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Estratégia, Responsabilidade
Corporativa, Sustentabilidade
            e Ética
    Professor Dr Jean Bartoli
      jeanbartoli@uol.com.br
TRÊS DIMENSÕES
           FUNDAMENTAIS
            Hanna Arendt
• TRABALHAR: o ser humano produz para
  consumir.
• FAZER (OBRA): o ser humano habita o
  mundo.
• AGIR:o ser humano constroí a si mesmo
  por meio de seu relacionamento com o
  outro.
MORADIA   MORADA
 OIKOS     ETHOS
O QUE É A ECONOMIA DOS HOMENS?

• É a transformação dos recursos naturais, que apareceram
  debaixo dos nossos pés sem que façamos algo para isso.
• A chave dessa transformação é a energia que é, por
  definição, a unidade física de transformação do mundo.
• Toda baixa real do preço real da energia permite transformar
  o mundo com custo baixo, causando ganhos de produtividade
  e de poder aquisitivo.
• Ao invés, toda alta suficiente de seu preço freia o sistema e
  se traduz pela recessão e uma inflação generalizada.
• A oscilação numa tendência de alta é normal porque alta
  demais gera baixa de consumo que, por sua vez, gera uma
  baixa do preço.
• Com uma produção que não pode aumentar e que, depois,
  vai baixar, só precisa esperar: ceteris paribus, o preço vai
  recomeçar a subir.
LER OS SINAIS
• Um dos nossos grandes defeitos é que não sabemos
  interpretar os sinais fracos, quer dizer os pequenos detalhes
  que não falam ainda aos nossos sentidos mas somente ao
  nosso cérebro.
• Para quem não gosta de más notícias, a grande tentação é
  de confiar simplesmente nos sentidos e procurar não utilizar a
  inteligência.
• Diante da tempestade, a sabedoria manda avançar menos
  agora para diminuir o perigo mais tarde: é o paradigma ao
  qual estamos confrontados na vida verdadeira.
• Contudo continuamos prostrados na miopia do curto prazo.
PORCENTAGENS....DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL

• Petróleo 35%
• Carvão 25%, mas fornece 40% da eletricidade mundial....
• Gás 20%
• Lenha 10%
• Nuclear e Hidroeletricidade 5% cada um
Cadê as novas fontes de energia? Nos jornais onde o novo é mais focado do
  que é importante....
• Consumo Mundial de petróleo na faixa de 85 milhões de barris por dia. Pré-
  sal e outras descobertas poderão acrescentar alguns centenas de milhares
  a mais....
• O pique de produção de muitos países produtores já foi atingido.

 Fonte: JANCOVICI, Jean-Marc, GRANDJEAN, Alain, Énergie Climat, C’est maintenant! 3 ans pour sauver le monde,
                             Paris, Seuil, 2009. Os dois autores são Membros fundadores da Sociedade Carbone 4
DEZ ÍDOLOS E RAZÕES PARA NADA
                FAZER....
1.  Não acreditamos no que sabemos
2.  O curto prazo é Nosso Senhor
3.  Queremos Tudo Imediatamente....
4.  A busca da velocidade e da abolição das distâncias...
5.  O rei sou eu....
6.  Consumir is good for you....
7.  Acreditamos no poder da técnica...
8.  Meu patrão? Os investidores que buscam rentabilidade no
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9. Para que a política?..
10. OS IBOVESPA, DOW JONES e Cia Ltda tomaram o papel
    da Pítia.
QUAL É O PROBLEMA?

Discernir
• a margem de manobra disponível
• O tempo do qual dispomos antes que seja tarde demais
  porque teremos atingido o ponto onde o caminho não
  tem volta.
• Talvez isto já tenha acontecido em alguns aspectos: por
  isso temos o dever de examinar o pior, de olhar ele na
  cara!
POR QUÊ?

• A morte é a condição da ética: sabemos que devemos
  morrer, mas isso não nos desvia de viver e agir.
• A descoberta recente de nossa precariedade cósmica, a
  tomada de consciência traumatizante das ameaças à
  biosfera dão uma nova dimensão a essa constatação
  tão antiga quanto a filosofia.
• “Nos espécies vivas sabemos agora que somos
  mortais.”
DOIS TEMAS DE REFLEXÃO

• A questão ecológica
• A proliferação atual dessas figuras de conciliação
  impossível chamadas oximoros.
Segundo o dicionário Houaiss
Oximoro é uma figura em que se combinam palavras de
  sentido oposto que parecem excluir-se mutuamente,
  mas que, no contexto, reforçam a expressão (p.ex.:
  obscura claridade, música silenciosa).
PESSIMISMO METODOLÓGICO
• Em relação à questão ecológica, nossa sociedade
  procurará perseverar no seu ser.
• Usará seus imensos recursos intelectuais e materiais
  para manter até o fim seu modelo de desenvolvimento.
• Uma catástrofe está em gestação e não parece que as
  democracias modernas possuem a energia necessária
  para preveni-la e enfrentá-la.
• Podemos ter entrado numa fase histórica onde alguns
  limiares irreversíveis estão sendo violados.
• A “física social” prevalecerá então sobre liberdade e a
  inventividade humanas.
POLÍTICA DO OXIMORO

• A função própria do oximoro é aproximar, associar,
  hibridar e/ou fazer fusionar duas realidades
  contraditórias.
• Dependendo do uso que se faz dele, ele pode ser uma
  força de equilibração, de libertação ou de formatação.
• Hoje está mais para formatação.
TRÊS NÍVEIS DE ANÁLISE: 1.
         SOCIAL HISTÓRICO
• É o lugar da invenção humana, da auto-criação.
• É mais maleável do que a natureza e não obedece à
  mesma temporalidade.
• Nesse nível, temos domínio e podemos desfazer e
  refazer diferente, até um certo ponto.
• Assim, no aspecto político, um outro mundo é sempre
  possível.
TRÊS NÍVEIS DE ANÁLISE : 2
        NATUREZA-CULTURA
• É a verdadeira realidade na qual vivemos.
• É um mix dos quais os dois elementos formadores
  (social-histórico de um lado e a natureza do outro lado)
  são, na realidade, abstraídos.
• Nesse nível as conseqüências dos nossos atos
  começam a escapar:
   – São induzidas pela sociedade
   – Se desenvolvem segundo processos e numa escala que não é
     mais da sociedade.
TRÊS NÍVEIS DE ANÁLISE : 3
             NATUREZA
• Termo limite dificilmente identificável.
• Necessariamente postulado por nas nossas ações que
  se chocam com ela.
• Quando falamos em natureza, falamos
   – Seja de processos (atividade do sol) sobre os quais não temos
     nem podemos ter algum domínio
   – Seja de processos desencadeados pela ação humana mas que
     têm vida própria e sobre os quais não temos nenhum domínio
     uma vez desencadeados.
SOCIEDADES E CONFLITOS

• Todas as sociedades são atravessadas por conflitos,
  grandes oposições que procuram seu equilíbrio, sua
  síntese ou sua hibridação em figuras imaginárias.
• Nesse sentido, o oximoro, enquanto é o lugar da
  expressão e/ou da resolução dessas tensões está no
  coração do mecanismo de regulação da cultura.
• Esses oximoros, elaborados espontaneamente no
  decorrer do tempo, expressam uma espécie de ecologia
  espontânea do espírito.
SOCIEDADES CONTEMPORÂNEAS

• Os oximoros (por exemplo na Alemanha nazista) são
  forjados artificialmente pelos ideólogos para justificar e
  manter uma ordem com a cumplicidade de alguns
  intelectuais e o apoio dos meios de comunicação atuais.
• Sua função natural de equilibração é captada e desviada
  em injunção paradoxal pelos dispositivos de poder.
• O problema é sistêmico: se o poder está obrigado em
  justapor afirmações contraditórias e em buscar a
  resolução dessas tensões com oximoros, é porque o
  processo de saturação no qual estamos engajados
  começa a gerar na sociedade tensões cada vez mais
  fortes.
ALGUNS OXIMOROS
            CONTEMPORÂNEOS
• A sociedade contemporânea dispõe de uma perspectiva
  temporal mais profunda do que as sociedades do
  passado com os quinze bilhões de anos da cosmologia:
  contudo, ela liga sua atividade à instantaneidade da
  Bolsa. Para ela, o tempo desapareceu.
• Seus teóricos afirmam que toda vida humana é regulada
  por processos sem sujeitos: por outro lado ela promove
  o indivíduo como valor central.
MAIS ALGUNS...
• Ela promove o indivíduo como valor central, mas ela
  produz seres formatados que são despossuídos de sua
  individualidade pelas práticas através das quais eles
  pensam desenvolvê-la.
• Pelo ensino, faz da verdade o valor supremo. Pela
  propaganda publicitária e a comunicação, ela parece
  legitimar a mentira raciocinada e a reconhece
  implicitamente como o motor da vida social.
• Ela elogia o risco e a iniciativa individual mas ela
  defende o risco zero.
• Ela desenvolve até a loucura a obsessão pela
  segurança num mundo pronto para explodir.
A GRANDE CONTRADIÇÃO
• Sabemos que a biosfera é uma película fina e frágil, uma
  espécie de exceção quase milagrosa num ambiente cósmico
  vazio e gelado.
• Essa frágil biosfera não poderá suportar por muito tempo
  ainda um crescimento contínuo sem desabar.
• Essa contradição fundamental permeia todas as outras e é
  para mascá-la-á que nossa sociedade multiplica os oximoros.
• Para esconder a si mesma essa verdade horrível que seu
  projeto fundamental é insensato e insustentável e que ele
  leva a humanidade para o abismo.
• A etimologia de oximoro no grego significa “loucura aguda”!
QUATRO VERDADES
• Cada um, livre de fazer o que bem entende, vai até o fim
  do que pode servir seus interesses, mesmo
  prejudicando os dos seus próprios descendentes.
• A humanidade só pode sobreviver se cada um tomar
  consciência que ele tem interesse no melhor estar dos
  outros.
• O trabalho, em todas as suas modalidades,
  principalmente se tiver uma finalidade altruísta, é a única
  justificativa para a apropriação de riquezas.
• O tempo é o único ingrediente verdadeiramente
  escasso; e quem contribui pelo seu trabalho a aumentar
  a disponibilidade do tempo e a dar-lhe uma plenitude
  deve ser particularmente bem remunerado.

                      Jacques Attali em “La crise, et après?” p. 194

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Estratégia, Responsabilidade Corporativa, Sustentabilidade e Ética: Os Oximoros da Sociedade Contemporânea

  • 1. Estratégia, Responsabilidade Corporativa, Sustentabilidade e Ética Professor Dr Jean Bartoli jeanbartoli@uol.com.br
  • 2. TRÊS DIMENSÕES FUNDAMENTAIS Hanna Arendt • TRABALHAR: o ser humano produz para consumir. • FAZER (OBRA): o ser humano habita o mundo. • AGIR:o ser humano constroí a si mesmo por meio de seu relacionamento com o outro.
  • 3. MORADIA MORADA OIKOS ETHOS
  • 4. O QUE É A ECONOMIA DOS HOMENS? • É a transformação dos recursos naturais, que apareceram debaixo dos nossos pés sem que façamos algo para isso. • A chave dessa transformação é a energia que é, por definição, a unidade física de transformação do mundo. • Toda baixa real do preço real da energia permite transformar o mundo com custo baixo, causando ganhos de produtividade e de poder aquisitivo. • Ao invés, toda alta suficiente de seu preço freia o sistema e se traduz pela recessão e uma inflação generalizada. • A oscilação numa tendência de alta é normal porque alta demais gera baixa de consumo que, por sua vez, gera uma baixa do preço. • Com uma produção que não pode aumentar e que, depois, vai baixar, só precisa esperar: ceteris paribus, o preço vai recomeçar a subir.
  • 5. LER OS SINAIS • Um dos nossos grandes defeitos é que não sabemos interpretar os sinais fracos, quer dizer os pequenos detalhes que não falam ainda aos nossos sentidos mas somente ao nosso cérebro. • Para quem não gosta de más notícias, a grande tentação é de confiar simplesmente nos sentidos e procurar não utilizar a inteligência. • Diante da tempestade, a sabedoria manda avançar menos agora para diminuir o perigo mais tarde: é o paradigma ao qual estamos confrontados na vida verdadeira. • Contudo continuamos prostrados na miopia do curto prazo.
  • 6. PORCENTAGENS....DA MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL • Petróleo 35% • Carvão 25%, mas fornece 40% da eletricidade mundial.... • Gás 20% • Lenha 10% • Nuclear e Hidroeletricidade 5% cada um Cadê as novas fontes de energia? Nos jornais onde o novo é mais focado do que é importante.... • Consumo Mundial de petróleo na faixa de 85 milhões de barris por dia. Pré- sal e outras descobertas poderão acrescentar alguns centenas de milhares a mais.... • O pique de produção de muitos países produtores já foi atingido. Fonte: JANCOVICI, Jean-Marc, GRANDJEAN, Alain, Énergie Climat, C’est maintenant! 3 ans pour sauver le monde, Paris, Seuil, 2009. Os dois autores são Membros fundadores da Sociedade Carbone 4
  • 7. DEZ ÍDOLOS E RAZÕES PARA NADA FAZER.... 1. Não acreditamos no que sabemos 2. O curto prazo é Nosso Senhor 3. Queremos Tudo Imediatamente.... 4. A busca da velocidade e da abolição das distâncias... 5. O rei sou eu.... 6. Consumir is good for you.... 7. Acreditamos no poder da técnica... 8. Meu patrão? Os investidores que buscam rentabilidade no curto prazo 9. Para que a política?.. 10. OS IBOVESPA, DOW JONES e Cia Ltda tomaram o papel da Pítia.
  • 8. QUAL É O PROBLEMA? Discernir • a margem de manobra disponível • O tempo do qual dispomos antes que seja tarde demais porque teremos atingido o ponto onde o caminho não tem volta. • Talvez isto já tenha acontecido em alguns aspectos: por isso temos o dever de examinar o pior, de olhar ele na cara!
  • 9. POR QUÊ? • A morte é a condição da ética: sabemos que devemos morrer, mas isso não nos desvia de viver e agir. • A descoberta recente de nossa precariedade cósmica, a tomada de consciência traumatizante das ameaças à biosfera dão uma nova dimensão a essa constatação tão antiga quanto a filosofia. • “Nos espécies vivas sabemos agora que somos mortais.”
  • 10. DOIS TEMAS DE REFLEXÃO • A questão ecológica • A proliferação atual dessas figuras de conciliação impossível chamadas oximoros. Segundo o dicionário Houaiss Oximoro é uma figura em que se combinam palavras de sentido oposto que parecem excluir-se mutuamente, mas que, no contexto, reforçam a expressão (p.ex.: obscura claridade, música silenciosa).
  • 11. PESSIMISMO METODOLÓGICO • Em relação à questão ecológica, nossa sociedade procurará perseverar no seu ser. • Usará seus imensos recursos intelectuais e materiais para manter até o fim seu modelo de desenvolvimento. • Uma catástrofe está em gestação e não parece que as democracias modernas possuem a energia necessária para preveni-la e enfrentá-la. • Podemos ter entrado numa fase histórica onde alguns limiares irreversíveis estão sendo violados. • A “física social” prevalecerá então sobre liberdade e a inventividade humanas.
  • 12. POLÍTICA DO OXIMORO • A função própria do oximoro é aproximar, associar, hibridar e/ou fazer fusionar duas realidades contraditórias. • Dependendo do uso que se faz dele, ele pode ser uma força de equilibração, de libertação ou de formatação. • Hoje está mais para formatação.
  • 13. TRÊS NÍVEIS DE ANÁLISE: 1. SOCIAL HISTÓRICO • É o lugar da invenção humana, da auto-criação. • É mais maleável do que a natureza e não obedece à mesma temporalidade. • Nesse nível, temos domínio e podemos desfazer e refazer diferente, até um certo ponto. • Assim, no aspecto político, um outro mundo é sempre possível.
  • 14. TRÊS NÍVEIS DE ANÁLISE : 2 NATUREZA-CULTURA • É a verdadeira realidade na qual vivemos. • É um mix dos quais os dois elementos formadores (social-histórico de um lado e a natureza do outro lado) são, na realidade, abstraídos. • Nesse nível as conseqüências dos nossos atos começam a escapar: – São induzidas pela sociedade – Se desenvolvem segundo processos e numa escala que não é mais da sociedade.
  • 15. TRÊS NÍVEIS DE ANÁLISE : 3 NATUREZA • Termo limite dificilmente identificável. • Necessariamente postulado por nas nossas ações que se chocam com ela. • Quando falamos em natureza, falamos – Seja de processos (atividade do sol) sobre os quais não temos nem podemos ter algum domínio – Seja de processos desencadeados pela ação humana mas que têm vida própria e sobre os quais não temos nenhum domínio uma vez desencadeados.
  • 16. SOCIEDADES E CONFLITOS • Todas as sociedades são atravessadas por conflitos, grandes oposições que procuram seu equilíbrio, sua síntese ou sua hibridação em figuras imaginárias. • Nesse sentido, o oximoro, enquanto é o lugar da expressão e/ou da resolução dessas tensões está no coração do mecanismo de regulação da cultura. • Esses oximoros, elaborados espontaneamente no decorrer do tempo, expressam uma espécie de ecologia espontânea do espírito.
  • 17. SOCIEDADES CONTEMPORÂNEAS • Os oximoros (por exemplo na Alemanha nazista) são forjados artificialmente pelos ideólogos para justificar e manter uma ordem com a cumplicidade de alguns intelectuais e o apoio dos meios de comunicação atuais. • Sua função natural de equilibração é captada e desviada em injunção paradoxal pelos dispositivos de poder. • O problema é sistêmico: se o poder está obrigado em justapor afirmações contraditórias e em buscar a resolução dessas tensões com oximoros, é porque o processo de saturação no qual estamos engajados começa a gerar na sociedade tensões cada vez mais fortes.
  • 18. ALGUNS OXIMOROS CONTEMPORÂNEOS • A sociedade contemporânea dispõe de uma perspectiva temporal mais profunda do que as sociedades do passado com os quinze bilhões de anos da cosmologia: contudo, ela liga sua atividade à instantaneidade da Bolsa. Para ela, o tempo desapareceu. • Seus teóricos afirmam que toda vida humana é regulada por processos sem sujeitos: por outro lado ela promove o indivíduo como valor central.
  • 19. MAIS ALGUNS... • Ela promove o indivíduo como valor central, mas ela produz seres formatados que são despossuídos de sua individualidade pelas práticas através das quais eles pensam desenvolvê-la. • Pelo ensino, faz da verdade o valor supremo. Pela propaganda publicitária e a comunicação, ela parece legitimar a mentira raciocinada e a reconhece implicitamente como o motor da vida social. • Ela elogia o risco e a iniciativa individual mas ela defende o risco zero. • Ela desenvolve até a loucura a obsessão pela segurança num mundo pronto para explodir.
  • 20. A GRANDE CONTRADIÇÃO • Sabemos que a biosfera é uma película fina e frágil, uma espécie de exceção quase milagrosa num ambiente cósmico vazio e gelado. • Essa frágil biosfera não poderá suportar por muito tempo ainda um crescimento contínuo sem desabar. • Essa contradição fundamental permeia todas as outras e é para mascá-la-á que nossa sociedade multiplica os oximoros. • Para esconder a si mesma essa verdade horrível que seu projeto fundamental é insensato e insustentável e que ele leva a humanidade para o abismo. • A etimologia de oximoro no grego significa “loucura aguda”!
  • 21. QUATRO VERDADES • Cada um, livre de fazer o que bem entende, vai até o fim do que pode servir seus interesses, mesmo prejudicando os dos seus próprios descendentes. • A humanidade só pode sobreviver se cada um tomar consciência que ele tem interesse no melhor estar dos outros. • O trabalho, em todas as suas modalidades, principalmente se tiver uma finalidade altruísta, é a única justificativa para a apropriação de riquezas. • O tempo é o único ingrediente verdadeiramente escasso; e quem contribui pelo seu trabalho a aumentar a disponibilidade do tempo e a dar-lhe uma plenitude deve ser particularmente bem remunerado. Jacques Attali em “La crise, et après?” p. 194