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Era uma vez um rei
que tinha enorme tesouro
esmeraldas, diamantes
e muitas moedas de ouro.
-Que hei-de fazer, digam lá?
Perguntou ele ao serão.
- Antes de me decidir
quero a vossa opinião.
Uma fortuna guardada
merecia aplicação.
Ali, fechada num cofre,
ainda chamava um ladrão
A rainha então lhe disse:
-Podias comprar para mim
um palácio com dez torres
e telhado de marfim.
A princesa sua filha
lhe falou desta maneira:
-Quero mil metros de sedas
para levar à costureira.
E o príncipe real
não se conseguiu conter:
-Ó pai, dê-me um batalhão,
que eu gosto de combater.
O rei franziu o nariz,
não ficou nada contente.
Ele tinha outra ideia
há tempos na sua mente.
Ergueu um grande edifício,
forrou-o todo com estantes,
mandou vir imensos livros
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Vieram livros de barco,
de cavalo, de camelo,
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das terras frias com gelo.
-Que lembrança tão maluca,
que não lembra a um careca,
ir gastar tanto dinheiro
assim, numa biblioteca!
O rei não quis dar ouvidos
a gente tão ignorante,
tinha gosto de aprender
como se fosse um estudante
Isto dizia a família
e diziam os vassalos.
-Ficar sentadinho a ler
no rabo até faz calos.
Na nova biblioteca
ganhou tal sabedoria
que melhor rei neste mundo
aposto que não havia.
Cheio de curiosidade,
o povo desse país
quis todo aprender a ler
para lá meter o nariz.
Leu os livros de aventuras
de ciências naturais,
os de banda desenhada,
e ainda leu muitos mais.
Na biblioteca estudou,
nela se fartou de rir,
porque os livros também servem,
afinal, para divertir.
Mas o pior foi que as traças,
ao verem tal corrupio,
entraram na biblioteca
num dia cinzento e frio.
-Aqui é que se está bem ! -
disseram todos em coro.
-Vamos comer os livrinhos
encadernados em couro.
Encheram bem a barriga
roendo aqui, além.
Um banquete de papel
é mesmo o que lhes convém.
O rei, ao ver insectos
por toda a sala a voarem,
mandou vir vinte soldados
armados para os matarem.
Os tiros não acertaram
em bichos tão pequeninos
que comiam dicionários
e livros para meninos.
Sete sábios prepararam
terrível insecticida.
Os leitores da biblioteca
quase iam perdendo a vida.
Mas as traças resistiram.
Ainda roeram mais
os livros aos quadradinhos
as revistas, os jornais.
Quando a noite desceu
apareceu um gigante
com longas asas, que vinha
de uma gruta distante.
-Ai! – gritou a multidão,
que não tinha mais sossego.
-Este medonho gigante
parece mesmo um morcego.
-Vens também comer os livros? –
Perguntou, aflito, o rei.
-Se vieres com tal tenção
-Já aqui te prenderei.
- Não, eu venho, majestade,
apenas pedir emprego.
comer traças é trabalho
Ideal para um morcego.
Logo então foi contratado
o simpático gigante
e desatou a limpar
os bichos de cada estante.
Julgava já ter comido
todas as traças, um dia,
quando viu uma tracinha
num livro de poesia
Em vez de trincar as folhas
ela estava a devorar
o livro com os seus olhos.
Não conseguia parar.
-Mas quem és tu, borboleta? –
perguntou ele, intrigado.
-Sou a Fada Palavrinha
que vivo aqui ao teu lado.
-Ao agitar sobre os livros
a varinha de condão,
ponho todos a pensar
e a ter imaginação.
O gigante arregalou
os olhos com grande espanto
e levou-a até ao rei
que estava de coroa e manto.
-Sobre as crianças eu deito
uns pós de perlimpimpim
para descobrirem que ler
é uma aventura sem fim.
Encantado, o soberano
lhe pediu para ficar
a ajudar o bom gigante,
para ele poder descansar.
Ficaram então os dois
a cuidar da biblioteca.
Enquanto ela faz magias
ele faz uma soneca.
Graças à fada, ao gigante
é mesmo uma loucura
ver tanta gente feliz
presa à sua leitura.
Depois acorda à noitinha
para caçar os insectos
que destroem belos livros
e tantos outros objectos.
Já deixaram de dizer
uns ignorantes vassalos
que estar sentadinhos a ler
no rabo até faz calos.
Vitória, vitória
acabou-se a história.
Esta apresentação foi adaptada de outras apresentações elaboradas
por professores bibliotecários anónimos.
Adaptado por:
Prudenciana Martins

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A biblioteca do rei e a fada Palavrinha

  • 1.
  • 2. Era uma vez um rei que tinha enorme tesouro esmeraldas, diamantes e muitas moedas de ouro. -Que hei-de fazer, digam lá? Perguntou ele ao serão. - Antes de me decidir quero a vossa opinião. Uma fortuna guardada merecia aplicação. Ali, fechada num cofre, ainda chamava um ladrão
  • 3. A rainha então lhe disse: -Podias comprar para mim um palácio com dez torres e telhado de marfim. A princesa sua filha lhe falou desta maneira: -Quero mil metros de sedas para levar à costureira. E o príncipe real não se conseguiu conter: -Ó pai, dê-me um batalhão, que eu gosto de combater.
  • 4. O rei franziu o nariz, não ficou nada contente. Ele tinha outra ideia há tempos na sua mente. Ergueu um grande edifício, forrou-o todo com estantes, mandou vir imensos livros no dorso de elefantes.
  • 5. Vieram livros de barco, de cavalo, de camelo, das terras quentes com sol, das terras frias com gelo. -Que lembrança tão maluca, que não lembra a um careca, ir gastar tanto dinheiro assim, numa biblioteca!
  • 6. O rei não quis dar ouvidos a gente tão ignorante, tinha gosto de aprender como se fosse um estudante Isto dizia a família e diziam os vassalos. -Ficar sentadinho a ler no rabo até faz calos.
  • 7. Na nova biblioteca ganhou tal sabedoria que melhor rei neste mundo aposto que não havia. Cheio de curiosidade, o povo desse país quis todo aprender a ler para lá meter o nariz.
  • 8. Leu os livros de aventuras de ciências naturais, os de banda desenhada, e ainda leu muitos mais. Na biblioteca estudou, nela se fartou de rir, porque os livros também servem, afinal, para divertir.
  • 9. Mas o pior foi que as traças, ao verem tal corrupio, entraram na biblioteca num dia cinzento e frio. -Aqui é que se está bem ! - disseram todos em coro. -Vamos comer os livrinhos encadernados em couro.
  • 10. Encheram bem a barriga roendo aqui, além. Um banquete de papel é mesmo o que lhes convém. O rei, ao ver insectos por toda a sala a voarem, mandou vir vinte soldados armados para os matarem.
  • 11. Os tiros não acertaram em bichos tão pequeninos que comiam dicionários e livros para meninos. Sete sábios prepararam terrível insecticida. Os leitores da biblioteca quase iam perdendo a vida.
  • 12. Mas as traças resistiram. Ainda roeram mais os livros aos quadradinhos as revistas, os jornais. Quando a noite desceu apareceu um gigante com longas asas, que vinha de uma gruta distante.
  • 13. -Ai! – gritou a multidão, que não tinha mais sossego. -Este medonho gigante parece mesmo um morcego. -Vens também comer os livros? – Perguntou, aflito, o rei. -Se vieres com tal tenção -Já aqui te prenderei.
  • 14. - Não, eu venho, majestade, apenas pedir emprego. comer traças é trabalho Ideal para um morcego. Logo então foi contratado o simpático gigante e desatou a limpar os bichos de cada estante.
  • 15. Julgava já ter comido todas as traças, um dia, quando viu uma tracinha num livro de poesia Em vez de trincar as folhas ela estava a devorar o livro com os seus olhos. Não conseguia parar.
  • 16. -Mas quem és tu, borboleta? – perguntou ele, intrigado. -Sou a Fada Palavrinha que vivo aqui ao teu lado. -Ao agitar sobre os livros a varinha de condão, ponho todos a pensar e a ter imaginação.
  • 17. O gigante arregalou os olhos com grande espanto e levou-a até ao rei que estava de coroa e manto. -Sobre as crianças eu deito uns pós de perlimpimpim para descobrirem que ler é uma aventura sem fim.
  • 18. Encantado, o soberano lhe pediu para ficar a ajudar o bom gigante, para ele poder descansar. Ficaram então os dois a cuidar da biblioteca. Enquanto ela faz magias ele faz uma soneca.
  • 19. Graças à fada, ao gigante é mesmo uma loucura ver tanta gente feliz presa à sua leitura. Depois acorda à noitinha para caçar os insectos que destroem belos livros e tantos outros objectos.
  • 20. Já deixaram de dizer uns ignorantes vassalos que estar sentadinhos a ler no rabo até faz calos. Vitória, vitória acabou-se a história.
  • 21. Esta apresentação foi adaptada de outras apresentações elaboradas por professores bibliotecários anónimos. Adaptado por: Prudenciana Martins