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A UU AL
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                  A reviravolta russa


                                 N   esta aula vamos estudar as origens da crise
econômica e as razões da desestruturação política da União Soviética.
    Vamos estudar também as principais mudanças ocorridas após a crise de
dezembro de 1991 e avaliar a atual importância econômica e política da Comu-
nidade dos Estados Independentes (CEI ).




     Rosa mostra a Ana sua proposta de abertura para um caderno especial
sobre a ex-União Soviética. A manchete que ela sugere é: Rússia ainda controla
as ex-repúblicas . Destacaria o fortalecimento político da Rússia, a principal
república da CEI.
     Ana gosta da idéia, mas comenta que a proposta lembra a divisão da Guerra
Fria, uma idéia muito velha nesses tempos de economia globalizada.
     As duas, buscando uma solução melhor, mergulharam no noticiário recebi-
do das agências internacionais.
     Ana sugere Revolta na Chechênia , um artigo que analisa o movimento
separatista que se instalou no território russo e que já dura três anos.
     Mas as duas concluem que a idéia, apesar de sugestiva, ficaria muito
limitada.
     - Achei! - diz Rosa. - Podemos abrir nosso caderno especial com um artigo
chamado Um confronto entre potências nucleares . É uma análise da divisão do
poder nuclear soviético entre Rússia, Ucrânia e Cazaquistão, mostrando as
tensões existentes entre os três países e as possibilidades de conflito entre eles.
Pelo poder de fogo dos três, acho que é um bom assunto - completa.
     Ana encontrou uma notícia muito boa sob o título Futuro incerto para as
cinco mulçumanas . O artigo, excelente, fazia uma avaliação sobre as cinco
repúblicas muçulmanas da Ásia Central e as incertezas políticas que as amea-
çam. E o título estava ótimo...
     Mas, no fim, as duas acabam optando por O Império contra-ataca . É um
artigo que analisa as questões econômicas e políticas que envolvem a Rússia e os
seus parceiros da CEI. O artigo traz um mapa bem ilustrativo, e o título atrairia
facilmente os leitores.
A U L A        O período de tensão da Guerra Fria marcou a ordem mundial do final da
          Segunda Guerra Mundial até 1990. A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

45        (URSS) tinha sido o centro do bloco socialista e constituiu um poderoso conjunto
          econômico-político antagônico ao Ocidente.
               Em 1989, com a queda do muro de Berlim, que era um dos símbolos da
          divisão leste-oeste, o império soviético começou a se desintegrar . A “cortina de
          ferro”, que dividia a Europa em dois blocos, não tinha mais razão se existir.
               A União Soviética desapareceu em dezembro de 1991. O presidente Mikhail
          Gorbachev se demitiu. A bandeira vermelha com a foice e o martelo foi retirada
          do alto do Kremlin e substituída pela bandeira branca, azul e vermelha que havia
          sido, até 1917, o símbolo da Rússia czarista. O Partido Comunista perdeu a
          hegemonia das decisões e a “união” se desestruturou diante dos movimentos
          nacionalistas.
               A herdeira da União Soviética é a Rússia, que adota cada vez mais o modelo
          ocidental, estimulando a economia de mercado e a democracia parlamentar.
               O processo de expansão territorial, iniciado pelos russos que habitavam
          as florestas da região de Moscou, foi incorporando novas áreas até atingir
          as montanhas localizadas ao sul, as margens do Ártico, ao norte, e do
          Pacífico, a leste.
               A imensidão do território foi um dos fundamentos do império russo e
          também da União Soviética. Mas, bloqueado pelas águas congeladas do Ártico
          e do Pacífico e pelo arco montanhoso ao sul, o espaço russo foi sempre marcado
          pelo isolamento. A saída para as águas livres do gelo foi uma obsessão tanto dos
          czares quanto das lideranças soviéticas.
               A história da Rússia e da União Soviética é feita de avanços e recuos na
          direção do Ocidente, isto é, da Europa. A maior expansão ocorreu a partir de
          1945, quando a “cortina de ferro” dividia a Alemanha e marcava o limite da
          expansão soviética para oeste.
               A partir de 1989, a reunificação da Alemanha, a redemocratização dos países
          do Leste europeu e a saída das três repúblicas bálticas (Lituânia, Letônia e
          Estônia) da União Soviética marcaram o recuo da influência russa.
               O espaço russo, de dimensões continentais, está situado, na sua maior parte,
          em latitudes elevadas. Em conseqüência de sua localização, ele é dominado por
          um clima frio rigoroso. As temperaturas permanecem abaixo de zero por vários
          meses ,e uma espessa camada de neve recobre todo o território.
               O frio do inverno congela a água do solo, impede a agricultura em grande
          parte do território e bloqueia o escoamento das águas dos rios durante vários
          meses. A camada de neve que recobre grande parte do território nesse período
          dificulta, também, a circulação dos homens.
               Outro traço característico do espaço russo é a imensidão das áreas planas. As
          vastas planícies e o planalto siberiano cobrem mais de 80% da área total.
               Esse relevo quase horizontal, cortado por rios gigantescos, é limitado ao sul
          por um arco montanhoso que, em alguns pontos, ultrapassa 7.000 metros de
          altitude.
               As diferenças marcantes entre uma região e outra são dadas pelas condições
          bioclimáticas. Segundo a posição em latitude e no sentido norte-sul, sucedem-se
          diferentes formações vegetais:
          · a tundra é a vegetação das regiões árticas;
          · a taiga é uma floresta aberta, com pequeno número de espécies;
          · a estepe é uma vegetação rasteira que ocorre em áreas de solos muito férteis;
          · no interior do território, à medida que as chuvas se tornam muito raras, passa
               a predominar a vegetação do deserto
                                               deserto.
A U L A


                                                                                   45




    O território russo tem recursos minerais e energéticos excepcionais. Mas
grande parte desses recursos está localizada a leste, principalmente na Sibéria,
muito distante dos mercados de consumo, situados na parte ocidental.
    A utilização desses recursos é um grande desafio, porque vai exigir pesados
investimentos na compra de equipamentos que permitam a extração e na
construção de estradas e dutos que tornem possível o escoamento da produção.

                                                     A antiga denominação
                                                 União Soviética indicava o
                                                 conjunto de quinze repúblicas
                                                 que tinham o mesmo regime
                                                 econômico, social e político.
                                                 Embora houvesse um predo-
                                                 mínio do grupo eslavo, os gru-
                                                 pos minoritários não-eslavos
                                                 eram respeitados.

     Com a desestruturação política da União Soviética, os movimentos naciona-
listas afloraram e, em 1991, as repúblicas proclamaram-se independentes. Algu-
mas ficaram fora da Comunidade dos Estados Independentes (CEI), que se
constituiu a seguir.
     Dos 285 milhões de habitantes da antiga União Soviética, aproximadamen-
te 200 milhões vivem na parte ocidental do território. Na parte siberiana, onde
o clima é mais rigoroso, a população se concentra ao longo dos eixos de
circulação e nas cidades pioneiras surgidas com a mineração ou a exploração
de petróleo.
A U L A       Devido à acelerada industrialização, principalmente após a Segunda Guerra
          Mundial, a população rural diminuiu muito: hoje, mais de 80% da população

45        vivem nas cidades. As migrações internas, que antes eram direcionadas pelos
          interesses e necessidades do planejamento centralizado, hoje se realizam
          segundo as necessidades da economia de mercado.
              Os problemas da geografia do trabalho permanecem. Há excedentes de
          mão-de-obra nas regiões econômicas da parte ocidental, enquanto na Sibéria
          há falta de mão-de-obra. Mas o fato mais grave é o declínio da produtividade
          do trabalho nos últimos trinta anos.
              Em grande parte, as reformas econômicas iniciadas por Gorbachev procu-
          ravam resolver esse problema. Mas a transição para uma economia de mercado
          mais eficiente, com adoção de técnicas mais avançadas de produção e conse-
          qüente aumento da produtividade do trabalho, significou um aumento do
          desemprego.

              A agricultura soviética dobrou sua produção entre 1945 e 1965. Mas, de
          1970 a 1990, ela cresceu mais lentamente, mesmo tendo sido beneficiada com
          35% de todos os recursos aplicados na economia.
              A explicação para esse fraco desempenho pode ser dada pelo baixo
          rendimento das fazendas estatais e pela ineficiência das máquinas utilizadas.
              As tentativas de mudanças surgidas na agricultura entre 1990 e 1991, que
          possibilitavam a propriedade privada da terra, não tiveram êxito. Os campo-
          neses resistiram às mudanças.
              Naquele momento, as grandes cidades viveram uma crise de abastecimen-
          to. As “máfias” que se organizaram após 1990, aproveitando-se da crise,
          estocaram grande quantidade de alimentos e os negociavam, no mercado
          negro, com grandes lucros.
              O setor industrial também viveu uma situação de crise, porque as
          reformas empreendidas não mudaram em profundidade a organização her-
          dada dos planos quinqüenais. A União Soviética, em alguns momentos da
          Guerra Fria, realizou excepcionais proezas tecnológicas, principalmente na
          pesquisa espacial e na corrida armamentista. Mas o setor industrial, eficiente
          quando atendia à economia de guerra, mostrava-se incapaz de atender às
          necessidades de bens de consumo da população e de competir na economia
          globalizada.

              A produção industrial soviética era realizada por duas estruturas dife-
          rentes: de um lado, o complexo industrial-militar, que empregava 15 milhões
          de assalariados e era responsável por 60% do valor da produção industrial.
          Além dos armamentos, esse setor era responsável pelos produtos de alta
          tecnologia.
              De outro lado havia o setor voltado para o atendimento do mercado
          interno. O atraso dos procedimentos de fabricação, a irregularidade de
          abastecimento de matérias-primas e energia, o desestímulo da mão-de-obra,
          entre outros problemas, davam origem a produtos de qualidade inferior.
              As reformas realizadas antes da chegada de Gorbachev ao poder não
          tinham abalado os fundamentos do sistema industrial: planificação centraliza-
          da, fixação dos preços e controle do mercado.
              As mudanças adotadas em 1986 - a perestroika , palavra russa que
          significa abertura - foram profundas: previam um novo papel das empresas
          nos planos de desenvolvimento, uma lei que permitia o surgimento de coope-
          rativas privadas de prestação de serviços e um programa de privatização.
A “terapia de choque” adotada em 1991 - preços liberados, aceleração das         A U L A
privatizações, reestruturação de setores inteiros da economia com a participação
de capital externo - provocou uma queda de 30% na produção e desempregou
30 milhões de trabalhadores. A União Soviética enfrentou a partir daí uma            45
profunda crise social.
    Quebrar a inércia do sistema industrial, até então isolado do mercado
mundial, introduzir os princípios de produção flexível e a necessidade de
inovação tecnológica passaram a ser os objetivos das reformas. Mas tudo isso é
uma tarefa de longo prazo...
    Se o desastre do setor industrial em matéria de produção é evidente, os
grandes conjuntos industriais herdados da União Soviética, particularmente na
Rússia, dispõem de um enorme potencial.




    As fronteiras da CEI com a Europa ainda estão mal-definidas. A Ucrânia e
a Bielorrússia se uniram à Rússia e formaram a União Eslava, que é o núcleo
básico da CEI, mas as três repúblicas do Báltico tornaram-se independentes.
    Os três países bálticos são apresentados como a vitrine desenvolvida da ex-
União Soviética. Possuem base industrial de alto nível técnico, mão-de-obra
qualificada e boa infra-estrutura.

    Os investimentos de capital externo podem liberar os países bálticos da
dependência da Rússia, da qual eles recebem matérias-primas e energia. Isso
poderia transformar a Letônia, a Estônia e a Lituânia em “tigres europeus”.
    Na fronteira ao sul, na região do Cáucaso, vivem numerosos grupos étnicos
que, a partir da desarticulação do poder central soviético, assumiram posições
nacionalistas e independentes. A Geórgia, a Armênia e o Azerbaijão vivem hoje
um clima de tensão que reacende ódios e divergências muito antigas.
    Na Geórgia, um nacionalismo extremado despertou velhos demônios. A
república não aceitou participar da CEI, em 1991, tornando-se independente.
Seguiram-se violentas lutas separatistas, por razões religiosas, e a instabilidade
política generalizou-se.
A U L A                     O Azerbaijão volta-se cada vez mais para a Ásia Central muçulmana. Partici-
                            pou da Conferência Islâmica, em 1991, e sua população, majoritariamente xiita,

     45                     identifica-se cada vez mais com os movimentos religiosos fundamentalistas do Irã.
                                 No Azerbaijão, na bacia do mar Cáspio, são encontradas grandes reservas de
                            petróleo, mas os equipamentos e métodos de produção são ultrapassados.
                                 A abertura para os investimentos de capital externo pode revitalizar a
                            produção, transformando o Azerbaijão, em futuro próximo, num grande produ-
                            tor de petróleo. A partir daí, sua importância econômica e os movimentos xiitas
                            poderiam complicar mais o quadro político do Cáucaso.
                                 Na Ásia Central, os elementos unificadores são a religião islâmica e o mesmo
                            sentimento de rejeição ao colonialismo russo, seja ele czarista ou soviético. A
                            adesão das cinco repúblicas da Ásia Central à CEI não diminui as incertezas em
                            relação ao futuro. Na Ásia Central, os movimentos antieslavos se multiplicam e
                            as manifestações religiosas fundamentalistas pregam um retorno ao islamismo.
                            A intervenção russa na Chechênia é uma tentativa de controlar a região, cujo
                            projeto político oscila entre a unidade e a fragmentação.
                                 As repúblicas da Ásia Central formavam uma periferia econômica dentro da
                            União Soviética. Suas funções essenciais eram fornecer matérias-primas às
                            repúblicas mais desenvolvidas e consumir produtos industrializados. A rede de
                            transportes instalada na região viabilizava essa relação de dependência.
                                 Mesmo participando da CEI, as repúblicas da Ásia procuram novos parcei-
                            ros, como o Paquistão e o Irã. O Cazaquistão é a mais importante república da
                            Ásia Central, graças às novas áreas agrícolas e à instalação de indústrias. Tem
                            também posição estratégica destacada, devido à base espacial de Baikonur e a
                            uma área de testes nucleares.


                                                               O Império contra-ataca
                            Ucrânia: Além da         Bielorrúsia: Os comandos militares dos
                            disputa pela Criméia e   dois países assinaram acordo para
                            pela Frota do Mar        “coordenar as ações” nas suas fronteiras
                            Negro, agora a Rússia    com a Ucrânia e realizar manobras
                            quer assumir o           militares visando a defesa dessas                        Estônia: A Rússia
                            controle de oleodutos    fronteiras e das com a Polônia, Letônia e                está demarcando
                            e gasodutos que          Litânia, que também podem ser incluídas                  a fronteira
Moldávia: A Rússia          atravessam o país. A     na área de “ações coordenadas”.                          comum, mas está
exige a concessão de        Ucrânia exige que a                                                               incluindo 2 mil
dupla cidadania aos         Rússia abra mão de                                                                km2 de territórios
cidadãos de origem          suas reivindicações                                                               anexados depois
russa para ratificar um     territoriais; Moscou                                                              da ocupação
tratado de 1990 em          resiste.                                                                          soviética, em
que reconheceu a                                                                                              1940.
integridade do território
moldavo.                                                                       Rússia


                    Geórgia: A Rússia não
                    reconhece as fronteiras
                    enquanto não forem
                    resolvidos os conflitos
                    separatistas.
                                                                                                 Cazaquistão, Turcomenistão,
                                      Armênia: Um acordo                                         Tajiquistão, Quirguistão e
                                      garantindo a manuten-          Azerbaijão: A Rússia        Uzbequistão: A Rússia se
                                      ção das bases russas           não aceita a exploração     considera no direito de garantir
                                      no país está para ser          do petróleo azerbaijano     a segurança das ex-repúblicas
                                      assinado. Baseiam-se           por um consórcio            soviéticas da Ásia Central. As
                                      na submissão                   ocidental e propõe um       repúblicas também se mantêm
                                      econômica, comercial           acordo sobre o “uso         dependentes economicamente.
                                      e militar armênia.             conjunto” das reservas.
Antes da constituição da Comunidade dos Estados Independentes (CEI), a         A U L A
União Soviética era uma potência em dificuldades. Sua economia apresentava
três bloqueios: a baixa produtividade, a ineficiência dos serviços e uma crônica
crise de abastecimento.                                                             45
    Essas dificuldades eram justificadas pela estrutura da planificação centrali-
zada. As reformas propostas pela perestroika procuraram mudar o sistema que
não funcionava mais, mas a privatização e a desregulamentação multiplicaram
as dificuldades, e a União Soviética se desestruturou.

   Em dezembro de 1991, onze das quinze repúblicas da ex-URSS constituíram
a CEI. Cada república é soberana, mas aceita manter numerosas formas de
cooperação.

    A Rússia é a principal herdeira do gigantismo soviético. Enquanto as
repúblicas a oeste tornaram-se independentes, as da fronteira sul têm futuro
incerto, porque no Cáucaso os nacionalismos são uma ameaça à estabilidade.




Exercício 1
   Apresente duas limitações na utilização do território russo que sejam
   decorrentes da sua posição em latitude.


Exercício 2
   Cite duas mudanças propostas pela perestroika para a economia soviética.


Exercício 3
   Assinale com F as afirmativas falsas e com V as verdadeiras:

    ( ) O continente russo está bloqueado pelas águas congeladas do Ártico
        e do Pacífico e pelo arco montanhoso que se estende, no sentido oeste-
        leste, na fronteira sul.

    ( ) O inverno russo é o período da imobilização da vida das plantas, da
        angústia dos animais à procura de alimento e da longa espera dos
        homens.

    ( ) Os movimentos nacionalistas que afloraram em 1991 mostravam a
        estabilidade da organização política da União Soviética.

    ( ) A Sibéria permanece como uma “fronteira de recursos”; seu aprovei-
        tamento vai depender de investimentos na construção de estradas e
        dutos e também em equipamentos.


Exercício 4
   Apresente duas características da economia soviética. Compare-as com as
   da Rússia pós-1991.

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  • 1. A UU AL A L A 45 45 A reviravolta russa N esta aula vamos estudar as origens da crise econômica e as razões da desestruturação política da União Soviética. Vamos estudar também as principais mudanças ocorridas após a crise de dezembro de 1991 e avaliar a atual importância econômica e política da Comu- nidade dos Estados Independentes (CEI ). Rosa mostra a Ana sua proposta de abertura para um caderno especial sobre a ex-União Soviética. A manchete que ela sugere é: Rússia ainda controla as ex-repúblicas . Destacaria o fortalecimento político da Rússia, a principal república da CEI. Ana gosta da idéia, mas comenta que a proposta lembra a divisão da Guerra Fria, uma idéia muito velha nesses tempos de economia globalizada. As duas, buscando uma solução melhor, mergulharam no noticiário recebi- do das agências internacionais. Ana sugere Revolta na Chechênia , um artigo que analisa o movimento separatista que se instalou no território russo e que já dura três anos. Mas as duas concluem que a idéia, apesar de sugestiva, ficaria muito limitada. - Achei! - diz Rosa. - Podemos abrir nosso caderno especial com um artigo chamado Um confronto entre potências nucleares . É uma análise da divisão do poder nuclear soviético entre Rússia, Ucrânia e Cazaquistão, mostrando as tensões existentes entre os três países e as possibilidades de conflito entre eles. Pelo poder de fogo dos três, acho que é um bom assunto - completa. Ana encontrou uma notícia muito boa sob o título Futuro incerto para as cinco mulçumanas . O artigo, excelente, fazia uma avaliação sobre as cinco repúblicas muçulmanas da Ásia Central e as incertezas políticas que as amea- çam. E o título estava ótimo... Mas, no fim, as duas acabam optando por O Império contra-ataca . É um artigo que analisa as questões econômicas e políticas que envolvem a Rússia e os seus parceiros da CEI. O artigo traz um mapa bem ilustrativo, e o título atrairia facilmente os leitores.
  • 2. A U L A O período de tensão da Guerra Fria marcou a ordem mundial do final da Segunda Guerra Mundial até 1990. A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas 45 (URSS) tinha sido o centro do bloco socialista e constituiu um poderoso conjunto econômico-político antagônico ao Ocidente. Em 1989, com a queda do muro de Berlim, que era um dos símbolos da divisão leste-oeste, o império soviético começou a se desintegrar . A “cortina de ferro”, que dividia a Europa em dois blocos, não tinha mais razão se existir. A União Soviética desapareceu em dezembro de 1991. O presidente Mikhail Gorbachev se demitiu. A bandeira vermelha com a foice e o martelo foi retirada do alto do Kremlin e substituída pela bandeira branca, azul e vermelha que havia sido, até 1917, o símbolo da Rússia czarista. O Partido Comunista perdeu a hegemonia das decisões e a “união” se desestruturou diante dos movimentos nacionalistas. A herdeira da União Soviética é a Rússia, que adota cada vez mais o modelo ocidental, estimulando a economia de mercado e a democracia parlamentar. O processo de expansão territorial, iniciado pelos russos que habitavam as florestas da região de Moscou, foi incorporando novas áreas até atingir as montanhas localizadas ao sul, as margens do Ártico, ao norte, e do Pacífico, a leste. A imensidão do território foi um dos fundamentos do império russo e também da União Soviética. Mas, bloqueado pelas águas congeladas do Ártico e do Pacífico e pelo arco montanhoso ao sul, o espaço russo foi sempre marcado pelo isolamento. A saída para as águas livres do gelo foi uma obsessão tanto dos czares quanto das lideranças soviéticas. A história da Rússia e da União Soviética é feita de avanços e recuos na direção do Ocidente, isto é, da Europa. A maior expansão ocorreu a partir de 1945, quando a “cortina de ferro” dividia a Alemanha e marcava o limite da expansão soviética para oeste. A partir de 1989, a reunificação da Alemanha, a redemocratização dos países do Leste europeu e a saída das três repúblicas bálticas (Lituânia, Letônia e Estônia) da União Soviética marcaram o recuo da influência russa. O espaço russo, de dimensões continentais, está situado, na sua maior parte, em latitudes elevadas. Em conseqüência de sua localização, ele é dominado por um clima frio rigoroso. As temperaturas permanecem abaixo de zero por vários meses ,e uma espessa camada de neve recobre todo o território. O frio do inverno congela a água do solo, impede a agricultura em grande parte do território e bloqueia o escoamento das águas dos rios durante vários meses. A camada de neve que recobre grande parte do território nesse período dificulta, também, a circulação dos homens. Outro traço característico do espaço russo é a imensidão das áreas planas. As vastas planícies e o planalto siberiano cobrem mais de 80% da área total. Esse relevo quase horizontal, cortado por rios gigantescos, é limitado ao sul por um arco montanhoso que, em alguns pontos, ultrapassa 7.000 metros de altitude. As diferenças marcantes entre uma região e outra são dadas pelas condições bioclimáticas. Segundo a posição em latitude e no sentido norte-sul, sucedem-se diferentes formações vegetais: · a tundra é a vegetação das regiões árticas; · a taiga é uma floresta aberta, com pequeno número de espécies; · a estepe é uma vegetação rasteira que ocorre em áreas de solos muito férteis; · no interior do território, à medida que as chuvas se tornam muito raras, passa a predominar a vegetação do deserto deserto.
  • 3. A U L A 45 O território russo tem recursos minerais e energéticos excepcionais. Mas grande parte desses recursos está localizada a leste, principalmente na Sibéria, muito distante dos mercados de consumo, situados na parte ocidental. A utilização desses recursos é um grande desafio, porque vai exigir pesados investimentos na compra de equipamentos que permitam a extração e na construção de estradas e dutos que tornem possível o escoamento da produção. A antiga denominação União Soviética indicava o conjunto de quinze repúblicas que tinham o mesmo regime econômico, social e político. Embora houvesse um predo- mínio do grupo eslavo, os gru- pos minoritários não-eslavos eram respeitados. Com a desestruturação política da União Soviética, os movimentos naciona- listas afloraram e, em 1991, as repúblicas proclamaram-se independentes. Algu- mas ficaram fora da Comunidade dos Estados Independentes (CEI), que se constituiu a seguir. Dos 285 milhões de habitantes da antiga União Soviética, aproximadamen- te 200 milhões vivem na parte ocidental do território. Na parte siberiana, onde o clima é mais rigoroso, a população se concentra ao longo dos eixos de circulação e nas cidades pioneiras surgidas com a mineração ou a exploração de petróleo.
  • 4. A U L A Devido à acelerada industrialização, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, a população rural diminuiu muito: hoje, mais de 80% da população 45 vivem nas cidades. As migrações internas, que antes eram direcionadas pelos interesses e necessidades do planejamento centralizado, hoje se realizam segundo as necessidades da economia de mercado. Os problemas da geografia do trabalho permanecem. Há excedentes de mão-de-obra nas regiões econômicas da parte ocidental, enquanto na Sibéria há falta de mão-de-obra. Mas o fato mais grave é o declínio da produtividade do trabalho nos últimos trinta anos. Em grande parte, as reformas econômicas iniciadas por Gorbachev procu- ravam resolver esse problema. Mas a transição para uma economia de mercado mais eficiente, com adoção de técnicas mais avançadas de produção e conse- qüente aumento da produtividade do trabalho, significou um aumento do desemprego. A agricultura soviética dobrou sua produção entre 1945 e 1965. Mas, de 1970 a 1990, ela cresceu mais lentamente, mesmo tendo sido beneficiada com 35% de todos os recursos aplicados na economia. A explicação para esse fraco desempenho pode ser dada pelo baixo rendimento das fazendas estatais e pela ineficiência das máquinas utilizadas. As tentativas de mudanças surgidas na agricultura entre 1990 e 1991, que possibilitavam a propriedade privada da terra, não tiveram êxito. Os campo- neses resistiram às mudanças. Naquele momento, as grandes cidades viveram uma crise de abastecimen- to. As “máfias” que se organizaram após 1990, aproveitando-se da crise, estocaram grande quantidade de alimentos e os negociavam, no mercado negro, com grandes lucros. O setor industrial também viveu uma situação de crise, porque as reformas empreendidas não mudaram em profundidade a organização her- dada dos planos quinqüenais. A União Soviética, em alguns momentos da Guerra Fria, realizou excepcionais proezas tecnológicas, principalmente na pesquisa espacial e na corrida armamentista. Mas o setor industrial, eficiente quando atendia à economia de guerra, mostrava-se incapaz de atender às necessidades de bens de consumo da população e de competir na economia globalizada. A produção industrial soviética era realizada por duas estruturas dife- rentes: de um lado, o complexo industrial-militar, que empregava 15 milhões de assalariados e era responsável por 60% do valor da produção industrial. Além dos armamentos, esse setor era responsável pelos produtos de alta tecnologia. De outro lado havia o setor voltado para o atendimento do mercado interno. O atraso dos procedimentos de fabricação, a irregularidade de abastecimento de matérias-primas e energia, o desestímulo da mão-de-obra, entre outros problemas, davam origem a produtos de qualidade inferior. As reformas realizadas antes da chegada de Gorbachev ao poder não tinham abalado os fundamentos do sistema industrial: planificação centraliza- da, fixação dos preços e controle do mercado. As mudanças adotadas em 1986 - a perestroika , palavra russa que significa abertura - foram profundas: previam um novo papel das empresas nos planos de desenvolvimento, uma lei que permitia o surgimento de coope- rativas privadas de prestação de serviços e um programa de privatização.
  • 5. A “terapia de choque” adotada em 1991 - preços liberados, aceleração das A U L A privatizações, reestruturação de setores inteiros da economia com a participação de capital externo - provocou uma queda de 30% na produção e desempregou 30 milhões de trabalhadores. A União Soviética enfrentou a partir daí uma 45 profunda crise social. Quebrar a inércia do sistema industrial, até então isolado do mercado mundial, introduzir os princípios de produção flexível e a necessidade de inovação tecnológica passaram a ser os objetivos das reformas. Mas tudo isso é uma tarefa de longo prazo... Se o desastre do setor industrial em matéria de produção é evidente, os grandes conjuntos industriais herdados da União Soviética, particularmente na Rússia, dispõem de um enorme potencial. As fronteiras da CEI com a Europa ainda estão mal-definidas. A Ucrânia e a Bielorrússia se uniram à Rússia e formaram a União Eslava, que é o núcleo básico da CEI, mas as três repúblicas do Báltico tornaram-se independentes. Os três países bálticos são apresentados como a vitrine desenvolvida da ex- União Soviética. Possuem base industrial de alto nível técnico, mão-de-obra qualificada e boa infra-estrutura. Os investimentos de capital externo podem liberar os países bálticos da dependência da Rússia, da qual eles recebem matérias-primas e energia. Isso poderia transformar a Letônia, a Estônia e a Lituânia em “tigres europeus”. Na fronteira ao sul, na região do Cáucaso, vivem numerosos grupos étnicos que, a partir da desarticulação do poder central soviético, assumiram posições nacionalistas e independentes. A Geórgia, a Armênia e o Azerbaijão vivem hoje um clima de tensão que reacende ódios e divergências muito antigas. Na Geórgia, um nacionalismo extremado despertou velhos demônios. A república não aceitou participar da CEI, em 1991, tornando-se independente. Seguiram-se violentas lutas separatistas, por razões religiosas, e a instabilidade política generalizou-se.
  • 6. A U L A O Azerbaijão volta-se cada vez mais para a Ásia Central muçulmana. Partici- pou da Conferência Islâmica, em 1991, e sua população, majoritariamente xiita, 45 identifica-se cada vez mais com os movimentos religiosos fundamentalistas do Irã. No Azerbaijão, na bacia do mar Cáspio, são encontradas grandes reservas de petróleo, mas os equipamentos e métodos de produção são ultrapassados. A abertura para os investimentos de capital externo pode revitalizar a produção, transformando o Azerbaijão, em futuro próximo, num grande produ- tor de petróleo. A partir daí, sua importância econômica e os movimentos xiitas poderiam complicar mais o quadro político do Cáucaso. Na Ásia Central, os elementos unificadores são a religião islâmica e o mesmo sentimento de rejeição ao colonialismo russo, seja ele czarista ou soviético. A adesão das cinco repúblicas da Ásia Central à CEI não diminui as incertezas em relação ao futuro. Na Ásia Central, os movimentos antieslavos se multiplicam e as manifestações religiosas fundamentalistas pregam um retorno ao islamismo. A intervenção russa na Chechênia é uma tentativa de controlar a região, cujo projeto político oscila entre a unidade e a fragmentação. As repúblicas da Ásia Central formavam uma periferia econômica dentro da União Soviética. Suas funções essenciais eram fornecer matérias-primas às repúblicas mais desenvolvidas e consumir produtos industrializados. A rede de transportes instalada na região viabilizava essa relação de dependência. Mesmo participando da CEI, as repúblicas da Ásia procuram novos parcei- ros, como o Paquistão e o Irã. O Cazaquistão é a mais importante república da Ásia Central, graças às novas áreas agrícolas e à instalação de indústrias. Tem também posição estratégica destacada, devido à base espacial de Baikonur e a uma área de testes nucleares. O Império contra-ataca Ucrânia: Além da Bielorrúsia: Os comandos militares dos disputa pela Criméia e dois países assinaram acordo para pela Frota do Mar “coordenar as ações” nas suas fronteiras Negro, agora a Rússia com a Ucrânia e realizar manobras quer assumir o militares visando a defesa dessas Estônia: A Rússia controle de oleodutos fronteiras e das com a Polônia, Letônia e está demarcando e gasodutos que Litânia, que também podem ser incluídas a fronteira Moldávia: A Rússia atravessam o país. A na área de “ações coordenadas”. comum, mas está exige a concessão de Ucrânia exige que a incluindo 2 mil dupla cidadania aos Rússia abra mão de km2 de territórios cidadãos de origem suas reivindicações anexados depois russa para ratificar um territoriais; Moscou da ocupação tratado de 1990 em resiste. soviética, em que reconheceu a 1940. integridade do território moldavo. Rússia Geórgia: A Rússia não reconhece as fronteiras enquanto não forem resolvidos os conflitos separatistas. Cazaquistão, Turcomenistão, Armênia: Um acordo Tajiquistão, Quirguistão e garantindo a manuten- Azerbaijão: A Rússia Uzbequistão: A Rússia se ção das bases russas não aceita a exploração considera no direito de garantir no país está para ser do petróleo azerbaijano a segurança das ex-repúblicas assinado. Baseiam-se por um consórcio soviéticas da Ásia Central. As na submissão ocidental e propõe um repúblicas também se mantêm econômica, comercial acordo sobre o “uso dependentes economicamente. e militar armênia. conjunto” das reservas.
  • 7. Antes da constituição da Comunidade dos Estados Independentes (CEI), a A U L A União Soviética era uma potência em dificuldades. Sua economia apresentava três bloqueios: a baixa produtividade, a ineficiência dos serviços e uma crônica crise de abastecimento. 45 Essas dificuldades eram justificadas pela estrutura da planificação centrali- zada. As reformas propostas pela perestroika procuraram mudar o sistema que não funcionava mais, mas a privatização e a desregulamentação multiplicaram as dificuldades, e a União Soviética se desestruturou. Em dezembro de 1991, onze das quinze repúblicas da ex-URSS constituíram a CEI. Cada república é soberana, mas aceita manter numerosas formas de cooperação. A Rússia é a principal herdeira do gigantismo soviético. Enquanto as repúblicas a oeste tornaram-se independentes, as da fronteira sul têm futuro incerto, porque no Cáucaso os nacionalismos são uma ameaça à estabilidade. Exercício 1 Apresente duas limitações na utilização do território russo que sejam decorrentes da sua posição em latitude. Exercício 2 Cite duas mudanças propostas pela perestroika para a economia soviética. Exercício 3 Assinale com F as afirmativas falsas e com V as verdadeiras: ( ) O continente russo está bloqueado pelas águas congeladas do Ártico e do Pacífico e pelo arco montanhoso que se estende, no sentido oeste- leste, na fronteira sul. ( ) O inverno russo é o período da imobilização da vida das plantas, da angústia dos animais à procura de alimento e da longa espera dos homens. ( ) Os movimentos nacionalistas que afloraram em 1991 mostravam a estabilidade da organização política da União Soviética. ( ) A Sibéria permanece como uma “fronteira de recursos”; seu aprovei- tamento vai depender de investimentos na construção de estradas e dutos e também em equipamentos. Exercício 4 Apresente duas características da economia soviética. Compare-as com as da Rússia pós-1991.