1. O Texto a seguir foi elaborado a partir de
uma palestra do físico, psicólogo, PhD. e
praticante budista Allan Wallace - aluno de
Dalai Lama - e ao final concluímos com uma
mensagem de Emmanuel sobre o tema. Vejam
por si mesmos as similaridades.
Trechos da palestra: Houve um tempo em que
a busca da felicidade genuína, da
compreensão da realidade e da aquisição de
virtudes eram consideradas indissociáveis. O
cultivo dessas três dimensões é essencial
para uma vida significativa. Na sociedade
moderna, essas buscas estão separadas uma
das outras e muitas vezes em conflito. Busca-
se felicidade nos shoppings, por exemplo. O
que denota claramente uma falta de
compreensão da realidade do próprio
funcionamento da mente.
Allan Wallace segue dizendo que conhece
vários Prêmios Nobels, com muito
reconhecimento social e financeiro. São
felizes? Não muito. Não é requisito para
ganhar o Prêmio Nobel desenvolver valores
de caráter, virtudes. Há uma forte
2. correlação entre felicidade genuína,
compreensão do mundo e aquisição de
virtudes. Wallace alerta que há hoje sinais
novos de doenças mentais, que são
reconhecidas como algo comum e que por ser
comum seria saudável: a frouxidão mental
(perda de clareza e nitidez da atenção), a
excitação (agitação involuntária e desejos
compulsivos) . O Físico e Psicólogo segue com
o exemplo de pessoas que não conseguem
sentar sem mexer alguma parte do corpo por
5 minutos, não conseguem ficar sem acessar
celular, internet ou outros estímulos por um
período curto que seja. A mente não está em
paz. É o oposto de meditação.
Mais adiante, segue diferenciando os tipos de
felicidade. Haveria uma felicidade mundana.
Está ligada a estímulos sensoriais. Por
exemplo, comprar produtos. Ter um bom
sonho durante a noite. Ouvir uma música
agradável. Ter uma relação afetiva baseada
na estética, ganhos sociais e/ou financeiros
decorrentes dela. A “felicidade” mundana
pode ser obtida também por drogas.Em suma,
3. ela é baseada e dependente do que você
consegue obter de fora. Para muitos a busca
de felicidade fica nessa dimensão. É o
retorno à fase de nossa civilização chamada
de “Caçadores e Coletores”: íamos para
florestas, caçamos, estocamos...ou seja,
pegamos algo do ambiente. Com o acréscimo
da população, isso leva a conflito, pois os
recursos não são mais abundantes. Mais do
que isso, todas essas coisas em algum tempo,
já perdem seu valor.
Wallace vai além: “...há uma alternativa,
conhecida no cristianismo primitivo, no
budismo e no hinduísmo. Há uma qualidade de
bem estar que não vem do mundo externo,
mas aquilo que podemos dar ao mundo
externo. Ser generoso, atencioso, gentil, traz
ao ser uma sensação de bem estar mais
duradoura e que está associada à atenção
plena em si mesmo e nos próprios valores. A
meditação – essencialmente –trabalha essa
questão. Meditar é cultivar os corações e
mentes. O sistema educacional teria como
função cultivar as mentes, mas não educamos
4. a serem pessoas melhores e sim a
desenvolver habilidades de caçar e coletar
mais, ou seja, meios hábeis para adquirir
coisas. E pessoas. Em pesquisas, temos
percebido que a aquisição de virtudes estão
mais desenvolvidas em pessoas que
apresentam uma felicidade genuína e
duradoura, que passa pelas adversidades da
vida independente dos estímulos externos
que ela receba. E há tristeza também nessas
pessoas, mas estão menos associadas a
frustrações egoístas. Há um deslocamento do
Ego para o outro. E o outro tem um valor
intrínseco não pelo o que ele agrega ao nosso
Ego, mas sim por um sentimento genuíno de
compaixão ou mesmo, de amor. Para obtenção
da Felicidade genuína, o Budismo trabalha
com o conceito de caminho óctuplo:
Linguagem correta, ação correta, e modo de
vida correto - esses estados estão incluídos
no agregado da virtude. Esforço correto,
atenção plena correta, e concentração
correta - esses estados estão incluídos no
agregado da concentração. Entendimento
correto e pensamento correto - esses
5. estados estão incluídos no agregado da
sabedoria."
Emmanuel nos deixou essa mensagem,
intitulada de "Felicidade", que creio poder
ser um fechamento perfeito para nosso
estudo de hoje. Vejam as similaridades com a
felicidade genuína abordada anteriormente.
"Sábios existem que asseveram não ser a
felicidade deste mundo, mas isso não quer
dizer que a felicidade não seja do homem. E
sabendo nós outros que há diversos tipos de
contentamento na Terra, não podemos
ignorar que há um júbilo cristão, do qual não
será lícito esquecer em tempo algum. A
alegria da mente ignorante que se mergulhou
nos despenhadeiros do crime, reside na
execução do mal, ao passo que a satisfação do
homem esclarecido, jaz no dever bem
desempenhado, no coração enobrecido e na
reta consciência.
Não olvidemos que se o Reino do Senhor ainda
não é deste mundo,nossa alma pode, desde
agora, ingressar nesse Divino Reino e aí
6. encontrar a aventura sem mácula do amor
vitorioso sob a inspiração do Celeste Amigo.
A felicidade do discípulo de Jesus brilha em
toda parte, introduzindo-nos à Benção Maior.
É a benção de auxiliar. A construção da
simpatia fraterna. A oportunidade de sofrer
pela própria santificação. O ensejo de
aprender para progredir na Eternidade. A
riqueza do trabalho. A alegria de servir, não
só com o dinheiro farto ou com a autoridade
respeitável de Terra, mas também com o
sorriso de entendimento, com o pão da boa
vontade ou com o agasalho ao doente e à
criança.
A felicidade, portanto, se ainda não é deste
mundo, já pode residir no espírito que
realmente a procura na alegria de dar de si
mesmo, de sacrificar-se pelo bem comum e de
auxiliar a todos, quando Jesus soube, amando
e servindo, subir do madeiro sanguinolento
aos esplendores da Eterna Ressurreição.
(Do livro "Servidores no Além", Emmanuel,
F.C Xavier)