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Minha cara Elisângela,



    Imagino que a ti tenha sido reservada apenas o encargo de
nos convidar, enquanto professores da casa, para o Seminário
Secularização e Sagrado que se realizará no próximo dia 29 de
setembro e, em atenção à sua gentileza, lamento em lhe dizer que
eu, não só como professor dessa conceituada Universidade, mas
também como homem, me recuso a assisti-la, principalmente
porque não percebo em quê poderia me ser útil ouvir o Sr.
Candido Antonio José Francisco Mendes de Almeida falar, uma vez
que não vejo coisa alguma que, com ele, eu poderia aprender a
ponto de me elevar como ser humano.

    Isso porque apreendi em minha alma o Provérbio citado em
Rabelais, Gargântua: “os maiores eruditos não são os mais
sábios”.

    Com efeito, quando penso no Sr. Candido Mendes, que aliás
me recuso a utilizar o pronome de tratamento “Magnífico Reitor”
eis que para tanto, para mim, pressupõe méritos que ele,
realmente, não tem, sou levado aos ensinamentos de Montaigne
em Les Essais, que muito apropriadamente observou que “os
primeiros assentos são ocupados, geralmente, pelos homens
menos capazes e que, dificilmente as grandezas de sua fortuna se
acham misturadas com a competência”.

    Todavia, não compreendo como um personagem – Candido
Mendes – pode ser, como percebi em alguns de seus textos
publicados no site da Academia Brasileira de Letras, um Tonel
sem Fundo de contradição, tal como aquele que inutilmente
tentavam as Danaides encher quando condenadas ao Inferno; não
compreendo como um personagem – Candido Mendes ‑ pode se
auto-intitular “humanista” pois que, de humanidade nos mostra
que pouco conhece ou tem eis o sacrifício que, sem sentir, impõe
aos seus professores e funcionários, fazendo deles, típicos “Idiotas
Úteis” preconizado por Lênin.
2


    Não me disponho a ouvir falar uma pessoa que, por ter
recebido tantos cérebros alheios, tão fortes e tão grandes, foi
obrigado a comprimir o seu próprio, contraindo-o, estreitando-o
para dar lugar aos dos outros. Pessoas como essa visam apenas a
nos encher a cabeça de ciência, sobre o discernimento e a virtude
pouco falam, pois, geralmente, não a têm. Esquecem, porém, que
qualquer outra ciência é prejudicial para quem não tem a Ciência
da Bondade; esquecem, porém, que o proveito de nosso estudo
está em com ele nos termos tornado melhores e mais sensatos.

    “Saber de cor é não saber: é conservar o que foi entregue à
guarda da memória”, nos dizia Montaigne... O verdadeiro espelho
de nossos discursos é – e o nosso Reitor deveria saber disso – o
curso de nossas vidas!

    De que nos servirá ter a pança cheia de comida, se ela não for
digerida? Se não se transformar dentro de nós? Se não nos fizer
crescer e fortalecer? De que nos servirá ter a cabeça cheia de
informações se com elas não crescemos e fortalecemos
moralmente o nosso ser?

    Não compreendo, também, como alguém poderia ser eleito
“imortal” na Academia Brasileira de Letras quando, diante dos
fatos, comprova ser “imoral”. Fico pensando se aqueles que o
elegeram conhecem quem realmente foi eleito, o que me induz a
indagar, sem qualquer ofensa, das duas uma, ou as pessoas que o
escolheram não conhecem de fato o personagem “Candido
Mendes” ou têm elas as mesmas “qualidades” que ele. Igualmente
indago, em relação à sua eleição como uma das maiores
personalidades do Mundo...


    Montaigne ao descrever “o homem”, se perguntava:

“Por que, ao avaliar um homem, o avaliais totalmente recoberto e
empacotado? Ele nos exibe apenas as partes que não são suas, e
oculta-nos as únicas pelas quais podemos realmente julgar sobre
sua valia. O que buscais é o valor da espada, não da bainha; talvez
3


não désseis um vintém por ele, se o tivesses desnudado. É preciso
julgá-lo por si mesmo, não por seus adereços.”

    Bem sabia o ensaísta que “o pedestal não é a estátua”.

    Posso me contentar, contudo, que, “para o bem geral da
nação”, sua “imortalidade” é, apenas, um mero “título” e, em
qualquer momento, a Cadeira 35 da Academia Brasileira de Letras
estará vaga...

     Toda essa usurpação do meio necessário à sobrevivência dos
professores e funcionários da Universidade Candido Mendes me
lembra uma passagem do Sermão do Bom Ladrão, pregado nos
idos de 1655 pelo Padre Antônio Vieira, em que ele relatou um
diálogo entre um certo pirata e Alexandre Magno. Dizia mais ou
menos assim:

“Navegava Alexandre em uma poderosa armada no intuito de
conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua presença um pirata,
que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito
Alexandre de andar em tão mau ofício; porém, o pirata, que não
era medroso, respondeu assim: Basta, senhor, porque eu que
roubo em uma barca sou ladrão, e vós que roubais em uma
armada, sois imperador? E assim é. O roubar pouco é culpa, o
roubar muito é grandeza: roubar com pouco poder faz os piratas,
o roubar com muito, os Alexandres. Os outros ladrões roubam um
homem, estes roubam cidades e reinos; os outros, furtam debaixo
do seu risco, estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam,
são enforcados, estes furtam e enforcam. Quantas vezes se viu em
Roma ir a enforcar um ladrão por ter furtado um carneiro, e no
mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, ou ditador por ter
roubado uma província! E quantos ladrões teriam enforcado
estes mesmos ladrões triunfantes?”

    Essa usurpação dos meus salários – o último que recebi foi
em março de 2010 e, hoje, meados de setembro, digo que sequer o
décimo-terceiro salário de 2008 foi pago integramente e nem um
centavo do décimo-terceiro salário de 2009 ‑ me lembra também
uma frase de um poeta francês, pela qual evidenciou a crua
4


realidade de que “a noção de Direito é tão forte que os homens,
mesmo quando o violam, simulam respeitá-lo”.

    Talvez por isso, nos textos e títulos do Sr. Reitor,
encontremos muito os termos “Direito” e “Justiça”!

    Se somarmos aos meus salários inadimplidos, o FGTS que,
desde 2002 quando fui admitido como professor da Universidade
Candido Mendes, nunca foi depositado, tenho um crédito, vencido
e não pago, de quase R$60.000,00. Esse é o exemplo de uma
pessoa digna?

     Ninguém precisa ou precisou me obrigar a entrar em sala de
aula e cumprir o trabalho que tanto gosto; será preciso, então,
obrigar a quem dele aproveita – Sr. Candido Mendes ‑ pagar-me
por isso?

     Cansado estou de ser tão ludibriado o que resulta na
desconfiança total em relação ao Sr. Reitor e às suas inúmeras
promessas descumpridas inclusive a mais recente acerca de
supostos empréstimos para quitação de obrigações trabalhistas
que induziram alguns professores a reiniciar este semestre, que
demonstram que a palavra de um homem, para o Sr. Candido
Mendes, não parece valer muito. Isso me remete a Kant, que
analisou sob o prisma de seu Imperativo Categórico o “Suposto
Direito de Mentir” e, ao concluir, relatou que se “mentir” fosse
tornado uma máxima aceitável a ponto de legitimar a todos os
homens esse expediente, a linguagem faleceria pois os homens,
sabendo que todos poderiam legitimamente “mentir”, não mais
saberão quando estarão diante ou não da verdade: tudo poderia
ser falso...

     Montaigne sabe que o homem resulta dos costumes e critica
o educador que tanto se esforça em formá-lo conforme uma
tradição, ainda que não apto a pensar, pois “tinha [o educador]
como objetivo fazer-nos não bons e sábios, mas eruditos” e o pior
é que os primeiros lugares nem sempre são freqüentados por
pessoas boas e sábias, mas quase sempre são por pessoas
eruditas.
5


     A minha educação que me levou às profissões que gosto e
que exerço com, sem modéstia, muita competência é,
diferentemente da de tantos outros, a mesma que me preparou,
antes, para ser homem.

    Percebo que a Universidade Candido Mendes está falida.

    Porém, percebo antes, a falência moral do seu Reitor, embora
esta, provavelmente, jamais será decretada perante à sociedade.

    Esclareço, se for do interesse de alguém, que estou
elaborando (embora desnecessária às questões trabalhistas),
uma Notificação Extrajudicial não só à Sociedade Brasileira de
Instrução, mas também ao seu Presidente, ao seu Vice-Presidente
e ao seu Diretor Financeiro por suas respectivas
responsabilidades, bem como ao Reitor e Vice-Reitor da
Universidade Candido Mendes no intuito de resolver – amigável e
administrativamente ‑ as dívidas trabalhistas inadimplidas junto
a mim.

      Sem deixar de lembrar, entretanto, da inteligência do artigo
7º, inciso X da Constituição Federal que tipifica, in casu, a conduta
dos dirigentes da Instituição para com seus professores e
funcionários como “Crime de Retenção Dolosa de Salário”.

     Se necessário for, porém, a propositura de ação judicial, que
assim seja, ressaltando que estou ciente das prerrogativas da
impunidade pois concordo, em gênero, número e grau com Platão
que, em sua República, observou há mais de 2.500 anos atrás, que
a “justiça nada mais é do que a conveniência do mais forte”...

    Lembro de Dionísio que zombava dos oradores que tanto se
aplicavam em falar de justiça, não em fazê-la!

   Contudo, faço minha a indagação de Platão, ainda em sua
República: “Poderia alguma coisa revelar uma falta de educação
mais vergonhosa do que possuir tão pouca justiça dentro de nós
mesmos a ponto de se tornar necessário obtê-la dos outros que,
desse modo, se tornam nossos senhores e juízes?”.
6


     E, acaso eu nada receba “dos meus Direitos”, pelo menos não
tenho de que me envergonhar... Aliás, a única coisa que me
envergonhou nesses anos de magistério na Universidade Candido
Mendes não está relacionada diretamente com o meu ofício; a
única coisa que me envergonhou foi sentar ao lado do Sr. Reitor
numa cerimônia de Colação de Grau de uma Turma de Direito, por
ele presidida, pois disso não pude me furtar em atenção aos
alunos que me homenagearam como seu Paraninfo.

    Acaso o vosso orador se sinta ofendido com “as desculpas”
que ora justifico a minha ausência ao Seminário, esclareço que
melhor assim do que eu mesmo me ofender por ouvi-lo falar;
acaso o vosso orador se sinta ofendido com “as desculpas” acima,
sugiro que ele pelo menos tente – pois duvido que consiga – se
colocar no lugar dos professores e funcionários que o sustentam
as extravagâncias, como a distribuição despudorada de títulos
Doutor Honoris Causa e, então, saberá o Sr. Candido Mendes de
Almeida o que é ser ofendido.

     Acaso ele, o Sr. Reitor veja algum dano à sua pose de
intelectual nos fatos e na indignação que ora publico, que ele
ponha de lado o seu egoísmo, ponha de lado o seu egocentrismo e
saiba que eu, sim, sofro não só os danos morais pela condição que
me impôs, mas também os danos materiais dela oriundos.

     Seria louvável a postura do Sr. Reitor de se colocar no lugar
de seus professores e funcionários para, tenta imaginar, como
eles estão vivendo e, no meu caso, cujo último salário recebido foi
pago em março de 2010 e que, portanto, “deve” – em função da
inadimplência vil do Sr. Reitor ‑ custear todas as minhas despesas
e de minha família durante seis meses... O salário de março deve
pagar as despesas, essenciais ou não, dos meses de abril, maio,
junho, julho e agosto?!...

    Também, o que esperar de uma pessoa que fere o próprio
irmão, como vimos naquela ação judicial, processo nº
2008.001.156034-9, na qual o Juízo da 5ª Vara Cível da Comarca
da Capital determinou a redução do “pró-labore mensal” do Sr.
Reitor Candido Antonio José Francisco Mendes de Almeida, para
7


“míseros” ‑ coitado ‑ R$100.000,00 que tanto o aborreceu?!...
Ainda bem que o seu irmão, autor daquela ação não teve o mesmo
destino de Abel...

     O Sr. Candido Mendes, tal como denunciou Maquiavel, parece
ter por princípio a assertiva de que “os fins justificam os meios”,
para, então, continuar a viajar, a homenagear, a discursar, a
jantar, a viver bem independentemente das conseqüências de sua
irresponsabilidade conosco, constituindo assim seus “fins”
justificando para tanto “os meios”: estes, o estado de penúria de
seus professores e funcionários dentre os quais, alguns, inclusive,
já foram notificados de despejo, inscritos nos órgãos de restrição
ao crédito e outras mazelas mais.

    A passividade do corpo docente da Universidade Candido
Mendes diante desses fatos parece mostras o acerto do filósofo
renascentista Etienne de La Boétie em seu Discours de la
Servitude Volontaire, no qual tentou compreender como tantos se
submetem à vontade de apenas Um – o Monarca.

     Sugiro que, por prudência, seja lembrado aos alunos que
assistirão a Palestra Carreiras Jurídicas:            Ingresso e
Possibilidades da Profissão que será realizada no próximo dia 15
de setembro – com o fim único de esclarecê-los – que dentre as
“Carreiras Jurídicas”; que dentre as “Possibilidades da Profissão”
não está o magistério na Universidade Candido Mendes pois o
professor, lá, que depender exclusivamente do seu salário, não
vingará!

     Por fim, digo aqueles que eventualmente entendam excessiva
a minha resposta às ofensas desferidas cruelmente pelo Sr. Reitor,
que estou ciente de que todas as ações fora dos limites habituais
estão sujeitas a interpretação desfavorável, muito aquém do que
elas realmente valem uma vez que o vulgo não as alcança. Assim,
como por exemplo, dizer ao Sr. Reitor o que ele necessita ouvir e
não as bajulices às quais está tão acostumado a receber e a
praticar.
8


Receba Elisângela, as minhas sinceras desculpas por este
desabafo e receba, também, o meu abraço cordial,

Professor Carlos Magno

C/c ao Reitor da Universidade Candido Mendes, ao Vice-Reitor
da Universidade Candido Mendes, ao Vice-Presidente da
Sociedade Brasileira de Instrução, ao Diretor da Faculdade de
Direito, ao Diretor Financeiro, ao Coordenador Geral da
Faculdade de Direito, ao Boletim Comunitário da Universidade
Candido Mendes, aos Professores da Faculdade de Direito, aos
Funcionários, ao Ministério da Educação-MEC, à Coordenação de
Aperfeiçoamente de Pessoal de Nível Superior-CAPES, à
Associação Nacional das Universidades Particulares-ANUP, à
Academia Brasileira de Letras, à Presidência da República, à
ALERJ e aos Deputados Paulo Ramos e Flávio Bolsonaro, ao
Ministério Público do Trabalho, à Folha.com, à União Estadual dos
Estudantes-UNE, ao SinPro-Rio, à Redação do Sistema Brasileiro
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Carta de professor criticando gestão da Universidade Candido Mendes

  • 1. 1 Minha cara Elisângela, Imagino que a ti tenha sido reservada apenas o encargo de nos convidar, enquanto professores da casa, para o Seminário Secularização e Sagrado que se realizará no próximo dia 29 de setembro e, em atenção à sua gentileza, lamento em lhe dizer que eu, não só como professor dessa conceituada Universidade, mas também como homem, me recuso a assisti-la, principalmente porque não percebo em quê poderia me ser útil ouvir o Sr. Candido Antonio José Francisco Mendes de Almeida falar, uma vez que não vejo coisa alguma que, com ele, eu poderia aprender a ponto de me elevar como ser humano. Isso porque apreendi em minha alma o Provérbio citado em Rabelais, Gargântua: “os maiores eruditos não são os mais sábios”. Com efeito, quando penso no Sr. Candido Mendes, que aliás me recuso a utilizar o pronome de tratamento “Magnífico Reitor” eis que para tanto, para mim, pressupõe méritos que ele, realmente, não tem, sou levado aos ensinamentos de Montaigne em Les Essais, que muito apropriadamente observou que “os primeiros assentos são ocupados, geralmente, pelos homens menos capazes e que, dificilmente as grandezas de sua fortuna se acham misturadas com a competência”. Todavia, não compreendo como um personagem – Candido Mendes – pode ser, como percebi em alguns de seus textos publicados no site da Academia Brasileira de Letras, um Tonel sem Fundo de contradição, tal como aquele que inutilmente tentavam as Danaides encher quando condenadas ao Inferno; não compreendo como um personagem – Candido Mendes ‑ pode se auto-intitular “humanista” pois que, de humanidade nos mostra que pouco conhece ou tem eis o sacrifício que, sem sentir, impõe aos seus professores e funcionários, fazendo deles, típicos “Idiotas Úteis” preconizado por Lênin.
  • 2. 2 Não me disponho a ouvir falar uma pessoa que, por ter recebido tantos cérebros alheios, tão fortes e tão grandes, foi obrigado a comprimir o seu próprio, contraindo-o, estreitando-o para dar lugar aos dos outros. Pessoas como essa visam apenas a nos encher a cabeça de ciência, sobre o discernimento e a virtude pouco falam, pois, geralmente, não a têm. Esquecem, porém, que qualquer outra ciência é prejudicial para quem não tem a Ciência da Bondade; esquecem, porém, que o proveito de nosso estudo está em com ele nos termos tornado melhores e mais sensatos. “Saber de cor é não saber: é conservar o que foi entregue à guarda da memória”, nos dizia Montaigne... O verdadeiro espelho de nossos discursos é – e o nosso Reitor deveria saber disso – o curso de nossas vidas! De que nos servirá ter a pança cheia de comida, se ela não for digerida? Se não se transformar dentro de nós? Se não nos fizer crescer e fortalecer? De que nos servirá ter a cabeça cheia de informações se com elas não crescemos e fortalecemos moralmente o nosso ser? Não compreendo, também, como alguém poderia ser eleito “imortal” na Academia Brasileira de Letras quando, diante dos fatos, comprova ser “imoral”. Fico pensando se aqueles que o elegeram conhecem quem realmente foi eleito, o que me induz a indagar, sem qualquer ofensa, das duas uma, ou as pessoas que o escolheram não conhecem de fato o personagem “Candido Mendes” ou têm elas as mesmas “qualidades” que ele. Igualmente indago, em relação à sua eleição como uma das maiores personalidades do Mundo... Montaigne ao descrever “o homem”, se perguntava: “Por que, ao avaliar um homem, o avaliais totalmente recoberto e empacotado? Ele nos exibe apenas as partes que não são suas, e oculta-nos as únicas pelas quais podemos realmente julgar sobre sua valia. O que buscais é o valor da espada, não da bainha; talvez
  • 3. 3 não désseis um vintém por ele, se o tivesses desnudado. É preciso julgá-lo por si mesmo, não por seus adereços.” Bem sabia o ensaísta que “o pedestal não é a estátua”. Posso me contentar, contudo, que, “para o bem geral da nação”, sua “imortalidade” é, apenas, um mero “título” e, em qualquer momento, a Cadeira 35 da Academia Brasileira de Letras estará vaga... Toda essa usurpação do meio necessário à sobrevivência dos professores e funcionários da Universidade Candido Mendes me lembra uma passagem do Sermão do Bom Ladrão, pregado nos idos de 1655 pelo Padre Antônio Vieira, em que ele relatou um diálogo entre um certo pirata e Alexandre Magno. Dizia mais ou menos assim: “Navegava Alexandre em uma poderosa armada no intuito de conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre de andar em tão mau ofício; porém, o pirata, que não era medroso, respondeu assim: Basta, senhor, porque eu que roubo em uma barca sou ladrão, e vós que roubais em uma armada, sois imperador? E assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros, furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam. Quantas vezes se viu em Roma ir a enforcar um ladrão por ter furtado um carneiro, e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, ou ditador por ter roubado uma província! E quantos ladrões teriam enforcado estes mesmos ladrões triunfantes?” Essa usurpação dos meus salários – o último que recebi foi em março de 2010 e, hoje, meados de setembro, digo que sequer o décimo-terceiro salário de 2008 foi pago integramente e nem um centavo do décimo-terceiro salário de 2009 ‑ me lembra também uma frase de um poeta francês, pela qual evidenciou a crua
  • 4. 4 realidade de que “a noção de Direito é tão forte que os homens, mesmo quando o violam, simulam respeitá-lo”. Talvez por isso, nos textos e títulos do Sr. Reitor, encontremos muito os termos “Direito” e “Justiça”! Se somarmos aos meus salários inadimplidos, o FGTS que, desde 2002 quando fui admitido como professor da Universidade Candido Mendes, nunca foi depositado, tenho um crédito, vencido e não pago, de quase R$60.000,00. Esse é o exemplo de uma pessoa digna? Ninguém precisa ou precisou me obrigar a entrar em sala de aula e cumprir o trabalho que tanto gosto; será preciso, então, obrigar a quem dele aproveita – Sr. Candido Mendes ‑ pagar-me por isso? Cansado estou de ser tão ludibriado o que resulta na desconfiança total em relação ao Sr. Reitor e às suas inúmeras promessas descumpridas inclusive a mais recente acerca de supostos empréstimos para quitação de obrigações trabalhistas que induziram alguns professores a reiniciar este semestre, que demonstram que a palavra de um homem, para o Sr. Candido Mendes, não parece valer muito. Isso me remete a Kant, que analisou sob o prisma de seu Imperativo Categórico o “Suposto Direito de Mentir” e, ao concluir, relatou que se “mentir” fosse tornado uma máxima aceitável a ponto de legitimar a todos os homens esse expediente, a linguagem faleceria pois os homens, sabendo que todos poderiam legitimamente “mentir”, não mais saberão quando estarão diante ou não da verdade: tudo poderia ser falso... Montaigne sabe que o homem resulta dos costumes e critica o educador que tanto se esforça em formá-lo conforme uma tradição, ainda que não apto a pensar, pois “tinha [o educador] como objetivo fazer-nos não bons e sábios, mas eruditos” e o pior é que os primeiros lugares nem sempre são freqüentados por pessoas boas e sábias, mas quase sempre são por pessoas eruditas.
  • 5. 5 A minha educação que me levou às profissões que gosto e que exerço com, sem modéstia, muita competência é, diferentemente da de tantos outros, a mesma que me preparou, antes, para ser homem. Percebo que a Universidade Candido Mendes está falida. Porém, percebo antes, a falência moral do seu Reitor, embora esta, provavelmente, jamais será decretada perante à sociedade. Esclareço, se for do interesse de alguém, que estou elaborando (embora desnecessária às questões trabalhistas), uma Notificação Extrajudicial não só à Sociedade Brasileira de Instrução, mas também ao seu Presidente, ao seu Vice-Presidente e ao seu Diretor Financeiro por suas respectivas responsabilidades, bem como ao Reitor e Vice-Reitor da Universidade Candido Mendes no intuito de resolver – amigável e administrativamente ‑ as dívidas trabalhistas inadimplidas junto a mim. Sem deixar de lembrar, entretanto, da inteligência do artigo 7º, inciso X da Constituição Federal que tipifica, in casu, a conduta dos dirigentes da Instituição para com seus professores e funcionários como “Crime de Retenção Dolosa de Salário”. Se necessário for, porém, a propositura de ação judicial, que assim seja, ressaltando que estou ciente das prerrogativas da impunidade pois concordo, em gênero, número e grau com Platão que, em sua República, observou há mais de 2.500 anos atrás, que a “justiça nada mais é do que a conveniência do mais forte”... Lembro de Dionísio que zombava dos oradores que tanto se aplicavam em falar de justiça, não em fazê-la! Contudo, faço minha a indagação de Platão, ainda em sua República: “Poderia alguma coisa revelar uma falta de educação mais vergonhosa do que possuir tão pouca justiça dentro de nós mesmos a ponto de se tornar necessário obtê-la dos outros que, desse modo, se tornam nossos senhores e juízes?”.
  • 6. 6 E, acaso eu nada receba “dos meus Direitos”, pelo menos não tenho de que me envergonhar... Aliás, a única coisa que me envergonhou nesses anos de magistério na Universidade Candido Mendes não está relacionada diretamente com o meu ofício; a única coisa que me envergonhou foi sentar ao lado do Sr. Reitor numa cerimônia de Colação de Grau de uma Turma de Direito, por ele presidida, pois disso não pude me furtar em atenção aos alunos que me homenagearam como seu Paraninfo. Acaso o vosso orador se sinta ofendido com “as desculpas” que ora justifico a minha ausência ao Seminário, esclareço que melhor assim do que eu mesmo me ofender por ouvi-lo falar; acaso o vosso orador se sinta ofendido com “as desculpas” acima, sugiro que ele pelo menos tente – pois duvido que consiga – se colocar no lugar dos professores e funcionários que o sustentam as extravagâncias, como a distribuição despudorada de títulos Doutor Honoris Causa e, então, saberá o Sr. Candido Mendes de Almeida o que é ser ofendido. Acaso ele, o Sr. Reitor veja algum dano à sua pose de intelectual nos fatos e na indignação que ora publico, que ele ponha de lado o seu egoísmo, ponha de lado o seu egocentrismo e saiba que eu, sim, sofro não só os danos morais pela condição que me impôs, mas também os danos materiais dela oriundos. Seria louvável a postura do Sr. Reitor de se colocar no lugar de seus professores e funcionários para, tenta imaginar, como eles estão vivendo e, no meu caso, cujo último salário recebido foi pago em março de 2010 e que, portanto, “deve” – em função da inadimplência vil do Sr. Reitor ‑ custear todas as minhas despesas e de minha família durante seis meses... O salário de março deve pagar as despesas, essenciais ou não, dos meses de abril, maio, junho, julho e agosto?!... Também, o que esperar de uma pessoa que fere o próprio irmão, como vimos naquela ação judicial, processo nº 2008.001.156034-9, na qual o Juízo da 5ª Vara Cível da Comarca da Capital determinou a redução do “pró-labore mensal” do Sr. Reitor Candido Antonio José Francisco Mendes de Almeida, para
  • 7. 7 “míseros” ‑ coitado ‑ R$100.000,00 que tanto o aborreceu?!... Ainda bem que o seu irmão, autor daquela ação não teve o mesmo destino de Abel... O Sr. Candido Mendes, tal como denunciou Maquiavel, parece ter por princípio a assertiva de que “os fins justificam os meios”, para, então, continuar a viajar, a homenagear, a discursar, a jantar, a viver bem independentemente das conseqüências de sua irresponsabilidade conosco, constituindo assim seus “fins” justificando para tanto “os meios”: estes, o estado de penúria de seus professores e funcionários dentre os quais, alguns, inclusive, já foram notificados de despejo, inscritos nos órgãos de restrição ao crédito e outras mazelas mais. A passividade do corpo docente da Universidade Candido Mendes diante desses fatos parece mostras o acerto do filósofo renascentista Etienne de La Boétie em seu Discours de la Servitude Volontaire, no qual tentou compreender como tantos se submetem à vontade de apenas Um – o Monarca. Sugiro que, por prudência, seja lembrado aos alunos que assistirão a Palestra Carreiras Jurídicas: Ingresso e Possibilidades da Profissão que será realizada no próximo dia 15 de setembro – com o fim único de esclarecê-los – que dentre as “Carreiras Jurídicas”; que dentre as “Possibilidades da Profissão” não está o magistério na Universidade Candido Mendes pois o professor, lá, que depender exclusivamente do seu salário, não vingará! Por fim, digo aqueles que eventualmente entendam excessiva a minha resposta às ofensas desferidas cruelmente pelo Sr. Reitor, que estou ciente de que todas as ações fora dos limites habituais estão sujeitas a interpretação desfavorável, muito aquém do que elas realmente valem uma vez que o vulgo não as alcança. Assim, como por exemplo, dizer ao Sr. Reitor o que ele necessita ouvir e não as bajulices às quais está tão acostumado a receber e a praticar.
  • 8. 8 Receba Elisângela, as minhas sinceras desculpas por este desabafo e receba, também, o meu abraço cordial, Professor Carlos Magno C/c ao Reitor da Universidade Candido Mendes, ao Vice-Reitor da Universidade Candido Mendes, ao Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Instrução, ao Diretor da Faculdade de Direito, ao Diretor Financeiro, ao Coordenador Geral da Faculdade de Direito, ao Boletim Comunitário da Universidade Candido Mendes, aos Professores da Faculdade de Direito, aos Funcionários, ao Ministério da Educação-MEC, à Coordenação de Aperfeiçoamente de Pessoal de Nível Superior-CAPES, à Associação Nacional das Universidades Particulares-ANUP, à Academia Brasileira de Letras, à Presidência da República, à ALERJ e aos Deputados Paulo Ramos e Flávio Bolsonaro, ao Ministério Público do Trabalho, à Folha.com, à União Estadual dos Estudantes-UNE, ao SinPro-Rio, à Redação do Sistema Brasileiro de Televisão.