2. “Quem dá o pão, dá a educação”
•
A imagem de uma fatia de pão quentinho generosamente barrada com manteiga é suficiente para despertar memórias da nossa infância e estimular os nossos sentidos.
Numa sociedade cada vez mais global, temos acesso a pães que antes nos eram culturalmente distantes e que hoje fazem parte dos nossos hábitos quotidianos.
Experimenta-se o pão de muitas maneiras; provando-o mas também consumindo visualmente os milhões de imagens que a internet nos disponibiliza. Com máquinas caseiras e com imaginação, testam-se receitas do outro lado do mundo que se tornam um pouco nossas.
Esta pequena edição tem como objetivo construir uma ponte entre as memórias do pão,
que se situam em tempos mais ou menos remotos, em lugares mais ou menos exóticos, e as
representações atuais dos mais jovens.
Promove-se, assim, o conhecimento e a curiosidade em torno do fantástico universo do pão,
contribuindo-se para o envolvimento afetivo do jovem com a sua comunidade.
3. O fantástico universo do Pão
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O ciclo do pão é longo e complexo. Semear, debulhar e moer foram, até há bem pouco
tempo, tarefas que obrigavam a grandes esforços físicos por parte dos homens e de alguns
animais. Hoje, essas tarefas estão largamente mecanizadas. No entanto, grande parte da
carga simbólica associada às diferentes fases do ciclo do pão acabou por se perder.
A primeira fase do ciclo do pão, a sementeira, que previamente obriga a lavrar o terreno
de cultivo, significava para o homem, na sua versão manual, o ato supremo da criação, a
fertilização da terra Mãe. Representava, também, o reinício dos trabalhos coletivos que
permitiam a reatualização dos laços de solidariedade entre parentes e entre vizinhos.
À sementeira segue-se o mondar ou o sachar dos campos cultivados para eliminar as ervas
daninhas de forma a garantir que o cereal se desenvolva. A monda química acabou por esvaziar este trabalho de um tempo de tarefas partilhadas no qual a comunidade se reforçava.
Momento alto do ciclo agrário, a colheita do cereal podia representar a sobrevivência ou a
extinção da comunidade. Implicava jornadas de trabalho intenso, coletivo, pautado, também, por refeições comunitárias, que eram reforçadas para permitir a quem segava, a robustez necessária para executar tão exigente labor.
Separação do grão dos invólucros das espigas, a debulha era feita nas eiras recorrendo-se
aos trilhos puxados por animais, aos malhos empunhados pelos homens ou aos animais
que, com os seus cascos, calcavam as espigas. Debulhado o cereal, torna-se necessário
proceder à sua limpeza, ou seja, separar as palhas, as impurezas, dos grãos.
Colhido e debulhado o cereal, segue-se a moagem que permite transformar o grão em farinha. A imagem dos burros carregando sacos de cereal até aos moinhos – movidos pela força
das marés, do vento ou da corrente do rio – faz parte do nosso imaginário coletivo. Desse imaginário faz parte o moleiro, personagem central da pequena comunidade rural que dominava
o conhecimento necessário para fazer funcionar o complexo mecanismo de mós do moinho.
Tradicionalmente, havia um dia certo por semana para se cozer o pão. Em Portugal, nas zonas rurais, as casas mais ricas tinham os seus próprios fornos, enquanto que os remediados recorriam ao
forno comunitário. Marcava-se a vez deixando pauzinhos ou outras marcas na entrada do recinto.
4. Dicionário de Cereais
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O trigo pertence à família das gramíneas cerealíferas e é considerado, ao longo da sua
história, a planta mais nobre de entre todos os
cereais. Conta com muitas variedades botânicas, algumas das quais foram introduzidas
na Península Ibérica pelos Romanos e pelos
Árabes.
Trigo
Portugal não reúne as condições mais favoráveis para uma produção rentável deste cereal,
sendo o país da Europa com o mais baixo rendimento por hectare.
Triticum L.
A aveia, tal como o centeio, começou por
ser uma erva intrusa que, através do processo de hibridação, deu origem a uma nova
espécie de cereal.
Aveia
Supõe-se que terá sido cultivado na Idade
do Bronze, no Noroeste e Oeste da Europa,
constituindo a sopa de aveia um prato favorito dos germanos, segundo relatos de Plínio. É
um cereal pobre, cultivado na Primavera, por
não resistir às geadas. Constitui um ótimo alimento para o gado equino.
Avena sativa L.
O antepassado selvagem do centeio ainda
não foi identificado, supondo-se que tenha
algo de comum com as variedades espontâneas do Afeganistão e da Turquia. Terá
surgido como uma erva daninha e, através
de um processo de hibridação natural, terá
dado lugar a uma nova espécie cerealífera,
passando então a ser cultivado.
Centeio
Secale cereale L.
Na época romana já era agricultado na Europa Central, em alguns países mediterrânicos
e na Turquia, mas sem ocupar uma posição
de relevância. Foi, no entanto, uma cultura
importante em toda zona temperada fria da
Europa.
5. Há duas variedades de cevada: a de quatro e
a de seis carreiras. Esta última foi encontrada
nas mais antigas jazidas da Mesopotâmia e
da Europa desde o Neolítico. A introdução
da cevada, na Península Ibérica data da época romana. Rapidamente passou a ocupar
um lugar de destaque nas produções cerealíferas, na medida em que era utilizada no fabrico de pão pelas classes menos abastadas.
Cevada
Hordeum L.
Na Idade Média, chegou a ser o segundo
cereal mais cultivado em Portugal, logo a
seguir ao trigo. Tinha inúmeras utilizações:
quer na confeção do pão e no fabrico da
cerveja, quer ainda como forragem do gado
muar e cavalar. Com a introdução do milho
de maçaroca, a sua produção diminuiu e o
seu consumo em forma de pão também desapareceu.
O milho maís é uma planta originária do continente americano. Foi introduzido em Portugal no século XVI, através de trocas comerciais com Sevilha. O seu cultivo iniciou-se no
Noroeste e Centro, em zonas de clima quente e húmido e rapidamente propagou-se ao
interior e sul do país.
Milho Maís
Zea mays L.
Devido à sua alta rentabilidade, a sua cultura
não só substituiu o cultivo dos milhos tradicionais e da cevada, como suprimiu o pousio dos cereais de Inverno, como o centeio e
o trigo. Sendo um cereal de verão é o único
que necessita de ser sachado e regado.
O milho-miúdo ou milho-alvo é um cereal
de espiga que foi cultivado, desde os começos do Neolítico, em toda a Europa, com exceção do Sul.
No Norte de Portugal o seu cultivo teve grande importância, durante toda a Idade Média
até à introdução do milho de maçaroca, vindo do continente americano.
Milho-Miúdo
Panicum miliaceum L.
A sua farinha era usada na confeção dos
pães de mistura e em papas.
6. Sugestão para
Uma Receita Deliciosa
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Com esta atividade pretende-se mostrar de que modo uma receita simples de massa de pão
pode também ser usada para confecionar uma das receitas preferidas dos mais jovens: a pizza!
Materiais necessários ( para 4 pessoas )
Como fazer?
1
2
3
4
5
6
Colocar a farinha de trigo numa tigela e
misturar com o azeite.
Dissolver o fermento na água morna e
juntar à farinha, misturando bem com
uma colher de pau.
Amassar com as mãos até obter uma
massa que despegue das mãos.
Formar uma bola com a massa, cobrir
com um pano e deixar repousar num
lugar quente por 30 minutos ou até a
massa crescer.
Trabalhar um pouco mais a massa com
as mãos levemente enfarinhadas e formar uma bola.
Dividir ao meio, amassar ligeiramente
cada metade e fazer dois círculos espessos com o rolo da massa.
7
Cobrir com o molho de tomate, o queijo
mozzarella e o manjericão.
8
tos até ficar cozida.
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7. À descoberta do universo do Pão
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Nos Livros
AAVV.
A Minha Primeira Enciclopédia Larousse
Colecção «O Meu Primeiro Larousse», Porto, Campo das Letras: 2007
CARVALHO, Sérgio Luís de Carvalho
As Palavras do Pão: Provérbios e Ditos Populares Portugueses
Sintra, Colares Editora: 2003
COLLISTER, Linda
Cooking with Kids, Londres
Ryland Peters & Small: 2003
CRUZ, Marques
Pão Nosso - Uma História do Pão na Sociedade
Sintra, Colares Editora: 1996
DEFOE, Daniel
Robinson Crusoé
Colecção «Descobrir Os Clássicos», Porto, Civilização Editora: 1999
Alimentação: Viver e Sobreviver
Colecção «Atlas da Terra», Didáctica Editora: 2007
SOLDEVILA, Michèle
Dicionário da Quinta
Porto, Ambar: 2006
STEMPFLE, Ruth Kreider-, FRENSEMEIER, Bettina
Petits Gâteau et Pâte à Choux
Genebra, La Joie de Lire: 2005
TEIXEIRA, Pedro Anjos
Memórias de um Grão de Trigo
Sintra, Edição Ró: 1983
TOURNIER, Michel
Sexta-Feira ou a Vida Selvagem
Lisboa, Editorial Presença: 2007
8. Na Internet
La Fête du Pain
Website: www.lafetedupain.com
Canada Agriculture and Food Museum
Website: cafmuseum.techno-science.ca
Centre National de Documentation Pédagogique
Website: www.cndp.fr
No Mapa
Moinho de Maré de Corroios - Ecomuseu do Seixal
Corroios
Tel.: 210 976 112 / Fax: 210 976 113 ou 212 275 698
E-mail: ecomuseu@cm-seixal.pt
Website: www2.cm-seixal.pt/ecomuseu/
Quinta Pedagógica dos Olivais - Câmara Municipal de Lisboa
Rua Cidade Lobito, Olivais Sul
Tel.: 218.550.930 / Fax: 218.550.948
E-mail: quinta.pedagogica@cm-lisboa.pt
Website: quintapedagogica.cm-lisboa.pt
Quinta das Margaridas - Quinta Pedagógica
Tel.: 21 778 64 60/265 896 534
Telemóvel: 93 696 18 22/93 360 15 10
E-mail: quintapedagogicadasmargaridas@gmail.com
Website: www.quinta-pedagogica.com
Museu do Pão
Tel.: 238 310 760 / Fax: 238 310 769
E-mail: info@museudopao.pt
Website: www.museudopao.pt
9. ficha técnica
coordenação geral
Rita Guerreiro . Cassefaz
Maria João Nunes . Mapa das Ideias
conteúdos
Maria João Nunes . Mapa das Ideias
Ilídio Louro . Mapa das Ideias
conceito gráfico
Ilídio Louro . Mapa das Ideias