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Unidade
Marcello Aguilera
[ 2 ]
Os ideais não têm lugar na educação porque impedem a
compreensão do presente. Podemos dar atenção ao que é
somente quando deixamos de fugir para o futuro. (Jiddu
Krishnamurti)
[ 3 ]
Sumário
PARTE I..............................................................................................5
PARTE II ..........................................................................................22
PARTE III.........................................................................................37
Esse livro é dedicado a todos os mestres de Luz, especialmente
a Tania Mara A. da Silva.
[ 5 ]
I
[ 6 ]
Seria uma atitude muito ingênua esperar que as classes
dominantes desenvolvessem uma forma de educação que
permitisse às classes dominadas perceberem as injustiças sociais
de forma crítica. (Paulo Freire)
[ 7 ]
Nesse planeta habitado por milhões de espécies, um ser vivo se
autodenominou racional. Essa denominação abriu espaço para a
superioridade do que chamamos de ser humano, ocasionando
uma interferência – direta ou indiretamente – catastrófica no
ciclo da vida, movido pela soberba do conhecimento.
O ser humano é constituído por duas cosias: pensamentos e
sentimentos. É através delas que há a manifestação do que
somos nessa trilha de aprendizado. Cada ser humano é singular,
mas não existe compreensão entre os habitantes para entender
isso. O único consenso dos seres humanos é da importância da
educação.
A origem da palavra educação deriva-se do termo em latim
educare, que significa tirar e, apropriada ao contexto em que é
utilizado, tirar o melhor de si. Mesmo soando um tanto quanto
pré-potente e arrogante, a relevância de sua importância é
indiscutível para a grande maioria das pessoas no mundo,
colocando como prioridade a reivindicação do direito à
educação para todos.
Na Grécia Antiga, dos grandes filósofos, a educação era seu
grande pilar. Os espaços eram abertos para a reflexão, tendo
como principal combustível o questionamento. Os sofistas
trouxeram à educação outra forma através da cobrança de
pagamento do “ensinar”, porém, sem a obrigatoriedade como
foco. Assim, a resistência dos pensadores dava o ar da graça
junto à imaginação, criatividade e troca constante de
conhecimentos.
Enquanto na Grécia a educação se constituía através da reflexão,
do outro lado do mundo, na América Pré-Colombiana, o
aprender se dava através do contato com o que conhecemos
como Natureza.
Até o início da colonialização – que para muitos é “ensinado”
descobrimento – existiam milhões de nativos na América. As
[ 8 ]
diversas tribos espalhadas aprendiam a valorizar e cultivar a
Pachamama. Os povos extraíam apenas o necessário para a
sobrevivência e, mesmo na caça, compreendiam o quão sagrado
eram os outros seres vivos.
O surgimento da demarcação das propriedades advém do século
XIII. Na Inglaterra de Tudor, é realizado o cerceamento de
terras pelo parlamento. As grandes terras comunais que eram
compartilhadas foram reduzidas às pequenas propriedades
privadas. Isso se espalha pela Europa, para em seguida abrir
espaço para a colonialização. Nesse momento, as pessoas
deixam de pertencer à Terra e a terra passa a pertencer ao povo.
A partir do século XV inicia-se uma exterminação impulsionada
pelo surgimento do mercantilismo, que viria a fomentar a
economia dos Estados com medidas estabelecidas –
protecionismo alfandegário, incentivo às manufaturas, balança
comercial favorável e soma zero – através da exploração. No
Novo Continente que acabara de ser “descoberto”, a grande
maioria dos nativos desparecem com inúmeras línguas entrando
em esquecimento. Começa-se a Era das “Conquistas”, com a
ocupação dos territórios. A dominação é feita ignorando as
culturas, os povos e as crenças para a extração da riqueza de
suas terras.
Depois de “conquistar” a América, milhões de africanos são
transplantados para o Brasil para sofrer nos séculos seguintes a
escravidão – nos garimpos, nas plantações de cana, café, etc. – e
alimentar a economia dos Estados colonizadores enquanto os
povos da Europa disputavam terras e guerreavam entre si. Após
o fim da escravidão lidam com o abandono e, através do mesmo
sofrimento dos séculos passados, buscam a superação.
Passam-se os tempos e a ambição do ser humano vai se fazendo
cada vez mais presente na mente das pessoas. O entendimento
de que a todo o momento estamos educando e sendo educados
[ 9 ]
através da troca constante de aprendizados do dia-dia é deixada
de lado. Porém, de maneira proposital, para fazer da educação
uma ferramenta.
A assinatura da Lei Áurea no fim do século XIX se dá junto à
ascensão e disseminação do nascimento da educação pública,
gratuita e obrigatória pelo mundo. Em um momento em que
achamos que estamos deixando os últimos escravos livres,
passamos a criar a ferramenta que faria nos tornar verdadeiros
escravos nos séculos seguintes.
Foi no Despotismo Esclarecido em um antigo Reino e já
dissolvido estado alemão chamado Prússia, no fim do século
XVIII e início do século XIX, que se cria a educação pública,
gratuita e obrigatória. Originado do padrão militar, os Monarcas
se baseiam na forte divisão de classes e castas para criar um
modelo de educação que fomente a disciplina, a obediência e o
regime autoritário.
Sua origem vem do modelo Espartano, em que havia uma
instrução militar onde o Estado se desfazia daqueles que não
alcançavam os níveis esperados. A educação era realizada
através de aulas obrigatórias, fortes castigos e modelagem de
conduta através da dor e do sofrimento.
O objetivo principal do surgimento da educação era evitar as
revoluções que ocorriam na França. Para satisfazer o povo os
Monarcas incluíram alguns conceitos do Iluminismo, mas
mantendo o regime absolutista.
Na Rússia, por exemplo, que foi uma das precursoras da
educação pública, gratuita e obrigatória junto à Prússia, foram
chamados enciclopedistas para preparar a administração do que
seria ensinado nas escolas. Um dos grandes Iluministas da
época, Diderot foi trazido para auxiliar esse pacote formador de
uma massa de pessoas disciplinadas para obedecer aos seus
Estados e competitivas para terem disposição para guerrear.
[ 10 ]
Um pouco antes, no século XVII, Thomas Newcomen cria uma
invenção que logo em seguida, daria início ao que conhecemos
como “Revolução Industrial”. Com a criação da bomba a vapor
para tirar água de uma mina, aumentou-se a retirada de carvão
feita pelos mineiros ingleses. A produtividade/hora cresce,
levando isso à frente para as corporações que surgiriam logo em
seguida.
Impulsionadas pela Guerra Civil e a Revolução Industrial, a
expansão das Ferrovias fez com que o Estado doasse terras
públicas para a criação de bancos e indústrias. As regras eram
bem claras, tudo o que faziam eram do conhecimento do Estado.
O tempo de operação e o valor do Capital, nada disso era regido
pelas corporações.
As corporações eram vistas como um presente do povo para
servir um bem público, porém, com a remoção das restrições
historicamente impostas às corporações e a concessão do Estado
a uma licença, elas passam a operar não como um grupo de
pessoas, e sim como uma pessoa jurídica sob a lei.
Coincidentemente, o início da escolarização pública, gratuita e
obrigatória se dá junto à ascensão das corporações e da Era
Industrial. Os empresários da época a viram como um
investimento e ajudaram a financiar a criação das escolas – JP
Morgan, Andrew Carnegie, John Rockfeller, Henry Ford, etc. –
enxergando a resposta ideal à necessidade dos trabalhadores.
Visando encontrar um lugar para os operários colocarem seus
filhos, a escolarização também serviu para o ensinamento das
leis e principalmente o aprimoramento da mão de obra, com o
foco na aplicação de fórmulas científicas, Leis Gerais e em
matérias específicas ligadas à produção e o consumo.
Não é de se assustar a semelhança das escolas com as fábricas e
o modelo de produção, em que existe um processo meramente
mecânico através de passos determinados em uma ordem
[ 11 ]
específica, separado por gerações e graus com etapas pré-
estabelecidas e focalização de alguns elementos. Com isso,
também há o fardamento obrigatório, horários estipulados de
entrada e saída, com sirenes indicando os intervalos dentro de
um espaço com grandes muros e grades, seja de concreto ou de
árvores.
Com o discurso de educação para todos, muitos países
importaram a escola moderna elevando a bandeira da igualdade,
quando justamente a própria essência da educação provinha do
Despotismo, buscando perpetuar modelos elitistas e divisão de
classes.
Depois da Prússia, Rússia e Polônia, no século XVIII, Napoleão
– grande inimigo dos despóstas – importa o modelo de
escolarização para a França. Sucessivamente, chega-se à
Espanha e os Estados Unidos é o primeiro país a implantar esse
modelo na América.
Um sistema educacional que se espalhou pelo mundo que acaba
adestrando cidadãos para servir ao sistema, através de uma
máquina de subjulgamento que se estende às Universidades e
diversas esferas de vida na sociedade. Uma grande ferramenta
para que a cultura permaneça sempre igual e se repita,
conservando as estruturas sociais da sociedade condizentes com
as diferentes realidades.
O espaço de tédio e desinteresse que rodeiam as Instituições
Educacionais é potencializado pela busca – unicamente – do
desenvolvimento curricular, fazendo com que o conhecimento
permaneça reduzido através de uma visão extremamente parcial.
Isso é impulsionado pela Globalização que, ao contrário da
estática educacional, está em um constante crescimento.
É no século XX, através da fragmentação dos territórios, que se
inicia a Era da Globalização. O modelo de consumo insaciável
substitui o humanismo como motor de progresso, impulsionado
[ 12 ]
pela Revolução Tecnológica e as grandes corporações, fazendo
do consumo o verdadeiro fundamentalismo.
Através da desculpa para a trilha do crescimento, as corporações
buscam diversas medidas. Elevação dos impostos, juros altos
para atrair investimentos estrangeiros, austeridade fiscal,
privatizações em nome da boa administração do setor privado e
incapacidade dos Estados são as reformas sugeridas para o
desenvolvimento da sociedade.
Com o processo de Globalização transformando o consumo em
ideologia da vida, não era de se esperar que as pessoas menos
favorecidas tivessem melhorias em suas condições. Através
dessa lógica, os habitantes com uma condição social mais baixa
são reciclados para longe dos centros da cidade. A problemática
de acesso se torna um grande empecilho junto à barreira de
locomoção que só cresce – nas periferias, becos, vielas, favelas,
conjuntos habitacionais, etc. – seja no valor das passagens ou na
grande distância.
A Globalização impulsionada pelas grandes empresas afastaram
as corporações de uma relação com o território, através do
distanciamento das ações efetivas dos Estados e a aproximação
pelos interesses econômicos. Isso fez com que se criasse uma
fábrica de perversidade, deixando de lado a responsabilidade
moral e social, maquiada por uma falsa dependência criada pela
sociedade.
O principal objetivo das corporações é obter o máximo de lucro
possível, tendo como sua única preocupação os acionistas. É seu
lucro que alimenta o sistema capitalista, com os interesses
financeiros dos donos corporativos acima até mesmo do bem
público. A corporação precisa objetivar o crescimento e lucrar
para que os demais paguem pelo seu impacto na sociedade,
fazendo gerar externalidades.
[ 13 ]
Esse trabalho é realizado em conjunto com os Estados, nos
países subdesenvolvidos existem fábricas clandestinas com
condições precárias para os trabalhadores ganharem míseros
centavos, para depois as corporações revenderem seus produtos.
Tudo isso é feito com muita proteção e segurança, acordado
com os governos locais.
Para colocar uma máscara em cima da exploração, é muito
comum as grandes empresas doarem parte de seus lucros para
Instituições Filantrópicas. Dessa maneira, os consumidores são
tocados pela sua boa ação social tanto pela “facilitação” da vida
do consumidor, como pela ajuda às instituições de caridade.
Essas fábricas clandestinas são necessárias, pois as corporações
não conseguem fabricar nas áreas em que elas conseguem obter
sucesso. A renda aumenta e, como consequência, a mão de obra
fica cara. Ou seja, não tem mais como maximizar o lucro.
Entendendo esse contexto, fica mais fácil de compreender que
historicamente as corporações também impulsionaram os
regimes fascista e nazista. O fascismo de Mussolini cresceu com
a ajuda das grandes corporações, fazendo os investimentos
alavancarem. O mesmo aconteceu quando Hitler assumiu o
poder.
Mesmo com os Estados Unidos estando ao lado da União
Soviética e do Reino Unido liderando o grupo formado pelos
Aliados que venceram a Segunda Guerra Mundial contra o Eixo,
comandado pela Alemanha de Hitler, Itália de Mussolini e o
Império do Japão de Hirohito, as corporações – sobretudo
americanas – ajudaram a reconstituir a Alemanha e apoiar o
regime nazista.
A busca do lucro pelas corporações se sobrepõe a qualquer
bandeira e, até hoje, elas são multadas por negociar com tiranos.
Porém, isso é visto como um negócio, se a multa for menor que
o lucro o financiamento continuará existindo.
[ 14 ]
A facilitação – para uma parcela da população – através da
Globalização fez com que se maximizasse não só o lucro, mas
também problemas sociais. Para além dos problemas sociais, o
meio ambiente se encontra em um abismo cada vez mais
profundo e a cura do câncer nunca será encontrada se não
enxergarem que a indústria é seu grande causador.
O declínio do ser humano com a relação cada vez mais próxima
ao consumo se faz presente na produção de produtos perigosos,
produtos químicos sintéticos, lixo tóxico, lixo nuclear, poluição,
mal aos animais, destruição dos habitats, extinção de espécies,
fazendas industrializadas, experimentações, emissões de CO2,
devastação florestal, derretimento das geleiras, etc. Tudo isso se
reflete em exterminação da vida através da contaminação do ar,
da água e da terra.
O conceito de riqueza foi deturpado para satisfazer a lógica do
consumo, estamos guerreando contra a evolução. Criamos a
nossa autodestruição, pois um pedaço de papel tem mais
importância do que a vida nessa busca pelo lucro e sede pelo
consumo.
Essa demonstração não está presente só nas catástrofes geradas
pelo ser humano, mas também na ambição dentro dos grandes
laboratórios, fazendo a reverência pela vida se perder através
das empresas e Universidades que podem ser donas de espécies,
deixando de lado a compreensão de que formas de vida não são
como invenções da indústria, como rádio ou TV. Existem países
no mundo que legalmente, aceitam patentear organismos vivos
criados em laboratórios.
Para essas questões não chegarem aos meios de comunicação,
existe uma grande manipulação da mídia. Ela transforma a
população em consumidores inconscientes criando desejos e
impondo uma filosofia, voltando atenção das pessoas para
aspectos fúteis da vida como, por exemplo, o consumo de
[ 15 ]
modismo. Movidos pela competição, os indivíduos ficam
desassociados entre si e o senso de valor acaba se refletindo na
quantidade de desejos que conseguem satisfazer.
As corporações controlam os meios midiáticos para propagarem
não um produto, mas um estilo de vida. Isso é realizado através
de ilusões feitas para nos distrair e manipular nossa aprovação,
criando-se um padrão desejado. É um jogo de uma indústria que
gasta bilhões por ano para influenciar os consumidores.
No mundo da Globalização os acontecimentos diários são
inumeráveis, porém, as informações que nos são passadas são
escolhidas minuciosamente e distorcidas não para informar, mas
para formar uma opinião específica em relação aos assuntos que
nos são passados.
Os meios de comunicação selecionam o que está acontecendo.
Existem os fatos, as notícias são interpretações desses fatos de
acordo com os interesses pré-determinados de economistas,
acionistas e empresas patrocinadoras. A imposição da mídia fez
com que os valores da nossa sociedade fossem transformados
em um único valor, o consumismo.
O sistema educacional vigente acaba refletindo verdadeiras
estruturas políticas ditatoriais que não aspiram desenvolvimento
coletivo, fazendo com que as pessoas não trabalhem para
melhorar sua comunidade. O trabalho que se almeja é aspirado
sempre de maneira individual, procurando melhorar a qualidade
de vida da pessoa de uma maneira extremamente contraditória e
agressiva para o entorno da sociedade.
A importância voltada apenas para o conhecimento formal faz
com que os seres humanos fechem os olhos para o que acontece
além da sua realidade. O objetivo se tornando mensurável,
quantificável e objeservável faz surgir uma medição inexistente
dos objetivos a partir de um padrão invisível, fugindo da
singularidade do ser humano e criando uma estruturação para se
[ 16 ]
comparar as pessoas. Através disso, as notas ajudam a reafirmar
quem são os perdedores e quem são os ganhadores, criando
diversos conflitos na mente e se estendendo muito além das
esferas educacionais institucionalizadas.
Toda essa reafirmação faz contrapor os valores que em teoria, as
estruturas educacionais objetivam – comunidade, cooperação,
paz, liberdade, felicidade, amor, etc. – para dar espaço para
outros valores que alimentam o sistema – concorrência,
violência, materialismo, discriminação, individualismo,
condicionamento, etc. – fazendo com que se tornem apenas um
mero discurso de palavras bonitas ou os tratando como conteúdo
para ser revisado para os próximos exames.
Isso faz com que o processo de ensinar se torne uma reprodução
simbólica, com o professor tradicional dando aula em um
quadro negro sobre o que ele aprendeu ou o que vem fazendo
por tradição durante muitos anos, sobre todo um material
imposto pelos administradores educativos.
Na formação dos docentes não se diz quase nada sobre emoções,
fora isso, não são os docentes que ditam suas aulas ou passam
para os alunos o que acham importante ensinar. A escolarização
se dá como um processo de instrução, em que os materiais são
preparados detalhadamente em sua maioria por administradores
e não por educadores, visando dar continuidade à servidão ao
sistema. A consequência disso é a perda do senso crítico, do
questionamento, da imaginação e da criatividade.
Da mesma maneira em que as corporações auxiliaram com
investimentos nos regimes fascista e nazista, os países
precursores do processo de escolarização pública, gratuita e
obrigatória são até hoje focos de Xenofobia e Nacionalismo
extremo, pelo fato das escolas terem se complementado com
pesquisas sobre o controle de condutas e até propostas de
[ 17 ]
superioridade racial, baseando-se no sistema Prussiano ou
similar a ele.
Pensando na homogeneização da sociedade, o sistema
educacional se assemelha ao sistema de linha de montagem que
nasce com o Taylorismo. Pouco a pouco, as pessoas “educadas”
tornam-se cidadãos obedientes, consumistas e eficazes
transformando-se em números, qualificações e estatísticas que
através das exigências e pressões do sistema acabam
desumanizando a todos e fazendo-os tornar robôs, indo muito
além dos alunos, professores, inspetores e diretores.
A verticalidade dos sistemas educacionais faz com que haja uma
exclusão social, selecionando o tipo de pessoas que farão parte
de uma elite que futuramente dominarão as corporações – os
sistemas de produção, de comunicação, econômico, etc. – e
outro tipo de pessoas que serão dominadas e não precisarão dos
diplomas para fazer esse tipo de trabalho. Ou seja, é apenas um
processo de instrução e não de aprendizado.
Essa verticalização é proveniente da escolarização da educação
que, com as raízes do sistema Prussiano, se mantém até hoje no
mesmo padrão. O sistema e o Estado não se preocupam com o
ser humano enquanto indivíduo, por isso esse método
educacional torna-se eficiente para ele. Perderam-se também os
critérios exteriores da Natureza e, junto a isso, a descoberta.
Sem fomentar a imaginação e a criatividade passamos a seguir
tudo que nos é imposto de forma natural. E tudo que nos é
imposto em relação a qualquer tipo de conhecimento é com base
no medo, para gerar bons cidadãos – dóceis e obedientes – para
uma sociedade competitiva.
Esse fechamento do mundo exterior do projeto educacional que
nós somos obrigados a seguir, não leva em consideração a
importância do amor, a liberdade de escolha, a natureza da
aprendizagem e as relações humanas no desenvolvimento
[ 18 ]
coletivo e individual. Diferente das experimentações livres,
espaços de reflexão e conversação da Grécia Antiga, a educação
é obrigatória, se assemelhando muito mais às instruções dadas
aos escravos e se distanciando da liberdade.
A educação que nos é imposta se contrapõe ao valor de paz que
é disseminado no dia-dia. Muito pelo contrário, reafirma-se a
guerra quando a competição é alimentada pelos educadores das
instituições, que também não passam de escravos do sistema.
Depois de anos lendo e estudando, não é o estudante ou o
professor que fracassa, o sistema que é mal planejado. Aliás, é
muito bem planejado para ser dessa maneira.
Estamos seguindo um caminho que propaga o conceito de
liberdade como forma suprema e, ao mesmo tempo, suprime a
verdadeira liberdade. A civilização não tem espaço para
nenhuma discussão, pois a lógica financeira não tem espaço
para solidariedade. Um bom exemplo é a África, o continente
mais rico da Terra em riquezas materiais e naturais assolados
pelo sofrimento em grande parte da região.
A questão da fome é muito debatida e, sempre citamos o
continente africano, mas o que muitos não enxergam é que essa
questão é uma problemática de distribuição dos alimentos e de
dominação e exploração de pessoas, principalmente na África.
Nós produzimos muito mais comida do que nós podemos
comer. Só que não somos nós que produzimos, são as
corporações. Elas detêm um grande monopólio de sementes e
plantações que afrontam diretamente com a estimulação de
Agricultura Orgânica para a população, fazendo grande parte
dos habitantes do planeta Terra esquecer que podem produzir o
seu próprio alimento e a Natureza pode lhes dar tudo que
necessitam para a sobrevivência.
O povo do Ocidente, diferente dos Orientais, dificilmente sabe
ouvir tranquilamente uma palavra crítica. Isso faz com que se
[ 19 ]
perca o amor. Perdendo-se o amor, não existe a possibilidade de
se criar um diálogo, pois amar significa aceitá-lo na sua
diferença. As Instituições Educacionais não são sinônimas de
educação, como muitos acreditam ser. O amor, o respeito e o
diálogo nunca vão ser encontrados em livros ou ensinados nas
escolas, Universidades ou em um emprego.
A potencialidade do medo na Era da Globalização ditado pelas
corporações é o que paralisa o ser humano a aprender, pois
sendo movidos pela competição passamos a ter medo de errar.
Porém, o que muitos não conseguem enxergar é que no erro
também se aprende e ninguém tem que ganhar aqui. A
importância da pergunta está colocada desde o início da
Filosofia, onde a aprendizagem surge do repensar e do
questionar. O que fazem é exatamente o contrário, fugimos da
natureza da aprendizagem para através das Instituições
Educacionais ordená-la e estruturá-la. Isso é feito para a criação
de um guia de conhecimento baseado em experiências prévias, o
currículo.
Nós, como cidadãos, temos que nos “educar” para melhorar
nosso currículo para poder almejar alguma coisa na vida. É
exatamente isso que as corporações querem que nós sigamos, e
elas como cidadão, tem um currículo eterno de pessoas imortais
e sem consciência moral. As corporações podem produzir bens
ou serviços que nos são úteis e melhoram nossas vidas, o
problema é que o lucro – nunca suficiente – é o único objetivo.
O que muitos não entendem pelo fato de estarem cegos por essa
“facilitação” que as corporações trazem à vida de uma parcela
da população, é que muitos produtos que foram criados e são
comercializados não deveriam sequer ser fabricados. As
empresas sabem disso e tentam banalizar toda essa situação para
poder continuar lucrando através de uma aspiração imperialista
de deter o poder.
[ 20 ]
Estamos caminhando para um futuro muito obscuro que, se não
refletirmos nossa maneira de pensar, passará a ser tornar um
caminho sem volta. A água é um bem comum que deve ser
conservado por todos, contanto, pode estar nas mãos das
corporações um futuro que boa parte da população mundial
nunca imaginou passar se não mudarmos nossa consciência.
A interioridade de cada pessoa se manifesta através da arte e,
nos dias de hoje, podemos repensar como manifestá-la nessas
condições. A arte não tem definição, ela sempre se reinventa.
Podemos reinventá-la utilizando-a para arar a terra, adubá-la,
plantar o alimento, colhê-lo, cozinhá-lo e se alimentar. Não
estaremos alimentando não só a nós, mas nosso espírito interior
e coletivo com o mundo. Recriar e reutilizar também pode fazer
parte desse trajeto, diferente do desperdício, que devemos deixar
de lado nessa trilha.
Mudemos nosso conceito de riqueza imposto na Era da
Globalização e passemos a valorizar a água limpa, a terra fértil e
o ar puro. Falemos sobre Democracia, mas de outro modo, com
outra visão. Não podemos nos limitar a colocar um governo que
não gostamos por outro que talvez venhamos a gostar. As
grandes decisões são tomadas dentro de organizações que não
possuem leitos democráticos – Bancos Mundiais, Fundos
Monetários Internacionais, grandes Organizações Financeiras
Internacionais, grandes Organizações Mundiais de Comércio,
etc. – e, dessa forma, não há representatividade do povo, pois
não é ele quem escolhe os representantes dos países nessas
organizações. Vivemos em uma Democracia que mais se parece
um Despotismo, em que não temos voz nas decisões tomadas
por aqueles que governam o mundo.
Essa geopolítica imposta pelos economistas e pela mídia pode
ser repensada se tivermos uma conscientização. Arbitrariamente,
dificilmente conseguiremos transformar as corporações e a
[ 21 ]
política que as envolve. “Democraticamente”, nosso voto
sempre se restringirá a “tirar e colocar”. Exatamente por isso, a
mudança é um processo muito mais árduo e, com uma troca de
hábitos e disseminação de novos valores, a esperança poderá se
tornar algo efetivo para o planeta Terra.
O desemprego é uma condição para ter mais Globalização, a
pobreza é tratada com naturalidade pelo Estado e aceitamos
tranquilamente ficar discutindo a questão da fome. As
corporações desorganizam os territórios tanto moralmente,
como socialmente. Não podemos ser coniventes com suas
mentiras e trapaças para obtenção de lucro junto a uma
tecnologia exterminadora e extremamente alienadora.
Não há nenhuma indústria no planeta que seja sustentável
porque elas são saqueadoras da Terra e, não pelo fato da nossa
definição como civilização. Isso é um grande erro que deve ser
corrigido. O Terceiro Mundo deixou de ser visto como monstro
e mostrou que as corporações eram os verdadeiros
aterrorizantes.
Se há uma grande dificuldade quando só há um fornecedor – o
Estado – temos que criar sistemas que alimentem a Terra e os
seres humanos sem as corporações. O futuro está no plantar o
alimento e preservar os recursos naturais, pois o capitalismo
perdeu o rumo e substituiu a política através dos donos das
grandes empresas.
Um dia esse sistema se sucumbirá, pois a emergência da Era da
Globalização está ocasionando não apenas problemas sociais e
demográficos, mas problemas ambientais que interferem no
todo, no absoluto. Não podemos fazer com que um prédio
responda por responsabilidades sociais e morais, mas podemos
fazê-lo entrar em esquecimento através da nossa mudança de
pensamento. Temos que superar a barreira da meta para alcançar
a liberdade, esse é o verdadeiro caminho.
[ 22 ]
II
[ 23 ]
A imaginação é mais importante que o conhecimento. O
conhecimento é limitado. A imaginação envolve o mundo.
(Albert Einstein)
[ 24 ]
Desde a escolarização da educação, somos instruídos a pensar e
acreditar no observável. Esse reducionismo faz com que
deixemos de alimentar a nossa imaginação, perdendo a
visualização e limitando-se a enxergar apenas o que os nossos
olhos veem.
Todas essas ideias são potencializadas desde o surgimento da
escolarização que, tinha como foco para instrução as formulas
científicas e Leis Gerais. Esse padrão estabelecido no fim do
século XVIII e início do século XIX se estende até hoje nas
esferas educacionais, procurando focalizar as mesmas matérias
que requeriam mais atenção na ascensão da Revolução
Industrial, para hoje dar continuidade à Era da Globalização.
Atualmente, estamos na época audiovisual em uma Era movida
pelo excesso das coisas. Podemos ter acesso a tudo a qualquer
momento, mas dificilmente temos tempo para o que podemos
adquirir. Essa ilusão alimentada pela superabundância de
imagens está nos deixando cada vez mais perdidos através da
constante multiplicação de sonhos.
Esse “sonhar” que comumente vivenciamos não é alimentado
pela imaginação e sim pelas coisas que vemos na mídia em
geral. As imagens que enxergamos são vistas fora de contexto e
quase nunca tentam nos dizer algo, o que é feito – pelas revistas,
televisão, internet, jornais, etc. – é uma tentativa de venda
através da visualização.
Exatamente por isso, estamos em uma espécie de cegueira
generalizada. Acabamos perdendo a visão pelo fato de os nossos
sonhos já estarem sendo introduzidos automaticamente, sem
espaço para a criação junto à imaginação.
Isso se assemelha às Instituições Educacionais que, assim como
a mídia, impõe toda uma ordem através de uma estruturação
feita pelo sistema. De certo modo, a ânsia por imagens é
potencializada por esses meios de “educação” que não fazem
[ 25 ]
outra coisa a não ser instruir as pessoas a seguirem algo, dando-
lhes a informação pronta e fazendo-os acreditar ser a única
verdade.
Estamos cegos da nossa própria ideia, da nossa própria razão,
alimentando o espetáculo que nos é apresentado. A Caverna de
Platão nunca se fez tão presente como hoje, pois perdemos o
olhar interior através dos tantos clichês que nos são mostrados e
que por fim, acabamos a aceitar. As imagens substituíram a
realidade, ficamos impotentes à situação das pessoas
acorrentadas na Caverna em um mundo que as pessoas olham
para frente, veem as sombras e acreditam que essas sombras são
de fato a realidade.
A visão dos olhos atrapalha a visão interior, pois o olhar é uma
interpretação mediada por nossos conceitos e valores criados
através das nossas experiências. Sendo assim, a realidade visível
não existe na verdade, pelo fato de ela ser sempre condicionada
pelo olhar.
A incapacidade de focalização e atenção com o que acontece
não só ao nosso redor, acaba por ocasionar diversas voltas sem
sentido pela vida, deixando de lado a busca pela compreensão
do que somos, para o que servimos e o sentido da nossa
existência, fazendo nos perder com nós próprios.
O medo como o centro de todas as relações criadas pelo ser
humano hoje, está nos deixando aprisionados pelo conforto e
pela segurança, potencializando uma carência de sentido pela
vida e distanciando a visualização da simplicidade nas coisas.
Essas questões estão limitando o nosso ato de ver apenas para o
olhar visível. Estamos enfraquecendo o nosso olhar invisível
que se encontra na mente, conhecido por muitos como
imaginação.
O poder de complementar as palavras, fazendo nos deixar
projetar dentro delas através da imaginação está se perdendo na
[ 26 ]
atualidade. Essa magia que vemos com frequência nas crianças,
desaparece conforme elas vão crescendo e se “desenvolvendo”
através do que são impostos a elas, visto de uma maneira mais
concreta nas Instituições Educacionais.
O problema tratado se estende para além da questão
educacional, pois estamos sendo manipulados diariamente por
diversas esferas de poder hierarquizantes estruturadas pelo
sistema. Entretanto, a escolarização da educação é a raiz da
potencialidade dos problemas que estamos lidando.
Todos nós somos constituídos de pensamentos e sentimentos.
Nossas experiências, sensações e percepções fazem de nós
criaturas emocionais. Cada emoção é pessoal e fica codificada
na imagem, porém, isso é constantemente modificado. Nós
sugerimos que os olhos são passivos e as coisas apenas entram.
Mas a imaginação sai e é ela que nos faz visualizar de fato,
acabamos por enxergar com os olhos da mente, sem ver estamos
vendo constantemente. Os olhos permanecem passivos enquanto
a imaginação transborda.
Nós não conhecemos as coisas como elas são, somos capazes de
ver e ouvir com os ouvidos, com o cérebro. Vemos em partes
com os olhos, mas não exclusivamente. O convencionalismo
que move a Terra faz com que enxerguemos menos, escutemos
menos e falemos mais, deixando de evoluir a visão interior que
se desenvolve em nós.
Uma forma enriquecedora para a subjetividade é o incomodo,
ele nos impulsiona a buscar as coisas. Contanto, não devemos
nos incomodar com o que os outros pensam, pois utilizamos o
olhar dos outros, a língua dos outros e acabamos por existir
através dos outros. Precisamos tentar existir por nós mesmos. Só
assim nos daremos conta que somos mortais de fato, para amar e
aprender mais ao longo da vida.
[ 27 ]
O olhar é singular, assim como cada ser humano. A visualização
que é plural, podendo ser encontrada no abstrato. Diferente do
que estamos acostumados a sugerir, as coisas não entram apenas
nos olhos, elas surgem dentro de nós. Se distinguindo das
lembranças que apenas reveem as coisas, a imaginação traz a
visualização que transfigura o mundo. É através dela que
podemos transcender ultrapassando a fronteira da mente e dos
fótons mentais.
A tecnologia avançou muito na Era da Globalização e isso é
visto de maneira muito positiva por grande parte da sociedade.
O problema é que ao mesmo tempo em que ela avançou, ela
também passou a se tornar não só um instrumento de alienação,
mas principalmente de investigação – que vigia e invade a nossa
privacidade – na mão do sistema.
Entretanto, mesmo com todo esse avanço, a tecnologia sempre
será limitada. Nós temos dentro de nós a tecnologia mais
avançada do mundo, chamada consciência. Diferente dos
computadores quânticos desenvolvidos por meios de
investigação e de busca, sua inteligência se manifesta de
maneira espontânea, demonstrando o quão avançado é o poder
que possuímos conosco.
Porém, estamos vivendo uma matrix que não está sendo
visualizada pelas pessoas. Ela pode ser sentida quando vamos ao
trabalho ou quando olhamos pela janela, quando pagamos
nossos impostos ou ficamos hipnotizados às telas. O mundo que
nos é imposto foi colocado diante dos nossos olhos para que não
fosse visto a prisão que nascemos. Uma prisão na qual não
conseguimos tocar ou sentir. Tudo isso, é tocado por um sistema
que se baseia no encobrimento para expandir sua esfera de
influência através de operações de inteligência, diplomáticas,
políticas, militares, econômicas e científicas.
[ 28 ]
Na Inglaterra do século XVIII, do Rei Jorge III, é declarado
ilegal a moeda independente e livre de juros que as colônias
estavam produzindo e usando entre elas, obrigando-as à fazer
empréstimos com juros do Banco Central da Inglaterra e,
instantaneamente endividando-as. Dessa forma, foi impedido às
colônias de operarem em um sistema monetário honesto que
livrasse o homem comum das garras manipuladoras do dinheiro
e da ambição.
Desde o início do que conhecemos como mercantilismo, a
mercadoria nunca se viu tão evidenciada como hoje. Ao
contrário dos escravos e explorados ao longo da história,
estamos vivendo um tempo em que a maioria da sociedade não
quer enxergar e a minoria da sociedade não percebe a escravidão
que estão vivendo.
Essa matrix é alimentada pelos seus servos que continuam a se
empregar em um trabalho cada vez mais alienante – caso
estejam suficientemente domados – e a comprar mercadorias
que lhes tornam potencialmente mais escravos.
O cenário atual da Era da Globalização é motivado pelo
urbanismo que refez a totalidade do seu espaço como seu
próprio cenário, junto ao desenvolvimento de uma lógica de
dominação absoluta impulsionada pelo sistema capitalista,
criando uma eterna instabilidade e construção do mesmo. A
insegurança na qual vivemos é a justificação da remodelação
permanente, fazendo com que os lugares fiquem cada dia mais
barulhento e sujo.
Através da apropriação exclusiva do solo, os habitantes da
matrix acabam por pagar suas próprias jaulas sem discutir a vida
lamentável que lhes foram planificadas. Uma servidão
voluntária que se espalhou pela Terra colocando as pessoas cada
vez mais dentro de suas Cavernas.
[ 29 ]
Na época audiovisual, a mercadoria vendida através da imagem
não é mais condicionada pela demanda e sim pela oferta. É
dessa forma que se criam novas necessidades que são
consideradas vitais de maneira tão rápida pela maioria da
população. Dispondo-se disso, o sistema dominante utiliza as
mercadorias para difundir suas mensagens e afastar os seres
humanos de seu semelhante.
Visando aprisionar mais consciências, são disseminadas
mensagens publicitárias que procuram associar a felicidade às
mercadorias distanciando as pessoas da oportunidade de serem
feliz, junto à falsa ilusão de escolha. Isso fica mais explicitado
quando a mercadoria são os alimentos.
A variedade demonstrada nos supermercados dissimula a
degradação e falsificação dos produtos alimentícios. São através
das indústrias agroquímicas – ou alimentícias – que são
produzidos organismos geneticamente modificados com uma
mistura de colorantes, pesticidas, hormônios e conservantes que
fazem nossos alimentos chegarem às prateleiras.
O exemplo da nossa alimentação também pode ser vivenciado
na exterminação massiva e bárbara das espécies que suprem os
desejos criados das pessoas que dispõe de uma filosofia onívora.
Essa filosofia não resiste ante o desejo de proveito de certos
seres vivos, utilizando-se do prazer imediato como sua regra de
alimentação.
Isso acaba por se estender também ao consumo, movido pela
insaciável satisfação de desejos. Contanto, para consumir
desenfreadamente é preciso ter dinheiro e isso nós podemos
conseguir apenas com o trabalho. O termo trabalho deriva-se do
termo em latim tripalium, que significa três paus, instrumento
de tortura utilizado para subjulgar os animais e forçar os
escravos a aumentarem sua produção.
[ 30 ]
Assustados pelo desemprego – que é uma condição da Era da
Globalização – as pessoas se submetem a qualquer tipo de
humilhação e acabam se vendendo para pagar em parcelas sua
vida miserável. Apressados pelo cronômetro engolem rápido o
alimento modificado para poderem ir rapidamente ao emprego
maximizar o número de mercadorias produzidas em um
processo meramente mecanizado.
Com apenas um trabalho respectivo em uma determinada área,
seja ele intelectual ou físico, os trabalhadores são gratos pela
“generosidade” das pouquíssimas portas de oportunidades que
se abrem. Esse tipo de trabalho constitui em sua essência a
desapropriação dos próprios trabalhadores através das atividades
alienantes que são vistas como libertadoras.
Nessa Era, majoritariamente, a mercadoria é produzida na Ásia
e concebida no Ocidente, enquanto a morte e a exploração são
demonstradas com mais veemência na África. O sistema
condiciona o homem a um trabalho que o faz ter um
comportamento produtivo para além das fábricas e das
indústrias.
Todos esses males são esquecidos pelos “menos” explorados
quando entram de férias – bem organizadas para não parar a
produção – ou quando estão se divertindo e tendo acesso ao
lazer, sumariamente, sem o desprendimento do consumo.
Para enganar sua insatisfação, os servos da matrix se divertem
através das imagens na época audiovisual. Junto à tecnologia, as
imagens levam consigo a mensagem da sociedade moderna e
serve de instrumento de unificação e propaganda. Essa
sufocadora perda de liberdade e de capacidade de reflexão tem
início com as crianças que são instruídas dentro das escolas
através de modelos alienadores e induzidas fora delas por telas
hipnotizadoras.
[ 31 ]
Isso tudo é difundido pela mídia que é patrocinada pelas
corporações que buscam promover o consumo vendendo
modelos de vida. Existem imagens para todas as ideias, idades e
classes sociais. Apropriam-se disso para disseminar a troca de
imagens com cultura e arte, criando uma confusão na cabeça das
pessoas através de uma usurpação.
Impulsionado pelo sistema e não diferente das corporações, que
colocam o lucro acima de tudo, a mídia utiliza-se de qualquer
coisa para fazer a sua divulgação. Duplamente escravizada na
sociedade, é a mulher que paga o preço mais alto para a venda
das mercadorias, sendo apresentada como simples objeto de
consumo.
Os trabalhadores não enxergam que esse divertimento na época
audiovisual, é colocado em suas mãos para distraí-los do
verdadeiro mal que lhes afetam. Além disso, todo esse
condicionamento faz comprarmos a ideia de que não temos
controle algum, se expandindo para o nosso pensamento e nos
levando a crer que o mundo externo não só é mais real que o
interno, como também a única realidade.
O ser humano perdeu a noção do poder do pensamento, pois
vive preso a preceitos de presunção sobre a história do mundo
que não condizem com a verdade. Um paradigma que muitos
não enxergam, mas que se for visualizado abrem novas formas
de ver o mundo passando a compreender que o verdadeiro
encanto da vida não está no saber e sim no mistério.
Todas as realidades existem simultaneamente transbordando
infinitas possibilidades, por isso podemos recriá-la. O que está
acontecendo conosco internamente, irá criar o que acontece
conosco externamente.
Entretanto, somos impostos a aceitar que a realidade física
absolutamente sólida é a realidade. Porém, ela compartilha da
ideia que tem como princípio um pressuposto particular de
[ 32 ]
existência de cada um, partindo da percepção da pessoa que vive
a experiência sobre o que é real.
O cérebro não sabe a diferença do que vê no ambiente e do que
lembra ou é criado, pois são os mesmos neurônios que são
ativados, por isso a realidade está acontecendo no nosso cérebro
a todo instante. Contanto, pelo fato do ser humano ser movido
por objeções e subjulgamentos nós não conseguimos integrar a
realidade da mente e transcender o poder da consciência.
Nós conseguimos ver o que acreditamos ser possível e os
padrões de associação já existem dentro de nós através do que
nos é condicionado. Essas questões são reafirmadas pelo tempo
que, na verdade, não é concreto. Mesmo nos baseando sempre
nele, não temos explicação do que ele é de fato, a não ser uma
pura ilusão.
Temos que banir o pensamento de que as coisas que nos cercam
não são objetos que existem sem a nossa escolha e contribuição.
Precisamos reconhecer que o mundo material que nos cerca são
apenas possíveis movimentos da consciência e estamos
escolhendo momentos nesses movimentos para manifestarmos a
nossa existência.
Achamos de maneira prepotente, que o mundo existe
independente da nossa experiência. Porém, temos que
compreender que ele é feito de todas as possibilidades – sendo
apenas uma – do subconsciente. Essa matrix que faz as pessoas
trabalharem e se aborrecerem vivendo a vida como se nada de
especial tivesse acontecendo, tem como resultado mentes
enjauladas. Os olhos são apenas lentes, mas os habitantes da
Caverna acreditam que eles o fazem enxergar de fato, deixando
de entender a magia que está diante delas que se manifesta em
todos os momentos.
O verdadeiro observador é o espírito que está dentro da nossa
roupa biológica conhecida por muitos como consciência. Cada
[ 33 ]
um de nós, afetamos a realidade como a vemos, mesmo que não
acreditemos ou nos façamos de vítimas. O nosso pensamento
pode mudar o corpo – e a vida ao nosso redor – completamente,
mas as pessoas aprisionadas na matrix não transformam a
realidade de maneira consistente, pois não tem a crença de que
podem criá-la e recria-lá.
Segundo Einstein e sua Teoria da Relatividade, o tempo está na
quarta dimensão. No entanto, estamos em um mundo
tridimensional, em que a nossa química se revela através de
nossos corpos. Entretanto, pensamos em objetivos e ficamos
aprisionados à uniformidade da realidade, fazendo dela
completa e não conseguindo alterá-la reafirmando a nossa
insignificância. Mas se transformarmos a realidade em nossas
possibilidades, criamos uma extensão da nossa imagem e
passamos a nos questionar como podemos modificá-la,
manifestando a força do pensamento através da consciência e
expandindo para além da tridimensionalidade.
O cérebro é feito de pequenas células nervosas chamadas
neurônios, eles possuem ramificações para se conectarem e
fornecerem uma rede neural. Cada área conectada está integrada
a um pensamento ou uma memória, construindo assim, todos os
conceitos através de memórias associativas.
Nós criamos e recriamos modelos de como enxergamos o
mundo exterior, pois refinamos nosso modelo de visualizar
através da quantidade de informação que adquirimos. Contanto,
as informações que chegam do mundo exterior são sempre
preenchidas por experiências ou respostas emocionais –
sentimentos – acerca do que estamos observando.
Nos dias de hoje, comumente deixamos de ser uma pessoa
sentimental e consciente de seu corpo e sua mente, pois
frequentemente estamos respondendo ao ambiente como se
fosse algo automático. Isso é realizado através da interrupção de
[ 34 ]
um processo de pensamento que produz uma resposta química
ao corpo, fazendo as células nervosas que estavam ligadas
quebrarem o seu relacionamento e deixando com que elas não
voltem a se ativarem juntas, perdendo sua conexão e criando
uma identidade.
Com essa questão, podemos reafirmar que a maior farmácia do
mundo é a mente, pois através de pensamentos positivos
fazemos as células se conectarem e reconectarem o tempo todo,
criando um longo relacionamento na rede neural com as boas
vibrações que estamos emanando.
O nosso corpo é uma unidade que produz cerca de 20 diferentes
aminoácidos para formulação de sua estrutura física. No
cérebro, existe uma pequena parte chamada hipotálamo que
reúne materiais químicos para se conectar com certas emoções.
Dentro do hipotálamo temos pequenas cadeias de proteínas
chamadas peptídeos que se juntam com neuropeptídeos e
hormônios neurais para combinar com os diferentes estados
emocionais que sentimos diariamente.
Quando sentimos um estado emocional, o hipotálamo se
compatibiliza imediatamente com o peptídeo e o libera na
corrente sanguínea, achando seu caminho para as diferentes
partes do corpo condizentes com a emoção sentida no momento
para se conectar com as células.
Todas as células do corpo possuem milhares de receptores
externos. A célula se abre ao mundo exterior quando o peptídeo
se atraca nela, disparando uma cascata de eventos bioquímicos
podendo alterar até mesmo seu núcleo.
Ou seja, criamos situações para suprir as necessidades
bioquímicas das células do nosso corpo e, ao contrário do que
pensamos, se não controlarmos nosso estado emocional
podemos nos viciar a ele. Temos que mudar a nossa forma de
ver nossas necessidades e identidades pessoais, pois a busca que
[ 35 ]
é feita está relacionada em sua maioria a achar apenas uma
emoção que interesse.
Existem materiais químicos para o que sentimos e todos estados
emocionais pelo quais passamos e, como tudo que olhamos
envolve o aspecto emocional, somos alienados por isso na época
audiovisual para ficarmos desconectados com nós mesmos. Se
nós ficamos nos sentido tristes por muito tempo, precisamos nos
policiar para estarmos felizes e evitarmos que o cérebro produza
as imagens tristes que passamos a ficar acostumados.
Não é apenas o que conhecemos como droga que vicia, pois o
hipotálamo produz peptídeos para cada emoção que temos,
podendo ocasionar uma dependência de certos peptídeos
(emoções) das células. Nossa consciência literalmente cria o
nosso corpo, pois ele capta o sinal do cérebro e os receptores das
células mudam de sensibilidade.
Nossa constituição de pensamentos e sentimentos é inseparável,
levando em conta que cada processo do nosso corpo, que curam
ou consertam algo dentro de nós, está sendo influenciado
diretamente pelas moléculas de emoção impulsionadas pelo que
pensamos ou sentimos.
O problema é que a rotulação feita pelas pessoas –
principalmente pelos profissionais – é constante. Não há
liberdade de escolha, pois os habitantes da matrix são instruídos
a homogeneizar a maneira que pensam. Qualquer pensamento
que fuja da “normalidade” é taxado de loucura.
Entretanto, são os mesmos seres humanos “normais” e
julgadores que majoritariamente tem uma vida entediante e sem
inspiração, pois eles nunca tentaram buscar algo que os fizessem
imaginar. Esses servos da Caverna estão hipnotizados por seus
ambientes e por pessoas que ditam ideias e parâmetros que
quase todos lutam para imitar, mas que ninguém consegue
alcançar em termos de aparência física ou definições de beleza.
[ 36 ]
Essas ilusões fazem com que as mentes fiquem cada vez mais
aprisionadas, passando a ter uma vida de rendição ao sistema e
mediocridade com seu espírito. Desse modo, a alma pode ficar
escondida e não se manifestar para que uma mudança de
visualização ocorra.
Nós temos vícios e vivemos acorrentados na Era da
Globalização, pois ninguém nunca se aproximou de nós e nos
deu um conhecimento inteligente suficiente sobre como nós
funcionamos de dentro para fora. No entanto, podemos ir em
direção a um novo paradigma de ampliação de pensamento.
Fugindo das “verdades” prontas, podemos aprender a sonhar
com algo melhor através da imaginação, expandindo o Universo
e recriando-o através das nossas consciências.
[ 37 ]
III
[ 38 ]
A verdadeira compaixão é mais do que atirar uma moeda a um
pedinte. É ver que o edifício que produz pedintes precisa de
reestruturação. (Martin Luther King Jr.)
[ 39 ]
A procura pela felicidade na Era da Globalização torna-se
inalcançável se associada à busca do prazer através do consumo,
pois ela é momentânea, mas não é plena. E é somente nessa
felicidade que o capitalismo se baseia, para poder alimentar o
sistema monetário. O jogo de publicidade da mídia faz com que
aceitemos esse valor de felicidade e nos baseemos nele para
podermos alcançar a nossa plenitude, porém, de maneira
totalmente equivocada. Dessa forma, acabamos potencializando
a nossa infelicidade – ou falsa felicidade – e gerando mais
desigualdade no mundo.
“Nós realmente queremos viver em um mundo no qual 1% tem
mais do que todos nós juntos?”, questionou Winnie Byanyima,
diretora-executiva da Oxfam e co-presidente do Fórum
Econômico Mundial que acontece anualmente e reuniu os ricos
e poderosos no resort suíço de Davos entre 21 e 24 de janeiro de
2015.
Segundo o estudo da ONG (Organização Não-Governamental)
britânica Oxfam, divulgado no dia 19 de janeiro de 2015, a
partir de 2016 o 1% mais rico do planeta ultrapassarão a riqueza
do resto da população. A riqueza desse 1% subiu de 44% dos
recursos mundiais em 2009 para 48% em 2014. Em 2016, esse
número pode vir a superar 50% se o ritmo do atual crescimento
for mantido.
Essa concentração de riqueza também pode ser observada dentre
os 99% restantes da população mundial, que detém 52% dos
recursos mundiais hoje. Destes 52% restantes, 46% estão nas
mãos de 1/5 (um quinto) da população. Todos esses números
resultam na informação de que apenas 5,5% dos recursos estão
nas mãos da maior parte de toda a população mundial.
Compreendendo que o sistema capitalista não surgiu ou foi
criado, temos que entender como ocorreu o desenvolvimento
desse sistema que tem como pilar o sistema monetário
[ 40 ]
alimentado pelo livre mercado. Como foi dito anteriormente, na
Inglaterra de Tudor o povo deixou de pertencer a Terra e a
Revolução Industrial deu início às corporações. Porém, o
sistema monetário só veio se consolidar no século XX.
No fim do século XVIII, os Estados Unidos conseguiu sua
independência, travando uma batalha com o Banco Central da
Inglaterra que detinha o monopólio da produção de riqueza. O
Banco Central é uma instituição que detém dois poderes
específicos que são da responsabilidade de suas funções:
controle do poder de compra e controle de fornecimento de
dinheiro, mais conhecido como inflação.
O Banco Central não fornece apenas dinheiro à economia do
governo, ele faz um empréstimo com juros. Então, é através do
aumento e da diminuição do fornecimento de dinheiro que ele
regula o valor da moeda. Assim sendo, toda estrutura por trás
desse sistema monetário acaba por produzir unicamente dívida.
Como o Banco Central tem o monopólio da produção de riqueza
de toda a nação, eles emprestam o dinheiro com uma dívida
associada a ele, para depois o dinheiro que virá a pagar o déficit
surgir novamente do Banco Central. Desse modo, há um
crescimento do fornecimento de dinheiro para cobrir o débito,
que aumenta ainda mais visto que o novo dinheiro emprestado
também tem juros, criando uma dívida cada vez maior em um
processo cíclico.
Os estadunidenses que lutaram pela independência de seu país
sabiam que o único modo desse sistema não falhar era a
conivência com essa escravidão, pois seria impossível para a
nação de seu povo sair dessa eterna autogeração de dívida.
O que temos na contemporaneidade é um mundo em estado de
colapso acumulativo movido pelo mercado. Um pouco antes, no
século XVII, John Locke – filósofo inglês e um dos
idealizadores do liberalismo – introduz o conceito de
[ 41 ]
propriedade para os direitos à privacidade e à propriedade
através de três pré-requisitos: excedente suficiente para os
outros, não permissão de danos à propriedade e, acima de tudo,
integração do trabalho a ela.
Por meio da criação desse contrato social que aparentemente é
justo, pelo fato de combinar a mão de obra com o mundo tendo
direito aos produtos e evitando o desperdício e danos nas
propriedades enquanto há excedentes para os outros, há uma
falsa conclusão através de interpretações para satisfazer o poder,
apropriando-se do que Locke tinha criado.
As consequências disso foram que o produto e a propriedade
não são mais merecidos por nossa mão de obra, pois o dinheiro
passou a comprar mão de obra. Não existe mais preocupação se
há excedente suficiente para os outros ou se as coisas estragam
ou não, pois o dinheiro não pode ser responsabilizado pelo
desperdício. Essas questões são totalmente incompreensíveis
pelo fato de não estarmos falando do valor da moeda, mas sim
de seus efeitos.
Com diversas falsas conclusões, essa surpreendente trapaça
lógica só tem o objetivo de servir os interesses dos detentores do
capital. Tudo isso é complementado por Adam Smith – filósofo
economista escocês e um dos teóricos do liberalismo econômico
– no século XVIII, através da ideia central da economia: o
equilíbrio entre a oferta e a procura através da “mão invisível”
criada por um dos idealizadores do livre mercado.
Os bens que as pessoas colocam à venda e que outras pessoas os
compram passam a se equivaler através da escassez ditada pelos
meios de subsistência que limitam a reprodução dos pobres com
a eliminação de seus filhos dada pela “mão invisível”. Com esse
pressuposto, não há limites para quanta mão de obra alheia os
investidores podem comprar, quanta mercadoria podem
acumular ou quanta desigualdade podem gerar.
[ 42 ]
Entendendo todo este panorama, no início do século XX, em
que já haviam sido criados Bancos Centrais nos Estados Unidos,
as famílias dominantes da época – JP Morgan, Rockfeller, etc. –
procuraram impulsionar leis para a criação de outro Banco
Central, com o objetivo de privatizar o sistema de crédito.
Utilizando-se da mídia e os meios de comunicação, foram
publicados boatos sobre a falência de um importante banco em
1907 patrocinada por essas famílias para causar histeria no povo
e afetar os outros bancos em um medo que se espalhou. Isso
ocasionou retiradas em massa realizadas pelo povo, em que os
bancos foram forçados a reclamar seus empréstimos fazendo
devedores perderem suas propriedades, surgindo uma espiral de
especulação, cobranças e tumultos.
Os interesses dos empresários da época ganhavam vantagem por
meio da criação de todo o pânico. A consequência disso foi uma
recomendação do Congresso estadunidense para a
implementação do Banco Central de forma que todo o pânico –
gerado por uma suposta fraude – não voltasse a se repetir,
agradando o interesse dos ricos para iniciarem sua jogada.
Em 1910, foi escrito por banqueiros – e não legisladores – o
tratado do Banco Central para a criação de uma Reserva
Federal, com a intenção de privatizar o sistema de crédito. Em
1913, o Presidente Woodrow Wilson que teve pesado patrocínio
político dos banqueiros – e viria a demonstrar seu
arrependimento publicamente depois – aprovou o Ato da
Reserva Federal que foi votado dois dias antes do Natal, quando
a grande maioria dos congressistas estavam com suas famílias.
Todo esse processo deu início à fragmentação dos territórios e o
surgimento da Era da Globalização, onde a Terra está nas mãos
de algumas pessoas. As corporações são controladas pelo
sistema de crédito que se privatizou, tirando a liberdade dos
[ 43 ]
governos e de toda a população, em que as decisões são tomadas
não pelo voto das maiorias, mas sim por um pequeno grupo.
O sistema de Reserva é um estabilizador econômico. Em 1920,
nos Estados Unidos, a Reserva passou a diminuir uma massiva
porcentagem de fornecimento de dinheiro, resultando nos
bancos tentarem reaver um grande número de empréstimos e,
como aconteceu em 1907, ocasionando um colapso do sistema
monetário, evidenciando a dependência da Reserva. Mais de
cinco mil bancos fora do sistema da Reserva faliram, trazendo
assim, a consolidação de um pequeno grupo de banqueiros
internacionais através da mesma criação de pânico de alguns
anos atrás, minuciosamente planejada para o fortalecimento do
monopólio, para passarem a ter em mãos o mecanismo ideal
para a expansão de suas ambições pessoais.
Contanto, o pânico de 1920 foi apenas um pequeno susto perto
do estrondo causado pela famosa crise de 1929. De 1921 até
1929, a Reserva aumentou a disponibilidade de dinheiro
resultando longos empréstimos aos bancos e ao povo. Criou-se
também um novo tipo de empréstimo, chamado Empréstimo
Paralelo na Bolsa de Valores. O Empréstimo Paralelo permitia
ao investidor pagar 10% do preço real das ações, com os outros
90% sendo emprestados ao corretor. Em outras palavras, uma
pessoa poderia ter uma ação de $1000,00, pagando apenas
$100,00.
O Empréstimo Paralelo se popularizou nessa década, fazendo
com que todas as pessoas gerassem dinheiro no mercado de
valores. Contudo, esse empréstimo tinha uma contrapartida:
poderia ser convocado a qualquer momento e deveria ser pago
dentro de 24 horas. Em linguagem da Bolsa é um “Margin Call”
e o seu resultado é a venda das ações compradas com esse
empréstimo.
[ 44 ]
Por isso, meses antes de Outubro de 1929 que foi quando
ocorreu a grande depressão, diversos empresários – um dos
exemplos é Rockfeller – foram abandonando o mercado de
maneira silenciosa e em total sigilo.
Em Outubro de 1929, os financeiros que fizeram esses
Empréstimos Paralelos começaram a cobrar os endividados. Isso
teve como consequência uma massiva venda no mercado de
todos que tinham que cobrir os empréstimos e, ao tentarem tapar
o buraco criado pelo Empréstimo Paralelo, mais de quinze mil
bancos foram arruinados. Toda essa falência possibilitou os
banqueiros internacionais não só comprarem os bancos rivais a
preço de saldo, como também comprar corporações inteiras a
preços mínimos.
Nesse momento, o país que tinha se tornado o mais rico do
planeta depois da Primeira Guerra Mundial que havia terminado
em 1918 com a vitória dos Aliados – que foram os países
combatentes que os Estados Unidos apoiaram –, via uma
sociedade inteira em um estado deplorável de miséria.
Passando a compreender todo esse contexto, conseguimos
enxergar que a única coisa que dá valor ao dinheiro é a
quantidade que circula. Portanto, regular o fornecimento de
dinheiro é regular o seu valor. Exatamente por isso que as leis
não existem perto do poder que os grandes banqueiros têm sobre
nós.
As complexidades que rodeiam o sistema monetário distancia a
sociedade do entendimento de seu funcionamento. Entretanto,
ele é projetado para ocultar uma das estruturas que mais
impedem o avanço social da humanidade.
A criação do dinheiro surge através de uma dívida, pois o que os
bancos fazem quando aceitam notas promissórias nos contratos
de empréstimo em troca de crédito – dinheiro – que vai para a
conta corrente daquele que recebe o empréstimo é o surgimento
[ 45 ]
do dinheiro simplesmente porque existe a procura, ele é criado
do nada. É um processo contínuo independente do valor e as
Reservas Monetárias recebem uma taxa de porcentagem pré-
estabelecida acordada com os governos locais.
O dinheiro é criado por um sistema de reserva fracionária e o
que dá o valor ao dinheiro recém-criado é o dinheiro que já
existe, pois o novo dinheiro “rouba” o valor da reserva de
dinheiro existente, já que a quantidade total de dinheiro aumenta
independentemente da procura por bens ou serviços.
E, como a oferta e procura requerem equilíbrio através da “mão
invisível”, os preços aumentam diminuindo o poder de compra
de cada moeda individual do país em específico, gerando a
famosa inflação que é essencialmente uma taxa escondida do
público geral.
Esse sistema de reserva fracionária é inflacionário por natureza,
porque o ato de aumentar a Reserva Monetária sem que haja um
aumento proporcional de bens e serviços na economia irá
desvalorizar sempre a moeda. Esse modelo de inflação é
economicamente autodestrutivo, pois no sistema monetário em
que vivemos dinheiro é dívida e vice-versa. Se todos nós
fossemos capazes de pagar nossas dívidas, inclusive os Estados,
nós não teríamos nenhuma moeda em circulação.
O dinheiro é criado através da dívida por empréstimos que são
retirados de uma Reserva Bancária, que derivam de depósitos. E
através desse sistema de reserva fracionária, qualquer depósito
pode criar mais dinheiro do que o valor original, desvalorizando
a Reserva Monetária existente e aumentando os preços na
sociedade. Como todo dinheiro é criado a partir de uma divida e
ele circula de maneira aleatória através do comércio, as pessoas
tornam-se inconscientes de suas dívidas originais gerando um
desequilíbrio para serem forçadas a competir por emprego, de
[ 46 ]
forma que consigam tirar dinheiro suficiente da Reserva
Monetária para cobrir seus custos de vida.
O principal elemento da estrutura financeira que revela a
verdadeira essência fraudulenta do sistema monetário é a
aplicação dos juros. Todo o dinheiro que é emprestado pelo
banco é devolvido com acréscimo de juros. Contanto, o
problema é que todo dinheiro é emprestado pelo Banco Central
e expandido por bancos comerciais através de empréstimos.
Entretanto, eles não cobrem os juros que são cobrados, pois
simplesmente eles não existem.
A quantidade de dinheiro que é devida aos bancos sempre
excederá a quantidade de dinheiro disponível em circulação,
exatamente por isso que a inflação é uma constante na
economia, pois será sempre preciso dinheiro novo para cobrir a
dívida eterna interente ao sistema, causada pela necessidade de
se pagar os juros. O resultado disso são as falências que nunca
deixarão de fazer parte do sistema, fazendo sempre as pessoas
mais pobres da sociedade sofrerem com isso.
O dinheiro que o banco nos dá não só é falso, como também é
uma forma ilegítima contra prestação, cegar-nos a isso faz parte
do jogo para a transferência perpétua de riqueza e dividas
continuarem. Essa política de reserva fracionária que se
espalhou como prática da grande maioria dos bancos no mundo
é um sistema moderno de escravidão, pois passamos todos nós a
trabalhar para os bancos. Se o dinheiro é criado a partir de
dívidas e as pessoas procuram trabalho para poder pagá-los, mas
se o dinheiro só pode surgir a partir de empréstimos, não tem
como a sociedade se livrar desse processo contínuo
homogeneizante.
Cria-se o dinheiro no banco e invariavelmente ele volta ao lugar
que foi criado, por isso os verdadeiros donos do mundo são os
banqueiros junto com as corporações e os governos que os
[ 47 ]
apoiam. Diferente da escravidão física que exige abrigo e
comida para os trabalhadores, a escravidão monetária exige que
as pessoas consigam sua própria casa e comida. Uma guerra
invisível contra a população em um esquema planejado de
manipulação social, em que a dívida é a arma para conquistar e
escravizar sociedades e os juros é sua principal munição.
Na época audiovisual esse esquema não é mostrado a nós pelo
fato da mídia ser controlada também pelos banqueiros,
corporações e governos – impotentes em toda essa situação –
que estão de acordo. O sistema da inflação composto pela
escassez inevitável característica da oferta de dinheiro criado
pelos juros que nunca poderão ser pagos, mantém o escravo na
linha através da luta para pagar dívidas eternas alimentadas pelo
medo de perder bens, fortalecendo um império que só beneficia
a elite no topo da pirâmide.
A população que ainda acredita que o sistema procura pensar no
bem estar das pessoas não deve compreender que se isso de fato
fosse verdade, não haveria terceirização de empregos. Enquanto
muitos não enxergam – ou não querem enxergar – toda essa
realidade, as novas bases que foram implantadas para
aperfeiçoar e expandir essa tática de guerra econômica – Bancos
Mundiais, Fundos Monetários Internacionais, grandes
Organizações Financeiras Internacionais, grandes Organizações
Mundiais de Comércio, etc. –, continuam sem leitos
democráticos e participação popular.
A forma que os poderosos corporativos e banqueiros trabalham
é buscando um país que tenha recursos para fazer um
empréstimo enorme do Banco Mundial ou alguma de suas
organizações próximas, porém, o dinheiro não vai para o país.
Esse empréstimo acaba nas mãos das grandes corporações, para
criarem projetos de infraestrutura – usinas de energia, parques
industriais, portos, etc. – que são coisas que beneficiam alguns
[ 48 ]
ricos desse país e também as corporações, mas não a maioria da
população que vive nele.
O país acaba ficando com uma dívida enorme que não consegue
pagá-la, para os jogadores poderosos adquirirem mais recursos
que passaram a se tornar desvalorizados ou ganharem apoio,
seja na cúpula da ONU (Organizações das Nações Unidas) ou
em bases militares. As corporações e os banqueiros também
fazem pedidos que em sua maioria são atendidos, conseguindo
privatizar a companhia elétrica, sistema de água e esgoto, etc.
pelo fato do Estado não ter capital para uma boa administração
por estar completamente endividado.
Nessa altura, o Banco Mundial e o FMI (Fundo Monetário
Internacional) pedem o refinanciamento da dívida cobrando
mais juros, fazendo o país vender também os recursos de
serviços sociais e empresas de serviços básicos, podendo ser
vendido às corporações estrangeiras até mesmo os sistemas
educacionais, penais, de seguro, entre outros. Um trabalho em
conjunto dos poderosos corporativos e banqueiros, acordado
com os governos locais.
Assim como o sistema monetário mantém a população em uma
serventia através da dívida e inflação de juros, o Banco Mundial
e o FMI (Fundo Monetário Internacional) executam essa função
em uma escala global, seja com empréstimos ou corrompendo
líderes desses países através de ações de inteligência. Depois,
são impostos políticas de ajustes estruturais que normalmente
consistem em: desvalorização da moeda, grandes cortes nos
fundos para programas sociais, privatização de empresas do
Estado e abertura da economia removendo quaisquer restrições
ao comércio externo.
Isso tudo resulta em perda dos recursos naturais disponíveis por
uma fração de seu valor; comprometimento do bem-estar e da
integridade física da sociedade, deixando o público vulnerável à
[ 49 ]
exploração; perda de sistemas sociais importantes para empresas
estrangeiras lucrarem; manifestações econômicas abusivas
através da introdução de produtos específicos em massa,
ocasionando uma subtração da produção camponesa e
arruinação da economia local.
A premissa básica de todo esse jogo do sistema é a maximização
do lucro sem pensar nas questões sociais e ambientais, criando
até mesmo numerosas despercebidas fábricas desumanas
desregulamentadas que surgem como consequência das
dificuldades econômicas impostas. Além disso, devido à
produção irregular a destruição ambiental é exorbitante, pois
majoritariamente as corporações são indiferentes a esses
assuntos.
As corporações controlam a mídia através de publicidade,
controla a maioria dos políticos – seja financiando campanhas
ou estabelecendo regras –, elas não são eleitas, não cumprem
um tempo de mandato e muito menos dão satisfações. Não
conseguimos saber se as corporações trabalham para si próprias
ou para o governo, tornando o Estado invisível na maior parte
do tempo. E, tudo isso, é realizado em parceria com os bancos.
O Banco Mundial e o FMI (Fundo Monetário Internacional)
apoiam os interesses das corporações. Sendo assim, ajudar
países a se desenvolver e aliviar a pobreza, é o mesmo que o
aumento da pobreza e a má distribuição de riquezas enquanto o
lucro das empresas sobe. A maior lástima é que isso é
alimentado pelo dinheiro que nasce do nada através do sistema
bancário de reserva fracionária, gerando um mundo imutável
socialmente determinado pelos negócios.
As diversas questões citadas no decorrer do livro são
ocasionadas pelos seguintes “ismos”: egocentrismo,
totalitarismo, reducionismo, extremismo e consumismo. Sendo a
má utilização de todos os outros que o sucedem frutos da agonia
[ 50 ]
humana que atrapalham o desenvolvimento saudável da
sociedade.
Na Grécia Antiga, o filósofo Aristóteles acreditava que
felicidade era o fim do homem na pólis (civilização/cidade). O
grande empecilho para alcançarmos a felicidade na atualidade
pode ser explicado através da narrativa da história de Narciso na
Mitologia Grega, que originou a criação do termo narcisismo.
Narciso era um jovem muito bonito que desprezou o amor da
ninfa Eco e por isso foi condenado a apaixonar-se por sua
própria imagem espelhada na água. Este amor impossível levou
Narciso à morte, afogado em seu reflexo. O narcisismo,
portanto, retrata a tendência do indivíduo de alimentar uma
paixão extrapolada por si mesmo. Podemos explicar o
egocentrismo através dessa estória, em que a potencialidade do
ego de forma exagerada faz com que o ser humano deixe de
praticar o altruísmo.
É exatamente isso que o sistema capitalista explora através do
consumo, junto à vaidade e a satisfação dos prazeres e desejos
criados de cada pessoa, alimentados pela lógica do egoísmo. A
compaixão se perde e o ego, que é importante para nossa
sobrevivência, infla-se por completo tornando o mundo vazio.
Sentimos-nos ofendidos constantemente, alimentamos a
competição movida pela ambição de sempre querer mais,
estamos presos à necessidade de ter razão e de se sentir superior.
Com essas questões potencializamos esse mecanismo egoísta
dominante e acabamos por perder o domínio sobre nós próprios
e o nosso ego.
A consequência disso é o fechamento da vida ao palpável, pois
caso não consigamos nos despir do ego fazemos da nossa zona
de conforto algo extremamente equivocado que faz perdermos a
visualização. Porém, criar a realidade faz romper com o
[ 51 ]
condicionamento e, é só fora da nossa zona de conforto, que
percebemos a manifestação do nosso pensamento.
A mente e o coração tem que trabalhar em conjunto para o livre
arbítrio nos mostrar um caminho diferente dessa retórica que
seguimos. É muito raso seguir apenas o que nos é imposto e,
isso se amplifica para além do sistema capitalista.
O que difere o capitalismo de alguns sistemas é o grau de
interferência do Estado nas empresas, porém, a centralização de
poder ainda existe. No anarquismo há a ausência total do
Estado, mas existem diversas vertentes e, em sua maioria, são
radicais. Todos os sistemas movidos pelo extremismo e grande
parte deles partilham do imediatismo, levando-nos
invariavelmente ao reducionismo.
No entanto, nenhum dos sistemas é mais agressivo que o
sistema capitalista do livre mercado, que visa o interesse próprio
com a desculpa de que a competição leva à prosperidade social,
já que o ato de competir incentiva as pessoas motivando-as a
perseverar.
Contanto, uma competição baseada na economia – sistema
monetário – leva inevitavelmente, a corrupção estratégica de dar
poder aos ricos, gerando uma estratificação social, paralisia
tecnológica, abusos de trabalho e uma forma disfarçada de
governo ditatorial por uma elite rica. O poder no capitalismo
está nas mãos das corporações, bancos e governos que são
coniventes com suas táticas, esse centralismo de poder é
extremamente perigoso por afrontarem diretamente com
questões sociais e ambientais.
E essa corrupção estratégia é moldada pelo termo corrupção
derivado do latim corruptos, o seu significado é quebrar e
manter o quebrado em pedaços através de calunia, com o
sentido de deterioração, processo ou efeito de corromper. Por
meio de buscar a maximização do lucro temos uma corrupção
[ 52 ]
que muitas pessoas não consideram na sociedade, porém, são
mecanismos de autopreservação do sistema que colocam o bem-
estar das pessoas em segundo plano, ou seja, depois do sistema
monetário.
O monopólio empresarial, a desvalorização da mão de obra ou
despejo de lixo tóxico no meio ambiente são alguns exemplos
que mostram que a corrupção é a própria base do sistema.
Entretanto, são mascarados e usurpados pela mídia para não
enxergarmos que isso é comportamento corrupto por parte das
corporações e dos bancos, em atuação com os Estados.
A ingenuidade da sociedade para essas questões que alimentam
esse mecanismo egoísta nos fazem ter uma democracia em que
não sabemos quem de fato elegemos, comandada pelo
absolutismo da elite. Ao invés de um sistema democrático,
temos uma enorme riqueza concentrada na mão de alguns
poderosos. Mesmo assim, muitos ainda acreditam nessa ilusão
de colocar políticos honestos no poder para ficarem mais
calmos.
O ato de lucrar com problemas alheios e a criação de novos
problemas é o que sistema dominante faz para criar uma
sociedade competitiva baseada na exploração de um ser humano
por outro. E, sumariamente, essa sociedade nos é dada como
imutável associando essa competitividade desumana à nossa
essência. Entretanto, nossa natureza humana não partilha da
índole individualista que é disseminada pelo sistema através da
competição.
O ato de competir é alimentado pelo esporte midiatizado que
representa o sucesso e o fracasso, as vitórias e as derrotas. Isso é
potencializado de maneira natural, visto que as crianças já são
induzidas pelos pais a acharem divertido um esporte em que há
apenas um vencedor. Não diferente da Roma Antiga onde os
imperadores compravam a submissão do povo com pão e jogos,
[ 53 ]
hoje em dia o Pão e Circo se faz presente no entretenimento e
consumo do vazio para silenciar a nação.
O sistema se aproveita disso não apenas para conseguir o
silêncio de seus servos, mas também para disseminar a cultura
do homem branco “machão”, que é majoritariamente o ser
dominante na sociedade elitista. Utilizando-se da mídia, a
publicidade propaga essa cultura para manter a submissão da
mulher que historicamente sempre foi explorada, alimentando
também a segregação racial e fazendo surgir novas
denominações de gênero e orientação sexual buscando criar uma
identidade que contraditoriamente alimenta o sistema.
O único objetivo de tudo isso é fazer com que os seres humanos
percam a percepção, para assim, a interioridade das pessoas não
se manifestarem. Esse controle de consciências tem auxilio das
palavras, que nos são dadas como neutras, mas tem sua
definição como evidente. Como a elite é a classe detentora de
praticamente todos os meios de comunicação, ela faz uma
utilização viciada das palavras através de uma definição parcial
e falsa que dá a elas. Assim, a linguagem resigna algo muito
diferente da vida em que grande parte da população vive, nos
condenando à impotência através da conservação da atual
sociedade mercantil.
Essa conservação por meio da aceleração do consumo
incondicional em um planeta de recursos finitos que é
promovida em prol do crescimento econômico está nos
suicidando, pois é impossível produzir algo da melhor maneira
possível se uma corporação tem como objetivo a
competitividade e manutenção de seus produtos acessíveis ao
consumidor.
Tudo que é criado e posto à venda na economia global são
inferiores logo no momento de sua produção, pois o sistema de
mercado exige uma eficiência de custo que é feita através da
[ 54 ]
redução de gastos em cada etapa da produção. Isso faz com que
os produtos comercializados não sejam os mais eficientes,
sustentáveis e avançados cientificamente possíveis.
Além disso, o principio fundamental para o regimento da
economia é não produzir um produto com uma vida útil maior
que a necessária. É assim que se mantém o consumo cíclico,
pois quanto mais tempo um produto funcionar, pior será a
manutenção do sistema de mercado.
A sustentabilidade do produto é contrária ao crescimento
econômico e não tem como o sistema atual dominante funcionar
de outra forma. Milhares e inumeráveis aterros ao redor do
mundo mostram essa obsolescência programada de maneira
mais clara, evidenciando que eficiência, sustentabilidade e
preservação são inimigos notórios do livre mercado.
No entanto, não existe um ser humano culpado. As pessoas
sofrem interferência direta no comportamento através do
ambiente e das relações sociais do local em que nascem, vivem
e crescem. O que há é um sistema que se desenvolveu e que
assola toda a humanidade. Independentemente de esse sistema
ter pessoas no topo da pirâmide, a felicidade de suas vidas não é
garantida sem a plenitude.
O criar e recriar a nossa realidade se desvencilhando da
dualidade resgatam a nossa essência e nos fazem transcender o
plano físico. Tudo está conectado e através da imaginação
começamos a remodelar nossa consciência para ter essa
visualização. Temos o poder de manifestar nossa realidade por
meio da abstração, mas primeiro temos que ter foco, atenção e
vontade.
Continuadamente, a confiança e a entrega se dão junto com a
crença de que podemos fazer a mudança. Por fim, tudo flui e
através da permissão apenas recebemos o que nós criamos em
nossa consciência.
[ 55 ]
Por isso, com a quebra de paradigmas e o despertar da
consciência de cada um podemos transmutar a realidade para
uma nova Era. Mas isso, só é possível com a procura do ser
humano em se autoconhecer mais. O olhar para dentro de si faz
com que a manifestação ocorra de dentro para fora e é
exatamente isso que faz realizar a transformação.
FIM
[ 56 ]
Ou um novo início...?
Nada na vida deve ser temido, apenas compreendido. Agora é
hora de compreender mais para temer menos. (Marie Curie)

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Unidade

  • 2. [ 2 ] Os ideais não têm lugar na educação porque impedem a compreensão do presente. Podemos dar atenção ao que é somente quando deixamos de fugir para o futuro. (Jiddu Krishnamurti)
  • 3. [ 3 ] Sumário PARTE I..............................................................................................5 PARTE II ..........................................................................................22 PARTE III.........................................................................................37
  • 4. Esse livro é dedicado a todos os mestres de Luz, especialmente a Tania Mara A. da Silva.
  • 6. [ 6 ] Seria uma atitude muito ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que permitisse às classes dominadas perceberem as injustiças sociais de forma crítica. (Paulo Freire)
  • 7. [ 7 ] Nesse planeta habitado por milhões de espécies, um ser vivo se autodenominou racional. Essa denominação abriu espaço para a superioridade do que chamamos de ser humano, ocasionando uma interferência – direta ou indiretamente – catastrófica no ciclo da vida, movido pela soberba do conhecimento. O ser humano é constituído por duas cosias: pensamentos e sentimentos. É através delas que há a manifestação do que somos nessa trilha de aprendizado. Cada ser humano é singular, mas não existe compreensão entre os habitantes para entender isso. O único consenso dos seres humanos é da importância da educação. A origem da palavra educação deriva-se do termo em latim educare, que significa tirar e, apropriada ao contexto em que é utilizado, tirar o melhor de si. Mesmo soando um tanto quanto pré-potente e arrogante, a relevância de sua importância é indiscutível para a grande maioria das pessoas no mundo, colocando como prioridade a reivindicação do direito à educação para todos. Na Grécia Antiga, dos grandes filósofos, a educação era seu grande pilar. Os espaços eram abertos para a reflexão, tendo como principal combustível o questionamento. Os sofistas trouxeram à educação outra forma através da cobrança de pagamento do “ensinar”, porém, sem a obrigatoriedade como foco. Assim, a resistência dos pensadores dava o ar da graça junto à imaginação, criatividade e troca constante de conhecimentos. Enquanto na Grécia a educação se constituía através da reflexão, do outro lado do mundo, na América Pré-Colombiana, o aprender se dava através do contato com o que conhecemos como Natureza. Até o início da colonialização – que para muitos é “ensinado” descobrimento – existiam milhões de nativos na América. As
  • 8. [ 8 ] diversas tribos espalhadas aprendiam a valorizar e cultivar a Pachamama. Os povos extraíam apenas o necessário para a sobrevivência e, mesmo na caça, compreendiam o quão sagrado eram os outros seres vivos. O surgimento da demarcação das propriedades advém do século XIII. Na Inglaterra de Tudor, é realizado o cerceamento de terras pelo parlamento. As grandes terras comunais que eram compartilhadas foram reduzidas às pequenas propriedades privadas. Isso se espalha pela Europa, para em seguida abrir espaço para a colonialização. Nesse momento, as pessoas deixam de pertencer à Terra e a terra passa a pertencer ao povo. A partir do século XV inicia-se uma exterminação impulsionada pelo surgimento do mercantilismo, que viria a fomentar a economia dos Estados com medidas estabelecidas – protecionismo alfandegário, incentivo às manufaturas, balança comercial favorável e soma zero – através da exploração. No Novo Continente que acabara de ser “descoberto”, a grande maioria dos nativos desparecem com inúmeras línguas entrando em esquecimento. Começa-se a Era das “Conquistas”, com a ocupação dos territórios. A dominação é feita ignorando as culturas, os povos e as crenças para a extração da riqueza de suas terras. Depois de “conquistar” a América, milhões de africanos são transplantados para o Brasil para sofrer nos séculos seguintes a escravidão – nos garimpos, nas plantações de cana, café, etc. – e alimentar a economia dos Estados colonizadores enquanto os povos da Europa disputavam terras e guerreavam entre si. Após o fim da escravidão lidam com o abandono e, através do mesmo sofrimento dos séculos passados, buscam a superação. Passam-se os tempos e a ambição do ser humano vai se fazendo cada vez mais presente na mente das pessoas. O entendimento de que a todo o momento estamos educando e sendo educados
  • 9. [ 9 ] através da troca constante de aprendizados do dia-dia é deixada de lado. Porém, de maneira proposital, para fazer da educação uma ferramenta. A assinatura da Lei Áurea no fim do século XIX se dá junto à ascensão e disseminação do nascimento da educação pública, gratuita e obrigatória pelo mundo. Em um momento em que achamos que estamos deixando os últimos escravos livres, passamos a criar a ferramenta que faria nos tornar verdadeiros escravos nos séculos seguintes. Foi no Despotismo Esclarecido em um antigo Reino e já dissolvido estado alemão chamado Prússia, no fim do século XVIII e início do século XIX, que se cria a educação pública, gratuita e obrigatória. Originado do padrão militar, os Monarcas se baseiam na forte divisão de classes e castas para criar um modelo de educação que fomente a disciplina, a obediência e o regime autoritário. Sua origem vem do modelo Espartano, em que havia uma instrução militar onde o Estado se desfazia daqueles que não alcançavam os níveis esperados. A educação era realizada através de aulas obrigatórias, fortes castigos e modelagem de conduta através da dor e do sofrimento. O objetivo principal do surgimento da educação era evitar as revoluções que ocorriam na França. Para satisfazer o povo os Monarcas incluíram alguns conceitos do Iluminismo, mas mantendo o regime absolutista. Na Rússia, por exemplo, que foi uma das precursoras da educação pública, gratuita e obrigatória junto à Prússia, foram chamados enciclopedistas para preparar a administração do que seria ensinado nas escolas. Um dos grandes Iluministas da época, Diderot foi trazido para auxiliar esse pacote formador de uma massa de pessoas disciplinadas para obedecer aos seus Estados e competitivas para terem disposição para guerrear.
  • 10. [ 10 ] Um pouco antes, no século XVII, Thomas Newcomen cria uma invenção que logo em seguida, daria início ao que conhecemos como “Revolução Industrial”. Com a criação da bomba a vapor para tirar água de uma mina, aumentou-se a retirada de carvão feita pelos mineiros ingleses. A produtividade/hora cresce, levando isso à frente para as corporações que surgiriam logo em seguida. Impulsionadas pela Guerra Civil e a Revolução Industrial, a expansão das Ferrovias fez com que o Estado doasse terras públicas para a criação de bancos e indústrias. As regras eram bem claras, tudo o que faziam eram do conhecimento do Estado. O tempo de operação e o valor do Capital, nada disso era regido pelas corporações. As corporações eram vistas como um presente do povo para servir um bem público, porém, com a remoção das restrições historicamente impostas às corporações e a concessão do Estado a uma licença, elas passam a operar não como um grupo de pessoas, e sim como uma pessoa jurídica sob a lei. Coincidentemente, o início da escolarização pública, gratuita e obrigatória se dá junto à ascensão das corporações e da Era Industrial. Os empresários da época a viram como um investimento e ajudaram a financiar a criação das escolas – JP Morgan, Andrew Carnegie, John Rockfeller, Henry Ford, etc. – enxergando a resposta ideal à necessidade dos trabalhadores. Visando encontrar um lugar para os operários colocarem seus filhos, a escolarização também serviu para o ensinamento das leis e principalmente o aprimoramento da mão de obra, com o foco na aplicação de fórmulas científicas, Leis Gerais e em matérias específicas ligadas à produção e o consumo. Não é de se assustar a semelhança das escolas com as fábricas e o modelo de produção, em que existe um processo meramente mecânico através de passos determinados em uma ordem
  • 11. [ 11 ] específica, separado por gerações e graus com etapas pré- estabelecidas e focalização de alguns elementos. Com isso, também há o fardamento obrigatório, horários estipulados de entrada e saída, com sirenes indicando os intervalos dentro de um espaço com grandes muros e grades, seja de concreto ou de árvores. Com o discurso de educação para todos, muitos países importaram a escola moderna elevando a bandeira da igualdade, quando justamente a própria essência da educação provinha do Despotismo, buscando perpetuar modelos elitistas e divisão de classes. Depois da Prússia, Rússia e Polônia, no século XVIII, Napoleão – grande inimigo dos despóstas – importa o modelo de escolarização para a França. Sucessivamente, chega-se à Espanha e os Estados Unidos é o primeiro país a implantar esse modelo na América. Um sistema educacional que se espalhou pelo mundo que acaba adestrando cidadãos para servir ao sistema, através de uma máquina de subjulgamento que se estende às Universidades e diversas esferas de vida na sociedade. Uma grande ferramenta para que a cultura permaneça sempre igual e se repita, conservando as estruturas sociais da sociedade condizentes com as diferentes realidades. O espaço de tédio e desinteresse que rodeiam as Instituições Educacionais é potencializado pela busca – unicamente – do desenvolvimento curricular, fazendo com que o conhecimento permaneça reduzido através de uma visão extremamente parcial. Isso é impulsionado pela Globalização que, ao contrário da estática educacional, está em um constante crescimento. É no século XX, através da fragmentação dos territórios, que se inicia a Era da Globalização. O modelo de consumo insaciável substitui o humanismo como motor de progresso, impulsionado
  • 12. [ 12 ] pela Revolução Tecnológica e as grandes corporações, fazendo do consumo o verdadeiro fundamentalismo. Através da desculpa para a trilha do crescimento, as corporações buscam diversas medidas. Elevação dos impostos, juros altos para atrair investimentos estrangeiros, austeridade fiscal, privatizações em nome da boa administração do setor privado e incapacidade dos Estados são as reformas sugeridas para o desenvolvimento da sociedade. Com o processo de Globalização transformando o consumo em ideologia da vida, não era de se esperar que as pessoas menos favorecidas tivessem melhorias em suas condições. Através dessa lógica, os habitantes com uma condição social mais baixa são reciclados para longe dos centros da cidade. A problemática de acesso se torna um grande empecilho junto à barreira de locomoção que só cresce – nas periferias, becos, vielas, favelas, conjuntos habitacionais, etc. – seja no valor das passagens ou na grande distância. A Globalização impulsionada pelas grandes empresas afastaram as corporações de uma relação com o território, através do distanciamento das ações efetivas dos Estados e a aproximação pelos interesses econômicos. Isso fez com que se criasse uma fábrica de perversidade, deixando de lado a responsabilidade moral e social, maquiada por uma falsa dependência criada pela sociedade. O principal objetivo das corporações é obter o máximo de lucro possível, tendo como sua única preocupação os acionistas. É seu lucro que alimenta o sistema capitalista, com os interesses financeiros dos donos corporativos acima até mesmo do bem público. A corporação precisa objetivar o crescimento e lucrar para que os demais paguem pelo seu impacto na sociedade, fazendo gerar externalidades.
  • 13. [ 13 ] Esse trabalho é realizado em conjunto com os Estados, nos países subdesenvolvidos existem fábricas clandestinas com condições precárias para os trabalhadores ganharem míseros centavos, para depois as corporações revenderem seus produtos. Tudo isso é feito com muita proteção e segurança, acordado com os governos locais. Para colocar uma máscara em cima da exploração, é muito comum as grandes empresas doarem parte de seus lucros para Instituições Filantrópicas. Dessa maneira, os consumidores são tocados pela sua boa ação social tanto pela “facilitação” da vida do consumidor, como pela ajuda às instituições de caridade. Essas fábricas clandestinas são necessárias, pois as corporações não conseguem fabricar nas áreas em que elas conseguem obter sucesso. A renda aumenta e, como consequência, a mão de obra fica cara. Ou seja, não tem mais como maximizar o lucro. Entendendo esse contexto, fica mais fácil de compreender que historicamente as corporações também impulsionaram os regimes fascista e nazista. O fascismo de Mussolini cresceu com a ajuda das grandes corporações, fazendo os investimentos alavancarem. O mesmo aconteceu quando Hitler assumiu o poder. Mesmo com os Estados Unidos estando ao lado da União Soviética e do Reino Unido liderando o grupo formado pelos Aliados que venceram a Segunda Guerra Mundial contra o Eixo, comandado pela Alemanha de Hitler, Itália de Mussolini e o Império do Japão de Hirohito, as corporações – sobretudo americanas – ajudaram a reconstituir a Alemanha e apoiar o regime nazista. A busca do lucro pelas corporações se sobrepõe a qualquer bandeira e, até hoje, elas são multadas por negociar com tiranos. Porém, isso é visto como um negócio, se a multa for menor que o lucro o financiamento continuará existindo.
  • 14. [ 14 ] A facilitação – para uma parcela da população – através da Globalização fez com que se maximizasse não só o lucro, mas também problemas sociais. Para além dos problemas sociais, o meio ambiente se encontra em um abismo cada vez mais profundo e a cura do câncer nunca será encontrada se não enxergarem que a indústria é seu grande causador. O declínio do ser humano com a relação cada vez mais próxima ao consumo se faz presente na produção de produtos perigosos, produtos químicos sintéticos, lixo tóxico, lixo nuclear, poluição, mal aos animais, destruição dos habitats, extinção de espécies, fazendas industrializadas, experimentações, emissões de CO2, devastação florestal, derretimento das geleiras, etc. Tudo isso se reflete em exterminação da vida através da contaminação do ar, da água e da terra. O conceito de riqueza foi deturpado para satisfazer a lógica do consumo, estamos guerreando contra a evolução. Criamos a nossa autodestruição, pois um pedaço de papel tem mais importância do que a vida nessa busca pelo lucro e sede pelo consumo. Essa demonstração não está presente só nas catástrofes geradas pelo ser humano, mas também na ambição dentro dos grandes laboratórios, fazendo a reverência pela vida se perder através das empresas e Universidades que podem ser donas de espécies, deixando de lado a compreensão de que formas de vida não são como invenções da indústria, como rádio ou TV. Existem países no mundo que legalmente, aceitam patentear organismos vivos criados em laboratórios. Para essas questões não chegarem aos meios de comunicação, existe uma grande manipulação da mídia. Ela transforma a população em consumidores inconscientes criando desejos e impondo uma filosofia, voltando atenção das pessoas para aspectos fúteis da vida como, por exemplo, o consumo de
  • 15. [ 15 ] modismo. Movidos pela competição, os indivíduos ficam desassociados entre si e o senso de valor acaba se refletindo na quantidade de desejos que conseguem satisfazer. As corporações controlam os meios midiáticos para propagarem não um produto, mas um estilo de vida. Isso é realizado através de ilusões feitas para nos distrair e manipular nossa aprovação, criando-se um padrão desejado. É um jogo de uma indústria que gasta bilhões por ano para influenciar os consumidores. No mundo da Globalização os acontecimentos diários são inumeráveis, porém, as informações que nos são passadas são escolhidas minuciosamente e distorcidas não para informar, mas para formar uma opinião específica em relação aos assuntos que nos são passados. Os meios de comunicação selecionam o que está acontecendo. Existem os fatos, as notícias são interpretações desses fatos de acordo com os interesses pré-determinados de economistas, acionistas e empresas patrocinadoras. A imposição da mídia fez com que os valores da nossa sociedade fossem transformados em um único valor, o consumismo. O sistema educacional vigente acaba refletindo verdadeiras estruturas políticas ditatoriais que não aspiram desenvolvimento coletivo, fazendo com que as pessoas não trabalhem para melhorar sua comunidade. O trabalho que se almeja é aspirado sempre de maneira individual, procurando melhorar a qualidade de vida da pessoa de uma maneira extremamente contraditória e agressiva para o entorno da sociedade. A importância voltada apenas para o conhecimento formal faz com que os seres humanos fechem os olhos para o que acontece além da sua realidade. O objetivo se tornando mensurável, quantificável e objeservável faz surgir uma medição inexistente dos objetivos a partir de um padrão invisível, fugindo da singularidade do ser humano e criando uma estruturação para se
  • 16. [ 16 ] comparar as pessoas. Através disso, as notas ajudam a reafirmar quem são os perdedores e quem são os ganhadores, criando diversos conflitos na mente e se estendendo muito além das esferas educacionais institucionalizadas. Toda essa reafirmação faz contrapor os valores que em teoria, as estruturas educacionais objetivam – comunidade, cooperação, paz, liberdade, felicidade, amor, etc. – para dar espaço para outros valores que alimentam o sistema – concorrência, violência, materialismo, discriminação, individualismo, condicionamento, etc. – fazendo com que se tornem apenas um mero discurso de palavras bonitas ou os tratando como conteúdo para ser revisado para os próximos exames. Isso faz com que o processo de ensinar se torne uma reprodução simbólica, com o professor tradicional dando aula em um quadro negro sobre o que ele aprendeu ou o que vem fazendo por tradição durante muitos anos, sobre todo um material imposto pelos administradores educativos. Na formação dos docentes não se diz quase nada sobre emoções, fora isso, não são os docentes que ditam suas aulas ou passam para os alunos o que acham importante ensinar. A escolarização se dá como um processo de instrução, em que os materiais são preparados detalhadamente em sua maioria por administradores e não por educadores, visando dar continuidade à servidão ao sistema. A consequência disso é a perda do senso crítico, do questionamento, da imaginação e da criatividade. Da mesma maneira em que as corporações auxiliaram com investimentos nos regimes fascista e nazista, os países precursores do processo de escolarização pública, gratuita e obrigatória são até hoje focos de Xenofobia e Nacionalismo extremo, pelo fato das escolas terem se complementado com pesquisas sobre o controle de condutas e até propostas de
  • 17. [ 17 ] superioridade racial, baseando-se no sistema Prussiano ou similar a ele. Pensando na homogeneização da sociedade, o sistema educacional se assemelha ao sistema de linha de montagem que nasce com o Taylorismo. Pouco a pouco, as pessoas “educadas” tornam-se cidadãos obedientes, consumistas e eficazes transformando-se em números, qualificações e estatísticas que através das exigências e pressões do sistema acabam desumanizando a todos e fazendo-os tornar robôs, indo muito além dos alunos, professores, inspetores e diretores. A verticalidade dos sistemas educacionais faz com que haja uma exclusão social, selecionando o tipo de pessoas que farão parte de uma elite que futuramente dominarão as corporações – os sistemas de produção, de comunicação, econômico, etc. – e outro tipo de pessoas que serão dominadas e não precisarão dos diplomas para fazer esse tipo de trabalho. Ou seja, é apenas um processo de instrução e não de aprendizado. Essa verticalização é proveniente da escolarização da educação que, com as raízes do sistema Prussiano, se mantém até hoje no mesmo padrão. O sistema e o Estado não se preocupam com o ser humano enquanto indivíduo, por isso esse método educacional torna-se eficiente para ele. Perderam-se também os critérios exteriores da Natureza e, junto a isso, a descoberta. Sem fomentar a imaginação e a criatividade passamos a seguir tudo que nos é imposto de forma natural. E tudo que nos é imposto em relação a qualquer tipo de conhecimento é com base no medo, para gerar bons cidadãos – dóceis e obedientes – para uma sociedade competitiva. Esse fechamento do mundo exterior do projeto educacional que nós somos obrigados a seguir, não leva em consideração a importância do amor, a liberdade de escolha, a natureza da aprendizagem e as relações humanas no desenvolvimento
  • 18. [ 18 ] coletivo e individual. Diferente das experimentações livres, espaços de reflexão e conversação da Grécia Antiga, a educação é obrigatória, se assemelhando muito mais às instruções dadas aos escravos e se distanciando da liberdade. A educação que nos é imposta se contrapõe ao valor de paz que é disseminado no dia-dia. Muito pelo contrário, reafirma-se a guerra quando a competição é alimentada pelos educadores das instituições, que também não passam de escravos do sistema. Depois de anos lendo e estudando, não é o estudante ou o professor que fracassa, o sistema que é mal planejado. Aliás, é muito bem planejado para ser dessa maneira. Estamos seguindo um caminho que propaga o conceito de liberdade como forma suprema e, ao mesmo tempo, suprime a verdadeira liberdade. A civilização não tem espaço para nenhuma discussão, pois a lógica financeira não tem espaço para solidariedade. Um bom exemplo é a África, o continente mais rico da Terra em riquezas materiais e naturais assolados pelo sofrimento em grande parte da região. A questão da fome é muito debatida e, sempre citamos o continente africano, mas o que muitos não enxergam é que essa questão é uma problemática de distribuição dos alimentos e de dominação e exploração de pessoas, principalmente na África. Nós produzimos muito mais comida do que nós podemos comer. Só que não somos nós que produzimos, são as corporações. Elas detêm um grande monopólio de sementes e plantações que afrontam diretamente com a estimulação de Agricultura Orgânica para a população, fazendo grande parte dos habitantes do planeta Terra esquecer que podem produzir o seu próprio alimento e a Natureza pode lhes dar tudo que necessitam para a sobrevivência. O povo do Ocidente, diferente dos Orientais, dificilmente sabe ouvir tranquilamente uma palavra crítica. Isso faz com que se
  • 19. [ 19 ] perca o amor. Perdendo-se o amor, não existe a possibilidade de se criar um diálogo, pois amar significa aceitá-lo na sua diferença. As Instituições Educacionais não são sinônimas de educação, como muitos acreditam ser. O amor, o respeito e o diálogo nunca vão ser encontrados em livros ou ensinados nas escolas, Universidades ou em um emprego. A potencialidade do medo na Era da Globalização ditado pelas corporações é o que paralisa o ser humano a aprender, pois sendo movidos pela competição passamos a ter medo de errar. Porém, o que muitos não conseguem enxergar é que no erro também se aprende e ninguém tem que ganhar aqui. A importância da pergunta está colocada desde o início da Filosofia, onde a aprendizagem surge do repensar e do questionar. O que fazem é exatamente o contrário, fugimos da natureza da aprendizagem para através das Instituições Educacionais ordená-la e estruturá-la. Isso é feito para a criação de um guia de conhecimento baseado em experiências prévias, o currículo. Nós, como cidadãos, temos que nos “educar” para melhorar nosso currículo para poder almejar alguma coisa na vida. É exatamente isso que as corporações querem que nós sigamos, e elas como cidadão, tem um currículo eterno de pessoas imortais e sem consciência moral. As corporações podem produzir bens ou serviços que nos são úteis e melhoram nossas vidas, o problema é que o lucro – nunca suficiente – é o único objetivo. O que muitos não entendem pelo fato de estarem cegos por essa “facilitação” que as corporações trazem à vida de uma parcela da população, é que muitos produtos que foram criados e são comercializados não deveriam sequer ser fabricados. As empresas sabem disso e tentam banalizar toda essa situação para poder continuar lucrando através de uma aspiração imperialista de deter o poder.
  • 20. [ 20 ] Estamos caminhando para um futuro muito obscuro que, se não refletirmos nossa maneira de pensar, passará a ser tornar um caminho sem volta. A água é um bem comum que deve ser conservado por todos, contanto, pode estar nas mãos das corporações um futuro que boa parte da população mundial nunca imaginou passar se não mudarmos nossa consciência. A interioridade de cada pessoa se manifesta através da arte e, nos dias de hoje, podemos repensar como manifestá-la nessas condições. A arte não tem definição, ela sempre se reinventa. Podemos reinventá-la utilizando-a para arar a terra, adubá-la, plantar o alimento, colhê-lo, cozinhá-lo e se alimentar. Não estaremos alimentando não só a nós, mas nosso espírito interior e coletivo com o mundo. Recriar e reutilizar também pode fazer parte desse trajeto, diferente do desperdício, que devemos deixar de lado nessa trilha. Mudemos nosso conceito de riqueza imposto na Era da Globalização e passemos a valorizar a água limpa, a terra fértil e o ar puro. Falemos sobre Democracia, mas de outro modo, com outra visão. Não podemos nos limitar a colocar um governo que não gostamos por outro que talvez venhamos a gostar. As grandes decisões são tomadas dentro de organizações que não possuem leitos democráticos – Bancos Mundiais, Fundos Monetários Internacionais, grandes Organizações Financeiras Internacionais, grandes Organizações Mundiais de Comércio, etc. – e, dessa forma, não há representatividade do povo, pois não é ele quem escolhe os representantes dos países nessas organizações. Vivemos em uma Democracia que mais se parece um Despotismo, em que não temos voz nas decisões tomadas por aqueles que governam o mundo. Essa geopolítica imposta pelos economistas e pela mídia pode ser repensada se tivermos uma conscientização. Arbitrariamente, dificilmente conseguiremos transformar as corporações e a
  • 21. [ 21 ] política que as envolve. “Democraticamente”, nosso voto sempre se restringirá a “tirar e colocar”. Exatamente por isso, a mudança é um processo muito mais árduo e, com uma troca de hábitos e disseminação de novos valores, a esperança poderá se tornar algo efetivo para o planeta Terra. O desemprego é uma condição para ter mais Globalização, a pobreza é tratada com naturalidade pelo Estado e aceitamos tranquilamente ficar discutindo a questão da fome. As corporações desorganizam os territórios tanto moralmente, como socialmente. Não podemos ser coniventes com suas mentiras e trapaças para obtenção de lucro junto a uma tecnologia exterminadora e extremamente alienadora. Não há nenhuma indústria no planeta que seja sustentável porque elas são saqueadoras da Terra e, não pelo fato da nossa definição como civilização. Isso é um grande erro que deve ser corrigido. O Terceiro Mundo deixou de ser visto como monstro e mostrou que as corporações eram os verdadeiros aterrorizantes. Se há uma grande dificuldade quando só há um fornecedor – o Estado – temos que criar sistemas que alimentem a Terra e os seres humanos sem as corporações. O futuro está no plantar o alimento e preservar os recursos naturais, pois o capitalismo perdeu o rumo e substituiu a política através dos donos das grandes empresas. Um dia esse sistema se sucumbirá, pois a emergência da Era da Globalização está ocasionando não apenas problemas sociais e demográficos, mas problemas ambientais que interferem no todo, no absoluto. Não podemos fazer com que um prédio responda por responsabilidades sociais e morais, mas podemos fazê-lo entrar em esquecimento através da nossa mudança de pensamento. Temos que superar a barreira da meta para alcançar a liberdade, esse é o verdadeiro caminho.
  • 23. [ 23 ] A imaginação é mais importante que o conhecimento. O conhecimento é limitado. A imaginação envolve o mundo. (Albert Einstein)
  • 24. [ 24 ] Desde a escolarização da educação, somos instruídos a pensar e acreditar no observável. Esse reducionismo faz com que deixemos de alimentar a nossa imaginação, perdendo a visualização e limitando-se a enxergar apenas o que os nossos olhos veem. Todas essas ideias são potencializadas desde o surgimento da escolarização que, tinha como foco para instrução as formulas científicas e Leis Gerais. Esse padrão estabelecido no fim do século XVIII e início do século XIX se estende até hoje nas esferas educacionais, procurando focalizar as mesmas matérias que requeriam mais atenção na ascensão da Revolução Industrial, para hoje dar continuidade à Era da Globalização. Atualmente, estamos na época audiovisual em uma Era movida pelo excesso das coisas. Podemos ter acesso a tudo a qualquer momento, mas dificilmente temos tempo para o que podemos adquirir. Essa ilusão alimentada pela superabundância de imagens está nos deixando cada vez mais perdidos através da constante multiplicação de sonhos. Esse “sonhar” que comumente vivenciamos não é alimentado pela imaginação e sim pelas coisas que vemos na mídia em geral. As imagens que enxergamos são vistas fora de contexto e quase nunca tentam nos dizer algo, o que é feito – pelas revistas, televisão, internet, jornais, etc. – é uma tentativa de venda através da visualização. Exatamente por isso, estamos em uma espécie de cegueira generalizada. Acabamos perdendo a visão pelo fato de os nossos sonhos já estarem sendo introduzidos automaticamente, sem espaço para a criação junto à imaginação. Isso se assemelha às Instituições Educacionais que, assim como a mídia, impõe toda uma ordem através de uma estruturação feita pelo sistema. De certo modo, a ânsia por imagens é potencializada por esses meios de “educação” que não fazem
  • 25. [ 25 ] outra coisa a não ser instruir as pessoas a seguirem algo, dando- lhes a informação pronta e fazendo-os acreditar ser a única verdade. Estamos cegos da nossa própria ideia, da nossa própria razão, alimentando o espetáculo que nos é apresentado. A Caverna de Platão nunca se fez tão presente como hoje, pois perdemos o olhar interior através dos tantos clichês que nos são mostrados e que por fim, acabamos a aceitar. As imagens substituíram a realidade, ficamos impotentes à situação das pessoas acorrentadas na Caverna em um mundo que as pessoas olham para frente, veem as sombras e acreditam que essas sombras são de fato a realidade. A visão dos olhos atrapalha a visão interior, pois o olhar é uma interpretação mediada por nossos conceitos e valores criados através das nossas experiências. Sendo assim, a realidade visível não existe na verdade, pelo fato de ela ser sempre condicionada pelo olhar. A incapacidade de focalização e atenção com o que acontece não só ao nosso redor, acaba por ocasionar diversas voltas sem sentido pela vida, deixando de lado a busca pela compreensão do que somos, para o que servimos e o sentido da nossa existência, fazendo nos perder com nós próprios. O medo como o centro de todas as relações criadas pelo ser humano hoje, está nos deixando aprisionados pelo conforto e pela segurança, potencializando uma carência de sentido pela vida e distanciando a visualização da simplicidade nas coisas. Essas questões estão limitando o nosso ato de ver apenas para o olhar visível. Estamos enfraquecendo o nosso olhar invisível que se encontra na mente, conhecido por muitos como imaginação. O poder de complementar as palavras, fazendo nos deixar projetar dentro delas através da imaginação está se perdendo na
  • 26. [ 26 ] atualidade. Essa magia que vemos com frequência nas crianças, desaparece conforme elas vão crescendo e se “desenvolvendo” através do que são impostos a elas, visto de uma maneira mais concreta nas Instituições Educacionais. O problema tratado se estende para além da questão educacional, pois estamos sendo manipulados diariamente por diversas esferas de poder hierarquizantes estruturadas pelo sistema. Entretanto, a escolarização da educação é a raiz da potencialidade dos problemas que estamos lidando. Todos nós somos constituídos de pensamentos e sentimentos. Nossas experiências, sensações e percepções fazem de nós criaturas emocionais. Cada emoção é pessoal e fica codificada na imagem, porém, isso é constantemente modificado. Nós sugerimos que os olhos são passivos e as coisas apenas entram. Mas a imaginação sai e é ela que nos faz visualizar de fato, acabamos por enxergar com os olhos da mente, sem ver estamos vendo constantemente. Os olhos permanecem passivos enquanto a imaginação transborda. Nós não conhecemos as coisas como elas são, somos capazes de ver e ouvir com os ouvidos, com o cérebro. Vemos em partes com os olhos, mas não exclusivamente. O convencionalismo que move a Terra faz com que enxerguemos menos, escutemos menos e falemos mais, deixando de evoluir a visão interior que se desenvolve em nós. Uma forma enriquecedora para a subjetividade é o incomodo, ele nos impulsiona a buscar as coisas. Contanto, não devemos nos incomodar com o que os outros pensam, pois utilizamos o olhar dos outros, a língua dos outros e acabamos por existir através dos outros. Precisamos tentar existir por nós mesmos. Só assim nos daremos conta que somos mortais de fato, para amar e aprender mais ao longo da vida.
  • 27. [ 27 ] O olhar é singular, assim como cada ser humano. A visualização que é plural, podendo ser encontrada no abstrato. Diferente do que estamos acostumados a sugerir, as coisas não entram apenas nos olhos, elas surgem dentro de nós. Se distinguindo das lembranças que apenas reveem as coisas, a imaginação traz a visualização que transfigura o mundo. É através dela que podemos transcender ultrapassando a fronteira da mente e dos fótons mentais. A tecnologia avançou muito na Era da Globalização e isso é visto de maneira muito positiva por grande parte da sociedade. O problema é que ao mesmo tempo em que ela avançou, ela também passou a se tornar não só um instrumento de alienação, mas principalmente de investigação – que vigia e invade a nossa privacidade – na mão do sistema. Entretanto, mesmo com todo esse avanço, a tecnologia sempre será limitada. Nós temos dentro de nós a tecnologia mais avançada do mundo, chamada consciência. Diferente dos computadores quânticos desenvolvidos por meios de investigação e de busca, sua inteligência se manifesta de maneira espontânea, demonstrando o quão avançado é o poder que possuímos conosco. Porém, estamos vivendo uma matrix que não está sendo visualizada pelas pessoas. Ela pode ser sentida quando vamos ao trabalho ou quando olhamos pela janela, quando pagamos nossos impostos ou ficamos hipnotizados às telas. O mundo que nos é imposto foi colocado diante dos nossos olhos para que não fosse visto a prisão que nascemos. Uma prisão na qual não conseguimos tocar ou sentir. Tudo isso, é tocado por um sistema que se baseia no encobrimento para expandir sua esfera de influência através de operações de inteligência, diplomáticas, políticas, militares, econômicas e científicas.
  • 28. [ 28 ] Na Inglaterra do século XVIII, do Rei Jorge III, é declarado ilegal a moeda independente e livre de juros que as colônias estavam produzindo e usando entre elas, obrigando-as à fazer empréstimos com juros do Banco Central da Inglaterra e, instantaneamente endividando-as. Dessa forma, foi impedido às colônias de operarem em um sistema monetário honesto que livrasse o homem comum das garras manipuladoras do dinheiro e da ambição. Desde o início do que conhecemos como mercantilismo, a mercadoria nunca se viu tão evidenciada como hoje. Ao contrário dos escravos e explorados ao longo da história, estamos vivendo um tempo em que a maioria da sociedade não quer enxergar e a minoria da sociedade não percebe a escravidão que estão vivendo. Essa matrix é alimentada pelos seus servos que continuam a se empregar em um trabalho cada vez mais alienante – caso estejam suficientemente domados – e a comprar mercadorias que lhes tornam potencialmente mais escravos. O cenário atual da Era da Globalização é motivado pelo urbanismo que refez a totalidade do seu espaço como seu próprio cenário, junto ao desenvolvimento de uma lógica de dominação absoluta impulsionada pelo sistema capitalista, criando uma eterna instabilidade e construção do mesmo. A insegurança na qual vivemos é a justificação da remodelação permanente, fazendo com que os lugares fiquem cada dia mais barulhento e sujo. Através da apropriação exclusiva do solo, os habitantes da matrix acabam por pagar suas próprias jaulas sem discutir a vida lamentável que lhes foram planificadas. Uma servidão voluntária que se espalhou pela Terra colocando as pessoas cada vez mais dentro de suas Cavernas.
  • 29. [ 29 ] Na época audiovisual, a mercadoria vendida através da imagem não é mais condicionada pela demanda e sim pela oferta. É dessa forma que se criam novas necessidades que são consideradas vitais de maneira tão rápida pela maioria da população. Dispondo-se disso, o sistema dominante utiliza as mercadorias para difundir suas mensagens e afastar os seres humanos de seu semelhante. Visando aprisionar mais consciências, são disseminadas mensagens publicitárias que procuram associar a felicidade às mercadorias distanciando as pessoas da oportunidade de serem feliz, junto à falsa ilusão de escolha. Isso fica mais explicitado quando a mercadoria são os alimentos. A variedade demonstrada nos supermercados dissimula a degradação e falsificação dos produtos alimentícios. São através das indústrias agroquímicas – ou alimentícias – que são produzidos organismos geneticamente modificados com uma mistura de colorantes, pesticidas, hormônios e conservantes que fazem nossos alimentos chegarem às prateleiras. O exemplo da nossa alimentação também pode ser vivenciado na exterminação massiva e bárbara das espécies que suprem os desejos criados das pessoas que dispõe de uma filosofia onívora. Essa filosofia não resiste ante o desejo de proveito de certos seres vivos, utilizando-se do prazer imediato como sua regra de alimentação. Isso acaba por se estender também ao consumo, movido pela insaciável satisfação de desejos. Contanto, para consumir desenfreadamente é preciso ter dinheiro e isso nós podemos conseguir apenas com o trabalho. O termo trabalho deriva-se do termo em latim tripalium, que significa três paus, instrumento de tortura utilizado para subjulgar os animais e forçar os escravos a aumentarem sua produção.
  • 30. [ 30 ] Assustados pelo desemprego – que é uma condição da Era da Globalização – as pessoas se submetem a qualquer tipo de humilhação e acabam se vendendo para pagar em parcelas sua vida miserável. Apressados pelo cronômetro engolem rápido o alimento modificado para poderem ir rapidamente ao emprego maximizar o número de mercadorias produzidas em um processo meramente mecanizado. Com apenas um trabalho respectivo em uma determinada área, seja ele intelectual ou físico, os trabalhadores são gratos pela “generosidade” das pouquíssimas portas de oportunidades que se abrem. Esse tipo de trabalho constitui em sua essência a desapropriação dos próprios trabalhadores através das atividades alienantes que são vistas como libertadoras. Nessa Era, majoritariamente, a mercadoria é produzida na Ásia e concebida no Ocidente, enquanto a morte e a exploração são demonstradas com mais veemência na África. O sistema condiciona o homem a um trabalho que o faz ter um comportamento produtivo para além das fábricas e das indústrias. Todos esses males são esquecidos pelos “menos” explorados quando entram de férias – bem organizadas para não parar a produção – ou quando estão se divertindo e tendo acesso ao lazer, sumariamente, sem o desprendimento do consumo. Para enganar sua insatisfação, os servos da matrix se divertem através das imagens na época audiovisual. Junto à tecnologia, as imagens levam consigo a mensagem da sociedade moderna e serve de instrumento de unificação e propaganda. Essa sufocadora perda de liberdade e de capacidade de reflexão tem início com as crianças que são instruídas dentro das escolas através de modelos alienadores e induzidas fora delas por telas hipnotizadoras.
  • 31. [ 31 ] Isso tudo é difundido pela mídia que é patrocinada pelas corporações que buscam promover o consumo vendendo modelos de vida. Existem imagens para todas as ideias, idades e classes sociais. Apropriam-se disso para disseminar a troca de imagens com cultura e arte, criando uma confusão na cabeça das pessoas através de uma usurpação. Impulsionado pelo sistema e não diferente das corporações, que colocam o lucro acima de tudo, a mídia utiliza-se de qualquer coisa para fazer a sua divulgação. Duplamente escravizada na sociedade, é a mulher que paga o preço mais alto para a venda das mercadorias, sendo apresentada como simples objeto de consumo. Os trabalhadores não enxergam que esse divertimento na época audiovisual, é colocado em suas mãos para distraí-los do verdadeiro mal que lhes afetam. Além disso, todo esse condicionamento faz comprarmos a ideia de que não temos controle algum, se expandindo para o nosso pensamento e nos levando a crer que o mundo externo não só é mais real que o interno, como também a única realidade. O ser humano perdeu a noção do poder do pensamento, pois vive preso a preceitos de presunção sobre a história do mundo que não condizem com a verdade. Um paradigma que muitos não enxergam, mas que se for visualizado abrem novas formas de ver o mundo passando a compreender que o verdadeiro encanto da vida não está no saber e sim no mistério. Todas as realidades existem simultaneamente transbordando infinitas possibilidades, por isso podemos recriá-la. O que está acontecendo conosco internamente, irá criar o que acontece conosco externamente. Entretanto, somos impostos a aceitar que a realidade física absolutamente sólida é a realidade. Porém, ela compartilha da ideia que tem como princípio um pressuposto particular de
  • 32. [ 32 ] existência de cada um, partindo da percepção da pessoa que vive a experiência sobre o que é real. O cérebro não sabe a diferença do que vê no ambiente e do que lembra ou é criado, pois são os mesmos neurônios que são ativados, por isso a realidade está acontecendo no nosso cérebro a todo instante. Contanto, pelo fato do ser humano ser movido por objeções e subjulgamentos nós não conseguimos integrar a realidade da mente e transcender o poder da consciência. Nós conseguimos ver o que acreditamos ser possível e os padrões de associação já existem dentro de nós através do que nos é condicionado. Essas questões são reafirmadas pelo tempo que, na verdade, não é concreto. Mesmo nos baseando sempre nele, não temos explicação do que ele é de fato, a não ser uma pura ilusão. Temos que banir o pensamento de que as coisas que nos cercam não são objetos que existem sem a nossa escolha e contribuição. Precisamos reconhecer que o mundo material que nos cerca são apenas possíveis movimentos da consciência e estamos escolhendo momentos nesses movimentos para manifestarmos a nossa existência. Achamos de maneira prepotente, que o mundo existe independente da nossa experiência. Porém, temos que compreender que ele é feito de todas as possibilidades – sendo apenas uma – do subconsciente. Essa matrix que faz as pessoas trabalharem e se aborrecerem vivendo a vida como se nada de especial tivesse acontecendo, tem como resultado mentes enjauladas. Os olhos são apenas lentes, mas os habitantes da Caverna acreditam que eles o fazem enxergar de fato, deixando de entender a magia que está diante delas que se manifesta em todos os momentos. O verdadeiro observador é o espírito que está dentro da nossa roupa biológica conhecida por muitos como consciência. Cada
  • 33. [ 33 ] um de nós, afetamos a realidade como a vemos, mesmo que não acreditemos ou nos façamos de vítimas. O nosso pensamento pode mudar o corpo – e a vida ao nosso redor – completamente, mas as pessoas aprisionadas na matrix não transformam a realidade de maneira consistente, pois não tem a crença de que podem criá-la e recria-lá. Segundo Einstein e sua Teoria da Relatividade, o tempo está na quarta dimensão. No entanto, estamos em um mundo tridimensional, em que a nossa química se revela através de nossos corpos. Entretanto, pensamos em objetivos e ficamos aprisionados à uniformidade da realidade, fazendo dela completa e não conseguindo alterá-la reafirmando a nossa insignificância. Mas se transformarmos a realidade em nossas possibilidades, criamos uma extensão da nossa imagem e passamos a nos questionar como podemos modificá-la, manifestando a força do pensamento através da consciência e expandindo para além da tridimensionalidade. O cérebro é feito de pequenas células nervosas chamadas neurônios, eles possuem ramificações para se conectarem e fornecerem uma rede neural. Cada área conectada está integrada a um pensamento ou uma memória, construindo assim, todos os conceitos através de memórias associativas. Nós criamos e recriamos modelos de como enxergamos o mundo exterior, pois refinamos nosso modelo de visualizar através da quantidade de informação que adquirimos. Contanto, as informações que chegam do mundo exterior são sempre preenchidas por experiências ou respostas emocionais – sentimentos – acerca do que estamos observando. Nos dias de hoje, comumente deixamos de ser uma pessoa sentimental e consciente de seu corpo e sua mente, pois frequentemente estamos respondendo ao ambiente como se fosse algo automático. Isso é realizado através da interrupção de
  • 34. [ 34 ] um processo de pensamento que produz uma resposta química ao corpo, fazendo as células nervosas que estavam ligadas quebrarem o seu relacionamento e deixando com que elas não voltem a se ativarem juntas, perdendo sua conexão e criando uma identidade. Com essa questão, podemos reafirmar que a maior farmácia do mundo é a mente, pois através de pensamentos positivos fazemos as células se conectarem e reconectarem o tempo todo, criando um longo relacionamento na rede neural com as boas vibrações que estamos emanando. O nosso corpo é uma unidade que produz cerca de 20 diferentes aminoácidos para formulação de sua estrutura física. No cérebro, existe uma pequena parte chamada hipotálamo que reúne materiais químicos para se conectar com certas emoções. Dentro do hipotálamo temos pequenas cadeias de proteínas chamadas peptídeos que se juntam com neuropeptídeos e hormônios neurais para combinar com os diferentes estados emocionais que sentimos diariamente. Quando sentimos um estado emocional, o hipotálamo se compatibiliza imediatamente com o peptídeo e o libera na corrente sanguínea, achando seu caminho para as diferentes partes do corpo condizentes com a emoção sentida no momento para se conectar com as células. Todas as células do corpo possuem milhares de receptores externos. A célula se abre ao mundo exterior quando o peptídeo se atraca nela, disparando uma cascata de eventos bioquímicos podendo alterar até mesmo seu núcleo. Ou seja, criamos situações para suprir as necessidades bioquímicas das células do nosso corpo e, ao contrário do que pensamos, se não controlarmos nosso estado emocional podemos nos viciar a ele. Temos que mudar a nossa forma de ver nossas necessidades e identidades pessoais, pois a busca que
  • 35. [ 35 ] é feita está relacionada em sua maioria a achar apenas uma emoção que interesse. Existem materiais químicos para o que sentimos e todos estados emocionais pelo quais passamos e, como tudo que olhamos envolve o aspecto emocional, somos alienados por isso na época audiovisual para ficarmos desconectados com nós mesmos. Se nós ficamos nos sentido tristes por muito tempo, precisamos nos policiar para estarmos felizes e evitarmos que o cérebro produza as imagens tristes que passamos a ficar acostumados. Não é apenas o que conhecemos como droga que vicia, pois o hipotálamo produz peptídeos para cada emoção que temos, podendo ocasionar uma dependência de certos peptídeos (emoções) das células. Nossa consciência literalmente cria o nosso corpo, pois ele capta o sinal do cérebro e os receptores das células mudam de sensibilidade. Nossa constituição de pensamentos e sentimentos é inseparável, levando em conta que cada processo do nosso corpo, que curam ou consertam algo dentro de nós, está sendo influenciado diretamente pelas moléculas de emoção impulsionadas pelo que pensamos ou sentimos. O problema é que a rotulação feita pelas pessoas – principalmente pelos profissionais – é constante. Não há liberdade de escolha, pois os habitantes da matrix são instruídos a homogeneizar a maneira que pensam. Qualquer pensamento que fuja da “normalidade” é taxado de loucura. Entretanto, são os mesmos seres humanos “normais” e julgadores que majoritariamente tem uma vida entediante e sem inspiração, pois eles nunca tentaram buscar algo que os fizessem imaginar. Esses servos da Caverna estão hipnotizados por seus ambientes e por pessoas que ditam ideias e parâmetros que quase todos lutam para imitar, mas que ninguém consegue alcançar em termos de aparência física ou definições de beleza.
  • 36. [ 36 ] Essas ilusões fazem com que as mentes fiquem cada vez mais aprisionadas, passando a ter uma vida de rendição ao sistema e mediocridade com seu espírito. Desse modo, a alma pode ficar escondida e não se manifestar para que uma mudança de visualização ocorra. Nós temos vícios e vivemos acorrentados na Era da Globalização, pois ninguém nunca se aproximou de nós e nos deu um conhecimento inteligente suficiente sobre como nós funcionamos de dentro para fora. No entanto, podemos ir em direção a um novo paradigma de ampliação de pensamento. Fugindo das “verdades” prontas, podemos aprender a sonhar com algo melhor através da imaginação, expandindo o Universo e recriando-o através das nossas consciências.
  • 38. [ 38 ] A verdadeira compaixão é mais do que atirar uma moeda a um pedinte. É ver que o edifício que produz pedintes precisa de reestruturação. (Martin Luther King Jr.)
  • 39. [ 39 ] A procura pela felicidade na Era da Globalização torna-se inalcançável se associada à busca do prazer através do consumo, pois ela é momentânea, mas não é plena. E é somente nessa felicidade que o capitalismo se baseia, para poder alimentar o sistema monetário. O jogo de publicidade da mídia faz com que aceitemos esse valor de felicidade e nos baseemos nele para podermos alcançar a nossa plenitude, porém, de maneira totalmente equivocada. Dessa forma, acabamos potencializando a nossa infelicidade – ou falsa felicidade – e gerando mais desigualdade no mundo. “Nós realmente queremos viver em um mundo no qual 1% tem mais do que todos nós juntos?”, questionou Winnie Byanyima, diretora-executiva da Oxfam e co-presidente do Fórum Econômico Mundial que acontece anualmente e reuniu os ricos e poderosos no resort suíço de Davos entre 21 e 24 de janeiro de 2015. Segundo o estudo da ONG (Organização Não-Governamental) britânica Oxfam, divulgado no dia 19 de janeiro de 2015, a partir de 2016 o 1% mais rico do planeta ultrapassarão a riqueza do resto da população. A riqueza desse 1% subiu de 44% dos recursos mundiais em 2009 para 48% em 2014. Em 2016, esse número pode vir a superar 50% se o ritmo do atual crescimento for mantido. Essa concentração de riqueza também pode ser observada dentre os 99% restantes da população mundial, que detém 52% dos recursos mundiais hoje. Destes 52% restantes, 46% estão nas mãos de 1/5 (um quinto) da população. Todos esses números resultam na informação de que apenas 5,5% dos recursos estão nas mãos da maior parte de toda a população mundial. Compreendendo que o sistema capitalista não surgiu ou foi criado, temos que entender como ocorreu o desenvolvimento desse sistema que tem como pilar o sistema monetário
  • 40. [ 40 ] alimentado pelo livre mercado. Como foi dito anteriormente, na Inglaterra de Tudor o povo deixou de pertencer a Terra e a Revolução Industrial deu início às corporações. Porém, o sistema monetário só veio se consolidar no século XX. No fim do século XVIII, os Estados Unidos conseguiu sua independência, travando uma batalha com o Banco Central da Inglaterra que detinha o monopólio da produção de riqueza. O Banco Central é uma instituição que detém dois poderes específicos que são da responsabilidade de suas funções: controle do poder de compra e controle de fornecimento de dinheiro, mais conhecido como inflação. O Banco Central não fornece apenas dinheiro à economia do governo, ele faz um empréstimo com juros. Então, é através do aumento e da diminuição do fornecimento de dinheiro que ele regula o valor da moeda. Assim sendo, toda estrutura por trás desse sistema monetário acaba por produzir unicamente dívida. Como o Banco Central tem o monopólio da produção de riqueza de toda a nação, eles emprestam o dinheiro com uma dívida associada a ele, para depois o dinheiro que virá a pagar o déficit surgir novamente do Banco Central. Desse modo, há um crescimento do fornecimento de dinheiro para cobrir o débito, que aumenta ainda mais visto que o novo dinheiro emprestado também tem juros, criando uma dívida cada vez maior em um processo cíclico. Os estadunidenses que lutaram pela independência de seu país sabiam que o único modo desse sistema não falhar era a conivência com essa escravidão, pois seria impossível para a nação de seu povo sair dessa eterna autogeração de dívida. O que temos na contemporaneidade é um mundo em estado de colapso acumulativo movido pelo mercado. Um pouco antes, no século XVII, John Locke – filósofo inglês e um dos idealizadores do liberalismo – introduz o conceito de
  • 41. [ 41 ] propriedade para os direitos à privacidade e à propriedade através de três pré-requisitos: excedente suficiente para os outros, não permissão de danos à propriedade e, acima de tudo, integração do trabalho a ela. Por meio da criação desse contrato social que aparentemente é justo, pelo fato de combinar a mão de obra com o mundo tendo direito aos produtos e evitando o desperdício e danos nas propriedades enquanto há excedentes para os outros, há uma falsa conclusão através de interpretações para satisfazer o poder, apropriando-se do que Locke tinha criado. As consequências disso foram que o produto e a propriedade não são mais merecidos por nossa mão de obra, pois o dinheiro passou a comprar mão de obra. Não existe mais preocupação se há excedente suficiente para os outros ou se as coisas estragam ou não, pois o dinheiro não pode ser responsabilizado pelo desperdício. Essas questões são totalmente incompreensíveis pelo fato de não estarmos falando do valor da moeda, mas sim de seus efeitos. Com diversas falsas conclusões, essa surpreendente trapaça lógica só tem o objetivo de servir os interesses dos detentores do capital. Tudo isso é complementado por Adam Smith – filósofo economista escocês e um dos teóricos do liberalismo econômico – no século XVIII, através da ideia central da economia: o equilíbrio entre a oferta e a procura através da “mão invisível” criada por um dos idealizadores do livre mercado. Os bens que as pessoas colocam à venda e que outras pessoas os compram passam a se equivaler através da escassez ditada pelos meios de subsistência que limitam a reprodução dos pobres com a eliminação de seus filhos dada pela “mão invisível”. Com esse pressuposto, não há limites para quanta mão de obra alheia os investidores podem comprar, quanta mercadoria podem acumular ou quanta desigualdade podem gerar.
  • 42. [ 42 ] Entendendo todo este panorama, no início do século XX, em que já haviam sido criados Bancos Centrais nos Estados Unidos, as famílias dominantes da época – JP Morgan, Rockfeller, etc. – procuraram impulsionar leis para a criação de outro Banco Central, com o objetivo de privatizar o sistema de crédito. Utilizando-se da mídia e os meios de comunicação, foram publicados boatos sobre a falência de um importante banco em 1907 patrocinada por essas famílias para causar histeria no povo e afetar os outros bancos em um medo que se espalhou. Isso ocasionou retiradas em massa realizadas pelo povo, em que os bancos foram forçados a reclamar seus empréstimos fazendo devedores perderem suas propriedades, surgindo uma espiral de especulação, cobranças e tumultos. Os interesses dos empresários da época ganhavam vantagem por meio da criação de todo o pânico. A consequência disso foi uma recomendação do Congresso estadunidense para a implementação do Banco Central de forma que todo o pânico – gerado por uma suposta fraude – não voltasse a se repetir, agradando o interesse dos ricos para iniciarem sua jogada. Em 1910, foi escrito por banqueiros – e não legisladores – o tratado do Banco Central para a criação de uma Reserva Federal, com a intenção de privatizar o sistema de crédito. Em 1913, o Presidente Woodrow Wilson que teve pesado patrocínio político dos banqueiros – e viria a demonstrar seu arrependimento publicamente depois – aprovou o Ato da Reserva Federal que foi votado dois dias antes do Natal, quando a grande maioria dos congressistas estavam com suas famílias. Todo esse processo deu início à fragmentação dos territórios e o surgimento da Era da Globalização, onde a Terra está nas mãos de algumas pessoas. As corporações são controladas pelo sistema de crédito que se privatizou, tirando a liberdade dos
  • 43. [ 43 ] governos e de toda a população, em que as decisões são tomadas não pelo voto das maiorias, mas sim por um pequeno grupo. O sistema de Reserva é um estabilizador econômico. Em 1920, nos Estados Unidos, a Reserva passou a diminuir uma massiva porcentagem de fornecimento de dinheiro, resultando nos bancos tentarem reaver um grande número de empréstimos e, como aconteceu em 1907, ocasionando um colapso do sistema monetário, evidenciando a dependência da Reserva. Mais de cinco mil bancos fora do sistema da Reserva faliram, trazendo assim, a consolidação de um pequeno grupo de banqueiros internacionais através da mesma criação de pânico de alguns anos atrás, minuciosamente planejada para o fortalecimento do monopólio, para passarem a ter em mãos o mecanismo ideal para a expansão de suas ambições pessoais. Contanto, o pânico de 1920 foi apenas um pequeno susto perto do estrondo causado pela famosa crise de 1929. De 1921 até 1929, a Reserva aumentou a disponibilidade de dinheiro resultando longos empréstimos aos bancos e ao povo. Criou-se também um novo tipo de empréstimo, chamado Empréstimo Paralelo na Bolsa de Valores. O Empréstimo Paralelo permitia ao investidor pagar 10% do preço real das ações, com os outros 90% sendo emprestados ao corretor. Em outras palavras, uma pessoa poderia ter uma ação de $1000,00, pagando apenas $100,00. O Empréstimo Paralelo se popularizou nessa década, fazendo com que todas as pessoas gerassem dinheiro no mercado de valores. Contudo, esse empréstimo tinha uma contrapartida: poderia ser convocado a qualquer momento e deveria ser pago dentro de 24 horas. Em linguagem da Bolsa é um “Margin Call” e o seu resultado é a venda das ações compradas com esse empréstimo.
  • 44. [ 44 ] Por isso, meses antes de Outubro de 1929 que foi quando ocorreu a grande depressão, diversos empresários – um dos exemplos é Rockfeller – foram abandonando o mercado de maneira silenciosa e em total sigilo. Em Outubro de 1929, os financeiros que fizeram esses Empréstimos Paralelos começaram a cobrar os endividados. Isso teve como consequência uma massiva venda no mercado de todos que tinham que cobrir os empréstimos e, ao tentarem tapar o buraco criado pelo Empréstimo Paralelo, mais de quinze mil bancos foram arruinados. Toda essa falência possibilitou os banqueiros internacionais não só comprarem os bancos rivais a preço de saldo, como também comprar corporações inteiras a preços mínimos. Nesse momento, o país que tinha se tornado o mais rico do planeta depois da Primeira Guerra Mundial que havia terminado em 1918 com a vitória dos Aliados – que foram os países combatentes que os Estados Unidos apoiaram –, via uma sociedade inteira em um estado deplorável de miséria. Passando a compreender todo esse contexto, conseguimos enxergar que a única coisa que dá valor ao dinheiro é a quantidade que circula. Portanto, regular o fornecimento de dinheiro é regular o seu valor. Exatamente por isso que as leis não existem perto do poder que os grandes banqueiros têm sobre nós. As complexidades que rodeiam o sistema monetário distancia a sociedade do entendimento de seu funcionamento. Entretanto, ele é projetado para ocultar uma das estruturas que mais impedem o avanço social da humanidade. A criação do dinheiro surge através de uma dívida, pois o que os bancos fazem quando aceitam notas promissórias nos contratos de empréstimo em troca de crédito – dinheiro – que vai para a conta corrente daquele que recebe o empréstimo é o surgimento
  • 45. [ 45 ] do dinheiro simplesmente porque existe a procura, ele é criado do nada. É um processo contínuo independente do valor e as Reservas Monetárias recebem uma taxa de porcentagem pré- estabelecida acordada com os governos locais. O dinheiro é criado por um sistema de reserva fracionária e o que dá o valor ao dinheiro recém-criado é o dinheiro que já existe, pois o novo dinheiro “rouba” o valor da reserva de dinheiro existente, já que a quantidade total de dinheiro aumenta independentemente da procura por bens ou serviços. E, como a oferta e procura requerem equilíbrio através da “mão invisível”, os preços aumentam diminuindo o poder de compra de cada moeda individual do país em específico, gerando a famosa inflação que é essencialmente uma taxa escondida do público geral. Esse sistema de reserva fracionária é inflacionário por natureza, porque o ato de aumentar a Reserva Monetária sem que haja um aumento proporcional de bens e serviços na economia irá desvalorizar sempre a moeda. Esse modelo de inflação é economicamente autodestrutivo, pois no sistema monetário em que vivemos dinheiro é dívida e vice-versa. Se todos nós fossemos capazes de pagar nossas dívidas, inclusive os Estados, nós não teríamos nenhuma moeda em circulação. O dinheiro é criado através da dívida por empréstimos que são retirados de uma Reserva Bancária, que derivam de depósitos. E através desse sistema de reserva fracionária, qualquer depósito pode criar mais dinheiro do que o valor original, desvalorizando a Reserva Monetária existente e aumentando os preços na sociedade. Como todo dinheiro é criado a partir de uma divida e ele circula de maneira aleatória através do comércio, as pessoas tornam-se inconscientes de suas dívidas originais gerando um desequilíbrio para serem forçadas a competir por emprego, de
  • 46. [ 46 ] forma que consigam tirar dinheiro suficiente da Reserva Monetária para cobrir seus custos de vida. O principal elemento da estrutura financeira que revela a verdadeira essência fraudulenta do sistema monetário é a aplicação dos juros. Todo o dinheiro que é emprestado pelo banco é devolvido com acréscimo de juros. Contanto, o problema é que todo dinheiro é emprestado pelo Banco Central e expandido por bancos comerciais através de empréstimos. Entretanto, eles não cobrem os juros que são cobrados, pois simplesmente eles não existem. A quantidade de dinheiro que é devida aos bancos sempre excederá a quantidade de dinheiro disponível em circulação, exatamente por isso que a inflação é uma constante na economia, pois será sempre preciso dinheiro novo para cobrir a dívida eterna interente ao sistema, causada pela necessidade de se pagar os juros. O resultado disso são as falências que nunca deixarão de fazer parte do sistema, fazendo sempre as pessoas mais pobres da sociedade sofrerem com isso. O dinheiro que o banco nos dá não só é falso, como também é uma forma ilegítima contra prestação, cegar-nos a isso faz parte do jogo para a transferência perpétua de riqueza e dividas continuarem. Essa política de reserva fracionária que se espalhou como prática da grande maioria dos bancos no mundo é um sistema moderno de escravidão, pois passamos todos nós a trabalhar para os bancos. Se o dinheiro é criado a partir de dívidas e as pessoas procuram trabalho para poder pagá-los, mas se o dinheiro só pode surgir a partir de empréstimos, não tem como a sociedade se livrar desse processo contínuo homogeneizante. Cria-se o dinheiro no banco e invariavelmente ele volta ao lugar que foi criado, por isso os verdadeiros donos do mundo são os banqueiros junto com as corporações e os governos que os
  • 47. [ 47 ] apoiam. Diferente da escravidão física que exige abrigo e comida para os trabalhadores, a escravidão monetária exige que as pessoas consigam sua própria casa e comida. Uma guerra invisível contra a população em um esquema planejado de manipulação social, em que a dívida é a arma para conquistar e escravizar sociedades e os juros é sua principal munição. Na época audiovisual esse esquema não é mostrado a nós pelo fato da mídia ser controlada também pelos banqueiros, corporações e governos – impotentes em toda essa situação – que estão de acordo. O sistema da inflação composto pela escassez inevitável característica da oferta de dinheiro criado pelos juros que nunca poderão ser pagos, mantém o escravo na linha através da luta para pagar dívidas eternas alimentadas pelo medo de perder bens, fortalecendo um império que só beneficia a elite no topo da pirâmide. A população que ainda acredita que o sistema procura pensar no bem estar das pessoas não deve compreender que se isso de fato fosse verdade, não haveria terceirização de empregos. Enquanto muitos não enxergam – ou não querem enxergar – toda essa realidade, as novas bases que foram implantadas para aperfeiçoar e expandir essa tática de guerra econômica – Bancos Mundiais, Fundos Monetários Internacionais, grandes Organizações Financeiras Internacionais, grandes Organizações Mundiais de Comércio, etc. –, continuam sem leitos democráticos e participação popular. A forma que os poderosos corporativos e banqueiros trabalham é buscando um país que tenha recursos para fazer um empréstimo enorme do Banco Mundial ou alguma de suas organizações próximas, porém, o dinheiro não vai para o país. Esse empréstimo acaba nas mãos das grandes corporações, para criarem projetos de infraestrutura – usinas de energia, parques industriais, portos, etc. – que são coisas que beneficiam alguns
  • 48. [ 48 ] ricos desse país e também as corporações, mas não a maioria da população que vive nele. O país acaba ficando com uma dívida enorme que não consegue pagá-la, para os jogadores poderosos adquirirem mais recursos que passaram a se tornar desvalorizados ou ganharem apoio, seja na cúpula da ONU (Organizações das Nações Unidas) ou em bases militares. As corporações e os banqueiros também fazem pedidos que em sua maioria são atendidos, conseguindo privatizar a companhia elétrica, sistema de água e esgoto, etc. pelo fato do Estado não ter capital para uma boa administração por estar completamente endividado. Nessa altura, o Banco Mundial e o FMI (Fundo Monetário Internacional) pedem o refinanciamento da dívida cobrando mais juros, fazendo o país vender também os recursos de serviços sociais e empresas de serviços básicos, podendo ser vendido às corporações estrangeiras até mesmo os sistemas educacionais, penais, de seguro, entre outros. Um trabalho em conjunto dos poderosos corporativos e banqueiros, acordado com os governos locais. Assim como o sistema monetário mantém a população em uma serventia através da dívida e inflação de juros, o Banco Mundial e o FMI (Fundo Monetário Internacional) executam essa função em uma escala global, seja com empréstimos ou corrompendo líderes desses países através de ações de inteligência. Depois, são impostos políticas de ajustes estruturais que normalmente consistem em: desvalorização da moeda, grandes cortes nos fundos para programas sociais, privatização de empresas do Estado e abertura da economia removendo quaisquer restrições ao comércio externo. Isso tudo resulta em perda dos recursos naturais disponíveis por uma fração de seu valor; comprometimento do bem-estar e da integridade física da sociedade, deixando o público vulnerável à
  • 49. [ 49 ] exploração; perda de sistemas sociais importantes para empresas estrangeiras lucrarem; manifestações econômicas abusivas através da introdução de produtos específicos em massa, ocasionando uma subtração da produção camponesa e arruinação da economia local. A premissa básica de todo esse jogo do sistema é a maximização do lucro sem pensar nas questões sociais e ambientais, criando até mesmo numerosas despercebidas fábricas desumanas desregulamentadas que surgem como consequência das dificuldades econômicas impostas. Além disso, devido à produção irregular a destruição ambiental é exorbitante, pois majoritariamente as corporações são indiferentes a esses assuntos. As corporações controlam a mídia através de publicidade, controla a maioria dos políticos – seja financiando campanhas ou estabelecendo regras –, elas não são eleitas, não cumprem um tempo de mandato e muito menos dão satisfações. Não conseguimos saber se as corporações trabalham para si próprias ou para o governo, tornando o Estado invisível na maior parte do tempo. E, tudo isso, é realizado em parceria com os bancos. O Banco Mundial e o FMI (Fundo Monetário Internacional) apoiam os interesses das corporações. Sendo assim, ajudar países a se desenvolver e aliviar a pobreza, é o mesmo que o aumento da pobreza e a má distribuição de riquezas enquanto o lucro das empresas sobe. A maior lástima é que isso é alimentado pelo dinheiro que nasce do nada através do sistema bancário de reserva fracionária, gerando um mundo imutável socialmente determinado pelos negócios. As diversas questões citadas no decorrer do livro são ocasionadas pelos seguintes “ismos”: egocentrismo, totalitarismo, reducionismo, extremismo e consumismo. Sendo a má utilização de todos os outros que o sucedem frutos da agonia
  • 50. [ 50 ] humana que atrapalham o desenvolvimento saudável da sociedade. Na Grécia Antiga, o filósofo Aristóteles acreditava que felicidade era o fim do homem na pólis (civilização/cidade). O grande empecilho para alcançarmos a felicidade na atualidade pode ser explicado através da narrativa da história de Narciso na Mitologia Grega, que originou a criação do termo narcisismo. Narciso era um jovem muito bonito que desprezou o amor da ninfa Eco e por isso foi condenado a apaixonar-se por sua própria imagem espelhada na água. Este amor impossível levou Narciso à morte, afogado em seu reflexo. O narcisismo, portanto, retrata a tendência do indivíduo de alimentar uma paixão extrapolada por si mesmo. Podemos explicar o egocentrismo através dessa estória, em que a potencialidade do ego de forma exagerada faz com que o ser humano deixe de praticar o altruísmo. É exatamente isso que o sistema capitalista explora através do consumo, junto à vaidade e a satisfação dos prazeres e desejos criados de cada pessoa, alimentados pela lógica do egoísmo. A compaixão se perde e o ego, que é importante para nossa sobrevivência, infla-se por completo tornando o mundo vazio. Sentimos-nos ofendidos constantemente, alimentamos a competição movida pela ambição de sempre querer mais, estamos presos à necessidade de ter razão e de se sentir superior. Com essas questões potencializamos esse mecanismo egoísta dominante e acabamos por perder o domínio sobre nós próprios e o nosso ego. A consequência disso é o fechamento da vida ao palpável, pois caso não consigamos nos despir do ego fazemos da nossa zona de conforto algo extremamente equivocado que faz perdermos a visualização. Porém, criar a realidade faz romper com o
  • 51. [ 51 ] condicionamento e, é só fora da nossa zona de conforto, que percebemos a manifestação do nosso pensamento. A mente e o coração tem que trabalhar em conjunto para o livre arbítrio nos mostrar um caminho diferente dessa retórica que seguimos. É muito raso seguir apenas o que nos é imposto e, isso se amplifica para além do sistema capitalista. O que difere o capitalismo de alguns sistemas é o grau de interferência do Estado nas empresas, porém, a centralização de poder ainda existe. No anarquismo há a ausência total do Estado, mas existem diversas vertentes e, em sua maioria, são radicais. Todos os sistemas movidos pelo extremismo e grande parte deles partilham do imediatismo, levando-nos invariavelmente ao reducionismo. No entanto, nenhum dos sistemas é mais agressivo que o sistema capitalista do livre mercado, que visa o interesse próprio com a desculpa de que a competição leva à prosperidade social, já que o ato de competir incentiva as pessoas motivando-as a perseverar. Contanto, uma competição baseada na economia – sistema monetário – leva inevitavelmente, a corrupção estratégica de dar poder aos ricos, gerando uma estratificação social, paralisia tecnológica, abusos de trabalho e uma forma disfarçada de governo ditatorial por uma elite rica. O poder no capitalismo está nas mãos das corporações, bancos e governos que são coniventes com suas táticas, esse centralismo de poder é extremamente perigoso por afrontarem diretamente com questões sociais e ambientais. E essa corrupção estratégia é moldada pelo termo corrupção derivado do latim corruptos, o seu significado é quebrar e manter o quebrado em pedaços através de calunia, com o sentido de deterioração, processo ou efeito de corromper. Por meio de buscar a maximização do lucro temos uma corrupção
  • 52. [ 52 ] que muitas pessoas não consideram na sociedade, porém, são mecanismos de autopreservação do sistema que colocam o bem- estar das pessoas em segundo plano, ou seja, depois do sistema monetário. O monopólio empresarial, a desvalorização da mão de obra ou despejo de lixo tóxico no meio ambiente são alguns exemplos que mostram que a corrupção é a própria base do sistema. Entretanto, são mascarados e usurpados pela mídia para não enxergarmos que isso é comportamento corrupto por parte das corporações e dos bancos, em atuação com os Estados. A ingenuidade da sociedade para essas questões que alimentam esse mecanismo egoísta nos fazem ter uma democracia em que não sabemos quem de fato elegemos, comandada pelo absolutismo da elite. Ao invés de um sistema democrático, temos uma enorme riqueza concentrada na mão de alguns poderosos. Mesmo assim, muitos ainda acreditam nessa ilusão de colocar políticos honestos no poder para ficarem mais calmos. O ato de lucrar com problemas alheios e a criação de novos problemas é o que sistema dominante faz para criar uma sociedade competitiva baseada na exploração de um ser humano por outro. E, sumariamente, essa sociedade nos é dada como imutável associando essa competitividade desumana à nossa essência. Entretanto, nossa natureza humana não partilha da índole individualista que é disseminada pelo sistema através da competição. O ato de competir é alimentado pelo esporte midiatizado que representa o sucesso e o fracasso, as vitórias e as derrotas. Isso é potencializado de maneira natural, visto que as crianças já são induzidas pelos pais a acharem divertido um esporte em que há apenas um vencedor. Não diferente da Roma Antiga onde os imperadores compravam a submissão do povo com pão e jogos,
  • 53. [ 53 ] hoje em dia o Pão e Circo se faz presente no entretenimento e consumo do vazio para silenciar a nação. O sistema se aproveita disso não apenas para conseguir o silêncio de seus servos, mas também para disseminar a cultura do homem branco “machão”, que é majoritariamente o ser dominante na sociedade elitista. Utilizando-se da mídia, a publicidade propaga essa cultura para manter a submissão da mulher que historicamente sempre foi explorada, alimentando também a segregação racial e fazendo surgir novas denominações de gênero e orientação sexual buscando criar uma identidade que contraditoriamente alimenta o sistema. O único objetivo de tudo isso é fazer com que os seres humanos percam a percepção, para assim, a interioridade das pessoas não se manifestarem. Esse controle de consciências tem auxilio das palavras, que nos são dadas como neutras, mas tem sua definição como evidente. Como a elite é a classe detentora de praticamente todos os meios de comunicação, ela faz uma utilização viciada das palavras através de uma definição parcial e falsa que dá a elas. Assim, a linguagem resigna algo muito diferente da vida em que grande parte da população vive, nos condenando à impotência através da conservação da atual sociedade mercantil. Essa conservação por meio da aceleração do consumo incondicional em um planeta de recursos finitos que é promovida em prol do crescimento econômico está nos suicidando, pois é impossível produzir algo da melhor maneira possível se uma corporação tem como objetivo a competitividade e manutenção de seus produtos acessíveis ao consumidor. Tudo que é criado e posto à venda na economia global são inferiores logo no momento de sua produção, pois o sistema de mercado exige uma eficiência de custo que é feita através da
  • 54. [ 54 ] redução de gastos em cada etapa da produção. Isso faz com que os produtos comercializados não sejam os mais eficientes, sustentáveis e avançados cientificamente possíveis. Além disso, o principio fundamental para o regimento da economia é não produzir um produto com uma vida útil maior que a necessária. É assim que se mantém o consumo cíclico, pois quanto mais tempo um produto funcionar, pior será a manutenção do sistema de mercado. A sustentabilidade do produto é contrária ao crescimento econômico e não tem como o sistema atual dominante funcionar de outra forma. Milhares e inumeráveis aterros ao redor do mundo mostram essa obsolescência programada de maneira mais clara, evidenciando que eficiência, sustentabilidade e preservação são inimigos notórios do livre mercado. No entanto, não existe um ser humano culpado. As pessoas sofrem interferência direta no comportamento através do ambiente e das relações sociais do local em que nascem, vivem e crescem. O que há é um sistema que se desenvolveu e que assola toda a humanidade. Independentemente de esse sistema ter pessoas no topo da pirâmide, a felicidade de suas vidas não é garantida sem a plenitude. O criar e recriar a nossa realidade se desvencilhando da dualidade resgatam a nossa essência e nos fazem transcender o plano físico. Tudo está conectado e através da imaginação começamos a remodelar nossa consciência para ter essa visualização. Temos o poder de manifestar nossa realidade por meio da abstração, mas primeiro temos que ter foco, atenção e vontade. Continuadamente, a confiança e a entrega se dão junto com a crença de que podemos fazer a mudança. Por fim, tudo flui e através da permissão apenas recebemos o que nós criamos em nossa consciência.
  • 55. [ 55 ] Por isso, com a quebra de paradigmas e o despertar da consciência de cada um podemos transmutar a realidade para uma nova Era. Mas isso, só é possível com a procura do ser humano em se autoconhecer mais. O olhar para dentro de si faz com que a manifestação ocorra de dentro para fora e é exatamente isso que faz realizar a transformação. FIM
  • 56. [ 56 ] Ou um novo início...? Nada na vida deve ser temido, apenas compreendido. Agora é hora de compreender mais para temer menos. (Marie Curie)