2. Resumo
Serão apresentadas algumas reflexões sobre transtorno bipolar, suas características,
seu tratamento e como funciona em crianças, adolescentes e adultos.
Transtorno bipolar é um disturbio do cérebro que faz com que o indivíduo mude
rapidamente de humor, não conseguindo muitas vezes controlar suas ações, seus
desejos, suas compulsividades e até mesmo sua consciencia e emoção. Quem tem
transtorno bipolar tem muito mais chances de suicidar-se que uma pessoa sem
transtornos. Todos nós temos momentos em que as coisas ficam difíceis de serem
resolvidas e as vezes não conseguimos nem mesmo controlar nossas atitudes,
porém essas situações ficam muito mais complicadas para quem tem o transtorno
bipolar.
A metodologia usada na elaboração deste trabalho foi realizada atraves de livros e
sites de pesquisas que contem o assunto sobre transtorno bipolar, ou simplesmente,
bipolaridade.
3. Introdução
Transtorno bipolar é uma enfermidade na qual ocorrem alterações do humor, caracterizando-
se por períodos de um quadro depressivo, que se alteram com períodos de quadros opostos,
isto é, a pessoa se sente eufórica (mania). Tanto o período de depressão quanto da mania
podem durar semanas, meses ou anos. O termo mania não significa “repetição de hábitos”,
mas sintomas de euforia.
O Transtorno do Humor pode ocorrer, ao longo da vida, dentro de um curso bipolar ou
unipolar. O curso unipolar refere-se a episódios somente de depressão e, no bipolar, depressão
e mania (euforia). O Transtorno Bipolar do Humor atinge de igual maneira homens e mulheres
em torno de 1% a 2% e, geralmente, em média de 20 a 30 anos de idade.
O transtorno bipolar também pode atingir as crianças, manifestando-se com sintomas
predominantes de humor ansioso e irritável. O humor da pessoa oscila de muito eufórico para
muito triste.
Como em outras doenças, o Transtorno Bipolar do Humor afeta não só quem o tem, mas
também o cônjuge, familiares, amigos e pessoas que convivem ao redor da pessoa que tem o
transtorno. Se depressão e a mania forem acompanhadas de alucinações (ouvir, ver, sentir o
que não existe) e delírios (pensamentos irreais à realidade), trata-se do subtipo psicótico.
As pessoas que sofrem de Transtorno Bipolar levam, em média, 8 anos antes de serem
diagnosticadas ou receberem tratamento adequado, o que pode causar grande sofrimento e
perdas.
4. Transtorno Bipolar
Transtorno bipolar até pouco tempo era conhecido como maníaco-depressivo,
porém esse termo foi abandonmado devido estudos que evidenciaram que este
transtorno não apresenta sintomas psicóticos ou seja a perda de contato com a
realidade. Algumas pessoas que possuem transtorno de humor sofrem tanto de
depressão quanto de "mania".
Mania é um termo usado para ser entendido como uma facilidade a fazer muitas
vezes a mesma coisa. Em psiquiatria significa um estado exaltado de humor, ou
euforia.
A depressão do transtorno bipolar pode ser reconhecida como a mesma depressão
conhecida na sociedade, porém com tratamentos diferentes.
O indivíduo que contém os períodos de mania tem um comportamento oposto de
quem tem a depressão.
5. Sintomas da Mania
Humor
- Período longo sentindo-se exageradamente feliz;
- Extremamente irritado;
- Sentindo muito Agitado.
Comportamento
- Fala rapidamente;
- Muda de assunto constantemente, tendo pensamentos rápidos;
- Inicia novos projetos, aumenta as atividades;
- Não se cansa facilmente;
- Distraído por motivos banais;
- É impulsivo se envolve em atividades prazerosas, perigosas de alto risco, como por
exemplo, gasta tudo que tem, sexo impulsivo, investimentos impulsivos nos negócios.
6. Características
Esse transtorno geralmente se inicia em média de 20 a 30 anos de idade, porém
quando se tem 70 anos também pode aparecer esse transtorno. O início pode ser
identificado tanto pela fase depressiva quanto pela fase de mania. Inicia - se ao
longo de semanas, meses, ou até mesmo dias.
Enquanto cerca de 17% das mulheres adultas e 9% dos homens adultos na Europa
sofrem de depressão em algum momento em suas vidas, menos de 2% da
população teve um transtorno bipolar.
7. Entrevista com o médico e
professor de Psiquiatria na
Universidade de São Paulo,
Valentim Gentil Filho
8. //Filhos de pessoas com transtorno bipolar apresentam possibilidade maior de
desenvolver essa patologia?
Sabe-se, desde a Antiguidade, que a existência de um caso de transtorno bipolar
numa família aumenta a possibilidade de que a enfermidade se manifeste em
outros membros da mesma família. O desenvolvimento da genética permitiu
analisar grande número de gêmeos nos quais a patologia torna-se mais evidente.
Gêmeos idênticos, ou monozigóticos, possuem genoma absolutamente igual, mas
apenas em 80% dos casos os dois irmãos apresentam quadros de euforia e
depressão. Embora a porcentagem seja elevada, 20% não manifestam o
problema. Cabe perguntar, então, se fatores extragenéticos interferem nesse
resultado. Sim e não. Uma vez que ninguém expressa seu genoma completamente,
pode-se deduzir que, apesar da carga genética idêntica, só num dos gêmeos ela
encontrou as condições necessárias para o desenvolvimento da patologia que
certamente depende da interação de tais fatores com o ambiente. Não se pode
deixar de considerar também que, além da predisposição e vulnerabilidade
geneticamente determinadas, certas situações contribuem para a eclosão ou
precipitação do problema.
9. //Existe relação clara entre o uso de cafeína e o transtorno bipolar?
O uso excessivo de cafeína pode produzir convulsão e algumas pessoas ingerem,
todos os dias, quantidades absurdas dessa substância. Cheguei a conhecer uma
que tomava 14 litros de coca-cola num único dia e era difícil distinguir seu
comportamento do de um indivíduo com transtorno bipolar.
//E para que as pessoas usam cafeína?
Para ficarem acordadas, com mais energia e ânimo, mais alerta. Trata-se, então,
de um agente externo, consumido como se fosse alimento, que estimula o humor.
No que se refere às drogas ilícitas (cocaína, crack, anfetaminas), seu uso aumenta
o risco de desenvolver a primeira crise, assim como aumenta a frequência das
recorrências, que tendem a tornar-se autônomas, fenômeno já apontado na
Antiguidade.
10. IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO
PRECOCE
//O diagnóstico de transtorno bipolar em crianças e adolescentes, pouco
frequente no passado, cresceu bastante nos últimos tempos. O que justifica essa
mudança?
Trabalho com transtorno do humor desde que me formei, há 32 anos, e só me dei
conta de que ele pode manifestar-se na infância há cerca de 10 anos. Por
circunstâncias diversas, os psiquiatras de adultos receberam menor treinamento em
psiquiatria infantil, uma área na qual ainda predominam conceitos talvez já
superados. Por isso, os casos de transtorno bipolar ficavam mais evidentes na
adolescência quando, em geral, era feito o diagnóstico. No entanto, se
enfocarmos a história desses adolescentes e ouvirmos seus pais, encontraremos
evidências muito precoces de alteração de humor, irritabilidade, distúrbio do sono
e hiperatividade.
11. POSSIBILIDADES DE TRATAMENTO
//Há tratamentos eficazes para o transtorno bipolar atualmente?
Há tratamentos tão eficazes quanto os existentes em qualquer outra área da
medicina. Sua aplicação possibilita, em poucas semanas, reverter um quadro
grave de euforia. A doença não tem cura, mas as pessoas melhoram, recebem
alta e reassumem suas atividades. Se não se expuseram demais e não ficaram
estigmatizadas pelo comportamento aberrante, serão acolhidas como alguém
que teve um desequilíbrio metabólico qualquer ou uma ausência provocada pela
ingestão de drogas. Isso se consegue com medicamentos (neurolépticos,
antipsicóticos, estabilizadores do humor) e a retirada de certas substâncias
(cafeína, cocaína, anfetaminas) que agravam o quadro. O risco de recaída ou de
evoluir para depressão existe e é preciso estar atento ao uso de medicamentos
antidepressivos que, embora eficazes, podem precipitar uma virada indesejável
para a euforia ou acelerar a frequência das crises.
12. //A pessoa precisa sempre estar medicada para levar vida normal?
Por quanto tempo a pessoa deve tomar lítio para levar vida normal é discussão
constante na literatura. Nos EUA, existe um centro de informações do qual
constam 35.000 artigos que tratam da utilização do lítio nos mais diferentes
campos, entre eles, a prevenção da recorrência dos transtornos bipolares. Além
disso, está provado que a associação do lítio com anticonvulsivantes e
antidepressivos previne recaídas. O lastimável, porém, é que apenas uma parcela
pequena da população tenha acesso a esse tratamento.
13. TRANSTORNO BIPOLAR NA INFÂNCIA
//Observando o comportamento dos filhos, como os pais podem identificar sinais
de transtorno bipolar?
Se, desde que nasceu, a criança apresenta um temperamento mais eufórico, é
cheia de energia e criatividade, mas não perturba ninguém nem a si mesma, isso
faz parte de sua personalidade, é normal e não deve ser coibido. Agora, se ela é
instável demais e repentinamente oscila entre a euforia e a depressão, a apatia e
a hiperatividade, se nada justifica seu estado de excitação e euforia, a falta de
sono, a empolgação e há casos de transtorno bipolar ou mesmo de depressões
decorrentes na família, os pais devem procurar ajuda. O problema, porém, é o
risco de encontrar apenas quem dê explicações lógicas para o comportamento
da criança. A lógica pode explicar muita coisa, mas nem tudo o que é lógico é
normal.
14. POSSIBILIDADES DE TRATAMENTO NA INFÂNCIA
Tratar crianças com transtorno bipolar não é fácil, mas, atualmente, pelo menos é
possível. O primeiro passo, em geral, é prescrever medicamentos. Depois vem a
psicoterapia individual, a terapia familiar e as mudanças no estilo de vida.
15. TRANSTORNO BIPOLAR NA ADOLESCÊNCIA
//Você disse que as crianças têm múltiplos episódios de depressão e excitação
num único dia e que, nos adultos, a doença manifesta-se em ciclos bem mais
longos. E na adolescência, o que acontece?
Na adolescência, o quadro clínico costuma surgir a partir dos 15 anos e tem
características muito diferentes das que se observam na infância. O pico de
incidência, porém, ocorre entre 18 e 25 anos. É nesse período que, em geral, os
jovens estão sob maior estresse, mais inseguros e indefinidos, violentamente
bombardeados pelos hormônios. É também nesse período da vida que se expõem
mais a comportamentos de risco, a sexualidade explode e as drogas o seduzem. É
nesse período, portanto, que fatores ambientais, constitucionais e genéticos
interagem favorecendo a eclosão do transtorno bipolar.
16. COMPORTAMENTO FAMILIAR
//O que deve fazer a família diante de um caso como esses?
Antes de tudo é preciso combater o medo, porque é ele que aparece primeiro.
Depois, é tentar não agir agressivamente contra a pessoa na fase de euforia. No
começo, ela é até engraçada, de pensamento ágil, criativa. Se os familiares não
estiverem inseguros e temerosos, poderão convencê-la a procurar atendimento
para um diagnóstico diferencial, a fim de eliminar possíveis causas imediatas da
doença. Se a intervenção ocorrer em 48 ou 72 horas, praticamente não haverá
prejuízo. O primeiro remédio que se receita hoje é uma visita a sites da internet
especializados em informar as pessoas sobre a regulação do humor, porque isso é
fundamental na manutenção do tratamento.
17. RECURSOS TERAPÊUTICOS
Lítio – O tradicional esteio, atenua os sintomas através da regulação dos
neurotransmissores, mas não funciona para todas as pessoas.
Medicamentos anticonvulsivantes – Inicialmente usados no tratamento da
epilepsia, esses medicamentos ajudam a controlar as crises de mania.
Antipsicóticos atípicos – Medicamentos utilizados para ajudar os esquizofrênicos a
vencerem os delírios podem fazer o mesmo pelos bipolares.
Antidepressivos – Apresentam o risco de aumentar os ciclos do transtorno bipolar,
mas seu uso pode ser necessário como parte da associação de medicamentos.
18. Estilo de vida – Rotinas como, por exemplo, a fixação dos horários de dormir e
acordar, são fundamentais; o uso de cafeína deve ser restringido e os
adolescentes devem evitar o uso de drogas e álcool.
Psicoterapia individual – Crianças precisam de aconselhamento para ajudá-las a
equilibrar o sono, a alimentação, o trabalho e a diversão; precisam também falar
sobre problemas em casa e resolver conflitos que possam desencadear as crises.
Terapia familiar – Os pais devem aprender quando ceder – isto é crucial no início
do tratamento – e quando devem ser firmes. Contendas ou disputas familiares
devem ser reduzidas ao mínimo. Os irmãos podem servir como olhos e ouvidos
confiáveis para uma criança cujas percepções estão confusas.