritores indígenas que vêm surgindo no
           panorama atual, citar-se-ão, nesse artigo, alguns que, por
           estarem mais presentes na mídia, representam a produção
           literária indígena como um todo, vencendo preconceitos e
           conquistando espaços.
                     O escritor Daniel Munduruku nasceu no Pará e é índio
           da nação Munduruku. É formado em Filosofia pelas Faculdades
84         Salesianas de Lorena, licenciado em História e Psicologia e
           mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal de

     CES Revista
São Paulo. Preside o Instituto Indígena para
Propriedade Intelectual (INBRAPI) e participa ativamente de
atividades ligadas à defesa das causas e das tradições indígenas.
          Munduruku é autor de livros como História de índio
(1996), obra dividida em três partes que traz crônicas,
depoimentos, informações sobre povos indígenas, além de um
glossário da língua munduruku; Kabá darebü (2002),
direcionado a crianças em início de alfabetização, trata sobre as
possibilidades do conhecer de uma criança nativa criada dentro
de sua cultura e O segredo da chuva (2003), uma narrativa que
em muito lembra os mitos indígenas, tendo como personagem
principal o menino Lua, cuja missão é defender a aldeia e a
floresta, contando com a ajuda de um macaco, uma onça e uma
capivara.
          Daniel Munduruku foi o primeiro autor brasileiro a
receber a menção honrosa da Unesco de literatura infanto-
juvenil sobre tolerância entre os povos por seu livro Meu avô
Apolinário. Um mergulho no rio da (minha) memória (1996).
Este é um livro de caráter memorialístico, que aborda a cultura
munduruku a partir da narrativa de Apolinário, avô do autor.

                  Segundo Munduruku (2006) [...] histórias moram
              dentro da gente, lá no fundo do coração. Elas ficam
              quietinhas num canto. Parecem um pouco com a areia
              no fundo do rio: estão lá, bem tranqüilas, e só deixam
              sua tranqüilidade quando alguém as revolve. Aí elas se
              mostram [...].

         Kaká Werá Jecupé é filho de pais tapuias, ou
txucarramães. Nasceu em Parelheiros, na periferia de São Paulo,
onde ainda sobrevive um agrupamento de índios e se
transformou num educador, com a intenção de difundir valores
universais da cultura indígena, como o respeito ao próximo, à
natureza e ao conhecimento dos antigos. (DIMENSTEIN, 2003).
         Jecupé publicou seu primeiro livro Oré awé roiru´a
ma no ano de 1994. Esta obra narra a história de um jovem
índio que presencia o crescimento desenfreado da cidade de
São Paulo e a ameaça que este progresso representa para uma
tribo Guarani vizinha a sua casa, abordando fatos relacionados à
interferência nos costumes e na qualidade de vida daquela
                                                                           85
                                                       Juiz de Fora 2006
comunidade.
                     No ano de 1996, o escritor pronunciou-se sobre a
           religiosidade indígena em Oxford (Inglaterra) e, em 1997, a
           convite da Universidade de Stanford (Estados Unidos),
           discursou sobre a religiosidade ancestral indígena, em um
           encontro inter-religioso que reuniu cerca de duzentos líderes de
           todo o mundo.
                     Além da obra acima citada, o autor publicou também
           Tupã Tenonde (2000), onde revela os ensinamentos secretos da
           nação Guarani, antes só divulgados aos pajés, numa tentativa de
           valorização da diversidade cultural brasileira e A Terra dos Mil
           Povos (2004), obra biográfica onde o autor relembra os valores
           indígenas contados pelos ancestrais de sua tribo, ressaltando a
           importância de se preservar o espírito.

                            Segundo Jecupé (2002, p.12) [...] Há tribos que
                         começam a sua história desde quando o clã eram seres
                         do espírito das águas. Outras trazem a sua memória
                         animal como início da história, assim como há aquelas
                         que iniciam a sua história a partir da árvore que foram.

                     Yaguarê Yamã é um índio pesquisador que nasceu na
           selva amazônica. Ele pertence ao povo Saterê Mawé que vive
           na área indígena Andirá-Maráw, na fronteira entre os estados do
           Amazonas e do Pará, numa região de floresta.
                      Yamã é professor, palestrante de temática indígena
           pelo Brasil e escritor de vários livros, como Sehay ka´at haría: O
           caçador de histórias (2004), obra que resgata a memória
           cultural mawé através de relatos da infância do escritor;
           Urutópiag: a religião dos pajés e dos espíritos da selva
           (2004), que traz um relato do autor a respeito dos preceitos e
           conhecimentos de uma tradicional religião indígena; Puratig:
           O remo sagrado (2005), livro composto por oito contos, sendo
           que um deles trata do mito do guaraná, pertencente às tradições
           dos Saterê Mawé, conhecidos como o “povo do guaraná”.
           Sobre esta última obra, o autor comentou que via no livro a
           esperança de difusão da memória ancestral de seu povo
           (YAGUARÊ, 2006).
86                   Olívio Jecupé é índio da nação guarani. Publicou oito
           livros, dentre os quais se pode destacar: Iarandu: o cão Falante


     CES Revista
(2002) onde figuram como personagens principais um
curumin e seu cão falante; Xerekó Arandu, a morte de kretã
(2002), narrativa sobre um nativo conhecido por sua
determinação no que se referia à defesa dos direitos de seu povo
e Verá: O contador de histórias (2005) que traz como narrador
um indiozinho Guarani contador de histórias repletas de
fantasia e imaginação.
          Em um texto intitulado “Os velhos são nossos mestres”,
publicado na Bay-Universidade Indígena, Jecupé também
chama a atenção sobre a importância dos idosos na transmissão
da cultura indígena, referindo-se aos idosos como os grandes
responsáveis pela transmissão, manutenção e imortalidade das
histórias de seus povos.
          Eliane Potiguara é uma escritora indígena da nação
Potiguar, formada em Letras (Português-Literatura) e licenciada
em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ). É Conselheira do Instituto Indígena de Propriedade
Intelectual (INBRAPI), Coordenadora da Rede de Escritores
Indígenas na Internet e também de um grupo voltado para a
informação das nativas (GRUMIN) que moram tanto nas aldeias
quanto nas cidades.
           Pela criação deste último, por ter trabalhado pela
educação e integração da mulher indígena no processo social,
político e econômico do país, bem como na elaboração da
Constituição Brasileira, Eliane foi nomeada uma das “Dez
Mulheres do Ano de 1988”, pelo Conselho das Mulheres do
Brasil. Em 1992, foi Co-Fundadora/Pensadora do Comitê Inter-
Tribal 500 Anos (kari-oka), por ocasião da Conferência Mundial
da ONU sobre Meio-Ambiente, junto com Marcos Terena,
Idjarruri Karajá e muitos outros líderes indígenas do país, além
de ter participado de dezenas de assembléias indígenas em todo
o país.
          Ainda no final de 1992, por seu espírito de luta,
traduzido em seu livro A terra é a mãe do índio (1989), foi
premiada pelo Pen Club da Inglaterra, ao mesmo tempo em que
estava sendo citada na lista dos “Marcados para Morrer”,
anunciados no Jornal Nacional (Rede Globo de Televisão) para
todo o Brasil, por ter denunciado esquemas duvidosos e
violação dos direitos humanos e indígenas.                             87
          Eliane já participou de, aproximadamente, 56 fóruns

                                                   Juiz de Fora 2006
internacionais e mais de 100 nacionais sobre direitos
           humanos, além de ter feito parte do Comitê Consultivo do
           Projeto Mulher, 500 anos atrás dos panos, que culminou no
           “Dicionário Mulheres do Brasil” (2000), e da elaboração da
           “Declaração Universal dos Direitos Indígenas”, na ONU, em
           Genebra. Por seu empenho, recebeu em 1996 o título de
           “Cidadania Internacional”, concedido pela doutrina religiosa
           “Baha´i”, entidade que trabalha pela implantação da Paz
           Mundial.
                     Além de A terra é a mãe do índio, a escritora publicou
           outras obras, como Akajutibiró: terra do índio potiguara
           (1994), livro apoiado pela Unesco que serve como uma cartilha
           no processo de alfabetização de crianças e adultos e Metade
           cara, metade máscara (2005). Essa última obra é um romance
           que narra a história de amor de um casal indígena, que ao se
           separar na época da colonização brasileira e viajar por cinco
           séculos em busca um do outro, conhecem todas as Américas e
           suas histórias. Além da história de amor, o livro trata também de
           relações humanas, paz, identidade, história de vida, mulher,
           ancestralidade, família e a luta do movimento indígena,
           inclusive internacional.
                     Essa escritora é um exemplo de força, garra e
           determinação já que enfrenta preconceitos duplos, por ser
           mulher e índia e conhece de perto todos os preconceitos
           gerados a partir dessas condições. Por esses motivos, a mulher
           indígena é retratada de forma especial nessa última obra citada.
           A autora fala sobre o papel fundamental destas mulheres no
           contexto cultural e da sua real contribuição na sociedade
           brasileira. Ela se faz porta-voz das dores destas mulheres
           (inclusive dela própria) e de seus desejos mais íntimos:

                         [...] Sou uma mulher de fibra, porque eu me reconstruí
                         por mim mesma, depois de dançar desvairadamente na
                         vida com meu iludido sapatinho vermelho. Quase
                         perdi os meus pés, as ervas daninhas enrolaram neles
                         pra que nunca mais caminhasse pelas estradas do saber,
                         da consciência e do mais alto grau da espiritualidade
                         indígena, mas pude dominá-los e arrancar esses
                         malditos sapatinhos vermelhos das chamadas
88                       “MULHERES E MÃES BOAS DEMAIS"!!!!!!
                         [...](POTIGUARA, 2005, p. 86).

     CES Revista
militante política altamente engajada em prol dos
direitos humanos que envolvem a causa dos povos indígenas e
representante literária mais árdua de sua classe, pode ser
considerada como o maior nome feminino envolvido nesse
processo.
         A escrita indígena conta ainda com uma contribuição
infantil de grande importância. A curumin Kerexu Mirim
publicou, aos nove anos, seu primeiro livro, intitulado A índia
voadora (2003) onde ela narra, em uma história bilíngüe, a
realização de seu grande sonho: andar de avião. A menina, cujo
nome significa “flor pequena” em Guarani, é filha do escritor
Olívio Jecupé e vem aprendendo com o pai a importância de se
valorizar suas tradições e seu povo. A produção literária de uma
criança nativa serve como resposta no que se relaciona à
validade e à importância do resgate cultural que vem sendo feito
junto aos povos indígenas.

GRANDES MULHERES INDÍGENAS

         Além de Eliane Potiguara, outras mulheres indígenas
vêm se destacando em áreas diversas, trabalhando em prol de
um reconhecimento cultural de seus povos, na tentativa de
combater e, quem sabe, num futuro próximo, exterminar o
preconceito existente contra as populações indígenas.
         Joênia Batista de Carvalho Wapichana é assessora
jurídica do Conselho Indigenista de Roraima (CIR) e uma das
principais lideranças na defesa dos direitos territoriais dos povos
indígenas da região de Roraima. Por sua atuação em defesa de
vítimas de tortura, discriminação racial e ameaça de morte,
Joênia foi uma das finalistas do prêmio Cláudia 2004, entregue
em São Paulo, na categoria Trabalho Social (ISA, 2004).
         A índia Karipuna Vitória Santos dos Santos, da Aldeia
Santa Isabel, município de Oiapoque-Amapá, foi empossada
em agosto de 2005 como a nova titular da Secretaria
Extraordinária dos Povos Indígenas de seu estado. A escolha de
seu nome para assumir o posto foi indicação dos próprios povos
indígenas da região. Ela é a segunda indígena no Brasil a assumir
tal cargo. O primeiro foi Francisco da Silva Pinhatã, da etnia
Ashaninka (PORTAL AMAZÔNIA, 2005).                                        89
          A nativa pernambucana Maria das Dores Pankararu il

                                                      Juiz de Fora 2006
defendeu, em abril de 2006, em Alagoas, sua tese de
           Doutorado em Lingüística. A FUNAI (Fundação Nacional do
           Índio) não tem registro de outro índio que tenha chegado ao
           mais alto grau acadêmico do país.
                    Durante seu doutorado, Maria pesquisou a língua
           indígena Ofayé, atualmente falada somente por 11 pessoas de
           uma comunidade localizada em Brasilândia (Mato Grosso do
           Sul), portanto, em risco de extinção. O trabalho da
           pesquisadora, em parceria com a professora ofayé Marilda de
           Souza, consistiu na execução de uma cartilha destinada a
           ensinar o idioma para as crianças da comunidade e criar uma
           correlação entre as línguas oral e escrita, de modo a facilitar o
           aprendizado (BERNSTEIN, 2006).
                    O nome de Joicelene Cruz Mandulão apareceu no
           topo da lista de aprovados do primeiro vestibular de graduação
           específico para indígenas do Brasil em 2006. Ela é da etnia
           Macuxi, de Roraima e foi aprovada junto com mais nove
           pessoas para cursar medicina na Universidade de Brasília (UnB).
           (COELHO, 2006).

           ORGANIZAÇÕES EM PROL DA CULTURA INDÍGENA

                     A população indígena brasileira vem se mobilizando
           para propagar sua cultura e, dessa forma, preservá-la.
           Representados por índios que saíram de suas comunidades em
           busca de estudo, de oportunidade de falar de seu povo, ou
           amparados por instituições de ensino de vanguarda, muitos
           grupos têm surgido, focados unicamente na defesa dos
           interesses indígenas.
                     O INBRAPI é o Instituto Indígena Brasileiro para a
           Propriedade Intelectual. É uma organização não-
           governamental sem fins lucrativos. Dentre seus principais
           objetivos, pode-se destacar: promover a defesa de bens e
           direitos sociais, coletivos e difusos, relativos ao meio ambiente e
           ao patrimônio intelectual dos povos indígenas; realizar e
           divulgar pesquisas, estudos, organizar documentos referentes
           ao tema da propriedade intelectual etc...
                     O Instituto Arapoty foi fundado por Kaka Werá Jecupê
90         em 1994. “Arapoty ” significa “renascimento” ou
           “reflorescimento”, em guarani. O Instituto Arapoty dedica-se à

     CES Revista
divulgação dos valores culturais e éticos dos povos
ancestrais do Brasil, à criação de condições de subsistência e
geração de renda, além de realizar ações educativas e
ecológicas.
          O GRUMIN foi criado em 1987 e promove o acesso de
nativos e suas organizações a informações preciosas para eles,
influenciando-os na formação de opiniões, além de desenvolver
consciências críticas, mobilizando indivíduos e organizações ao
“empoderamento”, buscando o exercício dos direitos humanos
para o desenvolvimento sócio-político-econômico do presente
e do futuro de suas tradições e culturas. (GRUMIN, 2006).
          Esta organizaçao posssui uma comunidade on line no
Orkut, que conta com 1.049 membros, e um grupo de discussão
na Internet (Yahoo grupos), composta por 341 membros. Ambos
são liderados por Eliane Potiguara. De uma parceria entre o
GRUMIN e o NEI (Núcleo de Escritores Indígenas do INBRAPI)
será lançado o primeiro e-book (livro eletrônico) indígena na
Internet. Participam da coletânea que compõe o livro diversos
escritores e autores indígenas.
          A Bay - Universidade Indígena é um dos projetos
desenvolvidos pela Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) que tem como objetivos estabelecer contatos de
respeito e conhecimento entre a populações indígenas e as
outras culturas e favorecer o entrosamento das mesmas, através
de um dialogo intercultural, que engrandeça todos os
envolvidos, tanto no campo educacional quanto no das relações
antropológicas.
          No dia 04 de junho de 2004, a UFMG lançou a e-BAY,
revista indígena eletrônica criada para divulgar a educação
indígena. Esse primeiro exemplar é fruto do trabalho de uma
equipe de 80 pessoas da Universidade e de 110 índios de todas
as etnias de Minas Gerais e contém trabalhos produzidos por
representantes dos povos indígenas, que passaram por oficinas
de literatura, gravura, música, antropologia, além de reflexões
teóricas junto aos pesquisadores da Universidade. As oficinas
foram oferecidas pela UFMG em 2002. (OLIVEIRA, 2005).
          A UFMG coordena também a produção e a edição de
livros indígenas, em parceria com o projeto Brasil Alfabetizado,
do Ministério da Educação (MEC), além de promover                       91
seminários e debates sobre a realidade da educação e da

                                                    Juiz de Fora 2006
Em setembro de 2005, foi aprovada a licenciatura para
           professores indígenas na UFMG. Esses professores poderão
           ingressar na Instituição no “Curso de Formação Intercultural de
           Professores”, licenciatura especial que atende aos educadores
           que já atuem em suas comunidades indígenas.

           CONCLUSÃO

                     Conforme descrito ao longo deste artigo, a população
           indígena brasileira foi desde a conquista européia sendo
           exterminada não só fisicamente, mas também em sua moral e
           sua cultura.
                     O indígena, primeiro desbravador das terras brasileiras,
           foi, ao longo de nossa história, tratado como escravo, tachado
           de preguiçoso e ignorante. Seus costumes foram interpretados
           de forma desrespeitosa e irônica e somente seria salvo pelo
           Deus do branco colonizador se renunciasse a seus costumes e
           entregasse sua alma à catequese, ato que o transformaria no
           “bom selvagem”. (BOSI, 1994, p.91).
                     Essas populações tão massacradas e esquecidas
           conseguiram manter suas histórias vivas através do relato oral
           dos anciãos das tribos, que as transmitiam de geração em
           geração, possibilitando o trabalho de resgate cultural e
           memorialístico que hoje vem sendo feito.
                     Com a pós-modernidade, o indivíduo passou a não ter
           certeza de nada e a se questionar quanto à qualidade e à eleição
           dos cânones literários, considerados verdade absoluta em
           termos de Literatura até então. Essa nova visão do indivíduo
           pós-moderno deu abertura para que novos grupos fora do
           Cânone literário se manifestassem. Pelo espaço aberto pelo pós-
           moderno no mundo contemporâneo adentraram os grupos
           minoritários, sua visão de mundo e suas experiências relatadas
           através de sua literatura. O pós-modernismo permite uma
           fragmentação da realidade, uma mistura de estilos, uma
           ruptura.
                     A literatura indígena, antes excluída e até mesmo
           desacreditada, passou a ter espaço, embora pequeno se
           relacionado a sua qualidade, nas prateleiras de algumas livrarias
92         pelo país. Pouco a pouco, seus autores vêm conquistando
           leitores e prêmios (até mesmo no exterior), derrubando mitos e

     CES Revista
ocupando lugares de destaque. Nomes como o de
Daniel Manduruku e de Eliane Potiguara, dentre outros,
representam pelo mundo a beleza do relato indígena.
         O reconhecimento da importância do nativo pela
população mundial e pela brasileira, em especial, é um início
importante no que se refere à valorização do lastro cultural
desses povos tão singulares. A produção literária indígena, arte
genuinamente brasileira, emoldurada em beleza e lirismo,
ressurge, em meio às cinzas do preconceito, só que dessa vez
mais fortificada e guerreira, portanto, pronta para a batalha.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, Mário de. Macunaíma. São Paulo: Villa Rica,
2000.

BERNSTEIN. Tony. Maria das Dores Pankararu recebe o
primeiro título de doutor concedido a indígena. Disponível
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com.br/horizontais/noticias_cidadao/anteriores/anterior0014.htm
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Paulo: Cultrix, 1994.

BUENO, Eduardo. O Brasil indígena. In: ______. Brasil: uma
história. São Paulo: Ática, 2003.

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do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

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Brasil: cardápio Indígena, dieta africana, ementa portuguesa.
São Paulo: Nacional, 1967.

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                                                   Juiz de Fora 2006
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                                                                   95

                                               Juiz de Fora 2006

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A literatura indígena e sua luta pela representação cultural

  • 1. DE PERI A MUNDURUKU: A INSERÇÃO DO INDÍGENA NO CONTEXTO LITERÁRIO BRASILEIRO Érica Fernandes Costa Duarte¹ RESUMO O nativo brasileiro, após anos seguidos de humilhação e barbaridades, vem, aos poucos, sendo reconhecido como produtor de uma cultura única, bela e genuinamente brasileira. Tendo como ponto de partida a Constituição de 1988, que garantiu direitos mínimos de cidadania aos povos indígenas, um processo de resgate cultural pôde ser iniciado, abrindo caminho para a produção de um material direcionado de autolegitimação. A literatura de autoria indígena vem marcando presença de forma eficiente na reconquista de um espaço outrora perdido, servindo como porta-voz desse grupo excluído, exterminado, minoritário. Cercado por beleza e ludismo, o discurso literário produzido pelo nativo brasileiro tem caráter emocional, filosófico e, acima de tudo, político. Palavras-chave: Grupos Minoritários. Literatura Indígena. Autolegitimação. ABSTRACT The Brazilian native, after years and years of humiliation and atrocities, has being slowly recognized as producing an unique, beautiful, and authentic Brazilian culture. A truly cultural revival could be done, from the 1988 Brazilian Constitution, opening ways for a self identity material production. The native literature is nowdays reconquering its space, speaking by this minority group. Rounded by beauty and joy, the indigenous literary work has a deeply emotional, philosophical and political meaning. Key words: Minority groups. Indigenous literature. Self identity. INTRODUÇÃO O nativo brasileiro vem sendo, desde 1500, Mestranda em Letras pelo CES/JF. Artigo escrito sob orientação da Profª Drª Nícea 77 Helena de Almeida Nogueira. Juiz de Fora 2006
  • 2. desconsiderado e maltratado, sofrendo preconceitos que tiveram origem com os colonizadores portugueses e foi continuado pelos que destes descenderam, ou seja, a maior parte da população brasileira. Pela ação direta ou indireta do homem branco, que perseguiu, escravizou e transmitiu todo tipo de doenças e males, o índio brasileiro acabou se tornando um grupo minoritário. Nações indígenas numerosas foram dizimadas ao longo dos anos, línguas e culturas próprias de cada tribo foram se apagando, morrendo junto com os nativos. O grito de socorro do indígena não era ouvido ou, simplesmente, era ignorado. Esses povos, verdadeiros fundadores de uma cultura genuinamente brasileira, eram levados, pelo descaso e pelo preconceito, a ter vergonha de ser índio, renegando sua própria condição. Com a Constituição de 1988, o indígena finalmente começou a ser valorizado, sua língua foi reconhecida e, a partir dessa data, foi garantido o direito de a criança indígena ser alfabetizada dentro de sua própria tradição lingüística. Monitores bilíngües e os próprios índios passaram então a trabalhar em prol de uma nova visão da educação indígena. Com essa nova proposta para a educação indígena, a necessidade de material didático direcionado virou uma realidade, criando, desta forma, a necessidade de se escrever o que até então só era contado. Deste fato, começaram a surgir os primeiros livros indígenas, feitos por índios para índios. Juntamente com as cartilhas bilíngües usadas na alfabetização das crianças indígenas, começou a ser escrito e publicado outro tipo de material literário indígena, voltado para a literatura infantil ou adulta. Pouco a pouco, esse material vem mostrando sua beleza e qualidade e vem disputando espaço nas livrarias com o literário tradicional, fato considerado impossível há até bem pouco tempo atrás. Nomes de indígenas importantes, como os de Daniel Munduruku e Eliane Potiguara, dentre outros, têm levado a história de seus povos pelo Brasil e exterior, numa tentativa de resgate das suas tradições, bem como uma homenagem a esses que só sobreviveram por determinação e coragem. 78 Este artigo tem por objetivo apresentar a literatura indígena e seus principais representantes. Dados históricos CES Revista
  • 3. sobre o período do descobrimento e eventos atuais, relacionados a mulheres indígenas de destaque, também serão utilizados a fim de traçar um panorama sobre o mundo indígena e sua contribuição para a Literatura e a Cultura brasileiras. NA ERA DOS DESCOBRIMENTOS Cristóvão Colombo, ao sair da Espanha com destino às Índias, acabou descobrindo a América e chamou de índios os que nesta terra habitavam, por acreditar que havia chegado ao seu destino pretendido. De acordo com a maioria dos livros didáticos de História, o Brasil foi descoberto em 22 de abril de 1500 pelo almirante português Pedro Álvares Cabral, não se levando em conta o fato de que os nativos já vinham habitando aquela região há cerca de quinhentos anos. A terra onde aportaram as naus européias era chamada de Pindorama (DEMARQUET, 1986, p.37) por seus habitantes. Muitos eram esses povos no século XVI. Os Tupi-guaranis (cerca de 85 mil) ocupavam quase todo o litoral do Brasil. Os Tupinambás (que somariam por volta de 100 mil), ocupavam desde a margem direita do São Francisco até o Recôncavo Baiano. Além destas tribos mais numerosas, pode-se citar também outras de grande importância na formação do povo brasileiro: Potiguar, Tremembé, Tabajar, Kaeté (os deglutidores do Bispo Sardinha), Tupinambá, Aimoré, Tupiniquim, Temiminó, Goitacá, Tamoio e Carijó (BUENO, 2003, p.19). Neste período, os que aqui habitavam foram chamados de negros, por não serem brancos como os europeus e por lembrarem os africanos. Na Bahia, onde foram escravizados ou aliciados para que fizessem a retirada do pau-brasil, ficaram conhecidos como brasis ou brasilienses (JECUPÉ, 2000, p.15). Com o passar do tempo, apesar de apresentarem diferentes línguas, costumes, aparência e tradições, o termo “índio” passou a ser usado de forma generalizada, para nomear todos os nativos e até hoje nivela e iguala em uma única categoria dezenas de povos distintos. O nativo, no início da colonização, seduzido por 79 espelhos e contas, exerceu o papel de colaborador do Juiz de Fora 2006
  • 4. português, ajudando-o a fixar residência e a se adaptar ao novo ambiente. Aprender o tupi foi uma maneira eficaz de aproximação. A aprendizagem da língua pelos colonizadores não representava uma aceitação da mesma, pelo contrário, foi falando tupi que os jesuítas começaram o processo de catequização dos índios. Com inigualável preparo intelectual, os jesuítas aprenderam rapidamente a nova língua e deram a ela, de forma eficaz, uma estrutura gramatical, passando a ensiná-la a todos os índios. Dessa forma, surgiu em pouco tempo uma língua geral que substituiu os modos particulares de fala de muitas tribos, o que facilitou a conversão dos nativos ao catolicismo e a sua descaracterização enquanto grupos diferenciados. Os nativos, encarados pelos portugueses com desprezo e preconceito, considerados como povos inferiores, eram levados a crer pelos missionários que somente se deixassem de lado seus hábitos e costumes tradicionais atingiriam a condição de homem. Após a desestruturação das suas tribos e respectivas culturas, o nativo oferecia menos resistência, servindo como mão-de-obra na extração do pau-brasil. GRUPO MINORITÁRIO: EXCLUSÃO E PRECONCEITO O Brasil possui dimensões continentais. Sua superfície mede, aproximadamente, 8.500.000 km. Banhado pela maior bacia hidrográfica do mundo, a amazônica, o país apresenta uma pluralidade no que se refere a seu povo e, por conseguinte, sua cultura. Essas diferenças deveriam ser respeitadas e principalmente valorizadas, já que, ao procurar-se o verdadeiro significado do que seja o homem brasileiro, encontrar-se-á um tipo mesclado, não genérico, de conceituação complexa e difícil. A cultura no Brasil não pode ser encarada, portanto, de maneira linear e uniforme, pois o meio ambiente e os seus recursos (incluindo qualidade de vida) facilitam ou dificultam a sobrevivência do ser humano e essas experiências podem influenciar, de maneira direta ou indireta, a produção cultural dos mesmos. Dessa forma, no Brasil, não se pode falar em 80 uniformidade cultural e, sim, em valorização da multiplicidade cultural (CASCUDO, 1967, p.10). CES Revista
  • 5. O colonizador, ao chegar ao Brasil, olhou o nativo que aqui vivia com o mesmo preconceito com que encarava o negro. Para eles, o nativo era um selvagem e, como tal, precisava ser domado. Seus costumes, língua e religião foram desprezados, já que, para o europeu, o que de útil poderia apresentar um povo tão “inferior” como eram os primeiros habitantes do Brasil? Por conta de um preconceito arraigado, o negro e o índio foram, por anos a fio, encarados como não civilizados, incapazes de produzir algo realmente importante, de valor cultural reconhecido. O estigma de inferioridade que acompanha os descendentes desses grupos desde os primórdios permanece até hoje, renegando todo um processo de formação cultural brasileira. Além desses dois grupos já mencionados, a mulher e o homossexual também foram vitimados ao longo dos anos por fugirem a um padrão considerado ideal pela sociedade. A mulher era vista como utensílio doméstico, só preparada para os cuidados da casa e dos filhos (GATAI, 1995, p.13), incapacitada para quaisquer outras funções que não fossem estas. O homossexual, por sua vez, era considerado um desvio da natureza, portador de alguma doença mental que o fazia agir de uma maneira fora dos padrões sociais considerados convencionais. Exposto de modo vexatório, sendo perseguido, julgado e condenado por não se adequar a um comportamento imposto por uma sociedade conservadora, o homossexual jamais poderia ser aceito como produtor de cultura. Esses grupos reduzidos, perseguidos e marcados por estereótipos, acabaram encontrando na literatura um caminho que serviu tanto como veículo de valorização cultural, como também de porta-voz de denúncias raciais e preconceito. A obra literária produzida por eles tem a intenção, portanto, de trazer um retrato fiel do que vem a ser a sua cultura, proporcionando ao leitor um exercício de reflexão sobre identidades culturais e raciais e permitindo que seus acervos histórico-culturais sejam conhecidos, mantidos e, principalmente, valorizados. Os grupos minoritários encontraram na literatura um campo fecundo onde puderam assumir e defender suas diferenças culturais. Ter direito à voz própria, desfrutar da sua própria cultura, praticar sua própria religião e usar sua própria 81 língua são direitos defendidos por tratados internacionais, Juiz de Fora 2006
  • 6. porém pouco reconhecidos e, muito menos, exercidos plenamente. Apesar da evolução cultural em que o mundo se encontra, muitos críticos não levam em consideração a qualidade cultural dos trabalhos produzidos por esses grupos, simplesmente porque fogem do que é considerado tradicional. No caso da literatura indígena em particular, o material produzido chega até mesmo a ser encarado como subliteratura (SOUZA, 2001, p.69), oriunda do popularesco e destinada somente a ele. LITERATURA INDÍGENA Segundo Jecupé (2000, p.20) antes de existir a palavra índio para designar todas as nações indígenas, já existia o espírito índio espalhado em centenas de tons. Os tons foram se dividindo por afinidades, formando clãs, que formaram tribos, aldeias, e constituíram nações. De modo que o índio é uma qualidade de espírito posta em uma harmonia de forma. Estudos a respeito da população indígena apontam para, aproximadamente, 206 povos nativos no Brasil, cada qual com seus costumes e língua própria. É possível, segundo os antropólogos que realizaram esses estudos, que alguns deles jamais tenham se encontrado. A tradição oral indígena foi, desde 1500, desconsiderada e inutilizada. O povo que já habitava o Brasil antes de Pedro Álvares Cabral possuía uma arte verbal muito rica e diversificada, denominada poemúsica. Nessa perspectiva, portanto, a “poesia dos índios” seria o início da criação textual em nossos trópicos (RISÉRIO, 1993, p.50). É provável que essa desconsideração européia para com a cultura ágrafa indígena, não permitindo que já naquela época os textos indígenas fossem codificados para a linguagem escrita, tenha dado início ao preconceito até hoje arrastado pela literatura produzida por esse grupo, ainda considerada por muitos críticos como inferior, ou até mesmo inexistente. Dentro do Cânone literário, podem-se citar dois 82 movimentos que trouxeram a presença do índio de forma CES Revista
  • 7. bastante diferente. O romantismo de José de Alencar trouxe a figura do índio idealizado, o mito do bom selvagem, personificado na figura do índio Peri (COUTINHO, 2001, p. 40). Já o índio Macunaíma, criado por Mário de Andrade no Modernismo, era um “herói sem nenhum caráter” (ANDRADE, 2000), registrando uma possível identidade do povo brasileiro, uma mistura de vários povos, como numa colagem cubista. Com o Manifesto Antropofágico e o Manifesto da Poesia Pau-Brasil, Mário e Oswald de Andrade, aliados aos participantes da Semana de 22, convocaram o Brasil a reconhecer seus símbolos locais e a ouvir novos ritmos e sons. Pode-se considerar este movimento como um início da ruptura com o nosso passado literário, que só valorizava o que era estrangeiro. Somente com a Constituição de 1988, as línguas nativas foram reconhecidas oficialmente, abrindo espaço para a educação bilíngüe no Brasil, o que permitiu o estudo da cultura indígena em seu próprio habitat, isto é, dentro das escolas localizadas em meio às tribos. Até essa data as mesmas eram obrigadas a seguir o currículo nacional brasileiro de educação, fato que em muito contribuía para a desestabilização da cultura e da auto-estima desses grupos. O aspecto lingüístico, bastante complexo e variado, passou a ser encarado como representação própria de cada tribo indígena. O ensino passou então a ser feito, levando-se em consideração essas realidades únicas e suas heranças culturais, dando início a um processo de resgate histórico. A constituição representa, portanto, o grande marco no que se refere à retomada dos valores indígenas, tão subestimados e esquecidos. Com essa nova visão da educação indígena, os nativos puderam participar da elaboração dos planos e programas educacionais voltados para a sua tribo, e melhor que isso, puderam transmitir, oralmente ou por escrito, suas lendas e mitos, bem como desenhar ilustrações para seus livros. O papel do idoso se mostrou fundamental no processo de narração das histórias. Esses povos possuem uma forte tradição oral e é tarefa do homem mais velho da comunidade contar aos mais novos as histórias que foram contadas a ele por seus antepassados e que devem permanecer vivas na voz de seus sucessores. Percebe-se 83 nesse fato uma grande contradição entre o nativo e o branco. Juiz de Fora 2006
  • 8. Enquanto aquele, considerado inferior sabe reconhecer a importância do idoso, o homem dito civilizado, que se considera superior, renega e abandona o mais velho, por acreditar na falta de capacidade do mesmo. Os monitores bilíngües passaram então a representar um papel de fundamental importância no trabalho com o povo indígena. Não bastando apenas dominar uma técnica de ensino especial, o monitor bilíngüe passou a patrocinar uma nova forma de educação, com a intenção de levar a criança índia a crescer sob uma consciência crítica da importância de seu povo no panorama nacional (SANTOS; WIELEWICKI, 2005, p.285). Essa nova forma de encarar a educação indígena permitiu que as crianças pudessem aprender a ler em sua própria língua, tendo o português como uma segunda língua, preparando-a para o futuro, porém, sem negligenciar seu passado. PRINCIPAIS REPRESENTANTES O ensino das crianças indígenas, baseado em suas próprias leis, costumes e cultura, gerou um movimento em prol da criação de livros que atendessem ao principal objetivo desta nova visão da educação: livros escritos pelos próprios nativos e que abordassem fatos de sua realidade, bem como marcos importantes de seu passado. Esse material oriundo das representações indígenas vem de forma tímida ocupando as prateleiras das livrarias e conquistando, aos poucos, um público sensível, que encara a literatura indígena como especial, despindo-se de qualquer preconceito para apreciá-la e entender a importância cultural e social da mesma. O leitor desse material é brindado com histórias seculares, recheadas de lirismo e beleza. Dentre os escritores indígenas que vêm surgindo no panorama atual, citar-se-ão, nesse artigo, alguns que, por estarem mais presentes na mídia, representam a produção literária indígena como um todo, vencendo preconceitos e conquistando espaços. O escritor Daniel Munduruku nasceu no Pará e é índio da nação Munduruku. É formado em Filosofia pelas Faculdades 84 Salesianas de Lorena, licenciado em História e Psicologia e mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal de CES Revista
  • 9. São Paulo. Preside o Instituto Indígena para Propriedade Intelectual (INBRAPI) e participa ativamente de atividades ligadas à defesa das causas e das tradições indígenas. Munduruku é autor de livros como História de índio (1996), obra dividida em três partes que traz crônicas, depoimentos, informações sobre povos indígenas, além de um glossário da língua munduruku; Kabá darebü (2002), direcionado a crianças em início de alfabetização, trata sobre as possibilidades do conhecer de uma criança nativa criada dentro de sua cultura e O segredo da chuva (2003), uma narrativa que em muito lembra os mitos indígenas, tendo como personagem principal o menino Lua, cuja missão é defender a aldeia e a floresta, contando com a ajuda de um macaco, uma onça e uma capivara. Daniel Munduruku foi o primeiro autor brasileiro a receber a menção honrosa da Unesco de literatura infanto- juvenil sobre tolerância entre os povos por seu livro Meu avô Apolinário. Um mergulho no rio da (minha) memória (1996). Este é um livro de caráter memorialístico, que aborda a cultura munduruku a partir da narrativa de Apolinário, avô do autor. Segundo Munduruku (2006) [...] histórias moram dentro da gente, lá no fundo do coração. Elas ficam quietinhas num canto. Parecem um pouco com a areia no fundo do rio: estão lá, bem tranqüilas, e só deixam sua tranqüilidade quando alguém as revolve. Aí elas se mostram [...]. Kaká Werá Jecupé é filho de pais tapuias, ou txucarramães. Nasceu em Parelheiros, na periferia de São Paulo, onde ainda sobrevive um agrupamento de índios e se transformou num educador, com a intenção de difundir valores universais da cultura indígena, como o respeito ao próximo, à natureza e ao conhecimento dos antigos. (DIMENSTEIN, 2003). Jecupé publicou seu primeiro livro Oré awé roiru´a ma no ano de 1994. Esta obra narra a história de um jovem índio que presencia o crescimento desenfreado da cidade de São Paulo e a ameaça que este progresso representa para uma tribo Guarani vizinha a sua casa, abordando fatos relacionados à interferência nos costumes e na qualidade de vida daquela 85 Juiz de Fora 2006
  • 10. comunidade. No ano de 1996, o escritor pronunciou-se sobre a religiosidade indígena em Oxford (Inglaterra) e, em 1997, a convite da Universidade de Stanford (Estados Unidos), discursou sobre a religiosidade ancestral indígena, em um encontro inter-religioso que reuniu cerca de duzentos líderes de todo o mundo. Além da obra acima citada, o autor publicou também Tupã Tenonde (2000), onde revela os ensinamentos secretos da nação Guarani, antes só divulgados aos pajés, numa tentativa de valorização da diversidade cultural brasileira e A Terra dos Mil Povos (2004), obra biográfica onde o autor relembra os valores indígenas contados pelos ancestrais de sua tribo, ressaltando a importância de se preservar o espírito. Segundo Jecupé (2002, p.12) [...] Há tribos que começam a sua história desde quando o clã eram seres do espírito das águas. Outras trazem a sua memória animal como início da história, assim como há aquelas que iniciam a sua história a partir da árvore que foram. Yaguarê Yamã é um índio pesquisador que nasceu na selva amazônica. Ele pertence ao povo Saterê Mawé que vive na área indígena Andirá-Maráw, na fronteira entre os estados do Amazonas e do Pará, numa região de floresta. Yamã é professor, palestrante de temática indígena pelo Brasil e escritor de vários livros, como Sehay ka´at haría: O caçador de histórias (2004), obra que resgata a memória cultural mawé através de relatos da infância do escritor; Urutópiag: a religião dos pajés e dos espíritos da selva (2004), que traz um relato do autor a respeito dos preceitos e conhecimentos de uma tradicional religião indígena; Puratig: O remo sagrado (2005), livro composto por oito contos, sendo que um deles trata do mito do guaraná, pertencente às tradições dos Saterê Mawé, conhecidos como o “povo do guaraná”. Sobre esta última obra, o autor comentou que via no livro a esperança de difusão da memória ancestral de seu povo (YAGUARÊ, 2006). 86 Olívio Jecupé é índio da nação guarani. Publicou oito livros, dentre os quais se pode destacar: Iarandu: o cão Falante CES Revista
  • 11. (2002) onde figuram como personagens principais um curumin e seu cão falante; Xerekó Arandu, a morte de kretã (2002), narrativa sobre um nativo conhecido por sua determinação no que se referia à defesa dos direitos de seu povo e Verá: O contador de histórias (2005) que traz como narrador um indiozinho Guarani contador de histórias repletas de fantasia e imaginação. Em um texto intitulado “Os velhos são nossos mestres”, publicado na Bay-Universidade Indígena, Jecupé também chama a atenção sobre a importância dos idosos na transmissão da cultura indígena, referindo-se aos idosos como os grandes responsáveis pela transmissão, manutenção e imortalidade das histórias de seus povos. Eliane Potiguara é uma escritora indígena da nação Potiguar, formada em Letras (Português-Literatura) e licenciada em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É Conselheira do Instituto Indígena de Propriedade Intelectual (INBRAPI), Coordenadora da Rede de Escritores Indígenas na Internet e também de um grupo voltado para a informação das nativas (GRUMIN) que moram tanto nas aldeias quanto nas cidades. Pela criação deste último, por ter trabalhado pela educação e integração da mulher indígena no processo social, político e econômico do país, bem como na elaboração da Constituição Brasileira, Eliane foi nomeada uma das “Dez Mulheres do Ano de 1988”, pelo Conselho das Mulheres do Brasil. Em 1992, foi Co-Fundadora/Pensadora do Comitê Inter- Tribal 500 Anos (kari-oka), por ocasião da Conferência Mundial da ONU sobre Meio-Ambiente, junto com Marcos Terena, Idjarruri Karajá e muitos outros líderes indígenas do país, além de ter participado de dezenas de assembléias indígenas em todo o país. Ainda no final de 1992, por seu espírito de luta, traduzido em seu livro A terra é a mãe do índio (1989), foi premiada pelo Pen Club da Inglaterra, ao mesmo tempo em que estava sendo citada na lista dos “Marcados para Morrer”, anunciados no Jornal Nacional (Rede Globo de Televisão) para todo o Brasil, por ter denunciado esquemas duvidosos e violação dos direitos humanos e indígenas. 87 Eliane já participou de, aproximadamente, 56 fóruns Juiz de Fora 2006
  • 12. internacionais e mais de 100 nacionais sobre direitos humanos, além de ter feito parte do Comitê Consultivo do Projeto Mulher, 500 anos atrás dos panos, que culminou no “Dicionário Mulheres do Brasil” (2000), e da elaboração da “Declaração Universal dos Direitos Indígenas”, na ONU, em Genebra. Por seu empenho, recebeu em 1996 o título de “Cidadania Internacional”, concedido pela doutrina religiosa “Baha´i”, entidade que trabalha pela implantação da Paz Mundial. Além de A terra é a mãe do índio, a escritora publicou outras obras, como Akajutibiró: terra do índio potiguara (1994), livro apoiado pela Unesco que serve como uma cartilha no processo de alfabetização de crianças e adultos e Metade cara, metade máscara (2005). Essa última obra é um romance que narra a história de amor de um casal indígena, que ao se separar na época da colonização brasileira e viajar por cinco séculos em busca um do outro, conhecem todas as Américas e suas histórias. Além da história de amor, o livro trata também de relações humanas, paz, identidade, história de vida, mulher, ancestralidade, família e a luta do movimento indígena, inclusive internacional. Essa escritora é um exemplo de força, garra e determinação já que enfrenta preconceitos duplos, por ser mulher e índia e conhece de perto todos os preconceitos gerados a partir dessas condições. Por esses motivos, a mulher indígena é retratada de forma especial nessa última obra citada. A autora fala sobre o papel fundamental destas mulheres no contexto cultural e da sua real contribuição na sociedade brasileira. Ela se faz porta-voz das dores destas mulheres (inclusive dela própria) e de seus desejos mais íntimos: [...] Sou uma mulher de fibra, porque eu me reconstruí por mim mesma, depois de dançar desvairadamente na vida com meu iludido sapatinho vermelho. Quase perdi os meus pés, as ervas daninhas enrolaram neles pra que nunca mais caminhasse pelas estradas do saber, da consciência e do mais alto grau da espiritualidade indígena, mas pude dominá-los e arrancar esses malditos sapatinhos vermelhos das chamadas 88 “MULHERES E MÃES BOAS DEMAIS"!!!!!! [...](POTIGUARA, 2005, p. 86). CES Revista
  • 13. militante política altamente engajada em prol dos direitos humanos que envolvem a causa dos povos indígenas e representante literária mais árdua de sua classe, pode ser considerada como o maior nome feminino envolvido nesse processo. A escrita indígena conta ainda com uma contribuição infantil de grande importância. A curumin Kerexu Mirim publicou, aos nove anos, seu primeiro livro, intitulado A índia voadora (2003) onde ela narra, em uma história bilíngüe, a realização de seu grande sonho: andar de avião. A menina, cujo nome significa “flor pequena” em Guarani, é filha do escritor Olívio Jecupé e vem aprendendo com o pai a importância de se valorizar suas tradições e seu povo. A produção literária de uma criança nativa serve como resposta no que se relaciona à validade e à importância do resgate cultural que vem sendo feito junto aos povos indígenas. GRANDES MULHERES INDÍGENAS Além de Eliane Potiguara, outras mulheres indígenas vêm se destacando em áreas diversas, trabalhando em prol de um reconhecimento cultural de seus povos, na tentativa de combater e, quem sabe, num futuro próximo, exterminar o preconceito existente contra as populações indígenas. Joênia Batista de Carvalho Wapichana é assessora jurídica do Conselho Indigenista de Roraima (CIR) e uma das principais lideranças na defesa dos direitos territoriais dos povos indígenas da região de Roraima. Por sua atuação em defesa de vítimas de tortura, discriminação racial e ameaça de morte, Joênia foi uma das finalistas do prêmio Cláudia 2004, entregue em São Paulo, na categoria Trabalho Social (ISA, 2004). A índia Karipuna Vitória Santos dos Santos, da Aldeia Santa Isabel, município de Oiapoque-Amapá, foi empossada em agosto de 2005 como a nova titular da Secretaria Extraordinária dos Povos Indígenas de seu estado. A escolha de seu nome para assumir o posto foi indicação dos próprios povos indígenas da região. Ela é a segunda indígena no Brasil a assumir tal cargo. O primeiro foi Francisco da Silva Pinhatã, da etnia Ashaninka (PORTAL AMAZÔNIA, 2005). 89 A nativa pernambucana Maria das Dores Pankararu il Juiz de Fora 2006
  • 14. defendeu, em abril de 2006, em Alagoas, sua tese de Doutorado em Lingüística. A FUNAI (Fundação Nacional do Índio) não tem registro de outro índio que tenha chegado ao mais alto grau acadêmico do país. Durante seu doutorado, Maria pesquisou a língua indígena Ofayé, atualmente falada somente por 11 pessoas de uma comunidade localizada em Brasilândia (Mato Grosso do Sul), portanto, em risco de extinção. O trabalho da pesquisadora, em parceria com a professora ofayé Marilda de Souza, consistiu na execução de uma cartilha destinada a ensinar o idioma para as crianças da comunidade e criar uma correlação entre as línguas oral e escrita, de modo a facilitar o aprendizado (BERNSTEIN, 2006). O nome de Joicelene Cruz Mandulão apareceu no topo da lista de aprovados do primeiro vestibular de graduação específico para indígenas do Brasil em 2006. Ela é da etnia Macuxi, de Roraima e foi aprovada junto com mais nove pessoas para cursar medicina na Universidade de Brasília (UnB). (COELHO, 2006). ORGANIZAÇÕES EM PROL DA CULTURA INDÍGENA A população indígena brasileira vem se mobilizando para propagar sua cultura e, dessa forma, preservá-la. Representados por índios que saíram de suas comunidades em busca de estudo, de oportunidade de falar de seu povo, ou amparados por instituições de ensino de vanguarda, muitos grupos têm surgido, focados unicamente na defesa dos interesses indígenas. O INBRAPI é o Instituto Indígena Brasileiro para a Propriedade Intelectual. É uma organização não- governamental sem fins lucrativos. Dentre seus principais objetivos, pode-se destacar: promover a defesa de bens e direitos sociais, coletivos e difusos, relativos ao meio ambiente e ao patrimônio intelectual dos povos indígenas; realizar e divulgar pesquisas, estudos, organizar documentos referentes ao tema da propriedade intelectual etc... O Instituto Arapoty foi fundado por Kaka Werá Jecupê 90 em 1994. “Arapoty ” significa “renascimento” ou “reflorescimento”, em guarani. O Instituto Arapoty dedica-se à CES Revista
  • 15. divulgação dos valores culturais e éticos dos povos ancestrais do Brasil, à criação de condições de subsistência e geração de renda, além de realizar ações educativas e ecológicas. O GRUMIN foi criado em 1987 e promove o acesso de nativos e suas organizações a informações preciosas para eles, influenciando-os na formação de opiniões, além de desenvolver consciências críticas, mobilizando indivíduos e organizações ao “empoderamento”, buscando o exercício dos direitos humanos para o desenvolvimento sócio-político-econômico do presente e do futuro de suas tradições e culturas. (GRUMIN, 2006). Esta organizaçao posssui uma comunidade on line no Orkut, que conta com 1.049 membros, e um grupo de discussão na Internet (Yahoo grupos), composta por 341 membros. Ambos são liderados por Eliane Potiguara. De uma parceria entre o GRUMIN e o NEI (Núcleo de Escritores Indígenas do INBRAPI) será lançado o primeiro e-book (livro eletrônico) indígena na Internet. Participam da coletânea que compõe o livro diversos escritores e autores indígenas. A Bay - Universidade Indígena é um dos projetos desenvolvidos pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que tem como objetivos estabelecer contatos de respeito e conhecimento entre a populações indígenas e as outras culturas e favorecer o entrosamento das mesmas, através de um dialogo intercultural, que engrandeça todos os envolvidos, tanto no campo educacional quanto no das relações antropológicas. No dia 04 de junho de 2004, a UFMG lançou a e-BAY, revista indígena eletrônica criada para divulgar a educação indígena. Esse primeiro exemplar é fruto do trabalho de uma equipe de 80 pessoas da Universidade e de 110 índios de todas as etnias de Minas Gerais e contém trabalhos produzidos por representantes dos povos indígenas, que passaram por oficinas de literatura, gravura, música, antropologia, além de reflexões teóricas junto aos pesquisadores da Universidade. As oficinas foram oferecidas pela UFMG em 2002. (OLIVEIRA, 2005). A UFMG coordena também a produção e a edição de livros indígenas, em parceria com o projeto Brasil Alfabetizado, do Ministério da Educação (MEC), além de promover 91 seminários e debates sobre a realidade da educação e da Juiz de Fora 2006
  • 16. Em setembro de 2005, foi aprovada a licenciatura para professores indígenas na UFMG. Esses professores poderão ingressar na Instituição no “Curso de Formação Intercultural de Professores”, licenciatura especial que atende aos educadores que já atuem em suas comunidades indígenas. CONCLUSÃO Conforme descrito ao longo deste artigo, a população indígena brasileira foi desde a conquista européia sendo exterminada não só fisicamente, mas também em sua moral e sua cultura. O indígena, primeiro desbravador das terras brasileiras, foi, ao longo de nossa história, tratado como escravo, tachado de preguiçoso e ignorante. Seus costumes foram interpretados de forma desrespeitosa e irônica e somente seria salvo pelo Deus do branco colonizador se renunciasse a seus costumes e entregasse sua alma à catequese, ato que o transformaria no “bom selvagem”. (BOSI, 1994, p.91). Essas populações tão massacradas e esquecidas conseguiram manter suas histórias vivas através do relato oral dos anciãos das tribos, que as transmitiam de geração em geração, possibilitando o trabalho de resgate cultural e memorialístico que hoje vem sendo feito. Com a pós-modernidade, o indivíduo passou a não ter certeza de nada e a se questionar quanto à qualidade e à eleição dos cânones literários, considerados verdade absoluta em termos de Literatura até então. Essa nova visão do indivíduo pós-moderno deu abertura para que novos grupos fora do Cânone literário se manifestassem. Pelo espaço aberto pelo pós- moderno no mundo contemporâneo adentraram os grupos minoritários, sua visão de mundo e suas experiências relatadas através de sua literatura. O pós-modernismo permite uma fragmentação da realidade, uma mistura de estilos, uma ruptura. A literatura indígena, antes excluída e até mesmo desacreditada, passou a ter espaço, embora pequeno se relacionado a sua qualidade, nas prateleiras de algumas livrarias 92 pelo país. Pouco a pouco, seus autores vêm conquistando leitores e prêmios (até mesmo no exterior), derrubando mitos e CES Revista
  • 17. ocupando lugares de destaque. Nomes como o de Daniel Manduruku e de Eliane Potiguara, dentre outros, representam pelo mundo a beleza do relato indígena. O reconhecimento da importância do nativo pela população mundial e pela brasileira, em especial, é um início importante no que se refere à valorização do lastro cultural desses povos tão singulares. A produção literária indígena, arte genuinamente brasileira, emoldurada em beleza e lirismo, ressurge, em meio às cinzas do preconceito, só que dessa vez mais fortificada e guerreira, portanto, pronta para a batalha. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Mário de. Macunaíma. São Paulo: Villa Rica, 2000. BERNSTEIN. Tony. Maria das Dores Pankararu recebe o primeiro título de doutor concedido a indígena. Disponível em: <http://www.portalterceiraidade. com.br/horizontais/noticias_cidadao/anteriores/anterior0014.htm >. Acesso em: 10 mai. 2006. BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994. BUENO, Eduardo. O Brasil indígena. In: ______. Brasil: uma história. São Paulo: Ática, 2003. CALDEIRA, Jorge. Primeiros encontros. In: ______. História do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. CASCUDO, Luis da Câmara. História da alimentação no Brasil: cardápio Indígena, dieta africana, ementa portuguesa. São Paulo: Nacional, 1967. COELHO, Mário. UnB divulga lista de índios aprovados. MEC. Disponível em: <http://diversidade.mec.gov.br/sdm/ publicacao/engine.wsp?tmp.area=8&tmp.templ=noticia&tm 93 p.noticia=105>. Acesso em 12 mai 2006. Juiz de Fora 2006
  • 18. COUTINHO, Afrânio. A Literatura no Brasil. Era Romântica. São Paulo: Global, 2001. DE ESTÓRIA À HISTÓRIA: a escrita indígena no Brasil. Revista da Biblioteca Mário de Andrade. São Paulo: Mimeo. 2001. DEMARQUET, Sonia de Almeida. A Questão Indígena. Belo Horizonte: Vigília, 1986. DIMENSTEIN, Gilberto. A oca-escola de Kaká Werá. Folha online. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/ folha/sinapse/ult1063u696.shtml>. Acesso em: 12 mai. 2006. GATAI, Zélia. Crônica de uma namorada. Rio de Janeiro: Record, 1995. ÍNDIA karipuna assume Secretaria dos Povos Indígenas do Amapá. Disponível em : <http://portalamazonia.globo.com/noticias.php?idN=23899 &idLingua=1>. Acesso em: 12 mai. 2006. Cadernos TV Escola. Índios no Brasil. Brasília: Ministério da Educação, 1999. JECUPÊ, Kaká Werá. A terra dos mil povos: história Indígena brasileira contada por um Índio. São Paulo: Petrópolis, 2000. JOÊNIA Wapichana, exemplo de resistência. Disponível em: < http://www.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=1692 >. Acesso em: 11 mai. 2006. OLIVEIRA. Alice Bicalho de. Relatório da produção e atualização da revista eletrônica nos nos de 2004 e 2005. Disponível em: <http://www.letras.ufmg.br/bay/sites/literaterras/alicerelatorio.htm> Acesso em: 10 mai. 2006. 94 O QUE é o Grumin de mulheres? Disponível em: CES Revista
  • 19. <http://grumin.blogspot.com/>. Acesso em: 15 mai. 2006. SANTOS, Célia Regina dos; WIELEWICKI, Vera Helena Gomes. Literatura de autoria de minorias étnicas e sexuais. In: BONNICI, Thomas; ZOLIN, Lúcia Osana. Teoria literária: abordagens históricas e tendências contemporâneas. Maringá: UEM, 2000. SHENIPABU Miyui: História dos antigos. Belo Horizonte: UFMG, 2000. VILLAS BOAS, Orlando Cláudio. Xingu: os índios, seus mitos. Rio de Janeiro: Zahar, 1972. YAGUARÊ Yamã. Disponível em: <http://www.editorapeiropolis.com.br/biografia.php?id=46 >. Acesso em: 07 out. 2006. 95 Juiz de Fora 2006