SlideShare a Scribd company logo
1 of 30
Os livros poéticos II
       O livro de Cântico dos Cânticos
O quinto livro dos cinco livros poéticos da Bíblia
    (Um dos livros sapienciais da Palavra de Deus)
Introdução
   O título do livro que
estudamos hoje, “Cântico
   dos Cânticos”, é uma
expressão superlativa que
  poderia ser traduzida
modernamente por “o mais
 belo dos cânticos”. Tem
     também o título
reconhecido de “Cantares
     de Salomão”, em
 homenagem ao seu autor
que a Bíblia registra como
    sendo o rei-sábio,
         Salomão.
Segundo alguns
 comentaristas, o livro é uma
coletânea de cantos populares
   de amor, usados talvez em
festas de casamento, em que
       noivo e noiva eram
chamados, simbolicamente, de
 rei e de rainha, e que foram
    reunidos, formando uma
   espécie de drama poético.
Para esses o livro é atribuído
  ao rei Salomão, reconhecido
 em Israel como o patrono da
literatura sapiencial. A forma
 final do livro, deve remontar
     ao século V ou IV a.C.
Para muitos comentaristas
  fica difícil compreender, o
  enquadramento de um livro
  como este dentro do plano
   editorial da revelação de
     Deus. O fato é que o
        aspecto do amor
 conjugal, descrito aqui com
       toda sua carga de
sensualidade e prazer, ainda
que de forma reverente, não
     tem similar em todo o
 registro bíblico. Parece-nos
        que, no plano do
Senhor, faltava um livro que
 exaltasse o amor e a união
      entre o homem e a
Como crentes em Cristo, o
 que podemos abstrair deste
   livro é que ele foi escrito
 para nos apresentar a visão
      de Deus sobre o amor
    íntimo, pessoal e mesmo
      carnal entre homem e
         mulher, criaturas
     dele, feitas uma para a
     outra, o relacionamento
central e único que ele deu a
       toda a humanidade e
  que, por sua importância e
      significado mereceria
  também dele um destaque
          especial em sua
As preocupações com esses aspectos da vida, que estavam
     presentes nas civilizações antigas, como já temos
visto, alcançavam também aqueles voltados para a relação
            homem-mulher, como algo especial.
                    Um exemplo disto, é o Kama Sutra,
                      um antigo texto indiano sobre o
                       comportamento sexual humano,
                      escrito talvez no Século IV a.C.
                    Ele é considerado como um trabalho
                    definitivo sobre o gozo dos sentidos
                     na literatura sânscrita (Vatsyayana).
  Um outro exemplo é um poema persa de época e autor
desconhecidos que relata como este relacionamento era
significativo para eles: “Houve um tempo em que eu era
   um homem e ela, uma mulher. Mas, o nosso amor
cresceu, até não existir mais nem ela, nem eu. Lembro-
me, apenas, vagamente, que ambos éramos dois, e que o
      amor intrometendo-se, tornou-nos um só.”
Este será então o quarto e último livro dos chamados
 poéticos (II) que estudamos neste 1T12, conforme
 vemos no Suplemento acima: Cântico dos Cânticos.
Os livros poéticos II
                                Cântico dos Cânticos
                                      Estudo 13
                               “As muitas águas não
                               podem apagar o amor”
                               A exaltação ao amor
                                     conjugal
                                   Texto bíblico
                              C. dos Cânticos: 1 a 8

      Texto áureo: Cântico dos Cânticos 8.7:
“As muitas águas não podem apagar o amor, nem os rios afogá-
   lo. Se alguém oferecesse todos os bens de sua casa pelo
               amor, seria de todo desprezado”.
Explicação preliminar:

     Embora estejamos transcrevendo os textos dos 8 capítulos na
 íntegra, cada professor deverá destacar alguns versículos apenas, em
função do maior ou menor tempo de que dispõe para o seu estudo com a
                               classe.

  Os comentários adicionais que juntamos após cada capítulo, também
 têm que ser reduzidos pela mesma razão e também em face do melhor
conhecimento que cada professor possui do nível social e cultural de sua
                 classe em vista do tema em estudo.

Algumas das frases ou pensamentos devem ser destacados apenas, pois
 os textos estão muito longos em virtude da peculiaridade especial do
                    livro que estamos estudando.
Identificando os personagens do capítulo 1

1. A declaração de amor da esposa:

[1.2] Beije-me ele com os beijos da sua boca;
porque melhor é o seu amor do que o vinho.
[3] Suave é o cheiro dos teus perfumes; como
perfume derramado é o teu nome; por isso as
donzelas te amam. [4] Leva-me tu; correremos
após ti. O rei me introduziu nas suas recâmaras; em ti nos alegraremos
e nos regozijaremos; faremos menção do teu amor mais do que do vinho;
com razão te amam. [5] Eu sou morena, mas formosa, ó filhas de
Jerusalém, como as tendas de Quedar, como as cortinas de Salomão.
[6] Não repareis em eu ser morena, porque o sol crestou-me a tez; os
filhos de minha mãe indignaram-se contra mim, e me puseram por guarda
de vinhas; a minha vinha, porém, não guardei. [7] Dize-me, ó tu, a quem
ama a minha alma: Onde apascentas o teu rebanho, onde o fazes deitar
pelo meio-dia; pois, por que razão seria eu como a que anda errante
pelos rebanhos de teus companheiros?
2. A resposta ciumenta das demais esposas:
                         [8] Se não o sabes, ó tu, a mais formosa entre
                         as mulheres, vai seguindo as pisadas das
                         ovelhas, e apascenta os teus cabritos junto às
                         tendas dos pastores.
                                3. A declaração de amor do esposo:
                       [9] A uma égua dos carros de Faraó eu te
                       comparo, ó amada minha. [10] Formosas são as
                       tuas faces entre as tuas tranças, e formoso o
                       teu pescoço com os colares. [11] Nós te
faremos umas tranças de ouro, marchetadas de pontinhos de prata.
                 4. A esposa volta a declarar o seu amor:
[12] Enquanto o rei se assentava à sua mesa, dava o meu nardo o seu
cheiro. [13] O meu amado é para mim como um saquitel de mirra, que
repousa entre os meus seios. [14] O meu amado é para mim como um
ramalhete de hena nas vinhas de En-Gedi.
              5. O esposo volta a declarar o seu amor:
[15] Eis que és formosa, ó amada minha, eis que és formosa; os teus
olhos são como pombas.       6. A esposa responde:
[16] Eis que és formoso, ó amado meu, como amável és também; o
nosso leito é viçoso. [17] As traves da nossa casa são de cedro, e os
caibros de cipreste.
1. Comentários adicionais ao texto
                                   do capítulo 1:




     A beleza poética e romântica, nas declarações responsivas do
 texto, se deve ao fato de estarmos falando do rei mais sábio e mais
   poderoso daquela época (anos 960 a.C.), exaltando a felicidade e
   amor que o rei, como supremo mandatário, granjeava com os seus
               casamentos e a formação de sua família:

"O meu amado é para mim, como um ramalhete de hena nas vinhas de
  En-Gedi. Eis que és formosa, ó amada minha, eis que és formosa..."
                             CC 1.14,15
As declarações prosseguem no Capítulo 2

                      1. A esposa volta a declarar-se:
                     [2.1] Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales.
                      2. A homem responde:
                     [2] Qual o lírio entre os espinhos, tal é a minha
                     amada entre as filhas.
                     3. A mulher retruca com carinho:
[3] Qual a macieira entre as árvores do bosque, tal é o meu amado
entre os filhos; com grande gozo sentei-me à sua sombra; e o seu fruto
era doce ao meu paladar. [4]: Levou-me à sala do banquete, e o seu
estandarte sobre mim era o amor. [5] Sustentai-me com
passas, confortai-me com maçãs, porque desfaleço de amor. [6] A sua
mão esquerda esteja debaixo da minha cabeça, e a sua mão direita me
abrace. [7] Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, pelas gazelas e cervas
do campo, que não acordeis nem desperteis o amor, até que ele o
queira. [8] A voz do meu amado! eis que vem aí, saltando sobre os
montes, pulando sobre os outeiros. [9] O meu amado é semelhante ao
gamo, ou ao filho do veado; eis que está detrás da nossa
parede, olhando pelas janelas, lançando os olhos pelas grades. [10] Fala
o meu amado e me diz:
Alguns destaques do Capítulo 2

444   4. O esposo responde em forma de poema:

[10] Levanta-te, amada minha, formosa minha, e vem.
[11] Pois eis que já passou o inverno; a chuva cessou, e
se foi; [12]: aparecem as flores na terra; já chegou o
tempo de cantarem as aves, e a voz da rola ouve-se
em nossa terra. [13] A figueira começa a dar os seus
primeiros figos; as vides estão em flor e exalam o seu
aroma. Levanta-te, amada minha, formosa minha, e vem.
[14] Pomba minha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto das
ladeiras, mostra-me o teu semblante faze-me ouvir a tua voz; porque a
tua voz é doce, e o teu semblante formoso.
[15] Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas;
pois as nossas vinhas estão em flor.

        5. A esposa responde :

[16] O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho
entre os lírios. [17] Antes que refresque o dia, e fujam as
sombras, volta, amado meu, e faze-te semelhante ao gamo ou ao filho
dos veados sobre os montes de Beter.
Comentários adicionais ao texto
           do capítulo 2:




As declarações de amor se sucedem de parte a parte e delas podemos
 destacar neste capítulo, o enlevo poético e amoroso dos amantes. As
imagens apresentadas, são próprias da época e comuns àquele tempo:


  "Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales... - declara a esposa.

   Ao que responde o esposo - Levanta-te, amada minha, formosa
minha e vem... porque a tua voz é doce e o teu semblante formoso."
                           CC 2.1,13,14
As declarações prosseguem no Capítulo 3

                         1. A esposa anela pela presença do amado:

                         [3.1] De noite, em meu leito, busquei
                         aquele a quem ama a minha alma; busquei-
                        o, porém não o achei.
                         [2] Levantar-me-ei, pois, e rodearei a
                         cidade; pelas ruas e pelas praças buscarei
aquele a quem ama a minha alma. Busquei-o, porém não o achei.

[3] Encontraram-me os guardas que rondavam pela cidade; eu lhes
perguntei: Vistes, porventura, aquele a quem ama a minha alma?

[4] Apenas me tinha apartado deles, quando achei aquele a quem ama
a minha alma; detive-o, e não o deixei ir embora, até que o
introduzi na casa de minha mãe, na câmara daquela que me
concebeu.

[5] Conjuro-vos, ó filhos de Jerusalém, pelas gazelas e cervas do
campo, que não acordeis, nem desperteis o amor, até que ele o
queira.
As declarações prosseguem no Capítulo 3

    1. E eis que ele se aproxima:

[6] Que é isso que sobe do deserto,
como colunas de fumaça, perfumado
de mirra, de incenso, e de toda
sorte de pós aromáticos do mercador?
[7] Eis que é a liteira de Salomão;
estão ao redor dela sessenta valentes, dos valentes de Israel,
[8] todos armados de espadas, destros na guerra, cada um com a
sua espada à cinta, por causa dos temores noturnos.
[9] O rei Salomão fez para si um palanquim de madeira do Líbano.
[10] Fez-lhe as colunas de prata, o estrado de ouro, o assento de
púrpura, o interior carinhosamente revestido pelas filhas de
Jerusalém.
[11] Saí, ó filhas de Sião, e contemplai o rei Salomão com a coroa
de que sua mãe o coroou no dia do seu desposório, no dia do júbilo
do seu coração.
Comentários adicionais ao texto
            do capítulo 3:
Poderíamos dizer que o livro de Cântico dos
Cânticos celebra o amor romântico e conjugal,
algo de muito significado para os povos orientais e
especialmente o judeu que via na consecução carnal
produzida pelo casamento, a manifestação da
bênção de Deus sobre a vida do casal com o
nascimento dos filhos e filhas. O realce que deve ser dado ao fato deste livro
estar contido no cânon hebraico, advém exatamente deste fato, pois
historicamente para os homens judeus, a mulher, mesmo quando esposa, era
tratada mais como serva, escrava, "objeto procriador", e não como
amada, desejada e indispensável para o seu esposo, pelo muito que a amava.

      O texto deste capítulo 3, chega a ser um tanto sensual ou carnal em
demasia, para alguns, no deslumbramento que a esposa demonstra pela volta do
   seu amado e como o aguarda para o encontro, sem dúvida sexual, de duas
   almas que se amam e se desejam mutuamente. Lembremos que isto estava
previsto no plano de Deus, quando ainda no Jardim do Éden, ordenou aos nossos
    pais: "Crescei e multiplicai-vos... e serão uma só carne" Assim podemos
 entender: "De noite em meu leito, busquei aquele a quem ama a minha alma...
   quando o achei... não o deixei ir embora... até que o introduzi na câmara
                      daquela que me concebeu." CC 3.1,4
Alguns destaques do Capítulo 4
          1. O noivo declara seu amor
[4.1] Como és formosa, amada minha, eis que
és formosa! os teus olhos são como pombas por
detrás do teu véu; o teu cabelo é como o
rebanho de cabras que descem pelas colinas de Gileade. [2] Os teus
dentes são como o rebanho das ovelhas tosquiadas, que sobem do
lavadouro, e das quais cada uma tem gêmeos, e nenhuma delas
é desfilhada. [3] Os teus lábios são como um fio de escarlate, e a tua
boca é formosa; as tuas faces são como as metades de uma romã por
detrás do teu véu. [4] O teu pescoço é como a torre de Davi, edificada
para sala de armas; no qual pendem mil broquéis, todos escudos de
guerreiros valentes. [5] Os teus seios são como dois filhos gêmeos da
gazela, que se apascentam entre os lírios. [6] Antes que refresque o
dia e fujam as sombras, irei ao monte da mirra e ao outeiro do
incenso. [7] Tu és toda formosa, amada minha, e em ti não há mancha.
[8] Vem comigo do Líbano, noiva minha, vem comigo do Líbano. Olha
desde o cume de Amana, desde o cume de Senir e de Hermom, desde
os covis dos leões, desde os montes dos leopardos. [9] Enlevaste-me
o coração, minha irmã, noiva minha; enlevaste-me o coração com
um dos teus olhares, com um dos colares do teu pescoço.
Alguns destaques do Capítulo 4
                      [10] Quão doce é o teu amor, minha irmã, noiva
                      minha! quanto melhor é o teu amor do que o vinho!
                      e o aroma dos teus ungüentos do que o de toda
                      sorte e especiarias! [11] Os teus lábios destilam
o mel, noiva minha; mel e leite estão debaixo da tua língua, e o
cheiro dos teus vestidos é como o cheiro do Líbano.[12] Jardim fechado
é minha irmã, minha noiva, sim, jardim fechado, fonte selada. [13] Os
teus renovos são um pomar de romãs, com frutos excelentes; a hena
juntamente com nardo, [14] o nardo, e o açafrão, o cálamo, e o
cinamomo, com toda sorte de árvores de incenso; a mirra e o aloés,
com todas as principais especiarias. [15] És fonte de jardim, poço de
águas vivas, correntes que manam do Líbano! [16] Levanta-te, vento
norte, e vem tu, vento sul; assopra no meu jardim, espalha os seus
aromas.
                      2. a noiva responde ao noivo


   Entre o meu amado no seu jardim, e coma os seus frutos
                           excelentes!
Comentários adicionais ao texto
                                        do Capítulo 4

                         O livro de Cântico dos Cânticos surge no cânon bíblico
                         para celebrar aquilo que seria o momento mais
                         exponencial da vida humana, o clímax da união conjugal
                         entre os dois sexos criados pelo Senhor, quando o
                         amor os une e os faz viajar por sentimentos de
carinhos, renúncia, dádivas, entregas, sem nada querer em troca, pois para
isto ela e ele foram feitos.

   A visão do autor é a do amor romântico entre noivos que colimam a união
    matrimonial ou de cônjuges que anseiam pelo encontro e pela intimidade
  conjugal. Sabemos que na cultura judaica havia todo um ritual sobre isto. O
 Antigo Testamento e mesmo o Novo Testamento nos dão a entender sobre os
 simbolismos e cuidados com que eles ornavam e celebravam o casamento. Era
 uma festa de 7 dias, com processionais da noiva e de suas amigas, do noivo e
  seus amigos e toda uma festividade se desenrolando com cânticos, comes e
            bebes. Jesus participou de um deles em Caná da Galiléia.
Temos que lembrar sempre que as expressões poéticas e as imagens de retórica
aplicadas à atração sensual que têm um pelo outro, se não são comuns hoje em
dia, pois os tempos são outros, expressam ainda o sentimento que une homem e
                mulher quando se sentem atraídos um pelo outro.
Alguns destaques do Capítulo 5

              [1.      [5.1] Venho ao meu jardim, minha irmã, noiva
                       minha, para colher a minha mirra com o meu
                       bálsamo, para comer o meu favo com o meu mel,
                       e beber o meu vinho com o meu leite. Comei,
                       amigos, bebei abundantemente, ó amados. [2] Eu
dormia, mas o meu coração velava. Eis a voz do meu amado! Está
batendo: Abre-me, minha irmã, amada minha, pomba minha, minha
imaculada; porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus
cabelos das gotas da noite. [3] Já despi a minha túnica; como a
tornarei a vestir? já lavei os meus pés; como os tornarei a sujar? [4]
O meu amado meteu a sua mão pela fresta da porta, e o meu coração
estremeceu por amor dele. [5] Eu me levantei para abrir ao meu
amado; e as minhas mãos destilavam mirra, e os meus dedos gotejavam
mirra sobre as aldravas da fechadura. [6] Eu abri ao meu amado, mas
ele já se tinha retirado e ido embora. A minha alma tinha desfalecido
quando ele falara. Busquei-o, mas não o pude encontrar; chamei-o,
porém ele não me respondeu. [7] Encontraram-me os guardas que
rondavam pela cidade; espancaram-me, feriram-me; tiraram-me o
manto os guardas dos muros.
Alguns destaques do Capítulo 5

[8] Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, se
encontrardes o meu amado, que lhe digais que
estou enferma de amor. [9] Que é o teu amado
mais do que outro amado, ó tu, a mais formosa
entre as mulheres? que é o teu amado mais do que outro amado, para
que assim nos conjures? [10] O meu amado é cândido e rubicundo, o
primeiro entre dez mil. [11] A sua cabeça é como o ouro mais
refinado, os seus cabelos são crespos, pretos como o corvo. [12] Os
seus olhos são como pombas junto às correntes das águas, lavados em
leite, postos em engaste. [13] As suas faces são como um canteiro de
bálsamo, os montões de ervas aromáticas; e os seus lábios são como
lírios que gotejam mirra. [14] Os seus braços são como cilindros de
ouro, guarnecidos de crisólitas; e o seu corpo é como obra de
marfim, coberta de safiras. [15] As suas pernas como colunas de
mármore, colocadas sobre bases de ouro refinado; o seu semblante
como o Líbano, excelente como os cedros. [16] O seu falar é
muitíssimo suave; sim, ele é totalmente desejável. Tal é o meu
amado, e tal o meu amigo, ó filhas de Jerusalém.
Comentários adicionais ao texto
            do capítulo 3:
Estava faltando na Palavra de Deus um texto que
celebrasse o amor conjugal criado por Deus em Gênesis.
Quando o Senhor ali disse que “serão uma só carne”,
celebrando assim o casamento de Adão e Eva, ficou
faltando a festa, o banquete. O escritor do Gênesis,
deu apenas início a uma celebração que seria marcante
e permanente na Palavra de Deus: o casamento entre o homem e a mulher para a perpetuação
da espécie, sim, mas também para a consumação da vida sexual que ele o Senhor incutiu
naturalmente em cada um dos seres por ele criados. Abraão e Sara... Moisés e Joquebede...
Davi e Bete-Sabá, simbolizam este amor cristalizado na vida marital, conjugal e sexual.
Salomão agora em seus Cânticos dos Cânticos escreve então, sobre esta festa. Se em Gênesis
 não existe a comemoração das bodas, aqui em Cântico dos Cânticos ela está presente em todo
   o livro. Uma celebração do amor conjugal, reconhecendo-o como fundamental e maravilhoso
  para a felicidade de sua criatura, o homem e a mulher... Existe em certos textos de Cântico
 dos Cânticos uma linguagem que poderíamos chamar mesmo de sensual ou erótica. Lembremo-
   nos que aos olhos de Deus o amor sexual não é pecado, desde que compartilhado entre dois
  seres que se amam e se unem pelo casamento. A beleza física do homem e da mulher, que se
     tornam atraentes entre os cônjuges é perfeitamente compreensível pelo Senhor como o
      próprio texto nos demonstra. Este amor heterossexual é o que o Senhor espera de sua
criatura que, saudavelmente, ama o seu parceiro conjugal e não os desvios e descalabros que a
  homossexualidade tem buscado fazer prevalecer nos tempos presentes com as paradas de
gays e de lésbicas invadindo as cidades, num desvio comportamental, patológico e anormal sem
            igual, que a legislação moderna vem procurando abrigar e regulamentar.
Alguns destaques do capítulo 6
[6.1] Para onde foi o teu amado, ó tu, a mais formosa
entre as mulheres? para onde se retirou o teu amado
a fim de que o busquemos juntamente contigo? [2] O
meu amado desceu ao seu jardim, aos canteiros de
bálsamo, para apascentar o rebanho nos jardins e para
colher os lírios. [3] Eu sou do meu amado, e o meu
amado é meu; ele apascenta o rebanho entre os lírios. [4] Formosa és, amada
minha, como Tirza, aprazível como Jerusalém, imponente como um exército com
bandeiras. [5] Desvia de mim os teus olhos, porque eles me perturbam. O teu
cabelo é como o rebanho de cabras que descem pelas colinas de Gileade. [6] Os
teus dentes são como o rebanho de ovelhas que sobem do lavadouro, e das
quais cada uma tem gêmeos, e nenhuma delas é desfilhada. [7] As tuas faces
são como as metades de uma romã, por detrás do teu véu. [8] Há sessenta
rainhas, oitenta concubinas, e virgens sem número. [9] Mas uma só é a minha
pomba, a minha imaculada; ela e a única de sua mãe, a escolhida da que a deu
à luz. As filhas viram-na e lhe chamaram bem-aventurada; viram-na as rainhas
e as concubinas, e louvaram-na. [10] Quem é esta que aparece como a alva do
dia, formosa como a lua, brilhante como o sol, imponente como um exército com
bandeiras? [11] Desci ao jardim das nogueiras, para ver os renovos do
vale, para ver se floresciam as vides e se as romanzeiras estavam em flor.
[12] Antes de eu o sentir, pôs-me a minha alma nos carros do meu nobre povo.
[13] Volta, volta, ó Sulamita; volta, volta, para que nós te vejamos. Por que
quereis olhar para a Sulamita como para a dança de Maanaim?
Comentários adicionais ao texto do Capítulo 6
                          Embora o livro seja escrito numa sociedade que aceitava a
                          poligamia, especialmente numa casa real, e numa época em
                          que o fato de ter mais de uma mulher em casa, e em
                          classes diferenciadas para elas, pois existiam as esposas
                          privilegiadas (as que advinham de castas sociais elevadas),
                          as princesas que eram dadas em casamento por seus pais
                          reis (para favorecer interesses do reino), as conselheiras
(as mais velhas que serviam de orientadoras para as mais novas), as serviçais (que
faziam o trabalho da casa), as mais jovens ou mais atraentes (separadas para o ato
sexual com o senhor da casa), a verdade é que a mensagem nele contida em termos
do relacionamento que conta, é sempre único e exclusivo. Embora a atração sexual
seja bem evidenciada no texto, como o instrumento motor para a unidade
conjugal, não há a interveniência de terceiras na relação do personagem principal (o
meu amado), com a sua noiva, ou esposa, algumas vezes chamada de "irmã", para
simbolizar a unidade de ambos (a minha amada). Eles são um do outro. Uma das
instituições    sociais   mais     degradadas     pela   sociedade     moderna      de
hoje, infelizmente, é a da existência do leito conjugal sem mácula. A fidelidade
conjugal é algo descartável aos olhos da mídia moderna. O casamento como
instituição divina vem sofrendo os ataques mais cruéis do pecado, exatamente
naquele seu mais sublime e belo atributo: a fidelidade conjugal. A exclusividade que
o texto a seguir nos transmite, é o espírito puro e santo que o Senhor Deus deseja e
espera no matrimônio cristão. Foi para isto que ele nos criou. Foi com esta finalidade
que ele nos fez, homem e mulher. Para sermos um do outro, num vínculo permanente
e indissolúvel.
Alguns destaques do Capítulo 7

[7.1] Quão formosos são os teus pés nas sandálias,
ó filha de príncipe! Os contornos das tuas coxas são
como jóias, obra das mãos de artista. [2] O teu umbigo
como uma taça redonda, a que não falta bebida; o teu
ventre como montão de trigo, cercado de lírios. [3] Os
teus seios são como dois filhos gêmeos da gazela. [4] O teu pescoço como a
torre de marfim; os teus olhos como as piscinas de Hesbom, junto à porta de
Bate-Rabim; o teu nariz é como torre do Líbano, que olha para Damasco.
 [5] A tua cabeça sobre ti é como o monte Carmelo, e os cabelos da tua cabeça
 como a púrpura; o rei está preso pelas tuas tranças. [6] Quão formosa, e quão
       aprazível és, ó amor em delícias! [7] Essa tua estatura é semelhante à
 palmeira, e os teus seios aos cachos de uvas. [8] Disse eu: Subirei à palmeira,
 pegarei em seus ramos; então sejam os teus seios como os cachos da vide, e o
  cheiro do teu fôlego como o das maçãs, [9] e os teus beijos como o bom vinho
  para o meu amado, que se bebe suavemente, e se escoa pelos lábios e dentes.
  [10] Eu sou do meu amado, e o seu amor é por mim. [11] Vem, ó amado meu,
     saiamos ao campo, passemos as noites nas aldeias. [12] Levantemo-nos de
   manhã para ir às vinhas, vejamos se florescem as vides, se estão abertas as
   suas flores, e se as romanzeiras já estão em flor; ali te darei o meu amor.
    [13] As mandrágoras exalam perfume, e às nossas portas há toda sorte de
      excelentes frutos, novos e velhos; eu os guardei para ti, ó meu amado.
Alguns destaques do Capítulo 8
                                [8.1] Ah! quem me dera que foras como meu irmão, que
                                 mamou os seios de minha mãe! quando eu te encontrasse
                                 lá fora, eu te beijaria; e não me desprezariam! [2] Eu te
                                 levaria e te introduziria na casa de minha mãe, e tu me
                                 instruirias; eu te daria a beber vinho aromático, o mosto
                                 das minhas romãs. [3] A sua mão esquerda estaria
                                  debaixo da minha cabeça, e a sua direita me abraçaria.
[4] Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, que não acordeis nem desperteis o amor, até que
    ele o queira. [5] Quem é esta que sobe do deserto, e vem encostada ao seu amado?
  Debaixo da macieira te despertei; ali esteve tua mãe com dores; ali esteve com dores
  aquela que te deu à luz. [6] Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o
    teu braço; porque o amor é forte como a morte; o ciúme é cruel como o Seol; a sua
 chama é chama de fogo, verdadeira labareda do Senhor. [7] As muitas águas não podem
  apagar o amor, nem os rios afogá-lo. Se alguém oferecesse todos os bens de sua casa
  pelo amor, seria de todo desprezado. [8] Temos uma irmã pequena, que ainda não tem
  seios; que faremos por nossa irmã, no dia em que ela for pedida em casamento? [9] Se
    ela for um muro, edificaremos sobre ela uma torrezinha de prata; e, se ela for uma
porta, cercá-la-emos com tábuas de cedro. [10]: Eu era um muro, e os meus seios eram
 como as suas torres; então eu era aos seus olhos como aquela que acha paz. [11]: Teve
  Salomão uma vinha em Baal-Hamom; arrendou essa vinha a uns guardas; e cada um lhe
devia trazer pelo seu fruto mil peças de prata. [12] A minha vinha que me pertence está
   diante de mim; tu, ó Salomão, terás as mil peças de prata, e os que guardam o fruto
 terão duzentas. [13] Ó tu, que habitas nos jardins, os companheiros estão atentos para
ouvir a tua voz; faze-me, pois, também ouvi-la. [14] Vem depressa, amado meu, e faze-
         te semelhante ao gamo ou ao filho da gazela sobre os montes dos aromas.
Comentários adicionais ao
                                texto dos capítulo 7 e 8:

                                 Nestes dois últimos capítulos, nós
                                temos a vida conjugal ou amorosa de
                               dois seres que se amam e se entregam
                              um ao outro, descrita de forma poética
e figurada, em imagens que ficam difícil para o nosso melhor entendimento, dada a distância
social, cultural e conjuntural que nos separa daquela época e daquele povo. O amor sexual é aqui
celebrado: "Quão formosos são os teus pés... as tuas coxas... o teu umbigo... o teu ventre... os teus
seios... o teu pescoço... os teus olhos... o teu nariz... a tua cabeça, os teus cabelos..." (7.1-5).
Poderíamos mesmo afirmar que, não apenas celebrado, mas também consumado, pois toda a descrição
que faz o rei de sua amada nestes versículos acima, é complementado por um texto que transmite o
sentimento de satisfação sexual que a unidade física entre ambos deve ter-lhe trazido: "Quão
formosa, e quão aprazível és, ó amor em delícias" (7.6). O autor, tece nestes dois capítulos uma
espécie de diálogo, em que um responde ao outro. O primeiro faz declarações de amor e de carinho
ao segundo, que por sua vez lhe responde com a mesma intensidade. A linguagem é poética e
figurada, mas deseja exprimir a intensidade e a beleza do sentimento que une o casal. Algumas
comparações e alusões são feitas aos componentes da vida familiar como instrumentos para a solidez
deste amor: a mãe, o irmão, a irmã dando testemunho desta intimidade para sempre: "Põe-me como
selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço; porque o amor é forte como a morte; o ciúme
é cruel como o Seol; a sua chama é chama de fogo; verdadeira labareda do Senhor". (8.6).
  Uma das coisas mais belas na comunhão fraterna do ser humano é a perenidade do amor conjugal.
  Pessoas que se amam e se casam e celebram bodas de prata, de ouro, de brilhante, vivendo juntas
  para sempre. É um amor que não acaba nunca. Muda em seus aspectos íntimos com a idade, com os
filhos, os netos, a velhice, mas não perde a sua intensidade nem a sua integridade, porque no plano de
                        Deus, no dizer do escritor sacro do Cântico dos Cânticos:
               "as muitas águas não podem apagar o amor, nem os rios afogá-lo” (8.7).
CONCLUSÃO

 Livros com estes que estudamos
          neste trimestre
são para serem lidos e estudados
   com um espírito crítico bem
   apurado, para que possamos
  retirar dos ensinamentos neles
    contidos as verdades que o
     Senhor quer nos mostrar.

        Leiamos versículo a
  versículo, paremos um pouco e
 fechemos os olhos. Indaguemo-
nos então: O que este texto quer
             nos dizer?

    Isto chama-se reflexão!
 E é a isto que nos convidam os

More Related Content

What's hot

Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 136-137
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 136-137Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 136-137
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 136-137luisprista
 
Unic 04 - iracema-1865-2019-pr wsf
Unic 04 - iracema-1865-2019-pr wsfUnic 04 - iracema-1865-2019-pr wsf
Unic 04 - iracema-1865-2019-pr wsfWelington Fernandes
 
A linguagem de josé sarney em o dono do mar
A linguagem de josé sarney em o dono do marA linguagem de josé sarney em o dono do mar
A linguagem de josé sarney em o dono do marLarisse Moraes
 
Roteiro leituramemorialconvento[1]
Roteiro leituramemorialconvento[1]Roteiro leituramemorialconvento[1]
Roteiro leituramemorialconvento[1]guest57586
 
Teste 9 º ano 2º p
Teste 9 º ano 2º pTeste 9 º ano 2º p
Teste 9 º ano 2º pprofcc
 
Capitulo 1: O Despertar da Luz e das Trevas
Capitulo 1: O Despertar da Luz e das TrevasCapitulo 1: O Despertar da Luz e das Trevas
Capitulo 1: O Despertar da Luz e das TrevasLeonardo Gouvea Moreira
 
2ª ficha de avaliação de lp novembro 2012 9º b
2ª ficha de avaliação de lp novembro 2012 9º b2ª ficha de avaliação de lp novembro 2012 9º b
2ª ficha de avaliação de lp novembro 2012 9º bIlda Oliveira
 
Analise leda serenidade deleitosa
Analise leda serenidade deleitosaAnalise leda serenidade deleitosa
Analise leda serenidade deleitosacnlx
 
Apresentação Para Décimo Segundo Ano, Aula 41
Apresentação Para Décimo Segundo Ano, Aula 41Apresentação Para Décimo Segundo Ano, Aula 41
Apresentação Para Décimo Segundo Ano, Aula 41luisprista
 

What's hot (16)

Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 136-137
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 136-137Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 136-137
Apresentação para décimo segundo ano de 2016 7, aula 136-137
 
Unic 04 - iracema-1865-2019-pr wsf
Unic 04 - iracema-1865-2019-pr wsfUnic 04 - iracema-1865-2019-pr wsf
Unic 04 - iracema-1865-2019-pr wsf
 
Espumas flutuantes
Espumas flutuantesEspumas flutuantes
Espumas flutuantes
 
Revisão (ii)
Revisão (ii)Revisão (ii)
Revisão (ii)
 
Trovadorismo1
Trovadorismo1Trovadorismo1
Trovadorismo1
 
A linguagem de josé sarney em o dono do mar
A linguagem de josé sarney em o dono do marA linguagem de josé sarney em o dono do mar
A linguagem de josé sarney em o dono do mar
 
José de Alencar - O Gaúcho
José de Alencar - O GaúchoJosé de Alencar - O Gaúcho
José de Alencar - O Gaúcho
 
Roteiro leituramemorialconvento[1]
Roteiro leituramemorialconvento[1]Roteiro leituramemorialconvento[1]
Roteiro leituramemorialconvento[1]
 
Teste 9 º ano 2º p
Teste 9 º ano 2º pTeste 9 º ano 2º p
Teste 9 º ano 2º p
 
Capitulo 1: O Despertar da Luz e das Trevas
Capitulo 1: O Despertar da Luz e das TrevasCapitulo 1: O Despertar da Luz e das Trevas
Capitulo 1: O Despertar da Luz e das Trevas
 
2ª ficha de avaliação de lp novembro 2012 9º b
2ª ficha de avaliação de lp novembro 2012 9º b2ª ficha de avaliação de lp novembro 2012 9º b
2ª ficha de avaliação de lp novembro 2012 9º b
 
Analise leda serenidade deleitosa
Analise leda serenidade deleitosaAnalise leda serenidade deleitosa
Analise leda serenidade deleitosa
 
Kathársis2009
Kathársis2009Kathársis2009
Kathársis2009
 
Lusiadas
LusiadasLusiadas
Lusiadas
 
Q114
Q114Q114
Q114
 
Apresentação Para Décimo Segundo Ano, Aula 41
Apresentação Para Décimo Segundo Ano, Aula 41Apresentação Para Décimo Segundo Ano, Aula 41
Apresentação Para Décimo Segundo Ano, Aula 41
 

Similar to “As muitas águas não podem apagar o amor”

“As muitas águas não podem apagar o amor”
“As muitas águas não podem apagar o amor”“As muitas águas não podem apagar o amor”
“As muitas águas não podem apagar o amor”JUERP
 
CÂNTICO DOS CANTICOS
CÂNTICO DOS CANTICOSCÂNTICO DOS CANTICOS
CÂNTICO DOS CANTICOSNeide Santos
 
07 - Cantares 7.1-8.14 (PaP 2016).pptx
07 - Cantares 7.1-8.14 (PaP 2016).pptx07 - Cantares 7.1-8.14 (PaP 2016).pptx
07 - Cantares 7.1-8.14 (PaP 2016).pptxLorraneAguiar2
 
Poesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano português
Poesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano portuguêsPoesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano português
Poesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano portuguêsDark_Neox
 
CANTARES! A QUEM SE DESTINA.docx
CANTARES! A QUEM SE DESTINA.docxCANTARES! A QUEM SE DESTINA.docx
CANTARES! A QUEM SE DESTINA.docxNelson Pereira
 
A voz do meu amado, por robert murray m’cheyne
A voz do meu amado, por robert murray m’cheyneA voz do meu amado, por robert murray m’cheyne
A voz do meu amado, por robert murray m’cheyneDeusdete Soares
 
0 poesia medieval-noções_gerais
0   poesia medieval-noções_gerais0   poesia medieval-noções_gerais
0 poesia medieval-noções_geraisCarla Ribeiro
 

Similar to “As muitas águas não podem apagar o amor” (16)

“As muitas águas não podem apagar o amor”
“As muitas águas não podem apagar o amor”“As muitas águas não podem apagar o amor”
“As muitas águas não podem apagar o amor”
 
2 cantares
2   cantares2   cantares
2 cantares
 
Aula 07 e 08 cânticos
Aula 07 e 08   cânticosAula 07 e 08   cânticos
Aula 07 e 08 cânticos
 
LIVROS POÉTICOS (AULA 05 - BÁSICO - IBADEP)
LIVROS POÉTICOS (AULA 05 - BÁSICO - IBADEP)LIVROS POÉTICOS (AULA 05 - BÁSICO - IBADEP)
LIVROS POÉTICOS (AULA 05 - BÁSICO - IBADEP)
 
Cantares
CantaresCantares
Cantares
 
CÂNTICO DOS CANTICOS
CÂNTICO DOS CANTICOSCÂNTICO DOS CANTICOS
CÂNTICO DOS CANTICOS
 
Cantares (moody)
Cantares (moody)Cantares (moody)
Cantares (moody)
 
07 - Cantares 7.1-8.14 (PaP 2016).pptx
07 - Cantares 7.1-8.14 (PaP 2016).pptx07 - Cantares 7.1-8.14 (PaP 2016).pptx
07 - Cantares 7.1-8.14 (PaP 2016).pptx
 
27 130710214337-phpapp01
27 130710214337-phpapp0127 130710214337-phpapp01
27 130710214337-phpapp01
 
27. Os poéticos: Cantares de Salomão
27. Os poéticos: Cantares de Salomão27. Os poéticos: Cantares de Salomão
27. Os poéticos: Cantares de Salomão
 
Poesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano português
Poesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano portuguêsPoesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano português
Poesia trovadoresca a cantiga de amor 10ºano português
 
394643093-1-Teste-2-Cantigas-2.pdf
394643093-1-Teste-2-Cantigas-2.pdf394643093-1-Teste-2-Cantigas-2.pdf
394643093-1-Teste-2-Cantigas-2.pdf
 
CANTARES! A QUEM SE DESTINA.docx
CANTARES! A QUEM SE DESTINA.docxCANTARES! A QUEM SE DESTINA.docx
CANTARES! A QUEM SE DESTINA.docx
 
Amadis de Gaula
Amadis de GaulaAmadis de Gaula
Amadis de Gaula
 
A voz do meu amado, por robert murray m’cheyne
A voz do meu amado, por robert murray m’cheyneA voz do meu amado, por robert murray m’cheyne
A voz do meu amado, por robert murray m’cheyne
 
0 poesia medieval-noções_gerais
0   poesia medieval-noções_gerais0   poesia medieval-noções_gerais
0 poesia medieval-noções_gerais
 

More from JUERP

“Perseveravam na oração”
“Perseveravam na oração”“Perseveravam na oração”
“Perseveravam na oração”JUERP
 
“Purifica-me Senhor”
“Purifica-me Senhor”“Purifica-me Senhor”
“Purifica-me Senhor”JUERP
 
"A súplica de um justo pode muito na sua atuação"
"A súplica de um justo pode muito na sua atuação""A súplica de um justo pode muito na sua atuação"
"A súplica de um justo pode muito na sua atuação"JUERP
 
"Somos mais que vencedores"
"Somos mais que vencedores""Somos mais que vencedores"
"Somos mais que vencedores"JUERP
 
“Para que todos sejam um”
“Para que todos sejam um”“Para que todos sejam um”
“Para que todos sejam um”JUERP
 
“Passou a noite toda em oração a Deus”
“Passou a noite toda em oração a Deus”“Passou a noite toda em oração a Deus”
“Passou a noite toda em oração a Deus”JUERP
 
“Atende a oração de teu servo, ó Senhor”
“Atende a oração de teu servo, ó Senhor”“Atende a oração de teu servo, ó Senhor”
“Atende a oração de teu servo, ó Senhor”JUERP
 
“Buscarás ao Senhor teu Deus”
“Buscarás ao Senhor teu Deus”“Buscarás ao Senhor teu Deus”
“Buscarás ao Senhor teu Deus”JUERP
 
"O Senhor ouviu as orações"
"O Senhor ouviu as orações""O Senhor ouviu as orações"
"O Senhor ouviu as orações"JUERP
 
“Os homens começaram a invocar o nome de Deus”
“Os homens começaram a invocar o nome de Deus”“Os homens começaram a invocar o nome de Deus”
“Os homens começaram a invocar o nome de Deus”JUERP
 
“Tratai aos empregados com equidade”
“Tratai aos empregados com equidade”“Tratai aos empregados com equidade”
“Tratai aos empregados com equidade”JUERP
 
Estudo 12 as cartas de paulo III - gl-ef-fp-cl
Estudo 12   as cartas de paulo III - gl-ef-fp-clEstudo 12   as cartas de paulo III - gl-ef-fp-cl
Estudo 12 as cartas de paulo III - gl-ef-fp-clJUERP
 
“Prossigo para o alvo”
“Prossigo para o alvo”“Prossigo para o alvo”
“Prossigo para o alvo”JUERP
 
“O viver é Cristo e o morrer é lucro”
“O viver é Cristo e o morrer é lucro”“O viver é Cristo e o morrer é lucro”
“O viver é Cristo e o morrer é lucro”JUERP
 
“Andeis como sábios”
“Andeis como sábios”“Andeis como sábios”
“Andeis como sábios”JUERP
 
“Há um só corpo e um só Espírito”
“Há um só corpo e um só Espírito”“Há um só corpo e um só Espírito”
“Há um só corpo e um só Espírito”JUERP
 
“Há um só corpo e um só Espírito”
“Há um só corpo e um só Espírito”“Há um só corpo e um só Espírito”
“Há um só corpo e um só Espírito”JUERP
 
A Deus seja a glória
A Deus seja a glóriaA Deus seja a glória
A Deus seja a glóriaJUERP
 
“Pela graça sois salvos”
“Pela graça sois salvos”“Pela graça sois salvos”
“Pela graça sois salvos”JUERP
 
“Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito”
“Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito”“Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito”
“Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito”JUERP
 

More from JUERP (20)

“Perseveravam na oração”
“Perseveravam na oração”“Perseveravam na oração”
“Perseveravam na oração”
 
“Purifica-me Senhor”
“Purifica-me Senhor”“Purifica-me Senhor”
“Purifica-me Senhor”
 
"A súplica de um justo pode muito na sua atuação"
"A súplica de um justo pode muito na sua atuação""A súplica de um justo pode muito na sua atuação"
"A súplica de um justo pode muito na sua atuação"
 
"Somos mais que vencedores"
"Somos mais que vencedores""Somos mais que vencedores"
"Somos mais que vencedores"
 
“Para que todos sejam um”
“Para que todos sejam um”“Para que todos sejam um”
“Para que todos sejam um”
 
“Passou a noite toda em oração a Deus”
“Passou a noite toda em oração a Deus”“Passou a noite toda em oração a Deus”
“Passou a noite toda em oração a Deus”
 
“Atende a oração de teu servo, ó Senhor”
“Atende a oração de teu servo, ó Senhor”“Atende a oração de teu servo, ó Senhor”
“Atende a oração de teu servo, ó Senhor”
 
“Buscarás ao Senhor teu Deus”
“Buscarás ao Senhor teu Deus”“Buscarás ao Senhor teu Deus”
“Buscarás ao Senhor teu Deus”
 
"O Senhor ouviu as orações"
"O Senhor ouviu as orações""O Senhor ouviu as orações"
"O Senhor ouviu as orações"
 
“Os homens começaram a invocar o nome de Deus”
“Os homens começaram a invocar o nome de Deus”“Os homens começaram a invocar o nome de Deus”
“Os homens começaram a invocar o nome de Deus”
 
“Tratai aos empregados com equidade”
“Tratai aos empregados com equidade”“Tratai aos empregados com equidade”
“Tratai aos empregados com equidade”
 
Estudo 12 as cartas de paulo III - gl-ef-fp-cl
Estudo 12   as cartas de paulo III - gl-ef-fp-clEstudo 12   as cartas de paulo III - gl-ef-fp-cl
Estudo 12 as cartas de paulo III - gl-ef-fp-cl
 
“Prossigo para o alvo”
“Prossigo para o alvo”“Prossigo para o alvo”
“Prossigo para o alvo”
 
“O viver é Cristo e o morrer é lucro”
“O viver é Cristo e o morrer é lucro”“O viver é Cristo e o morrer é lucro”
“O viver é Cristo e o morrer é lucro”
 
“Andeis como sábios”
“Andeis como sábios”“Andeis como sábios”
“Andeis como sábios”
 
“Há um só corpo e um só Espírito”
“Há um só corpo e um só Espírito”“Há um só corpo e um só Espírito”
“Há um só corpo e um só Espírito”
 
“Há um só corpo e um só Espírito”
“Há um só corpo e um só Espírito”“Há um só corpo e um só Espírito”
“Há um só corpo e um só Espírito”
 
A Deus seja a glória
A Deus seja a glóriaA Deus seja a glória
A Deus seja a glória
 
“Pela graça sois salvos”
“Pela graça sois salvos”“Pela graça sois salvos”
“Pela graça sois salvos”
 
“Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito”
“Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito”“Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito”
“Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito”
 

Recently uploaded

Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra EspiritaHa muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra EspiritaSessuana Polanski
 
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdfAS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdfnatzarimdonorte
 
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptxDIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptxRoseLucia2
 
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .natzarimdonorte
 
ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............
ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............
ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............Nelson Pereira
 
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos viniciusTaoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos viniciusVini Master
 
Material sobre o jubileu e o seu significado
Material sobre o jubileu e o seu significadoMaterial sobre o jubileu e o seu significado
Material sobre o jubileu e o seu significadofreivalentimpesente
 
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).natzarimdonorte
 
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 199ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19PIB Penha
 
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo DiaSérie: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo DiaDenisRocha28
 

Recently uploaded (12)

Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra EspiritaHa muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
Ha muitas moradas na Casa de meu Pai - Palestra Espirita
 
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdfAS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
AS FESTAS DO CRIADOR FORAM ABOLIDAS NA CRUZ?.pdf
 
Mediunidade e Obsessão - Doutrina Espírita
Mediunidade e Obsessão - Doutrina EspíritaMediunidade e Obsessão - Doutrina Espírita
Mediunidade e Obsessão - Doutrina Espírita
 
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptxDIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
DIP Domingo da Igreja Perseguida 2024.pptx
 
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
O SELO DO ALTÍSSIMO E A MARCA DA BESTA .
 
ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............
ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............
ARMAGEDOM! O QUE REALMENTE?.............
 
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos viniciusTaoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
Taoismo (Origem e Taoismo no Brasil) - Carlos vinicius
 
Material sobre o jubileu e o seu significado
Material sobre o jubileu e o seu significadoMaterial sobre o jubileu e o seu significado
Material sobre o jubileu e o seu significado
 
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
A Besta que emergiu do Abismo (O OITAVO REI).
 
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 199ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
9ª aula - livro de Atos dos apóstolos Cap 18 e 19
 
Fluido Cósmico Universal e Perispírito.ppt
Fluido Cósmico Universal e Perispírito.pptFluido Cósmico Universal e Perispírito.ppt
Fluido Cósmico Universal e Perispírito.ppt
 
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo DiaSérie: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
 

“As muitas águas não podem apagar o amor”

  • 1. Os livros poéticos II O livro de Cântico dos Cânticos O quinto livro dos cinco livros poéticos da Bíblia (Um dos livros sapienciais da Palavra de Deus)
  • 2. Introdução O título do livro que estudamos hoje, “Cântico dos Cânticos”, é uma expressão superlativa que poderia ser traduzida modernamente por “o mais belo dos cânticos”. Tem também o título reconhecido de “Cantares de Salomão”, em homenagem ao seu autor que a Bíblia registra como sendo o rei-sábio, Salomão.
  • 3. Segundo alguns comentaristas, o livro é uma coletânea de cantos populares de amor, usados talvez em festas de casamento, em que noivo e noiva eram chamados, simbolicamente, de rei e de rainha, e que foram reunidos, formando uma espécie de drama poético. Para esses o livro é atribuído ao rei Salomão, reconhecido em Israel como o patrono da literatura sapiencial. A forma final do livro, deve remontar ao século V ou IV a.C.
  • 4. Para muitos comentaristas fica difícil compreender, o enquadramento de um livro como este dentro do plano editorial da revelação de Deus. O fato é que o aspecto do amor conjugal, descrito aqui com toda sua carga de sensualidade e prazer, ainda que de forma reverente, não tem similar em todo o registro bíblico. Parece-nos que, no plano do Senhor, faltava um livro que exaltasse o amor e a união entre o homem e a
  • 5. Como crentes em Cristo, o que podemos abstrair deste livro é que ele foi escrito para nos apresentar a visão de Deus sobre o amor íntimo, pessoal e mesmo carnal entre homem e mulher, criaturas dele, feitas uma para a outra, o relacionamento central e único que ele deu a toda a humanidade e que, por sua importância e significado mereceria também dele um destaque especial em sua
  • 6. As preocupações com esses aspectos da vida, que estavam presentes nas civilizações antigas, como já temos visto, alcançavam também aqueles voltados para a relação homem-mulher, como algo especial. Um exemplo disto, é o Kama Sutra, um antigo texto indiano sobre o comportamento sexual humano, escrito talvez no Século IV a.C. Ele é considerado como um trabalho definitivo sobre o gozo dos sentidos na literatura sânscrita (Vatsyayana). Um outro exemplo é um poema persa de época e autor desconhecidos que relata como este relacionamento era significativo para eles: “Houve um tempo em que eu era um homem e ela, uma mulher. Mas, o nosso amor cresceu, até não existir mais nem ela, nem eu. Lembro- me, apenas, vagamente, que ambos éramos dois, e que o amor intrometendo-se, tornou-nos um só.”
  • 7. Este será então o quarto e último livro dos chamados poéticos (II) que estudamos neste 1T12, conforme vemos no Suplemento acima: Cântico dos Cânticos.
  • 8. Os livros poéticos II Cântico dos Cânticos Estudo 13 “As muitas águas não podem apagar o amor” A exaltação ao amor conjugal Texto bíblico C. dos Cânticos: 1 a 8 Texto áureo: Cântico dos Cânticos 8.7: “As muitas águas não podem apagar o amor, nem os rios afogá- lo. Se alguém oferecesse todos os bens de sua casa pelo amor, seria de todo desprezado”.
  • 9. Explicação preliminar: Embora estejamos transcrevendo os textos dos 8 capítulos na íntegra, cada professor deverá destacar alguns versículos apenas, em função do maior ou menor tempo de que dispõe para o seu estudo com a classe. Os comentários adicionais que juntamos após cada capítulo, também têm que ser reduzidos pela mesma razão e também em face do melhor conhecimento que cada professor possui do nível social e cultural de sua classe em vista do tema em estudo. Algumas das frases ou pensamentos devem ser destacados apenas, pois os textos estão muito longos em virtude da peculiaridade especial do livro que estamos estudando.
  • 10. Identificando os personagens do capítulo 1 1. A declaração de amor da esposa: [1.2] Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o seu amor do que o vinho. [3] Suave é o cheiro dos teus perfumes; como perfume derramado é o teu nome; por isso as donzelas te amam. [4] Leva-me tu; correremos após ti. O rei me introduziu nas suas recâmaras; em ti nos alegraremos e nos regozijaremos; faremos menção do teu amor mais do que do vinho; com razão te amam. [5] Eu sou morena, mas formosa, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de Quedar, como as cortinas de Salomão. [6] Não repareis em eu ser morena, porque o sol crestou-me a tez; os filhos de minha mãe indignaram-se contra mim, e me puseram por guarda de vinhas; a minha vinha, porém, não guardei. [7] Dize-me, ó tu, a quem ama a minha alma: Onde apascentas o teu rebanho, onde o fazes deitar pelo meio-dia; pois, por que razão seria eu como a que anda errante pelos rebanhos de teus companheiros?
  • 11. 2. A resposta ciumenta das demais esposas: [8] Se não o sabes, ó tu, a mais formosa entre as mulheres, vai seguindo as pisadas das ovelhas, e apascenta os teus cabritos junto às tendas dos pastores. 3. A declaração de amor do esposo: [9] A uma égua dos carros de Faraó eu te comparo, ó amada minha. [10] Formosas são as tuas faces entre as tuas tranças, e formoso o teu pescoço com os colares. [11] Nós te faremos umas tranças de ouro, marchetadas de pontinhos de prata. 4. A esposa volta a declarar o seu amor: [12] Enquanto o rei se assentava à sua mesa, dava o meu nardo o seu cheiro. [13] O meu amado é para mim como um saquitel de mirra, que repousa entre os meus seios. [14] O meu amado é para mim como um ramalhete de hena nas vinhas de En-Gedi. 5. O esposo volta a declarar o seu amor: [15] Eis que és formosa, ó amada minha, eis que és formosa; os teus olhos são como pombas. 6. A esposa responde: [16] Eis que és formoso, ó amado meu, como amável és também; o nosso leito é viçoso. [17] As traves da nossa casa são de cedro, e os caibros de cipreste.
  • 12. 1. Comentários adicionais ao texto do capítulo 1: A beleza poética e romântica, nas declarações responsivas do texto, se deve ao fato de estarmos falando do rei mais sábio e mais poderoso daquela época (anos 960 a.C.), exaltando a felicidade e amor que o rei, como supremo mandatário, granjeava com os seus casamentos e a formação de sua família: "O meu amado é para mim, como um ramalhete de hena nas vinhas de En-Gedi. Eis que és formosa, ó amada minha, eis que és formosa..." CC 1.14,15
  • 13. As declarações prosseguem no Capítulo 2 1. A esposa volta a declarar-se: [2.1] Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales. 2. A homem responde: [2] Qual o lírio entre os espinhos, tal é a minha amada entre as filhas. 3. A mulher retruca com carinho: [3] Qual a macieira entre as árvores do bosque, tal é o meu amado entre os filhos; com grande gozo sentei-me à sua sombra; e o seu fruto era doce ao meu paladar. [4]: Levou-me à sala do banquete, e o seu estandarte sobre mim era o amor. [5] Sustentai-me com passas, confortai-me com maçãs, porque desfaleço de amor. [6] A sua mão esquerda esteja debaixo da minha cabeça, e a sua mão direita me abrace. [7] Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, pelas gazelas e cervas do campo, que não acordeis nem desperteis o amor, até que ele o queira. [8] A voz do meu amado! eis que vem aí, saltando sobre os montes, pulando sobre os outeiros. [9] O meu amado é semelhante ao gamo, ou ao filho do veado; eis que está detrás da nossa parede, olhando pelas janelas, lançando os olhos pelas grades. [10] Fala o meu amado e me diz:
  • 14. Alguns destaques do Capítulo 2 444 4. O esposo responde em forma de poema: [10] Levanta-te, amada minha, formosa minha, e vem. [11] Pois eis que já passou o inverno; a chuva cessou, e se foi; [12]: aparecem as flores na terra; já chegou o tempo de cantarem as aves, e a voz da rola ouve-se em nossa terra. [13] A figueira começa a dar os seus primeiros figos; as vides estão em flor e exalam o seu aroma. Levanta-te, amada minha, formosa minha, e vem. [14] Pomba minha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me o teu semblante faze-me ouvir a tua voz; porque a tua voz é doce, e o teu semblante formoso. [15] Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas; pois as nossas vinhas estão em flor. 5. A esposa responde : [16] O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios. [17] Antes que refresque o dia, e fujam as sombras, volta, amado meu, e faze-te semelhante ao gamo ou ao filho dos veados sobre os montes de Beter.
  • 15. Comentários adicionais ao texto do capítulo 2: As declarações de amor se sucedem de parte a parte e delas podemos destacar neste capítulo, o enlevo poético e amoroso dos amantes. As imagens apresentadas, são próprias da época e comuns àquele tempo: "Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales... - declara a esposa. Ao que responde o esposo - Levanta-te, amada minha, formosa minha e vem... porque a tua voz é doce e o teu semblante formoso." CC 2.1,13,14
  • 16. As declarações prosseguem no Capítulo 3 1. A esposa anela pela presença do amado: [3.1] De noite, em meu leito, busquei aquele a quem ama a minha alma; busquei- o, porém não o achei. [2] Levantar-me-ei, pois, e rodearei a cidade; pelas ruas e pelas praças buscarei aquele a quem ama a minha alma. Busquei-o, porém não o achei. [3] Encontraram-me os guardas que rondavam pela cidade; eu lhes perguntei: Vistes, porventura, aquele a quem ama a minha alma? [4] Apenas me tinha apartado deles, quando achei aquele a quem ama a minha alma; detive-o, e não o deixei ir embora, até que o introduzi na casa de minha mãe, na câmara daquela que me concebeu. [5] Conjuro-vos, ó filhos de Jerusalém, pelas gazelas e cervas do campo, que não acordeis, nem desperteis o amor, até que ele o queira.
  • 17. As declarações prosseguem no Capítulo 3 1. E eis que ele se aproxima: [6] Que é isso que sobe do deserto, como colunas de fumaça, perfumado de mirra, de incenso, e de toda sorte de pós aromáticos do mercador? [7] Eis que é a liteira de Salomão; estão ao redor dela sessenta valentes, dos valentes de Israel, [8] todos armados de espadas, destros na guerra, cada um com a sua espada à cinta, por causa dos temores noturnos. [9] O rei Salomão fez para si um palanquim de madeira do Líbano. [10] Fez-lhe as colunas de prata, o estrado de ouro, o assento de púrpura, o interior carinhosamente revestido pelas filhas de Jerusalém. [11] Saí, ó filhas de Sião, e contemplai o rei Salomão com a coroa de que sua mãe o coroou no dia do seu desposório, no dia do júbilo do seu coração.
  • 18. Comentários adicionais ao texto do capítulo 3: Poderíamos dizer que o livro de Cântico dos Cânticos celebra o amor romântico e conjugal, algo de muito significado para os povos orientais e especialmente o judeu que via na consecução carnal produzida pelo casamento, a manifestação da bênção de Deus sobre a vida do casal com o nascimento dos filhos e filhas. O realce que deve ser dado ao fato deste livro estar contido no cânon hebraico, advém exatamente deste fato, pois historicamente para os homens judeus, a mulher, mesmo quando esposa, era tratada mais como serva, escrava, "objeto procriador", e não como amada, desejada e indispensável para o seu esposo, pelo muito que a amava. O texto deste capítulo 3, chega a ser um tanto sensual ou carnal em demasia, para alguns, no deslumbramento que a esposa demonstra pela volta do seu amado e como o aguarda para o encontro, sem dúvida sexual, de duas almas que se amam e se desejam mutuamente. Lembremos que isto estava previsto no plano de Deus, quando ainda no Jardim do Éden, ordenou aos nossos pais: "Crescei e multiplicai-vos... e serão uma só carne" Assim podemos entender: "De noite em meu leito, busquei aquele a quem ama a minha alma... quando o achei... não o deixei ir embora... até que o introduzi na câmara daquela que me concebeu." CC 3.1,4
  • 19. Alguns destaques do Capítulo 4 1. O noivo declara seu amor [4.1] Como és formosa, amada minha, eis que és formosa! os teus olhos são como pombas por detrás do teu véu; o teu cabelo é como o rebanho de cabras que descem pelas colinas de Gileade. [2] Os teus dentes são como o rebanho das ovelhas tosquiadas, que sobem do lavadouro, e das quais cada uma tem gêmeos, e nenhuma delas é desfilhada. [3] Os teus lábios são como um fio de escarlate, e a tua boca é formosa; as tuas faces são como as metades de uma romã por detrás do teu véu. [4] O teu pescoço é como a torre de Davi, edificada para sala de armas; no qual pendem mil broquéis, todos escudos de guerreiros valentes. [5] Os teus seios são como dois filhos gêmeos da gazela, que se apascentam entre os lírios. [6] Antes que refresque o dia e fujam as sombras, irei ao monte da mirra e ao outeiro do incenso. [7] Tu és toda formosa, amada minha, e em ti não há mancha. [8] Vem comigo do Líbano, noiva minha, vem comigo do Líbano. Olha desde o cume de Amana, desde o cume de Senir e de Hermom, desde os covis dos leões, desde os montes dos leopardos. [9] Enlevaste-me o coração, minha irmã, noiva minha; enlevaste-me o coração com um dos teus olhares, com um dos colares do teu pescoço.
  • 20. Alguns destaques do Capítulo 4 [10] Quão doce é o teu amor, minha irmã, noiva minha! quanto melhor é o teu amor do que o vinho! e o aroma dos teus ungüentos do que o de toda sorte e especiarias! [11] Os teus lábios destilam o mel, noiva minha; mel e leite estão debaixo da tua língua, e o cheiro dos teus vestidos é como o cheiro do Líbano.[12] Jardim fechado é minha irmã, minha noiva, sim, jardim fechado, fonte selada. [13] Os teus renovos são um pomar de romãs, com frutos excelentes; a hena juntamente com nardo, [14] o nardo, e o açafrão, o cálamo, e o cinamomo, com toda sorte de árvores de incenso; a mirra e o aloés, com todas as principais especiarias. [15] És fonte de jardim, poço de águas vivas, correntes que manam do Líbano! [16] Levanta-te, vento norte, e vem tu, vento sul; assopra no meu jardim, espalha os seus aromas. 2. a noiva responde ao noivo Entre o meu amado no seu jardim, e coma os seus frutos excelentes!
  • 21. Comentários adicionais ao texto do Capítulo 4 O livro de Cântico dos Cânticos surge no cânon bíblico para celebrar aquilo que seria o momento mais exponencial da vida humana, o clímax da união conjugal entre os dois sexos criados pelo Senhor, quando o amor os une e os faz viajar por sentimentos de carinhos, renúncia, dádivas, entregas, sem nada querer em troca, pois para isto ela e ele foram feitos. A visão do autor é a do amor romântico entre noivos que colimam a união matrimonial ou de cônjuges que anseiam pelo encontro e pela intimidade conjugal. Sabemos que na cultura judaica havia todo um ritual sobre isto. O Antigo Testamento e mesmo o Novo Testamento nos dão a entender sobre os simbolismos e cuidados com que eles ornavam e celebravam o casamento. Era uma festa de 7 dias, com processionais da noiva e de suas amigas, do noivo e seus amigos e toda uma festividade se desenrolando com cânticos, comes e bebes. Jesus participou de um deles em Caná da Galiléia. Temos que lembrar sempre que as expressões poéticas e as imagens de retórica aplicadas à atração sensual que têm um pelo outro, se não são comuns hoje em dia, pois os tempos são outros, expressam ainda o sentimento que une homem e mulher quando se sentem atraídos um pelo outro.
  • 22. Alguns destaques do Capítulo 5 [1. [5.1] Venho ao meu jardim, minha irmã, noiva minha, para colher a minha mirra com o meu bálsamo, para comer o meu favo com o meu mel, e beber o meu vinho com o meu leite. Comei, amigos, bebei abundantemente, ó amados. [2] Eu dormia, mas o meu coração velava. Eis a voz do meu amado! Está batendo: Abre-me, minha irmã, amada minha, pomba minha, minha imaculada; porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos das gotas da noite. [3] Já despi a minha túnica; como a tornarei a vestir? já lavei os meus pés; como os tornarei a sujar? [4] O meu amado meteu a sua mão pela fresta da porta, e o meu coração estremeceu por amor dele. [5] Eu me levantei para abrir ao meu amado; e as minhas mãos destilavam mirra, e os meus dedos gotejavam mirra sobre as aldravas da fechadura. [6] Eu abri ao meu amado, mas ele já se tinha retirado e ido embora. A minha alma tinha desfalecido quando ele falara. Busquei-o, mas não o pude encontrar; chamei-o, porém ele não me respondeu. [7] Encontraram-me os guardas que rondavam pela cidade; espancaram-me, feriram-me; tiraram-me o manto os guardas dos muros.
  • 23. Alguns destaques do Capítulo 5 [8] Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, se encontrardes o meu amado, que lhe digais que estou enferma de amor. [9] Que é o teu amado mais do que outro amado, ó tu, a mais formosa entre as mulheres? que é o teu amado mais do que outro amado, para que assim nos conjures? [10] O meu amado é cândido e rubicundo, o primeiro entre dez mil. [11] A sua cabeça é como o ouro mais refinado, os seus cabelos são crespos, pretos como o corvo. [12] Os seus olhos são como pombas junto às correntes das águas, lavados em leite, postos em engaste. [13] As suas faces são como um canteiro de bálsamo, os montões de ervas aromáticas; e os seus lábios são como lírios que gotejam mirra. [14] Os seus braços são como cilindros de ouro, guarnecidos de crisólitas; e o seu corpo é como obra de marfim, coberta de safiras. [15] As suas pernas como colunas de mármore, colocadas sobre bases de ouro refinado; o seu semblante como o Líbano, excelente como os cedros. [16] O seu falar é muitíssimo suave; sim, ele é totalmente desejável. Tal é o meu amado, e tal o meu amigo, ó filhas de Jerusalém.
  • 24. Comentários adicionais ao texto do capítulo 3: Estava faltando na Palavra de Deus um texto que celebrasse o amor conjugal criado por Deus em Gênesis. Quando o Senhor ali disse que “serão uma só carne”, celebrando assim o casamento de Adão e Eva, ficou faltando a festa, o banquete. O escritor do Gênesis, deu apenas início a uma celebração que seria marcante e permanente na Palavra de Deus: o casamento entre o homem e a mulher para a perpetuação da espécie, sim, mas também para a consumação da vida sexual que ele o Senhor incutiu naturalmente em cada um dos seres por ele criados. Abraão e Sara... Moisés e Joquebede... Davi e Bete-Sabá, simbolizam este amor cristalizado na vida marital, conjugal e sexual. Salomão agora em seus Cânticos dos Cânticos escreve então, sobre esta festa. Se em Gênesis não existe a comemoração das bodas, aqui em Cântico dos Cânticos ela está presente em todo o livro. Uma celebração do amor conjugal, reconhecendo-o como fundamental e maravilhoso para a felicidade de sua criatura, o homem e a mulher... Existe em certos textos de Cântico dos Cânticos uma linguagem que poderíamos chamar mesmo de sensual ou erótica. Lembremo- nos que aos olhos de Deus o amor sexual não é pecado, desde que compartilhado entre dois seres que se amam e se unem pelo casamento. A beleza física do homem e da mulher, que se tornam atraentes entre os cônjuges é perfeitamente compreensível pelo Senhor como o próprio texto nos demonstra. Este amor heterossexual é o que o Senhor espera de sua criatura que, saudavelmente, ama o seu parceiro conjugal e não os desvios e descalabros que a homossexualidade tem buscado fazer prevalecer nos tempos presentes com as paradas de gays e de lésbicas invadindo as cidades, num desvio comportamental, patológico e anormal sem igual, que a legislação moderna vem procurando abrigar e regulamentar.
  • 25. Alguns destaques do capítulo 6 [6.1] Para onde foi o teu amado, ó tu, a mais formosa entre as mulheres? para onde se retirou o teu amado a fim de que o busquemos juntamente contigo? [2] O meu amado desceu ao seu jardim, aos canteiros de bálsamo, para apascentar o rebanho nos jardins e para colher os lírios. [3] Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu; ele apascenta o rebanho entre os lírios. [4] Formosa és, amada minha, como Tirza, aprazível como Jerusalém, imponente como um exército com bandeiras. [5] Desvia de mim os teus olhos, porque eles me perturbam. O teu cabelo é como o rebanho de cabras que descem pelas colinas de Gileade. [6] Os teus dentes são como o rebanho de ovelhas que sobem do lavadouro, e das quais cada uma tem gêmeos, e nenhuma delas é desfilhada. [7] As tuas faces são como as metades de uma romã, por detrás do teu véu. [8] Há sessenta rainhas, oitenta concubinas, e virgens sem número. [9] Mas uma só é a minha pomba, a minha imaculada; ela e a única de sua mãe, a escolhida da que a deu à luz. As filhas viram-na e lhe chamaram bem-aventurada; viram-na as rainhas e as concubinas, e louvaram-na. [10] Quem é esta que aparece como a alva do dia, formosa como a lua, brilhante como o sol, imponente como um exército com bandeiras? [11] Desci ao jardim das nogueiras, para ver os renovos do vale, para ver se floresciam as vides e se as romanzeiras estavam em flor. [12] Antes de eu o sentir, pôs-me a minha alma nos carros do meu nobre povo. [13] Volta, volta, ó Sulamita; volta, volta, para que nós te vejamos. Por que quereis olhar para a Sulamita como para a dança de Maanaim?
  • 26. Comentários adicionais ao texto do Capítulo 6 Embora o livro seja escrito numa sociedade que aceitava a poligamia, especialmente numa casa real, e numa época em que o fato de ter mais de uma mulher em casa, e em classes diferenciadas para elas, pois existiam as esposas privilegiadas (as que advinham de castas sociais elevadas), as princesas que eram dadas em casamento por seus pais reis (para favorecer interesses do reino), as conselheiras (as mais velhas que serviam de orientadoras para as mais novas), as serviçais (que faziam o trabalho da casa), as mais jovens ou mais atraentes (separadas para o ato sexual com o senhor da casa), a verdade é que a mensagem nele contida em termos do relacionamento que conta, é sempre único e exclusivo. Embora a atração sexual seja bem evidenciada no texto, como o instrumento motor para a unidade conjugal, não há a interveniência de terceiras na relação do personagem principal (o meu amado), com a sua noiva, ou esposa, algumas vezes chamada de "irmã", para simbolizar a unidade de ambos (a minha amada). Eles são um do outro. Uma das instituições sociais mais degradadas pela sociedade moderna de hoje, infelizmente, é a da existência do leito conjugal sem mácula. A fidelidade conjugal é algo descartável aos olhos da mídia moderna. O casamento como instituição divina vem sofrendo os ataques mais cruéis do pecado, exatamente naquele seu mais sublime e belo atributo: a fidelidade conjugal. A exclusividade que o texto a seguir nos transmite, é o espírito puro e santo que o Senhor Deus deseja e espera no matrimônio cristão. Foi para isto que ele nos criou. Foi com esta finalidade que ele nos fez, homem e mulher. Para sermos um do outro, num vínculo permanente e indissolúvel.
  • 27. Alguns destaques do Capítulo 7 [7.1] Quão formosos são os teus pés nas sandálias, ó filha de príncipe! Os contornos das tuas coxas são como jóias, obra das mãos de artista. [2] O teu umbigo como uma taça redonda, a que não falta bebida; o teu ventre como montão de trigo, cercado de lírios. [3] Os teus seios são como dois filhos gêmeos da gazela. [4] O teu pescoço como a torre de marfim; os teus olhos como as piscinas de Hesbom, junto à porta de Bate-Rabim; o teu nariz é como torre do Líbano, que olha para Damasco. [5] A tua cabeça sobre ti é como o monte Carmelo, e os cabelos da tua cabeça como a púrpura; o rei está preso pelas tuas tranças. [6] Quão formosa, e quão aprazível és, ó amor em delícias! [7] Essa tua estatura é semelhante à palmeira, e os teus seios aos cachos de uvas. [8] Disse eu: Subirei à palmeira, pegarei em seus ramos; então sejam os teus seios como os cachos da vide, e o cheiro do teu fôlego como o das maçãs, [9] e os teus beijos como o bom vinho para o meu amado, que se bebe suavemente, e se escoa pelos lábios e dentes. [10] Eu sou do meu amado, e o seu amor é por mim. [11] Vem, ó amado meu, saiamos ao campo, passemos as noites nas aldeias. [12] Levantemo-nos de manhã para ir às vinhas, vejamos se florescem as vides, se estão abertas as suas flores, e se as romanzeiras já estão em flor; ali te darei o meu amor. [13] As mandrágoras exalam perfume, e às nossas portas há toda sorte de excelentes frutos, novos e velhos; eu os guardei para ti, ó meu amado.
  • 28. Alguns destaques do Capítulo 8 [8.1] Ah! quem me dera que foras como meu irmão, que mamou os seios de minha mãe! quando eu te encontrasse lá fora, eu te beijaria; e não me desprezariam! [2] Eu te levaria e te introduziria na casa de minha mãe, e tu me instruirias; eu te daria a beber vinho aromático, o mosto das minhas romãs. [3] A sua mão esquerda estaria debaixo da minha cabeça, e a sua direita me abraçaria. [4] Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, que não acordeis nem desperteis o amor, até que ele o queira. [5] Quem é esta que sobe do deserto, e vem encostada ao seu amado? Debaixo da macieira te despertei; ali esteve tua mãe com dores; ali esteve com dores aquela que te deu à luz. [6] Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço; porque o amor é forte como a morte; o ciúme é cruel como o Seol; a sua chama é chama de fogo, verdadeira labareda do Senhor. [7] As muitas águas não podem apagar o amor, nem os rios afogá-lo. Se alguém oferecesse todos os bens de sua casa pelo amor, seria de todo desprezado. [8] Temos uma irmã pequena, que ainda não tem seios; que faremos por nossa irmã, no dia em que ela for pedida em casamento? [9] Se ela for um muro, edificaremos sobre ela uma torrezinha de prata; e, se ela for uma porta, cercá-la-emos com tábuas de cedro. [10]: Eu era um muro, e os meus seios eram como as suas torres; então eu era aos seus olhos como aquela que acha paz. [11]: Teve Salomão uma vinha em Baal-Hamom; arrendou essa vinha a uns guardas; e cada um lhe devia trazer pelo seu fruto mil peças de prata. [12] A minha vinha que me pertence está diante de mim; tu, ó Salomão, terás as mil peças de prata, e os que guardam o fruto terão duzentas. [13] Ó tu, que habitas nos jardins, os companheiros estão atentos para ouvir a tua voz; faze-me, pois, também ouvi-la. [14] Vem depressa, amado meu, e faze- te semelhante ao gamo ou ao filho da gazela sobre os montes dos aromas.
  • 29. Comentários adicionais ao texto dos capítulo 7 e 8: Nestes dois últimos capítulos, nós temos a vida conjugal ou amorosa de dois seres que se amam e se entregam um ao outro, descrita de forma poética e figurada, em imagens que ficam difícil para o nosso melhor entendimento, dada a distância social, cultural e conjuntural que nos separa daquela época e daquele povo. O amor sexual é aqui celebrado: "Quão formosos são os teus pés... as tuas coxas... o teu umbigo... o teu ventre... os teus seios... o teu pescoço... os teus olhos... o teu nariz... a tua cabeça, os teus cabelos..." (7.1-5). Poderíamos mesmo afirmar que, não apenas celebrado, mas também consumado, pois toda a descrição que faz o rei de sua amada nestes versículos acima, é complementado por um texto que transmite o sentimento de satisfação sexual que a unidade física entre ambos deve ter-lhe trazido: "Quão formosa, e quão aprazível és, ó amor em delícias" (7.6). O autor, tece nestes dois capítulos uma espécie de diálogo, em que um responde ao outro. O primeiro faz declarações de amor e de carinho ao segundo, que por sua vez lhe responde com a mesma intensidade. A linguagem é poética e figurada, mas deseja exprimir a intensidade e a beleza do sentimento que une o casal. Algumas comparações e alusões são feitas aos componentes da vida familiar como instrumentos para a solidez deste amor: a mãe, o irmão, a irmã dando testemunho desta intimidade para sempre: "Põe-me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço; porque o amor é forte como a morte; o ciúme é cruel como o Seol; a sua chama é chama de fogo; verdadeira labareda do Senhor". (8.6). Uma das coisas mais belas na comunhão fraterna do ser humano é a perenidade do amor conjugal. Pessoas que se amam e se casam e celebram bodas de prata, de ouro, de brilhante, vivendo juntas para sempre. É um amor que não acaba nunca. Muda em seus aspectos íntimos com a idade, com os filhos, os netos, a velhice, mas não perde a sua intensidade nem a sua integridade, porque no plano de Deus, no dizer do escritor sacro do Cântico dos Cânticos: "as muitas águas não podem apagar o amor, nem os rios afogá-lo” (8.7).
  • 30. CONCLUSÃO Livros com estes que estudamos neste trimestre são para serem lidos e estudados com um espírito crítico bem apurado, para que possamos retirar dos ensinamentos neles contidos as verdades que o Senhor quer nos mostrar. Leiamos versículo a versículo, paremos um pouco e fechemos os olhos. Indaguemo- nos então: O que este texto quer nos dizer? Isto chama-se reflexão! E é a isto que nos convidam os