O documento discute o uso de estruturas substantivas em textos para marcar o nível de comprometimento do enunciador. Explica que substantivos representam uma verdade objetiva enquanto adjetivos refletem um julgamento de valor. Oferece exemplos de como substituir expressões substantivas por orações para variar o estilo do texto.
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04 - Estruturas com valor substantivo + exercícios
1. EMPREGO DE ESTRUTURAS DE VALOR SUBSTANTIVO
Ao estudarmos os textos objetivos e subjetivos, observamos que o uso da terceira pessoa no texto
objetivo pretende passar uma neutralidade discursiva e que o texto subjetivo, marcando lingüisticamente a
primeira pessoa, revela um enunciador que se compromete diretamente com o que está escrito. Entretanto, não
é apenas assim que podemos marcar lingüisticamente o nível de comprometimento do enunciador com o que se
está dizendo. O uso predominante de substantivo ou de adjetivos indica maior ou menor comprometimento
explícito do enunciador, mesmo num texto objetivo ou subjetivo. Relembramos, grosso modo, as definições de
substantivo e de adjetivo:
Substantivo é a palavra que dá nome aos seres, animados e inanimados, concretos ou abstratos.
Adjetivo é a palavra que caracteriza os seres ou os objetos nomeados pelo substantivo, indicando-
lhes uma qualidade, caráter, modo de ser ou estado.
Se o substantivo dá nome às coisas, quando ele é usado, representa a reprodução de uma verdade, ainda
que seja a verdade do enunciador. Já o adjetivo, quando usado, representa um julgamento de valor do
enunciador, porque mostra quais são as características que ele observa e atribui àquele ser.
Observe as duas frases:
Os garçons do bar são simpáticos e isso conquista os fregueses.
A simpatia dos garçons do bar conquista os fregueses.
Na primeira frase, o uso do adjetivo marca uma opinião explícita do enunciador, que considera os
garçons simpáticos; na segunda, o uso do substantivo mostra que essa característica do enunciador não existe
porque ele a considera e sim “ganha vida” no substantivo, porque os garçons de fato são assim.
Observando as notícias e a maioria dos textos informativos, é possível perceber que o uso de adjetivos é
limitado, especialmente nos jornais, restringindo-se a adjetivos que determinam características físicas (homem
alto, menina branca, suspeito negro, carro preto) ou tentam evitar declarações incisivas (possível suspeita,
provável desvio de dinheiro).
Dessa forma, como os substantivos “dão nome às coisas”, o seu uso imprime ao texto uma “cara de
verdade”, confiando-lhe uma isenção maior do que o excesso de adjetivos. Neste momento, estudaremos o
emprego de estruturas substantivas, mas não o substantivo em si, mas seu desmembramento em sintagmas e
orações para construir o texto.
Como os sintagmas substantivos ligam-se entre si por preposições, o acúmulo de preposições pode se
prejudicial para o fluxo do texto. Da mesma forma, o encadeamento de diferentes orações pode aumentar muito
o texto, tornando a leitura densa. Nesse caso, a transformação de algumas dessas estruturas em orações ou o
caminho contrário, dosando os dois elementos, pode dinamizar o enunciado e dirimir dúvidas. De qualquer
forma, no uso dos mecanismos de substituição de estruturas de valor substantivo prevalecem as razões de estilo,
o desejo de reduzir ou aumentar o tamanho da frase, a necessidade de evitar repetições.
Vejamos os exemplos abaixo:
O teu regresso é mais do que necessário. [sujeito]
É mais do que necessário regressares. [sujeito]
É mais do que necessário que regresses. [sujeito]
O nosso pronunciamento convém ao partido. [sujeito]
Convém ao partido nós nos pronunciarmos. [sujeito]
Convém ao partido que nos pronunciemos. [sujeito]
Colégio Pedro II - Unidade Tijuca II
Departamento de Língua Portuguesa
Coordenadora: Rosângela Abraão
Professoras: Vanessa, Patrícia e Andreia
2. Ele reiterou a confiança no grupo. [objeto direto]
Ele reiterou confiar no grupo. [objeto direto]
Ele reiterou que confia no grupo. [objeto direto]
Eles me encarregaram do combate ao tráfico. [objeto indireto]
Eles me encarregaram de combater o tráfico. [objeto indireto]
Eles me encarregaram (de) que eu combatesse o tráfico [objeto indireto]
Ele tem esperança na vitória do Brasil. [complemento nominal]
Ele tem esperança em o Brasil vencer. [complemento nominal]
Ele tem esperança (em) que o Brasil vença. [complemento nominal]
A única certeza é a nossa luta até o fim. [predicativo]
A única certeza é lutarmos até o fim. [predicativo]
A única certeza é que lutaremos até o fim. [predicativo]
Uma coisa me assusta em ti: o choro à toa. [aposto]
Uma coisa me assusta em ti: chorares à toa. [aposto]
Uma coisa me assusta em ti: choras à toa. [aposto]
Observe que cada grupo contém o mesmo tipo de substituição, ou seja, a de uma expressão sem verbo por
outras duas com verbo. Assim, a primeira frase de cada trinca contém só uma oração, enquanto a segunda e a
terceira contêm duas. A segunda frase emprega um verbo em forma nominal; a terceira emprega um verbo no
modo subjuntivo ou indicativo e uma conjunção "que" (exceto no caso da apositiva).
As três possibilidades são gramaticalmente corretas. Cabe ao usuário optar pela construção que lhe pareça a
mais adequada aos seus objetivos de redação.
EXERCÍCIOS:
l) Seguindo o modelo dos exemplos, reescreva as frases abaixo, substituindo os termos em destaque por orações
equivalentes: a primeira com verbo em forma nominal; a segunda com a conjunção "que")
a) É essencial o término das obras.
b) Está correta a decisão do governo contra a inflação.
c) Cabe a cada um de nós a obediência à lei.
d) É importante a tua participação no negócio.
e) Parece indispensável o seu comparecimento à reunião.
f) Urge o início imediato das conversações de paz na Palestina.
g) Nosso repórter confirmou o envio, para você, das matérias sobre a guerra.
h) Ninguém gostou do teu afastamento do cargo.
g) A adoção do procedimento padrão por todos convém à operação.
j) Tenho certeza da inocência de seu irmão.
k) Jamais a acusei de violação de propriedade.
1) A música alta garantia a permanência de todos acordados.
2) Leia com atenção o seguinte trecho da crônica de Nélida Pinon, intitulada "Duas Rainhas", publicada no
jornal O Dia de 11 de setembro de 1997.
Assistindo ao cortejo fúnebre da princesa Diana, recordo a doce Inês de Castro, a lendária heroína dos
Lusíadas, de Camões. De imediato busco unir as duas mulheres, separadas por séculos, cultura, língua e mitologia. De
um lado, Inês, amante do príncipe herdeiro de Portugal, posta em sossego às margens do rio Mondego, de acordo
com a visão do Poeta. A viver, por força do amor que dedica ao príncipe, naquele engano de alma, quase sempre
manso e distraído, que a fortuna não deixaria durar muito. Logo os acólitos do rei, temerosos da crescente
influência que a mulher exercia sobre o príncipe, convencem o rei a matá-la, como forma de interromper aquele
perigoso encantamento amoroso que ameaçava a hegemonia real.
3. A ordem cumpre-se na ausência de Pedro que, ao retornar, descobre-se viúvo de um imorredoiro amor,
enquanto jura vingança. Ao tornar-se rei, anos depois, desenterra Inês, instala seus restos mortais no trono, com
tal gesto querendo ungi-la depois de morta. E obriga os assassinos, antes de levá-los à morte, a reverenciar aquele
repugnante amontoado de ossos. Impõe-lhes o espetáculo macabro que pretendia corrigir os desmandos da História.
Do outro lado Diana que, por casamento com o príncipe herdeiro, chegou a ser princesa real. E que breve
descobre que Charles, contrário ao príncipe Pedro, não a amava, mas a outra mulher. Uma constatação que a
mergulha no desespero e na instabilidade, levando-a a perseguir o amor onde estivesse, a despeito de sucessivos
fracassos. Não tendo inscrito no peito, como Inês, um nome a quem prantear ao longo dos anos. (...)
Marque com um X as equivalências substantivas que são, morfológica e semanticamente, aplicáveis ao trecho
original.
a) busco unir as duas mulheres (linhas 2-3) = a união das duas mulheres,
b) convencem o rei a matá-la (unhas 8-9) = de sua morte,
c) querendo ungi-la depois de morta (Unhas 13-4) = sua unção depois de morta,
d) obriga os assassinos a reverenciar aquele repugnante amontoado de ossos (linhas 14-5) = à reverência diante
daquele repugnante amontoado de ossos,
e) o espetáculo macabro que pretendia corrigir os desmandos da História (linha 16) = a correção dos
desmandos da História,
f) descobre que Charles não a amava, mas a outra mulher (Unhas 18-9) = o amor de Charles não por ela, mas
por outra mulher,
g) levando-a a perseguir o amor onde estivesse (linha 20) = à perseguição do amor onde estivesse.
3) Reescreva o trecho abaixo desfazendo a expressão substantiva e substituindo-a por uma oração de mesmo
valor:
Logo os acólitos do rei, temerosos da crescente influência que a mulher exercia sobre o príncipe,
convencem o rei a matá-la. (linhas 7-9)
4) Observe este trecho:
como forma de interromper aquele perigoso encantamento amoroso
A estrutura substantiva sublinhada no trecho acima foi reescrita de diversas maneiras, sem levar em
conta o significado original. Complete a lacuna com a forma verbal adequada.
a) como forma de impedir que aquele amor ____________ perigosamente. (encantar)
b) como forma de impedir aquele perigoso amor de ____________. (encantar)
c) como forma de impedir que aquele perigoso encantamento ____________. (amar)
d) como forma de impedir aquele perigoso encantamento de ____________. (amar)
e) como forma de impedir que ____________ aquele encanto amoroso. (perigar)
f) como forma de impedir aquele amor encantado de ____________ (perigar)
4. GABARITO
l) Seguindo o modelo dos exemplos, reescreva as frases abaixo, substituindo os termos em destaque por orações
equivalentes: a primeira com verbo em forma nominal; a segunda com a conjunção "que")
a) É essencial QUE AS OBRAS TERMINEM.
b) Está correto O GOVERNO DECIDIR CONTRA A INFLAÇÃO.
c) Cabe a cada um de nós OBEDECER À LEI.
d) É importante QUE TU PARTICIPES NO NEGÓCIO.
e) Parece indispensável QUE VOCÊ COMPAREÇA À REUNIÃO.
f) Urge QUE SE INICIEM IMEDIATAMENTE AS CONVERSAÇÕES DE PAZ NA PALESTINA.
g) Nosso repórter confirmou QUE ENVIOU PARA VOCÊ AS MATÉRIAS SOBRE A GUERRA.
h) Ninguém gostou DE QUE TU TE AFASTASSES DO CARGO.
g) Convém à operação QUE TODOS ADOREM O PROCEDIMENTO PADRÃO.
j) Tenho certeza DE QUE SEU IRMÃO É INOCENTE.
k) Jamais a acusei DE VIOLAR PROPRIEDADE.
1) A música alta garantia QUE TODOS PERMANECESSEM ACORDADOS.
2) CORRETAS:
a) busco unir as duas mulheres (linhas 2-3) = a união das duas mulheres,
c) querendo ungi-la depois de morta (Unhas 13-4) = sua unção depois de morta,
d) obriga os assassinos a reverenciar aquele repugnante amontoado de ossos (linhas 14-5) = à reverência diante
daquele repugnante amontoado de ossos,
e) o espetáculo macabro que pretendia corrigir os desmandos da História (linha 16) = a correção dos
desmandos da História,
f) descobre que Charles não a amava, mas a outra mulher (Unhas 18-9) = o amor de Charles não por ela, mas
por outra mulher,
g) levando-a a perseguir o amor onde estivesse (linha 20) = à perseguição do amor onde estivesse.
3) Reescreva o trecho abaixo desfazendo a expressão substantiva e substituindo-a por uma oração de mesmo
valor:
Logo os acólitos do rei, temerosos da crescente influência que a mulher exercia sobre o príncipe,
convencem o rei a matá-la. (linhas 7-9)
Logo os acólitos do rei, temerosos de QUE CRESCESSE A INFLUÊNCIA que a mulher exercia sobre o
príncipe, convencem o rei a matá-la.
4) Observe este trecho
a) como forma de impedir que aquele amor ENCANTASSE perigosamente. (encantar)
b) como forma de impedir aquele perigoso amor de ENCANTAR (encantar)
c) como forma de impedir que aquele perigoso encantamento AMASSE (amar)
d) como forma de impedir aquele perigoso encantamento de AMAR (amar)
e) como forma de impedir que PERIGASSE aquele encanto amoroso. (perigar)
f) como forma de impedir aquele amor encantado de PERIGAR (perigar)