2. Nosso olhar indiferente pelas ruas vaga. Nosso olhar indiferente já se acostumou a ver criaturas... Descrente? Nosso olhar indiferente... Indigentes. Ah!!!
3. Nosso olhar indiferente, que tanto poderia ser indulgente, não quer perceber esta gente, temerosa do quanto lhe poderá ser duro o futuro, ainda mais do que já lhe é um infortúnio o presente. E o nosso olhar... Sempre indiferente.
4. Indiferente o nosso olhar olha, mas não vê... Indiferente o nosso olhar de mães observa filhos de outras mulheres... Porque não quer. Tão carentes!!!
5. Pais dão guloseimas aos filhos em locais de infantil diversão. E negam tudo aos semelhantes. Afastamo-nos. “ Dá-me um tostão, moça, para comprar um pão”? Já nem há nosso olhar, então.
6. Munidos de nenhuma compaixão. Depressa. Ou fechamos o vidro de nossos carros, e de nosso corações blindados. E dizemos que estas mães preguiçosas... Usam os filhinhos para comover-nos.
7. E se fôssemos nós os flanelinhas, os que esmolam, os que mendigam, os que se atormentam em noites de fomes? Prementes!!! Teríamos ainda este olhar glacial? Por que, gente?
8. Por que o nosso olhar se habitou com a exclusão social? Fatal? Por que esta maneira de olhar... Sim, pois o nosso olhar mata. Bane, exclui. Impunemente?
9. Constatamos, tristemente, que o nosso lado humano é menos forte que o nosso lado animal. Somos feras!!! Instintivamente defendemos os que nos saem do próprio ventre, ou do próprio sêmen, ou do próprio orgulho.
10. Esquecidos de que a ira dos outros, deles, daqueles para quem lançamos nosso olhar indiferente, agita-se em um caldeirão de revolta. Pobres de nós!!! E o mundo dá tantas voltas!!!
12. Composição de imagens: Google Texto cedido pela autora Eliana Crivellari Música: Alain Morisod - Sweet People - Jeux interdits Formatação: adsrcatyb www.mensagensvirtuais.com.br