O documento discute como o amor não é tradicionalmente considerado um objetivo estratégico de empresas, mas que programas de desenvolvimento baseados no amor podem levar a melhores resultados ao elevar o potencial das pessoas e criar uma equipe ética. Uma empresa que implantou tal programa teve resultados positivos, com os participantes relatando maior atenção às pessoas e autoconhecimento.
1. O AMOR FAZ PARTE DOS OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DA SUA EMPRESA?
Eu tenho consciência que não sei tudo, mas a resposta a essa pergunta eu sei. Só eu não, eu e
vocês todos sabemos na ponta da língua: NÃO!
Nenhuma empresa tem este objetivo estratégico. Nem de curto prazo. Aliás, a pergunta será,
certamente, motivo de chacota na grande maioria das empresas.
Em resposta a ela, como tática para aumentar a produtividade, essa mesma maioria de
empresas realiza, no seu setor de Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas, apenas
treinamento para o seu pessoal adquirir habilidades que resultem em aumento de
produtividade e, consequentemente, em lucro. E como a grande parte de seu pessoal não tem
conhecimento do que seja desenvolvimento de pessoas aceita o que a empresa “gentilmente”
está oferecendo (não há almoço de graça) achando que vai enriquecer seu currículo. E vai, não
é? Só que tudo continua do mesmo jeito na empresa. Não haverá o salto de qualidade porque
este só é dado quando são realizados programas sérios de Desenvolvimento de Pessoas. E só
podemos considerar sérios os programas que contam com a inclusão dos dirigentes. Não será
serio um programa no qual o dirigente diga: “Vocês vão fazendo aí depois me tragam o
resultado”.
Se um dirigente de uma dessas empresas for perguntado se quer participar, certamente
responderá que “Amor” é programa de Igreja, e que “a empresa não está evoluída a tal
ponto”.
Outro dirigente, com visão ainda nebulosa acerca da ética na empresa, e que eu espero que
não seja o seu chefe, dirá que “Amor” remete a sexo na mente de seu pessoal. Se ele tivesse
dito isso para mim, eu responderia com assertividade que a maioria do seu pessoal sabe que
amor quer dizer respeito, confiança, lealdade, tolerância, simpatia, humildade, paciência,
solidariedade, atenção, alegria, cortesia, generosidade, companheirismo, flexibilidade, dar
valor ao outro, ouvir o outro com atenção, não julgar o outro, agir com ética, entre outras
virtudes congêneres.
Mas, vamos acreditar no futuro. Que as empresas resolvam implantar o projeto “Amor”. Assim
fazendo, vão elevar o potencial latente das pessoas que ali trabalham, intelectual e
emocionalmente, resultando uma equipe eticamente preparada para os grandes desafios. É
escusado dizer que a lucratividade vai ser elevada de uma forma absoluta, normalmente,
mesmo não sendo uma meta. Será um resultado natural.
2. Ao aceitarem participar do programa “Amor”, já se sabe que estamos diante de dirigentes que
se transformaram, e, portanto, têm princípios, crenças e valores que privilegiam o ser humano
em sua empresa. Certamente terão colocado o Desenvolvimento de Pessoas como um
objetivo estratégico.
Certa vez, implantei o programa “Amor” em uma grande empresa (o programa foi chamado de
“Espiritualidade na Empresa”, com o mesmo conteúdo), que teve a participação do presidente
e de superintendentes. Os resultados são facilmente apreciáveis pela leitura das declarações
abaixo apresentadas:
FRANCISCA:
“Minha experiência foi enriquecedora – saí do automático no ambiente de trabalho. A gente
lida com seres humanos. Estou olhando mais a todos, estou captando melhor. Minha equipe
está dando mais retorno. Estou mais sensível às pessoas. Para mim foi muito importante e será
importante em minha atuação futura”.
ANA PAULA:
“Temos um Presidente iluminado. Ele é profundamente alinhado com os valores. Participar
deste programa foi um presente. Aqui é um oásis, a gente se estabiliza e se reenergiza, me dei
mais conta em ver que meus valores estão alinhados com os valores esperados. Estou em um
momento de crescimento. Neste momento podemos estar próximos uns dos outros. São
pequenas coisas com grandes prazeres. Foi superpositivo, acredito na espiritualidade. Ganhei
um presente por estar fazendo este programa”.
IVAN:
“Esse conteúdo traz reflexões: como estou? Como deveria estar? Cada um tem seus monstros
internos, tem suas coisas a resolver – minhas falhas começam a me cutucar e sem isso não há
transformação. Temos que repensar e cuidar no dia a dia. Eu levo muita coisa daqui (do
programa) para trabalhar intensamente no meu dia a dia”.
GLAUCIO:
“Como a autorreflexão é difícil! Para ser bastante sincero, estes momentos foram muito bons.
Serviram para burilar e ter mais confiança para também ser multiplicador. Representar o papel
que a gente tem na empresa e agora bem mais embasado, mais estruturado, para praticar os
3. exemplos. A gente tem que se lembrar disso tudo e praticar. Estou uma fazendo uma burilação
para aplicar”.
FLÁVIA:
“Sempre achei que não daria tempo para estar aqui. Vi que estar aqui foi bom e não fiquei
devendo nada. O bem que levei compensa tudo. Até quando entro na empresa estou mais
alegre, mais feliz, parece que estou chegando a casa. Está tudo dando certo agora. Dá tempo
para parar, para pensar e dá tempo para as coisas se encaixarem”.
MARTA:
Lado pessoal: fiz uma releitura da minha personalidade acho que sou muito intuitiva. Para o
mercado de trabalho eu mantive uma couraça de razão e agora eu reaprendo a ser intuitiva,
mas sou razão. Em relação ao trabalho pouco vai mudar, pois eu já faço tudo com muita
brincadeira, com muita alegria. Eu ganhei muito mais como pessoa, em casa, no trânsito. Estou
fazendo uma releitura geral.
MAURO:
“Para mim, este programa já devia ter começado há mais tempo, este tema foi surpresa; só o
fato de falar no tema espiritualidade. Passo mais de meia vida na empresa. Passei a enxergar
coisas que não enxergava. Passei a ter maior atenção com as pessoas, cuidado com as palavras
e com a interação com as pessoas”.
FERNANDO:
“O momento do início do programa já foi especial e se confirmou depois. Passei a me aceitar
melhor. A maneira que eu gosto – ouvir atentamente, se confirmou ser a melhor prática. Eu
me sentia diferente e aqui me sinto feliz em confirmar minha forma de agir e ter confiança de
continuar a agir como sou. Já estou com saudade de estar aqui neste programa, sentindo a
aproximação do seu término, vendo todos que estão aqui muito felizes”.
ERMÍNIO:
“Falar de intuição foi difícil. O tema principal só não se interessa quem não quer. Há muito
tempo, eu não me lembro de ter tido nada parecido. Temos que acertar muita coisa que eu
não revia, temos que rever com relação a ouvir, mudar as palavras. Muita coisa vai ficar na
cabeça. Fiquei sensibilizado com o assunto, comecei a usar mais a intuição e entendo porque a
uso. Fico feliz com a forma que está sendo feito”.
4. MARIA YOUNG:
“É muito importante ter a reflexão entre cada etapa e ir experimentando em cada pessoa.
Ouvir com amor eu tenho praticado. Falar com amor eu não sei fazer. Tenho que melhorar
muito. Tenho que usar melhor as palavras. Pretendo praticar, é necessário no trabalho e fora
do trabalho”.
ANA MARIA:
“Comecei a parar para pensar e refletir sobre nossas maneiras de agir. Como eu poderia fazer
diferente? Eu passei mais a ouvir as pessoas e deixar as outras pessoas proporem outras
formas e vi que muita coisa poderia ser feita de forma melhor. Eu pouco parava para ouvir as
pessoas”.
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É de longa data a necessidade de enfatizar o Amor. Daí estar esta palavra inserida na mente
das pessoas através dos tempos.
Segundo Dorothy Marcic, em seu livro “Managing with the wisdom of Love”, Editora Jossey-
Bass, o conceito de Amor, na realidade, precede a Jesus e tem sido parte integrante de quase
todas as religiões, desde o judaísmo, o hinduísmo, o budismo e até o antigo zoroastrismo:
Judaísmo (14° século a.C)
O que é detestável para você, não faça ao seu próximo; este é todo o Torah.
Babylonian Talmud, Shabbat
Hinduísmo (Sânscrito Védico do 13° século a.C., Upanishads do 15° século a.C.)
Não faça ao outro o que você não deseja que ele faça a você.
O Mahabharata
Zoroastrismo (12° século a.C.)
A natureza humana é boa somente quando não faz ao próximo o que não é bom para si
mesmo. Dadistan-e-Dinik
Budismo (6° século a.C.)
Não impute dor ao próximo nas formas que você mesmo se acharia atingido por ela.
Udanavarga
Yainismo (6° século a.C.)
Na felicidade e no sofrimento, na alegria e na dor, veja todas as criaturas como se você tivesse
vendo a você mesmo.
Yoga-Sastra
5. Confucionismo (6° século a.C.)
Não faça aos outros aquilo que você não quer que façam a você mesmo.
Confúcio, Os Analetos,
Cristianismo (1° século da Era Cristã)
E o que quereis que vos façam a vós os homens, isso mesmo fazei vós a eles.
Lucas
Islamismo (7° século da Era Cristã)
Nenhum de vocês detém o conhecimento até que desejem para o próximo aquilo que desejam
para vocês mesmos.
O Suna
Sikismo (15° século da Era Cristã)
Não levante rancor ao próximo porque, em cada coração, reside Deus.
Sri Guru Granth Sahib
José Affonso
6. Confucionismo (6° século a.C.)
Não faça aos outros aquilo que você não quer que façam a você mesmo.
Confúcio, Os Analetos,
Cristianismo (1° século da Era Cristã)
E o que quereis que vos façam a vós os homens, isso mesmo fazei vós a eles.
Lucas
Islamismo (7° século da Era Cristã)
Nenhum de vocês detém o conhecimento até que desejem para o próximo aquilo que desejam
para vocês mesmos.
O Suna
Sikismo (15° século da Era Cristã)
Não levante rancor ao próximo porque, em cada coração, reside Deus.
Sri Guru Granth Sahib
José Affonso