O documento discute o silêncio no céu após a abertura do sétimo selo no Apocalipse, analisando possíveis interpretações deste evento à luz do Antigo Testamento. Também explica o significado das quatro primeiras trombetas, relacionando-as às pragas do Egito e à idolatria.
2. Antes de tudo, o que precisamos
saber ou lembrar é que com a
abertura do sétimo selo, o rolo de
manuscrito (Apoc. 5. 1 a 8) agora
está aberto ou liberado para tal e os
eventos que dão início à
eternidade, visto que até então
temos “apenas” um prenúncio
ou uma introdução,
do que está prestes a começar.
3. Repito, seguindo a imagem do rolo
de manuscrito selado com sete
selos em 5.1, esse rolo, que
contém os últimos eventos da
história humana e o plano para o
escaton, está agora, ao que tudo
indica, liberado e pronto para ser
aberto e lido.
4. Todavia, um evento surpreendente
acontece. Em vez de uma ação
angelical como nos outros selos,
há um dramático...
O que?
5. “E, havendo aberto o sétimo selo,
fez-se silênciono céu
quase por meia hora.”
Apocalipse 8:1
7. A razão para este silêncio tem sido
amplamente discutida, resultando em
diversas interpretações distintas. Como
veremos a seguir:
1.Silêncio no céu para que as orações
do povo de Deus possam ser ouvidas.
2. Uma simples cessação temporária
da revelação.
8. 3. Uma pausa dramática indicando
a reverência e o pavor enquanto as
hostes celestiais aguardam os
eventos vindouros.
4. Uma indicação de que as visões
dos selos estão agora completas.
5. Uma expectativa intensa da
intervenção divina.
9. O AT nos ajuda para uma melhor
compreensão deste fato. Seus autores,
por exemplo, compreendem
o “silêncio” como:
1. Uma expectativa da ação iminente
de Deus.
Ouçamos os textos:
10. Êxodo 14: 13 Moisés, porém, disse ao
povo: Não temais; estai quietos, e vede
o livramento do SENHOR, que hoje vos
fará; porque aos egípcios, que hoje
vistes, nunca mais os tornareis a ver.14
O SENHOR pelejará por vós,
e vós vos calareis.
Sal. 46.10 "Aquietai-vos, e sabei que
eu sou Deus; serei exaltado entre os
gentios; serei exaltado sobre a terra."
11. Os autores do AT também,
compreendem o “silêncio” como:
2. Uma resposta natural à
onipotência divina.
Habacuque 2.20 Mas o SENHOR está
no seu santo templo; cale-se diante
Dele toda a terra.
12. Ainda sim, Os autores do AT também,
compreendem o “silêncio” como:
3. Um pavor reverente à luz de sua
vinda em juízo.
Sofonias 1.7 Cala-te diante do
Senhor DEUS, porque o dia do
SENHOR está perto.
13. Para Pierre Prigent, “essa última opção
apresenta um pano de fundo mais
natural para o silêncio de Apoc. 8.1.
Todos no céu – continua – estão em
uma intensa expectativa enquanto
aguardam as últimas ações de Deus
conduzindo a história ao seu fim...o
rolo de manuscrito está sendo aberto e
mal podem esperar para que os últimos
acontecimentos sejam revelados.”
14. Ainda sim, é preciso ressaltar que tal
silêncio não significa que nada
estivesse acontecendo. Bauckham, por
exemplo, vê as ações do anjo levando
o incensário dourado com as orações
dos santos como parte deste silêncio.
...
15. Os seja, mesmo com tantas
possibilidades para esta pausa, três
são as mais prováveis.
1.A expectativa do juízo de Deus a ser
revelado.
2. O silêncio celestial litúrgico diante da
oferta do incenso que são as orações
dos santos.
3. As duas anteriores juntas.
16. Findou o silêncio, o conteúdo do
manuscrito será agora desvendado nas
trombetas e taças. Veremos que,
embora as trombetas representam o
centro destes três conjuntos de sete
juízos, elas estão mais relacionadas
em estilo e essência com as taças do
que com os selos...
17. Como vimos, os selos são juízos
preliminares que exploram a condição
pecaminosa da humanidade e
demonstram a necessidade de juízo.
Neste ínterim, os santos são selados e
protegidos da ira divina, ainda que
enfrentem a ira dos habitantes da
terra...
18. Assim chegamos ao silêncio celestial
que está mais para uma muda
expectativa da ação de Deus e para
sua resposta às orações dos santos do
que para qualquer outra coisa.
Assim, para Osborne, podemos
concluir que até mesmo por trás da
execução de juízo, há adoração.
19. Já sobre as trombetas, aprenderemos
que são dirigidas contra a idolatria tão
predominante nos dias de João (e
também em nossos dias); assim como
também perceberemos que as quatro
primeiras recapitulam as
pragas no Egito, as quais foram
direcionadas aos deuses do Egito.
20. Além disso, na quinta e na sexta
trombetas – como veremos – outro
tema é introduzido: o chamado ao
arrependimento. Dessa forma, as
trombetas participam da missão divina
no mundo, tema presente em todo
livro, e tanto estabelecem uma prova
divina do poder de Deus sobre os
deuses terrenos, quanto também
oferecem a última oportunidade
para o arrependimento.
21. O fato de receberem essas trombetas
tornou esses anjos como arautos reais
das ações do Reis dos reis ( o que
encontra paralelo em vários outros
momentos da bíblia).
Para se ter um ideia, as trombetas não
eram tocadas apenas em tempos de
guerra (Jer. 51.27), mas também:
22. Na consagração do templo.
Na entronização de um rei.
Nas festas religiosas.
Na convocação ao arrependimento.
Antes dos sacrifícios dos holocaustos.
Quando a arca foi levada
para Jerusalém.
Na consagração dos muros.
Na revelação de Deus a
Moisés no Sinai...
23. Mas, talvez a maior identificação do
povo com o soar das trombetas, tenha
sido como anunciadora do
Juízo de Javé.
Ouçamos:
24. Isaías 27: 13 E será naquele dia
que se tocará uma grande
trombeta, e os que andavam
perdidos pela terra da Assíria, e os
que foram desterrados para a terra
do Egito, tornarão a vir, e adorarão
ao SENHOR no monte
santo em Jerusalém.
25. Joel 2:1 TOCAI a trombeta em Sião, e
clamai em alta voz no meu santo
monte; tremam todos os moradores da
terra, porque o dia do SENHOR vem,
já está perto;
Zacarías 9: 14 E o SENHOR será visto
sobre eles, e as suas flechas sairão
como o relâmpago; e o Senhor DEUS
fará soar a trombeta, e irá com os
redemoinhos do sul.
26. Essa ligação da trombeta com o juízo
de Deus se estendeu ao NT.
E ele enviará os seus anjos com
grande som de trombeta, e estes
reunirão os seus eleitos dos
quatro ventos, de uma a outra
extremidade dos céus.
Mateus 24:31
27. 1ª Coríntios 15: 52 Num momento,
num abrir e fechar de olhos, ante a
última trombeta; porque a trombeta
soará, e os mortos ressuscitarão
incorruptíveis, e nós seremos
transformados.
28. 1ª Tes. 4. 16 Porque o mesmo
Senhor descerá do céu com
alarido, e com voz de arcanjo, e
com a trombeta de Deus;
e os que morreram em Cristo
ressuscitarão primeiro.
29. Talvez seja também por isso que a
igreja primitiva, segundo a tradição
cristã, interpretava os eventos
apocalípticos realmente iminentes,
como para sua geração.
Seria bom se tivéssemos
esse mesmo temor!
30. A revelação continua e assim lemos:
Veio outro anjo e parou diante do altar,
tendo um turíbulo de ouro; e foi-lhe
dado muito incenso para o ajuntar às
orações de todos os santos sobre o
altar de ouro, que estava diante do
trono.
Apocalipse 8:3
31. Como afirmamos anteriormente, um
dos temas dos selos, trombetas e taças
é que o derramamento do juízo se dá
em resposta às orações dos santos.
Aqui vemos Deus aceitando aquelas
orações de imprecação como um
‘aroma suave’.
Deus não somente ouviu as orações,
como às atendeu.
32. Para Osborne, isso nos mostra que
essas orações, ainda que
imprecatórias, não somente estão de
acordo com sua vontade (Romanos
12.19), como também têm espaço na
vida do crente. Vale lembrar, que os
juízos de fogo que se seguirão são as
respostas de Deus e sua vingança em
favor do seu povo por tudo que
sofreram por causa do Seu nome.
33. Tais orações, continua Osborne, nos
permitem apresentar nossas feridas
profundas diante de Deus e saber que
Ele lidará de forma justa com os que
nos maltratam. Portanto, podemos
vencer as feridas profundas que
sofremos e amar as pessoas difíceis de
amar, como Paulo nos ensina em
Romanos 12. 14-21. Ouçamos:
34. Abençoai aos que vos perseguem;
abençoai, e não amaldiçoeis.
Alegrai-vos com os que se alegram;
chorai com os que choram.
Tende o mesmo sentimento uns para
com os outros; não cuideis nas coisas
altivas, mas acomodai-vos às
humildes. Não sejais sábios aos
vossos olhos.
35. Não torneis a ninguém mal por mal;
cuidai em coisas dignas diante de
todos os homens;
se for possível, quanto depender de
vós, tende paz com todos os homens;
não vos vingueis a vós mesmos,
amados, mas dai lugar à ira de Deus;
porque está escrito: Minha é a
vingança, eu retribuirei, diz o Senhor.
36. Antes se o teu inimigo tiver fome, dá-
lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de
beber; porque, fazendo isto,
amontoarás brasas vivas sobre a
cabeça dele.
Não te deixes vencer do mal, mas
vence o mal com o bem.
Romanos 12:14-21
37. Não é fácil, mas é assim que Deus
espera que oremos em favor dos que
querem ou nos fazem mau. Pois assim
nossas orações serão recebidas como
aroma suave. Ou seja, só assim
nossas orações serão
agradáveis a Deus!
Deus nos abençoe, sempre!
40. Como mencionado na aula anterior, os
juízos dessas quatro trombetas
reproduzem as pragas egípcias e
remetem, como veremos, ao problema
da idolatria (os deuses terrenos), não
somente no Império Romano, como
também entre as seitas “cristãs” que
contaminavam algumas igrejas
da província da Ásia.
41. Então, com que propósito esses juízos
se estabelecerão?
1.Provar o poder e a soberania
de Deus.
2. Dar a última oportunidade de
arrependimento.
42. Veremos que em cada uma das
trombetas mais uma parte do mundo
experimenta a destruição parcial e,
cada um dos juízos reproduz a ação de
8.5, na qual um anjo enche o
incensário de fogo e o lança sobre a
terra. A trombeta será tocada
e um juízo será lançado
sobre a terra.
43. Só para ratificar toda questão
progressiva já abordada,
ressalto que os juízos das
trombetas intensificam os juízos
dos selos afetando um terço da
terra, e são intensificados pelos
juízos das taças que
afetam o mundo todo.
44. Primeira trombeta!
Tocou o primeiro a trombeta. Seguiu-se
saraiva (granizo) e fogo, misturados
com sangue, e foram lançados sobre a
terra: foi queimada a terça parte da
terra, e a terça parte das árvores, e
toda a erva verde.
Apocalipse 8:7
46. Podemos ver então uma correlação
inegável com a praga do Egito, mas
também precisamos admitir que os
acontecimentos da primeira trombeta
irão além das coisas que aconteceram
no Egito, ainda que Deus tenha feito
com que o Egito experimentasse a pior
tempestade de sua história, não pode
se comparar de modo pleno o
que há de acontecer quando a
1ª trombeta for tocada.
47. Quando lemos o AT, aprendemos que
o granizo é um juízo constante em
seus acontecimentos. Ouçamos:
Josué 10.11 - E sucedeu que fugindo
eles de diante de Israel, à descida de
Bete-Horom, o SENHOR lançou sobre
eles, do céu, grandes pedras, até
Azeca, e morreram; e foram muitos
mais os que morreram das pedras da
saraiva do que os que os filhos de
Israel mataram à espada.
48. Em Jó, encontramos um certo bom
humor da parte de Deus até mesmo
quando resolve impetrar juízo sobre os
inimigos de Jó. Disse o Senhor: “tenho
reservado tesouros de granizo para
seus inimigos”-(paráfrase de suas
palavras – Jó 37...).
49. Aliás, em vários Salmos Deus é
celebrado por usar o granizo
em seus juízos. Exemplo:
Destruiu com saraiva as vinhas
deles, E as suas figueiras com
chuva de pedra. Entregou à saraiva
o gado deles, E aos raios
os seus rebanhos.
Salmos 78:47-48
50. Em fim, como antecipei, o juízo da
trombeta ultrapassa o granizo do AT
porque ao granizo é acrescentado fogo
e ambos são misturados com “sangue”,
provável referência a Joel 2.30, 31. –
E mostrarei prodígios no céu, e na
terra, sangue e fogo, e colunas de
fumaça. O sol se converterá em trevas,
e a lua em sangue, antes que venha o
grande e terrível dia do SENHOR.
51. Como resultado do soar da 1ª
trombeta, um terço da terra, e um terço
das árvores e a relva serão
queimados e destruídos.
O que é sim uma
grande tragédia!
52. A segunda trombeta destrói um
terço das águas do oceano e faz
paralelo com a primeira praga do Egito.
E o segundo anjo tocou a trombeta; e foi
lançada no mar uma coisa como um
grande monte ardendo em fogo, e tornou-
se em sangue a terça parte do mar. E
morreu a terça parte das criaturas que
tinham vida no mar; e perdeu-se a terça
parte das naus.
54. Devemos notar uma diferença. No
Egito lemos que a praga foi causada
pela vara de Moisés, já em apocalipse,
o juízo é causado por um objeto
aterrorizador como um grande monte
em chamas. Notem – “como” um monte
e não literalmente um monte - Talvez
uma massa enorme em chamas
voando em direção à terra.
55. Uma das possibilidades mais próximas
indica que Deus esteja se referindo a
um meteorito, principalmente porque se
acreditava que os meteoros eram
sinais da ação direta dos deuses.
Fato é que quando o “monte” em
chamas cai no mar, os resultados
foram devastadores...
56. Devemos pensar que João está
falando, primeiramente, para um povo
que dependia enormemente do mar
para seu comércio e sobrevivência.
Para se ter uma ideia, as rotas
marítimas eram chamadas de
“A força vital de Roma”.
Portanto, essa trombeta, significava
falência, miséria e devastação
de suas estruturas.
57. Na terceira trombeta encontramos
mais uma alusão à 1ª praga do Egito.
E o terceiro anjo tocou a sua trombeta, e
caiu do céu uma grande estrela ardendo
como uma tocha, e caiu sobre a terça parte
dos rios, e sobre as fontes das águas.E o
nome da estrela era Absinto, e a terça
parte das águas tornou-se em absinto, e
muitos homens morreram das águas,
porque se tornaram amargas.
58. Aqui são atingidos os rios e as fontes
das águas. A diferença que no lugar de
um grande ‘monte’, está uma grande
estrela queimando como tocha. É
igualmente possível que se trate de um
meteorito ou uma estrela cadente
queimando ao rasgar a atmosfera
enquanto caía na terra.
59. Mais uma vez Deus toca na
segurança e na certeza de todo um
povo que se orgulhava e tinha nas
‘fontes das águas’ a garantia de
que jamais teriam sede. Tais fontes
tinham o sentido metafórico de
‘fontes de vida’.
60. Portanto, esse juízo pode ter o
propósito de ressaltar que Deus vai
inverter o sentido de ‘fonte de vida’
para ‘fonte de morte’, amargura e
tristeza, simbolizados pelo absinto
(uma pequena planta extremamente
amarga). Pois se recusaram a crer na
verdadeira fonte de água viva,
que é Cristo!
61. Chegamos à quarta trombeta que
reproduz a nona praga do Egito.
E o quarto anjo tocou a sua trombeta, e
foi ferida a terça parte do sol, e a terça
parte da lua, e a terça parte das
estrelas; para que a terça parte deles
se escurecesse, e a terça parte do dia
não brilhasse, e semelhantemente
a noite.
63. Ao soar desta trombeta, mais uma vez
os luminares celestiais são ‘feridos’
afetando um terço do dia e da noite.
Assim,
Tanto o dia quanto à noite ficam
igualmente sem luz. A escuridão
dura um terço de ambos períodos.
A escuridão é escuridão mesmo.
Não haverá luz alguma...
64. Devemos admitir que será um tempo
de trevas, deste modo, até sobre as
trevas Deus tem o controle e a usará
para juízo deste mundo que já havia
sido predito pelo seu filho, como nos
revela Marcos.
Ouçamos o texto:
65. Mas vós vede; eis que de antemão
vos tenho dito tudo. Ora, naqueles
dias, depois daquela aflição, o sol
se escurecerá, e a lua não dará a
sua luz. E as estrelas cairão do
céu, e as forças que estão nos céus
serão abaladas.
Marcos 13:23-25
66. O que fica ou, ao menos, deve
permanecer em nossos corações
diante do que ouvimos nesta manhã é
que por meio das primeiras quatro
trombetas Deus prova o seu poder ao
desbancar os poderes terrenos e prova
que toda confiança não depositada
Nele será envergonhada.
67. O juízo da primeira trombeta mostra
que a confiança terrena não é a
resposta.
Os juízos da segunda e terceira
trombetas mostram que o mundo
material não é a resposta
O juízo da quarta trombeta mostra que
a vida centrada em si mesmo não é a
resposta.
68. Em resumo, as quatro trombetas juntas
provam que aquele que vive somente
para este mundo e fazem deste mundo
o seu fim, é um tolo. Pois a verdadeira
vida está em Deus. Haverá um dia em
que as coisas terrenas se voltarão
para este tipo de pessoa,
que não sejamos nós.
Deus nos abençoe!