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Netweaving
    AUGUSTO DE FRANCO

    Inverno de 2009




                        Trabalho entregue ao
                        Domínio Público
Netweaving
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 Tecelões de Amsterdam
Por que?
 Por que falamos tanto de redes
 sociais e temos tanta dificuldade de
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Três respostas possíveis
 Porque não sabemos o que são redes.
 Porque, mesmo quando
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 sociais, não conseguimos vivenciá-
 las.
 Porque não fazemos netweaving.
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Rede = Fluição
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Redes: Nodos e Conexões
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 Redes sociais são pessoas interagindo
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                       Rede = Hierarquia
Rede e Hierarquia
Mundo de 3 elementos




                       Hierarquia = caminho único




                       Rede = Múltiplos caminhos
Rede e Hierarquia


                        Hierarquia = caminho único




                        Rede = Múltiplos caminhos




 Mundo de 5 elementos
O que são redes distribuidas
 Redes distribuídas são redes mais
 distribuídas do que centralizadas.
 Redes mais centralizadas do que
 distribuídas são hierarquias.

 É uma convenção (razoável).
Índice de Distribuição de Rede

             I = (C – D).C/E

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 D = Número de nodos desconectados com a   eliminação
 do nodo mais conectado

 E = Número de conexões eliminadas com a eliminação
 do nodo mais conectado
Imin Imax

  I = Imin = 0 => rede totalmente
  centralizada (100% de centralização = 0%
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  I = Imax => rede totalmente distribuída
  (100% de distribuição = 0% de
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  Imax   Cmax (número máximo de conexões)
Número máximo de conexões

          Cmax = (N – 1). N/2

 N = número de nodos
Rede centralizada

                         I=0
                    (rede totalmente
                      centralizada,
                     correspondendo
                         a 0% de
                       distribuição)
Rede descentralizada -

                              I=3
                         (rede com 25%
                         de distribuição)




                              Mais
                         centralizada do
                         que distribuída
Rede descentralizada -
                              I=4
                         (rede com 33%
                         de distribuição)




                              Mais
                         centralizada do
                         que distribuída
Rede descentralizada +
                              I=8
                         (rede com 67%
                         de distribuição)




                         Mais distribuída
                             do que
                          centralizada
Rede descentralizada +
                            I = 8,3
                          (rede com
                           69% de
                         distribuição)




                              Mais
                         distribuída do
                               que
                          centralizada
Rede distribuída
                        I = 12
                      (rede com
                       100% de
                   distribuição; ou
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                   ≠
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Mas plataformas interativas
podem ser boas ferramentas de
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Redes = Redes de pessoas
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 hierárquicas não podem ser redes
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               ≠
Pessoa ≠ Indivíduo
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Zigurat       Marduk
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    Zigurat              Marduk
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 Marduk              “Marduk”
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 Marduk mata Tiamat   “Marduk” (Vader) controla tudo
Rede = Fluição
 A rede – tal como a fonte daquele
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Fenomenologia das redes
 Os fenômenos que ocorrem nas redes
 independem do conteúdo do que flui.
 Esses fenômenos – como o clustering,
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 dependem dos graus de distribuição e
 conectividade da rede em questão.
Clustering
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Swarming
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Enxameamento
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                    Cupinzeiro africano
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               Exemplo: 11 a 13 de março de 2004 na
               Espanha (papel do SMS = celular)
11-M España en la calle
Crunching




            Redução do tamanho
            (social) do mundo
Amassamento
              A redução do
              tamanho social do
              mundo é função da
              distributividade e da
              conectividade da
              rede social
Experimento de Stanley Milgran
       Milgram-Travers (1967): 5,5
       graus de separação:

 Milgram: 160 pessoas que moravam
 em Omaha tentaram enviar cartas
 para um corretor de valores que
 trabalhava em Boston utilizando
 apenas intermediários que se
 conhecessem pelo nome de batismo.
Experimento de Duncan Watts
       Duncan Watts et all. (2002): 6
       graus de separação.

 Watts: 60 mil usuários de e-mail
 tentaram se comunicar com uma de
 dezoito pessoas-alvo em 13 países,
 encaminhando mensagens a alguém
 conhecido.
Mundo pequeno
                Small is powerfull
                Quanto menor o
                tamanho do mundo
                mais empoderante é o
                campo social
Desconstituição de hierarquia
 Tal como a democracia é um
 movimento de desconstituição de
 autocracia, as redes devem ser vistas
 como movimentos de desconstituição
 de hierarquia.




  Torre de Babel        Agora ateniense
Distribuição     Democratização
 A uma “estrutura” distribuída
 corresponde um “metabolismo”
 democrático: o grau de distribuição
 acompanha o grau de
 democratização.
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 Em redes altamente distribuídas e
 conectadas a democracia passa a ser
 pluriarquia.
Redes     Cooperação
 Redes sociais distribuídas são sempre
 redes de cooperação: tal como a
 liberdade, a cooperação é um atributo
 do modo como os seres humanos se
 organizam e nada mais.
Verdade nas redes sociais
 Na democracia vale um conceito
 político de verdade: verdade é tudo
 que nos faz mais livres.
 Analogamente, nas redes, verdade é
 tudo que nos faz mais cooperativos.
A “rede-mãe”
 Se existe sociedade, então existe
 uma “rede-mãe”, independentemente
 de nossos esforços conectivos.
 Dependendo do grau de distribuição e
 conectividade que conseguirem
 alcançar, redes sociais
 voluntariamente construídas podem
 ser interfaces para “conversar” com
 essa “rede-mãe”.
A “rede-mãe”: uma imagem

                 As redes que
                 articulamos
                 voluntariamente
                 são como
                 interfaces para
                 “conversar” com a
                 “rede-mãe”!
Intermitência
 Como na concepção hindu do
 universo, as redes que existem
 independentemente de nossos
 esforços conectivos renascem a cada
 momento.
Dificuldades de entender redes
 Falamos, falamos, falamos sobre
 redes, mas – naquilo que julgamos
 fundamental para nossa
 sobrevivência e para nossa carreira –
 ainda nos organizamos
 hierarquicamente.
Comando-e-controle
Por que não entendemos?
 Estudar as redes, investigá-las,
 escrever sobre elas ou tentar usá-las
 para obter algum resultado adianta
 muito pouco se continuarmos nos
 organizando hierarquicamente.
Não é falta de informação
 Ninguém pode ter um entendimento
 do que são as redes sociais enquanto
 não for capaz de experimentá-las.
 Ninguém pode experimentar redes
 sociais enquanto se relacionar em
 organizações hierárquicas ou do tipo
 “cada um no seu quadrado”.


           O reizinho no seu quadradinho
Ado, a-ado, cada um no seu...
Desconfiança das redes
 Desconfie dos que desconfiam das
 redes. São, quase sempre, hierarcas.
Quem não gosta de redes?
 Seis tipos de gente que costumam
 não gostar de redes: colecionadores
 de diplomas, vendedores de ilusões,
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 construtores de pirâmides,
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 de rebanhos.
O indivíduo perdido?
Novas igrejas?
 Esoterismo digital, elitismo free
 software e pedantismo hacker não
 nos aproximam – antes nos afastam
 – do entendimento das redes sociais.
Os novos papéis sociais
Na sociedade em rede os indicadores de sucesso não serão mais a
acumulação de riqueza, de poder e de conhecimento atestado por
títulos. Estão emergindo novos papéis sociais:



      Hubs                Inovadores             Netweavers
Modelos mentais são sociais
Ah!... O insight fundamental
 A rede não é um instrumento para
 fazer a mudança: ela já é a mudança.
Pessoas, sempre pessoas
 Nas redes, as pessoas são muito mais
 importantes do que as instituições.




                        4 bilhões de anos de
                              evolução
                                 X
                        20 ou 30 anos (?) de
                            organização
Semente de rede é rede
 Não adianta tentar fazer netweaving
 a partir de organizações hierárquicas.
 Somente redes podem gerar redes.
TAZ
 Redes distribuídas funcionam, em
 relação aos ambientes hierárquicos,
 como aquelas Zonas Autônomas
 Temporárias (as famosas TAZ, de que
 falava Hakim Bey).
Não reunir
 Nas redes, “não reunir é a derradeira
 ordenação” (Frank Herbert: 1969).
Não fazer igrejinhas
 “Fazer redes” (netweaving) é, de
 certo modo, abrir mão de ter sua
 própria turma, sua patota, sua
 igrejinha.
Compartilhar agendas
 Redes extensas só conseguem
 permanecer com alto grau de
 distribuição e conectividade a partir
 da clusterização em torno de agendas
 compartilhadas.
A arte da política
  Netweaving não é uma ciência: é
  uma arte. Por incrível que pareça, é a
  arte da política.
Netweaving

 Por que falamos tanto de redes sociais
 e temos tanta dificuldade de articulá-las


 Augusto de Franco (09/2009)

 Netweaver da Escola-de-Redes

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Netweaving e a arte de tecer redes sociais

  • 1. Netweaving AUGUSTO DE FRANCO Inverno de 2009 Trabalho entregue ao Domínio Público
  • 2. Netweaving Por que falamos tanto de redes sociais e temos tanta dificuldade de articulá-las Rembrandt Tecelões de Amsterdam
  • 3. Por que? Por que falamos tanto de redes sociais e temos tanta dificuldade de articulá-las
  • 4. Três respostas possíveis Porque não sabemos o que são redes. Porque, mesmo quando compreendemos o que são redes sociais, não conseguimos vivenciá- las. Porque não fazemos netweaving.
  • 5. Sobre a palavra netweaving Não sabemos sua origem Evoca a “arte de tecer redes” Significa articulação e animação de redes É melhor que networking Networking não é netloving. Netweaving pode ser.
  • 6. Rede = Fluição Fluxos “luminosos” e intermitentes...
  • 7. Redes: Nodos e Conexões Grafo: representação estática
  • 8. Redes: o grafo não é a rede Espalhamento de partículas
  • 9. Exemplos de redes: Neural Rede neural
  • 10. Exemplos de redes: Urbana Rede urbana
  • 11. Exemplos de redes: Social Rede social
  • 12. O que são redes sociais Redes sociais são pessoas interagindo segundo um padrão de organização de rede distribuída.
  • 13. Topologias de rede Diagramas de Paul Baran (1964)
  • 14. Três “sociedades” diferentes? Os nodos são os mesmos, mas os entes são diferentes...
  • 15. Rede e Hierarquia Mundo de 2 elementos Rede = Hierarquia
  • 16. Rede e Hierarquia Mundo de 3 elementos Hierarquia = caminho único Rede = Múltiplos caminhos
  • 17. Rede e Hierarquia Hierarquia = caminho único Rede = Múltiplos caminhos Mundo de 5 elementos
  • 18. O que são redes distribuidas Redes distribuídas são redes mais distribuídas do que centralizadas. Redes mais centralizadas do que distribuídas são hierarquias. É uma convenção (razoável).
  • 19. Índice de Distribuição de Rede I = (C – D).C/E C = Número de conexões D = Número de nodos desconectados com a eliminação do nodo mais conectado E = Número de conexões eliminadas com a eliminação do nodo mais conectado
  • 20. Imin Imax I = Imin = 0 => rede totalmente centralizada (100% de centralização = 0% de distribuição) I = Imax => rede totalmente distribuída (100% de distribuição = 0% de centralização) Imax Cmax (número máximo de conexões)
  • 21. Número máximo de conexões Cmax = (N – 1). N/2 N = número de nodos
  • 22. Rede centralizada I=0 (rede totalmente centralizada, correspondendo a 0% de distribuição)
  • 23. Rede descentralizada - I=3 (rede com 25% de distribuição) Mais centralizada do que distribuída
  • 24. Rede descentralizada - I=4 (rede com 33% de distribuição) Mais centralizada do que distribuída
  • 25. Rede descentralizada + I=8 (rede com 67% de distribuição) Mais distribuída do que centralizada
  • 26. Rede descentralizada + I = 8,3 (rede com 69% de distribuição) Mais distribuída do que centralizada
  • 27. Rede distribuída I = 12 (rede com 100% de distribuição; ou seja, rede totalmente distribuída)
  • 28. Redes ≠ Hierarquias Redes sociais são padrões de organização em que há abundância de caminhos. Hierarquias são o oposto: um campo onde se gerou (artificialmente) escassez de caminhos. ≠
  • 30. Interação ≠ Participação Redes sociais são ambientes de interação, não de participação. ≠
  • 31. Social ≠ Digital ou Virtual Redes sociais não são sites de relacionamento. Como o nome está dizendo, elas são sociais mesmo, não digitais ou virtuais.
  • 32. Redes sociais ≠ Ferramentas Blogs nada têm a ver com redes. Já a blogosfera, sim, pode ser um bom exemplo de rede distribuída. Mas também não é uma rede social. Redes sociais são pessoas interagindo, não ferramentas de publicação ou de interação.
  • 34. Redes ≠ Plataformas interativas Mas plataformas interativas podem ser boas ferramentas de articulação e animação de redes.
  • 35. Redes = Redes de pessoas Redes sociais são sempre redes de pessoas. Redes de instituições hierárquicas não podem ser redes distribuídas. ≠
  • 36. Pessoa ≠ Indivíduo Fractal: pessoa já é rede! (Ou, como captou Novalis, em 1789: “Cada ser humano é uma pequena sociedade”)
  • 37. Controle Hierarquia Uma imagem aterrorizante?
  • 38. Zigurat Marduk Organizações hierárquicas de seres humanos geram seres não-humanos. Zigurat Marduk
  • 39. Marduk “Marduk” Marduk “Marduk”
  • 40. Repressão ao caos Controle Marduk mata Tiamat “Marduk” (Vader) controla tudo
  • 41. Rede = Fluição A rede – tal como a fonte daquele heraclítico Goethe – só existe enquanto flui.
  • 42. Fenomenologia das redes Os fenômenos que ocorrem nas redes independem do conteúdo do que flui. Esses fenômenos – como o clustering, o swarming e o crunching – dependem dos graus de distribuição e conectividade da rede em questão.
  • 43. Clustering A tendência que têm dois conhecidos comuns a um terceiro de conhecer-se entre si
  • 45. Aglomeramento Tudo clusteriza: a tendência ao aglomeramento é função da distributividade e da conectividade da rede
  • 48. Cupins enxameando Cupinzeiro africano
  • 49. Swarming civil ou societário Distintos grupos e tendências, não coordenados explicitamente entre si, vão aumentando o alcance e a virulências de suas ações... Exemplo: 11 a 13 de março de 2004 na Espanha (papel do SMS = celular)
  • 50. 11-M España en la calle
  • 51. Crunching Redução do tamanho (social) do mundo
  • 52. Amassamento A redução do tamanho social do mundo é função da distributividade e da conectividade da rede social
  • 53. Experimento de Stanley Milgran Milgram-Travers (1967): 5,5 graus de separação: Milgram: 160 pessoas que moravam em Omaha tentaram enviar cartas para um corretor de valores que trabalhava em Boston utilizando apenas intermediários que se conhecessem pelo nome de batismo.
  • 54. Experimento de Duncan Watts Duncan Watts et all. (2002): 6 graus de separação. Watts: 60 mil usuários de e-mail tentaram se comunicar com uma de dezoito pessoas-alvo em 13 países, encaminhando mensagens a alguém conhecido.
  • 55. Mundo pequeno Small is powerfull Quanto menor o tamanho do mundo mais empoderante é o campo social
  • 56. Desconstituição de hierarquia Tal como a democracia é um movimento de desconstituição de autocracia, as redes devem ser vistas como movimentos de desconstituição de hierarquia. Torre de Babel Agora ateniense
  • 57. Distribuição Democratização A uma “estrutura” distribuída corresponde um “metabolismo” democrático: o grau de distribuição acompanha o grau de democratização.
  • 58. +Democracia = Pluriarquia Em redes altamente distribuídas e conectadas a democracia passa a ser pluriarquia.
  • 59. Redes Cooperação Redes sociais distribuídas são sempre redes de cooperação: tal como a liberdade, a cooperação é um atributo do modo como os seres humanos se organizam e nada mais.
  • 60. Verdade nas redes sociais Na democracia vale um conceito político de verdade: verdade é tudo que nos faz mais livres. Analogamente, nas redes, verdade é tudo que nos faz mais cooperativos.
  • 61. A “rede-mãe” Se existe sociedade, então existe uma “rede-mãe”, independentemente de nossos esforços conectivos. Dependendo do grau de distribuição e conectividade que conseguirem alcançar, redes sociais voluntariamente construídas podem ser interfaces para “conversar” com essa “rede-mãe”.
  • 62. A “rede-mãe”: uma imagem As redes que articulamos voluntariamente são como interfaces para “conversar” com a “rede-mãe”!
  • 63. Intermitência Como na concepção hindu do universo, as redes que existem independentemente de nossos esforços conectivos renascem a cada momento.
  • 64. Dificuldades de entender redes Falamos, falamos, falamos sobre redes, mas – naquilo que julgamos fundamental para nossa sobrevivência e para nossa carreira – ainda nos organizamos hierarquicamente.
  • 66. Por que não entendemos? Estudar as redes, investigá-las, escrever sobre elas ou tentar usá-las para obter algum resultado adianta muito pouco se continuarmos nos organizando hierarquicamente.
  • 67. Não é falta de informação Ninguém pode ter um entendimento do que são as redes sociais enquanto não for capaz de experimentá-las. Ninguém pode experimentar redes sociais enquanto se relacionar em organizações hierárquicas ou do tipo “cada um no seu quadrado”. O reizinho no seu quadradinho
  • 68. Ado, a-ado, cada um no seu...
  • 69. Desconfiança das redes Desconfie dos que desconfiam das redes. São, quase sempre, hierarcas.
  • 70. Quem não gosta de redes? Seis tipos de gente que costumam não gostar de redes: colecionadores de diplomas, vendedores de ilusões, aprisionadores de corpos, construtores de pirâmides, fabricantes de guerras e condutores de rebanhos.
  • 72. Novas igrejas? Esoterismo digital, elitismo free software e pedantismo hacker não nos aproximam – antes nos afastam – do entendimento das redes sociais.
  • 73. Os novos papéis sociais Na sociedade em rede os indicadores de sucesso não serão mais a acumulação de riqueza, de poder e de conhecimento atestado por títulos. Estão emergindo novos papéis sociais: Hubs Inovadores Netweavers
  • 75. Ah!... O insight fundamental A rede não é um instrumento para fazer a mudança: ela já é a mudança.
  • 76. Pessoas, sempre pessoas Nas redes, as pessoas são muito mais importantes do que as instituições. 4 bilhões de anos de evolução X 20 ou 30 anos (?) de organização
  • 77. Semente de rede é rede Não adianta tentar fazer netweaving a partir de organizações hierárquicas. Somente redes podem gerar redes.
  • 78. TAZ Redes distribuídas funcionam, em relação aos ambientes hierárquicos, como aquelas Zonas Autônomas Temporárias (as famosas TAZ, de que falava Hakim Bey).
  • 79. Não reunir Nas redes, “não reunir é a derradeira ordenação” (Frank Herbert: 1969).
  • 80. Não fazer igrejinhas “Fazer redes” (netweaving) é, de certo modo, abrir mão de ter sua própria turma, sua patota, sua igrejinha.
  • 81. Compartilhar agendas Redes extensas só conseguem permanecer com alto grau de distribuição e conectividade a partir da clusterização em torno de agendas compartilhadas.
  • 82. A arte da política Netweaving não é uma ciência: é uma arte. Por incrível que pareça, é a arte da política.
  • 83. Netweaving Por que falamos tanto de redes sociais e temos tanta dificuldade de articulá-las Augusto de Franco (09/2009) Netweaver da Escola-de-Redes http://escoladeredes.ning.com