O documento relata experiências de uma médica residente em cuidar de um paciente gravemente doente com AIDS, tuberculose e câncer. Ela se debate entre dar medicamentos para aliviar o sofrimento do paciente, possivelmente encurtando sua vida, ou não tratá-lo da dor. Após um pedido desesperado do paciente, ela prescreve remédios para que ele possa dormir em paz.
1. 266266266266266
JANEIRO
2015
O BandeirantePublicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional S.Paulo
INESQUECÍVEL OLHARINESQUECÍVEL OLHARINESQUECÍVEL OLHARINESQUECÍVEL OLHARINESQUECÍVEL OLHAR“Deu-me as costas e saiu. Em suas palavras, uma
firmeza amorosa e em seu olhar, a doçura que
enxerga a fruta verde no afã de amadurecer.
Minha briga interna era ferrenha. Ele falava de
instalar no paciente um coquetel com medicações,
usado em doentes terminais com muitas dores ou
dispneia, que o faria dormir e se livrar da agonia.
Eu sentia dúvidas. Pensava que aquele coquetel
poderia encurtar o seu período de vida e isso me
remetia à ideia de eutanásia.”
Anienne Nascimento
Médico
“Para o paciente
Médico não adoece
Não precisa ir para casa
Quando anoitece.
Médico não tem vida,
Não tem dia,
Não tem hora,
E sozinho chora!”
Mércia Chade
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Monotonia
Reencantamento
Aline
Andruskevicius
Karla
Carbonari
Chico
Luz
“Senador, acho que o
problema das nações é o da
justiça. Um dia desses fui ao
cinema assistir a um filme
chamado “Três enterros”,
que fala bem dos equívocos
das pessoas. Como é
possível existir justiça com
tanto equívoco?”
Carlos José Benatti
Linha do tempo
Caminho
2. 2 O Bandeirante - Janeiro 2014
EXPEDIENTE: Jornal O Bandeirante - ANO XXIV - nº. 266 - Janeiro 2015 | Publicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Estado de
São Paulo - SOBRAMES-SP. | Sede:Avenida Brigadeiro LuísAntônio, 278 - 7º. Andar - Sala 1 (Prédio daAssociação Paulista de Medicin a) - São Paulo - SP | Editores: Josyanne Rita de Arruda
Franco e Marcos Gimenes Salun (MTb 20.405-SP) | Jornalista Responsável e Revisora: Ligia Terezinha Pezzuto (MTb 17.671-SP).| Redação e Correspondência:Av. Prof.Sylla Mattos, 652
- ap.12 – Jd. Sta.Cruz – CEP 04182-010 – São Paulo – SP E-mail: rumoeditorial@uol.com.br Tels.: (11) 2331-1351 Celular (11) 99182-4815. | Colaboradores desta edição: (Textos literários):
Aline Abdruskevicius de Castro, Anienne Nascimento, Carlos José Benatti, José Francisco Ferraz Luz, Karla Carbonari e Mércia Lúcia de Melo Neves Chade. (Olhar Paulista): Márcia Etelli Coelho.
| Tiragem desta edição: 300 exemplares (papel) e mais de 1.000 exemplares PDF enviados por e-mail. | Diretoria - Gestão 2015/2016 - Presidente: Carlos Augusto Ferreira Galvão. Vice-
Presidente: Márcia Etelli Coelho. Primeiro-Secretário: Marcos Gimenes Salun. Segundo-Secretário: Maria do Céu Coutinho Louzã. Primeiro-Tesoureiro: Helio Begliomini. Segundo-
Tesoureiro:Aida Lúcia Pullin Dal Sasso Begliomini. Conselho Fiscal Efetivos:Josyanne Rita deArruda Franco, JoséAlberto Vieira e RobertoAntonioAniche. Conselho Fiscal Suplentes:Alcione
Alcântara Gonçalves, Geovah Paulo da Cruz e Mércia Lúcia de Melo Neves Chade. | Matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião
da Sobrames-SP | Editores de O Bandeirante: Flerts Nebó - novembro a dezembro de 1992, Flerts Nebó e Walter Whitton Harris - 1993-1994, Carlos Luis Campana e Hélio Celso Ferraz Najar
- 1995-1996, Flerts Nebó e Walter Whitton Harris - 1996-2000, Flerts Nebó e Marcos Gimenes Salun - 2001 a abril de 2009, Helio Begliomini - maio a dezembro de 2009, Roberto A.Aniche e Carlos
Augusto F. Galvão - 2010, Josyanne R.A.Franco e CarlosAugusto F.Galvão - 2011-2012, Josyanne R.A.Franco e Marcos Gimenes Salun - 2013 em diante | Presidentes da Sobrames-SP: 1º. Flerts
Nebó (1988-1990), 2º. Flerts Nebó (1990-1992), 3º. Helio Begliomini (1992-1994), 4º. Carlos Luiz Campana (1994-1996), 5º. Paulo Adolpho Leierer (1996-1998), 6º. Walter Whitton Harris (1999-
2000), 7º. CarlosAugusto Ferreira Galvão (2001-2002), 8º. Luiz Giovani (2003-2004), 9º. Karin Schmidt Rodrigues Massaro (jan a out de 2005), 10º. Flerts Nebó (out/2005 a dez/2006), 11º. Helio
Begliomini (2007-2008), 12º. Helio Begliomini (2009-2010), 13º. Josyanne Rita deArruda Franco (2011-2012), 14º. Josyanne Rita deArruda Franco (2013-2014), 15º CarlosAugusto Ferreira Galvão
(2015/2016). | Editores: Josyanne R.A.Franco e Marcos Gimenes Salun, | Revisão: Ligia Terezinha Pezzuto | Diagramação: Marcos Gimenes Salun | Rumo Editorial Produções e Edições Ltda.
E-mail: rumoeditorial@uol.com.br | Impressão e Acabamento: Expressão e Arte Gráfica Editora - São Paulo
01/01 – José Rodrigues Louzã
13/01 – Aída Lucia P.Dal Sasso Begliomini
16/01 – José Leopoldo Lopes de Oliveira
24/01 – Suzana Grunspun
25/01 – Rodolpho Civile
As Pizzas Literárias da
SOBRAMES-SP acontecem na
terceira quinta-feira de cada
mês, a partir das 19h00 na
PIZZARIA BONDE PAULISTA
Rua Oscar Freire, 1.597 -
Pinheiros - S.Paulo
As Reuniões de Diretoria são abertas a todos os
associados e acontecem na SEDE da SOBRAMES-SP
(APM) - Av.Brigadeiro Luis Antonio, 278 - 7º andar -
Sala 1 - Início às 19h00
Sob nova direção
Maisumavez,orgulhosamente,estouna
direção de uma das mais importantes regionais da
Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, a regional
paulista. Há diferenças de 2001, quando assumi pela
primeira vez, e hoje; a SOBRAMES, cresceu, tornou-
semaisimportanteainda,muitasregionaisforam
criadas, mas, junto com este progresso, surgiram
novos desafios. Creio ser o principal, que tornemo-
nos conhecidos entre os médicos jovens, onde,
seguramente,encontram-seinúmerostalentos
literários, mas também é onde reside a perenidade de
qualquer sociedade. Esta gestão estará voltada para a
conquista destas novas gerações e, para isso, nos
imiscuiremos nas salas de repouso médico dos
hospitais, nos quartos de plantonistas, procuraremos
interagir com entidades como as sociedades de
médicos residentes, enfim, procuraremos de todas as
maneiras este público, que entendemos, representa o
nossofuturo.
Dentro de dois anos, nossa regional irá
promover o XXVI Congresso Nacional, e este é outro
grandedesafioqueenfrentaremos.Osúltimos
congressos nacionais foram belos e organizados. São
Paulo não pode ficar para trás e temos obrigação de
oferecer ao Brasil um congresso impecável, e para
issoaregionalpaulistananãomediráesforços.Afinal
temos de seguir a bandeira desta terra “Non ducor...
duco.”
Carlos Augusto Ferreira Galvão
Psiquiatra - Presidente da Sobrames-SP
EDITORIAL
Bolo & Champanhe
Esta agenda está sujeita a alterações em decorrência
de fatores não previstos por ocasião de sua elaboração.
3. O Bandeirante - Janeiro 2014 3
Inesquecível olhar
Anienne Nascimento
São muitas as experiências vividas na residência
médica. Com certeza foi um tempo riquíssimo. Lembro
quando ainda estava no primeiro ano da residência
fazendo o meu estágio na enfermaria de Moléstias
Infecciosas (M.I.). Eu era residente de M.I. e fazíamos
o primeiro ano como qualquer outro residente de clinica
médica.
Assumi um paciente muito grave que estava com
AIDS, tuberculose pulmonar e sarcoma de Kaposi, que é
um tipo de câncer, comum na pele e mucosa dos
imunodeprimidos por AIDS. Nesse caso o pulmão do
paciente estava tomado pelas duas patologias, sarcoma
de Kaposi e tuberculose. Não lembro o seu nome, não
sou muito boa de nomes, mas lembro do seu olhar...
Havia poucos dias que o acompanhava. Estava
muito fraco e nós “entre a cruz e a espada” pois não
suportava receber todas as medicações necessárias ao
seu quadro. Seria uma quantidade enorme e podia
intoxicá-lo, ao invés de fazer o efeito esperado. Tínhamos
que optar ou pelos remédios para a tuberculose, nesse
caso o sarcoma aumentaria, ou pelos quimioterápicos e
nesse caso a tuberculose não daria trégua. E quanto aos
antirretrovirais, que são as medicações usadas para
combater o vírus HIV, nessa época abriam-se novos
horizontes, mas tudo ainda estava muito novo e sofrível.
Muito difícil suportar os esquemas com tantos
comprimidos e efeitos colaterais. De forma pensada e
calculada, optamos por iniciar o tratamento para
tuberculose e torcer para que suportasse a barra, mas
ele passava muito mal, com uma dispneia intensa, ou seja,
uma falta de ar dos diabos.
Eu me sentia impotente. Não havia indicação de
intubá-lo e colocá-lo num respirador porque o problema
não era a passagem de ar que estava obstruída por alguma
condição e sim o tecido pulmonar que não tinha
possibilidades de favorecer a troca de gases. Por mais
que se instilasse ar dentro dos pulmões, estes se
encontravam impossibilitados de funcionar pela destruição
do tecido.
Era noitinha e meu preceptor, o mais jovem, mais
amigo e mais próximo estava indo embora. Eu ficaria na
enfermaria até a chegada do infectologista, plantonista
da noite. O paciente estava piorando e me causava aflição
e ansiedade. O que eu poderia fazer? Antes que meu
preceptor saísse, olhei para ele suplicante:
– Fulano, sabe aquele paciente da tuberculose com
sarcoma de Kaposi?
– Sim.
– Ele está muito mal, com uma dispneia terrível.
– Eu sei. O que você pretende fazer?
– Não sei...
– Não vai intubar, né?
– Não, claro que não... Isso só prolongaria o seu
sofrimento, se não o matasse.
– Você sabe o que tem que fazer, Ani.
– Por favor, prescreva.
– Não. Você é a médica responsável pela
enfermaria.
– Eu não vou ter coragem...
– Você é quem sabe.
Deu-me as costas e saiu. Em suas palavras, uma
firmeza amorosa e em seu olhar, a doçura que enxerga a
fruta verde no afã de amadurecer. Minha briga interna
era ferrenha. Ele falava de instalar no paciente um coquetel
com medicações, usado em doentes terminais com muitas
dores ou dispneia, que o faria dormir e se livrar da agonia.
Eu sentia dúvidas. Pensava que aquele coquetel poderia
encurtar o seu período de vida e isso me remetia à ideia
de eutanásia. Eu não me sentia no direito de prescrever.
Sofria com a briga que se avolumava em meu íntimo.
Encurtar o seu período de vida? Mas que vida?
Assim que ele saiu, a enfermeira veio até mim e
disse:
– Doutora, o paciente está lhe chamando.
O quarto ficava ao lado da sala dos médicos. Fui
até lá como “um boi que se encaminha ao matadouro”.
Ao entrar no quarto vislumbrei seus olhos... Dizem que
sentimentos não podem ser materializados, mas naquela
hora a “angústia” se materializou naquele olhar e tocou
em mim, me chacoalhando... E entre roncos, chiados,
pausas e sibilos ele conseguiu dizer:
– Doutora, pelo amor de Deus, me dê algo para eu
dormir...
A situação era caótica dentro de mim e extrema
dentro dele. Fui até o posto de enfermagem, ainda me
sentindo “um boi que caminha para o matadouro” e
prescrevi o coquetel. Chorando entreguei nas mãos da
enfermeira que me olhava com compaixão.
– É assim mesmo, doutora.
Rapidamente colocou as medicações no soro e
seguiu para a enfermaria. Fiquei sentada com a cabeça
entre as mãos. Eu não estava certa de que estava fazendo
o certo, mas aquele inesquecível olhar havia me vencido.
Daí a alguns minutos ela retorna com o soro nas
mãos.
– Não deu nem tempo de instalar...
***
4. 4 O Bandeirante - Janeiro 2014
Médico é um ser humano
Como qualquer um;
Tem sentimento, dores, doenças, problemas,
Como nenhum.
Por dentro pode chorar,
Gritar, Se angustiar, se revoltar.
Por fora não pode fraquejar.
Consigo mesmo é inseguro,
Pois só entende de Medicina.
Para os outros é jogo duro,
Pois acham que ele é Deus.
Esta é sua sina,
Que nada tem de divina!
Na vida social é usado,
Nas festas, assediado.
- O que eu tenho doutor,
Que me causa esta dor?
Isto o deixa muito cansado,
E até mesmo entediado!
Pela imprensa é vilipendiado,
Julgado, desacreditado.
Cem vezes pode acertar
E nenhuma vez pode errar,
Pois será crucificado.
Tem duas roupagens,
A de dentro e a de fora,
Para vestir sua emoção,
Que usa como imagens.
O paciente quer do médico,
Como emoção de dentro,
O sentimento,
Para a sua dor e sofrimento.
Como emoção de fora,
Quer o equilíbrio
E a serenidade,
Sem demora.
O médico
Quer ser gente,
Por dentro e por fora,
Mas ninguém consente!
Não quer brincar de Deus,
Os poderes não são seus.
Quer ser gente
E não onipotente.
O médico chora,
Mas não é por fora.
É por dentro,
No seu centro.
O médico sente,
Mas às vezes mente,
A si, sua família e ao paciente,
Quando está muito doente.
Para o paciente
Médico não adoece
Não precisa ir para casa
Quando anoitece.
Médico não tem vida,
Não tem dia,
Não tem hora,
E sozinho chora!
Sofre intensamente
Pois para a família
Está sempre ausente.
Perde todas as festas
Aniversários, natais,
E todos os que tais.
Isto é muito deprimente!
Neste mundo,
Desumano,
Ser humano,
É algo de que não me ufano!
Entra ano
Sai ano.
Ser médico é cada vez mais difícil
Ser médico
É sofrer calado
E estar sempre cansado.
Médico
Mércia Lúcia de Melo Neves Chade
5. O Bandeirante - Janeiro 2014 5
Linha do tempo
Carlos José Benatti
Artobanus era um político em ascensão, pois
diferentemente dos outros, fazia reflexões sobre
conceitosfundamentaisdademocracia.
– Odila, fico perplexo quando vejo pessoas
totalmente incapazes de votar por ignorância de
conhecimentos comezinhos, sociais e políticos. Como
organizar um grupo competente e formar uma elite
dirigente se não temos uma elite de eleitores?
– Senador, os vários idiomas são um grande
empecilho de entendimento entre os povos e as nações
sãocriadasnãoporlimitesgeográficos, mas justamente
nafronteiradepessoasquefalamlínguasdiferentes.Essa
diversidade é que lhe deixa perplexo.
– Exatamente, Odila. Fico perplexo de não
enxergar onde está a reserva moral da nação.
– Senador, nunca entendi bem o seguro-
desemprego, pois basta se cadastrar para receber uma
quantia razoável mensal, o difícil é o seguro-emprego,
isto é, você colaborar para o engrandecimento da
empresaparagarantirseuemprego.Masnãofazernada
setransformounumexcelentemeiodeganhartempo...
– Odila, a estratégia depende de metas bem
definidas.Vocêquetemclarividênciaentendebemisso.
Não vê as coisas, mas as sente.
– Senador, acho que o problema das nações é o
da justiça. Um dia desses fui ao cinema assistir a um
filme chamado “Três enterros”, que fala bem dos
equívocos das pessoas. Como é possível existir justiça
com tanto equívoco?
– A justiça, Odila, é um suco saído de um
liquidificador em que foram colocados verdades e
mentiras.Apropósito, Odila, dia destes vi sua foto no
jornal e você estava muito bonita. Gostei da entrevista.
– Pessoa bonita não tem foto feia, senador.
O celular tocou, o senador pediu licença para
atender e a seguir pediu licença para se retirar. Pagou e
foi embora. Era a quarta vez que o senador vinha e em
nenhuma delas ficou mais de cinco minutos. Político só
aparece quando a gente chama, pensou jocosamente
Odila...
É preciso acordar as histórias...
Históriasquevivemos,históriasquesonhamos
Histórias abertas....
Nossashistóriassecontinham...braçosdisponíveis
davamcoloasnossasreminiscências!
Foi em uma noite de curso de contadora de histórias
queminhashistóriaspularamdamala...
Fitas, lenços, pedaços de vida... tranças que contém
cheiro, sabor, amor e dor!
Assim as nossas histórias se encontraram... Pouco a
pouco o acaso nos brindava em pleno exercício da
serendipidade...dilemasimpensadossetransformam
com a abertura de nossas vidas...
Finda Dezembro e como em nenhum outro
momentodesejamosofim...aceitamosofim...
solicitamosevibramospelofim...uminusitado
encontro entre a vida e a morte se consagram com o
início de novo ano...
Novas expectativas, novas histórias... novas perguntas,
novoscontornos!
E pra hoje o que levamos?
Levo o gosto de coisa nova, de espaços de
disponibilidade, de colo, pedaços de pertencimento
para serem acomodados... esta é a receita de ano
novo!
Levo no bolso, bem amassadinha de tanto reinventá-la!
Devagarinho, ao longo dos dias do ano me reencanto
pelasminhashistórias!
Quem eu sou?
Deondevim?
Qual é o meu segredo?
Por um reencantamento
Karla Carbonari
6. 6 O Bandeirante - Janeiro 2014
Meu caminho sempre o mesmo
Desde a manhã, à tarde e à noite.
Com paisagens diferentes
Em cada uma das passagens.
Pois não a vi pela manhã,
Mas encontrei à tarde.
À noite já não era a mesma.
O tempo matinal foi longe.
Demorado, auspicioso
O vespertino extenso,
Mas o noturno é curto
Rápido e compassivo.
Caminhei primeiro aspirando
O perfume da primavera
Depois na exaustiva
Temperatura do verão.
Neste outono cansado
Nada tem novidade
Tudo me parece
De ontem com hoje.
Quiçá no inverno
Eu repouse satisfeito
No fim da caminhada
Com missão conclusa.
Caminhar é um exercício
Obrigatório para quem está
Na estrada viajando.
Um destino programado.
Quem para se ilude,
Quem caminha cumpre
O propósito pretendido
Mas só recebe quem chega.
Os louros da vitória
Num pesado troféu
De vencedor premia
Quem reluta e chega.
O tempo repetido do relógio,
Não é o mesmo do Sol
E das estrelas, que marcam
Na pele e nos fenecem.
O que é igual não me fascina
O monótono vira tédio
Repetição, obrigação
E então vem e vai
Fica ou é esquecido
Boas viram aprendizado, as ruins experiência...
E no tempo repete-se...
Modifica esse ou aquele..
às vezes com junção de boas ...
Perfeição nem em canção
Inevitável não repetir até mesmo as indesejáveis
Neste instante, momentos que deveriam ter ido
ressurgem...
E é nessa repetição
Na monotonia sem fim
E na mesmice que vem e vai
Que cada vai fica e nada muda
E tudo vira tediante até ressurgir outro vem...
E é nesse vai e vem que leva-se a vida...
Monotonia
Aline Andruskevicius de Castro
Caminho
José Francisco Ferraz Luz
7. O Bandeirante - Janeiro 2014 7
Livros em destaque
CARLOS JOSÉ BENATTI
“Os Segredos da Cartomante”
Rumo Editorial - SP
É o segundo romance de Carlos
José Benatti. Através da
experiência da cartomante Odila e
de sua amiga e assistente Rufina,
o autor vai explorando os dramas,
as paixões, o comportamento e as
questões éticas e sociais trazidas
pelos inúmeros consulentes
atendidos pelas personagens. O
relato de um capítulo vai se
alinhavando ao outro e aos poucos
o autor constrói um amplo e
intrigante retrato do ser humano.
Contatos e aquisições pelo e-mail:
cjbenatti@globo.com
O trecho abaixo é parte de uma
poesia de um dos autores da
SOBRAMES-SP, já publicada
anteriormente numa de nossas
ANTOLOGIAS. Você consegue
identificar o autor?
Resposta na próxima edição.
O trecho publicado na edição anterior
pertence à crônica “A Igreja de
São Cristóvão”, escrita por Maria
do Céu Coutinho Louzã, que foi
publicada na página 241 da “Antologia
Paulista” de 2003. Que tal reler essa
crônica na íntegra, além de outros
textos dos talentosos autores da
SOBRAMES guardados para sempre
naquela edição?
Relendo
(...) Era um sonho seu restaurá-la. Assim,
para isso iniciou uma luta que duraria 10
anos ao buscar junto a empresários,
prefeitura e amigos, recursos para
restaurar o que ele considerava um
patrimônio dos católicos de São Paulo. (...)
Guardados para sempre
KARLA CARBONARI e CAROLINA
RIBEIRO SEABRA (Organiz.)
“Psico-oncologia - assistência
humanizada e qualidade de
vida” - Editora Comenios - SP
Apresenta conceitos de grande
relevância sobre a Psico-oncologia,
tratando desde a detecção precoce
a cuidados paliativos de doenças
como o câncer de mama e gineco-
lógico. Simultaneamente, aborda
ideias relacionadas à espiritua-
lidade, amor, repercussões, morte,
enfrentamento e alternativas,
conjugando-as com a prática e
ilustrando-as com alguns casos.
Contatos e aquisições pelo e-mail:
kakacarbonari@gmail.com
Edição anterior
(...) Estou pronto para ir às estrelas /
Coloquei as meias sujas dos últimos
passos / Limpei com areia a lente
cinza dos óculos / E arrumei ideais
sobre ideias e lembranças inúteis /
Entre planos esquecidos emudeci
alguns dos meus gritos / E violentei
minhas sombras projetadas na
parede da sala.(...)
Anuidade 2015
A diretoria fixou a anuidade de 2015 em R$
360,00(trezentosesessentareais),quepodemserpagos
em3(três)chequesmensaisdeR$120,00(centoevinte
reais) para janeiro, fevereiro e março ou para fevereiro,
marçoeabril.Contudo,paraaquelesquepuderempagar
até 28/02/2015, o valor será de R$ 300,00. Tão logo
sejaefetuadoopagamentoseráencaminhadoumrecibo.
Opagamentopoderáserfeitoatravésdecheque,enviado
aoprimeirotesoureiro:
Helio Begliomini - Rua Bias, 234 – Tremembé
CEP 02371-020 – São Paulo – SP
Coleção Letra de Médico
A SOBRAMES-SP está lançando uma
coleção de obras individuais de autores
médicos para ficar na história. Você já está
convidado e não vai ficar fora dela. Aguarde
correspondência personalizada que chegará
até você por email ou correio.
8. APizzaLiteráriade18dedezembrotambémmarcouoficialmenteapossedanovadiretoriadaSobrames
SP. ADra. Josyanne Rita deArruda Franco, que deixava o cargo de presidente que ocupou por duas gestões
consecutivas,fezumbrevediscurso,agradecendoeenaltecendcoacolaboraçãodetodososqueparticiparam
dasatividadesduranteoseumandato.Aseguir,entregouaoDr.CarlosAugustoFerreiraGalvãoobastãoque
simboliza o comando da entidade.
Em breves palavras de posse, o Dr.Carlos Galvão ressaltou o propósito de divulgar a Sobrames SP
entre as demais entidades culturais e principalmente entre os jovens das Faculdades de Medicina. Propósito
compartilhado por toda a unida e dedicada diretoria que com ele tomou posse.
Adiretoriaqueassumiuomandatoparaobiêniode2015/2016estáassimcomposta:CarlosAugusto
FerreiraGalvão(Presidente);MárciaEtelliCoelho(Vice-Presidente);MarcosGimenesSalun(Primeiro
Secretário);MariadoCéuCoutinhoLouzã(SegundaSecretária);HelioBegliomini(PrimeiroTesoureiro);
Aida Lúcia Pulin Dal Sasso Begliomini (Segunda Tesoureira); Josyanne Rita deArruda Franco, José
Alberto Vieira e RobertoAntonioAniche (Conselho Fiscal Efetivo); AlcioneAlcântara Gonçalves,
Geovah Paulo da Cruz e Mércia Lucia de Melo Neves Chade (Conselho Fiscal Suplente).
O salão da Pizzaria Bonde Paulista
ficou pequeno para receber tantos
confrades,familiareseconvidadosnaPizza
Literária festiva de Natal no mês de
dezembro.Muitosbrindesforamsorteados
eaconteceramapresentaçõesdetextosque
bemrepresentaramadiversidadedeestilos
dos talentosos escritores.
Destaque para a participação de
alguns membros do Grupo de Poetas,
Cantores e Declamadores Independentes
VoluntáriosdeSãoPaulo,queabrilhantaram
a noite com apresentação de peças
literárias:TerezinhaDiasRocha,JacóFilho,
Ana Marques, Domingo Lage, Carlos
Conte e João Marques Neto.
Com muita honra recepcionamos
também Regis Cavini Ferreira que foi o
idealizadordonome“OBandeirante”para
o jornal da Sobrames SP e o desenhista do
perfil de Bernardo de Oliveira Martins
gravado na medalha concedida como
prêmioanualdemelhorpoesia.
Olhar Paulista
POSSE DA NOVA DIRETORIA
CASA CHEIA E MUITA FESTA