O que é preguiça produtiva
Defendendo a ideia de sermos gerentes de projeto “preguiçosos” não quero dizer que devemos todos fazer absolutamente nada. Não estou dizendo que nós devemos ficar sentados tomando café, lendo um bom livro e ao mesmo tempo fazendo fofoca, enquanto assistimos as horas do projeto sendo consumidas e os marcos de projeto não entregues desaparecerem no horizonte. Isto, obviamente, seria estúpido e resultaria em uma carreira extremamente curta em Gerenciamento de Projetos, na verdade, provavelmente, o final de uma carreira!
Peter Taylor
1. A arte da preguiça produtiva
Março, 2013
equipe | recursos humanos
“O Progresso não é feito por madrugadores. É feito por homens preguiçosos tentando
encontrar as formas mais fáceis para fazer alguma coisa.” Robert Heinlein (1907 – 1988)
Peter Taylor
Fonte: http://pontogp.wordpress.com/2013/03/18/a-arte-da-preguica-produtiva/
O que é preguiça produtiva
Defendendo a ideia de sermos gerentes de projeto “preguiçosos” não quero dizer que devemos todos fazer
absolutamente nada. Não estou dizendo que nós devemos ficar sentados tomando café, lendo um bom livro e ao
mesmo tempo fazendo fofoca, enquanto assistimos as horas do projeto sendo consumidas e os marcos de
projeto não entregues desaparecerem no horizonte. Isto, obviamente, seria estúpido e resultaria em uma carreira
extremamente curta em Gerenciamento de Projetos, na verdade, provavelmente, o final de uma carreira!
2. Preguiçoso não significa Estúpido
Não, o que realmente eu quero dizer é que nós devemos adotar uma abordagem mais focada para gerenciamento
de projetos e exercitar nossos esforços onde realmente importa, ao invés de correr às voltas como abelhas muito
ocupadas, nos envolvendo em atividades sem importância e não críticas que outros seriam melhores para
resolver, ou até mesmo atividades que, muitas vezes, nem precisam ser realizadas.
A ciência por trás da preguiça – mantenha o foco
O princípio de Pareto (também conhecido como a lei 80/20) afirma que para muitos fenômenos, 80% das
consequências resultam a partir de 20% das causas. A ideia tem aplicação em muitas áreas, mas também é muito
comum ter um uso inapropriado, por exemplo, é um mau uso afirmar que a solução de um problema “se adequa a
lei 80-20” só porque se encaixa em 80% dos casos; deve estar implícito que a solução exige apenas 20% dos
recursos necessários para resolver todos os casos.
O princípio na verdade foi sugerido pelo pensador em gestão, Joseph M. Juran, porém tornou-se conhecido após
o economista italiano Vilfredo Pareto, que observou que 80% das propriedades na Itália pertenciam a 20% da
população italiana. O pressuposto é que a maioria dos resultados em qualquer situação é determinada por um
pequeno número de causas.
Logo, “20% dos clientes podem ser responsáveis por 80% do volume de vendas”. Isso pode ser medido e, com
grandes chances de ser verdadeiro, pode ser útil nas decisões futuras. O princípio de Pareto também se aplica a
3. uma variedade de assuntos mais rotineiros: pode-se supor que nós vestimos, aproximadamente, 20% das nossas
roupas cerca de 80% do tempo, talvez passamos 80% do tempo com 20% dos nossos conhecidos, etc.
O princípio de Pareto ou lei 80/20 pode e deve ser usado por toda pessoa inteligente, apesar de preguiçosa, na sua
vida cotidiana. O valor do princípio de Pareto para o gerente de projeto é de lembrar-lhe em focar nos 20% que
realmente importam.
Woody Allen disse certa vez “80% do sucesso aparece”, eu não estou tão certo disso, eu vi projetos onde,
fisicamente, havia um gerente de projeto, porém era impossível acreditar que ele estivesse atento ao progresso
do projeto, ou preocupado pela falta de progresso.
Não, eu prefiro acreditar que das coisas que você faz durante o dia, apenas 20% realmente são importantes. Esses
20 por cento produzem 80% dos seus resultados.
Então, você deve identificar e manter o foco nessas coisas durante o seu dia de trabalho.
A ciência por trás da preguiça – seja esperto
Não é bom apenas ser preguiçoso; você tem que ser mais do que preguiçoso, você tem que ser preguiçoso de
uma forma muito esperta.
Preguiça Produtiva não é apenas ser preguiçoso; requer algo mais, ou seja, uma poderosa e mágica combinação
de preguiça e inteligência. Pessoas preguiçosas e inteligentes se sobressaem na sociedade e são muito mais
apropriadas a assumir papéis de liderança nas organizações.
4. Esta teoria é antiga e tem sido aplicada de várias formas interessantes. Uma das mais famosas foi no Exército da
Prússia.
Helmuth Karl Bernhard Graf von Moltke (1800 – 1891) foi um Marechal alemão. Chefe do estado maior do Exército
prussiano por trinta anos, ele é amplamente reconhecido como um dos maiores estrategistas da segunda metade
do século XIX, e o criador de um método inovador de condução de exércitos.
Em 1857, Helmuth Moltke assumiu a posição de Chefe do Estado Maior do Exército da Prússia, um posto que
ocupou pelos 30 anos seguintes. Tão logo assumiu essa posição, começou a promover mudanças nos métodos
estratégicos e táticos do exército prussiano; mudanças no armamento e nos meios de comunicação; mudanças no
treinamento dos oficiais e mudanças no método de mobilização do exército. Ele também instituiu um estudo
formal de política europeia em conexão com os planos de campanha que se tornavam necessários. Em suma, ele
rapidamente pôs em prática as características para um moderno Estado-Maior.
Moltke tinha uma percepção e abordagem própria para categorizar o seu corpo de oficiais, algo que perdura até
hoje em muitas forças armadas e que pode se aplicar a todas as formas de liderança.
5. Grade para análise de estilos de liderança
Se você considerar os dois intervalos de características individuais, aqueles que vão do diligente até o preguiçoso
e aqueles que vão do não-inteligente até o inteligente (sim, eu estou sendo politicamente correto aqui), então
você obtém os quatro tipos de caracteres do diagrama acima.
Moltke dividiu o seu corpo de oficiais nestes quatro tipos distintos, de acordo com suas características mentais e
físicas. E culminou com (e ele nunca teve que ser politicamente correto tendo nascido no século XIX e sendo o
6. chefe do exército prussiano) tipo A: inexpressivo mentalmente e fisicamente preguiçoso; tipo B: mentalmente
brilhante e fisicamente ativo; tipo C: inexpressivo mentalmente e fisicamente ativo; e tipo D: brilhante
mentalmente e fisicamente preguiçoso.
Os oficiais do tipo A, os quais eram mentalmente inexpressivos e fisicamente preguiçosos, receberam atividades
simples, repetitivas e sem desafios. Eles já tinham atingido o seu pico de carreira no exército. Quer dizer, se forem
deixados sozinhos, algum dia eles poderão vir com alguma boa ideia ou, se nada trouxerem, também não
causarão qualquer tipo de problema.
Os oficiais do tipo B, os quais eram mentalmente brilhantes e fisicamente ativos, eram considerados como
obsessivos em gerenciamento detalhado e, por consequência, seriam líderes medíocres. Poderiam ser
promovidos durante um período de tempo, mas não para uma posição de comando no Estado-Maior das forças
armadas. Esses oficiais eram melhores para garantir que ordens seriam cumpridas e que todos os detalhes seriam
observados.
Os oficiais do tipo C, que eram mentalmente inexpressivos, mas fisicamente ativos eram considerados como
perigosos. Para Moltke, eles eram oficiais que iriam requerer supervisão constante, o que significaria uma
sobrecarga e distração inaceitável, e pelo fato de que eles criariam potenciais problemas mais rápido do que
poderiam ser gerenciados, esses oficiais foram considerados muito trabalhosos e foram demitidos. Nenhuma
carreira para eles!
O que nos leva aos oficiais do tipo D; esses eram oficiais mentalmente brilhantes ainda que fisicamente
preguiçosos, a quem Moltke sentiu que poderia e deveria levar aos mais altos níveis de comando. Este tipo de
oficial era, ao mesmo tempo, inteligente o suficiente para perceber o que precisava ser feito e também era
7. motivado pela sua preguiça natural a encontrar as formas mais fáceis e simples de alcançar o que era requerido.
Colocando de uma forma mais positiva, eles saberiam como ser bem sucedidos com um esforço mais eficiente.
Assim, preguiçosos inteligentes têm uma vantagem real sobre outros e são mais adequados às funções de
liderança nas organizações. “Gestor de Projeto Preguiçoso” é a aplicação destes princípios no gerenciamento e
entrega de projetos. Assumindo que você não é estúpido, você já está do lado direito do diagrama, o que você
agora precisa fazer é refinar suas habilidades de preguiçoso para atingir o lado superior direito do diagrama. Faça
isso e não apenas seus projetos serão mais bem sucedidos, como também você será considerado como uma
pessoa bem sucedida e um par de mãos confiáveis para futuras funções de liderança.
“Sempre que existe um trabalho árduo para ser feito eu o designo para um homem
preguiçoso; seguramente ele irá encontrar uma maneira fácil de executá-lo.” Walter Chrysler
Sobre o autor:
Apesar do título de “O Gerente de Projeto Preguiçoso”, Peter Taylor é de fato um profissional dinâmico e astuto, que tem
conquistado notável sucesso em gerenciamento de projeto, gerenciamento de programa e desenvolvimento profissional de
gerentes de projeto. Atualmente é Diretor de PMO na Siemens PLM Software, um fornecedor global de soluções para
gerenciamento de ciclo de vida de produtos. Taylor é um excelente comunicador e líder; sempre adota uma abordagem
proativa e focada em negócios, e é um palestrante profissional com atuação através da City Speakers International (inclusive
com presença confirmada no IX Congresso Internacional de Gerenciamento de Projetos – promovido pelo PMI São Paulo,
Brazil Chapter). Autor do livro “The Lazy Project Manager” (Infinite Ideas 2009). Maiores informações sobre o livro e o autor
podem ser obtidas em www.thelazyprojectmanager.com. E-mail do autor: taylor.peter@siemens.com.
Mais informações: http://super.abril.com.br/cotidiano/preguica-732700.shtml