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“OS LUSÍADAS”
“OS LUSÍADAS”
Uma das quatro grandes epopeias universais.
 Epopeia – É uma narrativa em verso dos feitos grandiosos de um
indivíduo ou de um povo.
- é sempre um relato de acontecimentos (narrativa);
- o assunto deverá ter um carácter excepcional;
- os eventos exigem um agente, pouco importando que se trate de um
indivíduo ou de uma colectividade;
- a utilização de um estilo elevado, correspondente à grandiosidade do
assunto, e que se traduz na selecção vocabular, na construção frásica
extremamente elaborada e na abundante utilização de recursos estilísticos,
é característica deste género literário.
“OS LUSÍADAS”
 Epopeia primitiva – narram as glórias de um grupo em que sobressai um
ou mais heróis, quando ainda não estava bem definida a noção de Estado. São
pois os heróis que dominam a narrativa.
 Epopeia de imitação – narra as glórias de um estado organizado. Os
heróis perdem a força e o relevo pois tornam-se agentes da glorificação de um
estado (país).
 Epopeias primitivas – “Ilíada” e “Odisseia” de Homero
 Epopeias de imitação:
- “Eneida” de Vergílio (gloriosa época de Augusto)
- “Os Lusíadas” de Camões (os descobrimentos e os portugueses)
 Como surgiu?
- já no “Cancioneiro Geral” de Garcia de Resende se preconizava a
elaboração de uma epopeia nacional, que exaltasse os feitos dos portugueses,
como demonstração evidente da força humana, do domínio da inteligência do
homem sobre os elementos da natureza (antropocentrismo) – elemento
humanista.
“OS LUSÍADAS”
1º: Título – a palavra não é erudita. Já num texto latino anterior se lera: “A
partir do nome Luso, donde proveio também Lusitânia, chamámos Lusíadas
aos lusitanos”.
- Lusíadas são os lusos, donde se conclui que Camões pretendeu
fazer dos portugueses o herói colectivo da obra.
Herói colectivo (argumentos)
2º: Comparação do primeiro verso com o mesmo da “Eneida”
Eneida – “Arma virumque cano” (canto as armas e o varão)
Lusíadas – “As armas e os barões assinalados …
cantando espalharei por toda a parte”
 o plural acentua o herói colectivo
3º: verso 21 (terceira estrofe):
“Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:”
“OS LUSÍADAS”
ESTRUTURA EXTERNA
 Dez cantos, cada um com
cerca de 110 estrofes (1102 no
total);
 As estrofes são oitavas;
 Os versos são decassílabos
heróicos (6ª e 10ª sílabas);
 O esquema rimático é
"abababcc“
 Rimas cruzadas, nos seis
primeiros versos, e
emparelhada, nos dois últimos.
ESTRUTURA INTERNA
 Proposição – o poeta apresenta
sucintamente o assunto. Refere a sua
proposta;
 Invocação – o poeta invoca as
ninfas do Tejo e pede-lhes estilo e arte
para tão grande tarefa;
 Dedicatória – dedica a sua obra
ao rei D. Sebastião (não faz parte da
estrutura clássica);
 Narração - Núcleo da epopeia. O
poeta procura concretizar aquilo que
se propôs fazer na "proposição".
“OS LUSÍADAS”
Estrutura narrativa
A narrativa desenvolve-se em quatro planos diferentes, mas estreitamente
articulados entre si:
 Plano da viagem;
 Plano da mitologia;
 Plano da História de Portugal;
 Plano das considerações do poeta.
 Plano da viagem - A acção central do poema é a viagem de Vasco da
Gama para a Índia. Escrevendo mais de meio século depois, Camões tinha já o
distanciamento suficiente para perceber a importância histórica desse
acontecimento, devido às alterações que provocou, tanto em Portugal, como
na Europa.
“OS LUSÍADAS”
Estrutura narrativa (cont.)
 Plano da mitologia (conflito entre os deuses pagãos) – Camões imaginou
um conflito entre os deuses pagãos: Baco opõe-se à chegada dos portugueses
à Índia, pois receia que o seu prestígio seja colocado em segundo plano pela
glória dos portugueses, enquanto Vénus, apoiada por Marte, os protege.
Objectivo: classicismo – quebrar a monotonia – glorificar os portugueses
 Plano da História de Portugal – O objectivo era enaltecer todo o povo e
não apenas um ou alguns dos seus representantes mais ilustres. Introduziu
na narrativa todas aquelas figuras e acontecimentos que, no seu conjunto,
afirmaram o valor dos portugueses ao longo dos tempos.
- Narrativa de Vasco da Gama ao rei de Melinde;
- Narrativa de Paulo da Gama ao Catual;
- Profecias.
“OS LUSÍADAS”
Estrutura narrativa (cont.)
Narrativa de Vasco da Gama ao rei de Melinde - Vasco da Gama localiza o reino
de Portugal na Europa e conta-lhe a História de Portugal até ao reinado de D.
Manuel. Conta-lhe também a sua própria viagem desde a saída de Lisboa até
chegarem ao Oceano Índico, visto que a narrativa principal se iniciara "in media
res" , isto é quando a armada já se encontrava em frente às costas de
Moçambique.
Narrativa de Paulo da Gama ao Catual - Em Calecut, uma personalidade hindu
(Catual) visita o navio de Paulo da Gama, que se encontra enfeitado com
bandeiras alusivas a figuras históricas portuguesas. O visitante pergunta-lhe o
significado daquelas bandeiras, o que dá a Paulo da Gama o pretexto para
narrar vários episódios da História de Portugal.
Profecias - Os acontecimentos posteriores à viagem de Vasco da Gama não podiam
ser introduzidos na narrativa como factos históricos. Para isso, Camões recorreu
a profecias colocadas na boca de Júpiter, Adamastor e Thétis, principalmente.
“OS LUSÍADAS”
Estrutura narrativa (cont.)
 Plano das considerações do poeta – Por vezes, normalmente em final
de canto, a narração é interrompida para o poeta apresentar reflexões de
carácter pessoal sobre assuntos diversos, a propósito dos factos narrados.
Articulação dos planos narrativos
A acção central é a viagem de Vasco da Gama. Assim, a História de Portugal
é articulada pelo processo de encaixe na acção central.
Já o plano mitológico é articulado pelo processo de alternância com o plano
da viagem de Vasco da Gama.
História
Viagem
Viagem
Mitologia
Narrativa
alternânciaencaixe
“OS LUSÍADAS”
Narradores na obra
Camões – nas suas considerações mas mesmo quando são os outros a
sua presença é evidente. É heterodiegético, de 3ª pessoa, pois não
intervém nas acções narradas.
Vasco da Gama – quando narra a História de Portugal ao Rei de Melinde.
Paulo da Gama – quando conta o significado das bandeiras portuguesas
ao Catual.
Thétis e outros – narram acontecimentos futuros da História de Portugal
posterior a Vasco da Gama, só possíveis de serem contado por seres
divinos.
Todos estes são homodiegéticos pois são participantes na acção central.
“OS LUSÍADAS”
Espaço na obra
Acção central - caminho marítimo para a Índia. Destacam-se:
- Belém (praia das lágrimas);
- Melinde (porto acolhedor no Oceano Índico);
- Calecut (ponto de chegada)
História de Portugal - todo o território nacional.
Tempo na obra
Acção central – presente; História de Portugal – passado; Profecias – futuro.
- O tempo da história não é rectilíneo pois a narração começa “in media res”;
- Só no Canto V se relata a despedida em Belém e a viagem (analepse);
- No Canto X, Thétis narra futuros feitos dos portugueses (prolepse).
1
As armas e os barões assinalados
Que, da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino , que tanto sublimaram;
2
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando;
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte .
3
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre lusitano ,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
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OS Lusíadas

  • 2. “OS LUSÍADAS” Uma das quatro grandes epopeias universais.  Epopeia – É uma narrativa em verso dos feitos grandiosos de um indivíduo ou de um povo. - é sempre um relato de acontecimentos (narrativa); - o assunto deverá ter um carácter excepcional; - os eventos exigem um agente, pouco importando que se trate de um indivíduo ou de uma colectividade; - a utilização de um estilo elevado, correspondente à grandiosidade do assunto, e que se traduz na selecção vocabular, na construção frásica extremamente elaborada e na abundante utilização de recursos estilísticos, é característica deste género literário.
  • 3. “OS LUSÍADAS”  Epopeia primitiva – narram as glórias de um grupo em que sobressai um ou mais heróis, quando ainda não estava bem definida a noção de Estado. São pois os heróis que dominam a narrativa.  Epopeia de imitação – narra as glórias de um estado organizado. Os heróis perdem a força e o relevo pois tornam-se agentes da glorificação de um estado (país).  Epopeias primitivas – “Ilíada” e “Odisseia” de Homero  Epopeias de imitação: - “Eneida” de Vergílio (gloriosa época de Augusto) - “Os Lusíadas” de Camões (os descobrimentos e os portugueses)  Como surgiu? - já no “Cancioneiro Geral” de Garcia de Resende se preconizava a elaboração de uma epopeia nacional, que exaltasse os feitos dos portugueses, como demonstração evidente da força humana, do domínio da inteligência do homem sobre os elementos da natureza (antropocentrismo) – elemento humanista.
  • 4. “OS LUSÍADAS” 1º: Título – a palavra não é erudita. Já num texto latino anterior se lera: “A partir do nome Luso, donde proveio também Lusitânia, chamámos Lusíadas aos lusitanos”. - Lusíadas são os lusos, donde se conclui que Camões pretendeu fazer dos portugueses o herói colectivo da obra. Herói colectivo (argumentos) 2º: Comparação do primeiro verso com o mesmo da “Eneida” Eneida – “Arma virumque cano” (canto as armas e o varão) Lusíadas – “As armas e os barões assinalados … cantando espalharei por toda a parte”  o plural acentua o herói colectivo 3º: verso 21 (terceira estrofe): “Que eu canto o peito ilustre Lusitano, A quem Neptuno e Marte obedeceram:”
  • 5. “OS LUSÍADAS” ESTRUTURA EXTERNA  Dez cantos, cada um com cerca de 110 estrofes (1102 no total);  As estrofes são oitavas;  Os versos são decassílabos heróicos (6ª e 10ª sílabas);  O esquema rimático é "abababcc“  Rimas cruzadas, nos seis primeiros versos, e emparelhada, nos dois últimos. ESTRUTURA INTERNA  Proposição – o poeta apresenta sucintamente o assunto. Refere a sua proposta;  Invocação – o poeta invoca as ninfas do Tejo e pede-lhes estilo e arte para tão grande tarefa;  Dedicatória – dedica a sua obra ao rei D. Sebastião (não faz parte da estrutura clássica);  Narração - Núcleo da epopeia. O poeta procura concretizar aquilo que se propôs fazer na "proposição".
  • 6. “OS LUSÍADAS” Estrutura narrativa A narrativa desenvolve-se em quatro planos diferentes, mas estreitamente articulados entre si:  Plano da viagem;  Plano da mitologia;  Plano da História de Portugal;  Plano das considerações do poeta.  Plano da viagem - A acção central do poema é a viagem de Vasco da Gama para a Índia. Escrevendo mais de meio século depois, Camões tinha já o distanciamento suficiente para perceber a importância histórica desse acontecimento, devido às alterações que provocou, tanto em Portugal, como na Europa.
  • 7. “OS LUSÍADAS” Estrutura narrativa (cont.)  Plano da mitologia (conflito entre os deuses pagãos) – Camões imaginou um conflito entre os deuses pagãos: Baco opõe-se à chegada dos portugueses à Índia, pois receia que o seu prestígio seja colocado em segundo plano pela glória dos portugueses, enquanto Vénus, apoiada por Marte, os protege. Objectivo: classicismo – quebrar a monotonia – glorificar os portugueses  Plano da História de Portugal – O objectivo era enaltecer todo o povo e não apenas um ou alguns dos seus representantes mais ilustres. Introduziu na narrativa todas aquelas figuras e acontecimentos que, no seu conjunto, afirmaram o valor dos portugueses ao longo dos tempos. - Narrativa de Vasco da Gama ao rei de Melinde; - Narrativa de Paulo da Gama ao Catual; - Profecias.
  • 8. “OS LUSÍADAS” Estrutura narrativa (cont.) Narrativa de Vasco da Gama ao rei de Melinde - Vasco da Gama localiza o reino de Portugal na Europa e conta-lhe a História de Portugal até ao reinado de D. Manuel. Conta-lhe também a sua própria viagem desde a saída de Lisboa até chegarem ao Oceano Índico, visto que a narrativa principal se iniciara "in media res" , isto é quando a armada já se encontrava em frente às costas de Moçambique. Narrativa de Paulo da Gama ao Catual - Em Calecut, uma personalidade hindu (Catual) visita o navio de Paulo da Gama, que se encontra enfeitado com bandeiras alusivas a figuras históricas portuguesas. O visitante pergunta-lhe o significado daquelas bandeiras, o que dá a Paulo da Gama o pretexto para narrar vários episódios da História de Portugal. Profecias - Os acontecimentos posteriores à viagem de Vasco da Gama não podiam ser introduzidos na narrativa como factos históricos. Para isso, Camões recorreu a profecias colocadas na boca de Júpiter, Adamastor e Thétis, principalmente.
  • 9. “OS LUSÍADAS” Estrutura narrativa (cont.)  Plano das considerações do poeta – Por vezes, normalmente em final de canto, a narração é interrompida para o poeta apresentar reflexões de carácter pessoal sobre assuntos diversos, a propósito dos factos narrados. Articulação dos planos narrativos A acção central é a viagem de Vasco da Gama. Assim, a História de Portugal é articulada pelo processo de encaixe na acção central. Já o plano mitológico é articulado pelo processo de alternância com o plano da viagem de Vasco da Gama. História Viagem Viagem Mitologia Narrativa alternânciaencaixe
  • 10. “OS LUSÍADAS” Narradores na obra Camões – nas suas considerações mas mesmo quando são os outros a sua presença é evidente. É heterodiegético, de 3ª pessoa, pois não intervém nas acções narradas. Vasco da Gama – quando narra a História de Portugal ao Rei de Melinde. Paulo da Gama – quando conta o significado das bandeiras portuguesas ao Catual. Thétis e outros – narram acontecimentos futuros da História de Portugal posterior a Vasco da Gama, só possíveis de serem contado por seres divinos. Todos estes são homodiegéticos pois são participantes na acção central.
  • 11. “OS LUSÍADAS” Espaço na obra Acção central - caminho marítimo para a Índia. Destacam-se: - Belém (praia das lágrimas); - Melinde (porto acolhedor no Oceano Índico); - Calecut (ponto de chegada) História de Portugal - todo o território nacional. Tempo na obra Acção central – presente; História de Portugal – passado; Profecias – futuro. - O tempo da história não é rectilíneo pois a narração começa “in media res”; - Só no Canto V se relata a despedida em Belém e a viagem (analepse); - No Canto X, Thétis narra futuros feitos dos portugueses (prolepse).
  • 12. 1 As armas e os barões assinalados Que, da ocidental praia Lusitana, Por mares nunca dantes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo Reino , que tanto sublimaram; 2 E também as memórias gloriosas Daqueles Reis que foram dilatando A Fé, o Império, e as terras viciosas De África e de Ásia andaram devastando, E aqueles que por obras valerosas Se vão da lei da Morte libertando; Cantando espalharei por toda a parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte . 3 Cessem do sábio Grego e do Troiano As navegações grandes que fizeram; Cale-se de Alexandro e de Trajano A fama das vitórias que tiveram; Que eu canto o peito ilustre lusitano , A quem Neptuno e Marte obedeceram. Cesse tudo o que a Musa antiga canta, Que outro valor mais alto se alevanta.