O documento resume os principais tipos de abdome agudo, incluindo suas definições, epidemiologias, quadros clínicos e tratamentos. São descritos abdomes agudos inflamatórios, como apendicite e pancreatite; perfurativos, como úlcera péptica; obstrutivos, como diverticulite; e hemorrágicos. Outros temas abordados incluem abscesso hepático, doença inflamatória pélvica, peritonite e cetoacidose diabética.
2. Definição
• A dor abdominal de aparecimento súbito e
intensidade variável, com sintomas associados
ou não é principal sintoma;
• Geralmente com duração de horas até quatro
dias, não ultrapassando sete.
• Em geral, necessita de intervenção médica
imediata, cirúrgica ou não.
• Dividido em 4 tipos: inflamatório,
hemorrágico, isquêmico e obstrutivo.
3. Epidemiologia
• A taxa de admissão em Urgências é de 18 a 42%
e 63% dos pacientes têm mais de 65 anos.
4. Anamnese
• Dor abdominal: tipo(súbita, localizada, cólica,
variável), intensidade, tempo de história.
• Vômitos: relação do vômito com o início da dor,
freqüência e volume.
• Função intestinal: parada de eliminação de gases
e fezes.
5. Anamnese
• Sintomas urinários: disúria, polaciúria,
hematúria.
• História ginecológica: avaliação do ciclo
menstrual, uso de DIU e cirurgias prévias.
• Febre
• Sintomas associados: icterícia, colúria, acolia
fecal, hematoquesia, hematêmese e melena.
6. Subtipos de abdome agudo
Inflamatorio perfurativo obstrutivo hemorragico Vascular
Dor localizada Subita e cólica Subita e Variavel
abdominal forte fraca
Tempo de 12-36h < 12h 24-72h <6h 6h a 7 dias
historia
Parada de + +++ ++++ + +++
gases e
fezes
vômitos ++ + ++++ + ++
febre +++ + + + +
7. Inflamatório
• Inflamação do peritônio parietal;
• Dor em caráter constante;
• Localização exata;
• A intensidade da dor depende do tipo e do volume do
material;
• Dor é agravada por compressão; Sinal de Blumberg +
• Paciente permanece quieto no leito;
• Espasmo reflexo tônico da musculatura abdominal.
• Abdome em tábua
8. Apendicite Aguda
Definição
• Inflamação do apêndice vermiforme.
Fisiopatologia Multiplicação de bactérias
luminais causando
inflamação;
Obstrução do lúmen por
fecalito ou pelos linfonodos;
Perfuração/Abscesso
9. Apendicite Aguda
Quadro Clínico
• Dor inicialmente periumbilical (visceral) que
migra para o quadrante inferior direito
(parietal);
• Ponto de McBurney;
• Anorexia.
Tratamento
Apendicectomia
10. Úlcera Péptica Perfurada
Definição
• Úlcera duodenal: perfura para o pâncreas =
pancreatite;
• Úlcera gástrica: perfura para o fígado.
Fisiopatologia
• H. pylori;
• AINES;
• Mecanismo da perfuração ainda não
estabelecido.
11. Úlcera Péptica Perfurada
Quadro Clínico
• Dor abdominal difusa intensa;
• Náuseas e vômitos.
• Duodenal: paciente instável = fechamento da
perfuração com omento; estável = vagotomia
seletiva, vagotomia e piloroplastia ou vagotomia
e antrectomia;
• Gástrica: benigna = Billroth I ou II.
13. Pancreatite Aguda
Definição
• Doença inflamatória pancreática;
• Intersticial (forma leve e autolimitada);
• Necrosante.
Fisiopatologia
Autodigestão por
Cálculos biliares (lama biliar) e ativação enzimática
Álcool – principais causas (tripsina).
14. Pancreatite Aguda
Quadro Clínico
• Dor abdominal lancinante em epigástrio com
Manchas violáceas
irradiação para asocorrem Dor em faixade manchas
periumbilicais que costas; Presença
violáceas nos flancos
• Alívio na pancreatite aguda
em posição de prece maometana;
abdominais, principalmente
necro-hemorrágica à esquerda, na pancreatite
• Derrame pleural do lado esquerdo; necro-hemorrágica.
aguda
• Choque;
• Sinal de Cullen e de Turner = forma necrosante;
• Elevação dos níveis de amilase e lipase (3x
mais).
16. Diverticulite
Definição
• Inflamação de um divertículo;
• Divertículo verdadeiro: herniação sacular de
toda a parede intestinal;
• Pseudodivertículo: apenas a mucosa através da
muscular do cólon.
Fisiopatologia
• Cólon;
• Formação de fecalito;
• Perfuração/Sangramento.
18. Fisiopatologia da Diverticulite
• Formam-se em zonas de menor resistência da
parede cólica.
Zona compreendida entre uma taeniae anti-
mesentérica e a taeniae mesentérica
Locais onde as arteríolas penetram na parede
muscular para se dirigirem para a mucosa e
submucosa
22. Abscesso Hepático
Fisiopatologia
• As bactérias piogênicas chegam ao fígado por vários caminhos.
• A doença do trato biliar é responsável por grande porcentagem
dos casos, e pode ocorrer por obstrução maligna, benigna da
árvore biliar, com colangite.
• Antes do advento dos antibióticos, a disseminação, por via
portal, de bactérias, ocorria na diverticulite e apendicite.
• Na infância, ocorre mais freqüentemente por infecção na veia
umbilical.
• Disseminação via artéria hepática ocorre durante bacteremia
por endocardite, osteomielite ou outros.
• A disseminação por contigüidade permite o acesso bacteriano
ao fígado em abscessos subfrênicos ou pneumonias.
• Lesões penetrantes permitem a infecção direta.
23. Abscesso Hepático
Fisiopatologia
• Aporte sanguíneo das circulações sistêmica e
portal;
• Doenças do trato biliar são hoje as maiores
fontes;
• Infecções em órgãos da drenagem portal =
tromboflebite séptica;
• E. Coli e K. pneumoniae.
24. Abscesso Hepático
Quadro Clínico
• Febre;
• Dor em quadrante superior direito;
• Hepatomegalia.
Tratamento
• Drenagem percutânea (padrão) ou cirúrgica
(tratar causa base ou falha do anterior);
• Meropenem.
25. Doença Inflamatória Pélvica Aguda
Definição
• Acomete as estruturas do trato genital acima do
orifício interno do colo uterino.
Fisiopatologia
• Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis;
• Propagação ascendente de microorganismos.
26.
27. Doença Inflamatória Pélvica Aguda
Quadro Clínico
• Manifesta-se após menstruação;
• Dor pélvica associada a dor à mobilização do
colo ou à palpação de anexo (critério mínimo)
• Se não tratada, causa aderências abdominais.
Tratamento
• Parenteral: Cefotetan ou Cefoxetina +
Doxiciclina ou Clindamicina + Gentamicina;
• Oral (após 24h de melhora clínica):
Ceftriaxone + Doxiciclina + ou – Metronidazol
28. Doença Inflamatória Pélvica Aguda
Seguimento
• Melhora clínica substancial em 3 dias após
terapia;
• Os parceiros devem ser tratados: risco de
reinfecção para as mulheres e risco de uretrite
para os homens.
29. Peritonite
Definição
• Infecção bacteriana do líquido ascítico;
• Primária: ou espontânea (translocação) =
cirróticos (E. Coli e K. pneumoniae);
• Secundária: perfuração de víscera
(polimicrobiana).
Fisiopatologia
• Atividade motora reduzida;
• Distensão do lúmen intestinal;
• Rápida depleção volêmica intravascular.
30. Peritonite
Quadro Clínico
• Dor e hipersensibilidade abdominais agudas
com rigidez de rebote;
• Febre;
• Encefalopatia hepática (PBE).
Tratamento
• Cefotaxima ou ceftriaxona;
• PBS: acrescentar metronidazol;
• Laparotomia em forte suspeita de PBS.
32. Cetoacidose Diabética
Definição
• Glicemia > 250mg/dL
• pH arterial ≤ 7,3
• Cetonúria fortemente positiva
Fisiopatologia
• Redução na secreção de insulina
• Aumento na secreção do glucagon
• Produção de corpos cetônicos
33. Cetoacidose Diabética
Quadro Clínico
• Dor abdominal (~pancreatite);
• Poliúria, polidipsia e perda de peso;
• Hálito cetônico e respiração de Kussmaul.
Tratamento
• Hidratação, insulinoterapia (cuidado com K+);
• Tratar fatores precipitantes (Infecção).