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O romance “Eurico, o Presbítero”, conta a triste história de amor entre
                             Hermengarda e Eurico.

A história se passa no início do séc. VIII na Espanha Visigótica.
Eurico e Teodomiro são amigos e lutam junto com Vitiza (imperador da Espanha)
contra os “montanheses rebeldes e contra a francos, seus aliados”.




                                                     Reino dos Visigodos, na
                                                     Península Ibérica (Anos
                                                          de 507 a 711
Depois desse bem sucedido combate, Eurico
                                     pede ao Duque de Fávila a mão de sua filha,
                                     Hermengarda, em casamento. No entanto, Fávila
                                     ao saber da intenção de Eurico e, sabendo ainda
                                     que esse era um homem de origem humilde,
                                     recusa o pedido de Eurico.




Certo de que sua amada também o repelia, o jovem
entrega-se ao sacerdócio, sendo ordenado como o
Presbítero de Carteia.
A vida de Eurico resume-se então às suas funções
religiosas e à composição de poemas e hinos religiosos,
tarefas essas que ocupavam sua mente, afastando-se
assim das lembranças de Hermengarda.
Essa rotina só é quebrada quando ele descobre que os
 árabes, liderados por Tarrique, invadem a Península
 Ibérica.
 Então Eurico toma para si a responsabilidade de
 combater o avanço árabe. Inicialmente, alerta seu
 amigo Teodomiro e, posteriormente, já diante da
 invasão, o Presbítero de Carteia transforma-se no
 enigmático Cavaleiro Negro.




Eurico, ou melhor, o Cavaleiro Negro luta de maneira heróica para defender o solo
espanhol. Devido a seu ímpeto, ganha a admiração dos Godos e lhes dá força para
combater os invasores.

Quando o domínio da batalha parece inclinar-se para os Godos, Sisibuto e Ebas, os
filhos do Imperador Vitiza, traem o povo Godo com a intenção assumir o trono.
Assim o domínio do combate volta a ser árabe. Logo em seguida Roderico, rei dos
Godos, morre no campo de batalha e Teodomiro passa a liderar o povo.
Nesse meio tempo, os árabes atacam o Mosteiro da Virgem Dolosa e raptam
Hermengarda.
O Cavaleiro Negro e uns poucos guerreiros conseguem salvá-la quando o “amir”
estava prestes a profaná-la.
Durante a fuga, Hermengarda, foi levada desmaiada às montanhas das Astúrias,
onde Pelágio, seu irmão, está refugiado. Nesse momento, essas montanhas são o
único e verdadeiro refúgio da independência Goda, uma vez que, depois de uma luta
terrível contra os árabes, Teodomiro aceita as vantajosas condições de paz que lhe
são propostas: os campos da Bética, que lhe pertenciam, continuariam em seu
poder).
Em segurança, na gruta Covadonga, Hermengarda depara-se com Eurico e , enfim,
pode declarar seu amor. No entanto, Eurico sabe que esse amor jamais poderá se
concretizar, devido as suas convicções religiosas. Então Eurico revela-lhe que o
Presbítero de Carteia e o Cavaleiro Negro são a mesma pessoa. Ao saber disso,
Hermengarda perde a razão e Eurico, convicto e ciente das suas obrigações
religiosas, parte para um combate suicida contra os árabes.
Don Pelayo e a gruta de Covadonga
A obra é composta por um prólogo, que não é publicado em todas as
edições, 19 capítulos e notas feitas pelo autor, que facilitam a
compreensão.


O romance pode ser estruturado da seguinte maneira:
       Prólogo
       Introdução
       Complicação
       Dinâmica
       Clímax
       Desfecho
 Prólogo: Parte importantíssima para o entendimento do romance, uma vez que,
  nele encontra-se a maneira que o autor encara a questão do celibato clerical
  (uma das ideias desenvolvidas na obra).
 Introdução: Apresentação do povo Visigodo e dos personagens principais;
  surgimento do amor entre Eurico e Hermengarda.
 Complicação: Proibição do amor. Fávila não consente a união entre Eurico e sua
  filha, devido às diferenças sociais.
 Dinâmica: Invasão da Península Ibérica pelos árabes. Eurico apresenta-se ao
  combate na figura do Cavaleiro Negro. O convento onde Hermengarda está
  refugiada, é invadido e ela é raptada. Eurico, segue para salvá-la.
 Clímax: Eurico revela à Hermengarda que o Cavaleiro Negro e Presbítero de
  Carteia são a mesma pessoa. Nesta parte a paixão entre Eurico e Hermengarda
  reascende e o jovem vive um conflito interior, pois há um novo empecilho para a
  concretização do amor, o celibato.
 Desfecho: Eurico morre propositalmente no campo de batalha e Hermengarda,
  diante da descoberta, enlouquece.
Eurico revela à Hermengarda que o Cavaleiro Negro e Presbítero
da Cartéia são as mesmas pessoas.
´´ Há comum, que o guerreiro e presbítero são um desgraçado
só!... (pág 175).

 Nesta parte a paixão entre Eurico e Hermengarda reascende e o
jovem vive um conflito interior, pois há um povo empecilho para a
concretização do amor, Celibato.
Desfecho

Quando Hermengarda perde a razão e Eurico, convicto
das suas obrigações religiosas, parte para um combate
suicida contra os árabes, ele morre propositalmente e
Hermengarda descobre que ele morreu na batalha e
                    enlouquece.
Eurico – personagem redondo é o jovem, corajoso,
guerreiro,    introspetivo,  sensível,    sentimental,
pessimista e revoltado com as injustiças sociais. O que
faz Eurico ser um personagem redondo são suas
transformações durante a história. Inicialmente
apresenta-se como guerreiro, que sufoca uma
rebelião na Cantábria. Posteriormente, ao ser
impedido de desposar Hermengarda, entrega-se ao
Sacerdócio e, finalmente, transforma-se no Cavaleiro
Negro, o qual combate os invasores árabes. Eurico,
apesar de ser um gardino (espécie de fidalgo
visogodo) fora impedido de casar-se com
Hermengarda, pois o orgulhoso Fávila, pai da donzela,
não consentira: “Fávila não consentiria que o menos
nobre gardino pusesse tão alto a mira dos seus
desejos.”
Hermengarda – uma personagem como Eurico,
redonda. Inicialmente, essa personagem nos
parece donzela indefesa, submissa, contida e
extremamente frágil tanto física quanto
psicologicamente. Ela é totalmente submissa aos
padrões sociais da sua época e não teve coragem
de enfrentar o pai e lutar por seu amor. No
entanto, toda essa fragilidade transforma-se. Ao
ser raptada pelos árabes a moça luta com muito
brio para escapar das investidas do chefe mouro,
o qual pretendia tê-la como esposa.
Fávila – Duque de Cantábria, pai de Hermengarda e
de Pelágio, era um homem orgulhoso e dominador.
Ele é um dos responsáveis pela modificação da ação
da história, pois impede a realização do amor entre
sua filha e o gardino Eurico.

O povo árabe e os traidores Godos – Os árabes
também são considerados antagonistas, pois
tornam-se um empecilho para a realização do amor
entre Eurico e Hermengarda.
 Pelágio – Filho de Fávila. Liderou a resistência Goda.
 Roderico – Rei dos Godos. Morre na luta contra os árabes.
 Teodomiro -Duque de Corduba e amigo de Eurico. Assume a liderança das tropas
  Godas depois da morte de Roderico. No entanto, depois de uma luta terrível
  contra os árabes, aceita as vantajosas condições de paz que lhe são propostas: os
  campos da Bética, que lhe pertenciam, continuariam em seu poder).
 Sisibuto e Ebas – Filhos do Imperador Vitiza. Eles traíram o seu povo, pois
  almejavam o trono.
 Juliano – Conde de Septum. Traidor do povo Godo. É morto por Eurico.
 Opas – Bispo de Híspalis. Traidor do povo Godo.
 Mugite – guerreiro árabe. Mata Eurico.
 Tárique e Abdulaziz – chefes árabes
 Atanagildo – guerreiro godo. Defende as monjas durante o ataque árabe ao
  mosteiro da Virgem Dolorosa.
 Cremilda – Abadessa do mosteiro.
 Outros...
O romance ocorre no início do século VIII.

O tempo é cronológico e apresenta um desenvolvimento linear. Sua passagem é
marcada por datas, que são encontradas no início de alguns capítulos:
    “No templo – Ao romper de alva – Dia de Natal da era de 748”
    “Na Ilha Verde, ao pôr do sol das calendas de abril da era de 749”
    Com o desenrolar da história a marcação do tempo vai diminuindo até
    chegar a dia e noite.
    “Poucos dias haviam passado depois...”pag 59
    “Havia dous dias que nenhum...”pag 62
    “Era ao cair do dia” pag 177
    “Mas, quando, ao primeiro alvor da manhã...”
O romance acontece
                             na Península Ibérica.




Alexandre Herculano nos situa no espaço por meio de nomes de rios, vales,
montanhas etc (o território espanhol, a Cartéia, o Monte Gibraltar, o rio Críssus, as
Montanhas das Astúrias) .

Além disso, encontramos uma forte relação do homem com a natureza. Isso ocorre
quando Eurico se isola nas montanhas, buscando inspiração para a composição de
seus hinos ou poemas e também consolo para suas aflições.
Quanto ao espaço, pode-se dizer ainda, que está intimamente ligado à história dos
personagens principais. No início do romance o espaço é amplo, aberto. Com o
decorrer dos factos ele vai se fechando, dando-nos a impressão de confinamento:
• Eurico se recolhe no presbitério;
• Hermengarda busca refúgio no mosteiro.

Em seguida o espaço se fecha ainda mais. Os dois se encontram na gruta Covadonga,
que representa a falta de saída, ou falta de solução para a situação vivida pelos dois.
Isso culmina com a única forma de evasão possível: a morte para Eurico e a loucura
para Hermengarda.

Com relação ao espaço pode-se dizer ainda que alguns aspetos emocionais são
mostrados por meio do espaço. Os espaços fechados representam o conflito dos
personagens, a falta de solução ou mesmo a impossibilidade de concretização dos
anseios dos amantes. Já os espaços abertos, representam a introspeção dos
personagens e, certamente, a procura de uma resolução para o conflito vivido pelos
personagens. Assim, fica claro que existe na obra uma oscilação de espaço.
Nesse romance, histórico de caráter histórico, há o
predomínio da narrativa em 3ª pessoa.


Entretanto, não podemos ignorar a narrativa em 1ª pessoa
marcadas pelas cenas de meditação e solilóquio de Eurico.


O facto de o narrador parecer saber o que as personagens
sentem revela toda a onisciência do narrador.
“Eurico, o Presbítero” é um romance histórico, reflexivo, com predomínio da
narrativa e da descrição. Essa obra, é marcada por traços de estilo da primeira
geração do Romantismo, que tinha como principal característica a busca das origens
nacionais (nacionalismo), historicismo medievalista e valorização do homem(herói)
medieval, nesse caso personificado na triste figura de Eurico.

Essa obra, característica da chamada “Literatura histórica”, há a fusão entre os fatos
históricos, que resgatam o culto ao nacionalismo, e a ficção que molda o herói
medieval a partir dos ideais românticos. Outro traço do Romantismo que é
encontrado na obra é a caracterização da “mulher-anjo” romântica. “

Em “Eurico, o Presbítero” temos uma forte presença de figuras de linguagem típicas
do romantismo. São elas: comparações, hipérboles, antíteses e metáforas que dão a
obra um perfil de poema. Talvez, seja esse o motivo pelo qual nem mesmo o autor
consiga definir sua obra.
Dizia Herculano: “Já não sei ser crônica – poema, lenda ou o que quer que seja.”
Dentre as várias ideias desenvolvida no romance, as que mais se destacam são:


Religiosidade / Pátria: Conflito entre cristãos e muçulmanos (fieis x infiéis;
evangelho x alcorão). O povo Godo não luta apenas para expulsar os invasores
árabes, mas também para expulsar os infiéis.


Com relação a esse conflito, existe um facto que não pode passar desapercebido:
no primeiro capítulo o narrador deixa claro que o povo Godo, como o árabes,
também subjugou a Península Ibérica. No entanto, sob a ótica do narrador, os
árabes invadiram a Península e Pretendiam impor ao povo conquistado sua cultura
e religião, facto esse que não ocorreu quando o povo Godo dominou a Península.
Ainda com relação à ideia de religiosidade e pátria um leitor menos atento poderia
dizer: “A sacra imagem do presbítero é maculada quando Eurico mata vários
árabes durante os combates”. Ledo engano, pois quem prática essas mortes é o
Cavaleiro Negro. Ele, o Cavaleiro Negro, pode tudo, porque está a serviço da Santa
Igreja.

Fugindo um pouco do ponto de vista religioso/pátrio, mas ainda falando de Eurico,
deve-se ressaltar que ele é, ao mesmo tempo, poeta/amante, presbítero e
cavaleiro. Com isso temos três ideias diferentes (Amor, Deus e Pátria) em um só
personagem.

Ainda dentro da ideia de religião, falta abordar a questão do celibato clerical, que
acentua uma visão crítica sobre a rigidez com que a Igreja tratava essa questão.
Devido a incapacidade de a Igreja ajudar o homem a exaltar os seus sentimentos e
desejos terrenos, Ela, a Igreja, condenava-os a uma “espécie de amputação
espiritual”.
Leis Sociais: Devido a questões sociais o Duque d e Fávila não permite que Eurico
e Hermengarda concretizem o seu amor.
“...o orgulhoso Fávila não consentira que o menos nobre gardino pusesse tão alto
a mira dos seus desejos...”. Com isso, o homem, no caso, a Eurico e a mulher,
Hermengarda, ficam divididos entre a razão e a emoção, ou melhor, entre as
vontades de seus corações e as leis da vida em sociedade.

Exaltação do amor profano sobre o divino: A impossibilidade da realização do
amor profano se dá graças ao amor divino, ou dever divino. E esse dever somente
pode ser percebido quando analisamos Eurico. Esse personagem era movido pela
honra cavalheiresca e fidelidade aos ideais e as leis impostas a ele.
O amor ou dever divino era marcado pelo celibato e pela rigidez da disciplina
clerical.
Maniqueísmo: O Duelo maniqueísta(bem x mal) é muito comum nas obras
românticas. No caso de Eurico, o Presbítero, tempos o confronto entre os
muçulmanos, que são vistos como os invasores, contra os cristãos. Os
muçulmanos são, nessa obra, a personificação do mal o qual, se contrata com o
bem representado pelo “heróicos” cristãos.


Mulher: A mulher é vista sob a ótica do Romantismo, ou seja, a “mulher anjo”,
pura e imaculada. Uma mostra disso é quando as monjas são sacrificadas para não
serem violada pelos infiéis.
Literatura Portuguesa
  Profª: Helena Maria Coutinho




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Los católicos liderados por Pelayo enfrentan las fuerzas
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A triste história de amor de Eurico e Hermengarda

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A triste história de amor de Eurico e Hermengarda

  • 1.
  • 2.
  • 3. O romance “Eurico, o Presbítero”, conta a triste história de amor entre Hermengarda e Eurico. A história se passa no início do séc. VIII na Espanha Visigótica. Eurico e Teodomiro são amigos e lutam junto com Vitiza (imperador da Espanha) contra os “montanheses rebeldes e contra a francos, seus aliados”. Reino dos Visigodos, na Península Ibérica (Anos de 507 a 711
  • 4. Depois desse bem sucedido combate, Eurico pede ao Duque de Fávila a mão de sua filha, Hermengarda, em casamento. No entanto, Fávila ao saber da intenção de Eurico e, sabendo ainda que esse era um homem de origem humilde, recusa o pedido de Eurico. Certo de que sua amada também o repelia, o jovem entrega-se ao sacerdócio, sendo ordenado como o Presbítero de Carteia. A vida de Eurico resume-se então às suas funções religiosas e à composição de poemas e hinos religiosos, tarefas essas que ocupavam sua mente, afastando-se assim das lembranças de Hermengarda.
  • 5. Essa rotina só é quebrada quando ele descobre que os árabes, liderados por Tarrique, invadem a Península Ibérica. Então Eurico toma para si a responsabilidade de combater o avanço árabe. Inicialmente, alerta seu amigo Teodomiro e, posteriormente, já diante da invasão, o Presbítero de Carteia transforma-se no enigmático Cavaleiro Negro. Eurico, ou melhor, o Cavaleiro Negro luta de maneira heróica para defender o solo espanhol. Devido a seu ímpeto, ganha a admiração dos Godos e lhes dá força para combater os invasores. Quando o domínio da batalha parece inclinar-se para os Godos, Sisibuto e Ebas, os filhos do Imperador Vitiza, traem o povo Godo com a intenção assumir o trono. Assim o domínio do combate volta a ser árabe. Logo em seguida Roderico, rei dos Godos, morre no campo de batalha e Teodomiro passa a liderar o povo.
  • 6. Nesse meio tempo, os árabes atacam o Mosteiro da Virgem Dolosa e raptam Hermengarda. O Cavaleiro Negro e uns poucos guerreiros conseguem salvá-la quando o “amir” estava prestes a profaná-la. Durante a fuga, Hermengarda, foi levada desmaiada às montanhas das Astúrias, onde Pelágio, seu irmão, está refugiado. Nesse momento, essas montanhas são o único e verdadeiro refúgio da independência Goda, uma vez que, depois de uma luta terrível contra os árabes, Teodomiro aceita as vantajosas condições de paz que lhe são propostas: os campos da Bética, que lhe pertenciam, continuariam em seu poder).
  • 7. Em segurança, na gruta Covadonga, Hermengarda depara-se com Eurico e , enfim, pode declarar seu amor. No entanto, Eurico sabe que esse amor jamais poderá se concretizar, devido as suas convicções religiosas. Então Eurico revela-lhe que o Presbítero de Carteia e o Cavaleiro Negro são a mesma pessoa. Ao saber disso, Hermengarda perde a razão e Eurico, convicto e ciente das suas obrigações religiosas, parte para um combate suicida contra os árabes.
  • 8. Don Pelayo e a gruta de Covadonga
  • 9.
  • 10. A obra é composta por um prólogo, que não é publicado em todas as edições, 19 capítulos e notas feitas pelo autor, que facilitam a compreensão. O romance pode ser estruturado da seguinte maneira: Prólogo Introdução Complicação Dinâmica Clímax Desfecho
  • 11.  Prólogo: Parte importantíssima para o entendimento do romance, uma vez que, nele encontra-se a maneira que o autor encara a questão do celibato clerical (uma das ideias desenvolvidas na obra).  Introdução: Apresentação do povo Visigodo e dos personagens principais; surgimento do amor entre Eurico e Hermengarda.  Complicação: Proibição do amor. Fávila não consente a união entre Eurico e sua filha, devido às diferenças sociais.  Dinâmica: Invasão da Península Ibérica pelos árabes. Eurico apresenta-se ao combate na figura do Cavaleiro Negro. O convento onde Hermengarda está refugiada, é invadido e ela é raptada. Eurico, segue para salvá-la.  Clímax: Eurico revela à Hermengarda que o Cavaleiro Negro e Presbítero de Carteia são a mesma pessoa. Nesta parte a paixão entre Eurico e Hermengarda reascende e o jovem vive um conflito interior, pois há um novo empecilho para a concretização do amor, o celibato.  Desfecho: Eurico morre propositalmente no campo de batalha e Hermengarda, diante da descoberta, enlouquece.
  • 12. Eurico revela à Hermengarda que o Cavaleiro Negro e Presbítero da Cartéia são as mesmas pessoas. ´´ Há comum, que o guerreiro e presbítero são um desgraçado só!... (pág 175). Nesta parte a paixão entre Eurico e Hermengarda reascende e o jovem vive um conflito interior, pois há um povo empecilho para a concretização do amor, Celibato.
  • 13. Desfecho Quando Hermengarda perde a razão e Eurico, convicto das suas obrigações religiosas, parte para um combate suicida contra os árabes, ele morre propositalmente e Hermengarda descobre que ele morreu na batalha e enlouquece.
  • 14.
  • 15. Eurico – personagem redondo é o jovem, corajoso, guerreiro, introspetivo, sensível, sentimental, pessimista e revoltado com as injustiças sociais. O que faz Eurico ser um personagem redondo são suas transformações durante a história. Inicialmente apresenta-se como guerreiro, que sufoca uma rebelião na Cantábria. Posteriormente, ao ser impedido de desposar Hermengarda, entrega-se ao Sacerdócio e, finalmente, transforma-se no Cavaleiro Negro, o qual combate os invasores árabes. Eurico, apesar de ser um gardino (espécie de fidalgo visogodo) fora impedido de casar-se com Hermengarda, pois o orgulhoso Fávila, pai da donzela, não consentira: “Fávila não consentiria que o menos nobre gardino pusesse tão alto a mira dos seus desejos.”
  • 16. Hermengarda – uma personagem como Eurico, redonda. Inicialmente, essa personagem nos parece donzela indefesa, submissa, contida e extremamente frágil tanto física quanto psicologicamente. Ela é totalmente submissa aos padrões sociais da sua época e não teve coragem de enfrentar o pai e lutar por seu amor. No entanto, toda essa fragilidade transforma-se. Ao ser raptada pelos árabes a moça luta com muito brio para escapar das investidas do chefe mouro, o qual pretendia tê-la como esposa.
  • 17.
  • 18. Fávila – Duque de Cantábria, pai de Hermengarda e de Pelágio, era um homem orgulhoso e dominador. Ele é um dos responsáveis pela modificação da ação da história, pois impede a realização do amor entre sua filha e o gardino Eurico. O povo árabe e os traidores Godos – Os árabes também são considerados antagonistas, pois tornam-se um empecilho para a realização do amor entre Eurico e Hermengarda.
  • 19.
  • 20.  Pelágio – Filho de Fávila. Liderou a resistência Goda.  Roderico – Rei dos Godos. Morre na luta contra os árabes.  Teodomiro -Duque de Corduba e amigo de Eurico. Assume a liderança das tropas Godas depois da morte de Roderico. No entanto, depois de uma luta terrível contra os árabes, aceita as vantajosas condições de paz que lhe são propostas: os campos da Bética, que lhe pertenciam, continuariam em seu poder).  Sisibuto e Ebas – Filhos do Imperador Vitiza. Eles traíram o seu povo, pois almejavam o trono.  Juliano – Conde de Septum. Traidor do povo Godo. É morto por Eurico.  Opas – Bispo de Híspalis. Traidor do povo Godo.  Mugite – guerreiro árabe. Mata Eurico.  Tárique e Abdulaziz – chefes árabes  Atanagildo – guerreiro godo. Defende as monjas durante o ataque árabe ao mosteiro da Virgem Dolorosa.  Cremilda – Abadessa do mosteiro.  Outros...
  • 21.
  • 22. O romance ocorre no início do século VIII. O tempo é cronológico e apresenta um desenvolvimento linear. Sua passagem é marcada por datas, que são encontradas no início de alguns capítulos: “No templo – Ao romper de alva – Dia de Natal da era de 748” “Na Ilha Verde, ao pôr do sol das calendas de abril da era de 749” Com o desenrolar da história a marcação do tempo vai diminuindo até chegar a dia e noite. “Poucos dias haviam passado depois...”pag 59 “Havia dous dias que nenhum...”pag 62 “Era ao cair do dia” pag 177 “Mas, quando, ao primeiro alvor da manhã...”
  • 23.
  • 24. O romance acontece na Península Ibérica. Alexandre Herculano nos situa no espaço por meio de nomes de rios, vales, montanhas etc (o território espanhol, a Cartéia, o Monte Gibraltar, o rio Críssus, as Montanhas das Astúrias) . Além disso, encontramos uma forte relação do homem com a natureza. Isso ocorre quando Eurico se isola nas montanhas, buscando inspiração para a composição de seus hinos ou poemas e também consolo para suas aflições.
  • 25. Quanto ao espaço, pode-se dizer ainda, que está intimamente ligado à história dos personagens principais. No início do romance o espaço é amplo, aberto. Com o decorrer dos factos ele vai se fechando, dando-nos a impressão de confinamento: • Eurico se recolhe no presbitério; • Hermengarda busca refúgio no mosteiro. Em seguida o espaço se fecha ainda mais. Os dois se encontram na gruta Covadonga, que representa a falta de saída, ou falta de solução para a situação vivida pelos dois. Isso culmina com a única forma de evasão possível: a morte para Eurico e a loucura para Hermengarda. Com relação ao espaço pode-se dizer ainda que alguns aspetos emocionais são mostrados por meio do espaço. Os espaços fechados representam o conflito dos personagens, a falta de solução ou mesmo a impossibilidade de concretização dos anseios dos amantes. Já os espaços abertos, representam a introspeção dos personagens e, certamente, a procura de uma resolução para o conflito vivido pelos personagens. Assim, fica claro que existe na obra uma oscilação de espaço.
  • 26.
  • 27. Nesse romance, histórico de caráter histórico, há o predomínio da narrativa em 3ª pessoa. Entretanto, não podemos ignorar a narrativa em 1ª pessoa marcadas pelas cenas de meditação e solilóquio de Eurico. O facto de o narrador parecer saber o que as personagens sentem revela toda a onisciência do narrador.
  • 28.
  • 29. “Eurico, o Presbítero” é um romance histórico, reflexivo, com predomínio da narrativa e da descrição. Essa obra, é marcada por traços de estilo da primeira geração do Romantismo, que tinha como principal característica a busca das origens nacionais (nacionalismo), historicismo medievalista e valorização do homem(herói) medieval, nesse caso personificado na triste figura de Eurico. Essa obra, característica da chamada “Literatura histórica”, há a fusão entre os fatos históricos, que resgatam o culto ao nacionalismo, e a ficção que molda o herói medieval a partir dos ideais românticos. Outro traço do Romantismo que é encontrado na obra é a caracterização da “mulher-anjo” romântica. “ Em “Eurico, o Presbítero” temos uma forte presença de figuras de linguagem típicas do romantismo. São elas: comparações, hipérboles, antíteses e metáforas que dão a obra um perfil de poema. Talvez, seja esse o motivo pelo qual nem mesmo o autor consiga definir sua obra. Dizia Herculano: “Já não sei ser crônica – poema, lenda ou o que quer que seja.”
  • 30.
  • 31. Dentre as várias ideias desenvolvida no romance, as que mais se destacam são: Religiosidade / Pátria: Conflito entre cristãos e muçulmanos (fieis x infiéis; evangelho x alcorão). O povo Godo não luta apenas para expulsar os invasores árabes, mas também para expulsar os infiéis. Com relação a esse conflito, existe um facto que não pode passar desapercebido: no primeiro capítulo o narrador deixa claro que o povo Godo, como o árabes, também subjugou a Península Ibérica. No entanto, sob a ótica do narrador, os árabes invadiram a Península e Pretendiam impor ao povo conquistado sua cultura e religião, facto esse que não ocorreu quando o povo Godo dominou a Península.
  • 32. Ainda com relação à ideia de religiosidade e pátria um leitor menos atento poderia dizer: “A sacra imagem do presbítero é maculada quando Eurico mata vários árabes durante os combates”. Ledo engano, pois quem prática essas mortes é o Cavaleiro Negro. Ele, o Cavaleiro Negro, pode tudo, porque está a serviço da Santa Igreja. Fugindo um pouco do ponto de vista religioso/pátrio, mas ainda falando de Eurico, deve-se ressaltar que ele é, ao mesmo tempo, poeta/amante, presbítero e cavaleiro. Com isso temos três ideias diferentes (Amor, Deus e Pátria) em um só personagem. Ainda dentro da ideia de religião, falta abordar a questão do celibato clerical, que acentua uma visão crítica sobre a rigidez com que a Igreja tratava essa questão. Devido a incapacidade de a Igreja ajudar o homem a exaltar os seus sentimentos e desejos terrenos, Ela, a Igreja, condenava-os a uma “espécie de amputação espiritual”.
  • 33. Leis Sociais: Devido a questões sociais o Duque d e Fávila não permite que Eurico e Hermengarda concretizem o seu amor. “...o orgulhoso Fávila não consentira que o menos nobre gardino pusesse tão alto a mira dos seus desejos...”. Com isso, o homem, no caso, a Eurico e a mulher, Hermengarda, ficam divididos entre a razão e a emoção, ou melhor, entre as vontades de seus corações e as leis da vida em sociedade. Exaltação do amor profano sobre o divino: A impossibilidade da realização do amor profano se dá graças ao amor divino, ou dever divino. E esse dever somente pode ser percebido quando analisamos Eurico. Esse personagem era movido pela honra cavalheiresca e fidelidade aos ideais e as leis impostas a ele. O amor ou dever divino era marcado pelo celibato e pela rigidez da disciplina clerical.
  • 34. Maniqueísmo: O Duelo maniqueísta(bem x mal) é muito comum nas obras românticas. No caso de Eurico, o Presbítero, tempos o confronto entre os muçulmanos, que são vistos como os invasores, contra os cristãos. Os muçulmanos são, nessa obra, a personificação do mal o qual, se contrata com o bem representado pelo “heróicos” cristãos. Mulher: A mulher é vista sob a ótica do Romantismo, ou seja, a “mulher anjo”, pura e imaculada. Uma mostra disso é quando as monjas são sacrificadas para não serem violada pelos infiéis.
  • 35. Literatura Portuguesa Profª: Helena Maria Coutinho Monasticon ou Eurico, o Presbítero
  • 36.
  • 37. Los católicos liderados por Pelayo enfrentan las fuerzas superiores de los musulmanes