2. EuricoEurico o Presbíteroo Presbítero
Eu te vejo em meus sonhos de noites de atroz saudade:Eu te vejo em meus sonhos de noites de atroz saudade:
Mas, em meus sonhos ou desenhada no vapor doMas, em meus sonhos ou desenhada no vapor do
crepúsculo, tu não és para mim mais do que uma imagemcrepúsculo, tu não és para mim mais do que uma imagem
celestial; uma recordação indecifrável, um consolo e aocelestial; uma recordação indecifrável, um consolo e ao
mesmo tempo um martírio.mesmo tempo um martírio.
3. Apresentação do Autor:
Alexandre Herculano é autor da primeira geração do
Romantismo português. Erudito e crítico, teve grande
importância como historiador, pois sempre buscou ater-se à
verdade dos fatos. Consolidou o gênero romance histórico
em língua portuguesa. Como a maioria dos românticos,
dessa geração, explorou os temas medievais e revigorou a
prosa de ficção.
4. Dados biográficos do autor:Dados biográficos do autor:
Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo nasceu em Lisboa, em 1810. Em
1830, faz o curso de Diplomática na torre do tombo e no ano seguinte exila-se na
França.
Em 1836, inicia sua carreira intelectual com a publicação de A Voz do Profeta.
Em 1837 funda a revista Panorama e publica suas primeiras novelas históricas e
obras de ficção.
Casa-se em 1836 com uma pessoa que amou na juventude, afastando-se ainda
mais da vida pública.
No ano de 1877, falece em sua quinta, aureolado de glória e respeito nacionais.
.
5. Trabalhos mais importantesTrabalhos mais importantes:
Poesia:
A Voz do Profeta – 1836
A Harpa do Crente – 1838
Poesias - 1850
Teatro:
O Fronteiro de África ou três noites aziagas
Os Infantes em Ceuta – 1842
Romance:
O Pároco de Aldeia (1825) - 1851
O Galego: Vida, ditos e feitos de Lázaro Tomé
Romances históricos:
O Bobo (1128) – 1843
O Monasticon
Eurico, o Presbítero: Época Visigótica – 1844
O Monge de Cister; Época de D. João I – 1848
Lendas e narrativas - 1851
6. Movimento literário:Movimento literário:
“Sou eu o primeiro que não sei classificar este livro”
Notas do Autor
Crônica – poema
Poema em Prosa
Novelas de Cavalaria (trovadorismo)
Romance Histórico
Romance de Amor
8. Romantismo em PortugalRomantismo em Portugal
Inicia com “Camões”, do autor Almeida Garret, em 1825 até a década de 1860
CONTEXTO HISTÓRICOCONTEXTO HISTÓRICO
Revolução francesa
Movimentos de independência
Revolução Industrial
Desejo de Liberdade
9. Características Romantismo:Características Romantismo:
SubjetivismoSubjetivismo: o autor trata os assuntos de uma forma pessoal.
Sentimentalismo:Sentimentalismo: exaltam-se os sentidos.
Culto ao fantástico:Culto ao fantástico: a presença do mistério, do sobrenatural.
IdealizaçãoIdealização: motivado pela fantasia e pela imaginação.
Egocentrismo:Egocentrismo: cultua-se o "eu" interior.
Escapismo psicológico:Escapismo psicológico: espécie de fuga.
Liberdade de criaçãoLiberdade de criação: O escritor romântico recusa formas poéticas.
Medievalismo:Medievalismo: há um grande interesse dos românticos pelas origens de seu país.
Nativismo:Nativismo: fascinação pela natureza.
Luta entre o liberalismo e o absolutismo: poder do povo X poder da monarquia. Até
na escolha do herói, o romântico dificilmente optava por um nobre.
Religiosidade:Religiosidade: como uma reação ao racionalismo materialista dos clássicos.
Nacionalismo:Nacionalismo: é a exaltação da Pátria, de forma exagerada, em que somente as
qualidades são enaltecidas.
10. ClassicismoClassicismo RomantismoRomantismo
RazãoRazão SensibilidadeSensibilidade
ElitizaçãoElitização Motivos popularesMotivos populares
Imagem racional do amor e da mulherImagem racional do amor e da mulher Imagem sentimental e subjetiva do amor e da mulherImagem sentimental e subjetiva do amor e da mulher
ErudiçãoErudição FolcloreFolclore
PaganismoPaganismo CristianismoCristianismo
Antiguidade clássicaAntiguidade clássica Idade médiaIdade média
Impessoal, objetivoImpessoal, objetivo Pessoal, subjetivoPessoal, subjetivo
DisciplinaDisciplina LibertaçãoLibertação
Geral, universalGeral, universal Particular, individualParticular, individual
Modelo clássicoModelo clássico Não há modelosNão há modelos
Formas poéticas fixasFormas poéticas fixas Versificação livreVersificação livre
Apelo à inteligênciaApelo à inteligência Apelo à imaginaçãoApelo à imaginação
11. Personagens Protagonistas:Personagens Protagonistas:
Eurico é uma personagem plana, pois não sofre uma transformação
drástica no decorrer da narrativa. Quando se evade no sacerdócio
seu caráter e sentimentos não mudam, ou seja, continua a ser o
eterno apaixonado por Hermengarda.
Hermengarda é uma personagem plana, pois também
não sofre transformações no decorrer da narrativa e nem
surpreende o leitor. Sua atitude em relação ao chefe
mouro, quando este tenta desposá-la, é apenas uma
reação em defesa da sua honra.
13. Personagens secundárias:Personagens secundárias:
Pelágio é filho de Fávila, irmão de Hermengarda e amigo de Eurico. Liderou a resistência goda com
persistência quando muitos já estavam desanimados e conquistou admiradores e seguidores fiéis.
Teodomiro: duque de Córduba e amigo de Eurico, continua em combate enquanto os godos fogem.
Roderico: Rei dos godos que morre na luta contra os árabes.
Juliano: Conde de Septum e traidor do povo godo.
Opas: Bispo de Híspalis e traidor do povo godo.
Tárique e Obdulaziz: Líderes árabes
Antanagildo: Guerreiro godo.
Muguite: Amir da cavalaria árabe:
Cremilda: Abadessa do mosteiro, sacrifica as virgens, pois prefere o martírio a ser violentada
pelos árabes.
14. Enredo:Enredo:Invasão árabe
Avanço do povo árabe.
Transforma-se em o
cavaleiro negro
Rapto de
Hermengarda
Montanhas
de Astúrias
Na gruta Covadonga,
Hermengarda
depara-se com
Eurico
Eurico revela a ela que
o Presbítero de
Cartéia e o Cavaleiro
Negro são a mesma
pessoa.
Não podem casar
por causa do voto
de castidade de
Eurico
Eurico atira-se em
ma batalha suicida e
morre.
Hermengarda ao
saber de sua morte
enlouquece.
Eurico apaixona-se
por Hermengarda
Refúgio no mosteiro
Tornou-se
presbítero e poeta
Eurico, o
presbítero
Lá, no tumulto dos cortesões, onde o amor é
cálculo de um sentimento grosseiro, terás
achado quem te chame sua, quem te aperte
entre os braços, quem tivesse para dar ao
teu pai o preço do teu corpo e te comprasse
como alfaia preciosa para serviço doméstico.
O velho estará contente, porque trocou sua
filha por ouro. (p.23)
15. Tempo:Tempo:
Tempo cronológicoTempo cronológico:: O tempo é predominantemente cronológico, pois a ação se desenvolve
de forma encadeada. O narrador inicia os capítulos com marcação de datas e revela a
sucessão cronológica com advérbios e expressões de valor adverbial de tempo.
Posteriormente cita períodos do dia e da noite para indicar o transcorrer do tempo.
A hora de amanhecer aproximava-se: O crepúsculo matutino alumiava frouxamente asA hora de amanhecer aproximava-se: O crepúsculo matutino alumiava frouxamente as
margens do rio assombrado. (p.141margens do rio assombrado. (p.141))
Tempo psicológico:Tempo psicológico: Segundo Benjamin Abdala, além da marcação cronológica, ocorre
com freqüência o tempo psicológico, isto é, o tempo cronológico distorcido em função das
vivências subjetivas das personagens. No trecho que segue, é evidente a visão subjetiva
da personagem ao recordar o passado.
E eu meu espírito atirava-se para as trevas do passado. (p. 35.)E eu meu espírito atirava-se para as trevas do passado. (p. 35.)
O tempo da narrativa:O tempo da narrativa: O tempo da narrativa remonta à época da Idade Média, no inicio do
século VIII. Esta afirmação pode ser comprovada pelas informações históricas e por datas
mostradas no início de alguns capítulos. Além disso, não se pode desconsiderar a fonte de
inspiração, ou seja, o manuscrito gótico que também remonta a Idade Média e as notas do
autor.
Da idéia do celibato religioso, das suas conseqüências forçosas e dos raros vestígios queDa idéia do celibato religioso, das suas conseqüências forçosas e dos raros vestígios que
achei nas tradições monásticas nasceu o presente livro. (p. 14)achei nas tradições monásticas nasceu o presente livro. (p. 14)
16. Espaço:Espaço:
O espaço influencia a personalidade
Situa geograficamente em Rios, vales,
montanhas, cidades, países...
Península Ibérica, cidade de Cartéia
“situada no Recôncavo da Baía ao oeste do
Calpe, a filha dos fenícios, do estreito que
divide a Europa da África”.
17. Cantábria (Cidade de Hermengarda)
Espaço Social (Corrupção, Degeneração Moral
Prostituição)
Refugia-se na Natureza
A Casa do Presbítero
Trajeto percorrido pelos árabes: “das montanhas do
Bélon até Lastígi, para os vales de Gales até
Segância”
O Mosteiro
A Fuga: Subida, Montanhas, Rios, Florestas
Ruinas de um Arraial Romano: Rio, Ponte
18. Estilo:Estilo:
A narrativa proposta sob título “Eurico, o Presbítero” é um romance histórico,
reflexivo, com predomínio da narrativa e da descrição. Sofrendo fortes
caracteristicas da chamada “Literatura histórica”, ou seja uma literatura que
resgata o culto ao nacionalismo, e a ficção que molda o herói medieval a partir
dos ideais românticos.
Das caracteristicas do romantismo fortemente evidenciada nesta obra podemos
destacar a caracterização da “mulher-anjo” romântica, ou seja, fragiu submissa
aos valores sociais, como também, a busca das origens nacionais
(nacionalismo), historicismo medievalista e valorização do homem(herói)
medieval, nesse caso personificado na triste figura de Eurico.
Durante todo o decorrer do livro encontramos a presença constante de figuras de
linguagens, que mesmo trando-se de um texto narrativo descritivo a presenças
das figuras de linguagens dão a obra um perfil de poema.
19. FigurasFiguras de linguagens encontradas no texto:de linguagens encontradas no texto:
Comparação:
Mas o amor devorou na mente de Eurico todos os outros sentimentos, como a lava candente
devora tudo que encontra, quando o vulcão a vomita, alagando a superfície da terra. (p.. 51)
Metáfora:
Foi porque eu o cria um anjo de virtude e esforço, e ele era apenas um homem. (p. 111)
Eufemismo:
Mas Vítiza dorme debaixo de uma lousa o sono da eternidade. (p. 55)
Personificação:
O Críssus murmurava lá embaixo, e a esteira da corrente faiscava, também com o reverberar
da luz dos astros, enquanto o vento, passando pelas ramas de algumas árvores solitárias,
respondia ao seu murmurar com o gemer da folhagem movediça. (p. 67)
Antítese:
Anjo, ou demônio, que nos explicas um mistério por outro mistério. (p. 116)
20. Foco Narrativo :Foco Narrativo :
"Eu amo o sopro do vento, como o rugido do
mar." (pag.16)
Narrador onisciente (3° pessoa)
“O presbítero Eurico era o pastor da pobre paróquia de Carteia"
(pag.11 )
21. Verossimilhança:Verossimilhança:
Diante de nossas leituras percebemos que o romance do casal é somente
um pretexto com fins historicistas, uma vez que durante todo o decorrer
do livro notamos que o mesmo é rico de fatos (históricos), de dados
verossímeis em que a informação histórica é excedente tornando-se
cansativa, devido o desenvolver das ações na obra se darem de forma
muito lenta, enquanto o intrigante romance acaba por passar
despercebido entre os fatos consideráveis relevantes na obra.