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GESTÃO PARTICIPATIVA DOS RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA DA LAGOA
DO CAMPELO

GESTIÓN PARTICIPATIVA DE LOS RECURSOS HÍDRICOS DE LA CUENCA
DEL ESTANQUE CAMPELO
José Maria Ribeiro Miro – IFF – jmiro.geo@hotmail.com
Leidiana Alonso Alves – IFF – leididialves@hotmail.com
Vinícius Santos Lima – UFES – vinicius_ahriman@hotmail.com
Diego de Oliveira Miro – ENCE – d.miro1089@gmail.com
Resumo
A bacia da Lagoa do Campelo está localizada entre os municípios Fluminenses de Campos
dos Goytacazes e São Francisco do Itabapoana. Muitos autores descrevem os conflitos pela
água que ocorrem na região. Intervenções realizadas pelo extinto DNOS, como abertura de
canais, construção de diques artificiais e comportas, tiveram motivações sanitaristas. Com
essas obras evitar-se-iam as frequentes enchentes meio urbano e inundações nas
plantações, porém, deram origem aos conflitos pela água na região, impactando
negativamente a área urbana, como no bairro Parque Prazeres, acarretando enchentes no
período chuvoso. Por outro lado, a abertura da comporta do canal do Vigário gera
importante fluxo hídrico para que ocorra a piracema entre o rio e a lagoa do Campelo.
Caso contrário, são relatados na mídia local problemas para a Pesca Tradicional e
equilíbrio ambiental do sistema. Para este estudo, objetivou-se demarcar a bacia da lagoa
Campelo, discriminando seus principais corpos hídricos e riscos ambientais. O trabalho
buscou analisar os elementos do sistema hídrico formadores dos conflitos na região a partir
da elaboração de mapas utilizando as técnicas de SR e SIG. Para isso, utilizou-se o método
de Análise Ambiental. Verificou-se que o bairro Parque Prazeres está localizado na
planície de inundação do rio Paraíba do Sul e da lagoa do Taquaruçu, a 900 metros de
distância do canal do Vigário. Por posicionar-se no mesmo nível hipsométrico, a
comunidade fica sazonalmente suscetível às inundações no período de cheia do sistema. O
DNOS instalou uma comporta para regular o fluxo de águas, contudo, a falta de
manutenção do equipamento ocasiona conflitos entre os moradores do bairro e os
pescadores. Através da análise de mapas e de trabalhos de campo foi possível observar a
proximidade e continuidade dos corpos hídricos com as comunidades que ocupam a bacia
da Lagoa do Campelo. Além disso, ressalta-se que as obras de engenharia construídas na
região encontram-se em péssimo estado de conservação. Entendendo que a gestão de
recursos hídricos vem sendo pensada de forma com que os atores sociais sejam integrados
num projeto de governança, pode-se concluir que a gestão participativa do sistema, que
envolva todos os atores sociais; leve em conta as características ambientais da região; sob a
coordenação do órgão ambiental responsável (INEA), pode reduzir seus impactos
ambientais e melhorar a qualidade de vida das comunidades que vivem na bacia da lagoa
do Campelo.
Resumen
La cuenca de la Laguna Campelo está situado entre los municipios de Goytacazes
Fluminense y São Francisco do Itabapoana. Muchos autores describen los conflictos de
agua que se producen en la región. Las intervenciones realizadas por DNOS ya
desaparecida como canales de apertura, la construcción de diques artificiales y esclusas,
tenían motivaciones sanitarios. Con estas obras se evita las frecuentes inundaciones y las
inundaciones urbanas en las plantaciones, sin embargo, dio lugar a conflictos por el agua
en la región, lo que afecta negativamente a la zona urbana, como en los placeres del parque
del vecindario, provocando inundaciones en la temporada de lluvias. Por otra parte, la
apertura de la puerta del canal genera un flujo importante de agua Vicario para el desove
tiene lugar entre el río y el estanque Campelo. De lo contrario, se presentan en los
problemas de los medios de comunicación locales para la pesca tradicional y el equilibrio
ambiental del sistema. Para este estudio tuvo como objetivo delimitar la cuenca de Laguna
de Campelo, detallando sus principales cuerpos de agua y los riesgos ambientales. El
trabajo analiza los elementos de los sistemas de agua entrenadores conflictos en la región a
partir de la asignación mediante las técnicas de la RS y GIS. Para ello, se utilizó el método
de Análisis Ambiental. Se encontró que los placeres del parque de barrio se encuentra en la
llanura de inundación del río Paraíba do Sul y el estanque Taquaruçu, a 900 metros del
canal del Vigário. Al posicionarse en el mismo nivel hipsométrico, la comunidad es
susceptible a inundaciones estacionales en el sistema de lluvias. O DNOS instalo una
puerta para regular el flujo de agua, sin embargo, la falta de mantenimiento del equipo
provoca conflictos entre los residentes y pescadores locales. A través del análisis de los
mapas y trabajo de campo fue posible observar la proximidad y la continuidad de las masas
de agua con las comunidades que ocupan la cuenca de la Estanque de Campelo. Por otra
parte, cabe destacar que las obras de ingeniería construida en la región se encuentran en
mal estado. Entendiendo que la gestión de los recursos hídricos ha sido diseñado para que
los actores sociales se integran en la gobernanza del proyecto, se puede concluir que el
sistema de gestión participativa, involucrando a todos los actores sociales tengan en cuenta
las características ambientales de la región , bajo la coordinación de la agencia responsable
del medio ambiente (INEA), puede reducir sus impactos ambientales y mejorar la calidad
de vida de las comunidades que viven en la cuenca de la estanque de Campelo.
Palavras-Chave
Bacia Hidrográfica, Lagoa do Campelo, Conflitos pela água, Gestão Participativa.

Palabras Clave
Cuenca, Estanque de Campelo, conflictos por el agua, la gestión participativa.

Eixo temático
Agrohidronegócio, Conflitos e Alternativas de Gestão da Água.
Objetivos

Como objetivo geral pretendeu-se analisar os conflitos pelos usos da terra existentes na
Bacia Hidrográfica da lagoa do Campelo pelo viés da Gestão Integrada dos Recursos
Hídricos com o auxílio das geotecnologias, sobretudo as potencialidades dos Sistemas de
Informações Geográficas (SIG) e o Sensoriamento Remoto (SR).
Como objetivos específicos pretendeu-se demarcar a sub-bacia da lagoa do Campelo
pertencente a IX Região Hidrográfica do estado do Rio de Janeiro, definida a partir da
regionalização do Instituto Estadual do Ambiente (INEA, 2007); discriminar o conflito
entre o ambiente rural e urbano com relação aos seus corpos hídricos e riscos ambientais
que podem atingir as comunidades que vivem em seu entorno, como a que ocorre entre os
moradores do bairro Parque Prazeres da cidade e os pescadores da lagoa do Campelo no
município de Campos dos Goytacazes e; analisar os usos do sistema hídrico formadores
dos conflitos a partir da elaboração de mapas utilizando as técnicas de Sensoriamento
Remoto e Sistema de Informações Geográficas (ArcGIS 10.1).

Referencial Teórico
A água é considerada um bem natural para sobrevivência humana, apresentando variação
de qualidade que deve ser analisada sob os aspectos de origem e uso, caracterizando o
ambiente físico e as ocupações antrópicas de uma região. Apesar da importância dada ao
recurso natural de domínio público, o seu uso inadequado ainda causa conflitos entre
vizinhos no mundo todo. A montante ou a jusante dos mananciais, frequentemente
acontecem impactos ambientais sobre recursos hídricos, principalmente aqueles
relacionados à redução do fluxo fluvial; construção e assoreamento de represas; salinização
e erosão de solos; e inundações agravadas pelo desflorestamento. Na Região Norte
Fluminense, relata-se mais a atuação de usineiros de Campos que restringem o acesso à
água a outros usuários (TELLES e DOMINGUES, 2006, p. 345), contudo, há outros
conflitos referentes à apropriação dos recursos do território e emerge uma nova forma de
tratá-los, como se pretende abordar nesta discussão.
Refletindo sobre a ciência geográfica, Gomes (1995, p. 55) diz que o conceito de região
teve inspiração na geologia, sendo considerado como um elemento da natureza.
Regionalizar utilizando o conceito de bacia hidrográfica como demarcador natural, vem
sendo empregado desde o século XVIII, vista como recorte espacial para regionalizações.
Assim, uma região hidrográfica pode ser vista como um espaço real definida a partir de
critérios internos, ganhando elementos e definindo um código social comum de base
territorial (op. cit. p. 67). Como exemplo, pode ser citado as parcerias estabelecidas entre
as comunidades tradicionais de pescadores e agricultores que, a partir do uso coletivo dos
recursos naturais, criam seu próprio código de ética social, dividem trabalho e
compartilham técnicas.
Para Cunha e Guerra (1996, p. 365), a gestão de bacias hidrográficas é uma ação
complexa, mas, inúmeros estudos apontam respostas para os planejadores de intervenções
em função das mudanças ambientais (naturais ou antrópicas) ocorridas no seu sistema
geomorfológico. Dessa forma, apresentam prognósticos em função dos fluxos de
drenagem, presença de diques, perda de sedimentos por exploração de cascalho e areias,
despejo de poluentes, questões referentes à urbanização e genética dos canais. Estas
variáveis analisadas por conceitos geográficos diferem da visão da engenharia, por
considerar que as respostas fluviais a impactos ambientais nas bacias de drenagem são
derivadas de aspectos históricos e intercomunicação espacial.
Hoje há consenso na comunidade científica e órgãos reguladores dos recursos hídricos no
Brasil de que a bacia de drenagem “[...] é o espaço de planejamento e gestão das águas,
onde se procura compatibilizar as diversidades demográficas, sociais, culturais e
econômicas das regiões” (BOTELHO e SILVA, 2004, p. 184). Para os autores, uma das
funções da gestão dos recursos hídricos nas bacias é o de mediar os conflitos criados entre
os seus usuários.
Então, e entendendo que modernamente a gestão de recursos hídricos vem sendo pensada
de forma que os atores sociais sejam integrados num projeto de governança, ROSS, (2006)
propõem que a gestão de uma bacia hidrográfica deve envolver todos os atores sociais;
leve em conta as características ambientais da região; tenha a coordenação do órgão
ambiental responsável (neste caso o Instituto Estadual do Ambiente), o que pode reduzir
seus impactos ambientais e melhorar a qualidade de vida das comunidades.
O baixo curso do rio Paraíba do Sul foi descrito por Lamego (1946) como “Pantanal
Fluminense”, e a Baixada Campista como uma região alagada composta por rios, lagoas,
brejos e, na zona costeira, por ecossistemas de transição entre os ambientes terrestres e
marinhos. Ele nos conta, que o canal de Cacimbas garantia o comércio regular entre o
sertão de São Francisco do Itabapoana e Campos ainda na época do Império, garantindo
possibilidade de penetração por longos brejais até alcançar os férteis tabuleiros. Isso
mostra como se deu a ocupação das terras no Norte Fluminense, onde partindo do rio
Paraíba por vias fluviais chegava-se ao Sertão de Cacimbas, quando os rios encachoeirados
só permitiriam o transporte terrestre na direção do estado do Espírito Santo.
Imagem 1 – Canal de Cacimbas (1937)
Construído no período do Império
Brasileiro para a navegação, por ele se
deram as primeiras entradas para se
extrair madeiras de lei no Sertão de
Cacimbas e depois minérios, como a
monazita em São Francisco do Itabapoana
e o mármore em Itaperuna.

Fonte: Lamego, 1946.
Imagem 2 – Canal de Cacimbas
(2012)
Na atualidade o canal mudou sua
função, mas ainda tem uso
importante na irrigação agrícola,
sedentação de animais, para pesca
artesanal e lazer das comunidades
locais.

A bacia da lagoa do Campelo está localizada nos municípios Fluminense de Campos dos
Goytacazes e São Francisco do Itabapoana, na margem esquerda do rio Paraíba do Sul, no
que hoje se denomina Região Hidrográfica do Baixo Paraíba do Sul, de acordo com o
Instituto Estadual do Ambiente (INEA, 2007). Sobre a geomorfologia da região, Ramalho
(2005 p. 35) descreve os compartimentos que se destacam na paisagem, a saber: Relevo
Forte Ondulado a Escarpado (Serras), Relevo Suave a Ondulado (Mar de Morros) ambos
de embasamento cristalino; Tabuleiros Terciários do Grupo Barreiras; e as Planícies
Quaternárias de origem fluvial ou marinha.
Nessas unidades de relevo Alves et al. (2013) catalogaram 70 corpos lênticos e os
classificaram segundo critérios geomorfológicos. Dentre estes, a lagoa do Campelo aparece
como de Gênese Reliquiar de forma “alongada”, como é próprio da classe, ou seja, sua
formação se deu entre cordões de restinga, cristas de praias ou paleopraias, deixadas pelas
várias oscilações marinhas do Quaternário, sobretudo pela ultima Regressão, ocorrida há
aproximadamente 6 e 5 mil anos antes do presente.
Muitos autores descrevem os conflitos pela água que ocorrem na região, sejam aqueles
provocados pelos usos urbanos ou rurais do espaço. Carneiro (2003), ao estudar o uso da
água e os conflitos históricos na Baixada Campista, nos conta que o extinto Departamento
Nacional de Obras e Saneamento (DNOS) promoveu obras de drenagem “à luz de um
projeto modernizador dos engenheiros”, muito em voga no século XX. Justificativas
ligadas à expansão das atividades econômicas da Baixada Fluminense também são
indicadas em fontes clássicas, como na obra de Bernardes (1957), quando diz que com
essas obras evitar-se-iam as frequentes enchentes no meio urbano e inundações nas
plantações, o que causava prejuízos econômicos e sociais. Isso teria promovido um
ressecamento da região e seria fruto de várias intervenções como: a abertura de canais, a
retilinização de rios, a construção de diques artificiais e comportas para o controle de
vazão da água. Iniciativas que propagavam motivações sanitaristas, como a erradicação da
malária e da febre amarela, mas que na verdade foram pensadas para atender aos
empreendimentos sucroalcooleiros (SOFFIATI NETTO, 2009).
Ao propor o zoneamento das áreas sujeitas a inundações na Baixada Campista Miro (2009)
diz que conflitos podem dar-se pela falta de gerenciamento de comportas instaladas pelo
DNOS com fins de controlar o nível e a vazão das águas. Além disso, ela nos conta que:
“Existem barragens com objetivo de captação de água para atividades
agropastoris, que diminuem o fluxo e comprometem o uso da água para
comunidades que estão à jusante. A contradição é que nos meses chuvosos há
abundância de águas e surgem reivindicações em relação aos transbordamentos,
até mesmo provocados pelas construções de barragens, mas nos meses secos a
situação se inverte, a pouca lâmina d’água dos canais, mais uma vez aliada às
barragens, determina a falta de água para alguns usuários a jusante” (MIRO,
2009, p. 77).

Sobre as características morfo-climáticas da região, Miro et al. (2012), após analisarem
dados coletados pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) entre os anos
de 1973 e 2003, os correlacionaram com os fenômenos de inundação no entorno das lagoas
devido a concentração de chuvas no verão e as características morfológicas do terreno. Os
autores verificaram que há um excedente hídrico de até 9 mm no mês de dezembro, para
uma média de precipitação anual de 909, 20 mm. Relataram, ainda, que no ano de 2008,
após uma precipitação que causou um excedente hídrico de 300 mm no mês de novembro,
foram implodidos diques artificiais construídos na lagoa Feia, reconstituindo parte do
espelho seu d’água original, ação tomada como medida-solução para minimizar os
impactos das inundações ocorridas no meio urbano e rural.
Estudos realizados por Ramalho (2005, p. 84), sobre as unidades de relevo onde se
registram declividades inferiores a 5% em Campos, como os de planícies fluviais com
sedimentos quaternários associados, conclui que eles condicionam classes de solo com
restrições à expansão urbana por apresentarem lençol freático elevado e solos
hidromórficos. Contudo, a região Norte Fluminense vem se mostrando historicamente
como um excelente habitat para a criação bovina desde o século XVII e apresenta
potencial para a agricultura de cana-de-açúcar. Assim, o setor sucroalcooleiro foi quem
consolidou o processo de movimentação econômica e social regional desde meados do
século XIX, transformando a cidade de Campos e impondo o ordenamento espacial que se
verifica ainda hoje.
Materiais e métodos
A escolha da metodologia é um reflexo da própria condução do objeto de estudo. Desta
forma, os pressupostos teórico-conceituais adotados referem-se ao método de Análise
Ambiental, que considera as ferramentas do SIG na ciência geográfica, sendo do interesse
de todos que pretendam elaborar modelos que sirvam de subsídio para a tomada de
decisões e planejamento regional. Para Câmara e Medeiros (1998) este método
correlaciona a evolução espacial e temporal de um fenômeno geográfico e as inter-relações
entre eles, considerando-se as múltiplas dimensões espaciais e as diversas escalas de um
fenômeno, como por exemplo, o uso e ocupação da terra. Além do método de Análise
Ambiental também foram utilizadas revisão bibliográfica em literatura especializada e
várias incursões a campo para registro fotográfico, realizadas entre os meses de novembro
e dezembro de 2012.
Para que os objetivos deste trabalho fossem realizados, foi necessário dividi-lo em algumas
partes principais. A primeira constitui-se de levantamentos teóricos entre livros, teses,
sites, dissertações e artigos, bem como consultas a documentos que abordam o assunto
exposto como: as cartas Geológica, Geomorfológica, Pedológica, e de Vegetação,
desenvolvida pelo projeto RadamBrasil (1983), Volume 32. Ainda nesta etapa, foram
adquiridos, de forma gratuita, Planos de Informações (PIs) acerca do limite estadual do Rio
de Janeiro, e divisão estadual do Brasil, além de ortofotos com resolução espacial de 1m,
junto aos Instituto Estadual do Ambiente do estado Rio de Janeiro (INEA – RJ) e Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), respectivamente, no formato Shapefile (shp)
e o modelo Interferométrico da missão Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) para a
elaboração do Modelo Numérico de Terreno (MNT) junto a Empresa Brasileira de
Pesquisas Agropecuária (EMBRAPA). Também Foram realizadas ainda várias incursões a
campo para registro fotográfico, entre os meses de novembro e dezembro de 2012.
A segunda etapa foi dedicada ao tratamento dos produtos de interferometria (SRTM) e
elaboração do mapa Geoambiental da bacia da lagoa do Campelo. Para tanto, utilizou-se
dos seguintes procedimentos na extração da drenagem e na delimitação da bacia: através
do comando Export Data foi realizada a transformação do MNT para o formato GRID;
para gerar o filtro do modelo, foi utilizado o comando Fill; o passo seguinte foi dedicado a
geração do fluxo de direção através do comando Flow Direction; feito isso, o próximo
passo é destinado a geração do fluxo acumulado com o comando Flow Accumulation; no
passo seguinte foi necessário gerar um raster com as drenagens extraídas através do
comando Con; a etapa seguinte foi destinada a geração do shape com o comando Stream to
Feature.
Existem outros métodos de delimitação de bacias, no entanto, este realiza a delimitação a
partir de uma coleta ou ponto conhecido. Para isto crie uma shape de ponto, adicione ao
ArcGIS 10.1, entre em edição do shape (de ponto) e escolha o local para delimitação da
bacia em cima do shape de drenagens gerado anteriormente, salve e pare a edição. No
próximo passo, foi realizado o comando Watershed e posterior a delimitação automática da
bacia hidrográfica em formato raster. Para converter a bacia para o formato polígono foi
utilizado o comando Raster to Polygon. Em seguida, foi criada uma máscara da área de
estudo e adjacências com um recorte da imagem através do comando Extract by mask.
Todas as técnicas de manipulação/elaboração dos mapas, foram feitas no Software ArcGIS
10.1. Foram considerados os elementos básicos para a interpretação dos produtos, de
acordo com Jensen (2009).
Os mapas de uso e ocupação, em maiores escalas cartográficas, foram gerados seguindo a
mesma padronização, com informações coletadas do Instituto Estadual do Ambiente-RJ e
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Para tanto, foi criado um projeto no
ArcGIS 10.1 e adicionado os seguintes layers: Hidrografia, Uso e Ocupação e Limites
Municipais. Os layers foram categorizados tematicamente na aba Simbology. Após a
organização, o projeto foi exportado para o formato JPEG.
A organização dos dados vetoriais foi iniciada com a criação de um projeto no SIG citado
acima. Este estava composto pelos seguintes dados: divisão estadual do Brasil; limite
municipal do Rio de Janeiro, Unidades Geomorfológicas do Rio de Janeiro e delimitação
da bacia da lagoa do Campelo, todos eles ajustados para projeção Universal Transversa de
Mercator (UTM) e Datum WGS 84, 24 K. Este critério foi estabelecido para que todos os
mapas seguissem a mesma padronização cartográfica.
Após o término do mapeamento, foram construídos campos e registros no banco de dados
da Bacia a fim de que fossem estabelecias as áreas em km² e percentuais em relação à área
da Região Hidrográfica do Baixo Paraíba do Sul/RJ.

Resultados
A bacia da lagoa do Campelo tem área de 867,42 km2 ocupando a região mais a leste da
Região Hidrográfica do Baixo Paraíba do Sul. Seus limites delimitam-se a sul pela margem
esquerda do rio Paraíba do Sul, a leste pelo Oceano Atlântico, a oeste o divisor de águas da
bacia do rio Muriaé e ao norte a linha de cumeada do rio Guaxindiba.
Mapa 1 – Mapa Geoambiental da bacia da lagoa do Campelo
Como se vê no Mapa 1 a Bacia lacustre do Campelo é composta por três compartimentos
geomorfológicos, a saber: Tabuleiros Terciários do Grupo Barreiras, Planície Fluvial e
Planície Costeira Quaternária. A tabela 1 reúne os principais canais que direcionam o
fluxo de águas para a lagoa. Além dos corpos lóticos aqui listados, há ainda uma rede
hídrica orientada pelos Tabuleiros de forma alongada em direção ao corpo lêntico de maior
expressão espacial: a lagoa do Campelo.
Tabela 1 – Extensão dos principais canais da bacia do Campelo
TOPONÍMIA

EXTENSÃO (km)

Engenheiro Antônio Resende

20,75

Cacimbas

15,22

Cataia

8,41

Vigário

16,83

Antes de se espacializar o uso da terra na bacia da lagoa do Campelo, é relevante analisar
algumas características da população que habita seus limites. Lembramos que foi através
dela que se deram as entradas para conquista do território no Sertão de Cacimbas, desde o
século XVIII. Como se vê na Tabela 2, mais de 80% da população tem residência em área
urbana, com destaque para o subdistrito de Guarus que pertence à cidade de Campos, com
mais da metade da população total da bacia.
Tabela 2 – População urbana e rural da Bacia da Lagoa do Campelo (2010)
População
Bairro Parque Prazeres
Subdistrito de Guarus (BHC*)
Moro do Coco
Travessão
Vila Nova de Campos
São Francisco do Itabapoana
(1° Distrito)
Total
Percentual

População
(%)

Urbano

Rural

6.685
85.796
1.083
23.917
6.125
20.955

4,85
62,23
0,79
17,35
4,44
15,20

6.685
84.704
0
15.126
1.628
10.823

0
1.092
1.083
8.791
4.497
10.132

137.876

100,00

112.281
81,44%

25.595
18,56%

Obs.: * Bacia hidrográfica da lagoa do Campelo
Fonte: Censo Demográfico do IBGE 2010.
Mapa 2 – Uso da terra no entorno do canal do Vigário – Campos dos Goytacazes/RJ

Como se vê no Mapa 2, são as diversas comunidades urbanas e rurais que ocupam a bacia
da lagoa do Campelo, como as que se localizam no entorno do canal do Vigário, a saber:
1 - Urbanas (Bairro Parque Prazeres);
2 – Rurais
2.1 - Tradicionais de agricultores (Sertão de Cacimbas);
2.2 - Novos agricultores (Assentamento Rural Zumbi dos Palmares);
2.3 - Vila de pescadores (Mundéus);
2.4 - Grandes proprietários rurais (Fazenda Barra Seca).
Estas comunidades ocupam áreas da bacia e ao mesmo tempo impactam negativamente
seus recursos hídricos de diferentes maneiras, quando: edificam nas faixas marginais de
proteção; despejam esgoto in natura nos corpos hídricos; constroem barragens e diques nos
canais; usam fertilizantes de maneira inadequada em suas plantações; e não respeitam as
áreas de Reserva Legal das propriedades rurais.
Através da análise de mapas e de trabalhos de campo foi possível observar a proximidade e
a continuidade dos corpos hídricos com as comunidades que ocupam a bacia da Lagoa do
Campelo.
Os conflitos pela água na região impactam negativamente a área urbana, como no bairro
Parque Prazeres, quando o fluxo de águas do rio Paraíba do Sul é direcionado em direção à
cidade, acarretando enchentes no período chuvoso.
Por outro lado, a abertura da comporta do canal do Vigário gera importante fluxo hídrico
para que ocorra a piracema entre o rio e a lagoa do Campelo. Caso contrário, são relatados
na mídia local problemas para a Pesca Tradicional e equilíbrio ambiental do sistema como
um todo.
Mapa 3 – Uso da terra na porção sudoeste da bacia da lagoa do Campelo

Verificou-se que o bairro Parque Prazeres está localizado na planície de inundação do rio
Paraíba do Sul e da lagoa do Taquaruçu, a 900 metros de distância do canal do Vigário.
Por posicionar-se no mesmo nível hipsométrico, a comunidade fica sazonalmente
suscetível às inundações no período de cheia do sistema. Isso se dá através do excedente
hídrico recebido pela lagoa do Taquaruçu carreado pelo canal Vigário, que faz a ligação do
rio a lagoa do Campelo. O DNOS instalou uma comporta de controle manual para regular
o fluxo de águas, contudo, a falta de manutenção e manejo do equipamento, ocasiona
conflitos entre os moradores do bairro e os pescadores.
Além disso, ressalta-se que as obras de engenharia construídas na região se encontram em
péssimo estado de conservação, como se vê na Imagem 3. Dessa forma, as intervenções,
que tinham como objetivo sanear as áreas sujeitas a inundações e atender as necessidades
dos proprietários urbanos e rurais carecem de melhor gerenciamento das comportas,
barragens e dos canais, como os do Vigário, Cataia, Cacimbas e Engenheiro Antônio
Resende.
Imagem 3 – Comportas do Canal do Vigário

Com essa análise preliminar, pretendeu-se subsidiar as discussões referentes à gestão dos
recursos hídricos na Bacia da Lagoa do Campelo que venha contribuir com a demanda
crescente por integração de dados de natureza espacial e auxiliar a tomada de decisão numa
concepção de Gestão Participativa na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, mais
especificamente, em seu Baixo Curso.

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Gestão participativa dos recursos hídricos da bacia da lagoa do campelo singa

  • 1. GESTÃO PARTICIPATIVA DOS RECURSOS HÍDRICOS DA BACIA DA LAGOA DO CAMPELO GESTIÓN PARTICIPATIVA DE LOS RECURSOS HÍDRICOS DE LA CUENCA DEL ESTANQUE CAMPELO José Maria Ribeiro Miro – IFF – jmiro.geo@hotmail.com Leidiana Alonso Alves – IFF – leididialves@hotmail.com Vinícius Santos Lima – UFES – vinicius_ahriman@hotmail.com Diego de Oliveira Miro – ENCE – d.miro1089@gmail.com Resumo A bacia da Lagoa do Campelo está localizada entre os municípios Fluminenses de Campos dos Goytacazes e São Francisco do Itabapoana. Muitos autores descrevem os conflitos pela água que ocorrem na região. Intervenções realizadas pelo extinto DNOS, como abertura de canais, construção de diques artificiais e comportas, tiveram motivações sanitaristas. Com essas obras evitar-se-iam as frequentes enchentes meio urbano e inundações nas plantações, porém, deram origem aos conflitos pela água na região, impactando negativamente a área urbana, como no bairro Parque Prazeres, acarretando enchentes no período chuvoso. Por outro lado, a abertura da comporta do canal do Vigário gera importante fluxo hídrico para que ocorra a piracema entre o rio e a lagoa do Campelo. Caso contrário, são relatados na mídia local problemas para a Pesca Tradicional e equilíbrio ambiental do sistema. Para este estudo, objetivou-se demarcar a bacia da lagoa Campelo, discriminando seus principais corpos hídricos e riscos ambientais. O trabalho buscou analisar os elementos do sistema hídrico formadores dos conflitos na região a partir da elaboração de mapas utilizando as técnicas de SR e SIG. Para isso, utilizou-se o método de Análise Ambiental. Verificou-se que o bairro Parque Prazeres está localizado na planície de inundação do rio Paraíba do Sul e da lagoa do Taquaruçu, a 900 metros de distância do canal do Vigário. Por posicionar-se no mesmo nível hipsométrico, a comunidade fica sazonalmente suscetível às inundações no período de cheia do sistema. O DNOS instalou uma comporta para regular o fluxo de águas, contudo, a falta de manutenção do equipamento ocasiona conflitos entre os moradores do bairro e os pescadores. Através da análise de mapas e de trabalhos de campo foi possível observar a proximidade e continuidade dos corpos hídricos com as comunidades que ocupam a bacia da Lagoa do Campelo. Além disso, ressalta-se que as obras de engenharia construídas na região encontram-se em péssimo estado de conservação. Entendendo que a gestão de recursos hídricos vem sendo pensada de forma com que os atores sociais sejam integrados num projeto de governança, pode-se concluir que a gestão participativa do sistema, que envolva todos os atores sociais; leve em conta as características ambientais da região; sob a coordenação do órgão ambiental responsável (INEA), pode reduzir seus impactos ambientais e melhorar a qualidade de vida das comunidades que vivem na bacia da lagoa do Campelo.
  • 2. Resumen La cuenca de la Laguna Campelo está situado entre los municipios de Goytacazes Fluminense y São Francisco do Itabapoana. Muchos autores describen los conflictos de agua que se producen en la región. Las intervenciones realizadas por DNOS ya desaparecida como canales de apertura, la construcción de diques artificiales y esclusas, tenían motivaciones sanitarios. Con estas obras se evita las frecuentes inundaciones y las inundaciones urbanas en las plantaciones, sin embargo, dio lugar a conflictos por el agua en la región, lo que afecta negativamente a la zona urbana, como en los placeres del parque del vecindario, provocando inundaciones en la temporada de lluvias. Por otra parte, la apertura de la puerta del canal genera un flujo importante de agua Vicario para el desove tiene lugar entre el río y el estanque Campelo. De lo contrario, se presentan en los problemas de los medios de comunicación locales para la pesca tradicional y el equilibrio ambiental del sistema. Para este estudio tuvo como objetivo delimitar la cuenca de Laguna de Campelo, detallando sus principales cuerpos de agua y los riesgos ambientales. El trabajo analiza los elementos de los sistemas de agua entrenadores conflictos en la región a partir de la asignación mediante las técnicas de la RS y GIS. Para ello, se utilizó el método de Análisis Ambiental. Se encontró que los placeres del parque de barrio se encuentra en la llanura de inundación del río Paraíba do Sul y el estanque Taquaruçu, a 900 metros del canal del Vigário. Al posicionarse en el mismo nivel hipsométrico, la comunidad es susceptible a inundaciones estacionales en el sistema de lluvias. O DNOS instalo una puerta para regular el flujo de agua, sin embargo, la falta de mantenimiento del equipo provoca conflictos entre los residentes y pescadores locales. A través del análisis de los mapas y trabajo de campo fue posible observar la proximidad y la continuidad de las masas de agua con las comunidades que ocupan la cuenca de la Estanque de Campelo. Por otra parte, cabe destacar que las obras de ingeniería construida en la región se encuentran en mal estado. Entendiendo que la gestión de los recursos hídricos ha sido diseñado para que los actores sociales se integran en la gobernanza del proyecto, se puede concluir que el sistema de gestión participativa, involucrando a todos los actores sociales tengan en cuenta las características ambientales de la región , bajo la coordinación de la agencia responsable del medio ambiente (INEA), puede reducir sus impactos ambientales y mejorar la calidad de vida de las comunidades que viven en la cuenca de la estanque de Campelo. Palavras-Chave Bacia Hidrográfica, Lagoa do Campelo, Conflitos pela água, Gestão Participativa. Palabras Clave Cuenca, Estanque de Campelo, conflictos por el agua, la gestión participativa. Eixo temático Agrohidronegócio, Conflitos e Alternativas de Gestão da Água.
  • 3. Objetivos Como objetivo geral pretendeu-se analisar os conflitos pelos usos da terra existentes na Bacia Hidrográfica da lagoa do Campelo pelo viés da Gestão Integrada dos Recursos Hídricos com o auxílio das geotecnologias, sobretudo as potencialidades dos Sistemas de Informações Geográficas (SIG) e o Sensoriamento Remoto (SR). Como objetivos específicos pretendeu-se demarcar a sub-bacia da lagoa do Campelo pertencente a IX Região Hidrográfica do estado do Rio de Janeiro, definida a partir da regionalização do Instituto Estadual do Ambiente (INEA, 2007); discriminar o conflito entre o ambiente rural e urbano com relação aos seus corpos hídricos e riscos ambientais que podem atingir as comunidades que vivem em seu entorno, como a que ocorre entre os moradores do bairro Parque Prazeres da cidade e os pescadores da lagoa do Campelo no município de Campos dos Goytacazes e; analisar os usos do sistema hídrico formadores dos conflitos a partir da elaboração de mapas utilizando as técnicas de Sensoriamento Remoto e Sistema de Informações Geográficas (ArcGIS 10.1). Referencial Teórico A água é considerada um bem natural para sobrevivência humana, apresentando variação de qualidade que deve ser analisada sob os aspectos de origem e uso, caracterizando o ambiente físico e as ocupações antrópicas de uma região. Apesar da importância dada ao recurso natural de domínio público, o seu uso inadequado ainda causa conflitos entre vizinhos no mundo todo. A montante ou a jusante dos mananciais, frequentemente acontecem impactos ambientais sobre recursos hídricos, principalmente aqueles relacionados à redução do fluxo fluvial; construção e assoreamento de represas; salinização e erosão de solos; e inundações agravadas pelo desflorestamento. Na Região Norte Fluminense, relata-se mais a atuação de usineiros de Campos que restringem o acesso à água a outros usuários (TELLES e DOMINGUES, 2006, p. 345), contudo, há outros conflitos referentes à apropriação dos recursos do território e emerge uma nova forma de tratá-los, como se pretende abordar nesta discussão. Refletindo sobre a ciência geográfica, Gomes (1995, p. 55) diz que o conceito de região teve inspiração na geologia, sendo considerado como um elemento da natureza. Regionalizar utilizando o conceito de bacia hidrográfica como demarcador natural, vem sendo empregado desde o século XVIII, vista como recorte espacial para regionalizações. Assim, uma região hidrográfica pode ser vista como um espaço real definida a partir de
  • 4. critérios internos, ganhando elementos e definindo um código social comum de base territorial (op. cit. p. 67). Como exemplo, pode ser citado as parcerias estabelecidas entre as comunidades tradicionais de pescadores e agricultores que, a partir do uso coletivo dos recursos naturais, criam seu próprio código de ética social, dividem trabalho e compartilham técnicas. Para Cunha e Guerra (1996, p. 365), a gestão de bacias hidrográficas é uma ação complexa, mas, inúmeros estudos apontam respostas para os planejadores de intervenções em função das mudanças ambientais (naturais ou antrópicas) ocorridas no seu sistema geomorfológico. Dessa forma, apresentam prognósticos em função dos fluxos de drenagem, presença de diques, perda de sedimentos por exploração de cascalho e areias, despejo de poluentes, questões referentes à urbanização e genética dos canais. Estas variáveis analisadas por conceitos geográficos diferem da visão da engenharia, por considerar que as respostas fluviais a impactos ambientais nas bacias de drenagem são derivadas de aspectos históricos e intercomunicação espacial. Hoje há consenso na comunidade científica e órgãos reguladores dos recursos hídricos no Brasil de que a bacia de drenagem “[...] é o espaço de planejamento e gestão das águas, onde se procura compatibilizar as diversidades demográficas, sociais, culturais e econômicas das regiões” (BOTELHO e SILVA, 2004, p. 184). Para os autores, uma das funções da gestão dos recursos hídricos nas bacias é o de mediar os conflitos criados entre os seus usuários. Então, e entendendo que modernamente a gestão de recursos hídricos vem sendo pensada de forma que os atores sociais sejam integrados num projeto de governança, ROSS, (2006) propõem que a gestão de uma bacia hidrográfica deve envolver todos os atores sociais; leve em conta as características ambientais da região; tenha a coordenação do órgão ambiental responsável (neste caso o Instituto Estadual do Ambiente), o que pode reduzir seus impactos ambientais e melhorar a qualidade de vida das comunidades. O baixo curso do rio Paraíba do Sul foi descrito por Lamego (1946) como “Pantanal Fluminense”, e a Baixada Campista como uma região alagada composta por rios, lagoas, brejos e, na zona costeira, por ecossistemas de transição entre os ambientes terrestres e marinhos. Ele nos conta, que o canal de Cacimbas garantia o comércio regular entre o sertão de São Francisco do Itabapoana e Campos ainda na época do Império, garantindo possibilidade de penetração por longos brejais até alcançar os férteis tabuleiros. Isso mostra como se deu a ocupação das terras no Norte Fluminense, onde partindo do rio
  • 5. Paraíba por vias fluviais chegava-se ao Sertão de Cacimbas, quando os rios encachoeirados só permitiriam o transporte terrestre na direção do estado do Espírito Santo. Imagem 1 – Canal de Cacimbas (1937) Construído no período do Império Brasileiro para a navegação, por ele se deram as primeiras entradas para se extrair madeiras de lei no Sertão de Cacimbas e depois minérios, como a monazita em São Francisco do Itabapoana e o mármore em Itaperuna. Fonte: Lamego, 1946. Imagem 2 – Canal de Cacimbas (2012) Na atualidade o canal mudou sua função, mas ainda tem uso importante na irrigação agrícola, sedentação de animais, para pesca artesanal e lazer das comunidades locais. A bacia da lagoa do Campelo está localizada nos municípios Fluminense de Campos dos Goytacazes e São Francisco do Itabapoana, na margem esquerda do rio Paraíba do Sul, no que hoje se denomina Região Hidrográfica do Baixo Paraíba do Sul, de acordo com o Instituto Estadual do Ambiente (INEA, 2007). Sobre a geomorfologia da região, Ramalho (2005 p. 35) descreve os compartimentos que se destacam na paisagem, a saber: Relevo Forte Ondulado a Escarpado (Serras), Relevo Suave a Ondulado (Mar de Morros) ambos de embasamento cristalino; Tabuleiros Terciários do Grupo Barreiras; e as Planícies Quaternárias de origem fluvial ou marinha.
  • 6. Nessas unidades de relevo Alves et al. (2013) catalogaram 70 corpos lênticos e os classificaram segundo critérios geomorfológicos. Dentre estes, a lagoa do Campelo aparece como de Gênese Reliquiar de forma “alongada”, como é próprio da classe, ou seja, sua formação se deu entre cordões de restinga, cristas de praias ou paleopraias, deixadas pelas várias oscilações marinhas do Quaternário, sobretudo pela ultima Regressão, ocorrida há aproximadamente 6 e 5 mil anos antes do presente. Muitos autores descrevem os conflitos pela água que ocorrem na região, sejam aqueles provocados pelos usos urbanos ou rurais do espaço. Carneiro (2003), ao estudar o uso da água e os conflitos históricos na Baixada Campista, nos conta que o extinto Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS) promoveu obras de drenagem “à luz de um projeto modernizador dos engenheiros”, muito em voga no século XX. Justificativas ligadas à expansão das atividades econômicas da Baixada Fluminense também são indicadas em fontes clássicas, como na obra de Bernardes (1957), quando diz que com essas obras evitar-se-iam as frequentes enchentes no meio urbano e inundações nas plantações, o que causava prejuízos econômicos e sociais. Isso teria promovido um ressecamento da região e seria fruto de várias intervenções como: a abertura de canais, a retilinização de rios, a construção de diques artificiais e comportas para o controle de vazão da água. Iniciativas que propagavam motivações sanitaristas, como a erradicação da malária e da febre amarela, mas que na verdade foram pensadas para atender aos empreendimentos sucroalcooleiros (SOFFIATI NETTO, 2009). Ao propor o zoneamento das áreas sujeitas a inundações na Baixada Campista Miro (2009) diz que conflitos podem dar-se pela falta de gerenciamento de comportas instaladas pelo DNOS com fins de controlar o nível e a vazão das águas. Além disso, ela nos conta que: “Existem barragens com objetivo de captação de água para atividades agropastoris, que diminuem o fluxo e comprometem o uso da água para comunidades que estão à jusante. A contradição é que nos meses chuvosos há abundância de águas e surgem reivindicações em relação aos transbordamentos, até mesmo provocados pelas construções de barragens, mas nos meses secos a situação se inverte, a pouca lâmina d’água dos canais, mais uma vez aliada às barragens, determina a falta de água para alguns usuários a jusante” (MIRO, 2009, p. 77). Sobre as características morfo-climáticas da região, Miro et al. (2012), após analisarem dados coletados pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) entre os anos de 1973 e 2003, os correlacionaram com os fenômenos de inundação no entorno das lagoas devido a concentração de chuvas no verão e as características morfológicas do terreno. Os autores verificaram que há um excedente hídrico de até 9 mm no mês de dezembro, para
  • 7. uma média de precipitação anual de 909, 20 mm. Relataram, ainda, que no ano de 2008, após uma precipitação que causou um excedente hídrico de 300 mm no mês de novembro, foram implodidos diques artificiais construídos na lagoa Feia, reconstituindo parte do espelho seu d’água original, ação tomada como medida-solução para minimizar os impactos das inundações ocorridas no meio urbano e rural. Estudos realizados por Ramalho (2005, p. 84), sobre as unidades de relevo onde se registram declividades inferiores a 5% em Campos, como os de planícies fluviais com sedimentos quaternários associados, conclui que eles condicionam classes de solo com restrições à expansão urbana por apresentarem lençol freático elevado e solos hidromórficos. Contudo, a região Norte Fluminense vem se mostrando historicamente como um excelente habitat para a criação bovina desde o século XVII e apresenta potencial para a agricultura de cana-de-açúcar. Assim, o setor sucroalcooleiro foi quem consolidou o processo de movimentação econômica e social regional desde meados do século XIX, transformando a cidade de Campos e impondo o ordenamento espacial que se verifica ainda hoje. Materiais e métodos A escolha da metodologia é um reflexo da própria condução do objeto de estudo. Desta forma, os pressupostos teórico-conceituais adotados referem-se ao método de Análise Ambiental, que considera as ferramentas do SIG na ciência geográfica, sendo do interesse de todos que pretendam elaborar modelos que sirvam de subsídio para a tomada de decisões e planejamento regional. Para Câmara e Medeiros (1998) este método correlaciona a evolução espacial e temporal de um fenômeno geográfico e as inter-relações entre eles, considerando-se as múltiplas dimensões espaciais e as diversas escalas de um fenômeno, como por exemplo, o uso e ocupação da terra. Além do método de Análise Ambiental também foram utilizadas revisão bibliográfica em literatura especializada e várias incursões a campo para registro fotográfico, realizadas entre os meses de novembro e dezembro de 2012. Para que os objetivos deste trabalho fossem realizados, foi necessário dividi-lo em algumas partes principais. A primeira constitui-se de levantamentos teóricos entre livros, teses, sites, dissertações e artigos, bem como consultas a documentos que abordam o assunto exposto como: as cartas Geológica, Geomorfológica, Pedológica, e de Vegetação, desenvolvida pelo projeto RadamBrasil (1983), Volume 32. Ainda nesta etapa, foram adquiridos, de forma gratuita, Planos de Informações (PIs) acerca do limite estadual do Rio
  • 8. de Janeiro, e divisão estadual do Brasil, além de ortofotos com resolução espacial de 1m, junto aos Instituto Estadual do Ambiente do estado Rio de Janeiro (INEA – RJ) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), respectivamente, no formato Shapefile (shp) e o modelo Interferométrico da missão Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) para a elaboração do Modelo Numérico de Terreno (MNT) junto a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária (EMBRAPA). Também Foram realizadas ainda várias incursões a campo para registro fotográfico, entre os meses de novembro e dezembro de 2012. A segunda etapa foi dedicada ao tratamento dos produtos de interferometria (SRTM) e elaboração do mapa Geoambiental da bacia da lagoa do Campelo. Para tanto, utilizou-se dos seguintes procedimentos na extração da drenagem e na delimitação da bacia: através do comando Export Data foi realizada a transformação do MNT para o formato GRID; para gerar o filtro do modelo, foi utilizado o comando Fill; o passo seguinte foi dedicado a geração do fluxo de direção através do comando Flow Direction; feito isso, o próximo passo é destinado a geração do fluxo acumulado com o comando Flow Accumulation; no passo seguinte foi necessário gerar um raster com as drenagens extraídas através do comando Con; a etapa seguinte foi destinada a geração do shape com o comando Stream to Feature. Existem outros métodos de delimitação de bacias, no entanto, este realiza a delimitação a partir de uma coleta ou ponto conhecido. Para isto crie uma shape de ponto, adicione ao ArcGIS 10.1, entre em edição do shape (de ponto) e escolha o local para delimitação da bacia em cima do shape de drenagens gerado anteriormente, salve e pare a edição. No próximo passo, foi realizado o comando Watershed e posterior a delimitação automática da bacia hidrográfica em formato raster. Para converter a bacia para o formato polígono foi utilizado o comando Raster to Polygon. Em seguida, foi criada uma máscara da área de estudo e adjacências com um recorte da imagem através do comando Extract by mask. Todas as técnicas de manipulação/elaboração dos mapas, foram feitas no Software ArcGIS 10.1. Foram considerados os elementos básicos para a interpretação dos produtos, de acordo com Jensen (2009). Os mapas de uso e ocupação, em maiores escalas cartográficas, foram gerados seguindo a mesma padronização, com informações coletadas do Instituto Estadual do Ambiente-RJ e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Para tanto, foi criado um projeto no ArcGIS 10.1 e adicionado os seguintes layers: Hidrografia, Uso e Ocupação e Limites Municipais. Os layers foram categorizados tematicamente na aba Simbology. Após a organização, o projeto foi exportado para o formato JPEG.
  • 9. A organização dos dados vetoriais foi iniciada com a criação de um projeto no SIG citado acima. Este estava composto pelos seguintes dados: divisão estadual do Brasil; limite municipal do Rio de Janeiro, Unidades Geomorfológicas do Rio de Janeiro e delimitação da bacia da lagoa do Campelo, todos eles ajustados para projeção Universal Transversa de Mercator (UTM) e Datum WGS 84, 24 K. Este critério foi estabelecido para que todos os mapas seguissem a mesma padronização cartográfica. Após o término do mapeamento, foram construídos campos e registros no banco de dados da Bacia a fim de que fossem estabelecias as áreas em km² e percentuais em relação à área da Região Hidrográfica do Baixo Paraíba do Sul/RJ. Resultados A bacia da lagoa do Campelo tem área de 867,42 km2 ocupando a região mais a leste da Região Hidrográfica do Baixo Paraíba do Sul. Seus limites delimitam-se a sul pela margem esquerda do rio Paraíba do Sul, a leste pelo Oceano Atlântico, a oeste o divisor de águas da bacia do rio Muriaé e ao norte a linha de cumeada do rio Guaxindiba. Mapa 1 – Mapa Geoambiental da bacia da lagoa do Campelo
  • 10. Como se vê no Mapa 1 a Bacia lacustre do Campelo é composta por três compartimentos geomorfológicos, a saber: Tabuleiros Terciários do Grupo Barreiras, Planície Fluvial e Planície Costeira Quaternária. A tabela 1 reúne os principais canais que direcionam o fluxo de águas para a lagoa. Além dos corpos lóticos aqui listados, há ainda uma rede hídrica orientada pelos Tabuleiros de forma alongada em direção ao corpo lêntico de maior expressão espacial: a lagoa do Campelo. Tabela 1 – Extensão dos principais canais da bacia do Campelo TOPONÍMIA EXTENSÃO (km) Engenheiro Antônio Resende 20,75 Cacimbas 15,22 Cataia 8,41 Vigário 16,83 Antes de se espacializar o uso da terra na bacia da lagoa do Campelo, é relevante analisar algumas características da população que habita seus limites. Lembramos que foi através dela que se deram as entradas para conquista do território no Sertão de Cacimbas, desde o século XVIII. Como se vê na Tabela 2, mais de 80% da população tem residência em área urbana, com destaque para o subdistrito de Guarus que pertence à cidade de Campos, com mais da metade da população total da bacia. Tabela 2 – População urbana e rural da Bacia da Lagoa do Campelo (2010) População Bairro Parque Prazeres Subdistrito de Guarus (BHC*) Moro do Coco Travessão Vila Nova de Campos São Francisco do Itabapoana (1° Distrito) Total Percentual População (%) Urbano Rural 6.685 85.796 1.083 23.917 6.125 20.955 4,85 62,23 0,79 17,35 4,44 15,20 6.685 84.704 0 15.126 1.628 10.823 0 1.092 1.083 8.791 4.497 10.132 137.876 100,00 112.281 81,44% 25.595 18,56% Obs.: * Bacia hidrográfica da lagoa do Campelo Fonte: Censo Demográfico do IBGE 2010.
  • 11. Mapa 2 – Uso da terra no entorno do canal do Vigário – Campos dos Goytacazes/RJ Como se vê no Mapa 2, são as diversas comunidades urbanas e rurais que ocupam a bacia da lagoa do Campelo, como as que se localizam no entorno do canal do Vigário, a saber: 1 - Urbanas (Bairro Parque Prazeres); 2 – Rurais 2.1 - Tradicionais de agricultores (Sertão de Cacimbas); 2.2 - Novos agricultores (Assentamento Rural Zumbi dos Palmares); 2.3 - Vila de pescadores (Mundéus); 2.4 - Grandes proprietários rurais (Fazenda Barra Seca). Estas comunidades ocupam áreas da bacia e ao mesmo tempo impactam negativamente seus recursos hídricos de diferentes maneiras, quando: edificam nas faixas marginais de proteção; despejam esgoto in natura nos corpos hídricos; constroem barragens e diques nos canais; usam fertilizantes de maneira inadequada em suas plantações; e não respeitam as áreas de Reserva Legal das propriedades rurais. Através da análise de mapas e de trabalhos de campo foi possível observar a proximidade e a continuidade dos corpos hídricos com as comunidades que ocupam a bacia da Lagoa do Campelo.
  • 12. Os conflitos pela água na região impactam negativamente a área urbana, como no bairro Parque Prazeres, quando o fluxo de águas do rio Paraíba do Sul é direcionado em direção à cidade, acarretando enchentes no período chuvoso. Por outro lado, a abertura da comporta do canal do Vigário gera importante fluxo hídrico para que ocorra a piracema entre o rio e a lagoa do Campelo. Caso contrário, são relatados na mídia local problemas para a Pesca Tradicional e equilíbrio ambiental do sistema como um todo. Mapa 3 – Uso da terra na porção sudoeste da bacia da lagoa do Campelo Verificou-se que o bairro Parque Prazeres está localizado na planície de inundação do rio Paraíba do Sul e da lagoa do Taquaruçu, a 900 metros de distância do canal do Vigário. Por posicionar-se no mesmo nível hipsométrico, a comunidade fica sazonalmente suscetível às inundações no período de cheia do sistema. Isso se dá através do excedente hídrico recebido pela lagoa do Taquaruçu carreado pelo canal Vigário, que faz a ligação do rio a lagoa do Campelo. O DNOS instalou uma comporta de controle manual para regular o fluxo de águas, contudo, a falta de manutenção e manejo do equipamento, ocasiona conflitos entre os moradores do bairro e os pescadores.
  • 13. Além disso, ressalta-se que as obras de engenharia construídas na região se encontram em péssimo estado de conservação, como se vê na Imagem 3. Dessa forma, as intervenções, que tinham como objetivo sanear as áreas sujeitas a inundações e atender as necessidades dos proprietários urbanos e rurais carecem de melhor gerenciamento das comportas, barragens e dos canais, como os do Vigário, Cataia, Cacimbas e Engenheiro Antônio Resende. Imagem 3 – Comportas do Canal do Vigário Com essa análise preliminar, pretendeu-se subsidiar as discussões referentes à gestão dos recursos hídricos na Bacia da Lagoa do Campelo que venha contribuir com a demanda crescente por integração de dados de natureza espacial e auxiliar a tomada de decisão numa concepção de Gestão Participativa na Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul, mais especificamente, em seu Baixo Curso. Referências bibliográficas ALVES, Leidiana Alonso; LIMA, Vinícius Santos; MIRO, José Maria Ribeiro; COELHO, André Luiz Nascentes. Classificação Geomorfológica das lagoas da Região Hidrográfica do Baixo Paraíba do Sul-RJ. In: Anais XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA FÍSICA APLICADA – SBGFA. Eixo VII Bacias hidrográficas, processos fluviais e as repercussões sobre o espaço geográfico. XV Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada: Uso e Ocupação da Terra e as Mudanças das Paisagens. Vitória (ES), 8 a 12 de julho de 2013, p. 1200-1208. CD-ROM. BERNARDES, Lysia Maria Cavalcanti. Planície Litorânea e Zona Canavieira do Estado do Rio de Janeiro. Conselho Nacional de Geografia. Rio de Janeiro, 1957.
  • 14. BOTELHO, Rosangela Garrido Machado; SILVA, Antônio Soares da. Bacia Hidrográfica e Qualidade Ambiental. In: VITTE, Antônio Carlos; GUERRA, Antônio José Teixeira (Org.). Reflexões sobre a geografia física no Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. CÂMARA, Gilberto; MEDEIROS, José Simão de. Princípios básicos em geoprocessamento. In: ASSAD, Eduardo Delgado; SANO, Edson Eyji. Sistemas de Informações Geográficas: aplicações na agricultura. Embrapa, 1998. CARNEIRO, Paulo Roberto Ferreira. Dos pântanos à escassez: uso da água e conflito na Baixada dos Goytacazes. Rio de Janeiro: Annablume, Coppe/UFRJ, 2003. CUNHA, Sandra Baptista da; GUERRA, Antônio José Teixeira. Degradação Ambiental. In: GUERRA, Antônio José Teixeira; CUNHA, Sandra Baptista da (Org). Geomorfologia e meio ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996. DIAS JÚNIOR, Luiz Fernando Rocha; PINTO, Marcos Vinícius Ferraz. Organizações Sócio-Espaciais dos Pescadores Artesanais no Município de Campos dos Goytacazes/RJ. Monografia de Graduação (Licenciatura em Geografia) – Coordenação de Geografia, Instituto Federal, Ciência e Tecnologia Fluminense, Câmpus Campos-Centro, Rio de Janeiro, 2012. EMBRAPA. Brasil em Relevo. Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite, 2005. Disponível em: <relevobr.cnpm.embrapa.br>. Acesso em: 04/07/2010. GOMES, Paulo Cesar da Costa. O conceito de região e sua discussão. In: CASTRO, Iná Elias de; GOMES, Paulo Cesar da Costa; Corrêa, Roberto Lobato (Org.). Geografia: Conceitos e Temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. IBGE – Censo Demográfico de 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 20 mar. de 2013. INEA – Instituto Estadual do Ambiente. Base Temática – O Estado do Ambiente. Planos de Informações: indicadores ambientais do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.inea.rj.gov.br/basetematica_estadoambiente/>. Acesso em: 10/09/2012. JENSEN, John R. Sensoriamento remoto do ambiente: uma perspectiva em recursos terrestres. São José dos Campos: Parêntese, 2009. LAMEGO, Alberto Ribeiro. O homem e a restinga. Rio de janeiro: IBGE, 1946. MIRO, Janaína Santos Lima. Metodologia para a elaboração do zoneamento das áreas sujeitas à inundação na Baixada Campista/Norte Fluminense – Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado em Engenharia Ambiental) – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense. Campos dos Goytacazes-RJ, 2009. MIRO, José Maria Ribeiro; LIMA, Vinícius Santos; CORREA, Wesley Souza Campos; COELHO, André Luiz Nascente. O balanço hídrico climatológico como subsídio ao planejamento e gestão da lagoa Feia na região norte do estado do Rio de Janeiro. In: Revista Geonorte, Edição Especial 2, v.1, N.5, p.1060 – 1069, 2012. Disponível em: < http://www.revistageonorte.ufam.edu.br>. Acesso em: 14 mar. de 2013.
  • 15. PROJETO RADAMBRASIL - Levantamento de Recursos Naturais. Geologia, Geomorfologia, Solos, Vegetação e Uso Potencial da Terra. v. 32, Folhas SF 23/24 Rio de Janeiro / Vitória. Rio de Janeiro: IBGE/Ministério das minas e energia – Secretaria Geral, 1983, 775 p. RAMALHO, Roberta de Sousa. Diagnóstico do Meio Físico como Contribuição ao Planejamento do Uso da Terra do Município de Campos dos Goytacazes. Tese (Doutorado em Ecologia e Recursos Naturais) – Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Campos dos Goytacazes-RJ, 2005. ROSS, Jurandyr Luciano Sanches. Ecogeografia do Brasil: subsídios para planejamento ambiental. São Paulo: Oficina de Textos, 2006. SOFFIATI NETTO, Aristides Arthur. Os manguezais do Sul do Espirito Santo e do Norte do Rio de Janeiro com alguns apontamentos sobre o norte do sul e o sul do norte. Campos dos Goytacazes – RJ: Essentia Editora, 2009. TELLES, Dirceu D’Alkimin; DOMINGUES, Antônio Félix. Água na agricultura e pecuária. In: REBOUÇAS, da Cunha; BRAGA, Benedito; TUNDISI, José Galizia (Org.). Águas doces no Brasil: capital ecológico, uso e conservação. 3. ed. São Paulo: Escrituras Editora, 2006.