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TEXTOS
ILUSTRADOS



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PROJECTO _CURSO PROFISSIONAL TÉCNICO DE MULTIMÉDIA | TURMA 1TM09/12
Didáxis_Cooperativa de Ensino, Riba de Ave
No seguimento de uma proposta do Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de Famalicão, apoiada pela Direcção Pedagógica da Didáxis de
Riba de Ave, no âmbito da frequência modular do Curso Profissional Técnico de Multimédia da Didáxis – Cooperativa de Ensino o professor de
Técnicas de Multimédia implementou no espaço do respectivo currículo um exercício de Textos Ilustrados.




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Pretendeu-se, assim, que os estudantes do 1.º ano desenvolvessem nas aulas dessa disciplina da Área de Formação Técnica do curso a
capacidade de expressão e de comunicação visual, concretizando um exercício de ilustração desenvolvido com software de Edição Bitmap e de
Edição Vectorial. Interpretar os textos criados por alunos de diferentes níveis de diversas escolas de Vila Nova de Famalicão e ilustrando-os
compreendendo a relação forma/função durante o projecto, permitiu à Andreia, à Carla, ao Carlos Mendes, ao Carlos Martins, à Cristiana, à
Cristina, à Daniela, à Flávia, ao Frederico, ao Hélder, à Joana Mendes, à Joana Pereira, ao João, ao Luís, à Maria, ao Nuno, à Patrícia, ao Pedro, ao
Ruben, ao Rui Rosário, ao Rui Sousa, ao Rui Monteiro, ao Rui Paiva, à Sónia, ao Tiago e ao Yanis, os jovens da turma 1TM09/12 do Curso
Profissional Técnico de Multimédia da Didáxis de Riba de Ave utilizarem, intencionalmente, toda uma panóplia de elementos visuais relacionados
com as histórias e as suas interacções, o que contribuiu de forma criativa para o enriquecimento da expressão e da recepção de mensagens
contidas nos textos vs as palavras visuais.
Com efeito, com o desenvolvimento do processo foram abordados conceitos basilares da forma e do espaço e da cor e da tipografia que deram
suporte tanto às ilustrações impressas como, simultaneamente, à composição visual adoptada para a composição dos painéis a expor na Casa
das Artes. Pretendeu-se, assim, possibilitar a cada um dos formandos compreender os princípios de associação de cores e de imagens de um
modo que, de forma pessoal, lhes permitisse controlar o seu uso e, ainda, maximizar o impacto da ilustração vs texto; explorando as
potencialidades da tipografia, nomeadamente na articulação com outros elementos gráficos, na organização do campo visual e na eficácia
comunicacional e reconhecer o ritmo, a proporção e o equilíbrio como estratégias criativas da composição, o que consubstanciaram, também,
objectivos cumpridos.


Em jeito de conclusão, pode-se por assim dizer-se que esta exposição dos projectos na Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco,
desenvolvidos no seguimento da parceria com o Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de Famalicão, permite nesta fase inicial do Curso
Profissional Técnico de Multimédia dotar estes jovens formandos da turma 1TM09/12 de competências de comunicação capazes de interpretar e
ilustrar os textos dos pontos de vista quer organizacional quer conceptual.




                                                                                                             DIDÁXIS_COOPERATIVA DE ENSINO
                                                                                                                                  Riba de Ave
A magia do saber e o
poder de aprender
        Numa escola de meninos muito curiosos, que queriam crescer muito depressa, depressinha, um grupo deles
resolveu partir à descoberta da magia do saber.
        Por todos os caminhos por onde passaram, perguntaram, indagaram, quiseram saber, pesquisaram e no
final desta longa e proveitosa viagem pelo mundo, adquiriram mais alguns conhecimentos, que agora querem
partilhar com mais meninos curiosos e ávidos de respostas para as suas perguntas curiosas.
        Não é que os meninos descobriram mesmo coisas curiosas? Ora vejam lá.
        Descobriram: um grupo de alunos que falava com a chuva, para se molharem de energia; outros que
conversavam com a imaginação, para terem momentos mágicos de risos, de sonhos coloridos e de ideias criativas
de prazer; uns que voavam com as borboletas da lua para ficarem aluados e rodopiantes; ainda outros que
cavaqueavam com as horas e o tempo, para saberem sempre a quantas andam; aqueloutros, que procuravam nos
livros e dicionários, aquilo que mais ninguém ensina, nem quer saber, para os pôr em acção na conquista do
espaço.
        Alguém perguntou ao chocolate e aos diamantes e deu uma história apetitosa e brilhante, com um toque
de surpresa e gulodice; perguntaram à neve branca da montanha e ao gelo do batido e ficou uma historieta
friorenta e caiada de beleza polar.
        Perguntaram às nuvens negras e pesadas, para não descarregarem a sua chuva fria como prata; às
árvores, se queriam ser cortadas para a lenha; à verdejante relva dos campos, se queria ser florida como o arco-
íris.
        Perguntaram a um temível tubarão branco, e ele contou uma história esquisita de um funeral de uma mosca
pitosga; a um pinguim de fraque e este só contou histórias sobre o seu amor secreto pelas Caraíbas; ao espaço e
foi uma história sem fim; ao cavaleiro da Dinamarca e foi um conto cheio de donzelas deslumbrantes; à janela,
que contou tudo o que via e o que não via; a um mapa, que lhes indicou o local de um grande tesouro escondido;
ao Super-homem, que deu uma história cheia de força e de vontade para salvar o mundo dos milagres; à bola
que lhes contou uma história saltitona, aos pulos pelo universo; ao rato guloso, que lhes ensinou tudo sobre a
cidade do queijo suíço.
        Repararam na caneta, que lhes deu muita tinta pelas barbas; na tesoura, que lhes pôs o papel de lustro
em franja; a Deus, que era amigo das despedidas; ao diabo, que não tinha fé nenhuma na pastilha elástica; às
uvas que eram uma doce e embriagante droga popular; aos piolhos rabinos e era uma comichão pegada, da
cabeça aos pés; ao otorrinolaringologista e foi uma história que tinha só garganta.
Viram uma fada que lhes disse que só gostava de rir a bandeiras despregadas dos pregos e de oferecer
presentes a ela própria; às orelhas ouvidoras, que nesse dia, tinham ouvido um poeta mais cego que uma
toupeira; à grua de uma obra e deu uma história de cordas e de acrobacias de circo; aos números e deu uma
construção matemática; ao ponto final e deu uma história de pausas; à madeira e era uma história madeirense e
de bons craques; ao caranguejo e era uma história de marcha atrás; aos dentes e foi uma história toda
mastigada, mas deliciosa e assustadora; ao cristal colorido e foi uma bela história cristalina e dura como pedra;
ao rei da magia e deu uma história reinante de humor e distracção; aos planetas do sistema solar, para lhes ser
dado o poder de aquecer com o calor e a força do amor; ao livro envergonhado, que era interessante sem
ninguém o saber.
        Perguntaram ao tapete do quarto e ele contou uma história empoada de travesseiros e de cabelos a
fazerem «atchim»; a Portugal, que respondeu que deviam fabricar pratos portugueses à boa e velha maneira; ao
trigo, que aconselhou a fazer uma história de intrigas cozidas; à bóia da praia, que lhes revelou, que o segredo
para crescer é estudar muito e fazer exercício físico; ao presidente do país, que lhes disse que estava a apertar o
cinto; à morte e foi mortal; à escola e foi de chorar a rir.
        Quiseram saber a opinião do leão e ele contou uma história da selva densa e perigosa; à palavra e foi
uma frase de palavrês; ao deserto e foi secante; à sertã e foi escaldante; ao baú e foi de tesouros escondidos; a
uma caixa e era de encaixar o gelo na garrafa; ao caracol e foi uma história lenta, bem lenta; ao quadro e deu
uma história perguntadora e sabichona; ao chocolate docinho e foi uma história de doçura peganhenta; às meias
do avô e deu um conto bem cheiroso e de fugir; ao hospital, que foi de doer a alma; ao professor, que até meteu
golo no caixote do lixo; aos livros de um certo aluno, que segredaram que ele os picava com as pontas dos lápis
afiados; às pipocas, que disseram que iam ser uma espiga; ao armário, que foi uma história bem arrumadinha na
estante da biblioteca; ao espelho, que reflectiu a imagem divertida da cara dos meninos, com as suas bochechas
rosadas e os seus olhos fatigados de tanto perguntarem.
        E assim, cansados mas satisfeitos, resolveram escrever uma linda história, que agora vos apresentam com
todo o carinho, pois a união faz a força.


Alunos da turma 2 do 4º ano | Professora Manuela Silva
Agrupamento de Escolas de Gondifelos
Animação da Biblioteca Escolar da EBI de Gondifelos | Professora Amélia Silva
Agrupamento de Escolas de Gondifelos
A magia        do saber
e o poder        de aprender
Texto | Turma 2 do 4.º ano
Orientação | Professora Manuela Silva _ Animação da Biblioteca Escolar da EB1 de Gondifelos |
Amélia Silva


Ilustração | Rui Rosário
Formando do Curso Profissional Técnico de Multimédia da Didáxis_Cooperativa de
Ensino
Orientação | Professor João Mota


Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de Famalicão
TRESLER

Uma proposta
de leitura a
três…                                     AUTORIA:   PROF. DE LP – MARIA JOSÉ MORAIS, ALUNOS FÁBIO, DANIEL E SUSANA DE 7º C
Preparativos
    3 alunos
    1 biblioteca
    1 dicionário de LP + 1 computador com Internet + 13 livros
Modo de execução
1ª etapa
Pegar na palavra TRESLER e esmiúça-la:
     Tresler, in dicionário Houaiss de Língua Portuguesa (1 aluno)

        Ler de trás para diante; trocado ou às avessas;(…)perder o siso de tanto ler; ler em demasia, tornar a ler,
   reler (…)
    Ler, in dicionário da Porto editora de Língua Portuguesa (1 aluno)

       Enunciar ou percorrer com a vista entendendo um texto impresso interpretar o que esta escrito. Pronunciar de
   voz alta o que esta escrito. Compreender o sentido de preleccionar ou explicar com o professor descobrir,
   conhecer as letras do alfabeto juntando-as em palavras
    Três, in Wikipédia, a enciclopédia livre (1 aluno)

       união e equilíbrio
       número chave da democracia, pois é a quantidade mínima de pessoas necessárias para que se consiga tomar
       uma decisão em grupo
       usado como pedido de socorro.
2ª etapa
Os significados são chaves de acessos para uma espécie de leitura que quer propiciar a escrit(ur)a
     PALíDROMOS (1 aluno)

Palíndromo é a frase ou palavra que mantém o mesmo sentido de trás para a frente e de frente para trás, ou seja,
pode-se ler da esquerda para a direita e da direita para a esquerda.
                               Palavras:       ama… Ana… esse …
                               Anagramas: Ágil-liga…Alas-sala…Amor-romã
Frases:
    Anotaram a data da maratona
    A droga da gorda
    A mala nada na lama
    TÍTULOS DE 13 LIVROS
1 aluno procura 13 títulos de livros e lê-os em voz alta
     TRESLER OS TÍTULOS DE 13 LIVROS (1 aluno)

 Tresler títulos é pegar num título de um livro que não mantém o mesmo sentido de trás para a frente e de
 frente para trás, ou seja, lê-se, na sua versão original, da esquerda para a direita e da direita para a
 esquerda, na sua versão treslida.
1 aluno pega nesses 13 títulos de livros e treslê-os em voz alta
4ª etapa
     Os 3 alunos escolhem um dos títulos treslidos e criam o seu próprio texto



Fábio, Daniel e Susana | Turma 7C
Proposta da professora Maria José Morais | LP
Agrupamento de Escolas de Vale do Este | Biblioteca Escolar da EBI Arnoso




 Agrupamento de Escolas de Vale do
 Este Biblioteca Escolar da EB1
 Arnoso Santa Maria TRESLER
 Uma proposta de
        leitura a três...
 Texto | Fábio, Daniel e Susana
 Turma 7 C


 Ilustração | Frederico Pacheco
 Fo r m a n d o d o C u rs o P ro fi ssi o n a l T é c n i c o d e M u l t i mé d i a d a
                D i d á xi s_ C o o p e ra t i v a de          E n si n o
 Turma | 1TM0912
 Orientação | Professor João Mota
A Biblioteca dos

encantos
       Matilde era a típica jovem desinteressada que desprezava a leitura. O seu vocabulário era tão reduzido
como o de uma criança de seis anos, porém não fazia qualquer esforço para melhorar a sua capacidade de
expressão.


       Nos tempos livres, sentava-se em frente à televisão e assistia a todos os programas dispensáveis que
conseguisse encontrar nos intermináveis zapings que fazia. Sempre que tinha oportunidade saía com os amigos,
chegava a casa de manhã e descartava mais um dia de aulas. Faltava e quando não faltava era o pior pesadelo
dos professores.


       Certo dia foi a mais uma festa com os amigos, a um local, para ela, totalmente desconhecido, as paredes
encontravam-se repletas de prateleiras e as prateleiras estavam apinhadas de livros. Fazia-se sentir um cheiro
intenso e desagradável, na sua opinião, mas a música era fantástica e a diversão reinava. Fechou os olhos e, por
momentos, esqueceu aquela decoração bizarra. Afinal era apenas mais uma festa, mais uma noite de diversão e
irresponsabilidade.


       As horas passaram e Matilde foi-se divertindo. Até que de repente o silêncio tomou conta do espaço.
Tinha-se abstraído de tal forma que não se apercebeu de que todos tinham ido embora e que se encontrava
agora sozinha no meio de um corredor desconhecido que não oferecia qualquer tipo de conforto.


       Sentou-se num canto e esperou que o tempo passasse, que alguém viesse abrir a porta, que algo a
salvasse daquela situação indesejada.
Mas as horas passaram e nada. Via os raios de sol atravessarem os vidros, mas as janelas tinham grades.
Sentia-se presa num pesadelo.


       Então levantou-se e pegou num livro. Era pesado, as folhas amareladas e um odor bafiento. Abriu-o.
Folheou-o. Sentiu cócegas nos dedos. A curiosidade ia aumentando, os seus olhos abriam-se cada vez mais e não
resistiu, leu. As palavras eram demasiado elaboradas, não conseguia decifrá-las. Procurou um dicionário, não se
lembrava bem como encontrar as palavras, afinal nunca tinha prestado atenção, mas lá foi conseguindo.


       Era um livro de fantasia. Conseguia imaginar as personagens, as paisagens, tudo ganhava forma na sua
mente. Deu consigo a viajar por outras paragens e tudo graças a umas simples linhas. Tinha descoberto a peça
que lhe faltava, o prazer da leitura.


       Leu um, dois, três livros. Já não sentia o tempo a passar. E quando olhou pela janela, já a noite tinha
caído, era uma noite estrelada.


       Viu uma secretária desarrumada ao fundo do corredor, aproximou-se. Os papéis empilhavam-se,
pareciam registos de livros. Ao lado, amontoavam-se folhas em branco e uma caneta. Não resistiu ao impulso,
pegou nas folhas e escreveu. Tudo se tornou mágico, as palavras fluíam na sua mente e a frase seguinte tomava
forma rapidamente.


       Cansada, adormeceu.


       Na manhã seguinte, sentiu um toque no braço. Era um dos funcionários da biblioteca, a quem relatou a sua
fantástica experiência.


       Já em casa, sentia-se diferente. Tomou um banho e dirigiu-se à escola. Manteve-se concentrada durante
todo o dia e em todas as aulas foi elogiada pelos professores.


       Era outra pessoa, sentia-se sábia, descobrira o seu caminho…




Ana Campos, Edgar Peneda, Pedro Campos e Sara Antunes | Turma 9 D


Escola Secundária Padre Benjamim Salgado




s
    Escola Secundária Padre Benjamim
Salgado
A Biblioteca                                                  dos
  encantos
Texto | Ana Campos, Edgar Peneda, Pedro Campos e Sara Antunes
Turma 9 D


Ilustração | Pedro Almeida
Formando do Curso Profissional Técnico de Multimédia
Didáxis_Cooperativa de Ensino
Orientação | Professor João Mota


Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de Famalicão
Vir-Biblos
- «Foste uma vez um homem ao qual os livros não cativaram… agora tornaste--te «cativo» do teu próprio livro!».
Foram estas as últimas palavras que ouvi, não sei vindas de onde, antes de me tornar naquilo que hoje sou!
Defino-me umas vezes como um homem, outras como um livro, algo que nem a ciência consegue explicar.
Tudo aconteceu naquela noite em que a lua iluminava o céu em quarto crescente, eu ia levar mais uns daqueles
montes de livros velhos, velhos e inúteis, ou melhor… Isto era o que eu pensava antes de toda esta transformação.
Neste momento devem estar todos ansiosos por saber o que realmente aconteceu… mas na verdade nem eu sei
bem como vos dizer…
De uma única coisa me lembro: foi de acordar junto ao caixote do lixo com o meu corpo em forma de livro!
- Isto deve ser castigo! Não me podia ter transformado em algo mais útil? Um computador ou uma playstation?!
Tinha logo de ser um livro? Algo desprezível e sem interesse…
Para além das palavras referidas no início da minha narrativa, lembro-me de ouvir também aquela voz misteriosa
dizer-me: Si corpus tuum cupias recuperare, pulle quae non amet legere, devincienda es.
Como já devem ter percebido a frase estava em latim e, visto que pouco percebo de português, que posso
perceber de Latim?
Por isso, passei o dia seguinte àquela noite de biblioteca a tentar decifrar a tradução daquela frase, e depois de
todo aquele trabalho consegui chegar ao seu significado:
Bastante claro diria eu… Se o teu corpo queres recuperar, uma rapariga que não goste de ler tens de cativar. Para a
leitura, ou para mim? Certamente para os dois! Eu e a leitura estávamos irremediavelmente ligados!
- Conquistar uma rapariga? Tarefa fácil! A grande contra-partida é mesmo o facto de esta não gostar de ler…
Por amor de Deus! Gostar de ler? Nem eu gosto como é que vou conseguir fazer uma rapariga gostar de ler? Está
visto que isto não será tarefa fácil, nada fácil! É importante referir que conquistar raparigas era uma tarefa
simples, mas não neste corpo, nem desta forma. Elas caíam-me aos pés! Agora nem me atrevo a aparecer à
frente de nenhuma nesta figura…e ter que as cativar para mim e para a leitura…é muita coisa!
Passaram dias e dias e o tédio de encontrar a tal rapariga permanecia. Não sabia o que fazer, mas também não
desisti.
Aos poucos habituei-me à ideia do meu novo corpo, já me folheava, encontrava temas interessantes e ficava
curioso em relação a outros que ia descobrindo, porque um livro, afinal era um poço de descobertas!
Passava o tempo a observar-me, já que o meu aspecto não era dos melhores! Os dias passavam sempre iguais,
sempre sem solução…estava a ficar sem esperanças de encontrar a tal rapariga que não gostasse de ler.
Vagueava pelas ruas da cidade todos os dias, até que numa tarde de domingo a minha busca foi diferente.
Encontrei uma rapariga distinta, com atitudes diferentes, pareceu-me a rapariga ideal e uma esperança nasceu
em mim.
Encontrei-a junto de um caixote do lixo, também a deixar e a rasgar furiosamente livros com capas bastante
sugestivas.
Tentei iniciar uma conversa, mas quando cheguei junto dela, nem me reconhecia, envergonhei-me…
Olhou para mim e riu-se. Sentiu-se envergonhada, também. Não sabia se isso era bom ou mau. Mas, apercebi-me
que afinal eu não era tão sedutor como pensava…
- Estás vestido de quê, rapaz? Sentes-te bem? O Carnaval já passou…
- Eu…eu…- e então, contei-lhe, com as minhas melhores palavras, a minha triste história. Passámos o resto da
tarde encostados ao caixote, cheio de folhas rasgadas, até ao anoitecer.
Ela também me contou que estava zangada, porque o trabalho na escola não corria como o desejado e por isso
estava a rasgar livros e naquele momento detestava livros…
Na nossa conversa eu tentava sempre dissuadi-la de que um livro era uma coisa boa, excelente, inexplicável! Mas
nada consegui, porque não fui convincente, uma vez que gostava de livros, mais que nunca.
O que é certo é que voltei ao normal, recuperei o meu aspecto!
Ficámos amigos e decidimos encontrar-nos outra vez.
Meses após a minha mudança encontrei-me novamente com a Mariana, era esse o nome da rapariga, bonito e
simples como ela.
Tínhamos perdido o contacto durante duas semanas, por isso foi uma grande surpresa quando nos encontramos
novamente.
Tinha melhor aspecto, mudou de penteado, pintou os olhos e usava um vestido … parecia uma princesa.
Comunicou-me algo que adorei saber, disse-me que estava a e ler um romance e trazia-o na mão (uma bela
escolha), fez as pazes com os livros!
O mais estranho é que me encontrava onde estava há três meses atrás, no preciso momento em que estava a
deitar os livros fora.
Agarrei neles e trouxe-os novamente para casa. Nunca mais soube da Mariana, nem sei se ela existiu… mas
sonho encontra-la um dia se o destino o quiser.
A verdade é que me tornei um leitor compulsivo…

Turma 9 A
Agrupamento de Escolas Bernardino Machado
Agrupamento de Escolas Bernardino
Machado
Vir-Biblos
Texto | Turma 9 A


Ilustração | Luís Silva
Formando do Curso Profissional Técnico de Multimédia da Didáxis_Cooperativa
de Ensino
Orientação | Professor João Mota


Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de Famalicão
A históriA
de umA
históriA
       Olá! Sou uma história que os meninos e as meninas gostam muito de ler. Tenho uma capa toda bonita cheia
de cores e um título todo pomposo: “O país das aventuras.” Vivo nas livrarias e nas prateleiras dos quartos de
quem me lê, junto de outras histórias. Tenho desenhos entre o texto e as crianças gostam de ficar a olhar para
eles durante muito tempo, talvez adivinhando mais segredos do que aqueles contidos nas palavras. Ou então,
juntando palavras e desenhos, procurando um mundo parecido com os sonhos, naquelas noites muito azuis em que
adormecem ao som da voz encantadora da mãe e da voz reconfortante do pai. Gosto de ver os meninos
adormecerem e sonhar comigo, ou seja, as minhas personagens, ilhas, tapetes mágicos, renas no céu a desenhar
estrelas com a tinta branca da Lua.


       Lêem-me de maneira diferente: em voz alta, silenciosamente, contam-me para os outros meninos, os
professores gostam de fazer perguntas sobre mim. Falam do João que gosta de chocolates e de tocar piano, da
Luciana sempre com receio dos insectos mas corajosa quando algum dos seus amigos está em apuros, sorriem com
as piadas do pica-pau, entre duas bicadas numa árvore da floresta onde estou algumas vezes.


        Numa manhã de chuva, cinzenta com muitas nuvens no céu que obrigaram a professora bibliotecária a
acender as luzes todas da sala de leitura, acordei com alguém a olhar para mim como nunca nenhum menino o
fizera até aí. Seriam os olhos a ler-me ou os dedos que folheavam delicadamente as páginas, umas atrás das
outras, como se fosse alguém de quem gostasse muito? Muito atento percorria as palavras, as frases, os desenhos,
demorava-se num desenho para a seguir olhar o vento lá fora, através das janelas, como se estivesse a pensar no
que lera. Quando nessa manhã se foi embora senti a sua falta. Comecei a ter saudades do menino de olhos
grandes e foi com imensa alegria que senti a amizade das suas mãos a folhearem-me de novo, dias depois. No
entanto, reparei certas particularidades na forma como lia. Voltava atrás frequentemente para logo a seguir
avançar páginas até uma palavra que já lera minutos antes. Seguidamente, tornava a demorar-se numa ou
noutra gravura. Visitou-me mais vezes e não foi necessário muita perspicácia para descobrir o segredo do meu
amigo: não sabia ler! A partir daí fiquei atenta e soube que o Jaime – era assim o seu nome - era aluno do
ensino especial e um problema de nascença relacionado com o parto da mãe provocara-lhe alguns problemas de
aprendizagem. Cada vez parecia que aprendia algo mais e ao mesmo tempo um olhar de curiosidade se
acendia nos seus olhos negros e tristes. O que pensava sobre mim? Que sonhos lhe provocava?


        Um dia não me entregou à funcionária da Biblioteca mas antes me guardou na pasta e levou-me para sua
casa. Preocupou-me o frio da sua sala, o olhar desanimado da sua mãe e a desistência espelhada no rosto do
pai. Só o Jaime parecia acreditar e por isso insistia em me folhear.


        -Que fazes tu com esse livro? - perguntou o pai. E acrescentou logo de seguida - nem sequer sabes ler!
Parece que nem regulas bem da cabeça, agarrado dessa forma a um livro como tivesses medo que fuja!


        Jaime não respondeu mas segurou-me ainda com mais força e assustei-me, porque as palavras dentro de
mim se mexiam e agitavam como nunca acontecera. Pareciam querer sair de mim e voar para outro lado,
pertencer a outro dono. As personagens falavam umas com as outras, conversas e diálogos desconhecidos,
segredavam planos e sentia-me cada vez mais vazia. Ao mesmo tempo que se apagavam os desenhos e as
palavras e as minhas páginas ficavam num tom esbranquiçado e triste, Jaime abria um sorriso e falou aos pais
sobre a possibilidade de tudo mudar para melhor. “Porque a vida pode surpreender, tal e qual as histórias dos
livros.” Afirmava isto convicto e pleno de certeza. Mas sobretudo, notei em Jaime e nas suas palavras a
delicadeza dos seus dedos nas minhas folhas, o vento das noites tempestuosas no farol onde decorriam também
das minhas aventuras, a força do mar era a força de Jaime incutindo confiança nos pais desgastados com as
desventuras da vida. Passei a fazer parte de Jaime, era parte dos seus pensamentos e da sua vontade. As
palavras, bom, essas são eternas, vivem sempre, mesmo num pobre livro desbotado como eu. Jaime ensinou-me a
maior lição da minha vida: ler não é só juntar letras, sílabas e palavras, frases, parágrafos e histórias. Ler é como
gostar muito, amar cada pensamento, cada emoção, cada minuto que partilhamos com algo que queremos muito.
Ler é, antes de tudo, Ser. Só depois é que vale a pena aprender a juntar sílabas e palavras, até conseguirmos
compreender o seu significado.


Alunos da turma 6E e 6F | Orientação do professor Paulo Frederico Gonçalves
Agrupamento de Escolas de Calendário | EB23 Dr. Nuno Simões
Agrupamento de Escolas de Calendário
EB23 Dr. Nuno Simões
A História de uma
  história
Texto | Turma 6E e 6F
Orientação | Professor Paulo Frederico Gonçalves



Ilustração | Rui Monteiro
Formando do Curso Profissional Técnico de Multimédia da Didáxis_Cooperativa de Ensino
Orientação | Professor João Mota


Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de Famalicão
EB Secundária Camilo Castelo
   Branco
A leitura
Texto | Fátima Martins
Turma 8B


Ilustração | Joana Pereira
Formanda do Curso Profissional Técnico de Multimédia da Didáxis_Cooperativa de Ensino
Turma| 1TM0912
Orientação | Professor João Mota


Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de Famalicão
A escrita é a
pintura da voz
    Encontrei aquele excerto do meu diário de 1905 numa folha solta que se preservara dentro de uma caixa
debaixo da minha cama, durante o Holocausto Nazi. Peguei nela com muito cuidado e com um carinho ainda
maior por saber que parte da minha infância se preservara e mantivera viva, apesar da petrificante realidade
que vivi e que, infelizmente, ainda vivo. Li o excerto e não consegui conter um breve sorriso e uma reconfortante
lágrima.
    Naquela altura, tudo o que queria era estar ao ar livre, brincar com os meus amigos, visitar o Sr. Alfredo do
café para que, de vez em quando, me desse um daqueles chocolates importados, passear com a minha avó,
correr no prado com o Ringo, o cão da vizinha, etc. Não fazia ideia do que era escrever. Nem ler, decerto!
    Os anos passaram e, agora, orgulho-me de dizer sei. Sei que a leitura salvou 18 homens de serem mortos a
tiro pelos alemães, durante a II Guerra Mundial.
    Tudo aconteceu numa fria manhã de Janeiro. Dois soldados alemães entraram na nossa barraca. Erguemo-nos
e alinhámo-nos uns pelos outros.
    - Abner, Hersch, Shamir, Zevulum, Elazar – proferiu o soldado.
Sem mais um sinal, seguimos atrás dele até um grande descampado cheio de antigos pertences dos actuais
prisioneiros, onde já se encontravam mais 13 judeus.
     Ao lado do empilhamento de objectos estava afixada uma placa com algumas instruções. Um dos soldados
apontou para a placa e para nós. Pelas expressões faciais dos restantes judeus, percebi que sabiam que a placa
lhes indicava o que fazer, mas nenhum deles tinha estudado e, por isso, não sabiam ler o que lá estava indicado.
Os soldados alemães começaram a ficar inquietos pelo que, apesar de não ter autorização para falar, li a placa
em voz alta:
     - “Objekte zu brennen - all diese Gegenstände sollten in Öfen verbrannt und die Asche begraben. Lassen Sie
keine Spuren.” (“Objectos para queimar – todos estes objectos devem ser queimados nos fornos e as cinzas
enterradas. Não devem ser deixados quaisquer vestígios.”).
     Os 17 homens olharam para mim surpreendidos, regressando, após um breve instante à realidade que
viviam, começando a colocar os objectos em sacos para serem levados para queimar.
     Depois deste episódio, dou graças por estar vivo ao meu maior ódio: a leitura. E agora afirmo com toda a
confiança e orgulho que “A escrita é a pintura da voz”, voz essa que me protegeu e que através da leitura salvou
a vida a 18 homens…


Filipa Manuela Fonseca Dias | Turma 1102
Escola Secundária D. Sancho I
Escola Secundária D. Sancho I
    A escrita é a
E
      pintura da                  voz
    Texto | Filipa Manuela Fonseca Dias



    Ilustração | Cristina Dias
    Formanda do Curso Profissional Técnico de Multimédia da Didáxis_Cooperativa de Ensino
    Orientação | Professor João Mota

    Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de Famalicão
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  • 1. TEXTOS ILUSTRADOS dca PROJECTO _CURSO PROFISSIONAL TÉCNICO DE MULTIMÉDIA | TURMA 1TM09/12 Didáxis_Cooperativa de Ensino, Riba de Ave
  • 2. No seguimento de uma proposta do Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de Famalicão, apoiada pela Direcção Pedagógica da Didáxis de Riba de Ave, no âmbito da frequência modular do Curso Profissional Técnico de Multimédia da Didáxis – Cooperativa de Ensino o professor de Técnicas de Multimédia implementou no espaço do respectivo currículo um exercício de Textos Ilustrados. dca Pretendeu-se, assim, que os estudantes do 1.º ano desenvolvessem nas aulas dessa disciplina da Área de Formação Técnica do curso a capacidade de expressão e de comunicação visual, concretizando um exercício de ilustração desenvolvido com software de Edição Bitmap e de Edição Vectorial. Interpretar os textos criados por alunos de diferentes níveis de diversas escolas de Vila Nova de Famalicão e ilustrando-os compreendendo a relação forma/função durante o projecto, permitiu à Andreia, à Carla, ao Carlos Mendes, ao Carlos Martins, à Cristiana, à Cristina, à Daniela, à Flávia, ao Frederico, ao Hélder, à Joana Mendes, à Joana Pereira, ao João, ao Luís, à Maria, ao Nuno, à Patrícia, ao Pedro, ao Ruben, ao Rui Rosário, ao Rui Sousa, ao Rui Monteiro, ao Rui Paiva, à Sónia, ao Tiago e ao Yanis, os jovens da turma 1TM09/12 do Curso Profissional Técnico de Multimédia da Didáxis de Riba de Ave utilizarem, intencionalmente, toda uma panóplia de elementos visuais relacionados com as histórias e as suas interacções, o que contribuiu de forma criativa para o enriquecimento da expressão e da recepção de mensagens contidas nos textos vs as palavras visuais.
  • 3. Com efeito, com o desenvolvimento do processo foram abordados conceitos basilares da forma e do espaço e da cor e da tipografia que deram suporte tanto às ilustrações impressas como, simultaneamente, à composição visual adoptada para a composição dos painéis a expor na Casa das Artes. Pretendeu-se, assim, possibilitar a cada um dos formandos compreender os princípios de associação de cores e de imagens de um modo que, de forma pessoal, lhes permitisse controlar o seu uso e, ainda, maximizar o impacto da ilustração vs texto; explorando as potencialidades da tipografia, nomeadamente na articulação com outros elementos gráficos, na organização do campo visual e na eficácia comunicacional e reconhecer o ritmo, a proporção e o equilíbrio como estratégias criativas da composição, o que consubstanciaram, também, objectivos cumpridos. Em jeito de conclusão, pode-se por assim dizer-se que esta exposição dos projectos na Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, desenvolvidos no seguimento da parceria com o Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de Famalicão, permite nesta fase inicial do Curso Profissional Técnico de Multimédia dotar estes jovens formandos da turma 1TM09/12 de competências de comunicação capazes de interpretar e ilustrar os textos dos pontos de vista quer organizacional quer conceptual. DIDÁXIS_COOPERATIVA DE ENSINO Riba de Ave
  • 4. A magia do saber e o poder de aprender Numa escola de meninos muito curiosos, que queriam crescer muito depressa, depressinha, um grupo deles resolveu partir à descoberta da magia do saber. Por todos os caminhos por onde passaram, perguntaram, indagaram, quiseram saber, pesquisaram e no final desta longa e proveitosa viagem pelo mundo, adquiriram mais alguns conhecimentos, que agora querem partilhar com mais meninos curiosos e ávidos de respostas para as suas perguntas curiosas. Não é que os meninos descobriram mesmo coisas curiosas? Ora vejam lá. Descobriram: um grupo de alunos que falava com a chuva, para se molharem de energia; outros que conversavam com a imaginação, para terem momentos mágicos de risos, de sonhos coloridos e de ideias criativas de prazer; uns que voavam com as borboletas da lua para ficarem aluados e rodopiantes; ainda outros que cavaqueavam com as horas e o tempo, para saberem sempre a quantas andam; aqueloutros, que procuravam nos livros e dicionários, aquilo que mais ninguém ensina, nem quer saber, para os pôr em acção na conquista do espaço. Alguém perguntou ao chocolate e aos diamantes e deu uma história apetitosa e brilhante, com um toque de surpresa e gulodice; perguntaram à neve branca da montanha e ao gelo do batido e ficou uma historieta friorenta e caiada de beleza polar. Perguntaram às nuvens negras e pesadas, para não descarregarem a sua chuva fria como prata; às árvores, se queriam ser cortadas para a lenha; à verdejante relva dos campos, se queria ser florida como o arco- íris. Perguntaram a um temível tubarão branco, e ele contou uma história esquisita de um funeral de uma mosca pitosga; a um pinguim de fraque e este só contou histórias sobre o seu amor secreto pelas Caraíbas; ao espaço e foi uma história sem fim; ao cavaleiro da Dinamarca e foi um conto cheio de donzelas deslumbrantes; à janela, que contou tudo o que via e o que não via; a um mapa, que lhes indicou o local de um grande tesouro escondido; ao Super-homem, que deu uma história cheia de força e de vontade para salvar o mundo dos milagres; à bola que lhes contou uma história saltitona, aos pulos pelo universo; ao rato guloso, que lhes ensinou tudo sobre a cidade do queijo suíço. Repararam na caneta, que lhes deu muita tinta pelas barbas; na tesoura, que lhes pôs o papel de lustro em franja; a Deus, que era amigo das despedidas; ao diabo, que não tinha fé nenhuma na pastilha elástica; às uvas que eram uma doce e embriagante droga popular; aos piolhos rabinos e era uma comichão pegada, da cabeça aos pés; ao otorrinolaringologista e foi uma história que tinha só garganta.
  • 5. Viram uma fada que lhes disse que só gostava de rir a bandeiras despregadas dos pregos e de oferecer presentes a ela própria; às orelhas ouvidoras, que nesse dia, tinham ouvido um poeta mais cego que uma toupeira; à grua de uma obra e deu uma história de cordas e de acrobacias de circo; aos números e deu uma construção matemática; ao ponto final e deu uma história de pausas; à madeira e era uma história madeirense e de bons craques; ao caranguejo e era uma história de marcha atrás; aos dentes e foi uma história toda mastigada, mas deliciosa e assustadora; ao cristal colorido e foi uma bela história cristalina e dura como pedra; ao rei da magia e deu uma história reinante de humor e distracção; aos planetas do sistema solar, para lhes ser dado o poder de aquecer com o calor e a força do amor; ao livro envergonhado, que era interessante sem ninguém o saber. Perguntaram ao tapete do quarto e ele contou uma história empoada de travesseiros e de cabelos a fazerem «atchim»; a Portugal, que respondeu que deviam fabricar pratos portugueses à boa e velha maneira; ao trigo, que aconselhou a fazer uma história de intrigas cozidas; à bóia da praia, que lhes revelou, que o segredo para crescer é estudar muito e fazer exercício físico; ao presidente do país, que lhes disse que estava a apertar o cinto; à morte e foi mortal; à escola e foi de chorar a rir. Quiseram saber a opinião do leão e ele contou uma história da selva densa e perigosa; à palavra e foi uma frase de palavrês; ao deserto e foi secante; à sertã e foi escaldante; ao baú e foi de tesouros escondidos; a uma caixa e era de encaixar o gelo na garrafa; ao caracol e foi uma história lenta, bem lenta; ao quadro e deu uma história perguntadora e sabichona; ao chocolate docinho e foi uma história de doçura peganhenta; às meias do avô e deu um conto bem cheiroso e de fugir; ao hospital, que foi de doer a alma; ao professor, que até meteu golo no caixote do lixo; aos livros de um certo aluno, que segredaram que ele os picava com as pontas dos lápis afiados; às pipocas, que disseram que iam ser uma espiga; ao armário, que foi uma história bem arrumadinha na estante da biblioteca; ao espelho, que reflectiu a imagem divertida da cara dos meninos, com as suas bochechas rosadas e os seus olhos fatigados de tanto perguntarem. E assim, cansados mas satisfeitos, resolveram escrever uma linda história, que agora vos apresentam com todo o carinho, pois a união faz a força. Alunos da turma 2 do 4º ano | Professora Manuela Silva Agrupamento de Escolas de Gondifelos Animação da Biblioteca Escolar da EBI de Gondifelos | Professora Amélia Silva
  • 6. Agrupamento de Escolas de Gondifelos A magia do saber e o poder de aprender Texto | Turma 2 do 4.º ano Orientação | Professora Manuela Silva _ Animação da Biblioteca Escolar da EB1 de Gondifelos | Amélia Silva Ilustração | Rui Rosário Formando do Curso Profissional Técnico de Multimédia da Didáxis_Cooperativa de Ensino Orientação | Professor João Mota Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de Famalicão
  • 7. TRESLER Uma proposta de leitura a três… AUTORIA: PROF. DE LP – MARIA JOSÉ MORAIS, ALUNOS FÁBIO, DANIEL E SUSANA DE 7º C Preparativos  3 alunos  1 biblioteca  1 dicionário de LP + 1 computador com Internet + 13 livros Modo de execução 1ª etapa Pegar na palavra TRESLER e esmiúça-la:  Tresler, in dicionário Houaiss de Língua Portuguesa (1 aluno) Ler de trás para diante; trocado ou às avessas;(…)perder o siso de tanto ler; ler em demasia, tornar a ler, reler (…)  Ler, in dicionário da Porto editora de Língua Portuguesa (1 aluno) Enunciar ou percorrer com a vista entendendo um texto impresso interpretar o que esta escrito. Pronunciar de voz alta o que esta escrito. Compreender o sentido de preleccionar ou explicar com o professor descobrir, conhecer as letras do alfabeto juntando-as em palavras  Três, in Wikipédia, a enciclopédia livre (1 aluno) união e equilíbrio número chave da democracia, pois é a quantidade mínima de pessoas necessárias para que se consiga tomar uma decisão em grupo usado como pedido de socorro. 2ª etapa Os significados são chaves de acessos para uma espécie de leitura que quer propiciar a escrit(ur)a  PALíDROMOS (1 aluno) Palíndromo é a frase ou palavra que mantém o mesmo sentido de trás para a frente e de frente para trás, ou seja, pode-se ler da esquerda para a direita e da direita para a esquerda. Palavras: ama… Ana… esse … Anagramas: Ágil-liga…Alas-sala…Amor-romã
  • 8. Frases: Anotaram a data da maratona A droga da gorda A mala nada na lama TÍTULOS DE 13 LIVROS 1 aluno procura 13 títulos de livros e lê-os em voz alta  TRESLER OS TÍTULOS DE 13 LIVROS (1 aluno) Tresler títulos é pegar num título de um livro que não mantém o mesmo sentido de trás para a frente e de frente para trás, ou seja, lê-se, na sua versão original, da esquerda para a direita e da direita para a esquerda, na sua versão treslida. 1 aluno pega nesses 13 títulos de livros e treslê-os em voz alta 4ª etapa  Os 3 alunos escolhem um dos títulos treslidos e criam o seu próprio texto Fábio, Daniel e Susana | Turma 7C Proposta da professora Maria José Morais | LP Agrupamento de Escolas de Vale do Este | Biblioteca Escolar da EBI Arnoso Agrupamento de Escolas de Vale do Este Biblioteca Escolar da EB1 Arnoso Santa Maria TRESLER Uma proposta de leitura a três... Texto | Fábio, Daniel e Susana Turma 7 C Ilustração | Frederico Pacheco Fo r m a n d o d o C u rs o P ro fi ssi o n a l T é c n i c o d e M u l t i mé d i a d a D i d á xi s_ C o o p e ra t i v a de E n si n o Turma | 1TM0912 Orientação | Professor João Mota
  • 9.
  • 10. A Biblioteca dos encantos Matilde era a típica jovem desinteressada que desprezava a leitura. O seu vocabulário era tão reduzido como o de uma criança de seis anos, porém não fazia qualquer esforço para melhorar a sua capacidade de expressão. Nos tempos livres, sentava-se em frente à televisão e assistia a todos os programas dispensáveis que conseguisse encontrar nos intermináveis zapings que fazia. Sempre que tinha oportunidade saía com os amigos, chegava a casa de manhã e descartava mais um dia de aulas. Faltava e quando não faltava era o pior pesadelo dos professores. Certo dia foi a mais uma festa com os amigos, a um local, para ela, totalmente desconhecido, as paredes encontravam-se repletas de prateleiras e as prateleiras estavam apinhadas de livros. Fazia-se sentir um cheiro intenso e desagradável, na sua opinião, mas a música era fantástica e a diversão reinava. Fechou os olhos e, por momentos, esqueceu aquela decoração bizarra. Afinal era apenas mais uma festa, mais uma noite de diversão e irresponsabilidade. As horas passaram e Matilde foi-se divertindo. Até que de repente o silêncio tomou conta do espaço. Tinha-se abstraído de tal forma que não se apercebeu de que todos tinham ido embora e que se encontrava agora sozinha no meio de um corredor desconhecido que não oferecia qualquer tipo de conforto. Sentou-se num canto e esperou que o tempo passasse, que alguém viesse abrir a porta, que algo a salvasse daquela situação indesejada.
  • 11. Mas as horas passaram e nada. Via os raios de sol atravessarem os vidros, mas as janelas tinham grades. Sentia-se presa num pesadelo. Então levantou-se e pegou num livro. Era pesado, as folhas amareladas e um odor bafiento. Abriu-o. Folheou-o. Sentiu cócegas nos dedos. A curiosidade ia aumentando, os seus olhos abriam-se cada vez mais e não resistiu, leu. As palavras eram demasiado elaboradas, não conseguia decifrá-las. Procurou um dicionário, não se lembrava bem como encontrar as palavras, afinal nunca tinha prestado atenção, mas lá foi conseguindo. Era um livro de fantasia. Conseguia imaginar as personagens, as paisagens, tudo ganhava forma na sua mente. Deu consigo a viajar por outras paragens e tudo graças a umas simples linhas. Tinha descoberto a peça que lhe faltava, o prazer da leitura. Leu um, dois, três livros. Já não sentia o tempo a passar. E quando olhou pela janela, já a noite tinha caído, era uma noite estrelada. Viu uma secretária desarrumada ao fundo do corredor, aproximou-se. Os papéis empilhavam-se, pareciam registos de livros. Ao lado, amontoavam-se folhas em branco e uma caneta. Não resistiu ao impulso, pegou nas folhas e escreveu. Tudo se tornou mágico, as palavras fluíam na sua mente e a frase seguinte tomava forma rapidamente. Cansada, adormeceu. Na manhã seguinte, sentiu um toque no braço. Era um dos funcionários da biblioteca, a quem relatou a sua fantástica experiência. Já em casa, sentia-se diferente. Tomou um banho e dirigiu-se à escola. Manteve-se concentrada durante todo o dia e em todas as aulas foi elogiada pelos professores. Era outra pessoa, sentia-se sábia, descobrira o seu caminho… Ana Campos, Edgar Peneda, Pedro Campos e Sara Antunes | Turma 9 D Escola Secundária Padre Benjamim Salgado s Escola Secundária Padre Benjamim
  • 12. Salgado A Biblioteca dos encantos Texto | Ana Campos, Edgar Peneda, Pedro Campos e Sara Antunes Turma 9 D Ilustração | Pedro Almeida Formando do Curso Profissional Técnico de Multimédia Didáxis_Cooperativa de Ensino Orientação | Professor João Mota Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de Famalicão
  • 13. Vir-Biblos - «Foste uma vez um homem ao qual os livros não cativaram… agora tornaste--te «cativo» do teu próprio livro!». Foram estas as últimas palavras que ouvi, não sei vindas de onde, antes de me tornar naquilo que hoje sou! Defino-me umas vezes como um homem, outras como um livro, algo que nem a ciência consegue explicar. Tudo aconteceu naquela noite em que a lua iluminava o céu em quarto crescente, eu ia levar mais uns daqueles montes de livros velhos, velhos e inúteis, ou melhor… Isto era o que eu pensava antes de toda esta transformação. Neste momento devem estar todos ansiosos por saber o que realmente aconteceu… mas na verdade nem eu sei bem como vos dizer… De uma única coisa me lembro: foi de acordar junto ao caixote do lixo com o meu corpo em forma de livro! - Isto deve ser castigo! Não me podia ter transformado em algo mais útil? Um computador ou uma playstation?! Tinha logo de ser um livro? Algo desprezível e sem interesse… Para além das palavras referidas no início da minha narrativa, lembro-me de ouvir também aquela voz misteriosa dizer-me: Si corpus tuum cupias recuperare, pulle quae non amet legere, devincienda es. Como já devem ter percebido a frase estava em latim e, visto que pouco percebo de português, que posso perceber de Latim? Por isso, passei o dia seguinte àquela noite de biblioteca a tentar decifrar a tradução daquela frase, e depois de todo aquele trabalho consegui chegar ao seu significado: Bastante claro diria eu… Se o teu corpo queres recuperar, uma rapariga que não goste de ler tens de cativar. Para a leitura, ou para mim? Certamente para os dois! Eu e a leitura estávamos irremediavelmente ligados! - Conquistar uma rapariga? Tarefa fácil! A grande contra-partida é mesmo o facto de esta não gostar de ler… Por amor de Deus! Gostar de ler? Nem eu gosto como é que vou conseguir fazer uma rapariga gostar de ler? Está visto que isto não será tarefa fácil, nada fácil! É importante referir que conquistar raparigas era uma tarefa simples, mas não neste corpo, nem desta forma. Elas caíam-me aos pés! Agora nem me atrevo a aparecer à frente de nenhuma nesta figura…e ter que as cativar para mim e para a leitura…é muita coisa! Passaram dias e dias e o tédio de encontrar a tal rapariga permanecia. Não sabia o que fazer, mas também não desisti.
  • 14. Aos poucos habituei-me à ideia do meu novo corpo, já me folheava, encontrava temas interessantes e ficava curioso em relação a outros que ia descobrindo, porque um livro, afinal era um poço de descobertas! Passava o tempo a observar-me, já que o meu aspecto não era dos melhores! Os dias passavam sempre iguais, sempre sem solução…estava a ficar sem esperanças de encontrar a tal rapariga que não gostasse de ler. Vagueava pelas ruas da cidade todos os dias, até que numa tarde de domingo a minha busca foi diferente. Encontrei uma rapariga distinta, com atitudes diferentes, pareceu-me a rapariga ideal e uma esperança nasceu em mim. Encontrei-a junto de um caixote do lixo, também a deixar e a rasgar furiosamente livros com capas bastante sugestivas. Tentei iniciar uma conversa, mas quando cheguei junto dela, nem me reconhecia, envergonhei-me… Olhou para mim e riu-se. Sentiu-se envergonhada, também. Não sabia se isso era bom ou mau. Mas, apercebi-me que afinal eu não era tão sedutor como pensava… - Estás vestido de quê, rapaz? Sentes-te bem? O Carnaval já passou… - Eu…eu…- e então, contei-lhe, com as minhas melhores palavras, a minha triste história. Passámos o resto da tarde encostados ao caixote, cheio de folhas rasgadas, até ao anoitecer. Ela também me contou que estava zangada, porque o trabalho na escola não corria como o desejado e por isso estava a rasgar livros e naquele momento detestava livros… Na nossa conversa eu tentava sempre dissuadi-la de que um livro era uma coisa boa, excelente, inexplicável! Mas nada consegui, porque não fui convincente, uma vez que gostava de livros, mais que nunca. O que é certo é que voltei ao normal, recuperei o meu aspecto! Ficámos amigos e decidimos encontrar-nos outra vez. Meses após a minha mudança encontrei-me novamente com a Mariana, era esse o nome da rapariga, bonito e simples como ela. Tínhamos perdido o contacto durante duas semanas, por isso foi uma grande surpresa quando nos encontramos novamente. Tinha melhor aspecto, mudou de penteado, pintou os olhos e usava um vestido … parecia uma princesa. Comunicou-me algo que adorei saber, disse-me que estava a e ler um romance e trazia-o na mão (uma bela escolha), fez as pazes com os livros! O mais estranho é que me encontrava onde estava há três meses atrás, no preciso momento em que estava a deitar os livros fora. Agarrei neles e trouxe-os novamente para casa. Nunca mais soube da Mariana, nem sei se ela existiu… mas sonho encontra-la um dia se o destino o quiser. A verdade é que me tornei um leitor compulsivo… Turma 9 A Agrupamento de Escolas Bernardino Machado
  • 15. Agrupamento de Escolas Bernardino Machado Vir-Biblos Texto | Turma 9 A Ilustração | Luís Silva Formando do Curso Profissional Técnico de Multimédia da Didáxis_Cooperativa de Ensino Orientação | Professor João Mota Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de Famalicão
  • 16. A históriA de umA históriA Olá! Sou uma história que os meninos e as meninas gostam muito de ler. Tenho uma capa toda bonita cheia de cores e um título todo pomposo: “O país das aventuras.” Vivo nas livrarias e nas prateleiras dos quartos de quem me lê, junto de outras histórias. Tenho desenhos entre o texto e as crianças gostam de ficar a olhar para eles durante muito tempo, talvez adivinhando mais segredos do que aqueles contidos nas palavras. Ou então, juntando palavras e desenhos, procurando um mundo parecido com os sonhos, naquelas noites muito azuis em que adormecem ao som da voz encantadora da mãe e da voz reconfortante do pai. Gosto de ver os meninos adormecerem e sonhar comigo, ou seja, as minhas personagens, ilhas, tapetes mágicos, renas no céu a desenhar estrelas com a tinta branca da Lua. Lêem-me de maneira diferente: em voz alta, silenciosamente, contam-me para os outros meninos, os professores gostam de fazer perguntas sobre mim. Falam do João que gosta de chocolates e de tocar piano, da Luciana sempre com receio dos insectos mas corajosa quando algum dos seus amigos está em apuros, sorriem com as piadas do pica-pau, entre duas bicadas numa árvore da floresta onde estou algumas vezes. Numa manhã de chuva, cinzenta com muitas nuvens no céu que obrigaram a professora bibliotecária a acender as luzes todas da sala de leitura, acordei com alguém a olhar para mim como nunca nenhum menino o fizera até aí. Seriam os olhos a ler-me ou os dedos que folheavam delicadamente as páginas, umas atrás das
  • 17. outras, como se fosse alguém de quem gostasse muito? Muito atento percorria as palavras, as frases, os desenhos, demorava-se num desenho para a seguir olhar o vento lá fora, através das janelas, como se estivesse a pensar no que lera. Quando nessa manhã se foi embora senti a sua falta. Comecei a ter saudades do menino de olhos grandes e foi com imensa alegria que senti a amizade das suas mãos a folhearem-me de novo, dias depois. No entanto, reparei certas particularidades na forma como lia. Voltava atrás frequentemente para logo a seguir avançar páginas até uma palavra que já lera minutos antes. Seguidamente, tornava a demorar-se numa ou noutra gravura. Visitou-me mais vezes e não foi necessário muita perspicácia para descobrir o segredo do meu amigo: não sabia ler! A partir daí fiquei atenta e soube que o Jaime – era assim o seu nome - era aluno do ensino especial e um problema de nascença relacionado com o parto da mãe provocara-lhe alguns problemas de aprendizagem. Cada vez parecia que aprendia algo mais e ao mesmo tempo um olhar de curiosidade se acendia nos seus olhos negros e tristes. O que pensava sobre mim? Que sonhos lhe provocava? Um dia não me entregou à funcionária da Biblioteca mas antes me guardou na pasta e levou-me para sua casa. Preocupou-me o frio da sua sala, o olhar desanimado da sua mãe e a desistência espelhada no rosto do pai. Só o Jaime parecia acreditar e por isso insistia em me folhear. -Que fazes tu com esse livro? - perguntou o pai. E acrescentou logo de seguida - nem sequer sabes ler! Parece que nem regulas bem da cabeça, agarrado dessa forma a um livro como tivesses medo que fuja! Jaime não respondeu mas segurou-me ainda com mais força e assustei-me, porque as palavras dentro de mim se mexiam e agitavam como nunca acontecera. Pareciam querer sair de mim e voar para outro lado, pertencer a outro dono. As personagens falavam umas com as outras, conversas e diálogos desconhecidos, segredavam planos e sentia-me cada vez mais vazia. Ao mesmo tempo que se apagavam os desenhos e as palavras e as minhas páginas ficavam num tom esbranquiçado e triste, Jaime abria um sorriso e falou aos pais sobre a possibilidade de tudo mudar para melhor. “Porque a vida pode surpreender, tal e qual as histórias dos livros.” Afirmava isto convicto e pleno de certeza. Mas sobretudo, notei em Jaime e nas suas palavras a delicadeza dos seus dedos nas minhas folhas, o vento das noites tempestuosas no farol onde decorriam também das minhas aventuras, a força do mar era a força de Jaime incutindo confiança nos pais desgastados com as desventuras da vida. Passei a fazer parte de Jaime, era parte dos seus pensamentos e da sua vontade. As palavras, bom, essas são eternas, vivem sempre, mesmo num pobre livro desbotado como eu. Jaime ensinou-me a maior lição da minha vida: ler não é só juntar letras, sílabas e palavras, frases, parágrafos e histórias. Ler é como gostar muito, amar cada pensamento, cada emoção, cada minuto que partilhamos com algo que queremos muito. Ler é, antes de tudo, Ser. Só depois é que vale a pena aprender a juntar sílabas e palavras, até conseguirmos compreender o seu significado. Alunos da turma 6E e 6F | Orientação do professor Paulo Frederico Gonçalves Agrupamento de Escolas de Calendário | EB23 Dr. Nuno Simões
  • 18. Agrupamento de Escolas de Calendário EB23 Dr. Nuno Simões A História de uma história Texto | Turma 6E e 6F Orientação | Professor Paulo Frederico Gonçalves Ilustração | Rui Monteiro Formando do Curso Profissional Técnico de Multimédia da Didáxis_Cooperativa de Ensino Orientação | Professor João Mota Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de Famalicão
  • 19.
  • 20. EB Secundária Camilo Castelo Branco A leitura Texto | Fátima Martins Turma 8B Ilustração | Joana Pereira Formanda do Curso Profissional Técnico de Multimédia da Didáxis_Cooperativa de Ensino Turma| 1TM0912 Orientação | Professor João Mota Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de Famalicão
  • 21. A escrita é a pintura da voz Encontrei aquele excerto do meu diário de 1905 numa folha solta que se preservara dentro de uma caixa debaixo da minha cama, durante o Holocausto Nazi. Peguei nela com muito cuidado e com um carinho ainda maior por saber que parte da minha infância se preservara e mantivera viva, apesar da petrificante realidade que vivi e que, infelizmente, ainda vivo. Li o excerto e não consegui conter um breve sorriso e uma reconfortante lágrima. Naquela altura, tudo o que queria era estar ao ar livre, brincar com os meus amigos, visitar o Sr. Alfredo do café para que, de vez em quando, me desse um daqueles chocolates importados, passear com a minha avó, correr no prado com o Ringo, o cão da vizinha, etc. Não fazia ideia do que era escrever. Nem ler, decerto! Os anos passaram e, agora, orgulho-me de dizer sei. Sei que a leitura salvou 18 homens de serem mortos a tiro pelos alemães, durante a II Guerra Mundial. Tudo aconteceu numa fria manhã de Janeiro. Dois soldados alemães entraram na nossa barraca. Erguemo-nos e alinhámo-nos uns pelos outros. - Abner, Hersch, Shamir, Zevulum, Elazar – proferiu o soldado.
  • 22. Sem mais um sinal, seguimos atrás dele até um grande descampado cheio de antigos pertences dos actuais prisioneiros, onde já se encontravam mais 13 judeus. Ao lado do empilhamento de objectos estava afixada uma placa com algumas instruções. Um dos soldados apontou para a placa e para nós. Pelas expressões faciais dos restantes judeus, percebi que sabiam que a placa lhes indicava o que fazer, mas nenhum deles tinha estudado e, por isso, não sabiam ler o que lá estava indicado. Os soldados alemães começaram a ficar inquietos pelo que, apesar de não ter autorização para falar, li a placa em voz alta: - “Objekte zu brennen - all diese Gegenstände sollten in Öfen verbrannt und die Asche begraben. Lassen Sie keine Spuren.” (“Objectos para queimar – todos estes objectos devem ser queimados nos fornos e as cinzas enterradas. Não devem ser deixados quaisquer vestígios.”). Os 17 homens olharam para mim surpreendidos, regressando, após um breve instante à realidade que viviam, começando a colocar os objectos em sacos para serem levados para queimar. Depois deste episódio, dou graças por estar vivo ao meu maior ódio: a leitura. E agora afirmo com toda a confiança e orgulho que “A escrita é a pintura da voz”, voz essa que me protegeu e que através da leitura salvou a vida a 18 homens… Filipa Manuela Fonseca Dias | Turma 1102 Escola Secundária D. Sancho I
  • 23. Escola Secundária D. Sancho I A escrita é a E pintura da voz Texto | Filipa Manuela Fonseca Dias Ilustração | Cristina Dias Formanda do Curso Profissional Técnico de Multimédia da Didáxis_Cooperativa de Ensino Orientação | Professor João Mota Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Vila Nova de Famalicão