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SUBSECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE
SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E AMBIENTAL
COORDENAÇÃO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
DIVISÃO DE TRANSMISSÍVEIS E IMUNOPREVINÍVEIS
GERENCIA DE DOENÇAS TRANSMITIDAS POR VETORES E ZOONOSES
Rio de Janeiro, 19 de junho de 2013.
BOLETIM TÉCNICO Nº 4/2013 - GDTVZ/DTI/CVE/SVEA/SVS-SES/RJ
ASSUNTO: INTENSIFICAÇÃO DA VIGILÂNCIA PARA FEBRE MACULOSA BRASILEIRA (FMB)
Considerando a presença endêmica da FMB no Estado do Rio de Janeiro com surtos recorrentes da doença
em animais e seres humanos, alertamos para necessidade de intensificação da vigilância do agravo em nosso
estado, bem como da inserção da FMB na suspeição clínica pela assistência, inclusive no diagnóstico diferencial
para agravos como dengue e leptospirose, quando indicado, conforme descrevemos a diante.
Alertamos para a necessidade de preparação/atenção pelos serviços de vigilância e assistência municipais,
quanto ao enfrentamento de novos ciclos de transmissão da doença em animais e seres humanos no estado, em
especial no período que se aproxima: entre os meses de JULHO a OUTBRO, onde há maior ocorrência da doença
conforme observado e descrito na Nota Técnica Nº 6/2012 - GDTVZ/DTI/CVE/SVEA/SVS-SESRJ.
Durante o ano de 2012 e o período de janeiro a junho de 2013, excetuando os casos descartados foram
registrados no SINAN/RJ (Sistema Nacional de Agravos de Notificação) o total de 25 casos humanos de FMB, dos
quais somente 4 foram confirmados e a maioria (21 casos ou 84%) permanece como ignorado/branco ou
inconclusivo no banco.
Fonte: SINAN – GDTVZ/SES RJ, dados atualizados em 18 de junho de 2013 e sujeitos à revisão.
Atenção: recomendamos o repasse deste Boletim Técnico para as unidades de saúde e clínicas veterinárias
nos municípios envolvidos, alertando os profissionais da área. Cada município deve atentar para substituir no
documento os contatos (e-mail e telefone) de suas vigilâncias e referências municipais.
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SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E AMBIENTAL
COORDENAÇÃO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
DIVISÃO DE TRANSMISSÍVEIS E IMUNOPREVINÍVEIS
GERENCIA DE DOENÇAS TRANSMITIDAS POR VETORES E ZOONOSES
Os quatro casos confirmados estão distribuídos conforme município de ocorrência/notificação da seguinte
forma: UM caso no Município de Comendador Levy Gasparian, UM caso no Município de Itaperuna, UM caso no
Município de Petrópolis e UM caso no Município do Rio de Janeiro. Quanto ao município de residência, exceto o
caso que ocorreu no Município do Rio de Janeiro e que residia em outro município: Belford Roxo, os demais
residiam no mesmo município de ocorrência. Entretanto, os campos para informação de autoctonia e município
fonte de infecção só aparecem preenchidos em 2 casos (50%): sendo a caso de Itaperuna autóctone para o
município de residência (Itaperuna) e o caso do Rio de Janeiro não autóctone para o município de residência
(Belford Roxo), constando neste como município fonte de infecção o próprio município de ocorrência, o Rio de
Janeiro. Os outros 2 casos estão com estes campos ignorados ou em branco.
Com relação ao critério de confirmação de tais casos metade ou 2 deles foi confirmada pelo critério clínico
epidemiológico e os outros 2 pelo critério laboratorial: um IgM reagente e um detectado no exame molecular.
Quanto à evolução dos casos confirmados de FMB em 2012 e no período de janeiro a junho de 2013 no
Estado do Rio de Janeiro, 3 evoluiram para óbito, o que representa 75% do total de casos confirmados.
FMB é a rickettsiose mais prevalente e conhecida no Brasil, trata-se de uma zoonose causada pela bactéria
Rickettsia rickettsii transmitida por artrópodes vetores como ácaros, carrapatos, piolhos e pulgas. Os carrapatos
da espécie Amblyomma cajennense (“carrapato estrela”) são os vetores mais reconhecidos no ciclo de transmissão
da FMB e diferente dos animais vertebrados como cães e gatos que raramente apresentam rickettsemia, os
carrapatos permanecem infectados por toda vida (18 a 36 meses), funcionando também como reservatórios.
Estudos demonstram que os equídeos, roedores como a capivara e marsupiais como o gambá apresentam papel
importante no ciclo de transmissão da FMB, funcionando como reservatórios ou amplificadores além de
transportarem carrapatos possivelmente infectados. A transmissão geralmente ocorre quando o carrapato
infectado permanece aderido ao hospedeiro por um período de 4 a 6 horas.
Grande parte dos casos de óbitos pela FMB ocorre em função da demora na suspeição diagnóstica e,
portanto, no início do tratamento adequado, em geral, a primeira hipótese diagnóstica é dengue ou leptospirose.
Logo, apontamos para a necessidade de alerta junto às unidades de saúde (assistência) para inclusão da FMB na
suspeição do diagnóstico clínico, juntamente com dengue e leptospirose nos casos que apresentem os sintomas
comuns a esses agravos como febre, cefaleia, mialgia, manchas vermelhas pelo corpo (exantema, petéquias). Na
FMB é importante levantar o histórico do paciente para contato com carrapatos ou animais supracitados, pois
muitas vezes a pessoa não percebe a presença do carrapato no corpo.
É fundamental iniciar IMEDIATAMENTE o tratamento com os medicamentos recomendados (doxiciclina e
cloranfenicol) no protocolo de tratamento do Ministério da Saúde (Guia de Vigilância Epidemiológica, 2010) assim
que se der a suspeita clínica, não sendo recomendado esperar pela confirmação laboratorial.
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Definição de caso suspeito de FMB no ser humano:
Individuo que apresente febre de inicio súbito, cefaleia, mialgia e historia de picada de carrapatos e/ou ter
frequentado área sabidamente de transmissão de febre maculosa nos últimos 15 dias; ou Individuo que
apresente febre de inicio súbito, cefaleia e mialgia, seguido de aparecimento de exantema maculopapular
entre o 2o
e 5o
dias de evolução e/ou manifestações hemorrágicas.
Antibioticoterapia Recomendada
Fonte: Guia de Vigilância Epidemiológica, Ministério da Saúde, 2010.
Todo caso suspeito de febre maculosa requer notificação compulsória e investigação, por se tratar de doença
grave. Um caso pode significar a existência de um surto, o que impõe a adoção imediata de medidas de controle,
desde a assistência aos pacientes até a vigilância epidemiológica e ambiental, incluído medidas de controle do
carrapato vetor. Em função do ciclo de vida do carrapato que permite sua sobrevivência durante longo período sem
se alimentar (sangue de animais e seres humanos) medidas de controle são demoradas e devem ser monitoradas.
No período de abril a outubro o risco de transmissão da FMB aumenta em função do ciclo do carrapato, pois
nestes meses há maior proporção no ambiente de fases jovens dos carrapatos, mais envolvidas na transmissão, pois
o carrapato adulto geralmente é facilmente detectado pelo ser humano e retirado, não chegando a ficar aderido
durante horas ao hospedeiro.
Em caso de ocorrência/suspeição de casos de FMB em animais e presença de vetores, para medidas de
controle que se fazem necessárias a Vigilância Ambiental Municipal deve ser informada e esta, informar a
Vigilância Ambiental Estadual através dos seguintes contatos: vigambiental@saude.rj.gov.br; telefones – (21)
2333-3899/3842. Lembramos que a ficha do SINAN para EPIZOOTIAS pode ser utilizada para notificação da
ocorrência de caso ou surto em animais.
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Em caso de ocorrência/suspeição de casos de FMB em seres humanos a notificação (pelas unidades
saúde às vigilâncias municipais) e investigação epidemiológica são obrigatórias, com uso dos instrumentos
previamente conhecidos (SINAN e suas fichas específicas para FMB), com inserção/digitação dos dados no SINAN e
devida transferência dos lotes ao estado. Além dos instrumentos e fluxos citados solicitamos que a Vigilância
Epidemiológica Municipal informe a Estadual através dos seguintes contatos: e-mail – adtvz@saude.rj.gov.br;
telefones – (21) 2333-3881/3878.
Para confirmação diagnóstica laboratorial do caso humano suspeito de FMB amostras de sangue devem ser
coletadas e enviadas para o Lacen-RJ (e-mail – dgnnutels@saude.rj.gov.br e telefones – (21) 2332-8597 e 2332-
8606), seguindo protocolos contidos no Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde (disponível na
página/site do Ministério da Saúde): coleta e envio de 2 amostras com intervalo entre elas de 14 a 21 dias, coleta da
1ª amostra a partir do 7º ao 10º dia de doença.
Quanto às ações de Vigilância Entomológica e encaminhamento do vetor (carrapato) para identificação
taxonômica, quando necessário, entrar em contato com o Centro de Estudos e Pesquisa em Antropozoonoses
Máximo da Fonseca Filho (Cepa/Lacen/SVS/SES RJ) (e-mail – svs.cepa@saude.rj.gov.br, cepa.nnutels@gmail.com;
telefones – (21) 2332-8597 e 2332-8606).
Lembramos que é de grande relevância que as Vigilâncias Ambiental e Epidemiológica Municipais
troquem/repassem as informações entre si e alertem as unidades de saúde do município, sempre que necessário.
ATENÇÃO: Recomendamos a divulgação desta Nota Técnica entre os demais setores e unidades de saúde pelos
municípios com ocorrência de casos de FMB. Entretanto, considerando o deslocamento cada vez maior de pessoas
entre cidades, estamos enviando o presente para ciência por todos os 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro.
Nos colocamos à disposição, atenciosamente,
Gerência de Doenças Transmitidas por Vetores e Zoonoses – GDTVZ/SES/RJ
Referências Bibliográficas:
Brasil. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de
Vigilância Epidemiológica. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010.
Brasil. Ministério da Saúde. Doenças Infecciosas e Parasitárias: guia de bolso / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde,
Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 8ª Ed. rev. Ministério da Saúde, 2010.
Sociedade de Infectologia do Estado do Rio de Janeiro (SIERJ) – Rickettsioses: breves considerações. Dra. Elba Regina Sampaio de Lemos,
Instituto Oswaldo Cruz/IOC. Boletim Informativo SIERJ, n° 38, 2012.

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  • 1. SUBSECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E AMBIENTAL COORDENAÇÃO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DIVISÃO DE TRANSMISSÍVEIS E IMUNOPREVINÍVEIS GERENCIA DE DOENÇAS TRANSMITIDAS POR VETORES E ZOONOSES Rio de Janeiro, 19 de junho de 2013. BOLETIM TÉCNICO Nº 4/2013 - GDTVZ/DTI/CVE/SVEA/SVS-SES/RJ ASSUNTO: INTENSIFICAÇÃO DA VIGILÂNCIA PARA FEBRE MACULOSA BRASILEIRA (FMB) Considerando a presença endêmica da FMB no Estado do Rio de Janeiro com surtos recorrentes da doença em animais e seres humanos, alertamos para necessidade de intensificação da vigilância do agravo em nosso estado, bem como da inserção da FMB na suspeição clínica pela assistência, inclusive no diagnóstico diferencial para agravos como dengue e leptospirose, quando indicado, conforme descrevemos a diante. Alertamos para a necessidade de preparação/atenção pelos serviços de vigilância e assistência municipais, quanto ao enfrentamento de novos ciclos de transmissão da doença em animais e seres humanos no estado, em especial no período que se aproxima: entre os meses de JULHO a OUTBRO, onde há maior ocorrência da doença conforme observado e descrito na Nota Técnica Nº 6/2012 - GDTVZ/DTI/CVE/SVEA/SVS-SESRJ. Durante o ano de 2012 e o período de janeiro a junho de 2013, excetuando os casos descartados foram registrados no SINAN/RJ (Sistema Nacional de Agravos de Notificação) o total de 25 casos humanos de FMB, dos quais somente 4 foram confirmados e a maioria (21 casos ou 84%) permanece como ignorado/branco ou inconclusivo no banco. Fonte: SINAN – GDTVZ/SES RJ, dados atualizados em 18 de junho de 2013 e sujeitos à revisão. Atenção: recomendamos o repasse deste Boletim Técnico para as unidades de saúde e clínicas veterinárias nos municípios envolvidos, alertando os profissionais da área. Cada município deve atentar para substituir no documento os contatos (e-mail e telefone) de suas vigilâncias e referências municipais.
  • 2. SUBSECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E AMBIENTAL COORDENAÇÃO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DIVISÃO DE TRANSMISSÍVEIS E IMUNOPREVINÍVEIS GERENCIA DE DOENÇAS TRANSMITIDAS POR VETORES E ZOONOSES Os quatro casos confirmados estão distribuídos conforme município de ocorrência/notificação da seguinte forma: UM caso no Município de Comendador Levy Gasparian, UM caso no Município de Itaperuna, UM caso no Município de Petrópolis e UM caso no Município do Rio de Janeiro. Quanto ao município de residência, exceto o caso que ocorreu no Município do Rio de Janeiro e que residia em outro município: Belford Roxo, os demais residiam no mesmo município de ocorrência. Entretanto, os campos para informação de autoctonia e município fonte de infecção só aparecem preenchidos em 2 casos (50%): sendo a caso de Itaperuna autóctone para o município de residência (Itaperuna) e o caso do Rio de Janeiro não autóctone para o município de residência (Belford Roxo), constando neste como município fonte de infecção o próprio município de ocorrência, o Rio de Janeiro. Os outros 2 casos estão com estes campos ignorados ou em branco. Com relação ao critério de confirmação de tais casos metade ou 2 deles foi confirmada pelo critério clínico epidemiológico e os outros 2 pelo critério laboratorial: um IgM reagente e um detectado no exame molecular. Quanto à evolução dos casos confirmados de FMB em 2012 e no período de janeiro a junho de 2013 no Estado do Rio de Janeiro, 3 evoluiram para óbito, o que representa 75% do total de casos confirmados. FMB é a rickettsiose mais prevalente e conhecida no Brasil, trata-se de uma zoonose causada pela bactéria Rickettsia rickettsii transmitida por artrópodes vetores como ácaros, carrapatos, piolhos e pulgas. Os carrapatos da espécie Amblyomma cajennense (“carrapato estrela”) são os vetores mais reconhecidos no ciclo de transmissão da FMB e diferente dos animais vertebrados como cães e gatos que raramente apresentam rickettsemia, os carrapatos permanecem infectados por toda vida (18 a 36 meses), funcionando também como reservatórios. Estudos demonstram que os equídeos, roedores como a capivara e marsupiais como o gambá apresentam papel importante no ciclo de transmissão da FMB, funcionando como reservatórios ou amplificadores além de transportarem carrapatos possivelmente infectados. A transmissão geralmente ocorre quando o carrapato infectado permanece aderido ao hospedeiro por um período de 4 a 6 horas. Grande parte dos casos de óbitos pela FMB ocorre em função da demora na suspeição diagnóstica e, portanto, no início do tratamento adequado, em geral, a primeira hipótese diagnóstica é dengue ou leptospirose. Logo, apontamos para a necessidade de alerta junto às unidades de saúde (assistência) para inclusão da FMB na suspeição do diagnóstico clínico, juntamente com dengue e leptospirose nos casos que apresentem os sintomas comuns a esses agravos como febre, cefaleia, mialgia, manchas vermelhas pelo corpo (exantema, petéquias). Na FMB é importante levantar o histórico do paciente para contato com carrapatos ou animais supracitados, pois muitas vezes a pessoa não percebe a presença do carrapato no corpo. É fundamental iniciar IMEDIATAMENTE o tratamento com os medicamentos recomendados (doxiciclina e cloranfenicol) no protocolo de tratamento do Ministério da Saúde (Guia de Vigilância Epidemiológica, 2010) assim que se der a suspeita clínica, não sendo recomendado esperar pela confirmação laboratorial.
  • 3. SUBSECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E AMBIENTAL COORDENAÇÃO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DIVISÃO DE TRANSMISSÍVEIS E IMUNOPREVINÍVEIS GERENCIA DE DOENÇAS TRANSMITIDAS POR VETORES E ZOONOSES Definição de caso suspeito de FMB no ser humano: Individuo que apresente febre de inicio súbito, cefaleia, mialgia e historia de picada de carrapatos e/ou ter frequentado área sabidamente de transmissão de febre maculosa nos últimos 15 dias; ou Individuo que apresente febre de inicio súbito, cefaleia e mialgia, seguido de aparecimento de exantema maculopapular entre o 2o e 5o dias de evolução e/ou manifestações hemorrágicas. Antibioticoterapia Recomendada Fonte: Guia de Vigilância Epidemiológica, Ministério da Saúde, 2010. Todo caso suspeito de febre maculosa requer notificação compulsória e investigação, por se tratar de doença grave. Um caso pode significar a existência de um surto, o que impõe a adoção imediata de medidas de controle, desde a assistência aos pacientes até a vigilância epidemiológica e ambiental, incluído medidas de controle do carrapato vetor. Em função do ciclo de vida do carrapato que permite sua sobrevivência durante longo período sem se alimentar (sangue de animais e seres humanos) medidas de controle são demoradas e devem ser monitoradas. No período de abril a outubro o risco de transmissão da FMB aumenta em função do ciclo do carrapato, pois nestes meses há maior proporção no ambiente de fases jovens dos carrapatos, mais envolvidas na transmissão, pois o carrapato adulto geralmente é facilmente detectado pelo ser humano e retirado, não chegando a ficar aderido durante horas ao hospedeiro. Em caso de ocorrência/suspeição de casos de FMB em animais e presença de vetores, para medidas de controle que se fazem necessárias a Vigilância Ambiental Municipal deve ser informada e esta, informar a Vigilância Ambiental Estadual através dos seguintes contatos: vigambiental@saude.rj.gov.br; telefones – (21) 2333-3899/3842. Lembramos que a ficha do SINAN para EPIZOOTIAS pode ser utilizada para notificação da ocorrência de caso ou surto em animais.
  • 4. SUBSECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E AMBIENTAL COORDENAÇÃO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DIVISÃO DE TRANSMISSÍVEIS E IMUNOPREVINÍVEIS GERENCIA DE DOENÇAS TRANSMITIDAS POR VETORES E ZOONOSES Em caso de ocorrência/suspeição de casos de FMB em seres humanos a notificação (pelas unidades saúde às vigilâncias municipais) e investigação epidemiológica são obrigatórias, com uso dos instrumentos previamente conhecidos (SINAN e suas fichas específicas para FMB), com inserção/digitação dos dados no SINAN e devida transferência dos lotes ao estado. Além dos instrumentos e fluxos citados solicitamos que a Vigilância Epidemiológica Municipal informe a Estadual através dos seguintes contatos: e-mail – adtvz@saude.rj.gov.br; telefones – (21) 2333-3881/3878. Para confirmação diagnóstica laboratorial do caso humano suspeito de FMB amostras de sangue devem ser coletadas e enviadas para o Lacen-RJ (e-mail – dgnnutels@saude.rj.gov.br e telefones – (21) 2332-8597 e 2332- 8606), seguindo protocolos contidos no Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde (disponível na página/site do Ministério da Saúde): coleta e envio de 2 amostras com intervalo entre elas de 14 a 21 dias, coleta da 1ª amostra a partir do 7º ao 10º dia de doença. Quanto às ações de Vigilância Entomológica e encaminhamento do vetor (carrapato) para identificação taxonômica, quando necessário, entrar em contato com o Centro de Estudos e Pesquisa em Antropozoonoses Máximo da Fonseca Filho (Cepa/Lacen/SVS/SES RJ) (e-mail – svs.cepa@saude.rj.gov.br, cepa.nnutels@gmail.com; telefones – (21) 2332-8597 e 2332-8606). Lembramos que é de grande relevância que as Vigilâncias Ambiental e Epidemiológica Municipais troquem/repassem as informações entre si e alertem as unidades de saúde do município, sempre que necessário. ATENÇÃO: Recomendamos a divulgação desta Nota Técnica entre os demais setores e unidades de saúde pelos municípios com ocorrência de casos de FMB. Entretanto, considerando o deslocamento cada vez maior de pessoas entre cidades, estamos enviando o presente para ciência por todos os 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro. Nos colocamos à disposição, atenciosamente, Gerência de Doenças Transmitidas por Vetores e Zoonoses – GDTVZ/SES/RJ Referências Bibliográficas: Brasil. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010. Brasil. Ministério da Saúde. Doenças Infecciosas e Parasitárias: guia de bolso / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 8ª Ed. rev. Ministério da Saúde, 2010. Sociedade de Infectologia do Estado do Rio de Janeiro (SIERJ) – Rickettsioses: breves considerações. Dra. Elba Regina Sampaio de Lemos, Instituto Oswaldo Cruz/IOC. Boletim Informativo SIERJ, n° 38, 2012.