Tancredo de Almeida Neves foi um político brasileiro que concorreu à presidência em 1985 contra Paulo Maluf. Tancredo uniu a oposição e ganhou apoio popular para pressionar os membros do Colégio Eleitoral a votarem nele, representando a democracia, em contraposição ao autoritarismo de Maluf. Sua vitória marcou a transição do regime militar para a Nova República.
2. Quem foi Tancredo Tancredo de Almeida Neves nasceu na cidade mineira de São João del-Rei em 4 de março de 1910. Durante sua vida, alem de político, também foi advogado e empresário. Tentou iniciar sua carreira política ao se candidatar a deputado estadual em 1934, porem somente em 1935 se elege vereador em sua cidade.
3. Tancredo e a ditadura Após o Golpe Militar de 1964, e extinto o pluripartidarismo, foi convidado a ingressar na ARENA, oferta polidamente recusada. Opositor moderado, entrou no MDB, elegendo-se deputado federal em 1966, 1970 e 1974. Com a reforma política de Figueiredo, juntou os moderados do MDB e da ARENA e fundou o Partido Popular em 1980.
4. Em 1982 foi eleito governador de Minas Gerais. Em 14 de agosto de 1984 renuncia para concorrer a Presidência.
5. A caminhada para a presidência Com a derrota da Emenda Dante de Oliveira, Tancredo já articula sua candidatura. Havia duas tarefas iniciais: Unir a oposição num bloco sólido Provocar uma fissura na base governista, já que no Colégio Eleitoral o PDS detinha 356 contra 330 de TODA a oposição reunida.
6. O início da tarefa Unir a oposição foi fácil, pois Tancredo era conhecido pelo seu discurso conciliador, sendo simpatizado em vários partidos. No PDS havia vários aspirantes para a sucessão presidencial. “O ex-governador da Bahia, Antonio Carlos Magalhães, declarou em agosto de 1984 que Maluf era o homem mais odiado do Brasil e que não podia andar um quarteirão sem arriscar a vida. (Skimore, 1988, p. 477)
7. Tiro pela Culatra Tentando impedir a candidatura de Maluf, lideranças do PDS propuseram uma consulta partidária para escolha do candidato. Porem, Maluf possuía a maioria dos votos da executiva do partido. O insucesso da manobra forçou José Sarney, até então presidente do partido e anti-malufista, a renunciar o cargo.
8. Com a vitória de Maluf na convenção, formou-se uma dissidência no partido, chamada Frente Liberal. A Frente Liberal formou acordo com Tancredo, escolhendo Sarney como seu vice. Com isso, Tancredo propunha uma “conciliação nacional”, a fim de conseguir o apoio dos militares, negando qualquer tipo de represália aos membros do regime.
9. Tancredo e as “eleições nas ruas” Tancredo não manejou apenas sua vitória no Colégio Eleitoral, ele também queria o apoio popular. Para tanto ele refez a caminha das “Diretas Já”, mas desta vez para conseguir respaldo para a eleição indireta. Tancredo lançou a idéia de Nova República, que alicerçava-se no rompimento e refundação.
10. O peso da opinião pública O peso da opinião pública era fundamental para Tancredo ter o apoio de deputados e senadores de partidos mais à esquerda no cenário da época, como PT e PDT. Também com o apoio popular buscou “ameaçar” os membros do Colégio Eleitoral, pois se não votassem em Tancredo a carreira política correria risco nas eleições de 1986.
11. Votaria em um deputado ou senador que votou em maluf? Fonte: Isto É n° 405, 26/09/84
12. Votaria em um deputado ou senador que votou em Trancredo? Fonte: Isto É n° 405, 26/09/84
13. Quem o sr. Prefere que vença no Colégio eleitoral? Fonte: Isto É nº 421, 16/01/85
14. Democracia x Autoritarismo Na campanha construída por Tancredo, ele seria o representante da democracia, enquanto Maluf seria do autoritarismo. “Não era preciso desejar a vitória de Tancredo para torcer por ela, bastava desejar a derrota de seu adversário.” (Soares, 1993, p. 154).
15. Considerações finais A vitória de Tancredo foi o resultado de uma costura política, que ia desde os partidos comunistas clandestinos até os líderes da Frente Liberal. Ele atuou em duas frentes: Nos membros do Colégio Eleitoral; Na população para legitimar sua imagem e pressionar os parlamentares eleitores.
16. “Um Colégio Eleitoral em que 686 cidadãos fizeram as vozes de 60 milhões de eleitores habilitados levou 3 horas e 27 minutos para cruzar a curta ponte que ainda separava 21 anos de regime autoritário da democracia. O Colégio Eleitoral nasceu para prolongar a transição e, na prática, ganhar a eleição presidencial para o Governo. Ganhou um homem que passou 21 anos na oposição” (Veja nº 855, 23/01/85, “A oposição chegou lá”:20)
17. Referências bibliográficas SKIDMORE, Thomas. Brasil: de Castelo a Tancredo (1964-1985). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. SOARES, Luiz Fernando. Os dois corpos do presidente e outros ensaios. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1993. MENDONÇA, Daniel de. A Vitória de Tancredo no Colégio Eleitoral e a posição política dos semanários Veja e Isto É. Alceu(PUCRJ), Rio de Janeiro, v. 5, p. 164-185, 2005. Disponível em http://publique.rdc.puc-rio.br/revistaalceu/media/alceu_n10_mendonca.pdf Tancredo de Almeida Neves. In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tancredo_Neves