SlideShare a Scribd company logo
1 of 5
Download to read offline
Genética-vol.21-outubro1999
1. Professora adjunta do Departamento de Morfologia, Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina
.
Resumo
O artigo apresenta uma revisão sucinta dos aspectos genéticos da doença de Alzheimer e da metodologia empregada. Três genes
distintos foram responsabilizados pela afecção até o momento: o da APP – responsável pela substância precursora da b-amilóide,
a qual se deposita intensamente no cérebro dos afetados e está associada ao quadro demencial –, o gene da presenilina 1 (PS1) e
o da presenilina 2 (PS2), proteínas de membrana celular. O gene da PS1 é responsável por cerca de 40% dos casos familiares e de
acometimento precoce da DA . Os genes da ApoE4, da a-2-macroglobulina e da catepsina D, envolvidos no metabolismo da b-
amilóide, foram caracterizados como fatores de risco para a DA. O gene da ApoE4 é fator de risco em cerca de 50% dos casos de DA
esporádicos e de acometimento tardio. Muitos outros genes foram ainda associados à DA e são apresentados brevemente. São
discutidas a conduta – quanto ao aconselhamento genético para familiares de afetados – e a utilização de diagnóstico molecular na
predisposição genética à afecção. É apresentado como mecanismo comum às síndromes progeróides genéticas, como a DA, a
alteração da atividade dos genes ribossômicos.
Descritores
Doença de Alzheimer; genética; aconselhamento genético
Abstract
This paper concisely reviews the genetics of Alzheimer Disease (AD). So far, three different genes have been implicated in AD.
Specifically, the gene that codes for APP – the amyloid b precursor protein, which is associated to dementia through intense brain
deposition – the presenilin 1 gene (PS1) and the presenilin 2 gene (PS2). Both presenilin genes code for cellular membrane proteins
and PS1 are responsible for approximately 40% of the early-onset familial cases. Genes that code for ApoE4,a-2 macroglobulin and
cathepsin D, which are all involved in APP metabolism, have been considered as risk factors for AD. The ApoE4 gene is a risk factor
in about 50% of the AD sporadic and late-onset cases. Several other genes that have been associated to AD are briefly discussed.
Different strategies for genetic counseling of relatives are considered, and finally, ribosomal gene alterations are discussed as
possible mechanisms underlying genetic progeroid syndromes such as AD.
Keywords
Alzheimer disease; genetics; genetic counseling
Doença de Alzheimer
Marília de Arruda Cardoso Smith1
Introdução
A doença de Alzheimer (DA), caracterizada pelo
neuropatologista alemão Alois Alzheimer em 1907, é uma afec-
ção neurodegenerativa progressiva e irreversível de apareci-
mento insidioso, que acarreta perda da memória e diversos dis-
túrbios cognitivos. Em geral, a DA de acometimento tardio, de
incidência ao redor de 60 anos de idade, ocorre de forma espo-
rádica, enquanto que a DA de acometimento precoce, de inci-
dência ao redor de 40 anos, mostra recorrência familiar. A DA de
acometimento tardio e a DA de acometimento precoce são uma
mesma e indistinguível unidade clínica e nosológica.1
À medida que a expectativa de vida torna-se mais elevada,
especialmente em países desenvolvidos, tem-se observado um
aumento da prevalência da DA. Essa afecção representa cerca
de 50% dos casos de demência nos EUA e na Grã-Bretanha e se
estima que corresponda à quarta causa de morte de idosos
nestes países.2
Do ponto de vista neuropatológico, observa-se no cérebro
de indivíduos com DA atrofia cortical difusa, a presença de
grande número de placas senis e novelos neurofibilares, dege-
nerações grânulo-vacuolares e perda neuronal. Verifica-se ain-
da um acúmulo da proteína b-amilóide nas placas senis e da
microtubulina tau nos novelos neurofibrilares. Acredita-se que
a concentração das placas senis esteja correlacionada ao grau
de demência nos afetados. Transtornos da transmissão da
acetilcolina e acetiltransferases ocorrem freqüentemente nos
indivíduos afetados.3
As alterações observadas nos cérebros dos afetados po-
dem também ser encontradas em idosos sadios, porém não
RevBrasPsiquiatr SII3
Genética-vol.21-outubro1999
conjuntamente e em tal intensidade. O curso da doença varia
entre 5 e 10 anos e a redução da expectativa de vida situa-se ao
redor de 50%.1
Hipóteses etiológicas
O fator genético é considerado atualmente como preponde-
rante na etiopatogenia da DA entre diversos fatores relaciona-
dos. Além do componente genético, foram apontados como
agentes etiológicos, a toxicidade a agentes infecciosos, ao alu-
mínio, a radicais livres de oxigênio, a aminoácidos neurotóxicos
e a ocorrência de danos em microtúbulos e proteínas associa-
das.4,5
É interessante ainda salientar que estes agentes podem
ainda atuar por dano direto no material genético, levando a uma
mutação somática nos tecidos.
A genética e a hereditariedade da doença de
Alzheimer
Cerca de um terço dos casos de DA apresentam familiaridade
e comportam-se de acordo com um padrão de herança
monogênica autossômica dominante. Estes casos em geral, são
de acometimento precoce e famílias extensas têm sido periodi-
camente estudadas.
A herança autossômica dominante, como se sabe, é aquela
em que o afetado é heterozigoto para o gene dominante mutado
(Aa), uma vez que o gene A é bastante raro na população e
quase nunca serão encontrados afetados com o genótipo AA.
Os afetados (Aa) têm 50% de chance de ter filhos (Aa) também
afetados pela doença. A figura 1 ilustra uma genealogia de he-
rança autossômica dominante, onde se verifica que afetados
(A-) em geral são filhos de afetados (A-), a doença aparece em
todas as gerações e homens e mulheres são igualmente
afetados.Uma intrigante associação entre a DA e a síndrome de
Down levou à descoberta do primeiro gene da DA no
cromossomo 21, que é o cromossomo extra, envolvido na sín-
drome de Down. Indivíduos com síndrome de Down apresen-
tam envelhecimento prematuro e praticamente todos apresen-
tam doença de Alzheimer, clínica e neuropatologicamente con-
firmada, entre 40 e 50 anos de idade.6
Este primeiro gene a ser identificado na DA revelou-se sur-
preendentemente como o responsável pela proteína precursora
da b-amilóide (APP), a qual, como já mencionado, deposita-se
intensamente nas placas senis dos cérebros de afetados.Estu-
dos de ligação e de associação da DA com marcadores genéti-
cos moleculares, que são fragmentos de DNA conhecidos e já
mapeados nos cromossomos, têm revelado, até o momento,
pelo menos 5 ou 6 genes envolvidos no aparecimento desta
afecção, os quais podem ser verificados na tabela 1.7-12
O rationale dos estudos ou da análise de ligação genética
com marcadores conhecidos de DNA decorre do comporta-
mento de genes em um mesmo cromossomo (ligados) durante a
meiose e permitiu a descoberta da maior parte dos genes menci-
onados. Este método pode ser simplificadamente explicado a
seguir.
A figura 2 ilustra uma genealogia em que uma doença, de
herança autossômica dominante (Afetados: Aa), é segregada
com um marcador polimórfico de DNA conhecido (m1) e já loca-
lizado em determinado cromossomo. Podemos considerar que
gene da doença (A-) e o marcador de DNA (m1) estão comple-
tamente ligados, ou seja, muito próximos em um mesmo
cromossomo. Nesta situação, não ocorre recombinação ou per-
muta entre o gene e o marcador polimórfico, sendo ambos,
Figura 1 - Heredograma característico de herança autossômica dominante.
Afetados são, em geral, heterozigotos quanto ao gene mutante dominante.
Indivíduos normais são homozigotos recessivos (aa) quanto ao alelo normal
recessivo.
MaríliadeArrudaCardosoSmith
aa
aa Aa
aa Aa Aa aa aaAa Aa
Aa aa Aa
aa
aa
aa
aa
Aa Aa Aa Aaaa aaaa aaaa Aa Aa
I
II
III
IV
SII4
Gene: Localização Idade de % de casos de % Total de Autores
produto cromossômica acometimento acometimento casos de DA
precoce
APP 21 45 a 66 < 1 < 0,1 St.GeorgeHyslop etal.7
PS 1 14 28 a 62 40 1 a 2 Schellemberg et al.9
PS 2 1 40 a 85 < 1 < 0,1 Levy-Lahad et al.10
ApoE 4 19 > 60 - > 50 Pericak-Vance et al.8
(Fator de risco)
A2M 12 > 70 - ? Blacker et al.11
(Fator de risco)
Catepsina D ? 74 ±10,3 - ? Papassotiropoulos et al.12
(Fator de risco)
APP - Proteína precursora da b-amilóide
PS - Presenilina, tipos 1 e 2
ApoE4 - Apoliproteína E do tipo 4
Tabela 1- Principais genes identificados na doença de Alzheimer (DA), seus produtos,
localização cromossômica, idade e período de acometimento.
Genética-vol.21-outubro1999
portanto,transmitidosconjuntamenteemummesmocromossomo.
Observa-se assim, que quando um indivíduo apresenta o gene da
doença(A-),eletambémmostraumdeterminadomarcadorgenéti-
co (m1). Infere-se, portanto, que o gene responsável pela doença
está ligado ao fragmento marcador de DNA, ou seja, o gene da
doença ou parte dele situa-se no fragmento de DNA marcador.
Os estudos de associação tratam de pesquisas caso-controle
em que se investiga se um determinado marcador de DNA está
mais freqüentemente associado a casos com a afecção.
Os produtos de cada um dos principais genes associados à
DA podem ser também verificados na tabela 1. O gene da APP
localizado no cromossomo 21 e seu papel patogênico têm sido
amplamente investigado em função do acúmulo da proteína b-
amilóide em cérebro de afetados.A apoliproteína E4 é uma va-
riante da proteína carregadora de lipídeos ApoE, cujo gene se
localiza no cromossomo 19. Esta proteína interage in vitro e in
vivo com a b-amilóide, indicando sua atuação patogênica nes-
te metabolismo.13
A proteína presenilina 1 (PS1), cujo gene está
mapeado no cromossomo 14, e a presenilina 2 (PS2), cujo gene
situa-se no cromossomo 1, estruturalmente bastante semelhan-
tes entre si, tratam-se provavelmente de proteínas de membra-
na que atuam no transporte celular.14
A participação das
presenilinas 1 e 2 em mecanismos de apoptose através da inte-
ração com caspases foi ainda demonstrada.15
Acredita-se, po-
rém, que apoptose não seja o mecanismo mais freqüente de
morte neuronal na DA. O produto do quinto gene associado à
DA, situado no cromossomo 12, é a a-2 macroglobulina,11
a
qual também interage com a proteína b-amilóide in vitro e cujo
alelo normal parece ainda ter efeitos protetores para as células.
Experimentalmente esta macroglobulina impede a formação da
proteína b-amilóide insolúvel e protege as células neuronais
em cultura contra a toxicidade desta proteína.16
Foi ainda des-
crita uma protease, a catepsina D, que também participa do
metabolismo da b-amilóide, cuja alteração foi associada recen-
temente a casos esporádicos de DA.12
Diversos genes em diferentes cromossomos foram ainda as-
sociados à DA. Em nosso laboratório, na Disciplina de Genéti-
ca da Unifesp/EPM, por meio de estudos de regiões
cromossômicas predisponentes a quebras – sítios frágeis
cromossômicos –, verificamos que o sítio 6q21, onde se localiza
o gene da enzima superóxido dismutase mitocondrial, está asso-
ciado à DA. Esta associação vem apoiar a hipótese de a DA ser
uma doença de radicais livres de oxigênio. Observamos ainda,
outras regiões de fragilidade cromossômica, como o sítio 6p21,
onde se localizam os genes de microtulina e do complexo de
histocompatibilidade MHC e o sítio 17q21 onde se localiza o
genedamicrotubulinatau.17
Aocorrênciadeumavariantealélica
do gene da serotonina, atuando como um fator de risco à DA de
acometimento tardio, foi também caracterizada.18,19
Variantes
polimórficas do gene da interleucina-6 foram identificadas como
fatores que retardam a idade de acometimento da DA e reduzem
o risco de casos esporádicos de DA.20
Desta forma, a genética da DA mostra uma herança comple-
xa, decorrente de diversos genes e da interação entre estes e o
meio ambiente. Como proceder, portanto, ao aconselhamento
genético?
O aconselhamento genético na DA
Tendo em vista a heterogeneidade genética da DA, com pelo
menos cinco ou seis genes principais responsáveis além de
outros provavelmente envolvidos, torna-se difícil realizar um
aconselhamento genético com base em um único modelo teóri-
co e mendeliano. Assim, para estimar-se a recorrência da DA
em famílias de afetados, utilizam-se os chamados riscos empíri-
cos, que são estimativas baseadas em estudos populacionais
e em famílias de afetados.
Utilizando-se de dados epidemiológicos de mortalidade e
morbidadedapopulaçãonorte-americana,porexemplo,Breitner21
estimou que os filhos de afetados teriam, aos 70 anos de idade,
um risco de 16% de manifestar a DA, aos 80 anos, um risco de
19% e aos 90 anos, um risco de 50% de recorrência da doença, o
qualéigualaoriscoesperadodeacordocomherançaautossômica
dominante. O risco aos 80 anos é de 4 a 5 vezes maior que o
observado em familiares de indivíduos controles.
A estratégia atual é identificar os principais genes responsá-
veis pela DA, que possam explicar a maioria dos casos desta
afecção. Como pode ser observado na tabela I, os genes já
identificados e determinantes diretos da doença representam
uma pequena fração dos casos de DA que ocorrem na popula-
ção (1 a 2%). O gene da ApoE4, considerado um fator de risco
para a DA, abrange cerca de 50% de todos os casos. A subse-
qüente identificação dos genes diretamente responsáveis pela
maioria dos casos de DA, poderá então permitir a realização de
diagnósticos moleculares de predisposição genética a esta afec-
ção. No momento, contudo, a maioria dos serviços de genética
não têm recomendado diagnósticos moleculares pós-natal ou
pré-natal das mutações dos genes da DA já descritos, nem
isoladamente nem conjuntamente.
O envelhecimento e a doença de Alzheimer
A DA é considerada uma síndrome progeróide genética, uma
vez que está associada ao envelhecimento e apresenta um evi-
dente componente genético.22
Figura 2 - Ligação de gene mutante dominante A com o marcador
polimórfico de DNA m1 em um mesmo cromossomo de um par de
homólogos. O gene A e o marcador m1 são herdados conjuntamente em
um mesmo cromossomo. Os marcadores polimórficos m5, m6, m7, m8 e
m9 são oriundos de cônjuges e progenitores não representados no
heredograma.
DoençadeAlzheimer
I
II
III
m1
m4
a
A
m5 m4
A
m 1
a a a
m5
a
m2
a
m3
a
m2
a
m6
a
m2
a
m7 m1
A
A
m1
a
m3
a
m8
A
m1
a
m9
A
m1 m2
a
m4
a
m3
a
Genética-vol.21-outubro1999
MaríliadeArrudaCardosoSmith
Referências bibliográficas
1. Harman D. A hypothesis on the pathogenesis of Alzheimer’s
disease. Ann NY 1996;786:152-68.
2. Kachaturian ZS. Diagnosis of Alzheimer’s disease. Arch Neurol
1985;42:1097-105.
3. Katzman R. Alzheimer’s disease. N Engl J Med 1986;314:964-73.
4. Mestel R. Puttings prions to the test. Science 1996;273:184-9.
5. Ying W. Deleterious network hypothesis of Alzheimer’s disease.
Med Hypoth 1996:46:421-8.
6. Malamud DN. Neuropathology of organic brain syndromes
associated with aging. In Gaitz CM, editor. Aging and the brain.
New York: Plenum Press; 1972.
7. St.George-Hyslop PH, Tanzi RE, Polinsky RJ, Haines JL, Nee L,
Watkins PC, et al. The genetic defect causing familial Alzheimer’s
disease maps on chromosome 21. Science 1987;235:885-90.
8. Pericak-Vance MA, Bebout JL, Gaskall PC, Yamaoka LH, Hung
WY, Alberts MJ et al. Linkage studies in familial Alzheimer disease:
evidence for chromosome 19 linkage. Am J Hum Genet
1991;48:697-9.
9. Schellemberg G, Bird T, Wijsman E, Orr H, Anderson L, Nemens
E et al. Genetic linkage evidence for a familial Alzheimer’s disease
locus on chromosome 14. Science 1992;241:1507-10.
10. Levy-Lahad E, Wasco W, Poorkaj P, Romano DM, Oshima J,
Pettingel WH et al. Candidate gene for the chromosome 1 familial
Alzheimer’s disease locus. Science 1995;269:973-7.
11. Blacker D, Wilcox MA, Laird NM, Rodes L, Horvath SM, Go
RCP et al. Alpha-2 macroglobulin is genetically associated with
Alzheimer’s disease. Nature Genetics 1998;19:357-60.
12. Papassotiropoulos A, Bagli M, Feder O, Jessen F, Maier W, Rao
ML, et al. Genetic polimorphism of cathepsin D is strongly
associated with the risk for developing sporadic Alzheimer’s disease.
Neurosci Lett 1999;262:171-4.
13. Artiga MJ, Bullido MJ, Frank A, Sastre I, Recuero M, Garcia MA,
et al. Risk for Alzheimer’s disease correlates with transcriptional
activity of the APOE gene. Hum Mol Genet 1998;7:1887-92.
14. Mann DMA, Iwatsubo T, Nochlin D, Sumi SM, Levy-Lahad E,
Bird TD. Amyloid (Ab) deposition in chromosome 1-linked
Alzheimer’s disease: the Volga-German families. Ann Neurol
1997;41:52-7.
15. Kim T-W, Pettingell WH, Jung Y-K, Kovacs DM, Tanzi RE.
Alternative cleavage of Alzheimer-Associated presenilins during
apoptosis by a caspase-3 family protease. Science 1997;277:373-6.
16. Marx J. New gene tied to common form of Alzheimer’s. Science
1998;281:507-8.
17. Kormann-Bortolotto MH, Smith MAC, Neto JT. Fragile sites,
Alzheimer’s disease and aging. Mech Ageing Dev 1992;65:9-15.
18. Holmes LT, Sham PC, Vallada H, Birkett J, Kirov G, Lesch KP,
et al. Allelic functional variation osserotonin transporter
expression is a suscetibility factor for late onset Alzheimer’s
disease. Neuroreport 1997;8:683-6.
19. Oliveira JRM, Galindo RM, Maia LGS, Brito-Marques PR, Otto
PA, Passos-Bueno MR, et al. The short variant of the
polymorphism within the promoter region of the serotonin
transporter gene is a risk factor for late onset Alzheimer’s disease.
Mol. Psych. 1998;3:438-41.
20. Papassotiropoulos A, Bagli MB, Feder O, Jessen F, Maier W, Rao
ML, et al. Genetic polymorphism of cathepsin D is strongly
associated with the risk for developing sporadic Alzheimer’s disease.
Neurosci Lett 1999;262:171-4.
21. Breitner JC. Clinical genetics and genetic counselling in
Alzheimer’s disease. Ann Intern Med 1991;115:601-6.
22. Smith MAC. Aspectos citogenéticos do envelhecimento [disser-
tação]. São Paulo: Unifesp/EPM; 1996.
Em nosso Laboratório na Disciplina de Genética da UNIFESP/
EPM, vimos estudando há vários anos estas síndromes, em
geral bastante raras, como modelos genéticos de estudo do
envelhecimento celular.22
Assim, investigamos sob diversos aspectos a progéria ou
síndrome de Hutchinson-Gilford, a progéria do adulto ou sín-
drome de Werner, a síndrome de Cockayne, a doença de
Alzheimer e a síndrome de Down, entre muitas outras. Em todas
elas observamos: deficiência de reparo do DNA, ciclo celular
mais lento, instabilidade cromossômica, perda do cromossomo
21 no envelhecimento da síndrome de Down, perda do
cromossomo X no envelhecimento das mulheres normais, sítio
frágil cromossômico 6p21 na DA e na síndrome de Down e
principalmente diminuição da atividade dos genes ribossômicos,
investigada citogenética e molecularmente.22,23
Por outro lado, pesquisa colaborativa internacional, da qual
participamos, mapeou, clonou e identificou o gene responsá-
vel pela síndrome de Werner, considerado na literatura o pri-
meiro gene do envelhecimento.24
O produto deste gene trata-
se de uma helicase do nucléolo, a qual tem a função de manter
a integridade do processamento do RNA ribossômico.25
Es-
tes achados referendaram nossa hipótese de o mecanismo
comum ao envelhecimento normal e patológico ser a alteração
da atividade dos genes ribossômicos.22
Interessante ainda é
destacar que a fração 28S do RNA ribossômico foi associada
à apoptose celular e que na levedura a duração da vida clonal
– ou do “envelhecimento” – é controlada pelo acúmulo de
rRNA na célula.26,27
É possível, ainda, que esta alteração da
atividade de genes ribossômicos possa sinalizar e desenca-
dear processos de envelhecimento por meio de um mecanis-
mo epigenético.
Questões instigantes então surgem neste novo contexto. Será
o envelhecimento uma seqüência de eventos estritamente pro-
gramados, caracterizando-se como a fase final do processo de
diferenciação do organismo ou poderá ser decorrente da ação
aleatória de mutações casuais? Evidências experimentais apói-
am ambas as hipóteses, sugerindo a participação de fatores
genéticos e não-genéticos neste processo. Foram ainda descri-
tos genes que apresentam antagonismos pleiotrópicos ao lon-
go da vida, ou seja, os mesmos genes atuam de maneira diversa
no organismo no decorrer do tempo. Os genes da DA poderão
apresentar antagonismos pleiotrópicos? Será o controle da ex-
pressão gênica exclusivamente genético, ou seja, decorrente
unicamente da variação na seqüência de bases do DNA, ou
poderá ser epigenético?
Essas questões fascinantes vêm agora orientando nossas
pesquisas acerca do envelhecimento celular e das doenças a
ele associadas.
Genética-vol.21-outubro1999
DoençadeAlzheimer
23. Payão SLM, Smith MAC, Floeter-Winter L, Bertolucci P.
Ribosomal RNA in Alzheimer’s disease and aging. Mech
Ageing Dev 1998;105:265-72.
24. Oshima J, Yu C-E, Piussan C, Klein G, Jablowski J, Balci S,
et al. Homozygous and compound heterozygous mutations
at the Werner syndrome locus. Hum Mol Genet
1996;5:1909-13.
25. Gray MD, Wang L, Youssoufian H, Martin G, Oshima J.
Werner helicase is localized to transcriptionally active
nucleoli of cycling cells. Exp Cell Res 1998;242:487-49.
26. Houghe G, Robaye B, Eikhom TS, Goldstein J, Mellgren G,
Gjertsen BT, et al. Fine mapping of 28S rRNA sites specifically
cleaved in cells undergoing apoptosis. Mol Cell Biol
1995;15:2051-62.
27. Pennisi E. Do fateful circles of DNA cause cell to grow old.
Science 1998;279:34.
Correspondência: Marília de Arruda Cardoso Smith
Rua Botucatu, 740 - 04023-900 São Paulo - SP Email: macsmith.morf@epm.br

More Related Content

What's hot

Doença de Fabry
Doença de FabryDoença de Fabry
Doença de FabryUFPE
 
DoençAs HereditáRias
DoençAs HereditáRiasDoençAs HereditáRias
DoençAs HereditáRiasTic Upe
 
Alterações cromossômicas estruturais em Esquizofrenia e Autismo
Alterações cromossômicas estruturais em Esquizofrenia e AutismoAlterações cromossômicas estruturais em Esquizofrenia e Autismo
Alterações cromossômicas estruturais em Esquizofrenia e AutismoRinaldo Pereira
 
A herança autossômica monogênica
A herança autossômica monogênica A herança autossômica monogênica
A herança autossômica monogênica SEMED de Santarém/PA
 
Epigenética e origem do cancer andré
Epigenética e origem do cancer   andréEpigenética e origem do cancer   andré
Epigenética e origem do cancer andréAndre Telles
 
Genética: Contribuições para o desempenho físico e esportivo
Genética: Contribuições para o desempenho físico e esportivoGenética: Contribuições para o desempenho físico e esportivo
Genética: Contribuições para o desempenho físico e esportivoRinaldo Pereira
 
Genes letais
Genes letaisGenes letais
Genes letaisURCA
 
Bases genéticas das doenças
Bases genéticas das doençasBases genéticas das doenças
Bases genéticas das doençasAndreutt Tabosa
 
Herança autossômica recessiva
Herança autossômica recessiva Herança autossômica recessiva
Herança autossômica recessiva Kelvia Dias
 
CNVs (copy number variations) em populacoes humanas e sua relacao com variaca...
CNVs (copy number variations) em populacoes humanas e sua relacao com variaca...CNVs (copy number variations) em populacoes humanas e sua relacao com variaca...
CNVs (copy number variations) em populacoes humanas e sua relacao com variaca...Rinaldo Pereira
 
Genética e doenças - Super Super Med
Genética e doenças - Super Super MedGenética e doenças - Super Super Med
Genética e doenças - Super Super Medemanuel
 
Mutações Genéticas
Mutações GenéticasMutações Genéticas
Mutações GenéticasBia Reis
 
Genética pós Mendel
Genética pós MendelGenética pós Mendel
Genética pós MendelElaine
 

What's hot (20)

Mutações
MutaçõesMutações
Mutações
 
Doença de Fabry
Doença de FabryDoença de Fabry
Doença de Fabry
 
DoençAs HereditáRias
DoençAs HereditáRiasDoençAs HereditáRias
DoençAs HereditáRias
 
Alterações cromossômicas estruturais em Esquizofrenia e Autismo
Alterações cromossômicas estruturais em Esquizofrenia e AutismoAlterações cromossômicas estruturais em Esquizofrenia e Autismo
Alterações cromossômicas estruturais em Esquizofrenia e Autismo
 
A herança autossômica monogênica
A herança autossômica monogênica A herança autossômica monogênica
A herança autossômica monogênica
 
Epigenética e câncer
Epigenética e câncerEpigenética e câncer
Epigenética e câncer
 
Epigenética e origem do cancer andré
Epigenética e origem do cancer   andréEpigenética e origem do cancer   andré
Epigenética e origem do cancer andré
 
Genética: Contribuições para o desempenho físico e esportivo
Genética: Contribuições para o desempenho físico e esportivoGenética: Contribuições para o desempenho físico e esportivo
Genética: Contribuições para o desempenho físico e esportivo
 
Autossomica dominante
Autossomica dominanteAutossomica dominante
Autossomica dominante
 
Genes letais
Genes letaisGenes letais
Genes letais
 
Bases genéticas das doenças
Bases genéticas das doençasBases genéticas das doenças
Bases genéticas das doenças
 
Mutação Gênica
Mutação GênicaMutação Gênica
Mutação Gênica
 
Herança autossômica recessiva
Herança autossômica recessiva Herança autossômica recessiva
Herança autossômica recessiva
 
CNVs (copy number variations) em populacoes humanas e sua relacao com variaca...
CNVs (copy number variations) em populacoes humanas e sua relacao com variaca...CNVs (copy number variations) em populacoes humanas e sua relacao com variaca...
CNVs (copy number variations) em populacoes humanas e sua relacao com variaca...
 
Genética e doenças - Super Super Med
Genética e doenças - Super Super MedGenética e doenças - Super Super Med
Genética e doenças - Super Super Med
 
O filme o óleo de lorenzo
O filme o óleo de lorenzoO filme o óleo de lorenzo
O filme o óleo de lorenzo
 
Mutações Genéticas
Mutações GenéticasMutações Genéticas
Mutações Genéticas
 
Doencas Genéticas
Doencas Genéticas Doencas Genéticas
Doencas Genéticas
 
Genética pós Mendel
Genética pós MendelGenética pós Mendel
Genética pós Mendel
 
Genes letais
Genes letaisGenes letais
Genes letais
 

Viewers also liked

Tromboembolismo venoso en pacientes con malignidad
Tromboembolismo venoso en pacientes con malignidadTromboembolismo venoso en pacientes con malignidad
Tromboembolismo venoso en pacientes con malignidadJuan Hoz
 
Werbung mit unrealistischen Renditeerwartungen: Clerical Medical unterliegt v...
Werbung mit unrealistischen Renditeerwartungen: Clerical Medical unterliegt v...Werbung mit unrealistischen Renditeerwartungen: Clerical Medical unterliegt v...
Werbung mit unrealistischen Renditeerwartungen: Clerical Medical unterliegt v...Mathias Nittel
 
Varicose veins and compression stockings
Varicose veins and compression stockingsVaricose veins and compression stockings
Varicose veins and compression stockingsJacinta911
 
MedicalResearch.com: Medical Research Exclusive Interviews June 26 2015
MedicalResearch.com:  Medical Research Exclusive Interviews June 26 2015MedicalResearch.com:  Medical Research Exclusive Interviews June 26 2015
MedicalResearch.com: Medical Research Exclusive Interviews June 26 2015Marie Benz MD FAAD
 
العمل الجماعي
العمل الجماعيالعمل الجماعي
العمل الجماعيtamer elmoghazy
 
Complicações Imediatas Relacionadas à Inserção de Cateteres Duplo-Lumen para ...
Complicações Imediatas Relacionadas à Inserção de Cateteres Duplo-Lumen para ...Complicações Imediatas Relacionadas à Inserção de Cateteres Duplo-Lumen para ...
Complicações Imediatas Relacionadas à Inserção de Cateteres Duplo-Lumen para ...Federal University of Bahia
 
11.performance meetup lasttests
11.performance meetup lasttests11.performance meetup lasttests
11.performance meetup lasttestsUwe Bessle
 
Liste_realisations_scientifiques
Liste_realisations_scientifiquesListe_realisations_scientifiques
Liste_realisations_scientifiquesSihem Doggui
 
Mise en ligne et valorisation de la presse. lyon 6 7 mai 2010
Mise en ligne et valorisation de la presse. lyon 6 7 mai 2010Mise en ligne et valorisation de la presse. lyon 6 7 mai 2010
Mise en ligne et valorisation de la presse. lyon 6 7 mai 2010Michèle Battisti
 
Canal carpien 24 11 2011
Canal carpien 24 11 2011Canal carpien 24 11 2011
Canal carpien 24 11 2011amase13
 

Viewers also liked (18)

Tromboembolismo venoso en pacientes con malignidad
Tromboembolismo venoso en pacientes con malignidadTromboembolismo venoso en pacientes con malignidad
Tromboembolismo venoso en pacientes con malignidad
 
Serveurs
ServeursServeurs
Serveurs
 
Werbung mit unrealistischen Renditeerwartungen: Clerical Medical unterliegt v...
Werbung mit unrealistischen Renditeerwartungen: Clerical Medical unterliegt v...Werbung mit unrealistischen Renditeerwartungen: Clerical Medical unterliegt v...
Werbung mit unrealistischen Renditeerwartungen: Clerical Medical unterliegt v...
 
Varicose veins and compression stockings
Varicose veins and compression stockingsVaricose veins and compression stockings
Varicose veins and compression stockings
 
Siap 2013 madrid ponente jg
Siap 2013 madrid ponente jgSiap 2013 madrid ponente jg
Siap 2013 madrid ponente jg
 
MedicalResearch.com: Medical Research Exclusive Interviews June 26 2015
MedicalResearch.com:  Medical Research Exclusive Interviews June 26 2015MedicalResearch.com:  Medical Research Exclusive Interviews June 26 2015
MedicalResearch.com: Medical Research Exclusive Interviews June 26 2015
 
العمل الجماعي
العمل الجماعيالعمل الجماعي
العمل الجماعي
 
Complicações Imediatas Relacionadas à Inserção de Cateteres Duplo-Lumen para ...
Complicações Imediatas Relacionadas à Inserção de Cateteres Duplo-Lumen para ...Complicações Imediatas Relacionadas à Inserção de Cateteres Duplo-Lumen para ...
Complicações Imediatas Relacionadas à Inserção de Cateteres Duplo-Lumen para ...
 
Binder recettes
Binder recettesBinder recettes
Binder recettes
 
Equipo6
Equipo6Equipo6
Equipo6
 
Type A acute aortic dissection: a catastrophic event associated with pregnancy
Type A acute aortic dissection: a catastrophic event associated with pregnancyType A acute aortic dissection: a catastrophic event associated with pregnancy
Type A acute aortic dissection: a catastrophic event associated with pregnancy
 
11.performance meetup lasttests
11.performance meetup lasttests11.performance meetup lasttests
11.performance meetup lasttests
 
Liste_realisations_scientifiques
Liste_realisations_scientifiquesListe_realisations_scientifiques
Liste_realisations_scientifiques
 
Mise en ligne et valorisation de la presse. lyon 6 7 mai 2010
Mise en ligne et valorisation de la presse. lyon 6 7 mai 2010Mise en ligne et valorisation de la presse. lyon 6 7 mai 2010
Mise en ligne et valorisation de la presse. lyon 6 7 mai 2010
 
Canal carpien 24 11 2011
Canal carpien 24 11 2011Canal carpien 24 11 2011
Canal carpien 24 11 2011
 
Newagosto15
Newagosto15Newagosto15
Newagosto15
 
Demência no parkinson
Demência no parkinsonDemência no parkinson
Demência no parkinson
 
Presentation skills
Presentation skillsPresentation skills
Presentation skills
 

Similar to V21s2a03

Conceitos básicos de genética
Conceitos básicos de genéticaConceitos básicos de genética
Conceitos básicos de genéticaDouglas Barreto
 
Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).pptx
Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).pptxEsclerose Lateral Amiotrófica (ELA).pptx
Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).pptxSrgioMarreiros2
 
Recentes avanços moleculares e aspectos genético clínicos em síndrome de down
Recentes avanços moleculares e aspectos genético clínicos em síndrome de downRecentes avanços moleculares e aspectos genético clínicos em síndrome de down
Recentes avanços moleculares e aspectos genético clínicos em síndrome de downJosé Antonio Paniagua
 
Demências alzheimer vs demencia vascular
Demências   alzheimer vs demencia vascularDemências   alzheimer vs demencia vascular
Demências alzheimer vs demencia vascularRose Viviane Bezerra
 
V Exceções a transmissão Mendeliana
V Exceções a transmissão MendelianaV Exceções a transmissão Mendeliana
V Exceções a transmissão MendelianaRinaldo Pereira
 
ARTIGO- Doença de Parkinson e sua fisiopatologia
ARTIGO- Doença de Parkinson e sua fisiopatologiaARTIGO- Doença de Parkinson e sua fisiopatologia
ARTIGO- Doença de Parkinson e sua fisiopatologiaKalline Camboim
 
SÍNDROME SMITH-MAGENIS (SMS).pdf
SÍNDROME SMITH-MAGENIS (SMS).pdfSÍNDROME SMITH-MAGENIS (SMS).pdf
SÍNDROME SMITH-MAGENIS (SMS).pdfLetciaAssunoRamos
 
17 a importância do diagnóstico precoce na prevenção das anemias hereditárias
17  a importância do diagnóstico precoce na prevenção das anemias hereditárias17  a importância do diagnóstico precoce na prevenção das anemias hereditárias
17 a importância do diagnóstico precoce na prevenção das anemias hereditáriasRuan Macedo
 
Doença de fabry
Doença de fabryDoença de fabry
Doença de fabryPam Kubiak
 
Aconselhamento Genético.pptx
Aconselhamento Genético.pptxAconselhamento Genético.pptx
Aconselhamento Genético.pptxbianca375788
 
Sobape jose henrique_leucemias
Sobape jose henrique_leucemiasSobape jose henrique_leucemias
Sobape jose henrique_leucemiasJosé Barreto
 
Aula 13 lei da segregação
Aula 13   lei da segregaçãoAula 13   lei da segregação
Aula 13 lei da segregaçãoJonatas Carlos
 
Interação da Endocrinologia e Genética com Refinamento Clínico Laboratorial P...
Interação da Endocrinologia e Genética com Refinamento Clínico Laboratorial P...Interação da Endocrinologia e Genética com Refinamento Clínico Laboratorial P...
Interação da Endocrinologia e Genética com Refinamento Clínico Laboratorial P...Van Der Häägen Brazil
 
3S Lista exercicios genética maio_sem resposta
3S   Lista  exercicios  genética maio_sem resposta3S   Lista  exercicios  genética maio_sem resposta
3S Lista exercicios genética maio_sem respostaIonara Urrutia Moura
 
Autismo_Apresentação_ufrgs_ppt
Autismo_Apresentação_ufrgs_pptAutismo_Apresentação_ufrgs_ppt
Autismo_Apresentação_ufrgs_pptMariza Machado
 
1ª lei de mendel aprofundamento
1ª lei de mendel aprofundamento1ª lei de mendel aprofundamento
1ª lei de mendel aprofundamentoletyap
 

Similar to V21s2a03 (20)

Conceitos básicos de genética
Conceitos básicos de genéticaConceitos básicos de genética
Conceitos básicos de genética
 
Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).pptx
Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).pptxEsclerose Lateral Amiotrófica (ELA).pptx
Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).pptx
 
Recentes avanços moleculares e aspectos genético clínicos em síndrome de down
Recentes avanços moleculares e aspectos genético clínicos em síndrome de downRecentes avanços moleculares e aspectos genético clínicos em síndrome de down
Recentes avanços moleculares e aspectos genético clínicos em síndrome de down
 
Demências alzheimer vs demencia vascular
Demências   alzheimer vs demencia vascularDemências   alzheimer vs demencia vascular
Demências alzheimer vs demencia vascular
 
Estudo dirigido1
Estudo dirigido1Estudo dirigido1
Estudo dirigido1
 
V Exceções a transmissão Mendeliana
V Exceções a transmissão MendelianaV Exceções a transmissão Mendeliana
V Exceções a transmissão Mendeliana
 
EXERCÍCIO DE GENÉTICA.pptx
EXERCÍCIO DE GENÉTICA.pptxEXERCÍCIO DE GENÉTICA.pptx
EXERCÍCIO DE GENÉTICA.pptx
 
Ataxia - Doenças Cerebelares
Ataxia - Doenças CerebelaresAtaxia - Doenças Cerebelares
Ataxia - Doenças Cerebelares
 
ARTIGO- Doença de Parkinson e sua fisiopatologia
ARTIGO- Doença de Parkinson e sua fisiopatologiaARTIGO- Doença de Parkinson e sua fisiopatologia
ARTIGO- Doença de Parkinson e sua fisiopatologia
 
SÍNDROME SMITH-MAGENIS (SMS).pdf
SÍNDROME SMITH-MAGENIS (SMS).pdfSÍNDROME SMITH-MAGENIS (SMS).pdf
SÍNDROME SMITH-MAGENIS (SMS).pdf
 
Apostila etec biologia
Apostila etec   biologiaApostila etec   biologia
Apostila etec biologia
 
17 a importância do diagnóstico precoce na prevenção das anemias hereditárias
17  a importância do diagnóstico precoce na prevenção das anemias hereditárias17  a importância do diagnóstico precoce na prevenção das anemias hereditárias
17 a importância do diagnóstico precoce na prevenção das anemias hereditárias
 
Doença de fabry
Doença de fabryDoença de fabry
Doença de fabry
 
Aconselhamento Genético.pptx
Aconselhamento Genético.pptxAconselhamento Genético.pptx
Aconselhamento Genético.pptx
 
Sobape jose henrique_leucemias
Sobape jose henrique_leucemiasSobape jose henrique_leucemias
Sobape jose henrique_leucemias
 
Aula 13 lei da segregação
Aula 13   lei da segregaçãoAula 13   lei da segregação
Aula 13 lei da segregação
 
Interação da Endocrinologia e Genética com Refinamento Clínico Laboratorial P...
Interação da Endocrinologia e Genética com Refinamento Clínico Laboratorial P...Interação da Endocrinologia e Genética com Refinamento Clínico Laboratorial P...
Interação da Endocrinologia e Genética com Refinamento Clínico Laboratorial P...
 
3S Lista exercicios genética maio_sem resposta
3S   Lista  exercicios  genética maio_sem resposta3S   Lista  exercicios  genética maio_sem resposta
3S Lista exercicios genética maio_sem resposta
 
Autismo_Apresentação_ufrgs_ppt
Autismo_Apresentação_ufrgs_pptAutismo_Apresentação_ufrgs_ppt
Autismo_Apresentação_ufrgs_ppt
 
1ª lei de mendel aprofundamento
1ª lei de mendel aprofundamento1ª lei de mendel aprofundamento
1ª lei de mendel aprofundamento
 

Recently uploaded

Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdfLeloIurk1
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfcomercial400681
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfHELENO FAVACHO
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxBloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxkellyneamaral
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)ElliotFerreira
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfEmanuel Pio
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfmaurocesarpaesalmeid
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...IsabelPereira2010
 
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxMauricioOliveira258223
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSOLeloIurk1
 
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfProjeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfHELENO FAVACHO
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfCamillaBrito19
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 

Recently uploaded (20)

Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docxBloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
Bloco de português com artigo de opinião 8º A, B 3.docx
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
 
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdfHistoria da Arte europeia e não só. .pdf
Historia da Arte europeia e não só. .pdf
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
 
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdfProjeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
Projeto_de_Extensão_Agronomia_adquira_ja_(91)_98764-0830.pdf
 
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdfo ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
o ciclo do contato Jorge Ponciano Ribeiro.pdf
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 

V21s2a03

  • 1. Genética-vol.21-outubro1999 1. Professora adjunta do Departamento de Morfologia, Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina . Resumo O artigo apresenta uma revisão sucinta dos aspectos genéticos da doença de Alzheimer e da metodologia empregada. Três genes distintos foram responsabilizados pela afecção até o momento: o da APP – responsável pela substância precursora da b-amilóide, a qual se deposita intensamente no cérebro dos afetados e está associada ao quadro demencial –, o gene da presenilina 1 (PS1) e o da presenilina 2 (PS2), proteínas de membrana celular. O gene da PS1 é responsável por cerca de 40% dos casos familiares e de acometimento precoce da DA . Os genes da ApoE4, da a-2-macroglobulina e da catepsina D, envolvidos no metabolismo da b- amilóide, foram caracterizados como fatores de risco para a DA. O gene da ApoE4 é fator de risco em cerca de 50% dos casos de DA esporádicos e de acometimento tardio. Muitos outros genes foram ainda associados à DA e são apresentados brevemente. São discutidas a conduta – quanto ao aconselhamento genético para familiares de afetados – e a utilização de diagnóstico molecular na predisposição genética à afecção. É apresentado como mecanismo comum às síndromes progeróides genéticas, como a DA, a alteração da atividade dos genes ribossômicos. Descritores Doença de Alzheimer; genética; aconselhamento genético Abstract This paper concisely reviews the genetics of Alzheimer Disease (AD). So far, three different genes have been implicated in AD. Specifically, the gene that codes for APP – the amyloid b precursor protein, which is associated to dementia through intense brain deposition – the presenilin 1 gene (PS1) and the presenilin 2 gene (PS2). Both presenilin genes code for cellular membrane proteins and PS1 are responsible for approximately 40% of the early-onset familial cases. Genes that code for ApoE4,a-2 macroglobulin and cathepsin D, which are all involved in APP metabolism, have been considered as risk factors for AD. The ApoE4 gene is a risk factor in about 50% of the AD sporadic and late-onset cases. Several other genes that have been associated to AD are briefly discussed. Different strategies for genetic counseling of relatives are considered, and finally, ribosomal gene alterations are discussed as possible mechanisms underlying genetic progeroid syndromes such as AD. Keywords Alzheimer disease; genetics; genetic counseling Doença de Alzheimer Marília de Arruda Cardoso Smith1 Introdução A doença de Alzheimer (DA), caracterizada pelo neuropatologista alemão Alois Alzheimer em 1907, é uma afec- ção neurodegenerativa progressiva e irreversível de apareci- mento insidioso, que acarreta perda da memória e diversos dis- túrbios cognitivos. Em geral, a DA de acometimento tardio, de incidência ao redor de 60 anos de idade, ocorre de forma espo- rádica, enquanto que a DA de acometimento precoce, de inci- dência ao redor de 40 anos, mostra recorrência familiar. A DA de acometimento tardio e a DA de acometimento precoce são uma mesma e indistinguível unidade clínica e nosológica.1 À medida que a expectativa de vida torna-se mais elevada, especialmente em países desenvolvidos, tem-se observado um aumento da prevalência da DA. Essa afecção representa cerca de 50% dos casos de demência nos EUA e na Grã-Bretanha e se estima que corresponda à quarta causa de morte de idosos nestes países.2 Do ponto de vista neuropatológico, observa-se no cérebro de indivíduos com DA atrofia cortical difusa, a presença de grande número de placas senis e novelos neurofibilares, dege- nerações grânulo-vacuolares e perda neuronal. Verifica-se ain- da um acúmulo da proteína b-amilóide nas placas senis e da microtubulina tau nos novelos neurofibrilares. Acredita-se que a concentração das placas senis esteja correlacionada ao grau de demência nos afetados. Transtornos da transmissão da acetilcolina e acetiltransferases ocorrem freqüentemente nos indivíduos afetados.3 As alterações observadas nos cérebros dos afetados po- dem também ser encontradas em idosos sadios, porém não RevBrasPsiquiatr SII3
  • 2. Genética-vol.21-outubro1999 conjuntamente e em tal intensidade. O curso da doença varia entre 5 e 10 anos e a redução da expectativa de vida situa-se ao redor de 50%.1 Hipóteses etiológicas O fator genético é considerado atualmente como preponde- rante na etiopatogenia da DA entre diversos fatores relaciona- dos. Além do componente genético, foram apontados como agentes etiológicos, a toxicidade a agentes infecciosos, ao alu- mínio, a radicais livres de oxigênio, a aminoácidos neurotóxicos e a ocorrência de danos em microtúbulos e proteínas associa- das.4,5 É interessante ainda salientar que estes agentes podem ainda atuar por dano direto no material genético, levando a uma mutação somática nos tecidos. A genética e a hereditariedade da doença de Alzheimer Cerca de um terço dos casos de DA apresentam familiaridade e comportam-se de acordo com um padrão de herança monogênica autossômica dominante. Estes casos em geral, são de acometimento precoce e famílias extensas têm sido periodi- camente estudadas. A herança autossômica dominante, como se sabe, é aquela em que o afetado é heterozigoto para o gene dominante mutado (Aa), uma vez que o gene A é bastante raro na população e quase nunca serão encontrados afetados com o genótipo AA. Os afetados (Aa) têm 50% de chance de ter filhos (Aa) também afetados pela doença. A figura 1 ilustra uma genealogia de he- rança autossômica dominante, onde se verifica que afetados (A-) em geral são filhos de afetados (A-), a doença aparece em todas as gerações e homens e mulheres são igualmente afetados.Uma intrigante associação entre a DA e a síndrome de Down levou à descoberta do primeiro gene da DA no cromossomo 21, que é o cromossomo extra, envolvido na sín- drome de Down. Indivíduos com síndrome de Down apresen- tam envelhecimento prematuro e praticamente todos apresen- tam doença de Alzheimer, clínica e neuropatologicamente con- firmada, entre 40 e 50 anos de idade.6 Este primeiro gene a ser identificado na DA revelou-se sur- preendentemente como o responsável pela proteína precursora da b-amilóide (APP), a qual, como já mencionado, deposita-se intensamente nas placas senis dos cérebros de afetados.Estu- dos de ligação e de associação da DA com marcadores genéti- cos moleculares, que são fragmentos de DNA conhecidos e já mapeados nos cromossomos, têm revelado, até o momento, pelo menos 5 ou 6 genes envolvidos no aparecimento desta afecção, os quais podem ser verificados na tabela 1.7-12 O rationale dos estudos ou da análise de ligação genética com marcadores conhecidos de DNA decorre do comporta- mento de genes em um mesmo cromossomo (ligados) durante a meiose e permitiu a descoberta da maior parte dos genes menci- onados. Este método pode ser simplificadamente explicado a seguir. A figura 2 ilustra uma genealogia em que uma doença, de herança autossômica dominante (Afetados: Aa), é segregada com um marcador polimórfico de DNA conhecido (m1) e já loca- lizado em determinado cromossomo. Podemos considerar que gene da doença (A-) e o marcador de DNA (m1) estão comple- tamente ligados, ou seja, muito próximos em um mesmo cromossomo. Nesta situação, não ocorre recombinação ou per- muta entre o gene e o marcador polimórfico, sendo ambos, Figura 1 - Heredograma característico de herança autossômica dominante. Afetados são, em geral, heterozigotos quanto ao gene mutante dominante. Indivíduos normais são homozigotos recessivos (aa) quanto ao alelo normal recessivo. MaríliadeArrudaCardosoSmith aa aa Aa aa Aa Aa aa aaAa Aa Aa aa Aa aa aa aa aa Aa Aa Aa Aaaa aaaa aaaa Aa Aa I II III IV SII4 Gene: Localização Idade de % de casos de % Total de Autores produto cromossômica acometimento acometimento casos de DA precoce APP 21 45 a 66 < 1 < 0,1 St.GeorgeHyslop etal.7 PS 1 14 28 a 62 40 1 a 2 Schellemberg et al.9 PS 2 1 40 a 85 < 1 < 0,1 Levy-Lahad et al.10 ApoE 4 19 > 60 - > 50 Pericak-Vance et al.8 (Fator de risco) A2M 12 > 70 - ? Blacker et al.11 (Fator de risco) Catepsina D ? 74 ±10,3 - ? Papassotiropoulos et al.12 (Fator de risco) APP - Proteína precursora da b-amilóide PS - Presenilina, tipos 1 e 2 ApoE4 - Apoliproteína E do tipo 4 Tabela 1- Principais genes identificados na doença de Alzheimer (DA), seus produtos, localização cromossômica, idade e período de acometimento.
  • 3. Genética-vol.21-outubro1999 portanto,transmitidosconjuntamenteemummesmocromossomo. Observa-se assim, que quando um indivíduo apresenta o gene da doença(A-),eletambémmostraumdeterminadomarcadorgenéti- co (m1). Infere-se, portanto, que o gene responsável pela doença está ligado ao fragmento marcador de DNA, ou seja, o gene da doença ou parte dele situa-se no fragmento de DNA marcador. Os estudos de associação tratam de pesquisas caso-controle em que se investiga se um determinado marcador de DNA está mais freqüentemente associado a casos com a afecção. Os produtos de cada um dos principais genes associados à DA podem ser também verificados na tabela 1. O gene da APP localizado no cromossomo 21 e seu papel patogênico têm sido amplamente investigado em função do acúmulo da proteína b- amilóide em cérebro de afetados.A apoliproteína E4 é uma va- riante da proteína carregadora de lipídeos ApoE, cujo gene se localiza no cromossomo 19. Esta proteína interage in vitro e in vivo com a b-amilóide, indicando sua atuação patogênica nes- te metabolismo.13 A proteína presenilina 1 (PS1), cujo gene está mapeado no cromossomo 14, e a presenilina 2 (PS2), cujo gene situa-se no cromossomo 1, estruturalmente bastante semelhan- tes entre si, tratam-se provavelmente de proteínas de membra- na que atuam no transporte celular.14 A participação das presenilinas 1 e 2 em mecanismos de apoptose através da inte- ração com caspases foi ainda demonstrada.15 Acredita-se, po- rém, que apoptose não seja o mecanismo mais freqüente de morte neuronal na DA. O produto do quinto gene associado à DA, situado no cromossomo 12, é a a-2 macroglobulina,11 a qual também interage com a proteína b-amilóide in vitro e cujo alelo normal parece ainda ter efeitos protetores para as células. Experimentalmente esta macroglobulina impede a formação da proteína b-amilóide insolúvel e protege as células neuronais em cultura contra a toxicidade desta proteína.16 Foi ainda des- crita uma protease, a catepsina D, que também participa do metabolismo da b-amilóide, cuja alteração foi associada recen- temente a casos esporádicos de DA.12 Diversos genes em diferentes cromossomos foram ainda as- sociados à DA. Em nosso laboratório, na Disciplina de Genéti- ca da Unifesp/EPM, por meio de estudos de regiões cromossômicas predisponentes a quebras – sítios frágeis cromossômicos –, verificamos que o sítio 6q21, onde se localiza o gene da enzima superóxido dismutase mitocondrial, está asso- ciado à DA. Esta associação vem apoiar a hipótese de a DA ser uma doença de radicais livres de oxigênio. Observamos ainda, outras regiões de fragilidade cromossômica, como o sítio 6p21, onde se localizam os genes de microtulina e do complexo de histocompatibilidade MHC e o sítio 17q21 onde se localiza o genedamicrotubulinatau.17 Aocorrênciadeumavariantealélica do gene da serotonina, atuando como um fator de risco à DA de acometimento tardio, foi também caracterizada.18,19 Variantes polimórficas do gene da interleucina-6 foram identificadas como fatores que retardam a idade de acometimento da DA e reduzem o risco de casos esporádicos de DA.20 Desta forma, a genética da DA mostra uma herança comple- xa, decorrente de diversos genes e da interação entre estes e o meio ambiente. Como proceder, portanto, ao aconselhamento genético? O aconselhamento genético na DA Tendo em vista a heterogeneidade genética da DA, com pelo menos cinco ou seis genes principais responsáveis além de outros provavelmente envolvidos, torna-se difícil realizar um aconselhamento genético com base em um único modelo teóri- co e mendeliano. Assim, para estimar-se a recorrência da DA em famílias de afetados, utilizam-se os chamados riscos empíri- cos, que são estimativas baseadas em estudos populacionais e em famílias de afetados. Utilizando-se de dados epidemiológicos de mortalidade e morbidadedapopulaçãonorte-americana,porexemplo,Breitner21 estimou que os filhos de afetados teriam, aos 70 anos de idade, um risco de 16% de manifestar a DA, aos 80 anos, um risco de 19% e aos 90 anos, um risco de 50% de recorrência da doença, o qualéigualaoriscoesperadodeacordocomherançaautossômica dominante. O risco aos 80 anos é de 4 a 5 vezes maior que o observado em familiares de indivíduos controles. A estratégia atual é identificar os principais genes responsá- veis pela DA, que possam explicar a maioria dos casos desta afecção. Como pode ser observado na tabela I, os genes já identificados e determinantes diretos da doença representam uma pequena fração dos casos de DA que ocorrem na popula- ção (1 a 2%). O gene da ApoE4, considerado um fator de risco para a DA, abrange cerca de 50% de todos os casos. A subse- qüente identificação dos genes diretamente responsáveis pela maioria dos casos de DA, poderá então permitir a realização de diagnósticos moleculares de predisposição genética a esta afec- ção. No momento, contudo, a maioria dos serviços de genética não têm recomendado diagnósticos moleculares pós-natal ou pré-natal das mutações dos genes da DA já descritos, nem isoladamente nem conjuntamente. O envelhecimento e a doença de Alzheimer A DA é considerada uma síndrome progeróide genética, uma vez que está associada ao envelhecimento e apresenta um evi- dente componente genético.22 Figura 2 - Ligação de gene mutante dominante A com o marcador polimórfico de DNA m1 em um mesmo cromossomo de um par de homólogos. O gene A e o marcador m1 são herdados conjuntamente em um mesmo cromossomo. Os marcadores polimórficos m5, m6, m7, m8 e m9 são oriundos de cônjuges e progenitores não representados no heredograma. DoençadeAlzheimer I II III m1 m4 a A m5 m4 A m 1 a a a m5 a m2 a m3 a m2 a m6 a m2 a m7 m1 A A m1 a m3 a m8 A m1 a m9 A m1 m2 a m4 a m3 a
  • 4. Genética-vol.21-outubro1999 MaríliadeArrudaCardosoSmith Referências bibliográficas 1. Harman D. A hypothesis on the pathogenesis of Alzheimer’s disease. Ann NY 1996;786:152-68. 2. Kachaturian ZS. Diagnosis of Alzheimer’s disease. Arch Neurol 1985;42:1097-105. 3. Katzman R. Alzheimer’s disease. N Engl J Med 1986;314:964-73. 4. Mestel R. Puttings prions to the test. Science 1996;273:184-9. 5. Ying W. Deleterious network hypothesis of Alzheimer’s disease. Med Hypoth 1996:46:421-8. 6. Malamud DN. Neuropathology of organic brain syndromes associated with aging. In Gaitz CM, editor. Aging and the brain. New York: Plenum Press; 1972. 7. St.George-Hyslop PH, Tanzi RE, Polinsky RJ, Haines JL, Nee L, Watkins PC, et al. The genetic defect causing familial Alzheimer’s disease maps on chromosome 21. Science 1987;235:885-90. 8. Pericak-Vance MA, Bebout JL, Gaskall PC, Yamaoka LH, Hung WY, Alberts MJ et al. Linkage studies in familial Alzheimer disease: evidence for chromosome 19 linkage. Am J Hum Genet 1991;48:697-9. 9. Schellemberg G, Bird T, Wijsman E, Orr H, Anderson L, Nemens E et al. Genetic linkage evidence for a familial Alzheimer’s disease locus on chromosome 14. Science 1992;241:1507-10. 10. Levy-Lahad E, Wasco W, Poorkaj P, Romano DM, Oshima J, Pettingel WH et al. Candidate gene for the chromosome 1 familial Alzheimer’s disease locus. Science 1995;269:973-7. 11. Blacker D, Wilcox MA, Laird NM, Rodes L, Horvath SM, Go RCP et al. Alpha-2 macroglobulin is genetically associated with Alzheimer’s disease. Nature Genetics 1998;19:357-60. 12. Papassotiropoulos A, Bagli M, Feder O, Jessen F, Maier W, Rao ML, et al. Genetic polimorphism of cathepsin D is strongly associated with the risk for developing sporadic Alzheimer’s disease. Neurosci Lett 1999;262:171-4. 13. Artiga MJ, Bullido MJ, Frank A, Sastre I, Recuero M, Garcia MA, et al. Risk for Alzheimer’s disease correlates with transcriptional activity of the APOE gene. Hum Mol Genet 1998;7:1887-92. 14. Mann DMA, Iwatsubo T, Nochlin D, Sumi SM, Levy-Lahad E, Bird TD. Amyloid (Ab) deposition in chromosome 1-linked Alzheimer’s disease: the Volga-German families. Ann Neurol 1997;41:52-7. 15. Kim T-W, Pettingell WH, Jung Y-K, Kovacs DM, Tanzi RE. Alternative cleavage of Alzheimer-Associated presenilins during apoptosis by a caspase-3 family protease. Science 1997;277:373-6. 16. Marx J. New gene tied to common form of Alzheimer’s. Science 1998;281:507-8. 17. Kormann-Bortolotto MH, Smith MAC, Neto JT. Fragile sites, Alzheimer’s disease and aging. Mech Ageing Dev 1992;65:9-15. 18. Holmes LT, Sham PC, Vallada H, Birkett J, Kirov G, Lesch KP, et al. Allelic functional variation osserotonin transporter expression is a suscetibility factor for late onset Alzheimer’s disease. Neuroreport 1997;8:683-6. 19. Oliveira JRM, Galindo RM, Maia LGS, Brito-Marques PR, Otto PA, Passos-Bueno MR, et al. The short variant of the polymorphism within the promoter region of the serotonin transporter gene is a risk factor for late onset Alzheimer’s disease. Mol. Psych. 1998;3:438-41. 20. Papassotiropoulos A, Bagli MB, Feder O, Jessen F, Maier W, Rao ML, et al. Genetic polymorphism of cathepsin D is strongly associated with the risk for developing sporadic Alzheimer’s disease. Neurosci Lett 1999;262:171-4. 21. Breitner JC. Clinical genetics and genetic counselling in Alzheimer’s disease. Ann Intern Med 1991;115:601-6. 22. Smith MAC. Aspectos citogenéticos do envelhecimento [disser- tação]. São Paulo: Unifesp/EPM; 1996. Em nosso Laboratório na Disciplina de Genética da UNIFESP/ EPM, vimos estudando há vários anos estas síndromes, em geral bastante raras, como modelos genéticos de estudo do envelhecimento celular.22 Assim, investigamos sob diversos aspectos a progéria ou síndrome de Hutchinson-Gilford, a progéria do adulto ou sín- drome de Werner, a síndrome de Cockayne, a doença de Alzheimer e a síndrome de Down, entre muitas outras. Em todas elas observamos: deficiência de reparo do DNA, ciclo celular mais lento, instabilidade cromossômica, perda do cromossomo 21 no envelhecimento da síndrome de Down, perda do cromossomo X no envelhecimento das mulheres normais, sítio frágil cromossômico 6p21 na DA e na síndrome de Down e principalmente diminuição da atividade dos genes ribossômicos, investigada citogenética e molecularmente.22,23 Por outro lado, pesquisa colaborativa internacional, da qual participamos, mapeou, clonou e identificou o gene responsá- vel pela síndrome de Werner, considerado na literatura o pri- meiro gene do envelhecimento.24 O produto deste gene trata- se de uma helicase do nucléolo, a qual tem a função de manter a integridade do processamento do RNA ribossômico.25 Es- tes achados referendaram nossa hipótese de o mecanismo comum ao envelhecimento normal e patológico ser a alteração da atividade dos genes ribossômicos.22 Interessante ainda é destacar que a fração 28S do RNA ribossômico foi associada à apoptose celular e que na levedura a duração da vida clonal – ou do “envelhecimento” – é controlada pelo acúmulo de rRNA na célula.26,27 É possível, ainda, que esta alteração da atividade de genes ribossômicos possa sinalizar e desenca- dear processos de envelhecimento por meio de um mecanis- mo epigenético. Questões instigantes então surgem neste novo contexto. Será o envelhecimento uma seqüência de eventos estritamente pro- gramados, caracterizando-se como a fase final do processo de diferenciação do organismo ou poderá ser decorrente da ação aleatória de mutações casuais? Evidências experimentais apói- am ambas as hipóteses, sugerindo a participação de fatores genéticos e não-genéticos neste processo. Foram ainda descri- tos genes que apresentam antagonismos pleiotrópicos ao lon- go da vida, ou seja, os mesmos genes atuam de maneira diversa no organismo no decorrer do tempo. Os genes da DA poderão apresentar antagonismos pleiotrópicos? Será o controle da ex- pressão gênica exclusivamente genético, ou seja, decorrente unicamente da variação na seqüência de bases do DNA, ou poderá ser epigenético? Essas questões fascinantes vêm agora orientando nossas pesquisas acerca do envelhecimento celular e das doenças a ele associadas.
  • 5. Genética-vol.21-outubro1999 DoençadeAlzheimer 23. Payão SLM, Smith MAC, Floeter-Winter L, Bertolucci P. Ribosomal RNA in Alzheimer’s disease and aging. Mech Ageing Dev 1998;105:265-72. 24. Oshima J, Yu C-E, Piussan C, Klein G, Jablowski J, Balci S, et al. Homozygous and compound heterozygous mutations at the Werner syndrome locus. Hum Mol Genet 1996;5:1909-13. 25. Gray MD, Wang L, Youssoufian H, Martin G, Oshima J. Werner helicase is localized to transcriptionally active nucleoli of cycling cells. Exp Cell Res 1998;242:487-49. 26. Houghe G, Robaye B, Eikhom TS, Goldstein J, Mellgren G, Gjertsen BT, et al. Fine mapping of 28S rRNA sites specifically cleaved in cells undergoing apoptosis. Mol Cell Biol 1995;15:2051-62. 27. Pennisi E. Do fateful circles of DNA cause cell to grow old. Science 1998;279:34. Correspondência: Marília de Arruda Cardoso Smith Rua Botucatu, 740 - 04023-900 São Paulo - SP Email: macsmith.morf@epm.br