Este documento descreve o Sermão da Montanha proferido por Jesus. Nele, Cristo ensinou os discípulos e a multidão reunida sobre o reino de Deus, desfazendo falsas expectativas e apresentando princípios fundamentais como a humildade, o arrependimento e a busca pela justiça. O sermão continha bênçãos para os pobres de espírito, os que choram e têm fome de justiça, ensinando que apenas os humildes e puros de coração poderão ver a Deus.
1. ❉ Sexta - Estudo adicional
Carta de Tiago
O aperfeiçoamento da fé - Lição 242014
O Desejado de Todas as Nações, p. 298-314: “O Sermão da Montanha”.
Raramente reunia Cristo os discípulos a sós com Ele, para Lhe receberem a palavra. Não escolhia para
auditório apenas os que conheciam o caminho da vida. Era Sua obra pôr-Se em contato com as multidões
que se achavam em ignorância e erro. Dava as lições da verdade segundo estas podiam atingir os
obscurecidos entendimentos. Ele próprio era a Verdade, lombos cingidos e mãos sempre estendidas para
abençoar, buscando, com palavras de advertência, súplica e animação, erguer a todos quantos iam ter com
Ele.
O sermão da montanha, conquanto feito especialmente para os discípulos, foi proferido aos ouvidos da
multidão. Após a ordenação dos apóstolos, Jesus foi com eles para a praia do mar. Ali, de manhã cedo,
começara o povo a se reunir. Além das costumadas multidões das cidades da Galiléia, havia gente da
Judéia e da própria Jerusalém; da Peréia, de Decápolis, da Iduméia, para o sul da Judéia; e de Tiro, e
Sidom, as cidades fenícias da costa do Mediterrâneo. "Ouvindo quão grandes coisas fazia" (Mar. 3:8),
"tinham vindo para O ouvir, e serem curados das suas enfermidades. ... Porque saía dEle virtude, e curava a
todos." Luc. 6:17-19.
A estreita praia não oferecia espaço ao alcance de Sua voz para todos quantos O desejavam ouvir, e Jesus
os conduziu de volta à encosta da montanha. Chegando a um espaço plano, que proporcionava aprazível
lugar de reunião para vasto auditório, sentou-Se Ele próprio na relva, e os discípulos e a multidão seguiram-
Lhe o exemplo.
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O lugar dos discípulos era sempre próximo a Jesus. O povo comprimia-se constantemente em torno dEle,
mas os discípulos entendiam que seu lugar junto do Mestre não devia ser tomado pela multidão. Sentaram-se-
Lhe bem próximo, de modo a não perder nenhuma palavra de Suas instruções. Eram ouvintes atentos,
ansiosos por compreender as verdades que teriam de dar a conhecer em todas as terras em todos os
séculos.
Com a impressão de que podiam esperar qualquer coisa acima do comum, apertaram-se todos em volta do
Mestre. Acreditavam que o reino seria em breve estabelecido, e em vista dos acontecimentos daquela
manhã, convenceram-se de que seria feita alguma declaração a esse respeito. Também a multidão estava
em atitude de expectativa, e a ansiedade das fisionomias atestava o profundo interesse. Ao sentar-se o povo
na verdejante encosta, aguardando as palavras do divino Mestre, tinham o coração cheio de pensamentos
quanto à glória futura. Havia escribas e fariseus que esperavam o dia em que lhes seria dado domínio sobre
os odiados romanos, e possuíssem as riquezas do grande império do mundo. Os pobres camponeses e
pescadores esperavam ouvir a certeza de que suas míseras choças, o escasso alimento, a vida de árduo
labutar e o temor da necessidade, deviam ser trocados por mansões onde reinassem abundância e dias de
sossego. Em lugar da ordinária vestimenta que os abrigava de dia, e do cobertor que os agasalhava à noite,
esperavam, Cristo lhes daria os ricos e custosos trajes de seus conquistadores. Todos os corações fremiam
à orgulhosa esperança de que Israel seria em breve honrado ante as nações como os escolhidos do Senhor,
e Jerusalém exaltada como a sede do reino universal.
Cristo decepcionou essa esperança de mundana grandeza. No sermão do monte, procurou desfazer a obra
da falsa educação, dando a Seus ouvintes conceito exato de Seu reino, bem como de Seu próprio caráter.
Não atacou, todavia, diretamente os erros do povo. Via as misérias do mundo em razão do pecado, mas não
lhes apresentou um quadro vivo de sua desgraça. Ensinou-lhes alguma coisa infinitamente melhor do que
haviam conhecido. Sem lhes combater as idéias acerca do reino de Deus, disse-lhes as condições de
entrada ali, deixando-os tirar suas próprias conclusões quanto à natureza do mesmo. As verdades que
ensinou não são menos importantes para nós que para a multidão que O seguia. Não menos do que eles
necessitamos nós de aprender os princípios fundamentais do reino de Deus.
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2. As primeiras palavras de Cristo ao povo, no monte, foram de
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bênção. Bem-aventurados, disse, são os que reconhecem sua pobreza espiritual, e sentem sua necessidade
de redenção. O evangelho deve ser pregado ao pobre. Não ao espiritualmente orgulhoso, o que pretende
ser rico e de nada necessitar, é ele revelado, mas aos humildes e contritos. Uma única fonte fora aberta para
o pecado, uma fonte para os pobres de espírito.
O coração orgulhoso esforça-se por alcançar a salvação; mas tanto o nosso título ao Céu, como nossa
idoneidade para ele, encontram-se na justiça de Cristo. O Senhor nada pode fazer para a restauração do
homem enquanto ele, convicto de sua própria fraqueza e despido de toda presunção, não se entrega à guia
divina. Pode então receber o dom que Deus está à espera de conceder. Coisa alguma é recusada à alma
que sente a própria necessidade. Ela tem ilimitado acesso Àquele em quem habita a plenitude. "Porque
assim diz o Alto e Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é santo: Num alto e santo lugar habito, e
também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração
dos contritos." Isa. 57:15.
"Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados." Por essas palavras Cristo não ensina
que o chorar em si mesmo tenha poder para remover a culpa do pecado. Não sanciona a suposta ou
voluntária humildade. O choro a que Se refere, não consiste em melancolia e lamentação. Ao passo que nos
afligimos por causa do pecado, cumpre-nos regozijar-nos no precioso privilégio de ser filhos de Deus.
Entristecemo-nos muitas vezes, porque nossas más ações nos trazem desagradáveis conseqüências; mas
isso não é arrependimento. A verdadeira tristeza pelo pecado é o resultado da operação do Espírito Santo.
Este revela a ingratidão da alma que menosprezou e ofendeu o Salvador, levando-nos contritos ao pé da
cruz. Por todo pecado é Jesus novamente ferido; e ao olharmos Àquele a quem traspassamos, choramos as
transgressões que Lhe trouxeram angústia. Tal pranto levará à renúncia do pecado.
Os mundanos talvez considerem esse choro uma fraqueza; mas é a força que liga o penitente ao Infinito
com laços que se não podem romper. Mostra que os anjos de Deus estão outra vez trazendo à alma as
graças perdidas mediante a dureza de coração e as transgressões. As lágrimas do penitente não são senão
as gotas de chuva que precedem o sol da santidade. Esse sol prenuncia o regozijo que será uma viva fonte
na alma. "Somente reconhece a tua iniqüidade: que contra o Senhor teu Deus transgrediste"; "e não farei
cair a Minha ira sobre vós; porque benigno
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sou, diz o Senhor." Jer. 3:13 e 12. "Acerca dos tristes de Sião" determinou Ele dar-lhes "ornamento por
cinza, óleo de gozo por tristeza, vestido de louvor por espírito quebrantado." Isa. 61:3.
E também para os que choram em provação e dor, existe conforto. A amargura do desgosto e da humilhação
é preferível às satisfações do pecado. Por meio da aflição revela-nos Deus os lugares infeccionados em
nosso caráter, para que, por Sua graça, possamos vencer nossas faltas. Desconhecidos capítulos que nos
dizem respeito são-nos patenteados, e sobrevém a prova, a ver se aceitamos a repreensão e o conselho de
Deus. Quando provados, não nos devemos afligir e impacientar. Não nos devemos rebelar, ou buscar fugir à
mão de Cristo. Antes humilhar a alma perante Deus. Os caminhos do Senhor são obscuros ao que procura
ver as coisas sob um aspecto agradável para si mesmo. Afiguram-se sombrios e destituídos de alegria à
nossa natureza humana. Mas os caminhos do Senhor são de misericórdia, e o fim é salvação. Elias não
sabia o que estava fazendo quando disse, no deserto que bastava de viver, e orou pedindo a morte. O
Senhor, em Sua misericórdia, não lhe pegou na palavra. Havia ainda uma grande obra a ser realizada por
Elias; e, concluída essa obra, não devia ele perecer desanimado e só no deserto. Tampouco lhe caberia
descer ao pó da morte, mas à ascensão gloriosa, com o cortejo dos carros celestiais, para o trono do alto.
Eis a palavra de Deus para os aflitos: "Eu vejo os seus caminhos, e os sararei; também os guiarei, e lhes
tornarei a dar consolações, e aos seus pranteadores." Isa. 57:18. "E tornarei o seu pranto em alegria, e os
consolarei, e transformarei em regozijo a sua tristeza." Jer. 31:13.
"Bem-aventurados os mansos." Mat. 5:5. As dificuldades que temos de enfrentar podem ser muito
diminuídas por aquela mansidão que se esconde em Cristo. Se possuirmos a humildade de nosso Mestre,
sobrepor-nos-emos aos menosprezos, às repulsas, aos aborrecimentos a que estamos diariamente
expostos, e estes deixarão de nos lançar sombra sobre o espírito. A mais elevada prova de nobreza num
cristão é o domínio de si mesmo. Aquele que, em face de maus-tratos ou de crueldade, deixa de manter
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3. espírito calmo e confiante, rouba a Deus de Seu direito de nele revelar Sua própria perfeição de caráter.
Humildade de coração é a força que dá vitória aos seguidores de Cristo; é o penhor de sua ligação com as
cortes do alto.
"Ainda que o Senhor é excelso, atenta para o humilde." Sal. 138:6. Os que manifestam o manso e humilde
espírito de Cristo são ternamente considerados por Deus. Podem ser olhados com desdém pelo mundo,
mas são de grande valor aos Seus olhos. Não somente
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os sábios, os grandes, e caritativos, obterão passaporte para as cortes celestes; não somente o atarefado
obreiro, cheio de zelo e atividade. Não; o pobre de espírito, que ambiciona a presença permanente de Cristo,
o humilde de coração, cujo mais alto anelo é fazer a vontade de Deus - estes receberão uma entrada
abundante. Achar-se-ão entre os que lavaram suas vestiduras e as branquearam no sangue do Cordeiro.
"Por isso estão diante do trono de Deus, e O servem de dia e de noite no Seu templo; e Aquele que está
assentado sobre o trono os cobrirá com a Sua sombra." Apoc. 7:15.
"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça." Mat. 5:6. O sentimento da própria indignidade levará
o coração a ter fome e sede de justiça, e esse desejo não será decepcionado. Os que dão lugar a Jesus no
coração, compreender-Lhe-ão o amor. Todos quantos anseiam ter semelhança de caráter com Deus, serão
satisfeitos. O Espírito Santo nunca deixa sem assistência a alma que está olhando a Cristo. Ele toma do que
é de Cristo, e mostra-lho. Se o olhar se mantiver fixo em Jesus, a obra do Espírito não cessa, até que a alma
esteja conforme a Sua imagem. O puro elemento do amor dará expansão à alma, comunicando-lhe
capacidade para altas consecuções, para maior conhecimento das coisas celestes, de maneira que ela não
fique aquém da plenitude. "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos."
O misericordioso encontrará misericórdia, e o puro de coração verá a Deus. Todo pensamento impuro
contamina a alma, enfraquece o senso moral, e tende a apagar as impressões do Espírito Santo. Diminui a
visão espiritual, de modo que os homens não podem ver a Deus. O Senhor pode perdoar o arrependido
pecador, e perdoa; embora perdoada, porém, a alma fica prejudicada. Toda impureza de linguagem ou de
pensamento deve ser evitada por aquele que quer possuir clara percepção da verdade espiritual.
As palavras de Cristo, todavia, abrangem mais que a isenção da impureza sensual, mais que a ausência
daquela contaminação cerimonial que os judeus tão rigorosamente evitavam. O egoísmo nos impede de ver
a Deus. O espírito interesseiro julga a Deus igual a si mesmo. Até que tenhamos renunciado a isso, não
podemos compreender Aquele que é amor. Unicamente o coração abnegado, o humilde e fiel de espírito,
verá a Deus como "misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficência e verdade". Êxo. 34:6.
"Bem-aventurados os pacificadores." A paz de Cristo provém da verdade. É harmonia com Deus. O mundo
está em inimizade com a lei de Deus; os pecadores acham-se em inimizade com seu
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Criador; e, em resultado, em inimizade uns com os outros. Mas o salmista declara: "Muita paz têm os que
amam a Tua lei, e para eles não há tropeço." Sal. 119:65. Os homens não podem fabricar a paz. Os projetos
humanos para purificação e reerguimento dos indivíduos ou da sociedade, deixarão de produzir a paz, visto
como não atingem o coração. O único poder capaz de criar ou perpetuar a verdadeira paz, é a graça de
Cristo. Quando esta é implantada no coração, expelirá as más paixões que causam luta e dissensão. "Em
lugar do espinheiro crescerá a faia, e em lugar da sarça crescerá a murta" (Isa. 55:13); e a vida deserta
"exultará e florescerá como a rosa." Isa. 35:1.
As multidões surpreendiam-se ante esses ensinos, tão diversos dos preceitos e exemplos dos fariseus. O
povo chegara a pensar que a felicidade consistia na posse das coisas deste mundo, e que a fama e honra
dos homens eram muito de se cobiçar. Era muito grato alguém ser chamado "Rabi", e ser exaltado como
sábio e religioso, vendo suas virtudes exibidas perante o público. Isso devia ser considerado a suprema
felicidade. Mas, perante aquela numerosa multidão, Jesus declarou que o lucro terrestre era toda a
recompensa que essas pessoas haviam de obter. Falava com segurança, e um convincente poder apoiava-
Lhe as palavras. O povo emudeceu, sendo tomado de um sentimento de temor. Olhavam-se uns aos outros,
duvidosos. Quem dentre eles se salvaria, fossem verdadeiros os ensinos desse homem? Muitos estavam
convencidos de que esse notável Mestre era movido pelo Espírito de Deus, e divinos eram os sentimentos
por Ele manifestados.
Depois de explicar em que consistia a verdadeira felicidade, e como pode ser obtida, Jesus indicou mais
definidamente os deveres de Seus discípulos, como mestres escolhidos por Deus para levar outros ao
caminho da justiça e da vida eterna. Sabia que haveriam de ser muitas vezes decepcionados e sofrer
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4. desânimos, que enfrentariam decidida oposição, seriam insultados e rejeitado o seu testemunho. Bem sabia
Ele que, no cumprimento de sua missão, os humildes homens que tão atentos Lhe escutavam as palavras
haviam de sofrer calúnias, torturas, prisões e morte, e continuou:
"Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados
sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo, disserem todo o mal contra vós por
Minha causa. Exultai e alegrai-vos,
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porque é grande o vosso galardão nos Céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de
vós." Mat. 5:10-12.
O mundo ama o pecado, e aborrece a justiça, e foi essa a causa de sua hostilidade para com Jesus. Todos
quantos recusam Seu infinito amor, acharão o cristianismo um elemento perturbador. A luz de Cristo afasta
as trevas que lhes cobrem os pecados, patenteando-se a necessidade de reforma. Ao passo que os que se
submetem à influência do Espírito Santo começam a lutar consigo mesmos, os que se apegam ao pecado
combatem contra a verdade e seus representantes.
Assim se cria o conflito, e os seguidores de Cristo são acusados de perturbadores do povo. Mas é a união
com Deus que lhes atrai a inimizade do mundo. Levam a injúria de Cristo. Estão palmilhando a senda
trilhada pelos mais nobres da Terra. Não com pesar, mas com regozijo, devem enfrentar as perseguições.
Cada ardente prova é um instrumento de Deus para sua purificação. Cada uma delas os está preparando
para sua obra de colaboradores Seus. Cada conflito tem seu lugar na grande batalha em busca da justiça, e
ajuntará uma alegria ao seu final triunfo. Tendo isso em vista, a prova de sua fé e paciência será de bom
grado aceita, em vez de temida e evitada. Ansiosos por cumprir sua obrigação para com o mundo, fixando
seu desejo na aprovação de Deus, Seus servos têm de cumprir cada dever, a despeito do temor dos
homens ou de seu favor.
"Vós sois o sal da terra" (Mat. 5:13), disse Jesus. Não vos aparteis do mundo, a fim de escapar à
perseguição. Deveis permanecer entre os homens, para que o sabor do amor divino seja como sal a
preservar o mundo da corrupção.
Corações que correspondem à influência do Espírito Santo, são condutos por onde fluem as bênçãos
divinas. Fossem os servos de Deus tirados da Terra, e Seu Espírito retirado dentre os homens, este mundo
seria entregue à desolação e destruição, o fruto do domínio de Satanás. Conquanto os ímpios não o saibam,
devem até mesmo as bênçãos desta vida, à presença do povo de Deus no mundo, esse povo que
desprezam e oprimem. Mas se os cristãos o são apenas de nome, são como o sal que perdeu o sabor. Não
exercem nenhuma influência para bem no mundo. São, pela falsa representação de Deus, piores que os
incrédulos.
"Vós sois a luz do mundo." Mat. 5:14. Os judeus pensavam limitar os benefícios da salvação a seu próprio
povo; mas Jesus mostrou-lhes
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que a salvação é como a luz do Sol. Pertence ao mundo. A religião da Bíblia não deve ser confinada dentro
da capa de um livro, ou entre as paredes de uma igreja, nem ser manifestada acidentalmente, para nosso
proveito, sendo então posta de novo à margem. Cumpre santificar a vida diária, manifestar-se em toda
transação de negócio, e em todas a relações sociais.
O verdadeiro caráter não se molda exteriormente; irradia do interior. Se desejamos dirigir outros na vereda
da justiça, os princípios da eqüidade devem ser entronizados na própria alma. Nossa profissão de fé pode
proclamar a teoria da religião, mas é a piedade que revela a palavra da verdade. A vida coerente, a santa
conversação, a inabalável integridade, o espírito ativo e beneficente, o piedoso exemplo - eis os condutos
pelos quais a luz é comunicada ao mundo.
Jesus não demorara nas especificações da lei, mas não permitiu que Seus ouvintes concluíssem que viera
pôr de parte suas reivindicações. Sabia que havia espiões prontos a pegarem toda palavra susceptível de
ser torcida para servir ao próprio desígnio. Sabia dos preconceitos que existiam no espírito de muitos de
Seus ouvintes, e não disse coisa alguma para lhes perturbar a fé na religião e instituições que lhes foram
entregues por intermédio de Moisés. O mesmo Cristo dera tanto a lei moral, como a cerimonial. Não viera
destruir a confiança em Suas próprias instruções. Era por causa de Sua grande reverência pela lei e os
profetas, que procurava fazer uma brecha no muro de exigências tradicionais que cercava os judeus.
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5. Conquanto pusesse de lado suas falsas interpretações da lei, guardava cuidadosamente Seus discípulos de
abandonarem as vitais verdades confiadas aos hebreus.
Os fariseus se orgulhavam da obediência que prestavam à lei; sabiam, todavia, tão pouco de seus princípios
pela prática diária, que para eles as palavras do Salvador soavam qual heresia. Ao sacudir o entulho sob
que a verdade estivera soterrada, julgavam que estava varrendo a própria verdade. Murmuravam uns para
os outros que estava menosprezando a lei. Jesus leu-lhes os pensamentos, e respondeu aos mesmos,
dizendo:
"Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir." Mat. 5:17. Aí refuta Jesus
a acusação dos fariseus. Sua missão para o mundo é reivindicar os sagrados direitos da lei que O acusam
de violar. Se a lei de Deus pudesse haver sido
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mudada ou anulada, então Cristo não teria necessitado sofrer as conseqüências de nossa transgressão. Ele
veio para explicar a relação da lei para com o homem, e exemplificar-lhe os preceitos mediante Sua própria
vida de obediência.
Deus nos deu Seus santos preceitos, porque ama a humanidade. Para proteger-nos dos resultados da
transgressão, revela os princípios da justiça. A lei é uma expressão do pensamento divino; quando recebida
em Cristo, torna-se nosso pensamento. Ergue-nos acima do poder dos desejos e tendências naturais, acima
das tentações que induzem ao pecado. Deus quer que sejamos felizes, e deu-nos os preceitos da lei para
que obedecendo-lhes, possamos ter alegria. Quando, por ocasião do nascimento de Jesus, os anjos
cantaram:
"Glória a Deus nas alturas, Paz na Terra, boa vontade para com os homens" (Luc. 2:14), estavam
declarando os princípios da lei que viera engrandecer e tornar gloriosa.
Quando a lei foi proclamada do Sinai, Deus tornou conhecida aos homens a santidade de Seu caráter a fim
de que, por contraste, pudessem ver sua própria pecaminosidade. A lei foi dada para os convencer do
pecado, e revelar-lhes sua necessidade de um Salvador. Assim o faria, à medida que seus princípios fossem
aplicados ao coração pelo Espírito Santo. Esta obra deve ela fazer ainda. Na vida de Cristo se tornam
patentes os princípios da lei; e, ao tocar o Espírito Santo de Deus o coração, ao revelar a luz de Cristo aos
homens a necessidade que têm de Seu sangue purificador e de Sua justificadora justiça, a lei é ainda um
instrumento em nos levar a Cristo para sermos justificados pela fé. "A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a
alma." Sal. 19:7.
"Até que o céu e a Terra passem", disse Jesus, "nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja
cumprido." Mat. 5:18. O Sol que brilha no céu, a sólida Terra sobre que habitamos, são testemunhas de
Deus, de que Sua lei é imutável e eterna. Ainda que passem, perdurarão os divinos preceitos. "É mais fácil
passar o céu e a terra do que cair um til da lei." Luc. 16:17. O sistema de tipos que apontavam para Cristo
como o Cordeiro de Deus, devia ser abolido por ocasião de Sua morte; mas os preceitos do decálogo são
tão imutáveis como o trono de Deus. Uma vez que "a lei do Senhor é perfeita", qualquer mudança dela deve
ser um mal. Os que desobedecem aos mandamentos de Deus, e ensinam outros a fazer assim, são
condenados por Cristo.
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A vida de obediência do Salvador manteve as reivindicações da lei; provou que a lei pode ser observada
pela humanidade, e mostrou a excelência de caráter que a obediência havia de desenvolver. Todos quantos
obedecem como Ele fez, estão semelhantemente declarando que a lei é "santa, justa e boa". Rom. 7:12. Por
outro lado, todos quantos transgridem os mandamentos divinos, estão apoiando a pretensão de Satanás de
que a lei é injusta, e não pode ser obedecida. Apoiam assim os enganos do grande adversário, e desonram
a Deus. São filhos do maligno, o qual foi o primeiro rebelde contra a lei do Senhor. Admiti-los no Céu, seria
aí introduzir novamente elementos de discórdia e rebelião, e pôr em risco o bem-estar do Universo. Ninguém
que voluntariamente despreze um princípio da lei entrará no Céu.
Os rabis consideravam sua justiça um passaporte para o Céu; mas Jesus declarou-a insuficiente e indigna.
As cerimônias exteriores e um teórico conhecimento da verdade constituíam justiça farisaica. Os rabis
pretendiam ser santos por meio de seus próprios esforços em guardar a lei; mas suas obras haviam
divorciado a justiça da religião. Conquanto fossem extremamente escrupulosos nas observâncias rituais, sua
vida era imoral e falsificada. Sua chamada justiça nunca poderia penetrar no reino do Céu.
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6. O maior dos enganos do espírito humano, nos dias de Cristo, era que um mero assentimento à verdade
constituísse justiça. Em toda experiência humana, o conhecimento teórico da verdade se tem demonstrado
insuficiente para a salvação da alma. Não produz os frutos de justiça. Uma cuidadosa consideração pelo que
é classificado verdade teológica, acompanha freqüentemente o ódio pela verdade genuína, segundo se
manifesta na vida. Os mais tristes capítulos da História acham-se repletos do registro de crimes cometidos
por fanáticos adeptos de religiões. Os fariseus pretendiam ser filhos de Abraão, e vangloriavam-se de
possuir os oráculos de Deus; todavia, essas vantagens não os preservavam do egoísmo, da malignidade, da
ganância e da mais baixa hipocrisia. Julgavam-se os maiores religiosos do mundo, mas sua chamada
ortodoxia os levou a crucificar o Senhor da glória.
O mesmo perigo existe ainda. Muitos se têm na conta de cristãos, simplesmente porque concordam com
certos dogmas teológicos. Não introduziram, porém, a verdade na vida prática. Não creram nela nem a
amaram; não receberam, portanto, o poder e a graça que advêm mediante a santificação da verdade. Os
homens
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podem professar fé na verdade; mas, se ela não os torna sinceros, bondosos, pacientes, dominados,
tomando prazer nas coisas de cima, é uma maldição a seu possuidor e, por meio de sua influência, uma
maldição ao mundo.
A justiça ensinada por Cristo é conformidade de coração e de vida com a revelada vontade de Deus. Os
pecadores só se podem tornar justos, à medida que têm fé em Deus, e mantêm vital ligação com Ele. Então
a verdadeira piedade lhes elevará os pensamentos e enobrecerá a vida. Então, as formas externas da
religião se harmonizam com a interior pureza cristã. As cerimônias exigidas no serviço de Deus não são
nesse caso ritos destituídos de sentido, como os dos fariseus hipócritas.
Jesus toma separadamente os mandamentos, e expõe-lhes a profundidade e a largura das reivindicações.
Em lugar de remover um jota de sua força, mostra quão vasto é o alcance de seus princípios, e expõe o erro
fatal dos judeus em sua ostentação exterior de obediência. Declara que, pelo mau pensamento ou o
cobiçoso olhar, é transgredida a lei divina. Uma pessoa que se torna participante da mínima injustiça, está
violando a lei e degradando sua própria natureza moral. O homicídio existe primeiro na mente. Aquele que
dá ao ódio um lugar no coração, está pondo o pé no caminho do assassínio, e suas ofertas são aborrecíveis
a Deus.
Os judeus cultivavam um espírito de vingança. Em seu ódio aos romanos, proferiam duras acusações e
agradavam ao maligno pela manifestação de seus atributos. Estavam assim se preparando para praticar as
terríveis ações a que ele os levou. Não havia, na vida religiosa dos fariseus, nada que recomendasse a
piedade aos olhos dos gentios. Jesus declarou-lhes que se não enganassem com a idéia de poderem
revoltar-se no coração contra seus opressores, e acariciar o anseio de vingar-se de suas injustiças.
É verdade que há uma indignação justificável, mesmo nos seguidores de Cristo. Quando vêem que Deus é
desonrado, e Seu serviço exposto ao descrédito; quando vêem o inocente opresso, uma justa indignação
agita a alma. Tal ira, nascida da sensibilidade moral, não é pecado. Mas os que, a qualquer suposta
provocação, se sentem em liberdade de condescender com a zanga ou o ressentimento, estão abrindo o
coração a Satanás. Amargura e animosidade devem ser banidas da alma, se queremos estar em harmonia
com o Céu.
O Salvador vai além disso. Diz Ele: "Se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão
tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te
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primeiro com teu irmão, e depois vem e apresenta a tua oferta." Mat. 5:23 e 24. Muitos são zelosos nos
cultos, ao passo que entre eles e seus irmãos existem lamentáveis diferenças, as quais poderiam
harmonizar. Deus exige que façam tudo ao seu alcance para restaurar a concórdia. Antes que isso façam,
não lhes pode aceitar a adoração. O dever do cristão a esse respeito é claramente indicado.
Deus derrama Suas bênçãos sobre todos. "Faz que o Seu Sol se levante sobre maus e bons, e a chuva
desça sobre justos e injustos." É "benigno até para com os ingratos e maus". Luc. 6:35. Pede-nos que
sejamos semelhantes a Ele. "Bendizei os que vos maldizem", disse Jesus: "Fazei bem aos que vos
odeiam,... para que sejais filhos do vosso Pai que está nos Céus." Mat. 5:44. Eis os princípios da lei, e são
as fontes da vida.
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7. O ideal de Deus para Seus filhos é mais alto do que pode alcançar o pensamento humano. "Sede vós pois
perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos Céus." Mat. 5:48. Este mandamento é uma promessa. O
plano da redenção visa ao nosso completo libertamento do poder de Satanás. Cristo separa sempre do
pecado a alma contrita. Veio para destruir as obras do diabo, e tomou providências para que o Espírito Santo
fosse comunicado a toda alma arrependida, para guardá-la de pecar.
A influência do tentador não deve ser considerada desculpa para qualquer má ação. Satanás rejubila quando
ouve os professos seguidores de Cristo apresentarem desculpas quanto à sua deformidade de caráter. São
essas escusas que levam ao pecado. Não há desculpas para pecar. Uma santa disposição, uma vida cristã,
são acessíveis a todo filho de Deus, arrependido e crente.
O ideal do caráter cristão, é a semelhança com Cristo. Como o Filho do homem foi perfeito em Sua vida,
assim devem Seus seguidores ser perfeitos na sua. Jesus foi em todas as coisas feito semelhante a Seus
irmãos. Tornou-Se carne, da mesma maneira que nós. Tinha fome, sede e fadiga. Sustentava-Se com
alimento e refrigerava-Se pelo sono. Era Deus em carne. Ele compartilhou da sorte do homem; não
obstante, foi o imaculado Filho de Deus. Seu caráter deve ser o nosso. Diz o Senhor dos que nEle crêem:
"Neles habitarei, e entre eles andarei; e Eu serei o seu Deus e eles serão o Meu povo." II Cor. 6:16.
Cristo é a escada que Jacó viu, tendo a base na Terra, e o topo chegando à porta do Céu, ao próprio limiar
da glória. Se aquela escada houvesse deixado de chegar à Terra, por um único degrau que fosse, teríamos
ficado perdidos. Mas Cristo vem ter conosco
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onde nos achamos. Tomou nossa natureza e venceu, para que, revestindo-nos de Sua natureza, nós
pudéssemos vencer. Feito "em semelhança da carne do pecado" (Rom. 8:3), viveu uma vida isenta de
pecado. Agora, por Sua divindade, firma-Se ao trono do Céu, ao passo que, pela Sua humanidade, Se liga a
nós. Manda-nos que, pela fé nEle, atinjamos à glória do caráter de Deus. Portanto, devemos ser perfeitos,
assim como "é perfeito vosso Pai que está nos Céus". Mat. 5:48.
Jesus mostrara em que consiste a justiça, e indicara Deus como fonte da mesma. Voltou-Se então para os
deveres práticos. Em dar esmolas, orar, jejuar, disse Ele, que nada seja feito com o intuito de atrair atenção
ou louvores para o próprio eu. Dai em sinceridade, para benefício do pobre sofredor. Na oração, comungue a
alma com Deus. Ao jejuar, não andeis cabisbaixos, a mente ocupada com vós mesmos. O coração do
fariseu é um solo árido e inútil, em que nenhuma semente de vida divina pode crescer. Aquele que mais
completamente se entrega a Deus, é que mais aceitável serviço Lhe presta. Pois, mediante a comunhão
com Ele, os homens se tornam coobreiros Seus em manifestar-Lhe o caráter na humanidade.
A adoração prestada em sinceridade de coração tem grande recompensa. "Teu Pai, que vê em segredo, te
recompensará publicamente." Mat. 6:6. Pela vida que vivemos mediante a graça de Cristo, forma-se o
caráter. A beleza original começa a ser restaurada na alma. São comunicados os atributos do caráter de
Cristo, começando a refletir-se a imagem do Divino. A fisionomia dos homens e mulheres que andam e
trabalham com Deus, exprime a paz do Céu. São circundados da atmosfera celeste. Para essas pessoas
começou o reino de Deus. Possuem a alegria de Cristo, a satisfação de ser uma bênção à humanidade. Têm
a honra de ser aceitos para o serviço do Mestre; é-lhes confiado o fazer Sua obra em Seu nome.
"Ninguém pode servir a dois senhores." Não podemos servir a Deus com coração dividido. A influência da
religião bíblica não é uma influência entre outras: tem de ser suprema, penetrando em todas as outras e
dominando-as. Não deverá ser uma pincelada dando aqui e ali cor a uma tela, mas encher a vida toda, como
se a mesma tela fosse imergida na tinta até que cada fio houvesse tomado profundo e firme colorido.
"De sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus,
o teu corpo será tenebroso." Mat. 6:22. Pureza e firmeza de propósito são condições para receber luz de
Deus. Aquele que deseja conhecer a verdade, deve estar disposto a aceitar tudo que ela mostra. Não pode
ter
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nenhuma transigência com o erro. Estar vacilante e morno para com a verdade, é preferir as trevas do erro e
o engano de Satanás.
Os métodos mundanos e os retos princípios da justiça não se misturam imperceptivelmente, como as cores
do arco-íris. Há entre eles, traçada pelo eterno Deus, vasta e distinta linha divisória. A semelhança de Cristo
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8. ressalta tão marcadamente em contraste com a de Satanás, como o meio-dia em face da meia-noite. E
unicamente os que vivem a vida de Cristo, são coobreiros Seus. Se um pecado é nutrido na alma, ou uma
prática errônea conservada na vida, todo o ser é contaminado. O homem torna-se instrumento de injustiça.
Todos quantos escolheram o serviço de Deus, devem descansar em Seu cuidado. Cristo apontou os
pássaros voando no espaço, as flores no campo, pedindo a Seus ouvintes que considerassem essas
criaturas de Deus. "Não tendes vós muito mais valor do que elas?" (Mat. 6:26) disse Ele. A medida da
atenção divina concedida a qualquer criatura, é proporcional a sua posição na escala dos seres. A
pequenina andorinha é velada pela Providência. As flores do campo, a relva que atapeta o solo, partilham da
atenção e cuidado do Pai celeste. O grande Artista, o Artista-Mestre, teve pensamentos para os lírios,
fazendo-os tão bonitos que ultrapassam a glória de Salomão. Quanto mais cuida Ele do homem, a imagem e
glória divinas! Anela ver Seus filhos revelarem um caráter à Sua semelhança. Como a luz solar comunica às
flores seus múltiplos e delicados matizes, assim transmite Ele à alma a beleza de Seu próprio caráter.
Todos quantos preferem o reino de Cristo - reino de amor e justiça e paz - colocando os interesses do
mesmo acima de todos os outros, acham-se ligados ao mundo do alto, e pertencem-lhes todas as bênçãos
necessárias a esta vida. No livro da providência de Deus, o volume da vida, a cada um de nós é dada uma
página. Essa página contém cada particularidade de nossa história; até os cabelos da cabeça estão
contados. Os filhos de Deus nunca Lhe estão ausentes do pensamento.
"Não vos inquieteis pois pelo dia de amanhã." Devemos seguir a Cristo dia a dia. Deus não provê auxílio
para amanhã. Não dá a Seus filhos imediatamente todas as instruções para a jornada da vida, para que não
fiquem confundidos. Diz-lhes apenas quanto possam conservar na memória e realizar. A força e a sabedoria
comunicadas destinam-se à emergência do momento. "Se algum de vós tem falta de sabedoria" - para o dia
de hoje - "peça a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada." Tia. 1:5.
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Não julgueis, para que não sejais julgados." Não vos julgueis melhores que outros homens, nem vos arvoreis
em juízes seus. Uma vez que não vos é dado discernir os motivos, sois incapazes de julgar um ao outro. Ao
criticá-lo, estais-vos sentenciando a vós mesmos; pois mostrais ter parte com Satanás, o acusador dos
irmãos. O Senhor diz: "Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos." II
Cor. 13:5. Eis nossa tarefa. "Se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados." I Cor. 11:31.
A boa árvore produzirá bom fruto. Se o fruto for de sabor desagradável e sem valor, a árvore é má. Assim o
fruto dado na vida testifica das condições do coração e da excelência do caráter. As boas obras jamais
poderão comprar a salvação; são, porém, um indício da fé que opera por amor e purifica a alma. E se bem
que a recompensa eterna não seja concedida em virtude de nossos méritos, será todavia em proporção à
obra realizada por meio da graça de Cristo.
Cristo apresentou assim os princípios de Seu reino, e mostrou serem eles a grande norma da vida. Para
fazer gravar melhor a lição, dá um exemplo. Não vos basta, diz Ele, ouvirdes Minhas palavras. Cumpre-vos,
pela obediência, torná-las o fundamento de vosso caráter. O próprio eu não passa de areia movediça. Se
edificardes sobre teorias e invenções humanas, vossa casa ruirá. Pelos ventos da tentação, pelas
tempestades das provas, será varrida. Mas estes princípios que vos dei permanecerão. Recebei-Me; edificai
sobre Minhas palavras.
"Todo aquele, pois, que escuta estas Minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que
edificou a sua casa sobre a rocha; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram
aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha." Mat. 7:24 e 25.
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