1. Gramática Normativa e Discriminação
Porque nas ultimas décadas a discussão e o questionamento da natureza da própria
existência de uma norma linguística veio a ser tema tão frequente para os linguistas e o
educadores?
Segundo os princípios democráticos nenhuma discriminação dos indivíduos tem razão de
ser, com base em critérios de raça, religião, credo político. A única brecha deixada aberta
para a descriminação é aquela que se baseia nos critérios da linguagem e da educação.
Em linguística a posição antinormativa foi estabelecida como uma visão abstrata segundo a
qual todos os dialetos tem um valor intrínseco igual em termos estritamente linguístico. Este
credo que tem suas raízes na tendência que M.Bakhint-V. Voloshinov (1929) chamou de
“objetivismo abstrato”, aprofundou a distância entre os linguistas e os professores de língua.
A gramática normativa escrita é um resto de época em que as organizações dos Estados
eram explicitamente ou declaradamente autoritárias e centralizadas. A cadeia de legitimação
do saber vem em linha direta de descendência.
Uma série de pequenas mudanças caracterizam as gramáticas normativas de diferentes
épocas, é assim que uma gramática de hoje estabelece uma norma que certamente é
diferente da que encontramos numa gramática do século XVIII ou gramática de Fernão de
Oliveira. Porém tal como na religião, nos valores morais e éticos, na norma linguística não
aparece uma crítica explícita de frases anteriores. Pelo contrário, a impressão que é
transmitida é de continuidade. As pessoas podem ser discriminadas de forma explicita com
base nas capacidades linguísticas medidas no metro da gramatica normativa e da língua
padrão, poderia parecer que a difusão da educação em geral e do conhecimento da variedade
linguística de maior prestigio em particular é um projeto altamente democrático que visa
reduzir a distância entre grupos sociais para uma sociedade de oportunidades iguais.
Acontece porém que este virtual projeto democrático sustenta ao mesmo tempo o processo
de constante redefinição de uma norma e de um novo consenso para ela.A chave da unidade
destes processos é a função que eles vão assumindo, de instrumentos para aumentar o
controle do Estado sobre faixas menos controláveis da população.
Passar forçozamente pessoas através do túnel da educação formal significa fornecer a elas
alguns parâmetros para reconhecer as posições sociais e fornecer um mapa estratificação
social com alguns diacríticos relevantes para o reconhecimento de quem é quem: um
instrumento a mais para medir a desigualdade social. Estas reflexões nos levam para um
segundo nível mais sutil de discriminação linguística. Este é derivado da ideia de língua
como geralmente aceita. Nesta perspectiva a gramática normativa é um código incompleto
que como tal, abre espaço para arbitrariedade de um jogo já marcado: ganha quem de saída
dispõe dos instrumentos para ganhar.
Temos assim pelo menos dois níveis de descriminação linguística: o dito ou explicito e o
não dito ou implícito. Esta dupla articulação foi individualizada e discutida por A. Gramsci
no último dos seus cadernos de anotações, de 1935 (1975). Para Gramsci, a realidade
linguística nacional é constituída pela articulação deste s dois tipos de gramáticas
normativas. A primeira expressão da sociedade civil representa um momento de consenso
espontâneo à norma dos grupos sociais hegemônicos.
2. Já a gramática normativa escrita “é sempre uma escolha, um endereço cultural, isto é, é
sempre um ato de politica cultural nacional.
O profundo mal estar que muitos linguistas e educadores manifestam de vez em quando,
de forma mais ou menos tímida e disfarçada, com relação a gramática normativa é, na
realidade, dirigido principalmente contar o que Gramsci chamava de “gramática normativa
escrita” Se é verdade que um tipo de “ gramatica normativa” não escrita existe até em
pequenos grupos de sociedades ágrafas onde não se formou o Estado, como Bloomfield
quis demostrar para o Menomini (1927), certamente onde existe um estado, uma tradição
escrita, a escola é uma grande gramática normativa escrita, a “gramática normativa não
escrita” assume um valor especial,uma função que desempenha um papel de apoio e de
polarizador de consenso para o núcleo central do poder linguístico representado pela
gramatica normativa escrita manifestação explicita do poder centralizador e onipresente do
Estado.
BIBLIOGRAFIA
GNERRE, Maurizzio
. Linguagem, Escrita e Poder. São Paulo, 1985...
3. Palavras -Chaves: língua – gramatica – descriminaçãoM.Bakhint-V. Voloshinov : (17 de novembro de 1895 , Oriol - 06 de março de 1975 ,Moscou) - foi um filósofo e pensador russo, teórico da
cultura europeia e as artes. Bakhtin foi um verdadeiro pesquisador da linguagemhumana, Seus escritos, em uma variedade de assuntos,
inspiraram trabalhos de estudiosos em um número de diferentes tradições (omarxismo, a semiótica,estruturalismo, a crítica religiosa) e em disciplinas
tão diversas como a crítica literária, história, filosofia, antropologia e psicologia. Embora Bakhtin fosse ativo nos debates sobre estética e literatura
que tiveram lugar na União Soviética na década de 1920, sua posição de destaque não se tornou bem conhecida até que ele foi redescoberto por
estudiosos russos na década de 1960. É criador de uma nova teoria sobre o romance europeu, incluindo o conceito de polifonia em uma obra
literária. Explorando os princípios artísticos do romance, François Rabelais, Bakhtin desenvolveu a teoria de uma cultura universal de humor popular.
Ele é dono de conceitos literários como polifonia e cultura cômica,cronotopo,carnavalização,menippea(um eufemismo em relação à linha principal e
levando o desenvolvimento do romance europeu no "grande momento"). Bakhtin é autor de diversas obras sobre questões teóricas gerais, o estilo e
a teoria de gêneros do discurso. Ele é o líder intelectual de estudos científicos e filosóficos desenvolvidos por um grupo de estudiosos russos, que
ficou conhecido como o "Círculo de Bakhtin" .
gramática normativa: a gramática que busca ditar ou prescrever as regras gramaticais de uma língua, posicionando as suas prescrições
como a única forma correta de realização da língua e categorizando as outras formas possíveis como erradas.
Frequentemente, as gramáticas normativas se baseiam nos
dialetos utilizados por falantes mais prestígiados de uma comunidade linguística.
Embora as gramáticas normativas sejam comuns no ensino formal de uma língua, a
sociolinguística vem favorecendo o estudo da língua como
ela realmente é falada, e não como ela "deveria" ser...
Linguística: é a área de estudo científico da Linguagem. É considerado linguista o cientista que se dedica aos estudos a respeito da língua, fala
e linguagem. A pesquisa linguística é feita por filósofos e cientistas da linguagem que se preocupam em investigar quais são os desdobramentos e
nuances envolvidos na linguagem humana
...
Fernão de Oliveira: (Aveiro,1507–1581), algumas vezes dito Fernando de Oliveira,frade,gramático, construtor bélico-naval renascentista,
foi um dos expoentes renascentistasportugueses...
A. Gramsci : Antonio Gramsci,nasceu no norte da ilha mediterrânea da Sardenha. Era o quarto dos sete filhos de Francesco Gramsci, um
homem que tinha vários problemas com a polícia. Sua família passou por diversas da Sardenha até finalmente instalar-se em Ghilarza.
Tendo sido um bom estudante, Gramsci venceu um prêmio que lhe permitiu estudar
literatur na Universidade de Turim. A cidade de Turim, à
época, passava por um rápido processo de industrialização, com as fábricas da FiateLanciarecrutando trabalhadores de
várias regiões da Itália. Os sindicatos se fortaleceram e começaram a surgir conflitos sociais-trabalhistas. Gramsci
frequentou círculos comunistas e associou-se com migrantes sardos...
4. Luciana N. Oliveira
Curso: Automação Industrial
Turma: 5912
Professora : Silvia
Resumo do Livro :Linguagem, Poder e Descriminação
Captulo:3 Gramatica normativa e descriminação
Páginas: 24 até 33
Referências Bibliográficas: pág. 33 do livro