1) A análise discute como o carro é visto como símbolo de status social no Brasil e como isso promove comportamentos agressivos no trânsito.
2) A sociedade brasileira é marcada por desigualdades e uma mentalidade hierárquica que classifica objetos e pessoas.
3) Isso resulta em constantes conflitos no trânsito, onde as normas deveriam assegurar igualdade para todos.
3. Quem de nós nunca se deparou com o fato de
julgar, de ser julgado ou de ser “aferido”
socialmente, de acordo com o veículo que
tem? Raramente tenho ouvido um não como
resposta a este questionamento.
Num país capitalista como é o Brasil, não é de se
espantar que a cultura do ter infelizmente se
sobreponha à cultura do ser. Há décadas o carro
tem sido visto como símbolo de status social e
de elemento de consumo. Para muitos,
transmite a idéia da supremacia sobre os outros.
4. Os automóveis prometem altas velocidades, dando a sensação de
superação dos limites, apesar de que na maioria das estradas não
é permitido mais do que 110 km por hora.
A cada dia aumenta a frota de veículos circulando e aumentam
também os problemas gerados pelo uso do automóvel, como a
emissão de gases poluentes, o aquecimento global, o estresse,
caos urbano etc.
Uma grande parte dos motoristas circulam pelo espaço urbano
avançando sobre os pedestres, xingando e fechando os outros
motoristas, com a falsa sensação de que a máquina é uma
armadura.Vivendo num contexto que estimula o individualismo e
a competição, para alguns, manter um comportamento ético e
solidário torna-se um desafio!
5. Diante do mito do carro, objeto e símbolo de poder e
status, o ser humano fica relegado a um segundo
plano. O carro passou a ser o dono das ruas e o
homem faz de tudo para tê-lo. O ser humano deixou
de ser o senhor para ser o servo da máquina. Ou
seja, o homem vale a potência de seu carro e sua
habilidade ao volante. As diferenças sociais
reforçam ainda mais a desvalorização do ser humano
como cidadão. Desta forma, o trânsito reflete a nossa
sociedade extremamente desigual, implícita
através do individualismo, da impunidade e da falta
de solidariedade e respeito. Até quando a "lei do mais
forte" ou do “mais esperto” vai continuar imperando?
6.
7. Brasil – país de heranças coloniais, uma
minoria privilegiada e detrimento de uma
maioria que trabalha
sociedades
escravista e
aristocrática
8. Assim, quem anda a
pé, se locomove de
bicicleta ou utiliza os
meios de transportes
coletivos, via de regra,
é visto em nossa
sociedade como um
ser menos importante
ou de menos poder
social.
9. Mas a situação
pode piorar, é
comum ver carros
parados em vagas
para deficientes, e
a história é
sempre a mesma,
de que foi rápido
ou que não havia
percebido
10. Rua, concebida dentro de um contexto
igualitário aberto a todos, pode se tornar
hierarquizada e como a violência e a loucura
dos condutores e pedestres têm crescido em
decorrência disso.
11. No Brasil, a utilização do carro como principal
instrumento de transporte é seguido por uma
série de concepções ligadas aos modelos
aristocrático e individualista, personificados
na ocupação do espaço público realizado por
dona Carlota Joaquina
12.
13. O carro faz com que os
indivíduos não entrem
em contato uns com os
outros, mas por outro
lado possibilita o poder
da liberdade e a
consequência disso é um
cidadão repleto de
direitos e vazio de
deveres.
14. - soc. Aristocrática não obedecer leis é sinônimo
de superioridade
- não somos socializados para obedecer normas,
obediência = inferioridade
- qto mais se desobedece mais importante.
- países como Alemanha vc é levado a delegacia
algemado se atravessar a rua indevidamente
a palavra guarda vem de “guardião das normas”
15.
16. Os crimes de trânsito são recentes no código
penal, acidentar alguém era até a pouco tempo
uma coisa como um “acidente”, uma fatalidade!
dificuldade do brasileiro em cumprir leis, bem
como a mentalidade hierárquica que classifica
objetos e pessoas como superiores ou inferiores,
resultando disso uma situação de constante
conflito e tensão, num espaço onde,
presumidamente, acredita-se ser o espaço de
igualdade para todos
17. Se no Carnaval o
brasileiro é visto em
toda sua cordialidade
como um sujeito alegre
e sem preocupações, no
trânsito esse mesmo
sujeito torna-se
agressivo e tem a
necessidade de
ultrapassar todos os
obstáculos que estão na
sua frente (pedestres,
ciclistas, semáforos
etc.).
18. ( Lei seca é uma lei recente, beber e dirigir era muito normal, um indívíduo
inocente passeando com a família, e sem querer...UMA FATALIDADE !
19. Entre a concepção de rua como um espaço
construído para todos, e indivíduos com uma
mentalidade marcada pela hierarquia
aristocrática.Além disso, há no Brasil uma
crença compartilhada por condutores de
veículos, motociclistas e pedestres: a de que
os problemas do trânsito estão relacionados
a fatores externos – ausência de políticas
públicas relacionadas à questão.
20. A sociedade muda o Estado e não o contrário,
quem faz o Estado é o povo, é preciso mudar
os valores, compreender nosso
comportamento diário e suas implicâncias,
no caso do trânsito, dirigir não é seguir
normas mas agir racionalmente, no trânsito
atitudes de superioridade produz perdas e
destruição
21. Situações de injustiça e crueldade
que já passamos ou impusemos a
alguém
Além da experiência
de alteridade,
podemos
experimentar a
sensação de
estranhamento, visto
que, de uma forma
geral, ao sair de casa,
estamos preparados
para tudo e não nos
damos conta do nível
de insensatez e
selvageria que toma
conta das ruas, onde
o carro é o principal
instrumento de status
e opressão.