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2 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 3www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+]
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6 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 7www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+]
sumário
CAPA
O destino Bahia ainda
apresenta grandes
desafios e muitas
oportunidades de
negócios.
ENTREVISTA
Roberta Mandelli, CEO
da Tidelli in & out, conta
sobre a trajetória da
empresa que é líder de
mercado.
54
62
14
zoom+
18
bloco de notas
114
conte aí
FitnessStart Up Gastronomia
negócios 23
Empresa verdeTendências Pro Bem
SUSTENTABILIDADE 41
ViagemTurismo Guia Tech
LIFESTYLE 67
TeatroMúsica Arte
ARTE E ENTRETENIMENTO 95
24
42
68
96
28
44
72
104
32
48
86
106
8 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 9www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+]
Um destino particular
A Bahia é um destino único. Um lugar que reúne
características naturais e sociais tão peculiares que só
poderia mesmo atrair pessoas de todo o mundo, ávidas
por conhecer um cenário de magia pintado assim, pelo
menos, nos melhores postais de nossa terra. Mas depois
de aqui chegar, que sentimento acompanha o retorno
desses visitantes? E o principal: o que sentem aqueles
que aqui vivem, moram, curtem e fazem as férias dos
turistas?
O olhar para a Bahia do turismo, verão e (muito)
trabalho é o que você vai encontrar nas páginas da edi-
ção 11 da Revista [B+]. Nossos repórteres traçaram um
perfil das chances de negócios que existem na grande
Bahia, onde desafios para melhorar não faltam, mas que
também desponta com diversas novas oportunidades.
Andréa Castro e Felipe Zamarioli mostram o que passa
no Vale do São Francisco, em Itacaré, Vitória da Conquis-
ta, e, claro, na capital, Salvador, além das características
dos principais roteiros de turismo que o estado oferece.
Como o assunto é negócios, o verão realça alguns
setores. Em conversa com Roberta Mandelli, CEO da
editorial
Tidelli, conhecemos a inovação e a ousadia da marca
líder em móveis residenciais e as apostas da empresa
para as tendências da estação. Fomos visitar os sistemas
de casas compartilhadas que vêm surgindo no estado;
e também aprendemos sobre o espírito empreendedor
de Virgínia Moraes, da Vivire, e também do grupo de
designers baianos. Como uma espécie de pequeno “guia
da gastronomia”, contamos a história de restaurantes tra-
dicionais que atuam em Salvador, que vai da sofisticação
do Alfredo di Roma às crenças do Rei do Pernil.
Também soa Brasil afora que a Bahia é a terra da
alegria e da cultura. Pois sim, as grandes festas estão
presentes nesta edição. Uma oportunidade para entender
como funcionam os bastidores de eventos como Carna-
val, ensaios de verão e de um dos maiores festivais do
país. Bom, se o destino é a Bahia, as histórias são boas.
Boa leitura!
A Redação.
Foto: Eduardo Pelosi / Setur
Avenida Contorno
vista do MAM
10 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 11www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+]
expediente
Conselho Editorial
César Souza, Cristiane Olivieri, Fábio Góis, Geraldo Machado,
Ines Carvalho, Isaac Edington, Jack London, Jorge Portugal,
José Carlos Barcellos, José Roberto Mussnich, Luiz Marques
Filho, Maurício Magalhães, Marcos Dvoskin, Reginaldo Souza
Santos, Rubem Passos Segundo e Sérgio Nogueira
Conselho Institucional
Aldo Ramon (Júnior Achievement)
Antônio Coradinho (Câmara Portuguesa)
Antoine Tawil (CDL)
Jorge Cajazeira (Sindipacel)
José Manoel Garrido Gambese Filho (ABIH-BA)
Mário Bruni (ADVB)
Mauricio Castro (Fieb)
Paulo Coelho (Sinapro)
Pedro Dourado (ABMP)
Renato Tourinho (Abap)
Wilson Andrade (Abaf)
Diretor Executivo
Claudio Vinagre
Editor Chefe
Fábio Góis
Repórteres
Murilo Gitel
Vanessa Aragão
Projeto Gráfico e Diagramação
Person Design
Fotografia
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Revisão
Rogério Paiva
Colaboradores
Ana Paula Paixão, Andréa Castro, Clara Corrêa, Danilo Lima,
Felipe Arcoverde, Felipe Tapioca, Felipe Zamarioli, João
Quesado, Jorge Seixas, Larissa Seixas, Núbia Passos, Rogério
Borges, Vinícius Silva, Zeca Amaral
Colunistas
Carlos Sarno, Fabiana Duran, Giselle Reis,
Isaac Edington, Luiz Marques Filho, Nelson Cadena
Publicidade
publicidade@revistabmais.com
Cidinha Collet - gerente comercial
cidinha.collet@revistabmais.com
Itamara Morais
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Portal
Enigma
Realização: Editora Sopa de Letras Ltda.
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Redação [B+]
redacao@revistabmais.com
www.revistabmais.com
Salvador
71 3012-7477
Av. ACM,2671, Ed. Bahia Center, sala 1102,
Loteamento Cidadela, Brotas CEP: 40.280-000
São Paulo
11 3438-4473
Rua José Maria Lisboa. 860/83 CEP: 01.423-001
A edição 11 traz na capa a produção da agência Morya, com a
equipe de atendimento e criação formada por Edmond Midlej,
Hiram Gama, Isabela Silveira e Roberto Valente Neto.
A cada edição, uma nova equipe é convidada para
produzir a capa da Revista [B+]. Uma iniciativa que visa
dar destaque aos profissionais do nosso mercado.
Tiragem: 10 mil exemplares
Periodicidade: Bimestral
Impressão: Grasb
Capa impressa em papel Couché Suzano® Gloss 170g/m2
e miolo
impresso em papel Couché Suzano® Gloss, 95g/m2
, da Suzano Papel
e Celulose, produzidos a partir de florestas renováveis de eucalipto.
Cada árvore utilizada foi plantada para este fim.
12 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 13www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+]
on-line
mural
Promover uma plataforma de relacionamentos por meio de
encontros empresariais, rodadas de negócios e seminários.
Esse é o intuito do Fórum de Lideranças [B+]. Para o segundo
encontro, organizado no dia 23 de novembro, no restaurante
Baby Beef, o convidado foi o empreendedor, escritor e professor
carioca Jack London, um dos pioneiros da internet no Brasil.
O tema em pauta foi: “Tecnologia, comportamentos sociais e
mídias de massa”. Estiveram presentes mais de cem lideranças
do mercado baiano, que refletiram e debateram sobre como
as novas tecnologias estão mudando o comportamento das
pessoas e, consequentemente, a forma de fazer negócios.
Entre elas, podemos citar Renato Simões (A Tarde), Maurício
Castro (Fieb), Antonio Coradinho (Câmara Portuguesa), Dênis
Guimarães (Grupo André Guimarães), Renato Tourinho (Abap),
Eduardo Daltro (AJE-BA), Marluce Barbosa (Record Bahia),
Adriana Eloy (Citibank), Aldo Ramon (Junior Achievement),
Aline Reis (Ademi-BA), Maurício Lins (Home Design), Humberto
Cardoso (Elemídia), José Menezes Lima Jr (Banco do Nordeste),
Moysés Andrade (Secretaria da Fazenda), Sami Melo de Oliveira
(Sebrae), Aline Lasza (Marcativa) entre tantos outras que
prestigiaram o evento.
Site
www.revistabmais.com
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Twitter
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Encontre todooconteúdo[B+]
alémdas páginasdarevista.
Emumaplataformamultimídia,a[B+]disponibilizatodas
asreportagensematériasexclusivasparaseusleitores,
aqualquermomentoeemqualquerlugar.
SegundoFórum
deLiderança[B+]
App da[B+]noiPad
ComoaplicativodaRevista[B+],épossívelnavegarpor
todasasediçõesanteriores,compartilharosconteúdos
emredessociaisebaixarasnovasediçõesdeforma
gratuitaesimples.
Jack London entre Isaac Edington,
Rubem Passos e Cláudio Vinagre (Sócios da [B+])
Augusto Argolo (Indal) e José
Menezes (Banco do Nordeste)
Luiz Marques Filho
(Sócio da [B+])
Maurício Lins, empresário
(Home Design e Artline)
Itana Marques e Ana Paula
Marques (Consultec)
Rafael Pastori e Cássia
Geraldi Montenegro (Sebrae)
Nei Lima (Dica
Distribuidora)
Eduardo Giudice, diretor
da Câmara Portuguesa
Café da manhã reuniu lideranças
empresariais de destaque
Adriana Mira (Leiaute)
e Dude (Única)
Celso Passos,
Sérgio Gordilho
(presidente da Entur) e
Júlio Cézar (A. Linhares)
Cristina Barude (Lume)
e Karina Brito
(Shopping Barra)
Moysés Andrade
(Sefaz Bahia)
Paulo Guaranys
e Henrique Carvalho
(Trip Linhas Aéreas)
Ivan Suarez
(Lazer Salvador)
Cidinha Collet
(Comercial [B+])
Renata Veiga (Mago)
e Mayara Rezende
(Baby Beef)
Moacir Vidal
(Presidente da Femicro)
@nathaliacomh - Nathalia Meirelles:
“@ABAP_BA presente no segundo Fórum de
Liderança da Revista [B+], muito bacana!”
@alepauperio - Alexandre Pauperio:
“Ambientes para impulsionar negócios.
Matéria da Revista B+ que inclui a BRAIN:
http://t.co/zNUEAv2C.”
@elioearli - Elio Earli Jr:
“O foco da Revista B+ é no mundo dos negócios,
no estímulo ao empreendedorismo, criatividade,
inovação. Sigam-na! @Revista_Bmais”
h t tp://b it .l y/bmais
Fotos: Paulo Sousa / Bahia Vitrine
14 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 15www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+]
processo, ainda terá que ser aprovado pelo MPF.
A proposta é desocupar a área de marinha no
prazo de seis meses – depois de realizadas novas
medições na orla para determinar o que é ou não
terreno de marinha. A probabilidade é de que as
barracas de Lauro de Freitas fiquem de pé ainda
por muito tempo.
Os planos para Buraquinho incluem a cons-
trução de pequenos quiosques na frente da praça
recentemente implantada. Para Ipitanga, a prefei-
ta de Lauro de Freitas propôs um minirresort em
frente ao kartódromo, um sofisticado projeto do
arquiteto Fernando Frank com financiamento já
garantido. Para Vilas do Atlântico, sobra a opção
de transformar em restaurantes algumas das
residências da orla, mas nada está definido.
Enquanto Lauro de Freitas ganha tempo e
Salvador adia um desfecho para a reestruturação
da orla, a iniciativa privada comparece com a
atividade. No exato limite das praias de Ipitanga
e do Flamengo, logo no primeiro dia de funciona-
mento da nova “barraca” da Pipa, já havia turis-
tas instalados no deck de madeira com vista para
o mar. A barraca, que é na verdade um bar e
restaurante, abriu as portas para um “test-drive”
em 25 de novembro.
A escassos metros dali, segue funcionando
a Barraca do Lorô, pioneira da requalificação
dos serviços na orla da Praia do Flamengo. Um
terceiro empreendimento do gênero está em
construção na mesma área. À beira-mar, na Praia
do Flamengo, restaram apenas villages. As casas
com acesso direto à praia já foram adquiridas
para abrigar esse novo tipo de empreendimento.
A derrubada das barracas, há mais de um
ano, “afinal veio para bem”, admite o proprietário
da Pipa – que aceitou falar com a reportagem
da [B+], mas pediu para não ser identificado. O
processo de desocupação da área de marinha em
toda a orla da capital baiana deixou traumas que
nem esta nova fase conseguiu ainda curar. “Eu
só quero cuidar da minha vida, legalizado”, sem
chamar atenção, diz. A derrubada das antigas
barracas “prejudicou muita gente”, lembra ele.
E nem todos tinham mais de R$ 1 milhão
para investir na compra de um imóvel à beira-
mar, incluídas a remodelação e instalação de
todos os equipamentos. A Pipa prepara-se para
atender cerca de dois mil clientes por dia, princi-
palmente durante os fins de semana, nas mesas
Q
ualquer novidade para a reocupação da orla de Salva-
dor terá que passar pelo processo judicial nascido em
2006 e que resultou na demolição das barracas de praia
há mais de um ano. A informação da Secretaria do Patrimônio
da União (SPU) na Bahia diz que para mexer na orla, sem pedir
licença ao Judiciário, a prefeitura de Salvador terá que aguardar
a conclusão do processo movido pelo Ministério Público Federal
(MPF).
De acordo com o chefe da Casa Civil de Salvador, o deputado
federal licenciado João Leão (PP), o projeto está a cargo da Fun-
dação Mário Leal Ferreira, autarquia do município encarregada
de prepará-lo. Não há notícia, contudo, do andamento da questão.
Ninguém sabe também quando o processo judicial poderá ser
concluído.
Ao contrário do que aconteceu em Salvador, segundo comemora
a prefeita Moema Gramacho (PT) no município de Lauro de Freitas,
o Judiciário teria negado uma decisão liminar de derrubada das
barracas. Com isso, a prefeitura ganha tempo para pôr de pé um
Termo de Acordo e Compromisso (TAC) em que promete remover as
que restaram em Ipitanga, Vilas do Atlântico e Buraquinho.
O TAC já foi submetido à SPU e encontra-se atualmente em
análise na Advocacia Geral da União. Para ter efeito no âmbito do
zoom+
O que vai acontecer
em nossas praias?
O futuro da orla de Salvador, depois
da derrubada das barracas há mais
de um ano, ainda segue sem uma
definição legal. Com a chegada de
mais um verão, empresários
encontram por si soluções para
receber os banhistas que chegam às
praias da capital
Foto: Rogério Borges
por
Rogério
Borges
Demolição de
barracas na praia de
Ipitanga, em território
de Salvador
Deck de madeira com vista para o mar
na nova “barraca” da Pipa, entre Praia
do Flamengo e Ipitanga: qualificação
Na praia de Ipitanga,
administrada por
Lauro de Freitas, surge
novo ponto comercial
O processo dedesocupação
daáreademarinhaemtodaa
orla da capitalbaianadeixou
traumas que nemestanova
faseconseguiuaindacurar
16 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 17www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+]
distribuídas pelo amplo terreno de marinha pelo
qual paga laudêmio à União. A área construída,
deck incluído, está fora desse perímetro.
O empresário descarta a realização de
eventos noturnos por estar em área residencial.
Para ele, é importante manter boas relações com
a vizinhança. Parte dela recebeu bem os novos
empreendimentos, principalmente por trazer al-
guma segurança à região. Mas há também os que
não gostaram da novidade, segundo conta Jorge
Santana, presidente da Universidade Livre das
Dunas (Unidunas), uma Oscip (organização da
sociedade civil de interesse público) que procura
acomodar as novidades na Praia do Flamengo.
Para Santana, será necessário ouvir os mo-
radores e reformar o Termo de Acordo e Com-
promisso (TAC) que rege a Praia do Flamengo,
oficialmente um loteamento, para recepcionar
corretamente os novos estabelecimentos. De
acordo com a Unidunas, apenas uma pequena
parte da Praia do Flamengo admite uso comer-
cial e as áreas de marinha seriam públicas. Os
empresários não se mostram preocupados, mas
reafirmam a disposição de conversar com os
moradores.
O restante da faixa de praia da região está
hoje ocupado por vendedores ambulantes e
autônomos que alugam cadeiras e sombreiros.
Em Ipitanga, bem próximo ao antigo estaciona-
mento que hoje abriga uma série de boxes dos
antigos barraqueiros, surgiu novo empreendimen-
to ao lado de uma rampa destruída pela maré.
Por enquanto são só duas bancadas e um piso
improvisado com restos de cerâmica. A lógica do
empreendedorismo indica que logo subirão as
paredes. [B+]
Para mexerna orla,sem
pedirlicençaaoJudiciário,a
prefeiturade Salvadorterá
queaguardaraconclusãodo
processomovidopelo
MinistérioPúblicoFederal
Barraca do Lorô:
modelo de negócios
pós-desocupação
das praias faz escola
Uma das novas bar-
racas propostas pelo
arquiteto Fernando
Frank para Ipitanga:
aprovação pendente
Prefeita de Lauro de
Freitas propôs um
minirresort em frente
ao kartódromo
Foto: Rogério Borges
Fotos: Divulgação
18 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 19www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+]
Kimberly-Clark
investe R$ 100 milhões
em fábrica na Bahia
A maior produtora mundial de material de
higiene, a empresa Kimberly-Clark, vai se
instalar em Camaçari, com investimentos
na ordem de R$ 100 milhões e previsão de
gerar 430 empregos. A multinacional foi atra-
ída pelos insumos que serão produzidos no
futuro polo acrílico, cuja pedra fundamental
foi lançada no final de novembro pela Basf,
que pretende investir R$ 1,2 bilhão na plan-
ta de acrílico que construirá em solo baiano.
Presente há 15 anos no Brasil, a Kimberly-
Clark atua em 35 países e tem seus produtos
comercializados em mais de 150 nações. A
multinacional tem planos de investir R$ 250
milhões no Nordeste em uma fábrica e em
um centro de distribuição. Embora não tenha
confirmado que a Bahia foi o estado escolhi-
do para este fim, a informação foi confirmada
pelo governador Jaques Wagner no dia 21 de
novembro.
Empresa paranaense quer
instalar unidade em Barreiras
A empresa paranaense Moinho Régio planeja instalar uma unidade
de processamento de trigo na cidade de Barreiras. Representantes
da empresa já estão selecionando uma área para a instalação da uni-
dade. Cerca de 40 empregos diretos serão gerados com a implanta-
ção do negócio. A expectativa é expandir a indústria para trabalhar,
também, com a moagem de milho. “Sabemos que os agricultores não
produzem mais por não ter onde colocar, com a chegada da Moinho
Régio facilitaremos a rotação de cultura com o trigo e ampliaremos o
mercado do milho”, destacou a prefeita da cidade, Jusmari Oliveira.
bloco de notas
INDÚSTRIA
PIB baiano cresce 2,6% no terceiro semestre
Embalado pelo bom desempenho de setores como a agropecuária
e serviços, o Produto Interno Bruto (PIB) da Bahia registrou alta de
2,6% no terceiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo
período de 2010, de acordo com dados divulgados no dia 7 de de-
zembro pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da
Bahia (SEI). O primeiro segmento citado cresceu 10,4%, e o segundo
4,3%. A estimativa preliminar da SEI é de que a atividade econômica
da Bahia finalize este ano com uma expansão de 2,5%, em relação
a 2010. Outro dado positivo é o aumento nas exportações. Entre ja-
neiro e setembro deste ano, a Bahia exportou um total de US$ 8,1
bilhões, com crescimento de 22,6%, em relação ao mesmo período
de 2010, com US$ 6,6 bilhões. Elas se concentram nos segmentos
de químicos e petroquímicos, papel e celulose, petróleo e derivados
e soja, representando 63,3% do total. Entre os países que mais com-
pram produtos baianos estão: Argentina, China e Estados Unidos.
Peroxy Bahia entra em
operação no Polo Industrial
A Peroxy Bahia (PB), companhia de capital
turco, vai produzir 40 toneladas/ano de água
oxigenada e gerar cerca de 60 empregos di-
retos e 90 indiretos, com perspectivas de
ampliação de mais 100 postos de trabalho.
Ela foi inaugurada em Camaçari, no dia 5 de
dezembro. O peróxido de hidrogênio, mais co-
nhecido como água oxigenada, faz parte da
cadeia produtiva da indústria têxtil e de ce-
lulose. Segundo o governador Jaques Wagner,
com a chegada da empresa ao estado nenhu-
ma indústria precisa comprar o produto fora
da Bahia. “A produção de água oxigenada vai
proporcionar uma receita anual de R$ 60 mi-
lhões, com uma reversão para o estado de R$
15 milhões, na forma de impostos”, diz Rober-
to Blanco, vice-presidente da Peroxy Bahia.
Foto: Divulgação
Frutos Dias é eleito
“varejista do ano” pela CDL
A Câmara de Dirigentes Lojistas de Salvador (CDL) deu a Frutos
Dias, gerente da concessionária homônima, o prêmio de varejis-
ta do ano como forma de reconhecimento ao trabalho que ele
desenvolve, após ter herdado do avô a empresa, que completou
88 anos de atuação. “Esse é um prêmio muito importante, que
nos dá o reconhecimento pelo trabalho que desempenhamos.
Além disso, ele valoriza os nossos índices de desempenho e
também os nossos clientes”, destacou Frutos Dias. A Frutosdias
é a concessionária GM que mais vende carros para táxi no Bra-
sil e também a que mais comercializa consórcios. “Durante um
tempo, a Chevrolet precisou atrasar o lançamento dos novos
carros. Mas, agora, com a chegada de novos modelos, temos
boas opções de crescimento para 2012”, projeta.
Dow lança solução inovadora
para argamassas de revestimento
A Dow apresentou no dia 21 de novembro, em São Paulo, uma
tecnologia diferenciada para argamassas de revestimento de-
senvolvida a partir de éteres de celulose. Entre os principais be-
nefícios da linha WalocelTM MKW, a empresa destaca a maior
facilidade na aplicação e nivelamento da argamassa, resistência
a altas temperaturas e ar incorporado estabilizado, permitindo
uma argamassa mais leve e tempo de pega otimizado.
Brasil tem o pior resultado
de PIB entre os Brics
O Brasil teve o pior resultado entre os Brics, incluindo a África
do Sul, para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) no ter-
ceiro trimestre de 2011, em comparação com o mesmo período
de 2010, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Enquanto a economia brasileira registrou expansão de
2,1% no período, a China teve alta de 9,1%, a Índia teve aumento
de 6,9%, a Rússia se expandiu 4,8%, e a África do Sul registrou
crescimento de 3,1%. Na comparação com o trimestre anterior,
o comportamento do PIB do Brasil, que teve expansão nula no
período (0,0%), ficou atrás de Japão (1,5%), Noruega (1,4%), Méxi-
co (1,3%), Coreia do Sul (0,7%), Chile (0,6%), Alemanha (0,5%), Es-
tados Unidos (0,5%), Reino Unido (0,5%), França (0,4%) e União
Europeia (0,2%).
CRÉDITO
Prêmio Excelência na
Construção reconhece
qualidade da gestão
A quinta edição do Prêmio Excelência na
Construção Bahia Ciclo 2010/2011 foi rea-
lizada no dia 17 de novembro, no auditó-
rio do Sinduscon-BA. Os premiados foram
Sertenge S/A (categoria Prata), Pampulha
Engenharia e Mills Estrutura e Serviços de
Engenharia (Bronze). A premiação reconhe-
ce os esforços empreendidos para fomen-
tar a qualidade da gestão das organizações
ligadas ao setor da construção ao seguir
padrões de excelência, além de disseminar
as boas práticas e avaliar seus resultados.
“No momento que o setor está aquecido, é
necessário estar preparado para melhor
gerir as empresas, destacou Carlos Alberto
Vieira Lima, presidente do Sinduscon-BA.
CONSTRUÇÃO
Microcrédito bate
recorde em novembro
O programa de microcrédito da Bahia, CrediBahia,
bateu recorde de produção no mês de novembro,
liberando R$ 4,1 milhões através de financiamento
direto a empreendedores baianos. Apesar das difi-
culdades enfrentadas nos meses de setembro e ou-
tubro, comprometidos com as greves dos Correios
e dos bancos, o CrediBahia já ultrapassou a meta
de R$ 28 milhões de financiamentos estabelecida
pela Desenbahia para 2011. Segundo o gerente de
Microfinanças da Desenbahia, Marcelo Mesquita,
soma-se ainda a este resultado positivo a aplica-
ção de R$ 5,5 milhões em instituições operadoras
de microcrédito, que repassam recursos da Desen-
bahia. O total de financiamentos do microcrédito
em 2011 já alcançou R$ 33,9 milhões, o que repre-
senta 32% de crescimento sobre o mesmo período
do ano anterior e 121% de cumprimento da meta
anual da Agência de Fomento.
20 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com
mídia+
Prêmio Aderbal Linhares
Os criativos baianos vão ter uma nova motivação. Breve, a Central de Outdoor
Bahia irá lançar oficialmente o prêmio Aderbal Linhares, com regulamento e
hotsite que reunirá todas as informações da premiação a ser realizada em agosto
de 2012. Sabemos que terá duas categorias: Institucional e Mercado, e abrangerá os
profissionais de criação, atendimento e mídia. O nome do prêmio é uma homenagem
ao pioneiro da mídia exterior na Bahia, pai de José e Adilson Linhares.
Em Boston
João Silva, diretor da Maria Publicidade e do Instituto Maria Preta, esteve
em Boston, nos Estados Unidos, a convite da Boston University (BU), dia 29
de novembro. Falou sobre “comunicação e a comunidade latino-americana”
para uma plateia formada por empresários convidados e mais professores
e seus alunos de pós-graduação e graduação do College of Communication,
formandos dos cursos de publicidade, RP, televisão e jornalismo. João
mostrou como uma linguagem simples, eficiente e popular pode gerar
identificação entre produto e comunidade e produzir casos de sucesso local
e mundial, como a marca do Olodum, criada por ele.
Pérolas de Nizan
Nizan Guanaes empolgou a plateia na festa do prêmio Colunistas, realizada no dia
23 de novembro, no restaurante Amado, com frases bem ao seu estilo polêmico e
provocativo:
“Gente boa é bom estar em grupo, em bando.” “Esse país é gigante pela
própria natureza, vem com slogan no próprio hino!”
“É bom disputar com gente boa. Disputar com gente ruim é um jogo de
squash e o bom é jogar tênis”.
“O sujeito que torce contra o seu concorrente é burro... É bom pro mercado
que haja competência”.
“A pior coisa é concorrência ruim. É a competência que melhora e qualifica
a concorrência e o trabalho dos anunciantes”.
“O Nordeste vive um momento de ouro, mas o trabalho de construção de
marcas no Nordeste precisa ser trabalhado”.
É de Bianca
O nome dela é Bianca Issles, estudante do curso de publicidade da Unifacs. Ela
fez bonito no concurso cultural da Central de Outdoor, intitulado “Sem outdoor
não dá”, que contou com a participação de estudantes de todo o país. Bianca foi
para São Paulo, aguardou com expectativa o resultado, e foi só alegria quando o
nome dela foi apontado pelo mestre de cerimônias como vencedora do concurso.
Ganhou um iMac e um belo prêmio para o currículo. Quando se formar, já chega
ao mercado de trabalho exibindo o diploma.
Em Brasília
O humor é a tônica da campa-
nha da Tempo Propaganda para
a corretora de seguros do Banco
de Brasília, veiculada em todas
as mídias, no fim do ano, no Dis-
trito Federal. O plus está no pla-
nejamento e na estratégia, toda
fundamentada em pesquisas
Ipsos Marplan com o software
Galileu. Através da ferramenta
a agência avaliou o perfil do pú-
blico-alvo, hábitos de consumo,
atitudes de compra...
por Nelson Cadena
Itabuna: crescimento
de emprego e
renda segundo
A cidade está entre os dez municípios baianos
que mais apresentaram avanço na geração de
oportunidades de emprego e elevação da renda. Um
índice divulgado pela Federação das Indústrias do
Rio de Janeiro (Firjan) coloca a cidade de Itabuna
entre as dez cidades baianas que mais apresentaram
avanço na geração de oportunidades de emprego e
elevação da renda. A cidade da região cacaueira
contribuiu para que a Bahia apresentasse melhora
no Índice de Desenvolvimento dos Municípios, em
sentido contrário do que se observou no cenário
brasileiro.
Petrobras procura
fornecedores
para o pré-sal
Preocupados com a capacidade da indústria para
atender à forte demanda do pré-sal, Petrobras e BNDES
estão rodando o Brasil em busca de novos fornecedores.
O objetivo é encontrar empresas dispostas a adaptar
suas plantas para produzir equipamentos de óleo e gás
no mercado nacional, o que amenizaria os problemas
para cumprir a cota de conteúdo local nos projetos.
Vale até empresas que atuam em outros ramos de
atividade e nunca produziram uma única peça para o
segmento. A Petrobras já teve contato, por exemplo, com
a Tramontina, fabricante de produtos como talheres e
ferramentas elétricas.
EMPREGOS
bloco de notas
22 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com
rápida
L íder na regional Nordeste, com 14.830 milhões de
clientes (880 mil novas linhas na região só no mês de
outubro), a TIM pretende manter-se na ponta do mercado
em 2012, por meio de investimentos na melhoria do atendimento e
serviços, além da abertura de lojas próprias da marca. Salvador e
a Bahia como um todo devem ter atenção especial da companhia,
conforme adiantou à [B+] o diretor de vendas consumer da operado-
ra no Nordeste, Eduardo Valdes.
O Nordeste representa hoje 30% dos negócios da TIM.
Como fazer para manter a liderança do número de clientes
na região em um mercado tão acirrado?
É uma parcela bastante significativa. Estamos com o conceito
de ampliar as lojas próprias em Salvador, a exemplo das que já
implantamos nos shoppings Iguatemi e Salvador. Ano que vem
teremos uma loja no shopping Barra. Também vamos crescer no
Investir em
atendimento para
manter liderança
regional
interior, que tem se desenvolvido bastante, princi-
palmente com a abertura de lojas próprias junto
a parceiros. Já temos olhado com muito carinho
para municípios como Vitória da Conquista e
Itabuna, por exemplo.
O conceito “store”, principal caracterís-
tica das lojas inauguradas em setembro e
outubro, é uma aposta da operadora para a
Bahia? A chance de sucesso é boa?
Sim, porque na Bahia tem clientes sofisticadís-
simos, ao contrário de quem imagina que é só em
São Paulo que eles existam. O perfil de clientes
nesse sentido está cada vez mais equilibrado. Os
clientes estão ascendendo de classes sociais, de C
para B, de B para A, e têm mais acesso a infor-
mação, adquirindo um bom nível de exigência.
A nossa tônica daqui para a frente é focar na
melhoria da qualidade de atendimento e serviço,
investir mais no treinamento das pessoas.
Como o senhor avalia o perfil do cliente
baiano?
O cliente de pré-pago baiano fala, em média, um
minuto a mais do que o perfil do cliente do Sul
do país, especialmente para longas distâncias. E
nós temos incrementado muito esse tráfego de
ligações por meio de nossas promoções, como a
Infinity, em que você paga apenas R$ 0,25 por
chamada, sem limite. Antes, as pessoas eram
obrigadas a falar pouco e logo desligar os aparel-
hos, hoje não.
O lançamento recente da promoção Infinity
do Bahia e o do Vitória busca explorar a
paixão do torcedor baiano por futebol no
sentido de promover mais a marca TIM?
É uma plataforma de relacionamento com as tor-
cidas apaixonadas de Bahia e Vitória, dois times
maravilhosos, o que nos dá a certeza de que será
uma parceria de sucesso, até porque os baianos,
de forma geral, são muito sensíveis às promoções
e adoram futebol. O chip tem conteúdo gratuito
dos clubes e todos os benefícios do Infinity Pré.
Fotos: Divulgação
Eduardo Valdes, diretor de vendas
consumer da TIM no Nordeste
(ao centro), junto com Bobô (à esq.)
e André Catimba, ídolos de Bahia e
Vitória, respectivamente
negócios
O empreendedorismo
da Vivire
Corpo e mente
em equilíbrio
Tradição e
bom gosto
26 28 32
startup 24 | carreira 36 | economia 38
24 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 25www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+]
negócios | start up
Foi a partir da ideia de criar uma hashtag
na rede social Twitter que nasceu,
no segundo semestre de 2011, o
movimento #DesignBaiano, que busca
reunir e integrar, de maneira politizada,
os profissionais da área
Design em
movimento
Q
ue a criatividade é uma das principais
características do baiano não é novidade
alguma. Imagine então como deve pulsar
esse atributo no segmento de design. Foi justamen-
te de uma iniciativa bem pensada que nasceu o
movimento #DesignBaiano, criado em agosto deste
ano, a partir de uma hashtag no Twitter.
Um dos idealizadores é o designer gráfico Felipe
Arcoverde, 29 anos. Ele conta que queria fazer algo
pelo design há um bom tempo e foi quando a ideia
de usar a hashtag #designbaiano teve uma boa
resposta. “A partir dela, o designer Thiago Borba
propôs a criação de uma Api (Application Program
Interface) na rede social, pela qual criamos o site
www.designbaiano.com.br”, explica Arcoverde.
Os principais objetivos do movimento incluem
valorizar, divulgar e integrar os designers baianos,
profissionais que hoje desenvolvem trabalhos em
agências de publicidade, gráficas, escritórios de de-
sign ou mesmo como freelanceres, como é o caso de
Augusto Leal, 24 anos, um dos integrantes da ação.
“É uma iniciativa muito importante, porque ajuda
a unir a classe, articular trabalhos, criar uma rede
de trocas de informações, além de nos valorizar”,
destaca Leal.
Profissional com experiência em design
estratégico, Mário Bestetti, 43 anos, ressalta que a
iniciativa pode ajudar a mudar a visão fragmenta-
da da atividade na Bahia. “Não concordamos com
segmentações, mas sim com uma entidade capaz de
proporcionar a união”, defende. O designer lembra
que a falta de unidade teria contribuído para o
fim de uma entidade com propósito semelhante,
a Associação Bahia Design, criada no início dos
anos 2000. “Desde então, estávamos órfãos de um
espaço para integrar os designers baianos, com o
objetivo de trocar experiências”, completa Bestetti,
que atualmente é dono de um escritório próprio, o
Overbrand.
Felipe Arcoverde, que também é sócio-diretor
da Person Design, lembra que a ideia inicial do
novo movimento foi catalogar os designers da Bahia
através da hashtag, que uma vez ‘twittada’ faz com
que o seguidor seja incluído automaticamente na
Api, ficando com a foto e as principais informações
do perfil no Twitter em visibilidade no site. “Com
o tempo, por meio de reuniões com pessoas que
foram chegando ao grupo, nossa ideia foi aumentar
isso, não ser só uma Api no Twitter, mas incorporar
algo mais abrangente”, conta Arcoverde.
por murilo gitel
Foto: Peterson Sitônio
Foto: Divulgação
O movimento ganhou forma
Na primeira semana de dezembro, a
iniciativa ajudou a trazer para Salvador o
designer Alexandre Wollner, considerado
um dos principais nomes na formação do
design moderno no Brasil. “Através do
@designbaiano, entramos em contato com
os responsáveis da Penso Eventos e eles
nos disseram que, se sentissem um bom
número de pessoas interessadas no curso
de Wollner, trariam o evento para Salva-
dor. Então coloquei na rede: ‘Quem quer
Alexandre Wollner em Salvador respon-
da: eu quero!’. Nós tivemos uma aceitação
grande. Foi uma forma de divulgar”,
argumenta Arcoverde, que afirma que o
movimento é aberto a qualquer designer
ou pessoa ligada à área, inclusive estu-
dantes. Atualmente, o grupo conta com
mais de 130 seguidores no Twitter e 200
curtidores no Facebook.
Outra resposta positiva foi a mobili-
zação para que os designers participas-
sem da Conferência de Livre Design,
promovida pela Secretaria de Cultura do
Estado da Bahia (Secult). “Fizemos uma
divulgação em nossas redes sociais e
conseguimos a presença de 46 designers,
o que surpreendeu a própria secretaria”,
enfatiza Arcoverde. Já nos dias 1º e 2
de dezembro, os profissionais do setor
participaram da IV Conferência Estadual
de Cultura. Uma das reivindicações foi a
de que o segmento passe a ser um eixo
setorial ou uma subárea da Secult – atu-
almente, integra a subárea do segmento
Serviços Criativos, que também pode ser
considerada uma subárea, nessa estru-
tura.
“Não queremos ser vistos como uma
subárea, mas sim como um segmento
de função transversal, até porque tem
design em todos os eixos produtivos do
nosso estado, como indústria e turismo,
por exemplo.
Precisamos de um olhar mais pró-
prio”, defende Bestetti. Ao término
da conferência, os designers baianos
conseguiram a criação de um edital
público de fomento ao design, o que
inclui um fundo estadual de investi-
mento intersetorial e a implantação
de um centro de referência, propostas
já aprovadas para integrar o Plano
Qual o objetivo?
Mapear Ter noção do tamanho do mercado de design na
Bahia. Quem são, onde estão e o que fazem esses profissionais.
Integrar Agrupar para ganhar força. Força para realizar eventos,
para representar o estado fora do mesmo e, quiçá, do Brasil.
Valorizar Mostrar que a Bahia tem profissionais de qualidade.
Divulgar Ser referência na Bahia, não apenas para os designers,
mas para as instituições de ensino, empresas e sociedade, e depois
ser referência nacional e mundial em design.
Algumas das opiniões dos
membros do movimento no Twitter:
@Marlllon Marllon Carvalho
#DesignBaiano é um design arretado, cheio de
personalidade e originalidade, e com toque de dendê
@matthausweb Lothar Matthaus
Todos tem mercado! Mas comparando com outros, a diferença
é absurda. Inclusive em valor de mercado #DesignBaiano
@appaixao Ana Paula Paixão
Sim! Precisamos trabalhar com ética, responsabilidade, comprometimento
e conhecimento p cobrarmos uma resposta do mercado #DesignBaiano
Estadual de Cultura da Secult.
Sobre perspectivas para 2012,
planejam realizar quatro eventos ao
longo do ano, aumentar o número de
participantes e finalizar um projeto
de apresentação da ação, que deverá
ser disponibilizado no sistema de
financiamento colaborativo no site
Catarse. [B+]
Foto: Peterson Sitônio
Designers baianos
participaram
recentemente
da Conferência
Livre de Design
na Secult
Felipe Arcoverde
(à dir.) é um dos
idealizadores
do movimento
#DesignBaiano,
(à esq.) o designer
Augusto Leal
Alunos do curso de
Identidade Visual com
Alexandre Wollner
26 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 27www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+]
negócios | moda
E
m 2012, a marca baiana de moda praia Vivire
completa 15 anos de mercado, sendo uma das
poucas sobreviventes de longa data do ramo no
estado. A confiança e o espírito empreendedor de Virgínia
Moraes, administradora e pós-graduada em moda, arte e
contemporaneidade, são algumas das características que
permitem o sucesso da empresa.
Inicialmente com duas lojas em Salvador e duas em
Praia do Forte, Virgínia expandiu nacionalmente a rede
em 2010, firmando presença em Recife (PE), Vitória (ES),
Ribeirão Preto (SP), Ilha Bela (SP), além do interior baiano,
como Alagoinhas, Entre Rios e Vitória da Conquista. “Digo
que levamos 14 anos para formar nossa marca no varejo
da Bahia, com consistência e admiração dos baianos e
O universo Vivire
Virgínia Moraes, empresária no setor de
moda praia e criadora da marca Vivire,
conta como faz para manter a regularidade
de vendas no setor e ampliar a
atuação no mercado nacional
das faculdades de moda”, comemora, ao acompanhar os
novos mercados conquistados.
Os reconhecimentos também chegaram ao longo
dos anos. O Sebrae premiou a Vivire, em 2010, em boas
práticas, o que, segundo Virgínia, se deve ao projeto de
apoio ao GACC, que a empresa faz há seis anos. Já no
início de 2011, o Senai Bahia selecionou a marca para ser a
empresa-piloto a participar de uma consultoria do Politéc-
nico de Milão, uma das mais importantes escolas de design
do mundo.
Sobre as possibilidade de fazer negócios darem certo
na Bahia, Virgínia ressalta: “O mercado é grande, mas é
preciso que os empresários saibam como crescer diante do
novo perfil de consumidores contemporâneos. A recicla-
gem e capacitação são imprescindíveis para a maturidade
desse novo olhar”. O resultado dessa confiança está em nú-
meros. A Vivire cresce em torno de 10% ao ano, chegando
a 30% durante o verão.
Como surgiu a Vivire?
Criei a marca em 1997. Sempre tive o espírito empre-
endedor e, no final do meu curso de administração de
empresas, resolvi iniciar meu próprio negócio. Escolhi a
moda por ter uma transversalidade com o tema.
Fotos: Divulgação
“Gostaria muito que os
baianos consumissem
mais a moda baiana.
Temos que valorizar o
que é nosso. Só assim
nosso estado cresce em
todos os sentidos”
Como você vê o cenário das mar-
cas produtoras de moda praia na
Bahia?
Esse cenário na Bahia está em
grande processo de redução. In-
felizmente, em 2010, observamos
o fechamento e enxugamento de
algumas indústrias e marcas impor-
tantes no nosso segmento. Refiro-me
ao setor de confecções como um todo
e não apenas moda praia. Isso se deu
por inexistência de políticas públicas
que olhem para o nosso setor de
confecções como um grande aliado
no combate à desigualdade social.
Sempre digo que grandes empresas
geram riqueza para o país e peque-
nas empresas geram distribuição de
renda.
A demanda por produtos de moda
praia é bastante significativa. É neces-
sário somente saber em que público-
alvo se quer chegar. Gostaria muito
que os baianos consumissem mais a
moda baiana. Temos que valorizar o
que é nosso. Só assim nosso estado
cresce em todos os sentidos.
Onde são feitas as peças da Vivire?
A produção é feita por facções
(pequenos grupos de costureiras) em
Salvador. Nossa mão de obra é local.
Apesar de a gente saber que diversas
indústrias estão optando por produzir
no exterior, utilizando mão de obra
escrava, procuramos sempre investir
na sustentabilidade do nosso setor
local. Temos um núcleo de criação e
desenvolvimento de produto na nossa
matriz, com profissionais formados
em moda e alguns deles pós-gradu-
ados. Temos um compromisso em
propor um trabalho onde a pesquisa,
o design e a paixão em fazer moda
são aspectos imprescindíveis.
Como vem sendo feita a
expansão do negócio?
Digo que levamos 14 anos para
formar nossa marca no varejo da
Bahia, com consistência e admiração
dos baianos e das faculdades de
moda. O atacado da marca foi inicia-
do ano passado e estamos buscando
aos poucos os novos mercados. Não
se abre a carteira de cliente da noite
para o dia. Um dos nossos planos a
médio prazo é atender as solicitações
de franquia da marca.
A Vivire costuma usar a frase que
diz: “Para quem tem o espírito dos
trópicos, o que menos importa se
é inverno ou verão”. Qual é a men-
sagem que vocês querem passar
com ela?
A regularidade de venda é nosso
principal desafio. Hoje temos duas li-
nhas de produto. A linha Praia, que é
a mais conhecida; e a linha Balneário.
A Balneário surgiu como uma forma
de driblar a sazonalidade e porque
identificamos que nosso cliente que-
ria estar fazendo parte do nosso
Vivire precisou
de 14 anos
para consolidar
a marca no
mercado
“Universo Vivire” durante todo o ano.
Assim, a Vivire buscou a nossa
essência baiana de espírito alegre,
extrovertido, leve e sempre disponível
em acolher. A moda Balneário abusa
das estampas exclusivas, dos tecidos
escolhidos criteriosamente com o
objetivo de propiciar mais conforto
e leveza aos nossos clientes. Por isso
nasceu a frase acima.
Como é a preparação
para o verão?
Intensa, pois é nossa mais impor-
tante estação. Iniciamos nossa
pesquisa do tema cerca de seis a
sete meses antes. Como trabalhamos
com tecidos e estampas exclusivos,
o processo é bastante demorado e é
todo feito fora do nosso estado, por
não termos indústrias têxteis.
Como tem mantido a marca
durante tanto tempo e tem
driblado as dificuldades?
Nossa proposta era diferenciada
desde o começo. Lógico que ela foi
aprimorada ao longo desses 14 anos.
Acredito que a busca do conhecimen-
to científico, do design diferenciado,
do investimento em estampas
exclusivas, ambientes de loja contem-
porâneos e parcerias com bons
profissionais fizeram com que a Vivi-
re fosse percebida de forma
diferente por esses novos consumido-
res. [B+]
28 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 29www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+]
P
or melhoria da qualidade de vida, diminuição do
estresse, promoção da saúde, hobby, corpo defini-
do, perda de peso ou lazer. Seja qual for o objeti-
vo, a prática de exercícios físicos se tornou praticamente
indispensável em nosso atual modelo de vida. Mas o que
tem provocado a mudança de hábitos dos brasileiros e mais
especificamente dos baianos em relação ao corpo? E como
os donos desses negócios e investidores da área estão su-
prindo essa demanda?
“O mercado fitness, não só no Brasil, mas no mundo
todo está em franca expansão. A demanda está crescendo,
em função da mídia e dos médicos que têm influenciado
muito”, diz Leandro Cardoso, sócio da rede Alpha Fitness,
que tem a primeira unidade da academia localizada na
Vila Laura. Paulo André Cavalcante, proprietário da Esta-
ção Atlética, academia voltada para atividades aquáticas
e musculação, diz que há 12 anos (quando inaugurou a
unidade) não se cogitava ter uma pessoa da terceira idade,
com artrose e outros problemas nos ossos, fazendo muscu-
lação, pegando peso. “Sem dúvidas é mais uma questão de
saúde do que de estética. A gente observa que as diferen-
tes gerações da mesma família continuam na academia,
um leva o outro, avós e netos se encontram lá”, completa
Cavalcante.
O triatleta Pedro Paulo Bandeira concorda que o
aumento da informação contribuiu para que a atividade
física ultrapassasse os objetivos estéticos e estivesse cada
vez mais relacionada com a saúde e o bem-estar. Para ele
isso resulta no aumento da quantidade e da qualidade não
só nas academias como das assessorias esportivas. “Atu-
almente, acredito que estamos na terceira posição nessa
área de educação física, atrás de Rio e São Paulo” destaca.
negócios | mercado
Saúde em boa forma
A reconfiguração das novas academias
como centros de bem-estar, a ascendência
do elo entre a qualidade de vida e a
estética e a ampliação dos negócios na
área demonstram o atual estágio da
cultura fitness na Bahia
por Vanessa Aragão
Fotos: Rômulo Portela
Nesse ritmo, o mercado soteropo-
litano do setor não para de crescer,
tanto em número de matrículas, como
em atividades, grupos de corrida e
academias. Acompanhando a tendên-
cia da cidade, a rede de academias
Alpha Fitness está se expandindo e
inaugura uma nova unidade no Costa
Azul, com capacidade para 2.500
pessoas. Além dessa, já está tudo
preparado para a terceira, na Barra.
“Desenvolvemos uma pesquisa de
mercado nesses bairros para saber
o grau de satisfação do atendimento
dos clientes e avaliar os objetivos dos
frequentadores de academias. Como
está caindo a cultura do fitness e
agora o bem-estar é mais valorizado,
nosso trabalho vai ser todo estabele-
cido pelos médicos. Teremos endocri-
nologistas, nutricionistas, avaliadores
físicos dentro da academia, fazendo
um tratamento diferente”, explica
Leandro Cardoso.
Centros de bem-estar
Na nova configuração das
academias, elas passaram a ser
denominadas como centros de bem-
estar, por concentrarem uma série de
atividades voltadas para a melhoria
de vida. Ioga, pilates, boxe, dança,
hidroginástica, natação, krav–magá,
jiu-jítsu, muay thai, clubes de corrida,
capoeira, massoterapia, dentre outras
atividades, proporcionam variadas
opções para um público cada vez
mais diversificado.
A academia Vidativa, dirigida por
João Nunes Dias Júnior, nasceu em
2006 com o conceito multidisciplinar
e mostra que esse é um desejo do
mercado. “Está comprovado pelos
próprios alunos que essa é a grande
tendência. É gratificante quando
ouvimos de algumas pessoas que não
gostavam de academia e que agora
não conseguem ficar sem frequentar”,
garante.
Ao completar dez anos em 2011, a
Villa Forma trouxe novidades como
o squash e a ginástica funcional,
que prepara o corpo para o melhor
desempenho das atividades do dia a
dia. Carol Sousa, dona da academia,
afirma que o carro-chefe ainda é a
musculação, mas há bastante interes-
se nas outras atividades. “A preocupa-
ção com a estética é muito forte, mas
a maioria entende que a saúde está
em primeiro lugar”, garante Carol.
Além da sazonalidade soteropo-
litana na frequência das academias
– no inverno sempre há uma queda,
entre outubro e dezembro há um
aumento de matrículas, e o ápice se
encontra nos meses de março e abril
–, o proprietário da Estação Atlética
percebe que ainda há muita dificul-
dade para abrir academias pela invia-
bilidade imobiliária. “Para construir
uma academia de médio a grande
porte é necessário um local grande,
perto da residência das pessoas, de
fácil acesso. Uma área dessa com
uma boa localização é praticamente
impossível em Salvador hoje em dia”,
declara Cavalcante.
Crescimento esportivo
Com a experiência de quatro anos
em uma academia, o personal trainer
Paulo Marques avaliou o mercado e
resolveu montar seu próprio negócio,
a Evolution Assessoria Esportiva. Ela
é destinada a desenvolver projetos de
musculação, aulas de futsal, natação,
hidroginástica em condomínios e
empresas. “A maioria dos grandes
e médios empreendimentos tem
academia, é muito cômodo você fazer
um exercício físico sem sair de casa,
além de ter a segurança e de evitar o
trânsito caótico. Então concentramos
tudo isso onde as pessoas moram.
A comodidade das academias nos
condomínios já é uma realidade e isso
vai crescer ainda muito mais”, torce.
Foto: Rômulo Portela
O triatleta Pedro Paulo
Bandeira e sua rotina de
treinamento: natação,
ciclismo e corrida
Ao completar dez anos em 2011, a
Villa Forma trouxe novidades como o squash
e a ginástica funcional para seus alunos
30 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 31www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+]
Salvador Shopping, Vanessa Oliveira,
afirma que, além da segunda unidade
instalada no Shopping Barra recente-
mente, há espaço na capital baiana
para mais lojas da marca: “Salvador
está em pleno crescimento esportivo,
essa foi a segunda loja na capital, mas
com certeza tem mercado para uma
terceira e quarta. Esse crescimento
não está ligado só ao culto ao corpo e
sim à busca de uma melhor qualidade
de vida”.
Clubes de corrida
Outro resultado desse momento
vivido no Brasil é percebido em
Salvador com o aumento do número
de treinadores de grupos e de adeptos
da corrida de rua. André Araújo,
presidente da Associação de Treina-
dores de Corridas de Rua (Atec-BA),
que existe há dois anos, e treinador
do grupo Corpus Vitalle, diz que hoje
são cerca de 70 profissionais
Assim como as academias e
assessorias, as redes de lojas es-
portivas também trilham o mesmo
caminho, como é o caso da Centauro,
que tem cinco lojas em Salvador.
Gerente da loja no Iguatemi, Marcelo
Miranda percebe que o Brasil está
muito voltado para o esporte e que
as pessoas consomem mais no verão
e em eventos sazonais. Com expecta-
tiva de crescimento anual entre 8% a
12%, Marcelo afirma que informação e
orientação são cruciais tanto para as
atividades quanto para as compras:
“Há pouco tempo saiu uma matéria
na televisão sobre o bom uso da
corda para a prática de exercícios
aeróbicos. A procura desse acessó-
rio foi a que mais cresceu em todas
as lojas. A cultura do corpo, saúde,
bem-estar, esse tipo de imagem que é
vendida hoje contribui muito para o
crescimento do segmento esportivo”,
explica Miranda.
A gerente da loja Track&Field do
cadastrados e estima que existam
100 grupos na cidade. “De três anos
para cá o crescimento foi vertigi-
noso. Para se ter ideia, em 2009, nós
tivemos aqui cerca de 36 corridas. Em
2010, esse número já pulou para 48,
e este ano nós chegamos a 70, com
grandes provas, grandes circuitos”,
ressalta.
Nos clubes ou grupos de corrida,
há horários e locais pré-determinados
para treinos acompanhados e as
pessoas recebem recomendações de
acordo com o objetivo de cada um.
Segundo Araújo, pode-se dizer segu-
ramente que a capital baiana hoje é
um polo de corrida de rua: “Salvador
hoje tem o maior número de provas,
o maior número de grupos de corrida,
o maior número de cadastrados
na Federação Baiana de Atletismo
como corredor de rua (cerca de dois
mil). Com certeza é o maior polo do
Nordeste”.
O triatleta Pedro Paulo Bandeira
acredita que, como todo fenômeno
social, as pessoas vão praticando,
gostam e chamam as outras. Assim os
eventos se multiplicam e o cresci-
mento acontece. “Isso é bom, uma
moda saudável, que pegou e continua
evoluindo. Esses grupos estão cada
vez mais se aperfeiçoando com rela-
ção às orientações multidisciplinares.
Não é só a prática da atividade física.
Ela está em conjunto com a alimen-
tação, a fisioterapia, profissionais de
educação física, uma série de coisas
que fazem parte do treinamento da
assessoria esportiva”, explica.
Para a fisioterapeuta Evellyn
Rangel, as pessoas têm se preocupado
mais com saúde de uma forma geral e
vários fatores podem estar associados,
como o maior número de informações
sobre saúde, o aumento da expec-
tativa de vida, o sedentarismo e o
estresse do dia a dia. “Tudo isso tem
nos levado a buscar a saúde e o bem-
estar”, conclui. [B+]
Segundo a nutricionista Izabella Ferraz, os cuidados
com o corpo aumentam no verão. Para manter a
forma e a autoestima são indispensáveis uma boa
alimentação e a prática de atividades físicas, como:
Alimentação O café da manhã é fundamental, almoço e jantar leve.
Entre essas refeições, fazer lanches ricos em fibras e minerais, como frutas frescas,
castanhas do Pará ou sementes de abóbora e gergelim. A hidratação é fundamental
ao organismo e nenhum líquido substitui a água.
Atividades Nesta estação, costumamos priorizar atividades ao ar livre,
como a natação, corridas, caminhadas. O importante é que a atividade escolhida
seja prazerosa. Uma dica básica é estar alimentado antes da prática de qualquer
atividade física.
Pele O uso de protetor solar é indispensável, independente da época do ano,
porque evita doenças decorrentes da exposição ao sol e mantêm uma pele saudável
e sem manchas. No verão, são recomendados procedimentos como uma esfoliação
suave semanal e hidratação diária com produtos adequados ao tipo de pele.
32 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 33www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+]
E
m meio às vielas do Comércio
de Salvador, precisamente
na rua Conselheiro Saraiva,
nº32, há uma lanchonete que sobrevi-
ve às mudanças vizinhas e acolhe um
punhado de clientes fiéis. O Rei do
Pernil foi fundado há exatos 80 anos
pelo pai de Manolo, um espanhol
simpático que começou no negócio
com 14 anos e hoje recebe ajuda do
filho, Fernando Perez, na gerência do
estabelecimento.
A tradição está preservada nos
mínimos detalhes. Seja no quadro
em homenagem a Nossa Senhora de
Aguassanta, mandado fazer pela espo-
sa de Manolo; ou pelas três velas que
o espanhol acende pedindo proteção
enquanto durar o dia de trabalho.
A lanchonete funciona de segun-
da a sábado, das 7h às 18h, mas os
trabalhos começam às 4h. Essa hora
é quando Perez chega para preparar
o pernil, que demora de duas a três
horas para ficar pronto. Os apeti-
tosos sanduíches levam nomes de
pontos turísticos de Salvador, como
o Elevador Lacerda (pernil, queijo e
salame em um pão italiano) e o Plano
Inclinado (pernil, queijo e presunto).
Outros tantos restaurantes de
Salvador conservam a clientela há
muitos anos. Listamos a seguir uma
seleção de delícias gastronômicas
que apaixonam tanto baianos quanto
turistas.
negócios | gastronomia
Com o segredo
no tempero
e na tradição por Vinícius Silva
Estabelecimentos em
Salvador preservam antigos
costumes para fidelizar um
público que gosta de bom
humor, descontração e um
tempero irresistível
Fotos: Romulo Portela
Manolo exibe o
tradicional sanduíche de
peru - preparo da carne
leva até três horas
Recanto da
Tia Maria
Avenida Constelação, 213,
Pedra Furada – Monte Serrat
Com mais de 35 anos de cozinha, o dendê do Recanto da Tia
Maria já foi até pauta do jornal britânico The Guardian. Entre
moqueca de peixe, casquinha de siri e bolinho de bacalhau, o
siri-boia é o prato mais pedido do restaurante, acompanhado de
farofa e vinagrete.
O “Recanto”, que começou como uma quitanda de frutas, é
praticamente uma sala de estar, onde a proprietária recebe os
amigos e conversa sobre a vida. Com os frutos do mar prepara-
dos na hora, Maria explica que o movimento é imprevisível: “Às
vezes alguém liga avisando que vem e faz logo o pedido do almo-
ço, outras vezes isso aqui enche de turista trazido por pousadas e
companhias”.
O restaurante funciona de 8h até o último cliente. No verão,
os visitantes gostam de ficar sentados na parte de fora, tomando
uma cerveja e apreciando a vista da Baía de Todos os Santos.
Boteco
do França
Rua Borges dos Reis,
24-A - Rio Vermelho
A história do Boteco do França, no Rio Vermelho, começa
pelo restaurante Extudo, também localizado no endereço boêmio
de Salvador. Nele, Antônio França e José Raimundo trabalharam
como garçons e firmaram parceria ao fundar o famoso boteco. As
mesas, espalhadas por uma tranquila ruela, deixam o ambien-
te mais despretensioso e o lugar só fecha depois que o último
cliente sai.
Para os dois empreendedores, o Boteco do França se tornou
um reduto de jornalistas e intelectuais. E não poderia ser diferen-
te, uma vez que o jornalista Antônio Rizério chegou a participar
da fundação do estabelecimento, sendo o responsável pelo nome
e pelas primeiras versões do cardápio.
Aos sábados, o prato favorito e mais pedido é a feijoada
Olívia Santana - uma homenagem à vereadora que é cliente
antiga do Boteco. O segredo para tanto sucesso é guardado a sete
chaves.“Nossa feijoada é magra, tem todos os tipos de ingredien-
tes, mas não é uma comida gordurosa. Nosso cozinheiro bota uma
dose de pinga dentro, que tira totalmente a gordura. O resto, a
gente não pode mais contar”, conta José Raimundo.
Simplicidade marca o
Boteco do França, no
coração do boêmio bairro
do Rio Vermelho
Cozinha de Tia Maria
é aberta e clientes
podem acompanhar
o preparo do siri-boia,
especialiade da casa
Fotos: Rômulo Portela
34 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 35www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+]
Alfredo
di Roma
Rua Morro do Escravo
Miguel, s/nº, Hotel
AtlanticTowers - Ondina
Com a tradição italiana por trás das massas, risotos, carnes e fru-
tos do mar, o restaurante Alfredo di Roma começou sua história em
1905, lá na Itália, pelas mãos do chef Alfredo di Léio. A casa ganhou
fama quando os atores do cinema mudo Mary Pickford e Douglas
Fairbanks se encantaram pelo lugar e o presentearam com um garfo
e uma colher de ouro.
O principal prato do restaurante, o “Fettuccine Alfredo”, foi cria-
do em 1914, motivado pela perda de apetite que a mulher de Alfredo
apresentara durante a gravidez. O molho delicioso caiu no gosto dos
clientes com sua receita simples: manteiga e queijo parmesão ralado.
Muitas histórias foram criadas para explicar como Alfredo reuniu os
ingredientes e formulou o prato mais famoso da casa, sendo passado
por três gerações que comandaram o restaurante Alfredo di Roma na
Itália e que foram os responsáveis por sua expansão, abrindo outras
filiais em Nova York e, claro, em Salvador.
Foto: Divulgação
Alfredo di Roma traz um
toque especial da culinária
italiana para Salvador
Restaurante
Maria de
São Pedro
Praça Visconde de
Cayru, 250 – Mercado
Modelo (2º piso)
Churrascaria
O Líder
Largo Dois de Julho,
32 – Loja B
Certa vez, o escritor baiano Jorge
Amado escreveu em uma de suas crônicas
que “Maria de São Pedro era uma rainha
da Bahia feita de porte, bondade e arte”. O
restaurante fundado por ela e localizado
dentro do Mercado Modelo tem 86 anos
de existência e hoje é administrado pelo
filho caçula da matriarca, Luis Domingos.
Amado era apaixonado pela moque-
ca de peixe inventada pela dona. Mas o
prato não conquistou somente ele. Outras
personalidades como Orson Welles, Jean-
Paul Sartre e fregueses assíduos como
Calazans Neto e Carybé provaram e ajuda-
ram a criar a fama internacional do lugar.
O restaurante está instalado no
terraço do Mercado Modelo e funciona
de segunda a sábado, das 11h às 19h, e
domingo até às 16h.
Com 53 anos de história, a churrascaria O Líder já passou
por cinco gerentes. Quando ainda se chamava Dom Q’Choppela
passou de choperia para churrascaria a pedido dos clientes. “Eles
sugeriram refeições e ajudaram a construir o cardápio”, conta
o atual dono do negócio, Eduardo Garcia. E a seleção de pratos
continua em construção. Segundo Garcia, o pedido que mais
sai é churrasco regado a um molho avermelhado feito à base de
tomate e torresmo, invenção da casa – além do sanduíche de
pernil, é claro.
Atualmente, a clientela é formada basicamente por profes-
sores universitários e políticos, que se encontram no final da
tarde para desfrutar das guloseimas oferecidas pelo restaurante.
Aberto desde as 7h, O Líder só fecha as portas às 3h e funciona
de domingo a domingo. [B+]
Fotos: Romulo Portela
“Malassado” de filé mignon
e sanduíche de pernil
são os carros-chefe do
“O Líder”, que costuma
receber estudantes,
professores e políticos
no 2 de Julho
Em pleno Mercado Modelo, o
Maria de São Pedro já caiu no
gosto de intelectuais como Jorge
Amado, Jean-Paul Sartre e Carybé
36 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 37www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+]
>>
>>
1. Adaptabilidade
É a capacidade de adaptação às mudanças, a diferen-
tes situações e realidades, a novas atividades e projetos.
As empresas hoje estão constantemente transformando-se
para acompanhar as frequentes mudanças no cenário
econômico mundial. Para sobreviver financeiramente, elas
estão buscando os profissionais com um elevado nível de
adaptabilidade, que sejam abertos, que aceitem mudar
de posto, de cidade, de país, que modifiquem projetos e
prioridades, que aceitem novas ideias.
2. Criatividade
É o processo através do qual as ideias são geradas,
desenvolvidas e transformadas em valores. O processo
envolve a descoberta de maneiras novas e eficazes de lidar
com o mundo, resolver problemas e ampliar o círculo de
influência. A criatividade manifesta-se pela capacidade de
inovar e de resolver situações inesperadas e da capacidade
de decidir autonomamente e, acima de tudo, pelo senso
crítico. Não aceitar passivamente o que a tradição, moda e
opiniões dominantes procuram impor incondicionalmente.
O mercado de trabalho busca os profissionais que têm
negócios | carreira
O
mercado de trabalho hoje exige muito mais
do que um diploma. Longe estão os dias em
que frequentar uma universidade altamente
credenciada era uma garantia para conseguir um bom
emprego ou uma boa posição profissional. Você precisa
de muito mais: experiência, comunicação e outras
habilidades.
Mas o que é competência? Quais são os elementos
exigidos atualmente? As competências são formadas
basicamente por três fatores: conhecimento, habilida-
des e atitudes.
As dez competências mais procuradas pelo merca-
do de trabalho atual são:
Rosival Fagundes lista dez
habilidades para conquistar
espaço no mercado
competitivo e exigente em
que vivemos
Competências profissionais
por
Rosival
Fagundes
Consultor do
Sebrae e professor
universitário
Aluno a caminho de se inserir
no mercado de trabalho ao
receber o diploma do
programa Jovem Aprendiz
7. Capacidade para
trabalhar em equipe
Não podemos mais trabalhar sozinhos. Vivemos em
um mundo globalizado que exige que o trabalho seja feito
em equipe, às vezes composta de pessoas que estão a
milhares de quilômetros de distância. Não é fácil trabalhar
em conjunto, porque isso requer expor ideias e ouvir os
outros; aceitar sugestões, respeitar opiniões diferentes,
colaborar, construir juntos e aceitar os limites de si e dos
outros membros da equipe.
8. Liderança
“Não é a posição que faz o líder, mas o líder que faz a
posição”. Um bom líder ouve as ideias dos outros, inspi-
ra confiança nos colegas de equipe, respeita, é seguro o
suficiente para defender suas ideias e as dos seus subordi-
nados. É capaz de atrair voluntários para suas iniciativas e
projetos, influencia outros e cativa a sua atenção, coordena
e organiza projetos. O mercado de trabalho hoje
procura as pessoas que podem, em algum momento ou
ocupação, assumir o papel de líder e conquistar segui-
dores.
9. Empreendedorismo
Essa competência não é necessária apenas para aque-
les que querem seu próprio negócio, mas para qualquer
profissional. É muito importante saber mostrar o seu
conhecimento e valor, seu “know-how”, saber vender seu
produto ou projeto, tratar o negócio como se fosse seu, bus-
car novas oportunidades, ter perseverança e compromisso,
assumir riscos, planejar e definir metas.
No mercado competitivo, ter um espírito empreende-
dor abre muitas portas. Você não pode esperar até que
alguém lhe dê uma oportunidade de emprego ou negócio.
Você deve ir a campo para encontrá-la.
10. Domínio das novas tecnologias
de comunicação e informação
Hoje em dia é essencial conhecer e saber usar as no-
vas tecnologias de comunicação e informação. A internet
mudou as relações e lugares de trabalho. Você pode se
comunicar facilmente com os profissionais que estão longe,
trocar ideias por e-mail, MSN, Skype, fazer reuniões, com-
prar e vender produtos em sites comerciais de diferentes
países e assim por diante. As relações interpessoais foram
facilitadas e expandidas com redes como Orkut, Twitter,
Facebook, MySpace, e outros.
Hoje, quem não está conectado nem acompanha o
mundo tecnológico fica em desvantagem no mercado de
trabalho. [B+]
ideias novas e originais. Mas, para ser criativo é necessário
expor, apresentar ideias e pontos de vista e permitir riscos,
sem medo de errar.
3. Iniciativa
É tomar a iniciativa de resolver problemas e realizar
tarefas fáceis ou difíceis. Não só ter a ideia ou solução,
mas acima de tudo, tomar medidas. O mercado está procu-
rando profissionais que respondam com rapidez e agilida-
de às demandas da vida cotidiana.
4. Facilidade de comunicação
Com a evolução da tecnologia, surgiram diversas fer-
ramentas de comunicação. Por outro lado, fazer uso dessas
novas ferramentas não significa ter facilidade de comuni-
cação. Você precisa saber expor claramente as ideias e opi-
niões, o que exige ser capaz de observar os acontecimentos
e situações, e ouvir os outros.
A comunicação pode ser feita de várias maneiras:
verbalmente, por escrito e não-verbalmente. Às vezes nós
nos comunicamos facilmente por meio de uma dessas
formas, mas também há a necessidade de desenvolver as
outras. Às vezes dizemos algo verbalmente, mas os nossos
olhos ou sorriso podem dizer o oposto. Para trabalhar na
atualidade, é preciso se comunicar através de vários ins-
trumentos, em línguas diferentes e você tem que entender
a linguagem dos vários membros da equipe profissional.
5. Facilidade de
relacionamento interpessoal
Relacionar-se facilmente com os outros exige ser
empático, aceitar a si mesmo e aos outros com os pontos
fortes e fracos de cada um, estar disponível para o outro.
Na sociedade de hoje, as relações são cada vez mais
breves, superficiais, temporárias e até mesmo virtuais. No
mundo do trabalho, fala-se agora da importância da “rede”
ou rede de contatos, pois ela frequentemente facilita desde
novas oportunidades de carreira até a troca de informa-
ções, realização de negociações e parcerias.
6. Capacidade de
resolver problemas
Resolução de problemas faz parte da rotina diária
em todas as atividades de trabalho. O que muda é o tipo
e a dimensão de tais problemas. Há dificuldades muito
simples e outras que exigem maior esforço e persistência.
Para resolver um problema, devemos analisá-lo de diferen-
tes ângulos, investigar possíveis formas de resolver, avaliar
alternativas, prever consequências e tomar uma decisão
assumindo riscos.
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Foto: Secom BA
38 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com
negócios | economia
Que os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China
e África do Sul) se tornaram a tábua de
salvação global, e que a China tem sido nos
últimos 15 anos a máquina propulsora da
economia, todo o mundo já está mais careca
do que eu de saber.
Mas ao lado do inferno astral da Eurozo-
na e da crise da economia norte-americana,
outra sombra de tensão começa a se formar.
Vários artigos estão sendo publicados (aqui e
no exterior) dando conta de um fenômeno: a
possível redução do ritmo chinês de cresci-
mento. Isso já era esperado, pois a economia
não cresce infinitamente, há sempre ajustes
naturais, isso pode ser explicado pelo con-
trole da inflação (que surge em momentos de
pico de atividade) e por gargalos estruturais
no mercado de fatores (matérias-primas, mão
de obra e capital financeiro).
Ademais as instituições talvez estejam
produzindo impactos negativos sobre a
macroeconomia chinesa, pois a economia não
é só números: as instituições sobre as quais
ela está construída importam sim: institutions
matter.
No caso da China o sistema bancário,
como instituição, parece estar em xeque, e
isto é interessante. Nos acostumamos a ter
a China como uma superpotência capaz de
rivalizar com os EUA. Não acho que isso seja
irreal, mas nem tanto ao mar e nem tanto à
terra. Não devemos ser binários, pois entre o
zero e o um existem infinitos pontos.
A China sofre problemas institucionais
graves: além do descontrole ambiental e da
falta de democracia, agora surge à tona a
questão do seu mercado bancário. O Banco
Mundial estima que 8% dos empréstimos
totais da China sejam ofertados pelo mercado
informal (os agiotas), um mercado totalmente
desregulado e muito poderoso, o chamado
shadow banking, que tem como demandantes
micros e pequenos empresários, e o aquecido
(mas já esfriando) boom imobiliário chinês.
Além disso, o grosso do mercado chinês é
controlado pelas estatais, “teoricamente”
mais politizadas e menos amigas do mercado.
Paria piorar, o BC chinês está fazendo uma
política monetária contracionista para conter
a inflação de demanda por lá. Esse ambiente
produz problemas de confiança, e pode travar
o crescimento chinês, pelo encarecimento do
crédito e seus altos custos de transação.
Pode-se argumentar que o sistema ban-
cário chinês possui solidez até em razão de
abrigar os dois maiores bancos do mundo, o
Industrial and Commercial Bank of China e
o China Constrution Bank. Assim, o sistema
bancário do império do sol seria mais compe-
titivo do que o nosso brasileiro, por exemplo.
Ocorre que o dinamismo capitalista
somente aportou na China nos anos 70 pas-
sados, por meio das reformas econômicas de
Deng Xiaoping. Diferentemente do Brasil que
sempre viveu o capitalismo e a danada da
inflação, a economia chinesa somente agora
afunda nesses “vícios”.
O sistema bancário brasileiro se tornou
eficiente dada a sua tecnologia (para se
proteger da hiperinflação nos anos 80 até
1994) e por ter sobrevivido à crise bancária
do início do Plano Real. Aqui nunca tivemos
os créditos Ninja (empréstimos imobiliários
para pessoas sem renda, sem trabalho e sem
ativos) como nos EUA, nem o shadow banking
chinês. Nossas elevadas taxas de juros, os
astronômicos spreads e a dura regulação do
nosso BC blindaram nosso mercado, produzin-
do altíssimas taxas de lucratividade bancária.
Temos também democracia política e um
mercado competitivo. Nossos gatos gordos se
tornaram eficientes.
Assim, como dizia o professor Delfim
Netto: devemos ter em mente que o copo está
sempre meio cheio de água ou meio cheio de
ar, depende do modo que o olhamos. Temos
que olhar a China como se olhássemos este
copo de água.
Um pouso forçado dos chineses em função
de um travamento do seu sistema de crédito
trará impactos negativos para o mundo e, cla-
ro, para o Brasil. Isto para nós é complicado,
em razão de que nossa estimativa de cresci-
mento do PIB para 2012, feita pelo FMI, nos
coloca atrás de nossos vizinhos da América
do Sul: empatamos com a estagflacionária
Venezuela.
A China deve ser respeitada pelo seu ta-
manho e velocidade e pelo impacto negativo
que ela pode trazer ao mundo, se ela crescer
mais devagar. Não temos o tamanho e o ritmo
chinês de crescimento, mas o copo está meio
cheio de ar.
Shadow Banking
luiz marques
Filho
Economista,
superintendente da
FEA-Ufba, diretor
da ADVB-BA e
professor da
Faculdade Baiana
de Direito
40 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com
E do lixo
fez-se energia
Em um contexto em que aliar
desenvolvimento com preservação
ambiental cresce cada vez mais,
três usinas termelétricas transformam
o lixo dos aterros em biogás,
que vira energia elétrica
44
tendências | 42
pro bem | 48
soluções sustentáveis | 52
economia criativa | 53
sustentabilidade
Apoio:
42 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 43www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+]
sustentabilidade | tendências
EcoD completa 3 anos
Há três anos surgiu no Brasil o Portal EcoDesen-
volvimento.org por iniciativa do empresário baia-
no Isaac Edington, diretor-presidente do Instituto
EcoD. Ao tratar de um assunto ainda pouco divul-
gado nas mídias de forma atenta e inovadora, o
EcoD logo se tornou o maior portal sobre sustenta-
bilidade do país de iniciativa da sociedade civil, e
acompanhou de perto alguns dos fatos mais impor-
tantes que aconteceram nesse período. Para levar
essas informações ao maior número de pessoas,
o EcoD lançou uma série de iniciativas pioneiras,
como ser o primeiro portal sobre sustentabilidade
a ter conteúdo em celulares por meio do m.ecod.
org.br, além do primeiro aplicativo brasileiro com
notícias em tempo real sobre o tema para iPho-
ne, iPad e iPod Touch. Hoje, o EcoD também está
presente em mídias em elevadores, shoppings,
aeroportos, supermercados, bares e restaurantes,
ônibus e metrô. Por tudo isso, o EcoD já recebeu
prêmios importantes, como os Top Blog 2009 e
2010, além de ser finalista do Prêmio Greenbest
2010, que teve a participação dos principais veí-
culos de comunicação do país. “Acreditamos em
um futuro melhor, mais justo e próspero, mas sa-
bemos que ainda há um longo caminho a ser per-
corrido, e convidamos você a seguir nesse trajeto
com a gente”, afirma Isaac Edington.
TEDx Salvador
O impossível pode se mostrar em nossas vidas de
diversas formas. Mas cada pessoa é capaz de li-
dar com as suas impossibilidades e transformá-las
em algo real. “Não sabia que era possível, foi lá
e fez”, como afirmou certa vez o intelectual Jean
Cocteau. O tema “O que é ‘impossível’?” guiou as
minipalestras do TEDx Salvador, realizado no dia
7 de novembro. Cada um dos palestrantes contou
histórias sobre como lidar com os desafios e al-
cançar aquilo que antes era um sonho, mas que
com um pouquinho de trabalho e empenho, deixa
de ser algo inalcançável e se torna parte de suas
vidas. Uma das históricas compartilhadas foi a de
Márcio Okabe. Ele criou a Wikisocial para reunir
programadores e designers voluntários e projetar
sites de fácil gerenciamento para ONGs. Com base
no conceito open source, no qual a comunidade
virtual se ajuda, Okabe realizou um sonho: conse-
guir usar o conhecimento em benefício dos outros
- um ensinamento que sua mãe lhe deixou.
Fábrica de geradores eólicos é inaugurada
Montar equipamentos para importantes projetos do setor eólico no
Brasil e na América Latina é o principal objetivo da fábrica de ae-
rogeradores da empresa francesa Alstom, inaugurada em 30 de no-
vembro no Complexo Industrial de Camaçari. Segundo a diretoria
da empresa, a Bahia foi escolhida por ser considerada o segundo
parque eólico do país. A unidade conta com investimento inicial de
R$ 50 milhões e tem capacidade de 300 MW por ano, além de gerar
até 150 empregos diretos. O primeiro parque eólico da Bahia, insta-
lado em Brotas de Macaúbas, na Chapada Diamantina, entrará em
operação até o final do ano, e deverá produzir eletricidade suficiente
para abastecer uma cidade com mais de 200 mil habitantes. A meta
estadual é que sejam implantados outros 51 parques eólicos.
Morro de SP ganha prêmio
de Turismo Sustentável
A paradisíaca ilha de Morro de São Paulo, no Bai-
xo Sul da Bahia, conquistou o prêmio “Destaque
Companhia de Viagens”, considerado o Oscar
brasileiro do setor de viagens, na categoria “Turis-
mo Sustentável”, no dia 30 de novembro, em São
Paulo. Foram 12 categorias selecionadas para pre-
miação. Em “Turismo Sustentável”, Morro de São
Paulo concorreu com Fernando de Noronha, Praia
do Forte (também na Bahia), Parque Nacional do
Iguaçu, Lençóis Maranhenses e Manaus. Além do
prêmio recente, Morro de São Paulo também será
destaque no portal UOL Viagem em dezembro.
Ainda neste ano, o destino baiano também estam-
pou a capa do Guia de Praias da revista Quatro
Rodas.
Linha de estofados da Florense tem lona de caminhão reciclada
A nova linha de estofados da Florense Móveis inova com as lonas de caminhão recicladas, estonadas
e costuradas à mão. São diversos modelos disponíveis, em linhas modernas ou clássicas, cores varia-
das e materiais diferenciados. Nos acabamentos, tecidos washed (100% algodão, macios e com cores
mais resistentes), linho, fibra de bambu, sedas, rami e camurça, além da nobreza dos veludos e couros
ecológicos. Este ano, a empresa comemora dez anos de conquista do certificado de gestão ambiental
ISO 14001, além de ser credenciada como green company (empresa verde). A Florense afirma já ter
reduzido 67% no consumo de água, a diminuição quase total da emissão de gases na atmosfera, a
redução de 65% na geração de resíduos líquidos industriais e o corte de 64% no consumo de lâminas
de madeira e de 25% no consumo de tintas.
Empresa que comprar lixo reciclável
de catadores terá desconto
As empresas que comprarem resíduos sólidos recicláveis de coope-
rativas de catadores de lixo terão desconto no Imposto sobre Produ-
tos Industrializados (IPI). O Decreto nº 7.619 determina as condições
necessárias para que as empresas tenham acesso à redução do IPI,
de acordo com o material utilizado. Já as cooperativas devem ter, no
mínimo, 20 cooperados. Os descontos no imposto variam de acordo
com o tipo e a quantidade de resíduos sólidos usados no produto fi-
nal. Plásticos e vidros vão proporcionar redução de 50%. O desconto
para papéis e resíduos de ferro ou aço é 30%, enquanto resíduos de
cobre, alumínio, níquel e zinco permitem o abatimento de 10% do
valor do IPI. A emissão da nota fiscal para a comprovar a compra do
material reciclável é obrigatória.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Foto: Fernando Naiberg
Fundadores do EcoD:
Fabio Góis, Isaac
Edington, Ines Carvalho
44 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 45www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+]
sustentabilidade | empresa verde
A utilidade dos resíduos sólidos
para a sociedade vai além do
que costumamos supor. Em um
contexto em que aliar
desenvolvimento com
preservação ambiental
cresce cada vez mais, três
usinas termelétricas
transformam o lixo dos aterros
em biogás, que vira energia
elétrica. Detalhe: a
primeira do Nordeste
opera em Salvador
E do lixo fez-se
energia
O
que lhe vem à cabeça quando a palavra “lixo”
é pronunciada? O sentido associado ao termo
costuma estar ligado ao descartável, inaprovei-
tável, aos restos, produto ou algo de pouco valor, dotado
geralmente de mau cheiro. No entanto, existem diversas
práticas de reaproveitamento dos resíduos sólidos. Em
tempos de preocupação com o fator ambiental, um dos
pilares do desenvolvimento sustentável (juntamente com
o social e o econômico), a transformação desses materiais
em energia limpa ganha cada vez mais destaque.
No Brasil, atualmente três usinas termelétricas situa-
das em aterros sanitários transformam os resíduos sólidos
em biogás, que acaba convertido em energia elétrica – e
uma delas opera na Bahia. Inaugurada em março de 2011,
a Termoverde recebe parte do lixo produzido na capital
baiana, Lauro de Freitas e Simões Filho no Aterro Metropo-
litano Centro de Salvador, no bairro de São Cristóvão.
Terceiro empreendimento deste tipo no Brasil, a
termelétrica do grupo Solví Valorização Energética (SVE)
converte cerca de duas mil toneladas diárias de resíduos
em energia renovável, algo em torno de 15 MW/h, que
FotoS: Carol Garcia / Secom BA
Termoverde opera no
Aterro Metropolitano de
Salvador, no bairro de
São Cristóvão
abastecem empresas com negócios no
Nordeste, como Carrefour e Telemar.
“Somos a maior do Brasil em volu-
me de geração”, comemora Ronaldo
Gaspar, presidente da SVE. “Como o
nosso aterro tem uma boa vida útil,
a expectativa é que a usina continue
gerando uma boa quantidade de ener-
gia. Esperamos chegar a 20 MW/h até
2013”, acrescenta.
A termelétrica é composta por
usina geradora de energia com 19
motogeradores de 1.038 KW cada,
unidade de tratamento do biogás,
subestação elevadora e linha de
transmissão de 7,8 quilômetros que
liga a usina à rede elétrica da Coelba
(concessionária estatal), que faz a dis-
tribuição às empresas consumidoras.
“Temos capacidade para colocar mais
quatro motores. Teríamos que fazer
um estudo sobre a curva de geração
de biogás para implantá-los. Existe a
possibilidade de novos investimentos,
mas eles não estão previstos em curto
prazo”, adianta Gaspar.
Sustentabilidade ambiental
Coletar e controlar os gases
causadores de efeito estufa (GEE) que
compõem os resíduos sólidos, como
dióxido de carbono (CO2
) e metano,
transformando-os em seguida em
energia é o diferencial desse tipo de
empreendimento. Quando utilizados
como fonte energética alternativa,
evita-se o lançamento dessas subs-
tâncias na camada de ozônio e seu
consequente impacto, contribuindo
com a saúde do meio ambiente.
“O lixo, na sua decomposição, gera
um gás. Esse gás tem CO2
, metano e
vários componentes. Além de gerar
energia, eu substituo (no processo
de conversão) o metano por CO2
, que
é 21 vezes menos destrutivo do que
esse primeiro gás – e aí está o ganho
ambiental. Estamos queimando um
gás renovável, que antes seria muito
prejudicial na atmosfera, e gerando
energia limpa”, destaca o presidente
da SVE.
Sobre a Política Nacional de Resí-
duos Sólidos, lei nº 12.305/2010, que
prevê, entre outras medidas, o fim
dos lixões até 2014 e a substituição
desses espaços por aterros sanitários
controlados, Gaspar avalia que a nova
legislação só tem a beneficiar o negó-
cio. “Porque nosso aterro atende as
exigentes normas ambientais e essa
nova lei busca isso. Ela vai querer
aterros cada vez mais preparados,
onde justamente é possível captar o
gás.”
Outra vantagem desse tipo de
negócio diz respeito aos custos, uma
vez que se torna apto a participar do
chamado mercado livre de energia
elétrica. “Você tem produtores e
compradores credenciados. Eu ponho
energia no sistema e as empresas
consumidoras retiram do outro lado.
E nossa energia é incentivada, ou
seja, não paga o custo da transmissão,
porque é 100% derivada de resíduos.
Porque as distribuidoras têm um
custo para transmitir. Isso acaba
tornando essa energia mais barata, o
que atrai esses compradores”, explica
Gaspar.
Os investimentos para a implan-
tação da Termoverde foram de cerca
de R$ 50 milhões. A construção da
usina contou com incentivos fiscais
do Governo do Estado, por meio do
programa Desenvolve.
Biogás Engenharia
Ambiental foi a
pioneira no Brasil
Antes da Termoverde, o grupo
Biogás – São João Energia Ambiental
S.A, em São Paulo, já operava duas
usinas termelétricas que atuam em
aterros sanitários. Entre os acionistas
do grupo figuram a Arcadis Logos
Engenharia, a Heleno & Fonseca
Construtécnica S.A. e a holandesa
Van der View.
A Biogás Energia Ambiental foi
construída em 2004, após a assinatu-
ra de um contrato de concessão para
exploração de gás do Aterro Sanitário
O Protocolo de Kyoto introduziu
três mecanismos para que os países
em desenvolvimento contribuam
com as metas de redução dos GEE
das nações ricas:
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)
Implementação Conjunta (IC)
Comércio internacional de Emissões (CE)
As termelétricas que geram energia limpa podem se
inscrever na primeira modalidade, junto à ONU, e
comercializar os créditos de carbono.
46 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 47www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+]
Bandeirantes, situado na Grande São
Paulo, com a prefeitura da capital
paulista.
As atividades nesse aterro, um dos
maiores do mundo, começaram em
1976 e foram encerradas em março
de 2007, o que possibilitou o armaze-
namento de um total de 30 milhões
de toneladas de resíduos. A Biogás
pontua que se os gases nele produzidos
simplesmente fossem queimados nos
drenos, lançariam milhões de tonela-
das de poluentes na atmosfera.
Caracterizado como um projeto de
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
(MDL), vinculado ao Protocolo de
Kyoto, o empreendimento da Biogás já
chegou a gerar oito milhões de créditos
de carbono, dos quais 50% pertence-
ram à Prefeitura de São Paulo, graças
à quantidade de metano que deixou
de ser emitida na atmosfera – 190 mil
toneladas até 2009.
Usina São João
A outra termelétrica do grupo é a
Usina São João, localizada no aterro
São João, zona leste de São Paulo,
que funciona desde 2007. O local de
instalação do empreendimento operou
durante 15 anos (encerrou as ativi-
dades há quatro anos) e possui 82,4
hectares de área, dos quais 50 hectares
(60,68%) serviam como depósito para o
lixo produzido pela cidade.
Ao fim de sua operação total, em
outubro de 2007, o local recebia, em
média, 5.812 toneladas de resíduos
por dia e gerava 1.800m2
de líquido
percolado (chorume). Durante sua vida
útil, foram depositados no aterro 28
milhões de toneladas de resíduos, que
formaram uma montanha de aproxi-
madamente 150m de altura. Quando o
funcionamento da usina teve início, ela
chegava a gerar energia suficiente para
abastecer 400 mil pessoas. À época,
foram investidos R$ 85,5 milhões no
projeto. [B+]
“O grupo SVE estuda a implantação
de outras usinas como a Termoverde nos
próximos cinco anos. Uma
em São Paulo, no nosso aterro de
Caieiras, e mais duas no Rio Grande
do Sul, em aterros também
pertencentes à companhia”
Ronaldo Gaspar, presidente da SVE
A usina geradora de energia tem
19 motogeradores de 1.038 KW
cada, unidade de tratamento do
biogás, subestação elevadora e
linha de transmissão
A termelétrica converte cerca
de 2 mil toneladas diárias de
resíduos em 15 MW/h de
energia renovável. A expectativa
é chegar a 20 MW/h em 2013
FotoS: Carol Garcia / Secom BA
48 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 49www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+]
“N
ão adianta mais apenas discutir sobre
empresas socialmente responsáveis que
atendam seus negócios de uma forma ética,
social e ambientalmente responsável. Esse é apenas o
primeiro passo. Precisamos ser mais fundamentais e reco-
nhecer que os negócios, por si só, podem criar benefícios
socioambientais e que eles não precisam ser um auxílio
secundário.”
A opinião é do norte-americano Lee Davis, que acredita
nas iniciativas sociais como um novo jeito de fazer negócio
e, ao mesmo tempo, ser financeiramente sustentáveis e
potencialmente rentáveis, enquanto criam benefícios para
a sociedade. “É preciso redefinir o conceito de como os
mercados funcionam”, acrescenta.
sustentabilidade | pro bem
Gestão
para o bem de todos
por
Clara
Corrêa
Redefinir o conceito de mercado,
investimento e retorno está entre as metas
de organizações que acreditam no
potencial do terceiro setor como
ferramenta para uma sociedade mais justa.
NESsT e Ashoka estão na Bahia mostrando
um nova forma de apoiar empresas sociais
Fotos: Divulgação
Instituto Incores ajuda
jovens a se inserir no
mercado de trabalho
Davis é cofundador da NESsT,
uma empresa focada em apoiar
organizações não governamentais na
gestão de recursos e usar os princí-
pios e práticas de empreendedorismo
e investimentos para solucionar pro-
blemas sociais. Essa história começou
em 1997, quando ele e Nicole Etchart
perceberam que as organizações que
trabalhavam para resolver os desafios
sociais e ambientais tinham algo
em comum, além do desejo de uma
sociedade mais justa e sustentável: a
eterna necessidade de dinheiro.
Ambos sabiam que filantropia e
caridade eram questões importantes
para resolver os problemas, mas não
suficientes. Era preciso capturar o
poder e potencial do mercado para
financiar e sustentar as mudanças so-
ciais. “Isso que atualmente chamamos
de ‘iniciativa social’ - um negócio
criado para solucionar um problema
social crítico”, explica Lee Davis. Hoje
a equipe da NESsT atua em dez países
em busca de soluções para problemas
críticos das comunidades em nações
em desenvolvimento, inclusive com
projetos na Bahia. É o caso do insti-
tuto Incores, em Salvador, que ajuda
jovens a se inserir no mercado formal
de trabalho.
Em 2010, o então recém-criado
instituto participou dos desafios
nacionais da NESsT de pré-seleção
de empresas sociais com potencial
para receber o treinamento, capital
financeiro, aconselhamento e acesso a
mercados e redes. Após selecionado,
passou pela etapa de planejamento,
que dura de seis a nove meses, em
um processo rigoroso de estudo para
testar a viabilidade da ideia da em-
presa, e também para ajudá-la a
“É preciso redefinir o
conceito de como os
mercados funcionam”
Lee Davis,
cofundador da NESsT
determinar se o empreendimento
tem o potencial de alcançar as metas
sociais e financeiras.
Hoje o instituto Incores está na
fase de incubação, a segunda do pro-
grama. Ela dura de três a cinco anos.
É nesse momento que as empresas
sociais dão início às suas ativida-
des ou implementam as melhorias
necessárias. O papel da NESsT nesse
momento é oferecer financiamento,
tutoria e apoio de gestão. “Além de
nossa equipe fulltime, nós incluímos
uma rede de líderes de negócios
locais através da nossa Rede de Acon-
selhamento para providenciar suporte
pro bono em áreas especificas, como
marketing, estratégia e desenvolvi-
mento de produtos”, explica Davis.
A Ashoka, em parceria com a
McKinsey, é outra organização inter-
nacional que também atua na Bahia
com objetivos similares aos da NESsT.
Pioneira no campo da inovação social,
trabalho e apoio aos empreendedores
sociais, ela atua na consultoria de ges-
tão e desenvolve um programa que
busca facilitar o processo de planeja-
mento do crescimento de empreende-
dores sociais.
“Estamos na terceira edição
desse programa, que tem trazido um
conhecimento novo em termos do
que são os modelos de crescimento e
quais são os desafios existentes. Há
uma variedade enorme de formas de
investimento, que vai desde a doação
até compras de capital de organiza-
ções de negócios sociais. Nosso papel
é estudar um pouco desses formatos
de capital para viabilizar os projetos
de crescimento”, conta Carina Pimen-
ta, da Ashoka. Ela cita como exemplo
positivo a atuação do programa no
Instituto Chapada de Educação de
Pesquisa, com sede em Caeté-Açu,
distrito de Palmeiras, uma Oscip que
há dez anos trabalha para contribuir
com a melhoria da qualidade da
educação pública.
50 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com
O apoio financeiro para empresas
sociais e Ong, especialmente nos
estágios iniciais das organizações, é
defendido por Lee Davis como vital.
“Estes primeiros anos são os mais
arriscados, o que faz com que nem to-
dos os investidores estejam a favor de
apoiá-los”, diz. Mas, além de angariar
fundos, ele lembra que é fundamental
saber gerenciar esse capital de forma
eficiente e ter os suportes necessários
para prosperar.
Como potencializar a gestão
para empresas sociais
Para a mestre em administração
de empresas Tanya Andrade, diretora
executiva do Incores, é essencial
aplicar mecanismos de gestão con-
siderados do “mundo dos negócios”
para aumentar a eficiência e eficácia
de uma organização social. “O terceiro
setor não é diferente nem do setor
público e nem do privado. Precisa
adotar mecanismos de gestão que o
tornem mais eficiente. Só porque o
terceiro setor tem finalidade pública
não quer dizer que não precise ser
bem gerido”, declara.
“Uma organização só existe quan-
do consegue criar um projeto que
tenha impacto duradouro. Ela tem
valor para a sociedade quando con-
segue trazer o impacto positivo que é
demandado, porque há um problema
social a ser resolvido. Assim ela preci-
sa mobilizar recursos para fazer isso
acontecer, ninguém faz isso sozinho”,
reforça Carina Pimenta.
Lee Davis resgata o conceito de
“filantropia de risco” ou “filantropia
engajada”, que se diferencia do mo-
delo tradicional de caridade por não
se limitar à doação de dinheiro e por
utilizar os conhecimentos, habilidades
e networks de empresários, investido-
res e outros profissionais para ajudar
ONGs e outras instituições. “Esses
‘filantropos engajados’ fundem suas
doações com os princípios e ferramen-
tas do investimento de capital de alto
risco, fazendo parcerias com organiza-
ções por um longo período”, conta.
A opinião de Carina, no entanto,
é a de que não existem “ferramentas
do setor social” e “ferramentas do
setor privado”. “Existem boas práticas
de gestão, e você vai encontrar isso
nos setores social, público e privado.
Acho que uma organização inteligente
é aquela que entende o que são as
boas práticas dentro do seu setor e
traz isso para si. Gestão não é uma
questão de setor um, dois ou três. É
uma questão que todo o mundo pre-
cisa ter”, diz.
Com tudo isso é possível esperar
resultados positivos para todos os
envolvidos, opina Tanya. Segundo
a diretora, os investidores ganham
a segurança de apoiar organizações
sustentáveis e que podem oferecer
contrapartidas que existirão de fato;
a sociedade passa a ter organiza-
ções com serviços consistentes; e as
organizações ganham não apenas com
a sustentabilidade financeira e a di-
versidade de fontes de recursos, mas
também com a credibilidade. [B+]
“Uma organização
inteligente é aquela
que entende o que são
as boas práticas
dentro do seu setor e
traz isso para si”
Carina Pimenta,
coordenadora da Ashoka
Fotos: Divulgação
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  • 5. 8 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 9www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+] Um destino particular A Bahia é um destino único. Um lugar que reúne características naturais e sociais tão peculiares que só poderia mesmo atrair pessoas de todo o mundo, ávidas por conhecer um cenário de magia pintado assim, pelo menos, nos melhores postais de nossa terra. Mas depois de aqui chegar, que sentimento acompanha o retorno desses visitantes? E o principal: o que sentem aqueles que aqui vivem, moram, curtem e fazem as férias dos turistas? O olhar para a Bahia do turismo, verão e (muito) trabalho é o que você vai encontrar nas páginas da edi- ção 11 da Revista [B+]. Nossos repórteres traçaram um perfil das chances de negócios que existem na grande Bahia, onde desafios para melhorar não faltam, mas que também desponta com diversas novas oportunidades. Andréa Castro e Felipe Zamarioli mostram o que passa no Vale do São Francisco, em Itacaré, Vitória da Conquis- ta, e, claro, na capital, Salvador, além das características dos principais roteiros de turismo que o estado oferece. Como o assunto é negócios, o verão realça alguns setores. Em conversa com Roberta Mandelli, CEO da editorial Tidelli, conhecemos a inovação e a ousadia da marca líder em móveis residenciais e as apostas da empresa para as tendências da estação. Fomos visitar os sistemas de casas compartilhadas que vêm surgindo no estado; e também aprendemos sobre o espírito empreendedor de Virgínia Moraes, da Vivire, e também do grupo de designers baianos. Como uma espécie de pequeno “guia da gastronomia”, contamos a história de restaurantes tra- dicionais que atuam em Salvador, que vai da sofisticação do Alfredo di Roma às crenças do Rei do Pernil. Também soa Brasil afora que a Bahia é a terra da alegria e da cultura. Pois sim, as grandes festas estão presentes nesta edição. Uma oportunidade para entender como funcionam os bastidores de eventos como Carna- val, ensaios de verão e de um dos maiores festivais do país. Bom, se o destino é a Bahia, as histórias são boas. Boa leitura! A Redação. Foto: Eduardo Pelosi / Setur Avenida Contorno vista do MAM
  • 6. 10 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 11www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+] expediente Conselho Editorial César Souza, Cristiane Olivieri, Fábio Góis, Geraldo Machado, Ines Carvalho, Isaac Edington, Jack London, Jorge Portugal, José Carlos Barcellos, José Roberto Mussnich, Luiz Marques Filho, Maurício Magalhães, Marcos Dvoskin, Reginaldo Souza Santos, Rubem Passos Segundo e Sérgio Nogueira Conselho Institucional Aldo Ramon (Júnior Achievement) Antônio Coradinho (Câmara Portuguesa) Antoine Tawil (CDL) Jorge Cajazeira (Sindipacel) José Manoel Garrido Gambese Filho (ABIH-BA) Mário Bruni (ADVB) Mauricio Castro (Fieb) Paulo Coelho (Sinapro) Pedro Dourado (ABMP) Renato Tourinho (Abap) Wilson Andrade (Abaf) Diretor Executivo Claudio Vinagre Editor Chefe Fábio Góis Repórteres Murilo Gitel Vanessa Aragão Projeto Gráfico e Diagramação Person Design Fotografia Stúdio Rômulo Portela Revisão Rogério Paiva Colaboradores Ana Paula Paixão, Andréa Castro, Clara Corrêa, Danilo Lima, Felipe Arcoverde, Felipe Tapioca, Felipe Zamarioli, João Quesado, Jorge Seixas, Larissa Seixas, Núbia Passos, Rogério Borges, Vinícius Silva, Zeca Amaral Colunistas Carlos Sarno, Fabiana Duran, Giselle Reis, Isaac Edington, Luiz Marques Filho, Nelson Cadena Publicidade publicidade@revistabmais.com Cidinha Collet - gerente comercial cidinha.collet@revistabmais.com Itamara Morais itamara.morais@revistabmais.com Portal Enigma Realização: Editora Sopa de Letras Ltda. CNPJ: 13.805.573/0001-34 Redação [B+] redacao@revistabmais.com www.revistabmais.com Salvador 71 3012-7477 Av. ACM,2671, Ed. Bahia Center, sala 1102, Loteamento Cidadela, Brotas CEP: 40.280-000 São Paulo 11 3438-4473 Rua José Maria Lisboa. 860/83 CEP: 01.423-001 A edição 11 traz na capa a produção da agência Morya, com a equipe de atendimento e criação formada por Edmond Midlej, Hiram Gama, Isabela Silveira e Roberto Valente Neto. A cada edição, uma nova equipe é convidada para produzir a capa da Revista [B+]. Uma iniciativa que visa dar destaque aos profissionais do nosso mercado. Tiragem: 10 mil exemplares Periodicidade: Bimestral Impressão: Grasb Capa impressa em papel Couché Suzano® Gloss 170g/m2 e miolo impresso em papel Couché Suzano® Gloss, 95g/m2 , da Suzano Papel e Celulose, produzidos a partir de florestas renováveis de eucalipto. Cada árvore utilizada foi plantada para este fim.
  • 7. 12 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 13www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+] on-line mural Promover uma plataforma de relacionamentos por meio de encontros empresariais, rodadas de negócios e seminários. Esse é o intuito do Fórum de Lideranças [B+]. Para o segundo encontro, organizado no dia 23 de novembro, no restaurante Baby Beef, o convidado foi o empreendedor, escritor e professor carioca Jack London, um dos pioneiros da internet no Brasil. O tema em pauta foi: “Tecnologia, comportamentos sociais e mídias de massa”. Estiveram presentes mais de cem lideranças do mercado baiano, que refletiram e debateram sobre como as novas tecnologias estão mudando o comportamento das pessoas e, consequentemente, a forma de fazer negócios. Entre elas, podemos citar Renato Simões (A Tarde), Maurício Castro (Fieb), Antonio Coradinho (Câmara Portuguesa), Dênis Guimarães (Grupo André Guimarães), Renato Tourinho (Abap), Eduardo Daltro (AJE-BA), Marluce Barbosa (Record Bahia), Adriana Eloy (Citibank), Aldo Ramon (Junior Achievement), Aline Reis (Ademi-BA), Maurício Lins (Home Design), Humberto Cardoso (Elemídia), José Menezes Lima Jr (Banco do Nordeste), Moysés Andrade (Secretaria da Fazenda), Sami Melo de Oliveira (Sebrae), Aline Lasza (Marcativa) entre tantos outras que prestigiaram o evento. Site www.revistabmais.com Facebook www.facebook.com/revistabmais Twitter www.twitter.com/revista_bmais Encontre todooconteúdo[B+] alémdas páginasdarevista. Emumaplataformamultimídia,a[B+]disponibilizatodas asreportagensematériasexclusivasparaseusleitores, aqualquermomentoeemqualquerlugar. SegundoFórum deLiderança[B+] App da[B+]noiPad ComoaplicativodaRevista[B+],épossívelnavegarpor todasasediçõesanteriores,compartilharosconteúdos emredessociaisebaixarasnovasediçõesdeforma gratuitaesimples. Jack London entre Isaac Edington, Rubem Passos e Cláudio Vinagre (Sócios da [B+]) Augusto Argolo (Indal) e José Menezes (Banco do Nordeste) Luiz Marques Filho (Sócio da [B+]) Maurício Lins, empresário (Home Design e Artline) Itana Marques e Ana Paula Marques (Consultec) Rafael Pastori e Cássia Geraldi Montenegro (Sebrae) Nei Lima (Dica Distribuidora) Eduardo Giudice, diretor da Câmara Portuguesa Café da manhã reuniu lideranças empresariais de destaque Adriana Mira (Leiaute) e Dude (Única) Celso Passos, Sérgio Gordilho (presidente da Entur) e Júlio Cézar (A. Linhares) Cristina Barude (Lume) e Karina Brito (Shopping Barra) Moysés Andrade (Sefaz Bahia) Paulo Guaranys e Henrique Carvalho (Trip Linhas Aéreas) Ivan Suarez (Lazer Salvador) Cidinha Collet (Comercial [B+]) Renata Veiga (Mago) e Mayara Rezende (Baby Beef) Moacir Vidal (Presidente da Femicro) @nathaliacomh - Nathalia Meirelles: “@ABAP_BA presente no segundo Fórum de Liderança da Revista [B+], muito bacana!” @alepauperio - Alexandre Pauperio: “Ambientes para impulsionar negócios. Matéria da Revista B+ que inclui a BRAIN: http://t.co/zNUEAv2C.” @elioearli - Elio Earli Jr: “O foco da Revista B+ é no mundo dos negócios, no estímulo ao empreendedorismo, criatividade, inovação. Sigam-na! @Revista_Bmais” h t tp://b it .l y/bmais Fotos: Paulo Sousa / Bahia Vitrine
  • 8. 14 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 15www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+] processo, ainda terá que ser aprovado pelo MPF. A proposta é desocupar a área de marinha no prazo de seis meses – depois de realizadas novas medições na orla para determinar o que é ou não terreno de marinha. A probabilidade é de que as barracas de Lauro de Freitas fiquem de pé ainda por muito tempo. Os planos para Buraquinho incluem a cons- trução de pequenos quiosques na frente da praça recentemente implantada. Para Ipitanga, a prefei- ta de Lauro de Freitas propôs um minirresort em frente ao kartódromo, um sofisticado projeto do arquiteto Fernando Frank com financiamento já garantido. Para Vilas do Atlântico, sobra a opção de transformar em restaurantes algumas das residências da orla, mas nada está definido. Enquanto Lauro de Freitas ganha tempo e Salvador adia um desfecho para a reestruturação da orla, a iniciativa privada comparece com a atividade. No exato limite das praias de Ipitanga e do Flamengo, logo no primeiro dia de funciona- mento da nova “barraca” da Pipa, já havia turis- tas instalados no deck de madeira com vista para o mar. A barraca, que é na verdade um bar e restaurante, abriu as portas para um “test-drive” em 25 de novembro. A escassos metros dali, segue funcionando a Barraca do Lorô, pioneira da requalificação dos serviços na orla da Praia do Flamengo. Um terceiro empreendimento do gênero está em construção na mesma área. À beira-mar, na Praia do Flamengo, restaram apenas villages. As casas com acesso direto à praia já foram adquiridas para abrigar esse novo tipo de empreendimento. A derrubada das barracas, há mais de um ano, “afinal veio para bem”, admite o proprietário da Pipa – que aceitou falar com a reportagem da [B+], mas pediu para não ser identificado. O processo de desocupação da área de marinha em toda a orla da capital baiana deixou traumas que nem esta nova fase conseguiu ainda curar. “Eu só quero cuidar da minha vida, legalizado”, sem chamar atenção, diz. A derrubada das antigas barracas “prejudicou muita gente”, lembra ele. E nem todos tinham mais de R$ 1 milhão para investir na compra de um imóvel à beira- mar, incluídas a remodelação e instalação de todos os equipamentos. A Pipa prepara-se para atender cerca de dois mil clientes por dia, princi- palmente durante os fins de semana, nas mesas Q ualquer novidade para a reocupação da orla de Salva- dor terá que passar pelo processo judicial nascido em 2006 e que resultou na demolição das barracas de praia há mais de um ano. A informação da Secretaria do Patrimônio da União (SPU) na Bahia diz que para mexer na orla, sem pedir licença ao Judiciário, a prefeitura de Salvador terá que aguardar a conclusão do processo movido pelo Ministério Público Federal (MPF). De acordo com o chefe da Casa Civil de Salvador, o deputado federal licenciado João Leão (PP), o projeto está a cargo da Fun- dação Mário Leal Ferreira, autarquia do município encarregada de prepará-lo. Não há notícia, contudo, do andamento da questão. Ninguém sabe também quando o processo judicial poderá ser concluído. Ao contrário do que aconteceu em Salvador, segundo comemora a prefeita Moema Gramacho (PT) no município de Lauro de Freitas, o Judiciário teria negado uma decisão liminar de derrubada das barracas. Com isso, a prefeitura ganha tempo para pôr de pé um Termo de Acordo e Compromisso (TAC) em que promete remover as que restaram em Ipitanga, Vilas do Atlântico e Buraquinho. O TAC já foi submetido à SPU e encontra-se atualmente em análise na Advocacia Geral da União. Para ter efeito no âmbito do zoom+ O que vai acontecer em nossas praias? O futuro da orla de Salvador, depois da derrubada das barracas há mais de um ano, ainda segue sem uma definição legal. Com a chegada de mais um verão, empresários encontram por si soluções para receber os banhistas que chegam às praias da capital Foto: Rogério Borges por Rogério Borges Demolição de barracas na praia de Ipitanga, em território de Salvador Deck de madeira com vista para o mar na nova “barraca” da Pipa, entre Praia do Flamengo e Ipitanga: qualificação Na praia de Ipitanga, administrada por Lauro de Freitas, surge novo ponto comercial O processo dedesocupação daáreademarinhaemtodaa orla da capitalbaianadeixou traumas que nemestanova faseconseguiuaindacurar
  • 9. 16 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 17www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+] distribuídas pelo amplo terreno de marinha pelo qual paga laudêmio à União. A área construída, deck incluído, está fora desse perímetro. O empresário descarta a realização de eventos noturnos por estar em área residencial. Para ele, é importante manter boas relações com a vizinhança. Parte dela recebeu bem os novos empreendimentos, principalmente por trazer al- guma segurança à região. Mas há também os que não gostaram da novidade, segundo conta Jorge Santana, presidente da Universidade Livre das Dunas (Unidunas), uma Oscip (organização da sociedade civil de interesse público) que procura acomodar as novidades na Praia do Flamengo. Para Santana, será necessário ouvir os mo- radores e reformar o Termo de Acordo e Com- promisso (TAC) que rege a Praia do Flamengo, oficialmente um loteamento, para recepcionar corretamente os novos estabelecimentos. De acordo com a Unidunas, apenas uma pequena parte da Praia do Flamengo admite uso comer- cial e as áreas de marinha seriam públicas. Os empresários não se mostram preocupados, mas reafirmam a disposição de conversar com os moradores. O restante da faixa de praia da região está hoje ocupado por vendedores ambulantes e autônomos que alugam cadeiras e sombreiros. Em Ipitanga, bem próximo ao antigo estaciona- mento que hoje abriga uma série de boxes dos antigos barraqueiros, surgiu novo empreendimen- to ao lado de uma rampa destruída pela maré. Por enquanto são só duas bancadas e um piso improvisado com restos de cerâmica. A lógica do empreendedorismo indica que logo subirão as paredes. [B+] Para mexerna orla,sem pedirlicençaaoJudiciário,a prefeiturade Salvadorterá queaguardaraconclusãodo processomovidopelo MinistérioPúblicoFederal Barraca do Lorô: modelo de negócios pós-desocupação das praias faz escola Uma das novas bar- racas propostas pelo arquiteto Fernando Frank para Ipitanga: aprovação pendente Prefeita de Lauro de Freitas propôs um minirresort em frente ao kartódromo Foto: Rogério Borges Fotos: Divulgação
  • 10. 18 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 19www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+] Kimberly-Clark investe R$ 100 milhões em fábrica na Bahia A maior produtora mundial de material de higiene, a empresa Kimberly-Clark, vai se instalar em Camaçari, com investimentos na ordem de R$ 100 milhões e previsão de gerar 430 empregos. A multinacional foi atra- ída pelos insumos que serão produzidos no futuro polo acrílico, cuja pedra fundamental foi lançada no final de novembro pela Basf, que pretende investir R$ 1,2 bilhão na plan- ta de acrílico que construirá em solo baiano. Presente há 15 anos no Brasil, a Kimberly- Clark atua em 35 países e tem seus produtos comercializados em mais de 150 nações. A multinacional tem planos de investir R$ 250 milhões no Nordeste em uma fábrica e em um centro de distribuição. Embora não tenha confirmado que a Bahia foi o estado escolhi- do para este fim, a informação foi confirmada pelo governador Jaques Wagner no dia 21 de novembro. Empresa paranaense quer instalar unidade em Barreiras A empresa paranaense Moinho Régio planeja instalar uma unidade de processamento de trigo na cidade de Barreiras. Representantes da empresa já estão selecionando uma área para a instalação da uni- dade. Cerca de 40 empregos diretos serão gerados com a implanta- ção do negócio. A expectativa é expandir a indústria para trabalhar, também, com a moagem de milho. “Sabemos que os agricultores não produzem mais por não ter onde colocar, com a chegada da Moinho Régio facilitaremos a rotação de cultura com o trigo e ampliaremos o mercado do milho”, destacou a prefeita da cidade, Jusmari Oliveira. bloco de notas INDÚSTRIA PIB baiano cresce 2,6% no terceiro semestre Embalado pelo bom desempenho de setores como a agropecuária e serviços, o Produto Interno Bruto (PIB) da Bahia registrou alta de 2,6% no terceiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2010, de acordo com dados divulgados no dia 7 de de- zembro pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). O primeiro segmento citado cresceu 10,4%, e o segundo 4,3%. A estimativa preliminar da SEI é de que a atividade econômica da Bahia finalize este ano com uma expansão de 2,5%, em relação a 2010. Outro dado positivo é o aumento nas exportações. Entre ja- neiro e setembro deste ano, a Bahia exportou um total de US$ 8,1 bilhões, com crescimento de 22,6%, em relação ao mesmo período de 2010, com US$ 6,6 bilhões. Elas se concentram nos segmentos de químicos e petroquímicos, papel e celulose, petróleo e derivados e soja, representando 63,3% do total. Entre os países que mais com- pram produtos baianos estão: Argentina, China e Estados Unidos. Peroxy Bahia entra em operação no Polo Industrial A Peroxy Bahia (PB), companhia de capital turco, vai produzir 40 toneladas/ano de água oxigenada e gerar cerca de 60 empregos di- retos e 90 indiretos, com perspectivas de ampliação de mais 100 postos de trabalho. Ela foi inaugurada em Camaçari, no dia 5 de dezembro. O peróxido de hidrogênio, mais co- nhecido como água oxigenada, faz parte da cadeia produtiva da indústria têxtil e de ce- lulose. Segundo o governador Jaques Wagner, com a chegada da empresa ao estado nenhu- ma indústria precisa comprar o produto fora da Bahia. “A produção de água oxigenada vai proporcionar uma receita anual de R$ 60 mi- lhões, com uma reversão para o estado de R$ 15 milhões, na forma de impostos”, diz Rober- to Blanco, vice-presidente da Peroxy Bahia. Foto: Divulgação Frutos Dias é eleito “varejista do ano” pela CDL A Câmara de Dirigentes Lojistas de Salvador (CDL) deu a Frutos Dias, gerente da concessionária homônima, o prêmio de varejis- ta do ano como forma de reconhecimento ao trabalho que ele desenvolve, após ter herdado do avô a empresa, que completou 88 anos de atuação. “Esse é um prêmio muito importante, que nos dá o reconhecimento pelo trabalho que desempenhamos. Além disso, ele valoriza os nossos índices de desempenho e também os nossos clientes”, destacou Frutos Dias. A Frutosdias é a concessionária GM que mais vende carros para táxi no Bra- sil e também a que mais comercializa consórcios. “Durante um tempo, a Chevrolet precisou atrasar o lançamento dos novos carros. Mas, agora, com a chegada de novos modelos, temos boas opções de crescimento para 2012”, projeta. Dow lança solução inovadora para argamassas de revestimento A Dow apresentou no dia 21 de novembro, em São Paulo, uma tecnologia diferenciada para argamassas de revestimento de- senvolvida a partir de éteres de celulose. Entre os principais be- nefícios da linha WalocelTM MKW, a empresa destaca a maior facilidade na aplicação e nivelamento da argamassa, resistência a altas temperaturas e ar incorporado estabilizado, permitindo uma argamassa mais leve e tempo de pega otimizado. Brasil tem o pior resultado de PIB entre os Brics O Brasil teve o pior resultado entre os Brics, incluindo a África do Sul, para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) no ter- ceiro trimestre de 2011, em comparação com o mesmo período de 2010, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto a economia brasileira registrou expansão de 2,1% no período, a China teve alta de 9,1%, a Índia teve aumento de 6,9%, a Rússia se expandiu 4,8%, e a África do Sul registrou crescimento de 3,1%. Na comparação com o trimestre anterior, o comportamento do PIB do Brasil, que teve expansão nula no período (0,0%), ficou atrás de Japão (1,5%), Noruega (1,4%), Méxi- co (1,3%), Coreia do Sul (0,7%), Chile (0,6%), Alemanha (0,5%), Es- tados Unidos (0,5%), Reino Unido (0,5%), França (0,4%) e União Europeia (0,2%). CRÉDITO Prêmio Excelência na Construção reconhece qualidade da gestão A quinta edição do Prêmio Excelência na Construção Bahia Ciclo 2010/2011 foi rea- lizada no dia 17 de novembro, no auditó- rio do Sinduscon-BA. Os premiados foram Sertenge S/A (categoria Prata), Pampulha Engenharia e Mills Estrutura e Serviços de Engenharia (Bronze). A premiação reconhe- ce os esforços empreendidos para fomen- tar a qualidade da gestão das organizações ligadas ao setor da construção ao seguir padrões de excelência, além de disseminar as boas práticas e avaliar seus resultados. “No momento que o setor está aquecido, é necessário estar preparado para melhor gerir as empresas, destacou Carlos Alberto Vieira Lima, presidente do Sinduscon-BA. CONSTRUÇÃO Microcrédito bate recorde em novembro O programa de microcrédito da Bahia, CrediBahia, bateu recorde de produção no mês de novembro, liberando R$ 4,1 milhões através de financiamento direto a empreendedores baianos. Apesar das difi- culdades enfrentadas nos meses de setembro e ou- tubro, comprometidos com as greves dos Correios e dos bancos, o CrediBahia já ultrapassou a meta de R$ 28 milhões de financiamentos estabelecida pela Desenbahia para 2011. Segundo o gerente de Microfinanças da Desenbahia, Marcelo Mesquita, soma-se ainda a este resultado positivo a aplica- ção de R$ 5,5 milhões em instituições operadoras de microcrédito, que repassam recursos da Desen- bahia. O total de financiamentos do microcrédito em 2011 já alcançou R$ 33,9 milhões, o que repre- senta 32% de crescimento sobre o mesmo período do ano anterior e 121% de cumprimento da meta anual da Agência de Fomento.
  • 11. 20 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com mídia+ Prêmio Aderbal Linhares Os criativos baianos vão ter uma nova motivação. Breve, a Central de Outdoor Bahia irá lançar oficialmente o prêmio Aderbal Linhares, com regulamento e hotsite que reunirá todas as informações da premiação a ser realizada em agosto de 2012. Sabemos que terá duas categorias: Institucional e Mercado, e abrangerá os profissionais de criação, atendimento e mídia. O nome do prêmio é uma homenagem ao pioneiro da mídia exterior na Bahia, pai de José e Adilson Linhares. Em Boston João Silva, diretor da Maria Publicidade e do Instituto Maria Preta, esteve em Boston, nos Estados Unidos, a convite da Boston University (BU), dia 29 de novembro. Falou sobre “comunicação e a comunidade latino-americana” para uma plateia formada por empresários convidados e mais professores e seus alunos de pós-graduação e graduação do College of Communication, formandos dos cursos de publicidade, RP, televisão e jornalismo. João mostrou como uma linguagem simples, eficiente e popular pode gerar identificação entre produto e comunidade e produzir casos de sucesso local e mundial, como a marca do Olodum, criada por ele. Pérolas de Nizan Nizan Guanaes empolgou a plateia na festa do prêmio Colunistas, realizada no dia 23 de novembro, no restaurante Amado, com frases bem ao seu estilo polêmico e provocativo: “Gente boa é bom estar em grupo, em bando.” “Esse país é gigante pela própria natureza, vem com slogan no próprio hino!” “É bom disputar com gente boa. Disputar com gente ruim é um jogo de squash e o bom é jogar tênis”. “O sujeito que torce contra o seu concorrente é burro... É bom pro mercado que haja competência”. “A pior coisa é concorrência ruim. É a competência que melhora e qualifica a concorrência e o trabalho dos anunciantes”. “O Nordeste vive um momento de ouro, mas o trabalho de construção de marcas no Nordeste precisa ser trabalhado”. É de Bianca O nome dela é Bianca Issles, estudante do curso de publicidade da Unifacs. Ela fez bonito no concurso cultural da Central de Outdoor, intitulado “Sem outdoor não dá”, que contou com a participação de estudantes de todo o país. Bianca foi para São Paulo, aguardou com expectativa o resultado, e foi só alegria quando o nome dela foi apontado pelo mestre de cerimônias como vencedora do concurso. Ganhou um iMac e um belo prêmio para o currículo. Quando se formar, já chega ao mercado de trabalho exibindo o diploma. Em Brasília O humor é a tônica da campa- nha da Tempo Propaganda para a corretora de seguros do Banco de Brasília, veiculada em todas as mídias, no fim do ano, no Dis- trito Federal. O plus está no pla- nejamento e na estratégia, toda fundamentada em pesquisas Ipsos Marplan com o software Galileu. Através da ferramenta a agência avaliou o perfil do pú- blico-alvo, hábitos de consumo, atitudes de compra... por Nelson Cadena Itabuna: crescimento de emprego e renda segundo A cidade está entre os dez municípios baianos que mais apresentaram avanço na geração de oportunidades de emprego e elevação da renda. Um índice divulgado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) coloca a cidade de Itabuna entre as dez cidades baianas que mais apresentaram avanço na geração de oportunidades de emprego e elevação da renda. A cidade da região cacaueira contribuiu para que a Bahia apresentasse melhora no Índice de Desenvolvimento dos Municípios, em sentido contrário do que se observou no cenário brasileiro. Petrobras procura fornecedores para o pré-sal Preocupados com a capacidade da indústria para atender à forte demanda do pré-sal, Petrobras e BNDES estão rodando o Brasil em busca de novos fornecedores. O objetivo é encontrar empresas dispostas a adaptar suas plantas para produzir equipamentos de óleo e gás no mercado nacional, o que amenizaria os problemas para cumprir a cota de conteúdo local nos projetos. Vale até empresas que atuam em outros ramos de atividade e nunca produziram uma única peça para o segmento. A Petrobras já teve contato, por exemplo, com a Tramontina, fabricante de produtos como talheres e ferramentas elétricas. EMPREGOS bloco de notas
  • 12. 22 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com rápida L íder na regional Nordeste, com 14.830 milhões de clientes (880 mil novas linhas na região só no mês de outubro), a TIM pretende manter-se na ponta do mercado em 2012, por meio de investimentos na melhoria do atendimento e serviços, além da abertura de lojas próprias da marca. Salvador e a Bahia como um todo devem ter atenção especial da companhia, conforme adiantou à [B+] o diretor de vendas consumer da operado- ra no Nordeste, Eduardo Valdes. O Nordeste representa hoje 30% dos negócios da TIM. Como fazer para manter a liderança do número de clientes na região em um mercado tão acirrado? É uma parcela bastante significativa. Estamos com o conceito de ampliar as lojas próprias em Salvador, a exemplo das que já implantamos nos shoppings Iguatemi e Salvador. Ano que vem teremos uma loja no shopping Barra. Também vamos crescer no Investir em atendimento para manter liderança regional interior, que tem se desenvolvido bastante, princi- palmente com a abertura de lojas próprias junto a parceiros. Já temos olhado com muito carinho para municípios como Vitória da Conquista e Itabuna, por exemplo. O conceito “store”, principal caracterís- tica das lojas inauguradas em setembro e outubro, é uma aposta da operadora para a Bahia? A chance de sucesso é boa? Sim, porque na Bahia tem clientes sofisticadís- simos, ao contrário de quem imagina que é só em São Paulo que eles existam. O perfil de clientes nesse sentido está cada vez mais equilibrado. Os clientes estão ascendendo de classes sociais, de C para B, de B para A, e têm mais acesso a infor- mação, adquirindo um bom nível de exigência. A nossa tônica daqui para a frente é focar na melhoria da qualidade de atendimento e serviço, investir mais no treinamento das pessoas. Como o senhor avalia o perfil do cliente baiano? O cliente de pré-pago baiano fala, em média, um minuto a mais do que o perfil do cliente do Sul do país, especialmente para longas distâncias. E nós temos incrementado muito esse tráfego de ligações por meio de nossas promoções, como a Infinity, em que você paga apenas R$ 0,25 por chamada, sem limite. Antes, as pessoas eram obrigadas a falar pouco e logo desligar os aparel- hos, hoje não. O lançamento recente da promoção Infinity do Bahia e o do Vitória busca explorar a paixão do torcedor baiano por futebol no sentido de promover mais a marca TIM? É uma plataforma de relacionamento com as tor- cidas apaixonadas de Bahia e Vitória, dois times maravilhosos, o que nos dá a certeza de que será uma parceria de sucesso, até porque os baianos, de forma geral, são muito sensíveis às promoções e adoram futebol. O chip tem conteúdo gratuito dos clubes e todos os benefícios do Infinity Pré. Fotos: Divulgação Eduardo Valdes, diretor de vendas consumer da TIM no Nordeste (ao centro), junto com Bobô (à esq.) e André Catimba, ídolos de Bahia e Vitória, respectivamente negócios O empreendedorismo da Vivire Corpo e mente em equilíbrio Tradição e bom gosto 26 28 32 startup 24 | carreira 36 | economia 38
  • 13. 24 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 25www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+] negócios | start up Foi a partir da ideia de criar uma hashtag na rede social Twitter que nasceu, no segundo semestre de 2011, o movimento #DesignBaiano, que busca reunir e integrar, de maneira politizada, os profissionais da área Design em movimento Q ue a criatividade é uma das principais características do baiano não é novidade alguma. Imagine então como deve pulsar esse atributo no segmento de design. Foi justamen- te de uma iniciativa bem pensada que nasceu o movimento #DesignBaiano, criado em agosto deste ano, a partir de uma hashtag no Twitter. Um dos idealizadores é o designer gráfico Felipe Arcoverde, 29 anos. Ele conta que queria fazer algo pelo design há um bom tempo e foi quando a ideia de usar a hashtag #designbaiano teve uma boa resposta. “A partir dela, o designer Thiago Borba propôs a criação de uma Api (Application Program Interface) na rede social, pela qual criamos o site www.designbaiano.com.br”, explica Arcoverde. Os principais objetivos do movimento incluem valorizar, divulgar e integrar os designers baianos, profissionais que hoje desenvolvem trabalhos em agências de publicidade, gráficas, escritórios de de- sign ou mesmo como freelanceres, como é o caso de Augusto Leal, 24 anos, um dos integrantes da ação. “É uma iniciativa muito importante, porque ajuda a unir a classe, articular trabalhos, criar uma rede de trocas de informações, além de nos valorizar”, destaca Leal. Profissional com experiência em design estratégico, Mário Bestetti, 43 anos, ressalta que a iniciativa pode ajudar a mudar a visão fragmenta- da da atividade na Bahia. “Não concordamos com segmentações, mas sim com uma entidade capaz de proporcionar a união”, defende. O designer lembra que a falta de unidade teria contribuído para o fim de uma entidade com propósito semelhante, a Associação Bahia Design, criada no início dos anos 2000. “Desde então, estávamos órfãos de um espaço para integrar os designers baianos, com o objetivo de trocar experiências”, completa Bestetti, que atualmente é dono de um escritório próprio, o Overbrand. Felipe Arcoverde, que também é sócio-diretor da Person Design, lembra que a ideia inicial do novo movimento foi catalogar os designers da Bahia através da hashtag, que uma vez ‘twittada’ faz com que o seguidor seja incluído automaticamente na Api, ficando com a foto e as principais informações do perfil no Twitter em visibilidade no site. “Com o tempo, por meio de reuniões com pessoas que foram chegando ao grupo, nossa ideia foi aumentar isso, não ser só uma Api no Twitter, mas incorporar algo mais abrangente”, conta Arcoverde. por murilo gitel Foto: Peterson Sitônio Foto: Divulgação O movimento ganhou forma Na primeira semana de dezembro, a iniciativa ajudou a trazer para Salvador o designer Alexandre Wollner, considerado um dos principais nomes na formação do design moderno no Brasil. “Através do @designbaiano, entramos em contato com os responsáveis da Penso Eventos e eles nos disseram que, se sentissem um bom número de pessoas interessadas no curso de Wollner, trariam o evento para Salva- dor. Então coloquei na rede: ‘Quem quer Alexandre Wollner em Salvador respon- da: eu quero!’. Nós tivemos uma aceitação grande. Foi uma forma de divulgar”, argumenta Arcoverde, que afirma que o movimento é aberto a qualquer designer ou pessoa ligada à área, inclusive estu- dantes. Atualmente, o grupo conta com mais de 130 seguidores no Twitter e 200 curtidores no Facebook. Outra resposta positiva foi a mobili- zação para que os designers participas- sem da Conferência de Livre Design, promovida pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult). “Fizemos uma divulgação em nossas redes sociais e conseguimos a presença de 46 designers, o que surpreendeu a própria secretaria”, enfatiza Arcoverde. Já nos dias 1º e 2 de dezembro, os profissionais do setor participaram da IV Conferência Estadual de Cultura. Uma das reivindicações foi a de que o segmento passe a ser um eixo setorial ou uma subárea da Secult – atu- almente, integra a subárea do segmento Serviços Criativos, que também pode ser considerada uma subárea, nessa estru- tura. “Não queremos ser vistos como uma subárea, mas sim como um segmento de função transversal, até porque tem design em todos os eixos produtivos do nosso estado, como indústria e turismo, por exemplo. Precisamos de um olhar mais pró- prio”, defende Bestetti. Ao término da conferência, os designers baianos conseguiram a criação de um edital público de fomento ao design, o que inclui um fundo estadual de investi- mento intersetorial e a implantação de um centro de referência, propostas já aprovadas para integrar o Plano Qual o objetivo? Mapear Ter noção do tamanho do mercado de design na Bahia. Quem são, onde estão e o que fazem esses profissionais. Integrar Agrupar para ganhar força. Força para realizar eventos, para representar o estado fora do mesmo e, quiçá, do Brasil. Valorizar Mostrar que a Bahia tem profissionais de qualidade. Divulgar Ser referência na Bahia, não apenas para os designers, mas para as instituições de ensino, empresas e sociedade, e depois ser referência nacional e mundial em design. Algumas das opiniões dos membros do movimento no Twitter: @Marlllon Marllon Carvalho #DesignBaiano é um design arretado, cheio de personalidade e originalidade, e com toque de dendê @matthausweb Lothar Matthaus Todos tem mercado! Mas comparando com outros, a diferença é absurda. Inclusive em valor de mercado #DesignBaiano @appaixao Ana Paula Paixão Sim! Precisamos trabalhar com ética, responsabilidade, comprometimento e conhecimento p cobrarmos uma resposta do mercado #DesignBaiano Estadual de Cultura da Secult. Sobre perspectivas para 2012, planejam realizar quatro eventos ao longo do ano, aumentar o número de participantes e finalizar um projeto de apresentação da ação, que deverá ser disponibilizado no sistema de financiamento colaborativo no site Catarse. [B+] Foto: Peterson Sitônio Designers baianos participaram recentemente da Conferência Livre de Design na Secult Felipe Arcoverde (à dir.) é um dos idealizadores do movimento #DesignBaiano, (à esq.) o designer Augusto Leal Alunos do curso de Identidade Visual com Alexandre Wollner
  • 14. 26 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 27www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+] negócios | moda E m 2012, a marca baiana de moda praia Vivire completa 15 anos de mercado, sendo uma das poucas sobreviventes de longa data do ramo no estado. A confiança e o espírito empreendedor de Virgínia Moraes, administradora e pós-graduada em moda, arte e contemporaneidade, são algumas das características que permitem o sucesso da empresa. Inicialmente com duas lojas em Salvador e duas em Praia do Forte, Virgínia expandiu nacionalmente a rede em 2010, firmando presença em Recife (PE), Vitória (ES), Ribeirão Preto (SP), Ilha Bela (SP), além do interior baiano, como Alagoinhas, Entre Rios e Vitória da Conquista. “Digo que levamos 14 anos para formar nossa marca no varejo da Bahia, com consistência e admiração dos baianos e O universo Vivire Virgínia Moraes, empresária no setor de moda praia e criadora da marca Vivire, conta como faz para manter a regularidade de vendas no setor e ampliar a atuação no mercado nacional das faculdades de moda”, comemora, ao acompanhar os novos mercados conquistados. Os reconhecimentos também chegaram ao longo dos anos. O Sebrae premiou a Vivire, em 2010, em boas práticas, o que, segundo Virgínia, se deve ao projeto de apoio ao GACC, que a empresa faz há seis anos. Já no início de 2011, o Senai Bahia selecionou a marca para ser a empresa-piloto a participar de uma consultoria do Politéc- nico de Milão, uma das mais importantes escolas de design do mundo. Sobre as possibilidade de fazer negócios darem certo na Bahia, Virgínia ressalta: “O mercado é grande, mas é preciso que os empresários saibam como crescer diante do novo perfil de consumidores contemporâneos. A recicla- gem e capacitação são imprescindíveis para a maturidade desse novo olhar”. O resultado dessa confiança está em nú- meros. A Vivire cresce em torno de 10% ao ano, chegando a 30% durante o verão. Como surgiu a Vivire? Criei a marca em 1997. Sempre tive o espírito empre- endedor e, no final do meu curso de administração de empresas, resolvi iniciar meu próprio negócio. Escolhi a moda por ter uma transversalidade com o tema. Fotos: Divulgação “Gostaria muito que os baianos consumissem mais a moda baiana. Temos que valorizar o que é nosso. Só assim nosso estado cresce em todos os sentidos” Como você vê o cenário das mar- cas produtoras de moda praia na Bahia? Esse cenário na Bahia está em grande processo de redução. In- felizmente, em 2010, observamos o fechamento e enxugamento de algumas indústrias e marcas impor- tantes no nosso segmento. Refiro-me ao setor de confecções como um todo e não apenas moda praia. Isso se deu por inexistência de políticas públicas que olhem para o nosso setor de confecções como um grande aliado no combate à desigualdade social. Sempre digo que grandes empresas geram riqueza para o país e peque- nas empresas geram distribuição de renda. A demanda por produtos de moda praia é bastante significativa. É neces- sário somente saber em que público- alvo se quer chegar. Gostaria muito que os baianos consumissem mais a moda baiana. Temos que valorizar o que é nosso. Só assim nosso estado cresce em todos os sentidos. Onde são feitas as peças da Vivire? A produção é feita por facções (pequenos grupos de costureiras) em Salvador. Nossa mão de obra é local. Apesar de a gente saber que diversas indústrias estão optando por produzir no exterior, utilizando mão de obra escrava, procuramos sempre investir na sustentabilidade do nosso setor local. Temos um núcleo de criação e desenvolvimento de produto na nossa matriz, com profissionais formados em moda e alguns deles pós-gradu- ados. Temos um compromisso em propor um trabalho onde a pesquisa, o design e a paixão em fazer moda são aspectos imprescindíveis. Como vem sendo feita a expansão do negócio? Digo que levamos 14 anos para formar nossa marca no varejo da Bahia, com consistência e admiração dos baianos e das faculdades de moda. O atacado da marca foi inicia- do ano passado e estamos buscando aos poucos os novos mercados. Não se abre a carteira de cliente da noite para o dia. Um dos nossos planos a médio prazo é atender as solicitações de franquia da marca. A Vivire costuma usar a frase que diz: “Para quem tem o espírito dos trópicos, o que menos importa se é inverno ou verão”. Qual é a men- sagem que vocês querem passar com ela? A regularidade de venda é nosso principal desafio. Hoje temos duas li- nhas de produto. A linha Praia, que é a mais conhecida; e a linha Balneário. A Balneário surgiu como uma forma de driblar a sazonalidade e porque identificamos que nosso cliente que- ria estar fazendo parte do nosso Vivire precisou de 14 anos para consolidar a marca no mercado “Universo Vivire” durante todo o ano. Assim, a Vivire buscou a nossa essência baiana de espírito alegre, extrovertido, leve e sempre disponível em acolher. A moda Balneário abusa das estampas exclusivas, dos tecidos escolhidos criteriosamente com o objetivo de propiciar mais conforto e leveza aos nossos clientes. Por isso nasceu a frase acima. Como é a preparação para o verão? Intensa, pois é nossa mais impor- tante estação. Iniciamos nossa pesquisa do tema cerca de seis a sete meses antes. Como trabalhamos com tecidos e estampas exclusivos, o processo é bastante demorado e é todo feito fora do nosso estado, por não termos indústrias têxteis. Como tem mantido a marca durante tanto tempo e tem driblado as dificuldades? Nossa proposta era diferenciada desde o começo. Lógico que ela foi aprimorada ao longo desses 14 anos. Acredito que a busca do conhecimen- to científico, do design diferenciado, do investimento em estampas exclusivas, ambientes de loja contem- porâneos e parcerias com bons profissionais fizeram com que a Vivi- re fosse percebida de forma diferente por esses novos consumido- res. [B+]
  • 15. 28 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 29www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+] P or melhoria da qualidade de vida, diminuição do estresse, promoção da saúde, hobby, corpo defini- do, perda de peso ou lazer. Seja qual for o objeti- vo, a prática de exercícios físicos se tornou praticamente indispensável em nosso atual modelo de vida. Mas o que tem provocado a mudança de hábitos dos brasileiros e mais especificamente dos baianos em relação ao corpo? E como os donos desses negócios e investidores da área estão su- prindo essa demanda? “O mercado fitness, não só no Brasil, mas no mundo todo está em franca expansão. A demanda está crescendo, em função da mídia e dos médicos que têm influenciado muito”, diz Leandro Cardoso, sócio da rede Alpha Fitness, que tem a primeira unidade da academia localizada na Vila Laura. Paulo André Cavalcante, proprietário da Esta- ção Atlética, academia voltada para atividades aquáticas e musculação, diz que há 12 anos (quando inaugurou a unidade) não se cogitava ter uma pessoa da terceira idade, com artrose e outros problemas nos ossos, fazendo muscu- lação, pegando peso. “Sem dúvidas é mais uma questão de saúde do que de estética. A gente observa que as diferen- tes gerações da mesma família continuam na academia, um leva o outro, avós e netos se encontram lá”, completa Cavalcante. O triatleta Pedro Paulo Bandeira concorda que o aumento da informação contribuiu para que a atividade física ultrapassasse os objetivos estéticos e estivesse cada vez mais relacionada com a saúde e o bem-estar. Para ele isso resulta no aumento da quantidade e da qualidade não só nas academias como das assessorias esportivas. “Atu- almente, acredito que estamos na terceira posição nessa área de educação física, atrás de Rio e São Paulo” destaca. negócios | mercado Saúde em boa forma A reconfiguração das novas academias como centros de bem-estar, a ascendência do elo entre a qualidade de vida e a estética e a ampliação dos negócios na área demonstram o atual estágio da cultura fitness na Bahia por Vanessa Aragão Fotos: Rômulo Portela Nesse ritmo, o mercado soteropo- litano do setor não para de crescer, tanto em número de matrículas, como em atividades, grupos de corrida e academias. Acompanhando a tendên- cia da cidade, a rede de academias Alpha Fitness está se expandindo e inaugura uma nova unidade no Costa Azul, com capacidade para 2.500 pessoas. Além dessa, já está tudo preparado para a terceira, na Barra. “Desenvolvemos uma pesquisa de mercado nesses bairros para saber o grau de satisfação do atendimento dos clientes e avaliar os objetivos dos frequentadores de academias. Como está caindo a cultura do fitness e agora o bem-estar é mais valorizado, nosso trabalho vai ser todo estabele- cido pelos médicos. Teremos endocri- nologistas, nutricionistas, avaliadores físicos dentro da academia, fazendo um tratamento diferente”, explica Leandro Cardoso. Centros de bem-estar Na nova configuração das academias, elas passaram a ser denominadas como centros de bem- estar, por concentrarem uma série de atividades voltadas para a melhoria de vida. Ioga, pilates, boxe, dança, hidroginástica, natação, krav–magá, jiu-jítsu, muay thai, clubes de corrida, capoeira, massoterapia, dentre outras atividades, proporcionam variadas opções para um público cada vez mais diversificado. A academia Vidativa, dirigida por João Nunes Dias Júnior, nasceu em 2006 com o conceito multidisciplinar e mostra que esse é um desejo do mercado. “Está comprovado pelos próprios alunos que essa é a grande tendência. É gratificante quando ouvimos de algumas pessoas que não gostavam de academia e que agora não conseguem ficar sem frequentar”, garante. Ao completar dez anos em 2011, a Villa Forma trouxe novidades como o squash e a ginástica funcional, que prepara o corpo para o melhor desempenho das atividades do dia a dia. Carol Sousa, dona da academia, afirma que o carro-chefe ainda é a musculação, mas há bastante interes- se nas outras atividades. “A preocupa- ção com a estética é muito forte, mas a maioria entende que a saúde está em primeiro lugar”, garante Carol. Além da sazonalidade soteropo- litana na frequência das academias – no inverno sempre há uma queda, entre outubro e dezembro há um aumento de matrículas, e o ápice se encontra nos meses de março e abril –, o proprietário da Estação Atlética percebe que ainda há muita dificul- dade para abrir academias pela invia- bilidade imobiliária. “Para construir uma academia de médio a grande porte é necessário um local grande, perto da residência das pessoas, de fácil acesso. Uma área dessa com uma boa localização é praticamente impossível em Salvador hoje em dia”, declara Cavalcante. Crescimento esportivo Com a experiência de quatro anos em uma academia, o personal trainer Paulo Marques avaliou o mercado e resolveu montar seu próprio negócio, a Evolution Assessoria Esportiva. Ela é destinada a desenvolver projetos de musculação, aulas de futsal, natação, hidroginástica em condomínios e empresas. “A maioria dos grandes e médios empreendimentos tem academia, é muito cômodo você fazer um exercício físico sem sair de casa, além de ter a segurança e de evitar o trânsito caótico. Então concentramos tudo isso onde as pessoas moram. A comodidade das academias nos condomínios já é uma realidade e isso vai crescer ainda muito mais”, torce. Foto: Rômulo Portela O triatleta Pedro Paulo Bandeira e sua rotina de treinamento: natação, ciclismo e corrida Ao completar dez anos em 2011, a Villa Forma trouxe novidades como o squash e a ginástica funcional para seus alunos
  • 16. 30 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 31www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+] Salvador Shopping, Vanessa Oliveira, afirma que, além da segunda unidade instalada no Shopping Barra recente- mente, há espaço na capital baiana para mais lojas da marca: “Salvador está em pleno crescimento esportivo, essa foi a segunda loja na capital, mas com certeza tem mercado para uma terceira e quarta. Esse crescimento não está ligado só ao culto ao corpo e sim à busca de uma melhor qualidade de vida”. Clubes de corrida Outro resultado desse momento vivido no Brasil é percebido em Salvador com o aumento do número de treinadores de grupos e de adeptos da corrida de rua. André Araújo, presidente da Associação de Treina- dores de Corridas de Rua (Atec-BA), que existe há dois anos, e treinador do grupo Corpus Vitalle, diz que hoje são cerca de 70 profissionais Assim como as academias e assessorias, as redes de lojas es- portivas também trilham o mesmo caminho, como é o caso da Centauro, que tem cinco lojas em Salvador. Gerente da loja no Iguatemi, Marcelo Miranda percebe que o Brasil está muito voltado para o esporte e que as pessoas consomem mais no verão e em eventos sazonais. Com expecta- tiva de crescimento anual entre 8% a 12%, Marcelo afirma que informação e orientação são cruciais tanto para as atividades quanto para as compras: “Há pouco tempo saiu uma matéria na televisão sobre o bom uso da corda para a prática de exercícios aeróbicos. A procura desse acessó- rio foi a que mais cresceu em todas as lojas. A cultura do corpo, saúde, bem-estar, esse tipo de imagem que é vendida hoje contribui muito para o crescimento do segmento esportivo”, explica Miranda. A gerente da loja Track&Field do cadastrados e estima que existam 100 grupos na cidade. “De três anos para cá o crescimento foi vertigi- noso. Para se ter ideia, em 2009, nós tivemos aqui cerca de 36 corridas. Em 2010, esse número já pulou para 48, e este ano nós chegamos a 70, com grandes provas, grandes circuitos”, ressalta. Nos clubes ou grupos de corrida, há horários e locais pré-determinados para treinos acompanhados e as pessoas recebem recomendações de acordo com o objetivo de cada um. Segundo Araújo, pode-se dizer segu- ramente que a capital baiana hoje é um polo de corrida de rua: “Salvador hoje tem o maior número de provas, o maior número de grupos de corrida, o maior número de cadastrados na Federação Baiana de Atletismo como corredor de rua (cerca de dois mil). Com certeza é o maior polo do Nordeste”. O triatleta Pedro Paulo Bandeira acredita que, como todo fenômeno social, as pessoas vão praticando, gostam e chamam as outras. Assim os eventos se multiplicam e o cresci- mento acontece. “Isso é bom, uma moda saudável, que pegou e continua evoluindo. Esses grupos estão cada vez mais se aperfeiçoando com rela- ção às orientações multidisciplinares. Não é só a prática da atividade física. Ela está em conjunto com a alimen- tação, a fisioterapia, profissionais de educação física, uma série de coisas que fazem parte do treinamento da assessoria esportiva”, explica. Para a fisioterapeuta Evellyn Rangel, as pessoas têm se preocupado mais com saúde de uma forma geral e vários fatores podem estar associados, como o maior número de informações sobre saúde, o aumento da expec- tativa de vida, o sedentarismo e o estresse do dia a dia. “Tudo isso tem nos levado a buscar a saúde e o bem- estar”, conclui. [B+] Segundo a nutricionista Izabella Ferraz, os cuidados com o corpo aumentam no verão. Para manter a forma e a autoestima são indispensáveis uma boa alimentação e a prática de atividades físicas, como: Alimentação O café da manhã é fundamental, almoço e jantar leve. Entre essas refeições, fazer lanches ricos em fibras e minerais, como frutas frescas, castanhas do Pará ou sementes de abóbora e gergelim. A hidratação é fundamental ao organismo e nenhum líquido substitui a água. Atividades Nesta estação, costumamos priorizar atividades ao ar livre, como a natação, corridas, caminhadas. O importante é que a atividade escolhida seja prazerosa. Uma dica básica é estar alimentado antes da prática de qualquer atividade física. Pele O uso de protetor solar é indispensável, independente da época do ano, porque evita doenças decorrentes da exposição ao sol e mantêm uma pele saudável e sem manchas. No verão, são recomendados procedimentos como uma esfoliação suave semanal e hidratação diária com produtos adequados ao tipo de pele.
  • 17. 32 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 33www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+] E m meio às vielas do Comércio de Salvador, precisamente na rua Conselheiro Saraiva, nº32, há uma lanchonete que sobrevi- ve às mudanças vizinhas e acolhe um punhado de clientes fiéis. O Rei do Pernil foi fundado há exatos 80 anos pelo pai de Manolo, um espanhol simpático que começou no negócio com 14 anos e hoje recebe ajuda do filho, Fernando Perez, na gerência do estabelecimento. A tradição está preservada nos mínimos detalhes. Seja no quadro em homenagem a Nossa Senhora de Aguassanta, mandado fazer pela espo- sa de Manolo; ou pelas três velas que o espanhol acende pedindo proteção enquanto durar o dia de trabalho. A lanchonete funciona de segun- da a sábado, das 7h às 18h, mas os trabalhos começam às 4h. Essa hora é quando Perez chega para preparar o pernil, que demora de duas a três horas para ficar pronto. Os apeti- tosos sanduíches levam nomes de pontos turísticos de Salvador, como o Elevador Lacerda (pernil, queijo e salame em um pão italiano) e o Plano Inclinado (pernil, queijo e presunto). Outros tantos restaurantes de Salvador conservam a clientela há muitos anos. Listamos a seguir uma seleção de delícias gastronômicas que apaixonam tanto baianos quanto turistas. negócios | gastronomia Com o segredo no tempero e na tradição por Vinícius Silva Estabelecimentos em Salvador preservam antigos costumes para fidelizar um público que gosta de bom humor, descontração e um tempero irresistível Fotos: Romulo Portela Manolo exibe o tradicional sanduíche de peru - preparo da carne leva até três horas Recanto da Tia Maria Avenida Constelação, 213, Pedra Furada – Monte Serrat Com mais de 35 anos de cozinha, o dendê do Recanto da Tia Maria já foi até pauta do jornal britânico The Guardian. Entre moqueca de peixe, casquinha de siri e bolinho de bacalhau, o siri-boia é o prato mais pedido do restaurante, acompanhado de farofa e vinagrete. O “Recanto”, que começou como uma quitanda de frutas, é praticamente uma sala de estar, onde a proprietária recebe os amigos e conversa sobre a vida. Com os frutos do mar prepara- dos na hora, Maria explica que o movimento é imprevisível: “Às vezes alguém liga avisando que vem e faz logo o pedido do almo- ço, outras vezes isso aqui enche de turista trazido por pousadas e companhias”. O restaurante funciona de 8h até o último cliente. No verão, os visitantes gostam de ficar sentados na parte de fora, tomando uma cerveja e apreciando a vista da Baía de Todos os Santos. Boteco do França Rua Borges dos Reis, 24-A - Rio Vermelho A história do Boteco do França, no Rio Vermelho, começa pelo restaurante Extudo, também localizado no endereço boêmio de Salvador. Nele, Antônio França e José Raimundo trabalharam como garçons e firmaram parceria ao fundar o famoso boteco. As mesas, espalhadas por uma tranquila ruela, deixam o ambien- te mais despretensioso e o lugar só fecha depois que o último cliente sai. Para os dois empreendedores, o Boteco do França se tornou um reduto de jornalistas e intelectuais. E não poderia ser diferen- te, uma vez que o jornalista Antônio Rizério chegou a participar da fundação do estabelecimento, sendo o responsável pelo nome e pelas primeiras versões do cardápio. Aos sábados, o prato favorito e mais pedido é a feijoada Olívia Santana - uma homenagem à vereadora que é cliente antiga do Boteco. O segredo para tanto sucesso é guardado a sete chaves.“Nossa feijoada é magra, tem todos os tipos de ingredien- tes, mas não é uma comida gordurosa. Nosso cozinheiro bota uma dose de pinga dentro, que tira totalmente a gordura. O resto, a gente não pode mais contar”, conta José Raimundo. Simplicidade marca o Boteco do França, no coração do boêmio bairro do Rio Vermelho Cozinha de Tia Maria é aberta e clientes podem acompanhar o preparo do siri-boia, especialiade da casa Fotos: Rômulo Portela
  • 18. 34 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 35www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+] Alfredo di Roma Rua Morro do Escravo Miguel, s/nº, Hotel AtlanticTowers - Ondina Com a tradição italiana por trás das massas, risotos, carnes e fru- tos do mar, o restaurante Alfredo di Roma começou sua história em 1905, lá na Itália, pelas mãos do chef Alfredo di Léio. A casa ganhou fama quando os atores do cinema mudo Mary Pickford e Douglas Fairbanks se encantaram pelo lugar e o presentearam com um garfo e uma colher de ouro. O principal prato do restaurante, o “Fettuccine Alfredo”, foi cria- do em 1914, motivado pela perda de apetite que a mulher de Alfredo apresentara durante a gravidez. O molho delicioso caiu no gosto dos clientes com sua receita simples: manteiga e queijo parmesão ralado. Muitas histórias foram criadas para explicar como Alfredo reuniu os ingredientes e formulou o prato mais famoso da casa, sendo passado por três gerações que comandaram o restaurante Alfredo di Roma na Itália e que foram os responsáveis por sua expansão, abrindo outras filiais em Nova York e, claro, em Salvador. Foto: Divulgação Alfredo di Roma traz um toque especial da culinária italiana para Salvador Restaurante Maria de São Pedro Praça Visconde de Cayru, 250 – Mercado Modelo (2º piso) Churrascaria O Líder Largo Dois de Julho, 32 – Loja B Certa vez, o escritor baiano Jorge Amado escreveu em uma de suas crônicas que “Maria de São Pedro era uma rainha da Bahia feita de porte, bondade e arte”. O restaurante fundado por ela e localizado dentro do Mercado Modelo tem 86 anos de existência e hoje é administrado pelo filho caçula da matriarca, Luis Domingos. Amado era apaixonado pela moque- ca de peixe inventada pela dona. Mas o prato não conquistou somente ele. Outras personalidades como Orson Welles, Jean- Paul Sartre e fregueses assíduos como Calazans Neto e Carybé provaram e ajuda- ram a criar a fama internacional do lugar. O restaurante está instalado no terraço do Mercado Modelo e funciona de segunda a sábado, das 11h às 19h, e domingo até às 16h. Com 53 anos de história, a churrascaria O Líder já passou por cinco gerentes. Quando ainda se chamava Dom Q’Choppela passou de choperia para churrascaria a pedido dos clientes. “Eles sugeriram refeições e ajudaram a construir o cardápio”, conta o atual dono do negócio, Eduardo Garcia. E a seleção de pratos continua em construção. Segundo Garcia, o pedido que mais sai é churrasco regado a um molho avermelhado feito à base de tomate e torresmo, invenção da casa – além do sanduíche de pernil, é claro. Atualmente, a clientela é formada basicamente por profes- sores universitários e políticos, que se encontram no final da tarde para desfrutar das guloseimas oferecidas pelo restaurante. Aberto desde as 7h, O Líder só fecha as portas às 3h e funciona de domingo a domingo. [B+] Fotos: Romulo Portela “Malassado” de filé mignon e sanduíche de pernil são os carros-chefe do “O Líder”, que costuma receber estudantes, professores e políticos no 2 de Julho Em pleno Mercado Modelo, o Maria de São Pedro já caiu no gosto de intelectuais como Jorge Amado, Jean-Paul Sartre e Carybé
  • 19. 36 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 37www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+] >> >> 1. Adaptabilidade É a capacidade de adaptação às mudanças, a diferen- tes situações e realidades, a novas atividades e projetos. As empresas hoje estão constantemente transformando-se para acompanhar as frequentes mudanças no cenário econômico mundial. Para sobreviver financeiramente, elas estão buscando os profissionais com um elevado nível de adaptabilidade, que sejam abertos, que aceitem mudar de posto, de cidade, de país, que modifiquem projetos e prioridades, que aceitem novas ideias. 2. Criatividade É o processo através do qual as ideias são geradas, desenvolvidas e transformadas em valores. O processo envolve a descoberta de maneiras novas e eficazes de lidar com o mundo, resolver problemas e ampliar o círculo de influência. A criatividade manifesta-se pela capacidade de inovar e de resolver situações inesperadas e da capacidade de decidir autonomamente e, acima de tudo, pelo senso crítico. Não aceitar passivamente o que a tradição, moda e opiniões dominantes procuram impor incondicionalmente. O mercado de trabalho busca os profissionais que têm negócios | carreira O mercado de trabalho hoje exige muito mais do que um diploma. Longe estão os dias em que frequentar uma universidade altamente credenciada era uma garantia para conseguir um bom emprego ou uma boa posição profissional. Você precisa de muito mais: experiência, comunicação e outras habilidades. Mas o que é competência? Quais são os elementos exigidos atualmente? As competências são formadas basicamente por três fatores: conhecimento, habilida- des e atitudes. As dez competências mais procuradas pelo merca- do de trabalho atual são: Rosival Fagundes lista dez habilidades para conquistar espaço no mercado competitivo e exigente em que vivemos Competências profissionais por Rosival Fagundes Consultor do Sebrae e professor universitário Aluno a caminho de se inserir no mercado de trabalho ao receber o diploma do programa Jovem Aprendiz 7. Capacidade para trabalhar em equipe Não podemos mais trabalhar sozinhos. Vivemos em um mundo globalizado que exige que o trabalho seja feito em equipe, às vezes composta de pessoas que estão a milhares de quilômetros de distância. Não é fácil trabalhar em conjunto, porque isso requer expor ideias e ouvir os outros; aceitar sugestões, respeitar opiniões diferentes, colaborar, construir juntos e aceitar os limites de si e dos outros membros da equipe. 8. Liderança “Não é a posição que faz o líder, mas o líder que faz a posição”. Um bom líder ouve as ideias dos outros, inspi- ra confiança nos colegas de equipe, respeita, é seguro o suficiente para defender suas ideias e as dos seus subordi- nados. É capaz de atrair voluntários para suas iniciativas e projetos, influencia outros e cativa a sua atenção, coordena e organiza projetos. O mercado de trabalho hoje procura as pessoas que podem, em algum momento ou ocupação, assumir o papel de líder e conquistar segui- dores. 9. Empreendedorismo Essa competência não é necessária apenas para aque- les que querem seu próprio negócio, mas para qualquer profissional. É muito importante saber mostrar o seu conhecimento e valor, seu “know-how”, saber vender seu produto ou projeto, tratar o negócio como se fosse seu, bus- car novas oportunidades, ter perseverança e compromisso, assumir riscos, planejar e definir metas. No mercado competitivo, ter um espírito empreende- dor abre muitas portas. Você não pode esperar até que alguém lhe dê uma oportunidade de emprego ou negócio. Você deve ir a campo para encontrá-la. 10. Domínio das novas tecnologias de comunicação e informação Hoje em dia é essencial conhecer e saber usar as no- vas tecnologias de comunicação e informação. A internet mudou as relações e lugares de trabalho. Você pode se comunicar facilmente com os profissionais que estão longe, trocar ideias por e-mail, MSN, Skype, fazer reuniões, com- prar e vender produtos em sites comerciais de diferentes países e assim por diante. As relações interpessoais foram facilitadas e expandidas com redes como Orkut, Twitter, Facebook, MySpace, e outros. Hoje, quem não está conectado nem acompanha o mundo tecnológico fica em desvantagem no mercado de trabalho. [B+] ideias novas e originais. Mas, para ser criativo é necessário expor, apresentar ideias e pontos de vista e permitir riscos, sem medo de errar. 3. Iniciativa É tomar a iniciativa de resolver problemas e realizar tarefas fáceis ou difíceis. Não só ter a ideia ou solução, mas acima de tudo, tomar medidas. O mercado está procu- rando profissionais que respondam com rapidez e agilida- de às demandas da vida cotidiana. 4. Facilidade de comunicação Com a evolução da tecnologia, surgiram diversas fer- ramentas de comunicação. Por outro lado, fazer uso dessas novas ferramentas não significa ter facilidade de comuni- cação. Você precisa saber expor claramente as ideias e opi- niões, o que exige ser capaz de observar os acontecimentos e situações, e ouvir os outros. A comunicação pode ser feita de várias maneiras: verbalmente, por escrito e não-verbalmente. Às vezes nós nos comunicamos facilmente por meio de uma dessas formas, mas também há a necessidade de desenvolver as outras. Às vezes dizemos algo verbalmente, mas os nossos olhos ou sorriso podem dizer o oposto. Para trabalhar na atualidade, é preciso se comunicar através de vários ins- trumentos, em línguas diferentes e você tem que entender a linguagem dos vários membros da equipe profissional. 5. Facilidade de relacionamento interpessoal Relacionar-se facilmente com os outros exige ser empático, aceitar a si mesmo e aos outros com os pontos fortes e fracos de cada um, estar disponível para o outro. Na sociedade de hoje, as relações são cada vez mais breves, superficiais, temporárias e até mesmo virtuais. No mundo do trabalho, fala-se agora da importância da “rede” ou rede de contatos, pois ela frequentemente facilita desde novas oportunidades de carreira até a troca de informa- ções, realização de negociações e parcerias. 6. Capacidade de resolver problemas Resolução de problemas faz parte da rotina diária em todas as atividades de trabalho. O que muda é o tipo e a dimensão de tais problemas. Há dificuldades muito simples e outras que exigem maior esforço e persistência. Para resolver um problema, devemos analisá-lo de diferen- tes ângulos, investigar possíveis formas de resolver, avaliar alternativas, prever consequências e tomar uma decisão assumindo riscos. >> >> >> >> >> >> >> >> Foto: Secom BA
  • 20. 38 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com negócios | economia Que os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) se tornaram a tábua de salvação global, e que a China tem sido nos últimos 15 anos a máquina propulsora da economia, todo o mundo já está mais careca do que eu de saber. Mas ao lado do inferno astral da Eurozo- na e da crise da economia norte-americana, outra sombra de tensão começa a se formar. Vários artigos estão sendo publicados (aqui e no exterior) dando conta de um fenômeno: a possível redução do ritmo chinês de cresci- mento. Isso já era esperado, pois a economia não cresce infinitamente, há sempre ajustes naturais, isso pode ser explicado pelo con- trole da inflação (que surge em momentos de pico de atividade) e por gargalos estruturais no mercado de fatores (matérias-primas, mão de obra e capital financeiro). Ademais as instituições talvez estejam produzindo impactos negativos sobre a macroeconomia chinesa, pois a economia não é só números: as instituições sobre as quais ela está construída importam sim: institutions matter. No caso da China o sistema bancário, como instituição, parece estar em xeque, e isto é interessante. Nos acostumamos a ter a China como uma superpotência capaz de rivalizar com os EUA. Não acho que isso seja irreal, mas nem tanto ao mar e nem tanto à terra. Não devemos ser binários, pois entre o zero e o um existem infinitos pontos. A China sofre problemas institucionais graves: além do descontrole ambiental e da falta de democracia, agora surge à tona a questão do seu mercado bancário. O Banco Mundial estima que 8% dos empréstimos totais da China sejam ofertados pelo mercado informal (os agiotas), um mercado totalmente desregulado e muito poderoso, o chamado shadow banking, que tem como demandantes micros e pequenos empresários, e o aquecido (mas já esfriando) boom imobiliário chinês. Além disso, o grosso do mercado chinês é controlado pelas estatais, “teoricamente” mais politizadas e menos amigas do mercado. Paria piorar, o BC chinês está fazendo uma política monetária contracionista para conter a inflação de demanda por lá. Esse ambiente produz problemas de confiança, e pode travar o crescimento chinês, pelo encarecimento do crédito e seus altos custos de transação. Pode-se argumentar que o sistema ban- cário chinês possui solidez até em razão de abrigar os dois maiores bancos do mundo, o Industrial and Commercial Bank of China e o China Constrution Bank. Assim, o sistema bancário do império do sol seria mais compe- titivo do que o nosso brasileiro, por exemplo. Ocorre que o dinamismo capitalista somente aportou na China nos anos 70 pas- sados, por meio das reformas econômicas de Deng Xiaoping. Diferentemente do Brasil que sempre viveu o capitalismo e a danada da inflação, a economia chinesa somente agora afunda nesses “vícios”. O sistema bancário brasileiro se tornou eficiente dada a sua tecnologia (para se proteger da hiperinflação nos anos 80 até 1994) e por ter sobrevivido à crise bancária do início do Plano Real. Aqui nunca tivemos os créditos Ninja (empréstimos imobiliários para pessoas sem renda, sem trabalho e sem ativos) como nos EUA, nem o shadow banking chinês. Nossas elevadas taxas de juros, os astronômicos spreads e a dura regulação do nosso BC blindaram nosso mercado, produzin- do altíssimas taxas de lucratividade bancária. Temos também democracia política e um mercado competitivo. Nossos gatos gordos se tornaram eficientes. Assim, como dizia o professor Delfim Netto: devemos ter em mente que o copo está sempre meio cheio de água ou meio cheio de ar, depende do modo que o olhamos. Temos que olhar a China como se olhássemos este copo de água. Um pouso forçado dos chineses em função de um travamento do seu sistema de crédito trará impactos negativos para o mundo e, cla- ro, para o Brasil. Isto para nós é complicado, em razão de que nossa estimativa de cresci- mento do PIB para 2012, feita pelo FMI, nos coloca atrás de nossos vizinhos da América do Sul: empatamos com a estagflacionária Venezuela. A China deve ser respeitada pelo seu ta- manho e velocidade e pelo impacto negativo que ela pode trazer ao mundo, se ela crescer mais devagar. Não temos o tamanho e o ritmo chinês de crescimento, mas o copo está meio cheio de ar. Shadow Banking luiz marques Filho Economista, superintendente da FEA-Ufba, diretor da ADVB-BA e professor da Faculdade Baiana de Direito
  • 21. 40 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com E do lixo fez-se energia Em um contexto em que aliar desenvolvimento com preservação ambiental cresce cada vez mais, três usinas termelétricas transformam o lixo dos aterros em biogás, que vira energia elétrica 44 tendências | 42 pro bem | 48 soluções sustentáveis | 52 economia criativa | 53 sustentabilidade Apoio:
  • 22. 42 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 43www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+] sustentabilidade | tendências EcoD completa 3 anos Há três anos surgiu no Brasil o Portal EcoDesen- volvimento.org por iniciativa do empresário baia- no Isaac Edington, diretor-presidente do Instituto EcoD. Ao tratar de um assunto ainda pouco divul- gado nas mídias de forma atenta e inovadora, o EcoD logo se tornou o maior portal sobre sustenta- bilidade do país de iniciativa da sociedade civil, e acompanhou de perto alguns dos fatos mais impor- tantes que aconteceram nesse período. Para levar essas informações ao maior número de pessoas, o EcoD lançou uma série de iniciativas pioneiras, como ser o primeiro portal sobre sustentabilidade a ter conteúdo em celulares por meio do m.ecod. org.br, além do primeiro aplicativo brasileiro com notícias em tempo real sobre o tema para iPho- ne, iPad e iPod Touch. Hoje, o EcoD também está presente em mídias em elevadores, shoppings, aeroportos, supermercados, bares e restaurantes, ônibus e metrô. Por tudo isso, o EcoD já recebeu prêmios importantes, como os Top Blog 2009 e 2010, além de ser finalista do Prêmio Greenbest 2010, que teve a participação dos principais veí- culos de comunicação do país. “Acreditamos em um futuro melhor, mais justo e próspero, mas sa- bemos que ainda há um longo caminho a ser per- corrido, e convidamos você a seguir nesse trajeto com a gente”, afirma Isaac Edington. TEDx Salvador O impossível pode se mostrar em nossas vidas de diversas formas. Mas cada pessoa é capaz de li- dar com as suas impossibilidades e transformá-las em algo real. “Não sabia que era possível, foi lá e fez”, como afirmou certa vez o intelectual Jean Cocteau. O tema “O que é ‘impossível’?” guiou as minipalestras do TEDx Salvador, realizado no dia 7 de novembro. Cada um dos palestrantes contou histórias sobre como lidar com os desafios e al- cançar aquilo que antes era um sonho, mas que com um pouquinho de trabalho e empenho, deixa de ser algo inalcançável e se torna parte de suas vidas. Uma das históricas compartilhadas foi a de Márcio Okabe. Ele criou a Wikisocial para reunir programadores e designers voluntários e projetar sites de fácil gerenciamento para ONGs. Com base no conceito open source, no qual a comunidade virtual se ajuda, Okabe realizou um sonho: conse- guir usar o conhecimento em benefício dos outros - um ensinamento que sua mãe lhe deixou. Fábrica de geradores eólicos é inaugurada Montar equipamentos para importantes projetos do setor eólico no Brasil e na América Latina é o principal objetivo da fábrica de ae- rogeradores da empresa francesa Alstom, inaugurada em 30 de no- vembro no Complexo Industrial de Camaçari. Segundo a diretoria da empresa, a Bahia foi escolhida por ser considerada o segundo parque eólico do país. A unidade conta com investimento inicial de R$ 50 milhões e tem capacidade de 300 MW por ano, além de gerar até 150 empregos diretos. O primeiro parque eólico da Bahia, insta- lado em Brotas de Macaúbas, na Chapada Diamantina, entrará em operação até o final do ano, e deverá produzir eletricidade suficiente para abastecer uma cidade com mais de 200 mil habitantes. A meta estadual é que sejam implantados outros 51 parques eólicos. Morro de SP ganha prêmio de Turismo Sustentável A paradisíaca ilha de Morro de São Paulo, no Bai- xo Sul da Bahia, conquistou o prêmio “Destaque Companhia de Viagens”, considerado o Oscar brasileiro do setor de viagens, na categoria “Turis- mo Sustentável”, no dia 30 de novembro, em São Paulo. Foram 12 categorias selecionadas para pre- miação. Em “Turismo Sustentável”, Morro de São Paulo concorreu com Fernando de Noronha, Praia do Forte (também na Bahia), Parque Nacional do Iguaçu, Lençóis Maranhenses e Manaus. Além do prêmio recente, Morro de São Paulo também será destaque no portal UOL Viagem em dezembro. Ainda neste ano, o destino baiano também estam- pou a capa do Guia de Praias da revista Quatro Rodas. Linha de estofados da Florense tem lona de caminhão reciclada A nova linha de estofados da Florense Móveis inova com as lonas de caminhão recicladas, estonadas e costuradas à mão. São diversos modelos disponíveis, em linhas modernas ou clássicas, cores varia- das e materiais diferenciados. Nos acabamentos, tecidos washed (100% algodão, macios e com cores mais resistentes), linho, fibra de bambu, sedas, rami e camurça, além da nobreza dos veludos e couros ecológicos. Este ano, a empresa comemora dez anos de conquista do certificado de gestão ambiental ISO 14001, além de ser credenciada como green company (empresa verde). A Florense afirma já ter reduzido 67% no consumo de água, a diminuição quase total da emissão de gases na atmosfera, a redução de 65% na geração de resíduos líquidos industriais e o corte de 64% no consumo de lâminas de madeira e de 25% no consumo de tintas. Empresa que comprar lixo reciclável de catadores terá desconto As empresas que comprarem resíduos sólidos recicláveis de coope- rativas de catadores de lixo terão desconto no Imposto sobre Produ- tos Industrializados (IPI). O Decreto nº 7.619 determina as condições necessárias para que as empresas tenham acesso à redução do IPI, de acordo com o material utilizado. Já as cooperativas devem ter, no mínimo, 20 cooperados. Os descontos no imposto variam de acordo com o tipo e a quantidade de resíduos sólidos usados no produto fi- nal. Plásticos e vidros vão proporcionar redução de 50%. O desconto para papéis e resíduos de ferro ou aço é 30%, enquanto resíduos de cobre, alumínio, níquel e zinco permitem o abatimento de 10% do valor do IPI. A emissão da nota fiscal para a comprovar a compra do material reciclável é obrigatória. Foto: Divulgação Foto: Divulgação Foto: Fernando Naiberg Fundadores do EcoD: Fabio Góis, Isaac Edington, Ines Carvalho
  • 23. 44 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 45www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+] sustentabilidade | empresa verde A utilidade dos resíduos sólidos para a sociedade vai além do que costumamos supor. Em um contexto em que aliar desenvolvimento com preservação ambiental cresce cada vez mais, três usinas termelétricas transformam o lixo dos aterros em biogás, que vira energia elétrica. Detalhe: a primeira do Nordeste opera em Salvador E do lixo fez-se energia O que lhe vem à cabeça quando a palavra “lixo” é pronunciada? O sentido associado ao termo costuma estar ligado ao descartável, inaprovei- tável, aos restos, produto ou algo de pouco valor, dotado geralmente de mau cheiro. No entanto, existem diversas práticas de reaproveitamento dos resíduos sólidos. Em tempos de preocupação com o fator ambiental, um dos pilares do desenvolvimento sustentável (juntamente com o social e o econômico), a transformação desses materiais em energia limpa ganha cada vez mais destaque. No Brasil, atualmente três usinas termelétricas situa- das em aterros sanitários transformam os resíduos sólidos em biogás, que acaba convertido em energia elétrica – e uma delas opera na Bahia. Inaugurada em março de 2011, a Termoverde recebe parte do lixo produzido na capital baiana, Lauro de Freitas e Simões Filho no Aterro Metropo- litano Centro de Salvador, no bairro de São Cristóvão. Terceiro empreendimento deste tipo no Brasil, a termelétrica do grupo Solví Valorização Energética (SVE) converte cerca de duas mil toneladas diárias de resíduos em energia renovável, algo em torno de 15 MW/h, que FotoS: Carol Garcia / Secom BA Termoverde opera no Aterro Metropolitano de Salvador, no bairro de São Cristóvão abastecem empresas com negócios no Nordeste, como Carrefour e Telemar. “Somos a maior do Brasil em volu- me de geração”, comemora Ronaldo Gaspar, presidente da SVE. “Como o nosso aterro tem uma boa vida útil, a expectativa é que a usina continue gerando uma boa quantidade de ener- gia. Esperamos chegar a 20 MW/h até 2013”, acrescenta. A termelétrica é composta por usina geradora de energia com 19 motogeradores de 1.038 KW cada, unidade de tratamento do biogás, subestação elevadora e linha de transmissão de 7,8 quilômetros que liga a usina à rede elétrica da Coelba (concessionária estatal), que faz a dis- tribuição às empresas consumidoras. “Temos capacidade para colocar mais quatro motores. Teríamos que fazer um estudo sobre a curva de geração de biogás para implantá-los. Existe a possibilidade de novos investimentos, mas eles não estão previstos em curto prazo”, adianta Gaspar. Sustentabilidade ambiental Coletar e controlar os gases causadores de efeito estufa (GEE) que compõem os resíduos sólidos, como dióxido de carbono (CO2 ) e metano, transformando-os em seguida em energia é o diferencial desse tipo de empreendimento. Quando utilizados como fonte energética alternativa, evita-se o lançamento dessas subs- tâncias na camada de ozônio e seu consequente impacto, contribuindo com a saúde do meio ambiente. “O lixo, na sua decomposição, gera um gás. Esse gás tem CO2 , metano e vários componentes. Além de gerar energia, eu substituo (no processo de conversão) o metano por CO2 , que é 21 vezes menos destrutivo do que esse primeiro gás – e aí está o ganho ambiental. Estamos queimando um gás renovável, que antes seria muito prejudicial na atmosfera, e gerando energia limpa”, destaca o presidente da SVE. Sobre a Política Nacional de Resí- duos Sólidos, lei nº 12.305/2010, que prevê, entre outras medidas, o fim dos lixões até 2014 e a substituição desses espaços por aterros sanitários controlados, Gaspar avalia que a nova legislação só tem a beneficiar o negó- cio. “Porque nosso aterro atende as exigentes normas ambientais e essa nova lei busca isso. Ela vai querer aterros cada vez mais preparados, onde justamente é possível captar o gás.” Outra vantagem desse tipo de negócio diz respeito aos custos, uma vez que se torna apto a participar do chamado mercado livre de energia elétrica. “Você tem produtores e compradores credenciados. Eu ponho energia no sistema e as empresas consumidoras retiram do outro lado. E nossa energia é incentivada, ou seja, não paga o custo da transmissão, porque é 100% derivada de resíduos. Porque as distribuidoras têm um custo para transmitir. Isso acaba tornando essa energia mais barata, o que atrai esses compradores”, explica Gaspar. Os investimentos para a implan- tação da Termoverde foram de cerca de R$ 50 milhões. A construção da usina contou com incentivos fiscais do Governo do Estado, por meio do programa Desenvolve. Biogás Engenharia Ambiental foi a pioneira no Brasil Antes da Termoverde, o grupo Biogás – São João Energia Ambiental S.A, em São Paulo, já operava duas usinas termelétricas que atuam em aterros sanitários. Entre os acionistas do grupo figuram a Arcadis Logos Engenharia, a Heleno & Fonseca Construtécnica S.A. e a holandesa Van der View. A Biogás Energia Ambiental foi construída em 2004, após a assinatu- ra de um contrato de concessão para exploração de gás do Aterro Sanitário O Protocolo de Kyoto introduziu três mecanismos para que os países em desenvolvimento contribuam com as metas de redução dos GEE das nações ricas: Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) Implementação Conjunta (IC) Comércio internacional de Emissões (CE) As termelétricas que geram energia limpa podem se inscrever na primeira modalidade, junto à ONU, e comercializar os créditos de carbono.
  • 24. 46 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 47www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+] Bandeirantes, situado na Grande São Paulo, com a prefeitura da capital paulista. As atividades nesse aterro, um dos maiores do mundo, começaram em 1976 e foram encerradas em março de 2007, o que possibilitou o armaze- namento de um total de 30 milhões de toneladas de resíduos. A Biogás pontua que se os gases nele produzidos simplesmente fossem queimados nos drenos, lançariam milhões de tonela- das de poluentes na atmosfera. Caracterizado como um projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), vinculado ao Protocolo de Kyoto, o empreendimento da Biogás já chegou a gerar oito milhões de créditos de carbono, dos quais 50% pertence- ram à Prefeitura de São Paulo, graças à quantidade de metano que deixou de ser emitida na atmosfera – 190 mil toneladas até 2009. Usina São João A outra termelétrica do grupo é a Usina São João, localizada no aterro São João, zona leste de São Paulo, que funciona desde 2007. O local de instalação do empreendimento operou durante 15 anos (encerrou as ativi- dades há quatro anos) e possui 82,4 hectares de área, dos quais 50 hectares (60,68%) serviam como depósito para o lixo produzido pela cidade. Ao fim de sua operação total, em outubro de 2007, o local recebia, em média, 5.812 toneladas de resíduos por dia e gerava 1.800m2 de líquido percolado (chorume). Durante sua vida útil, foram depositados no aterro 28 milhões de toneladas de resíduos, que formaram uma montanha de aproxi- madamente 150m de altura. Quando o funcionamento da usina teve início, ela chegava a gerar energia suficiente para abastecer 400 mil pessoas. À época, foram investidos R$ 85,5 milhões no projeto. [B+] “O grupo SVE estuda a implantação de outras usinas como a Termoverde nos próximos cinco anos. Uma em São Paulo, no nosso aterro de Caieiras, e mais duas no Rio Grande do Sul, em aterros também pertencentes à companhia” Ronaldo Gaspar, presidente da SVE A usina geradora de energia tem 19 motogeradores de 1.038 KW cada, unidade de tratamento do biogás, subestação elevadora e linha de transmissão A termelétrica converte cerca de 2 mil toneladas diárias de resíduos em 15 MW/h de energia renovável. A expectativa é chegar a 20 MW/h em 2013 FotoS: Carol Garcia / Secom BA
  • 25. 48 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com 49www.revistabmais.co m dez embro 2011 e janeiro 2012 Revista [B+] “N ão adianta mais apenas discutir sobre empresas socialmente responsáveis que atendam seus negócios de uma forma ética, social e ambientalmente responsável. Esse é apenas o primeiro passo. Precisamos ser mais fundamentais e reco- nhecer que os negócios, por si só, podem criar benefícios socioambientais e que eles não precisam ser um auxílio secundário.” A opinião é do norte-americano Lee Davis, que acredita nas iniciativas sociais como um novo jeito de fazer negócio e, ao mesmo tempo, ser financeiramente sustentáveis e potencialmente rentáveis, enquanto criam benefícios para a sociedade. “É preciso redefinir o conceito de como os mercados funcionam”, acrescenta. sustentabilidade | pro bem Gestão para o bem de todos por Clara Corrêa Redefinir o conceito de mercado, investimento e retorno está entre as metas de organizações que acreditam no potencial do terceiro setor como ferramenta para uma sociedade mais justa. NESsT e Ashoka estão na Bahia mostrando um nova forma de apoiar empresas sociais Fotos: Divulgação Instituto Incores ajuda jovens a se inserir no mercado de trabalho Davis é cofundador da NESsT, uma empresa focada em apoiar organizações não governamentais na gestão de recursos e usar os princí- pios e práticas de empreendedorismo e investimentos para solucionar pro- blemas sociais. Essa história começou em 1997, quando ele e Nicole Etchart perceberam que as organizações que trabalhavam para resolver os desafios sociais e ambientais tinham algo em comum, além do desejo de uma sociedade mais justa e sustentável: a eterna necessidade de dinheiro. Ambos sabiam que filantropia e caridade eram questões importantes para resolver os problemas, mas não suficientes. Era preciso capturar o poder e potencial do mercado para financiar e sustentar as mudanças so- ciais. “Isso que atualmente chamamos de ‘iniciativa social’ - um negócio criado para solucionar um problema social crítico”, explica Lee Davis. Hoje a equipe da NESsT atua em dez países em busca de soluções para problemas críticos das comunidades em nações em desenvolvimento, inclusive com projetos na Bahia. É o caso do insti- tuto Incores, em Salvador, que ajuda jovens a se inserir no mercado formal de trabalho. Em 2010, o então recém-criado instituto participou dos desafios nacionais da NESsT de pré-seleção de empresas sociais com potencial para receber o treinamento, capital financeiro, aconselhamento e acesso a mercados e redes. Após selecionado, passou pela etapa de planejamento, que dura de seis a nove meses, em um processo rigoroso de estudo para testar a viabilidade da ideia da em- presa, e também para ajudá-la a “É preciso redefinir o conceito de como os mercados funcionam” Lee Davis, cofundador da NESsT determinar se o empreendimento tem o potencial de alcançar as metas sociais e financeiras. Hoje o instituto Incores está na fase de incubação, a segunda do pro- grama. Ela dura de três a cinco anos. É nesse momento que as empresas sociais dão início às suas ativida- des ou implementam as melhorias necessárias. O papel da NESsT nesse momento é oferecer financiamento, tutoria e apoio de gestão. “Além de nossa equipe fulltime, nós incluímos uma rede de líderes de negócios locais através da nossa Rede de Acon- selhamento para providenciar suporte pro bono em áreas especificas, como marketing, estratégia e desenvolvi- mento de produtos”, explica Davis. A Ashoka, em parceria com a McKinsey, é outra organização inter- nacional que também atua na Bahia com objetivos similares aos da NESsT. Pioneira no campo da inovação social, trabalho e apoio aos empreendedores sociais, ela atua na consultoria de ges- tão e desenvolve um programa que busca facilitar o processo de planeja- mento do crescimento de empreende- dores sociais. “Estamos na terceira edição desse programa, que tem trazido um conhecimento novo em termos do que são os modelos de crescimento e quais são os desafios existentes. Há uma variedade enorme de formas de investimento, que vai desde a doação até compras de capital de organiza- ções de negócios sociais. Nosso papel é estudar um pouco desses formatos de capital para viabilizar os projetos de crescimento”, conta Carina Pimen- ta, da Ashoka. Ela cita como exemplo positivo a atuação do programa no Instituto Chapada de Educação de Pesquisa, com sede em Caeté-Açu, distrito de Palmeiras, uma Oscip que há dez anos trabalha para contribuir com a melhoria da qualidade da educação pública.
  • 26. 50 Revista [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012 www.revistabmais.com O apoio financeiro para empresas sociais e Ong, especialmente nos estágios iniciais das organizações, é defendido por Lee Davis como vital. “Estes primeiros anos são os mais arriscados, o que faz com que nem to- dos os investidores estejam a favor de apoiá-los”, diz. Mas, além de angariar fundos, ele lembra que é fundamental saber gerenciar esse capital de forma eficiente e ter os suportes necessários para prosperar. Como potencializar a gestão para empresas sociais Para a mestre em administração de empresas Tanya Andrade, diretora executiva do Incores, é essencial aplicar mecanismos de gestão con- siderados do “mundo dos negócios” para aumentar a eficiência e eficácia de uma organização social. “O terceiro setor não é diferente nem do setor público e nem do privado. Precisa adotar mecanismos de gestão que o tornem mais eficiente. Só porque o terceiro setor tem finalidade pública não quer dizer que não precise ser bem gerido”, declara. “Uma organização só existe quan- do consegue criar um projeto que tenha impacto duradouro. Ela tem valor para a sociedade quando con- segue trazer o impacto positivo que é demandado, porque há um problema social a ser resolvido. Assim ela preci- sa mobilizar recursos para fazer isso acontecer, ninguém faz isso sozinho”, reforça Carina Pimenta. Lee Davis resgata o conceito de “filantropia de risco” ou “filantropia engajada”, que se diferencia do mo- delo tradicional de caridade por não se limitar à doação de dinheiro e por utilizar os conhecimentos, habilidades e networks de empresários, investido- res e outros profissionais para ajudar ONGs e outras instituições. “Esses ‘filantropos engajados’ fundem suas doações com os princípios e ferramen- tas do investimento de capital de alto risco, fazendo parcerias com organiza- ções por um longo período”, conta. A opinião de Carina, no entanto, é a de que não existem “ferramentas do setor social” e “ferramentas do setor privado”. “Existem boas práticas de gestão, e você vai encontrar isso nos setores social, público e privado. Acho que uma organização inteligente é aquela que entende o que são as boas práticas dentro do seu setor e traz isso para si. Gestão não é uma questão de setor um, dois ou três. É uma questão que todo o mundo pre- cisa ter”, diz. Com tudo isso é possível esperar resultados positivos para todos os envolvidos, opina Tanya. Segundo a diretora, os investidores ganham a segurança de apoiar organizações sustentáveis e que podem oferecer contrapartidas que existirão de fato; a sociedade passa a ter organiza- ções com serviços consistentes; e as organizações ganham não apenas com a sustentabilidade financeira e a di- versidade de fontes de recursos, mas também com a credibilidade. [B+] “Uma organização inteligente é aquela que entende o que são as boas práticas dentro do seu setor e traz isso para si” Carina Pimenta, coordenadora da Ashoka Fotos: Divulgação