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Nº 57 - Janeiro / Março de 2016
b o l e t i m d a F R A T E R N I T A S M O V I M E N T O
Em dia de aniversário, costuma cantar-
se a melodia "Parabéns a você" que,
traduzida a letra para português, a música
é praticamente igual à da versão inglesa
da referida canção.
Na versão latina, cuja letra sintetiza o
essencial desejado nas duas músicas, ou
seja, que a vida perdure e seja o mais
plena possível, temos um claro exemplo
da vontade humana de felicidade.
Épara sermos felizes e fazermos os outros
felizes que vimos a este mundo; é esta
a nossa missão, acredito-o
profundamente.
Este ano a Associação FRATERNITAS
Movimento celebra 20 anos da sua
fundação. Precisamos cantar-lhe os
parabéns por tudo o que de bom tem sido
para os que nela se apoiam, directa ou
indirectamente; pela força e retempero
que tem sido para os seus associados quer
através dos retiros quer das formações e
actualizações teológicas e culturais, tão
importantes para um sempre desafiante e
continuado diálogo entre o Evangelho e a
Cultura.
Este ano, o nosso Encontro da Páscoa irá
decorrer nos dias 29, 30 de Abril e 1 de
Maio, em Fátima. No dia 1, teremos a
Assembleia Geral, na qual iremos dialogar
sobre alguns pontos dos Estatutos que
necessitam ser revistos. O Presidente da
Mesa da Assembleia Geral irá enviar a
respectiva Convocatória. A Direcção
“Ad multos annos"
enviará também uma comunicação
atempadamente, via postal e via e-mail,
para que todos e todas a possam ler,
reflectirem sobre ela e pronunciarem-se da
melhor maneira sobre o futuro da
FRATERNITAS.
Desejando que todos e todas vamos
sonhando e concretizando a Igreja de
Jesus Cristo nas comunidades onde
estamos, envio-vos um forte abraço de
gratidão e apreço pela vossa coerência e
verdade.
Bem hajam,
Santarém, 6 de Fevereiro de 2016
Luís Carlos Lourenço Salgueiro
LivroseditadosporSóciosdaFraternitas 2-3
Conjugarverdadeemisericórdia 4-5
Aindaecos doEncontrodeFormação 6
Encontro Nacional da FRATERNITAS Movimento 6
VisionamentodeUominiProibiti(comentários) 7
Uma sócoisa... necessária!... 8
Cartas 8
Igreja,ComunidadeseMinistérios 9
Aomelhordospais 11
InMemoriam...ManuelDuarteLuís 12-10
PRODUÇÃOLITERÁRIADEMEMBROSDAFRATERNITAS
LIVROS editados em 2014 (conclusão)
O Rosto Humano de Deus, A.
CunhadeOlivei-
ra, 2014, Edição
do InstitutoAço-
rianodeCultura/
AngradoHeroís-
mo, digitação e
revisão de Anto-
nieta Lopes Oliveira, [381 pági-
nas]. (*)
Da contracapa:
"EmboraoCristianismotenha
tomadonomeapartirdeCristo,a
verdade é que Cristo não é nome
de pessoa mas de categoria; não
é substantivo mas adjectivo. De-
rivadogregochriein,quesignifi-
ca "ungir", e corresponde ao
hebraicomashi´ah,oumelhorain-
da, ao aramaico meshi ´ah, que
queremdizer"ungido"edondenos
veio o termo Messias. Na Bíblia
"cristos"e"messias"foramaque-
les a quem Deus escolheu,
predestinouedotoudedonsespi-
rituaisparapoderemlevaracabo
acções de salvação. Até o ímpio
rei persa Ciro (538-528 a.C.) foi
"cristo" ou "messias". Assimdiz
o Senhor a Ciro, seu ungido
(cristo, messias) a quem tomou
pelas mãos: "Vou derrubar as na-
çõesdiantedeti,desatarocinturão
dos reis, abrir-te as portas da ci-
O Secretariado tem vindo a inventariar as obras editadas dos seus membros e vai baseando-se
nos dados dos livros de que dispõe, na sequência adotada — os que vão sendo publicados no
próprio ano e/ou num triénio recuando no tempo. Desta vez concluir-se-á, contudo, o ano de 2014
(iniciado em Espiral nº 53). Decerto que foram publicados (muitos) mais. Informem-nos segundo os
dados que têm vindo a ser transmitidos e/ou selecionando excertos de vossa preferência. "Laus
Deo"! — assim terminam todos os livros de um dos dois autores apresentados, Jacinto de Sousa Gil.
Nota prévia: O critério adotado é o da ordem alfabética dos nomes dos autores, que não seguem o
novo Acordo Ortográfico.
dade …" (Is 45, 1.4). O Cristia-
nismo,como religião,deve-seao
Senhor Jesus de Nazaré, perso-
nagemhistóricacomo,alémdali-
teratura cristã, no-lo atestam o
judeu Flávio Josefo (37/38 -103)
eosromanosCornélioTácito(55-
115), Plínio o Moço (61/62 -112/
113) e Tranquilo Suetónio (69-
141), autores, como se vê, con-
temporâneos dos Apóstolos e da
primeira geração cristã. Os dis-
cípulos e seguidores do Senhor
Jesus passaramaserdesignados
cristãos a partir de Antioquia da
Síria (Act.11, 26b), muito prova-
velmenteporinfluênciadealgum
funcionário ou militar romano e
pagão.Nunca por iniciativa pró-
pria.[…]
O Cristianismo não foi,origi-
nalmente,umareligiãodedogmas,
deritos,decânones,masdecom-
promisso e de missão: e sereis
minhas testemunhas. Mais
ortopraxia, que ortodoxia. Não
admira, por isso, a existência de
"cristãos anónimos", como lhes
chamou o grande teólogo e mes-
treKarlRahner."
Crer.MasemQuê?,A.Cunhade
Oliveira,2015,EdiçãodoInstitu-
toAçorianodeCultura/Angrado
Heroísmo,digita-
ção e revisão de
Antonieta Lopes
Oliveira,[382pá-
ginas].(*)
Da contracapa:
O Cristianismo é, antes de
mais,umaféreligiosa.Diriames-
mo que a fé religiosa por exce-
lência,baseadanapessoaadorá-
vel do Senhor Jesus de Nazaré e
na mensagem que nos trouxe so-
bre o Reino de Deus. Não se tra-
ta, pois, de sistema doutrinal de
simplescontemplação,mas,eso-
bretudo,demundividência,práti-
ca, e estilo de vida.
Desdeinícioqueaadesãoaos
Cristianismosefezatravésdorito
do baptismo, mediante prévia
instrução,oucatecumenato,euma
profissãodefé.Daíquenodecur-
sodotempohajamsurgidoasmais
variadasfórmulasdeprofissãoda
fécristã,emobediênciaaoessen-
cialquesemprefoiaconfissãoda
fé em Deus, Uno na essência, e
Trinonaspessoas.Asdiversasfór-
mulas de profissão da fé cristã
acabaram, no século IV, por ser
reduzidasaumasó-onossoCre-
do,mercêdateoriaedaacçãodos
bisposdasIgrejasdoOriente,sob
aégidedosimperadoresromanos.
Recitamo-lo particularmente
comooração,ecolectiva epubli-
camente em certos dias de festa
durante a Missa. Mas,[…]: será
possível crer de verdade sem se
saber bem em quê?
Para tanto, seria necessário
por parte de cada cristão ummí-
nimo de esclarecimento de cada
conteúdo das"Verdadesda Fée,
lá de tempos a tempos,a actuali-
zaçãodassuaexpressõesverbais.
Éque,maisnãosejapeloprogres-
so da Ciência, tais expressões
verbais envelhecem. Se não mes-
mo envilecem.
(*) Pedido de aquisição: IAC- iac@iac-
azores.org(www.iac-azores.org)
AltodasCovas,nº67/9700AngradoHeroísmo
AÇORES;telefone:295215825
Monte Real, Jacinto
deSousaGil,Dezem-
brode2014,publica-
ção do autor, Leiria,
431páginas.
ResenhahistóricadeMonteReal:
[…]Em1291,oReiD.Dinis,que
aqui habitara com a sua Esposa,
a Rainha Santa Isabel, "ordenou
que se fizessem abertas no Paul
de Ulmar, a fim de que recebes-
semterrasparalavrardurantedez
anososqueestivessemdispostos
ao seu cultivo, mediante o paga-
mento à Coroa de um quarto de
todo o fruto. Procurava assim D.
Dinis fixar os colonos às terras,
atraindo-osparaque aíse estabe-
lecessem. […] O mesmo D. Di-
nis,"outorgouforalàsua'Póbra',
elevando-a à categoria de Vila -
Vila da Póvoa de Mon Real […].
Monte Real foi Vila no passado,
sede de Comarca e com Admi-
nistraçãoprópria.Seráqueacon-
diçãodeVila,umavez adquirida,
alguma vez se pode perder? […]
E,por isso,esperoque asEntida-
des competentes lhe devolvam a
condição de Vila. […] - páginas
11,12e13.
Leiria Solidária,Ja-
cinto de Sousa Gil,
Maiode2015,publi-
cação do autor,
Leiria,239 páginas.
DaIntrodução:
ASolidariedadebrotadocoração
bem formado, generoso e sensí-
vel às circunstâncias dos outros,
quer por motivos filantrópicos,
querpormotivaçãocristã,porque
vê nos outros um Irmão e ou um
Filho de Deus.
[…] Leiria sempre demonstrou,
através da história, esta preocu-
paçãocomosmaisdesprotegidos
ou doentes,e especialmente com
as Crianças "desvalidasou aban-
donadas". Pode-se dizer que
Leiria aprendeu bem a lição da
sua Rainha SantaIsabelque resi-
diu nonosso Castelo. […]
É esse o milagre, (referindo-se
previamente ao milagre das ro-
sas) mais ou menos silencioso,
sem alarde nem vã glória, que
Leiria soube actualizar através
dos tempos e das várias convul-
sões sociais.
[…]Aos Homens e Mulheres de
hoje, nossos potenciais leitores,
pedimos que abram o seu cora-
çãoaoAmordosIrmãosparache-
garmos todos à Fonte do Verda-
deiro Amor que é Deus. […] -
páginas 13 e14.
Pedradas Soltas,Jacintode Sou-
saGil,Junhode2015,publicação
do autor, Leiria, 195
páginas.
DaIntrodução:
Diz o nosso povo em
sua ancestralsabedo-
ria:"Quem temtelhados de vidro
não pode atirar pedradas". Não é
nosso objectivo atirar pedradas,
porque todos temos telhados de
vidro. Mas, apenas e só, apontar
factos, relatar acontecimentos
protagonizadosporIrmãosSacer-
dotes. Não por qualquer mesqui-
nhoespíritodevingança,maspara
que sirvam de alerta e de refle-
xãonabusca desantidadeindivi-
dual, de um maior amor fraterno
e duma Igreja mais Santa.
[…] Não interessa aqui tanto a
motivação que faz soltar a "pe-
drada" da minha ou da tua mão.
Importa apenas e só verificar a
"dor"queadita"pedrada"lançada
causaoucausounooutro.
[…] Vem a propósito recordar o
queTomás Hallik, no seu "Anoi-
te do Confessor", escreve: "A in-
tolerânciaémuitasvezesfrutode
invejaencobertadeoutros,duma
inveja queprocede dos corações
amarguradosdepessoasquenão
estãodispostasareconheceroseu
sentimentodeprofundainsatisfa-
çãocom a sua própria casa espi-
ritual".
[…]Énossoobjectivo,primeira-
menteperdoar,esecundariamen-
te tentar corrigir imperfeições,
endireitarcaminhos,fazerpensar
eviverumavidaemIgreja,como
FamíliamaisSanta,maiscordata,
com maior tolerância entre Ir-
mãos, e com mais presença de
Deus em todo o nosso pensar e
agir. […] - páginas 11 a 15.
Urtélia Silva
A
firmava, há dias, cá para os meus botões
que, se a verdade liberta, a misericórdia
salva. Escrevia-o a propósito do pregão
lançado por Francisco na Missa de encerramento
do Sínodo de2015: "AtarefadaIgreja éproclamar
amisericórdiadeDeus,chamaràconversãoelevar
todasaspessoasà salvação".
Com efeito, o apóstolo e evangelista S. João
retémcomopalavradeJesusaosjudeusosegmento
seguinte: "conhecereis a verdade e a verdade vos
libertará"(Jo 8,32).Mas,poroutrolado,segundo a
Palavra de Cristo, a felicidade resulta da
misericórdia, como da pobreza em espírito, da
mansidão,daconsolaçãosobreaslágrimas,dafome
e sede de justiça, da pureza de coração e da luta
pela paz, mesmo à custa da perseguição por causa
da justiça. Na verdade, "felizes os misericordiosos
porquealcançarãomisericórdia"(Mt5,7)éumadas
proclamasdoSermãodaMontanha(vdMt5,1-12).
E esta misericórdia concretiza-se no perdão e na
piedade, que se recebe de Deus e se deve replicar
nos irmãos: "Não devias também tu ter piedade do
teucompanheirocomoEutivedeti?"(Mt18,33).E
oapóstoloS.Tiagoensinaqueamisericórdiaéuma
das caraterísticasda Sabedoria que vem doAlto:
"Existe alguém entre vós que seja sábio e
entendido? Mostre, então, pelo seu bom
procedimento, que as suas obras estão
repassadas da mansidão própria da sabedoria.
Mas, se tendes no vosso coração uma inveja
amarga e um espírito dado a contendas, não
vos vanglorieis nem falseeis a verdade. Essa
não é a sabedoria que vem do Alto, mas é a
terrena, a da natureza corrompida, a diabólica.
Pois, onde háinveja eespírito faccioso também
há perturbação e todo o género de obras más.
Mas a sabedoria que vem do Alto é, em
primeiro lugar, pura; depois, é pacífica,
indulgente, dócil, cheia de misericórdia e de
bons frutos, imparcial, sem hipocrisia; e é com
a paz que uma colheita de justiça é semeada
pelos obreiros da paz.".
Aliás o cúmulo da misericórdia é o Bom Pastor
dar a vida pelas ovelhas (cf Jo 10,11.13), pelos
homens para que tenham a vida e a tenham em
abundância (cf Jo 10,10) e, à hora da morte,
exclamar "Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o
quefazem"(Lc23,34).Eestamisericórdiaassumida
exponencialmente fica espelhada nas parábolas da
misericórdia, convenientemente explanadas no
capítulo 15 de S. Lucas. O Bom Pastor, que tenha
100 ovelhas, vai à procura da ovelha perdida até a
encontrar, mesmoque tenha de deixar as outras 99
nodeserto;e,quandoaencontra,põe-naalegremente
aos ombros e, ao aproximar-se da vizinhança,
convidaàalegria(cfLc15,3-7).Atitudesemelhante
tomaamulherquetem10dracmase,tendoperdido
uma, não descansa até a encontrar e, encontrada,
convida as vizinhas à alegria (cf Lc 15,8-10). E já
vimos, noutras ocasiões, como foi a paciência do
Pai que tinha dois filhos: respeitou a liberdade de
cada um, mas fez festa quando o pródigo voltou e
instou junto do filho maisvelho para que alinhasse
na festa (cfLc 15,11-32). Com efeito, haverá mais
alegria no Céu, entre os anjos de Deus, por um só
pecador que seconverte doquepornoventae nove
justos que não necessitam de conversão (cf Lc
15,7.10).
***
Também o Padre Gentili, Diretor do
Departamento para a família da CEI (Conferência
Episcopal Italiana), comentando o resultado dos
Sínodo dos Bispos de 2015, no passado dia 28 de
outubro,sintetizouoresultadodostrabalhossinodais
na frase lapidar: "O convite é conjugar verdade e
misericórdia".
Depois, explicou como acolher as ideias
levantadasnoSínodo.
Evocando a lembrança de Francisco de que a
tarefadaIgrejaé"proclamaramisericórdiadeDeus,
chamar à conversão e levar todas as pessoas à
salvação", Paolo Gentili disse que a tarefa de
aplicação do Sínodo deve ser entendida à luz do
Relatório Final do Sínodo (Relatio Synodi) e deve
ser feitacom grandecuidado e sensibilidadepasto-
ralcom relação às famílias que vivem situações de
sofrimento ede conflito.
Conjugar
verdade e misericórdia
NaentrevistaquedeuaoZenit—omundovisto
deRoma—GentiliexplicoucomoaIgrejaquevive
em Itália recolherá alguns dos itens abordados no
Sínodo:doscursosdepreparaçãoparaomatrimónio
ao acompanhamento de famílias que sofreram
perda, passando pela objeção de consciência dos
educadores perante ideias e medidas que vão con-
traamoralcristã.Não faltamalguns considerandos
sobre o tema que tem suscitado o maior interesse
dos meios de comunicação: a comunhão aos
divorciados recasadoscivilmente.
Questionadosobreobalançoglobalquefazdeste
Sínodo,chamou-lhe"umaobra-primadoEspírito".
E, recordando que foi uma jornada de dois anos,
que teve o primeiro ponto alto na assembleia
extraordinária de 2014, acentua que o Sínodo
proporcionou "uma dupla consulta ao povo, para
depois voltar às salas sinodais para a assembleia
geralordináriaqueterminourecentemente".Eutiliza
uma interessante metáfora para explicar o
dinamismosinodal:
"Inicialmente, parecia ouvir uma orquestra
numa espécie de sala de ensaio, onde cada
um afinava o próprio instrumento. Depois,
porém, apareceu uma maravilhosa sinfonia e
as posições diferentes revelaram-se uma
riqueza, descortinando a catolicidade e a
universalidade da Igreja.".
A seguir, sublinhou os "três ingredientes
especiais" inoculados neste itinerário pelo Papa já
na vigília com que assinalou a abertura da
assembleianoanopassado:"escutamútua,confronto
fraterno, olhar em Cristo". E, como suporte do
enunciado de que permanecer "prisioneiro de
esquemas do passado" acarreta "o risco de não
comunicar mais a vitalidade, a beleza e a perene
novidadedoevangelho",declarou:
"É muito bom fazer parte de uma Igreja viva,
onde os pais se sentam à mesa com os filhos,
antes de tomarem decisões importantes. Diria
que as famílias iluminaram realmente o sínodo
e indiretamente também indicaram o método
de trabalho aos Padres sinodais. Um pai e uma
mãe que têm quatro filhos, embora tendo
critérios educativos claros, nunca poderão
educar o quarto como o primeiro; não só
porque eles mesmos mudaram e porque aquele
filhoé único, mas, especialmente, por encarnar
omelhor possível os valores de sempre naquele
determinado contexto histórico.".
Sobre a alegação de que a comunhão aos
divorciados que assumiram uma outra relação
afetiva, tendo sido um tema que catalisou o inter-
esse da Comunicação Social, não tem referência
visível na Relatio Synodi,chamou a atenção para a
existência de alguns verbos-chave que indiciam a
atitudeatomarrelativamenteaquemexperimentou
ofracassodocasamentoeencetouumanovaunião:
acompanhar,discernireincluir.Depois,explica:
"O acompanhamento é a tarefa fundamental
da Igreja, que é mestra e mãe, e, portanto,
chamada a curar os feridos com misericórdia.
O discernimento é a tarefa principal dos
pastores e de seus colaboradores. Trata-se de
deixar de ser "lentos de coração" (Lc 24,25)
como os dois discípulos de Emaús, não
reconhecendo naquela pessoa ferida Jesus que
passa ao nosso lado, ou amalgamando com
atitudes confusas e erróneas situações
completamente diferentes. A inclusão é a
atitude das parábolas da misericórdia; em par-
ticular, da mulher que se deixa iluminar pela
lâmpada e, reencontrando a moeda perdida,
devolve todo o valor (cf Lc 15,8-10).".
E é na síntese desta explicação que se encontra
comocoroláriooenunciadoemepígrafe,poisPaolo
Gentiliconfessa:
"Em última análise, o que realmente mudou é
a procura de um novo olhar sobre a
comunidade dos crentes, para que abandone
uma atitude de julgamento sobre as famílias
feridas, conjugando eficazmente verdade e
misericórdia. Só quem está em conversão
pode guiar o outro na mudança do coração,
senão, transforma-se em "cego e guia de
cegos" (Mt 15,14). Com este olhar cheio de
ternura poderão também indicar caminhos
penitenciais que, em certas circunstâncias,
abram a possibilidade de receber a comunhão
eucarística, mas, antes de tudo, há uma
comunhão de abraços a ser feita.".
[…]
OxaláqueoSínododaVerdadeedaMisericórdia
não seja encerrado na gaveta do fixismo, inércia e
dacomodidade,masgereaoportunidadedeoEspírito
renovar a face da Terra.
Louro de Carvalho
(2015.10.31)
ainda
... Encontro de Formação
O encontro com esta pessoa
muitoconhecidanacomunicação
social foi profundo, sério e
irrefutável nas suas posições. O
tema foi Deus, Jesus Cristo e a
Igreja.Durantetrêsdiasouvimo-
-lofalar eexpor com uma cultura
foradocomumdestestemasbem
atuais emuito badalados.
Confessoque ouvicom muita
atenção e tirei muito proveito de
tudoquantoouvierefleti.
As ideias expostas acerca de
Deus, de Jesus Cristo, inserem-
-se completamentedentro doque
penso e estão em consonância,
pensoeu,comtudooquepensam
os meus colegas. Falou-nos sem
inibições do Deus que nos ama e
ama o mundo todo sem qualquer
exceção. Do Jesus que veio para
abrirasportasda eternidade feliz
paratodaahumanidade.DaIgreja
falou maisdo que não nosdisse e
quetodospodíamosconcluiratra-
vésdasmensagensquenostrans-
mitiu. Eu penso que ele como o
Papa Franciscoentendemserne-
cessáriaumaprofundareformana
Igreja Hierárquica e principal-
mente na Cúria Romana. Depois
deoterouvido,lioseulivromais
recente Deus ainda tem futuro?
As minhas ideias caminham em
paralelo com as dele ali expostas
eexplanadasdeumaformamuito
filosófica e profunda. Deus tem
futuro e terá sempre para
podermoscompreenderoenigmá-
tico mundo que nos rodeia. Sem
Ele as coisas não têm sentido e
só se percebem minimamente
amando-O em espírito e em
verdade. Por isso gostei de tudo
quantonosdisseetenteiperceber
porquehátantagenteresponsável
e com obrigaçõesde irmaisalém
e mais longe e não vai. Aqui
assenta como uma luva uma
crítica velada à Igreja que temos
e que precisa de ser renovada e
modernizadaparapodercativaros
jovens e as grandes massas que
vivem afastadas e nas franjas.
Depois quero referir-me em
especialàEucaristiadodomingo.
Tudo o que aconteceu antes nos
dois dias de reflexão foia grande
preparação e no dia de domingo
foisó o texto do Evangelho onde
sefaladainstituiçãodaEucaristia
lido pela secretária Ana Marta.
Pensoqueestaescolhanãofoipor
acaso: as mulheres na Igreja
devem poderdesempenhar todas
asfunçõesdohomem.São iguais
em direitos, embora diferentes.
Seria também assim na Igreja
inicial e primitiva. Isto é dar um
ponto sem nó. Seguiu-se ime-
diatamente a distribuição do Pão
edoVinho.Inicialmenteteriasido
assim, sem formalismos, sem
oraçõezinhas e sem rodeios ou
dispersão. Falando com um
colegasobreoassunto,perguntou-
-me ele se aquilo teria sido
Eucaristia… Eu respondi clara-
mente que sim e todos sem qual-
querexclusãoconcelebraram,ho-
mensemulheres.No princípioas
eucaristias teriam em boa parte
aquelasimplicidade,depoisdeum
bomesaudávelconvívio.
Francamente gostei. Só tive
penaquenãotivéssemostidomais
trabalhosdegrupoparapodermos
ficaraindamaisesclarecidos,pois
quandohápessoasbemformadas
e intencionadas "da discussão
nasce a luz" ou mais luz ainda,
sobrecomosedevemounãofazer
as coisas para que agradem a
gregoseatroianos.Ubicaritaset
amor Deus ibi est.
Serafim de Sousa
O nosso encontro em outubro com o Prof. Dr. Anselmo Borges
Fátima, outubro de 2015
ENCONTRO NACIONAL DA FRATERNITAS MOVIMENTO
Fátima, 29 de Abril a 1 de Maio
Este Encontro anual é, todo o sabemos, muito importante!
Por isso, reserva já na tua agenda estes dias e disponibiliza-te para os viveres com alegria
e em fraternidade.Ainda não dispomos de todos os dados, mas avançamos a data da sua realização.
Comentários ao visionamento do documentário
Uomini Proibiti
Após termos divulgado o documentário Uomini
Proibiti, de que havíamos tomado conhecimento no
Encontro Internacional em Guadarrama (Madrid,
Espanha), recebemos,via e-mail ou via comentários
insertos no facebook, alguns ecos que aqui se
reproduzem.
Vi o filme. Para mim foi um choque, até porque passei por esse estrangulamento para ser livre,
comofilho deDeus.É angustiante comoalguns homens (ditos"iluminados" não seiporque tenebrosas
luzes) conseguem fazer leis tão obsoletas quanto desumanas, para esmagar as leis de Deus, expressas
na Natureza, e fazer sofrer tanto as pessoas que se têm de anular, de se esborrachar como pessoas
dignas, e no fim ouvir a classificação que lhes dão de "traidores à fé". De homens já nada sobra, porque
ficaram apenas bonecos abúlicos e manejáveis...
Ensinaram-nos (Oh Deus!...) que os inimigos da alma eram "o mundo, o demónio e a carne". O mundo?
Mas foi para o mundo que Cristo veio! (Jo 1,11)...Acarne? Mas Cristo quis incarnar (Jo 1,14)!... O
demónio?Aquiacredito, porque quem cria leis meramente humanas para anularas divinas, só pode ser
"demónio"!...
E tanto sofrimento se tem causadocomestas leis!... Sofrimento físico, psicológico...e empobrecimento
espiritualda Igreja, para salvaguardar o seu enriquecimento material comesperadas heranças!...Tantos
seres humanos atirados para as valetas da vida!... Felizmente que os cristãos estão a acordar, sobretudo
com o Papa Francisco (o renovador) que nos tem ensinado a ver as coisas de outra forma mais humana.
Cristo escolheu os 12 discípulos e nunca pôs o problemadeserem casados ou não!Querem inventar
outros caminhos diferentes dosqueCristo indicou para os homens se realizarem comofilhos de
Deus?...
Paiva (por e-mail)
Eu penso que este assunto só as pessoas que vivem estes problemas, é que podem dar o seu
parecer, a Santa Sé havia de ser aberta, os que quisessem constituir família não haviam de ser
proibidos, porque de facto sabe-se casos que são uma vergonha, havia de ser liberal, cada qual seguia o
que acha-se que era melhor, para asuavida, porque ninguém poder mandar no instintodo homem.
Liliana Cardoso (comentário no Facebook)
Bom documentário. Na minha opinião para definir bem a sua vocação tem se ser feita quando
tiver a idade adultaporque na adolescênciaháprocessos inerentesao crescimento psicológico e de
sexualidade. Bem é preciso muita reflexão.Vi um seminarista bem mais velho a ser ordenado diácono
nos Jerónimos. Cada um tem o seu caminho ligado a Igreja.
Sónia Cristina (comentário no Facebook)
Vimos o filme. É real nas três formas de abordagem. No conteúdo é muito semelhante ao
retratado no do FreiBernardo* doAntonino deMendonça, com adiferença de oAntonino lhejuntara
fundamentação bíblicasobre o amor que ninguém temo direitode desrespeitar.
Alípio (por e-mail) *[vd Espiral nº 31,Abril/Junho de 2008]
Recebi, lie gostei MUITO do
nº 56 deEspiral.
Obrigado.
Foi muito bom partilhar com
vocês em Fátima e em Guadar-
rama (Madrid).
E, como vos disse, fiquei
muito feliz com a abertura da
Fraternitas àFederação Europeia
e à Confederação Mundial dos
Padres Casados.
Acho que podeampliar vossa
visão, vos dar novas ideias e
perspectivas.
Os comentários sobre o
EncontrodeFormaçãoemFátima
estãomuitobons.
O Pe.Anselmo Borges, pelos
vistos,agradouemcheio. Sofia e
eu, que já o apreciávamos,
ficamos muito felizes em fazer
esse Encontro de Formação com
ele.
É por esse apreço que eu pub-
lico quase toda a semana um
artigo dele no nosso site. Junto
com outro de Frei Bento
Domingues que também aprecio
muito.
Tiveaimpressãoqueelesdois
estão bem além do Episcopado e
do clero de Portugal.
Nossa viagem de volta foi
muito boa. Pena que, com Luís e
Marta, não pudemos ficar para a
missadeconclusão.Mastivemos
a boa companhia deles até ao
aeroporto de Barajas.
Abraço para ti e para todos.
João e Sofia Tavares
Oepisódiodosmagos(Mt2,1-
12)surpreende-me.Enche-mede
ternura, curiosidade, mistério. É
simbólico, mas estranho. Uns
desconhecidos aparecem em
Jerusalém em busca de um Rei...
Sãoguiadospor umaestrela,que
ora aparece, ora desaparece.
Esses estranhos enfrentam
dificuldades na busca do ideal.
Não sossegam. E assumem as
consequências.
Apesar de tudo, esta festa
entrounaimaginaçãopopularque
lhedárelevoemocionalefestivo.
Aproximemos esta passagem
da visita que Jesus faz à família
de Betânia (Lc 10,38-42). Marta,
como sabemos, afadiga-se para
servir Jesus, que decerto a
desilude:"Uma só coisa éneces-
sária!"E Jesusaprovaa opção de
Maria: "...escolheu a melhor
parte".
A estrela, hoje! E que coisa
necessária?
O papa Francisco procura a
estrela que há-de guiar a Igreja a
Jesus. Não éúnico! Mas não está
fácil.Aestrelaestá encoberta por
grossas nuvens. Ou perdeu luz?
Retomar a luminosidade primi-
tivacusta.Elaestálá,masprecisa
de esforço coletivo para se
reacender. É um problema da
Igreja.
Andamos todos afadigados!
Muitascoisas,muitastrapalhadas
enchem o coração... E "uma só é
necessária!" Jesus, astuto, não
‘UMA SÓ COISA...
NECESSÁRIA!...'
disse qual.Apenas alerta! Marta,
decerto, ficou curiosa sobre qual
seria a única coisa necessária,
porque Jesus acrescenta que "é a
melhorparte".
Amigo, ainda não descobri
"essa coisa necessária". Mas tu
que és perspicaz, talvez identi-
fiquesaMisericórdiadivinaeeste
ano Jubilar como a
resposta possí-
vel. Olhando à
volta, a nossa
igreja —
cristãos, pa-
dres, bispos
— andamos
muitoatarefados,
muito cheios de
trabalho... E "uma só coisa é
necessária" — martela-me a
consciência...Tira-me o sono.
Admiro o papa Francisco.
Velhocheio de genica,ultrapassa
os bispos muito mais novos em
idade,mas vazios da presença ao
povode Deus,comsensibilidade
reticenteaosproblemaspastorais.
Temos muita gente cheia de
livros, de teorias, de intelec-
tualidade. Há dias, na ordenação
deumbispo,umamigoaugurava-
-lhe: "sejas mais pastor e menos
administrador!" Eis a questão:
Temos bons administradores.
Gente boa, boas pessoas, mas
administradores. Precisamos de
pastores, que as suas vestes
"cheirem a ovelha".
J. Soares
Depois de quase quarenta anos de
percurso partilhado (7 congressos
internacionais,7latino-americanose
muitosoutrosnacionais),oMovimento
Internacional de Presbíteros
Casados,nasuaactualestruturação,
comoFederaçãoLatino-americanae
FederaçãoEuropeia,apóster-sereunido
emCongressoemGuadarrama(Madrid,
Espanha),sobotema"Presbíterosem
Comunidades Adultas", decidiu
tornarpúblicoestecomunicado.
A todo o povo de Deus.
Acabámosdecelebraro50ºaniversário
doencerramentodoConcílioVaticanoII.
Asesperançaseoscompromissosque
aqueleacontecimentohistóricodes-
pertou,incentivam-nosaoferecer,uma
vezmais,anossaexperiênciaeanossa
reflexão,comomovimentoeclesiale
comomembrosdaComunidadeuniver-
saldoscrentesemJesusdeNazaré.
Na nossa origem está a
reivindicação de um celibato
opcionalparaospresbíterosdaIgreja
CatólicadoOcidente:liberdade que
deveriaserreconhecidaerespeitadanão
sóporserumdireitohumano,mastam-
bémporqueaopção(enãoaimposição)
émaisfielàmensagemlibertadorade
Jesuseàpráticamilenardasigrejas.
Estaposiçãotambémestámaisinti-
mamenterelacionadacomodireitodas
comunidadesaestaremprovidasde
servidoresdedicadosaoseucuidado,
que hoje está insuficientemente
satisfeito.
Masocaminhoque,emgrupo,temos
IGREJA,
COMUNIDADES E
MINISTÉRIOS
vindoafazer,ampliouessaperspectiva
inicial—focadanaquestãodocelibato
— para aspirar e avançar para um
modelo de presbítero, não cleri-
cal, e um tipo de igreja não fer-
reamente alicerçada num pres-
bíteroexclusivamentemasculino,
celibatárioeclérigo.
Durantetodosestesanos,osquehoje
fazemosestecomunicado,temosestado
integrados e comprometidos, com
simplicidadeefidelidade,emmuitos
gruposcomunitários.Sempreprocura-
mosdarsentidocristãoàsnossasvidas
eajudaraquantosconnoscosecruzam,
adescobriremasuadignidadecomo
sereshumanosecomofilhosdonosso
Pai-MãeDeus.
A partir desses compromissos,
atrevemo-nosadizer:
1º.- Estamosconvencidos —enisto
coincidimoscomoutrascomunidadese
movimentosdeigreja,paroquiaisenão
paroquiais — que o modelo de cris-
tianismomaioritariamentedominante
estádesfasado.Mais:estecristianismo,
emvezdeajudaràimplementaçãodo
ReinodeDeusedasuajustiça,éfrequen-
tementeobstáculoàvivênciadosvalores
evangélicos.Urgeumnovotipode
igrejaedecomunidadesparapoder
apresentaralgoválido,faceaosdesafios
queoserhumanotemhojepelafrente.
2º.-Oeixodestenovomodelodeigreja
deve ser a comunidade: a vida
comunitária dos crentes em Je-
sus.Semessesgruposquepartilhama
suavidaeafé,queprocuramdescobrir
oReinodeDeusevivê-lo,nãoháigreja.
Enãopodemosignorarqueasactuais
estruturas paroquiais, em grande
percentagem,sãomaisdespenseirasde
serviços religiosos ecultuaisdoque
comunidadesvivas.
3º.-ParaarenovaçãodaIgrejaedas
comunidadesdecrentesemdirecçãoa
ummodeloactivamentecomunitáriode
assembleiadoPovodeDeus,éprecisa
umamudançaestrutural.Nãosão
suficientes meros esforços pes-
soais! Há uma inércia de séculos:
EstadoVaticano,cúrias,leis,tradições…
queactuamcomoumpesomortoetra-
vamoudesvirtuamqualquerreformapro-
gressiva.
4º.- O nosso percurso tem-nos feito
experimentarecompreenderqueomo-
tordessatransformaçãoseencontrano
interiordessasmesmascomunidades.
Somente comunidades adultas,
maduras, podem levar a cabo
essatransformaçãoestrutural,ne-
cessária e urgente.Aestrutura ac-
tual—preferentementecentradana
paróquiaenoculto—tendeapenasa
perpetuar o imobilismo e a adoptar
apenasmudançasdesuperfície,istoé,
naforma,noexterior,massemiraofundo
dosproblemas.
5º.-Tambémcompreendemosetemos
experimentadoqueospresbíteros—
célibesounão:estanãoéaquestãoprin-
cipal — não podem continuar a
centrar tudo nas suas pessoas e
pretender assumir todas as
tarefaseresponsabilidades.Asua
própriaidentidadeeaqualidadedoseu
ApósoCongressoInternacionaldePresbíteros
Casados,foidecidido divulgar,com amáxima
extensão,naúltimaEpifania,ocomunicado
conjuntoqueaquireproduzimos.
(continua na pág. 10)
(conclusão da pág. 12)
muito fortes. E porque nós só
temos uma vida, há que respeitar
omodocomocadaumseconstrói
em consciência.
****
Na universidade, onde
voltámos a conviver, ele
continuava a vibrar com uma
palavra:AMOR!Confidenciava-
-meentãoqueavidasóvaleapena
se vivida com amor. Conheci
mais tarde a esposa, que todos
tratavamporFátinha,ecomquem
viveumuitosanosbonitosemhar-
monia exemplar. Já no Hospital
do Mar, Bobadela, onde viveu
acamadoosseusúltimosanos,ele
confidenciou-me que tinham
jurado fidelidade mesmo para
além da morte.
Já aposentados, ainda
celebrámos aamizade através de
convívios num grupo de sete
casaiscomhistóriassemelhantes,
queseencontravamoranumaora
noutra casa.
Mas a sua entrega não se
resumia à família. Ouvi na
Lardosa o muito que o Manuel
Luísfezpelasuaterra,presidindo
mesmo à direcção da associação
que ergueu o maravilhoso lar ali
existente.EnadirecçãodaEscola
Secundária de Mem Martins
(salvo erro) bem deu o corpo ao
manifesto, especialmente na
AminhahomenagemaoManuelLuís consecução do Pavilhão Gimno-
desportivo. Foi uma vida vivida
comumaintensidade talque,por
problemas de saúde, se viu
obrigado a parar. E ainda era
novo…
Quando o visitava, surpre-
endia-mesemprecomumsorriso
cativante numcorpoesquelético.
Uma cabeça sempre desperta,
boamemória,foi altura de elefa-
lar com muito enlevo dos dois
filhos, ela na Universidade de
Harvard e ele como empresário
noAlentejo, mas visitando o pai
todos os dias ao fim da tarde.
Assim se vão os homens, que
antesdemorreraindapassampelo
cadinhodolorosodoesquecimento
demuitos.
António Henriques
serviçoimpõemumaevoluçãoparauma
maiorparticipaçãoeparaumpluralismo
demodelosemfunçãoeemdependência
dascomunidadesconcretas.
6º.-Essascomunidadesadultasjá
existem.Porvezessãoignoradasou
perseguidas,masénecessárioincen-
tivá-las.Sãopequenosgrupos,deredu-
zidasdimensões. Osseusmembros
conhecem-se,partilham,vivemaigual-
dade,acorresponsabilidade,afrater-
nidadeeirmandade.Temosdeconti-
nuar a lutar por esse estilo de
comunidades,perfeitamenteaceitá-
veisdentrodapluralidadedemodelos
eclesiais.
7º.- Essa maturidade e maioridade
permite-lhesadaptar-seàsexigências
culturaisdonossomundomutável.Assim
vivemeformulamafédeformaeem
linguagemcompreensível.Organizam-se
segundoassuasnecessidades.Essas
comunidadessãolivreseexercema
liberdadedosfilhosefilhasdeDeus.
Nãovivempresasaopassado.Asua
referêncianãoéaobediência,masa
criatividade apartirdafé.E,assim,
podemsercompreendidasnasnossas
sociedades.
8º.-Destepontodevista,resultacada
vez mais contraditória e injusta a
situação das mulheres. Estão
maioritariamente presentes na vida
eclesial,massãoafastadastradicio-
nalmente das tarefas de estudo, de
responsabilidadeegoverno.Nãohá
nenhumfundamentoparamanteresta
discriminação,quealémdissosupõe
umaperdadeumpotencial humano
insubstituível.Podeaindaesperar-se
razoavelmente que a sua presença
tornaráasestruturasdeanimaçãoede
governomelhores,maisjustasemais
equilibradas.
9º.-E,finalmente,éprecisoreconhecer
a estas comunidades o direito a
escolher e distribuir cargos,
responsabilidades, serviços e
ministérios às pessoas que
considerem mais preparadas e
adequadas para cada tarefa, sem
distinçãodesexonemdeestado.Desta
forma,possamchegarasercomunidades
abertas, inclusivas, a partir da
pluralidadeemútuorespeito.
Temosencontradoeparticipadoem
comunidadesdestetipo.Nãosãouma
quimera,masumarealidadeapesardas
suas deficiências e dificuldades. E
estamosdecididos:continuaremosalutar
paraquecadadiasejammaisnumerosas
eautênticas.
Estecaminhonão ésimples.Temos
consciênciadequeoscompromissos
queassumimospodemcausarproble-
mas.Porvezesacercámo-nosdailegali-
dade,emboranãoporcaprichoouarbi-
trariedade.Sabemos,porexperiência,
(continuação da pág. 9)
(conclui na pág. 11)
ComunicadoInternacional
Manuel Duarte Luís nasceu a
5 de julho de 1935, na Lardosa
(Castelo Branco), filho de Ana
DuarteeMartinhoLuís,osegundo
de6filhos(sóciodoSportingClub
dePortugal).
Aí passou a sua infância, até
embarcar na viagem do Patriar-
cado, primeiro no seminário de
Alcains e depois em Portalegre.
Durante muitos anos foi Diretor
do Colégio Diocesano de Porta-
legre,onde,dizem,"sempre pro-
moveu um ambientede amizade,
união, fraternidade e muita
alegria" ajudando a transformar
aquelainstituiçãonumainstituição
de referência daregião.Nessaal-
tura, foi também pioneiro da
criação de muitos dos Agru-
pamentos do Corpo Nacional de
Escutas, tendo sido Assistente
RegionaldosEscuteiros.
Já no final dos anos 70, com
mais de 40 anos, conheceu a
nossa Mãe, e abraçou corajosa-
mente uma nova vida, gerida
pelos mesmos princípios, mas
com uma estrutura comple-
tamente nova.
Profissionalmente,entregou-se
ao ensino de Português e direção
escolar em escolas como os
Plátanos em Sintra e a Escola da
Ouressa em Mem-Martins, onde
cumpriu a promessa de tornar o
ensinodos nossosadolescentes o
melhor ensino possível. Após a
reforma, abraçou causas sociais
na "sua amada terra", promoven-
do, entre outras coisas, a cons-
trução da casa de repouso para
idososdaLardosa.
Pessoalmente,foiomelhorpai
do mundo. O pai que nos amava
acima de tudo, quenospromovia
semlimites,quenosestruturouaté
aoultimomomento.
Em 2009, perdeua nossa mãe
e começou a ser vencido pela
doença. O Parkinsonismo come-
çou a minar os seus movimentos
e desde 2014, viveu acamado no
HospitaldoMar,Bobadela.Aqui
recebia sempre com um sorriso,
ofilhoqueovisitavadiariamente
e o lembrava constantemente
como era real aquilo que sempre
o moveu: O amor!
Muitos o recordam como o
educador, o diretor, o padre que
se casou. O amante de causas
sociais, o amante da terra natal
(a Lardosa), o amante do Spor-
ting. Um cérebro irrequieto e
cheio desentidodehumor.
Para nós, será sempre o ser
humano que transformou (com a
nossa querida mãe) a nossa cir-
cunstâncianamelhordascircuns-
tâncias.Opaiqueolhavaparanós
como se fossemos magia e com
issonosfaziaacreditarquepodía-
mos ser mais e melhores. Para
nóseraopaiquenosamavainfini-
tamente, eque,apesare além das
diferenças e imperfeições, nos
continuavaaamar,tendoorgulho
de cada milímetro da nossa
existência.
Manuel Duarte Luís morreu
aos80anos,paideManueleInês,
e avô de Joana e Marta (e sócio
doSportingClubdePortugal).
Obrigadopapá,portudo!Serás
sempreumpedaçodenós,aquele
pedaço que nos faz ser melhores
e enquanto estivermos vivos
viverássempreconnosco.
Obrigados a todos que o
amaram.
Obrigados, por teres estado
"Sempre alerta para servir"!
Atésempre,nosso querido!
Manuel e
Inês Vaz Luís
Ao melhor dos pais:
àquelas intuições e declarações do
Vaticano II: vida fraterna, solidária,
ecuménica,comprometidacomapazea
justiçacomtodososhomensemulheres
deboavontade…Estesideais tanta
ilusãodespertaram,masforamacan-
tonadoscomoperigosos!Porém,hoje,
com a chegada do papa Francisco,
retomaramactualidadeerecuperarama
suacidadaniananossaIgreja.
ConvidamostodososcrentesemJesus
aservalenteseembrenhar-senestes
caminhosdecriatividade,maturidadee
liberdade,paratornarcadadiamaisreal
o Evangelho da misericórdia e da
responsabilidade,diantedetodosos
sereshumanosediantedanossaMãe
Terra.
6dejaneirode2016.
queavidavaimuitoalémdonormativo
legalequeoEspíritonãoestásujeitoa
leis.
Osdesafiosactuaisexigem-nosabrir
caminhos dediálogo ede encontro.
Nestesdomínios,tãonecessitadosde
mudança,temosdesercriativos.As-
sumimosoprotagonismodas comu-
nidades.Dessamaneira,damoscorpo
(continuação da pág. 10)
Rua Dr. Sá Carneiro, 182 - 1º Dtº
3700-254 S. JOÃO DA MADEIRA
e-mail: espiral.fraternitas@gmail.com
boletim de
f r a t e r n i t a s m o v i m e n t o
Responsável: Alberto Osório deCastro
Nº 57 - Janeiro/Março de 2016
(conclui na pág. 10)
In Memoriam...
MANUEL
DUARTE LUÍS
1936 - 2016
4 de Janeiro
Mais um amigo se foi… Um amigo de muitas
vidas, como eu já disse há poucos dias. Fui
acompanhá-lo até ao cemitério da Lardosa e pude
testemunharoambientedecomunhãoefraternidade
quealitodosvivemos.
AClara BacharellembravaoManel dos tempos
em que ele era Director do Colégio Diocesano de
Portalegre,ondeeuoacompanheiduranteoitoanos,
e onde sempre primou por criar um ambiente de
amizade,união,fraternidadeealegria.Sim,queum
dos traços da sua personalidade era a alegria e o
entusiasmo com que se dedicava às suas tarefas. E
forammuitasebem marcantes.OColégio,naquele
tempo,ganhoufamademuitobome,porisso,muitas
famíliasdelongeoptavamporinternarosseusfilhos,
maisde cemdurante anos…Um grupo de padres e
professores, e mesmo os funcionários, viveram ali
experiências novasdeeducação.O Pe.Eusébio,no
funeral,lembroucomoatéfomospioneirosnaliturgia
e na música religiosa, com violas e uma bateria na
missa dominical.
OManuelLuísvibrava com tudo o que se fazia.
Até andava sempre à nossa frente, antecipando o
futuro com um acento de optimismo que alguns
achavamexagerado.Falavadosbonsresultadosdos
alunos como obra de todos e alimentava mesmo a
alegria de muitos deles aderirem à prática cristã
com naturalidade. Irrequieto por natureza, parecia
que abraçavaqualquertarefa com espírito positivo
elúdico.
Além do Colégio, o Sr. D.Agostinho, de quem
foi também secretário uns anos antes, confiou-lhe
ainda a pastoral escutista. Começando em
Portalegre,foi oManuelLuís o grande pioneiro da
criação de muitos dos Agrupamentos do Corpo
Nacional de Escutas pela diocese fora. Como
AssistenteRegional,eledesdobrava-senaformação
doschefese daschefesdosescuteiros,agregando a
si muitas boas vontades com o dom do seu lema
prático "Sempre alerta para servir". Ficam na
memória aqueles acampamentos regionais e
nacionais como ponto alto da nossa vivência de
juventude.
OPe.Castanheira,na Lardosa,faloudoManuel
Luís também como orientador nos Cursilhos de
Cristandade. A sua memória prodigiosa também
ajudava naqueles "rollos"dehoras,porcerto!
****
Um dia, já depois de eu viver em Lisboa, soube
da sua decisão de abandonaro seu múnus sacerdo-
tal e viver o resto da vida em comunhão matrimo-
nialcomaFátinha.Chegadosaqui,vemnaturalmente
a surpresa para muitos: "O quê? Ele casou-se?" É
difícil sondar o interior de cada qual, pelo que o
melhor é respeitaro outro.
Éverdade,comodizianaLardosaoPe.Eusébio,
comalegislaçãodocostume,aIgrejaperdeumuitos
talentos,vistasascoisasmaisdoladodahierarquia.
Porque eu passei pelo mesmo, vamos antes ver as
perspectivasdoladopessoal.Équemuitagentenão
calculacomoédifícilabandonaroestatuto,ondese
erajábemvistoe"efectivo"(comomedisseoamigo
Dr. Marcelino) e passar a "provisório", isto é,
recomeçar tudo aos 30 e talanos,quernasrelações
pessoais quer na profissão e nos estudos, sem
segurança alguma e ameaçados mesmo de ir
"malhar com as costas na guerra
do Ultramar", como aconteceu a
alguns. As razões pessoais para
uma decisão desta têm de ser
A minha homenagem

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A Fraternitas celebra 20 anos e debate estatutos

  • 1. Nº 57 - Janeiro / Março de 2016 b o l e t i m d a F R A T E R N I T A S M O V I M E N T O Em dia de aniversário, costuma cantar- se a melodia "Parabéns a você" que, traduzida a letra para português, a música é praticamente igual à da versão inglesa da referida canção. Na versão latina, cuja letra sintetiza o essencial desejado nas duas músicas, ou seja, que a vida perdure e seja o mais plena possível, temos um claro exemplo da vontade humana de felicidade. Épara sermos felizes e fazermos os outros felizes que vimos a este mundo; é esta a nossa missão, acredito-o profundamente. Este ano a Associação FRATERNITAS Movimento celebra 20 anos da sua fundação. Precisamos cantar-lhe os parabéns por tudo o que de bom tem sido para os que nela se apoiam, directa ou indirectamente; pela força e retempero que tem sido para os seus associados quer através dos retiros quer das formações e actualizações teológicas e culturais, tão importantes para um sempre desafiante e continuado diálogo entre o Evangelho e a Cultura. Este ano, o nosso Encontro da Páscoa irá decorrer nos dias 29, 30 de Abril e 1 de Maio, em Fátima. No dia 1, teremos a Assembleia Geral, na qual iremos dialogar sobre alguns pontos dos Estatutos que necessitam ser revistos. O Presidente da Mesa da Assembleia Geral irá enviar a respectiva Convocatória. A Direcção “Ad multos annos" enviará também uma comunicação atempadamente, via postal e via e-mail, para que todos e todas a possam ler, reflectirem sobre ela e pronunciarem-se da melhor maneira sobre o futuro da FRATERNITAS. Desejando que todos e todas vamos sonhando e concretizando a Igreja de Jesus Cristo nas comunidades onde estamos, envio-vos um forte abraço de gratidão e apreço pela vossa coerência e verdade. Bem hajam, Santarém, 6 de Fevereiro de 2016 Luís Carlos Lourenço Salgueiro LivroseditadosporSóciosdaFraternitas 2-3 Conjugarverdadeemisericórdia 4-5 Aindaecos doEncontrodeFormação 6 Encontro Nacional da FRATERNITAS Movimento 6 VisionamentodeUominiProibiti(comentários) 7 Uma sócoisa... necessária!... 8 Cartas 8 Igreja,ComunidadeseMinistérios 9 Aomelhordospais 11 InMemoriam...ManuelDuarteLuís 12-10
  • 2. PRODUÇÃOLITERÁRIADEMEMBROSDAFRATERNITAS LIVROS editados em 2014 (conclusão) O Rosto Humano de Deus, A. CunhadeOlivei- ra, 2014, Edição do InstitutoAço- rianodeCultura/ AngradoHeroís- mo, digitação e revisão de Anto- nieta Lopes Oliveira, [381 pági- nas]. (*) Da contracapa: "EmboraoCristianismotenha tomadonomeapartirdeCristo,a verdade é que Cristo não é nome de pessoa mas de categoria; não é substantivo mas adjectivo. De- rivadogregochriein,quesignifi- ca "ungir", e corresponde ao hebraicomashi´ah,oumelhorain- da, ao aramaico meshi ´ah, que queremdizer"ungido"edondenos veio o termo Messias. Na Bíblia "cristos"e"messias"foramaque- les a quem Deus escolheu, predestinouedotoudedonsespi- rituaisparapoderemlevaracabo acções de salvação. Até o ímpio rei persa Ciro (538-528 a.C.) foi "cristo" ou "messias". Assimdiz o Senhor a Ciro, seu ungido (cristo, messias) a quem tomou pelas mãos: "Vou derrubar as na- çõesdiantedeti,desatarocinturão dos reis, abrir-te as portas da ci- O Secretariado tem vindo a inventariar as obras editadas dos seus membros e vai baseando-se nos dados dos livros de que dispõe, na sequência adotada — os que vão sendo publicados no próprio ano e/ou num triénio recuando no tempo. Desta vez concluir-se-á, contudo, o ano de 2014 (iniciado em Espiral nº 53). Decerto que foram publicados (muitos) mais. Informem-nos segundo os dados que têm vindo a ser transmitidos e/ou selecionando excertos de vossa preferência. "Laus Deo"! — assim terminam todos os livros de um dos dois autores apresentados, Jacinto de Sousa Gil. Nota prévia: O critério adotado é o da ordem alfabética dos nomes dos autores, que não seguem o novo Acordo Ortográfico. dade …" (Is 45, 1.4). O Cristia- nismo,como religião,deve-seao Senhor Jesus de Nazaré, perso- nagemhistóricacomo,alémdali- teratura cristã, no-lo atestam o judeu Flávio Josefo (37/38 -103) eosromanosCornélioTácito(55- 115), Plínio o Moço (61/62 -112/ 113) e Tranquilo Suetónio (69- 141), autores, como se vê, con- temporâneos dos Apóstolos e da primeira geração cristã. Os dis- cípulos e seguidores do Senhor Jesus passaramaserdesignados cristãos a partir de Antioquia da Síria (Act.11, 26b), muito prova- velmenteporinfluênciadealgum funcionário ou militar romano e pagão.Nunca por iniciativa pró- pria.[…] O Cristianismo não foi,origi- nalmente,umareligiãodedogmas, deritos,decânones,masdecom- promisso e de missão: e sereis minhas testemunhas. Mais ortopraxia, que ortodoxia. Não admira, por isso, a existência de "cristãos anónimos", como lhes chamou o grande teólogo e mes- treKarlRahner." Crer.MasemQuê?,A.Cunhade Oliveira,2015,EdiçãodoInstitu- toAçorianodeCultura/Angrado Heroísmo,digita- ção e revisão de Antonieta Lopes Oliveira,[382pá- ginas].(*) Da contracapa: O Cristianismo é, antes de mais,umaféreligiosa.Diriames- mo que a fé religiosa por exce- lência,baseadanapessoaadorá- vel do Senhor Jesus de Nazaré e na mensagem que nos trouxe so- bre o Reino de Deus. Não se tra- ta, pois, de sistema doutrinal de simplescontemplação,mas,eso- bretudo,demundividência,práti- ca, e estilo de vida. Desdeinícioqueaadesãoaos Cristianismosefezatravésdorito do baptismo, mediante prévia instrução,oucatecumenato,euma profissãodefé.Daíquenodecur- sodotempohajamsurgidoasmais variadasfórmulasdeprofissãoda fécristã,emobediênciaaoessen- cialquesemprefoiaconfissãoda fé em Deus, Uno na essência, e Trinonaspessoas.Asdiversasfór- mulas de profissão da fé cristã acabaram, no século IV, por ser reduzidasaumasó-onossoCre- do,mercêdateoriaedaacçãodos bisposdasIgrejasdoOriente,sob aégidedosimperadoresromanos.
  • 3. Recitamo-lo particularmente comooração,ecolectiva epubli- camente em certos dias de festa durante a Missa. Mas,[…]: será possível crer de verdade sem se saber bem em quê? Para tanto, seria necessário por parte de cada cristão ummí- nimo de esclarecimento de cada conteúdo das"Verdadesda Fée, lá de tempos a tempos,a actuali- zaçãodassuaexpressõesverbais. Éque,maisnãosejapeloprogres- so da Ciência, tais expressões verbais envelhecem. Se não mes- mo envilecem. (*) Pedido de aquisição: IAC- iac@iac- azores.org(www.iac-azores.org) AltodasCovas,nº67/9700AngradoHeroísmo AÇORES;telefone:295215825 Monte Real, Jacinto deSousaGil,Dezem- brode2014,publica- ção do autor, Leiria, 431páginas. ResenhahistóricadeMonteReal: […]Em1291,oReiD.Dinis,que aqui habitara com a sua Esposa, a Rainha Santa Isabel, "ordenou que se fizessem abertas no Paul de Ulmar, a fim de que recebes- semterrasparalavrardurantedez anososqueestivessemdispostos ao seu cultivo, mediante o paga- mento à Coroa de um quarto de todo o fruto. Procurava assim D. Dinis fixar os colonos às terras, atraindo-osparaque aíse estabe- lecessem. […] O mesmo D. Di- nis,"outorgouforalàsua'Póbra', elevando-a à categoria de Vila - Vila da Póvoa de Mon Real […]. Monte Real foi Vila no passado, sede de Comarca e com Admi- nistraçãoprópria.Seráqueacon- diçãodeVila,umavez adquirida, alguma vez se pode perder? […] E,por isso,esperoque asEntida- des competentes lhe devolvam a condição de Vila. […] - páginas 11,12e13. Leiria Solidária,Ja- cinto de Sousa Gil, Maiode2015,publi- cação do autor, Leiria,239 páginas. DaIntrodução: ASolidariedadebrotadocoração bem formado, generoso e sensí- vel às circunstâncias dos outros, quer por motivos filantrópicos, querpormotivaçãocristã,porque vê nos outros um Irmão e ou um Filho de Deus. […] Leiria sempre demonstrou, através da história, esta preocu- paçãocomosmaisdesprotegidos ou doentes,e especialmente com as Crianças "desvalidasou aban- donadas". Pode-se dizer que Leiria aprendeu bem a lição da sua Rainha SantaIsabelque resi- diu nonosso Castelo. […] É esse o milagre, (referindo-se previamente ao milagre das ro- sas) mais ou menos silencioso, sem alarde nem vã glória, que Leiria soube actualizar através dos tempos e das várias convul- sões sociais. […]Aos Homens e Mulheres de hoje, nossos potenciais leitores, pedimos que abram o seu cora- çãoaoAmordosIrmãosparache- garmos todos à Fonte do Verda- deiro Amor que é Deus. […] - páginas 13 e14. Pedradas Soltas,Jacintode Sou- saGil,Junhode2015,publicação do autor, Leiria, 195 páginas. DaIntrodução: Diz o nosso povo em sua ancestralsabedo- ria:"Quem temtelhados de vidro não pode atirar pedradas". Não é nosso objectivo atirar pedradas, porque todos temos telhados de vidro. Mas, apenas e só, apontar factos, relatar acontecimentos protagonizadosporIrmãosSacer- dotes. Não por qualquer mesqui- nhoespíritodevingança,maspara que sirvam de alerta e de refle- xãonabusca desantidadeindivi- dual, de um maior amor fraterno e duma Igreja mais Santa. […] Não interessa aqui tanto a motivação que faz soltar a "pe- drada" da minha ou da tua mão. Importa apenas e só verificar a "dor"queadita"pedrada"lançada causaoucausounooutro. […] Vem a propósito recordar o queTomás Hallik, no seu "Anoi- te do Confessor", escreve: "A in- tolerânciaémuitasvezesfrutode invejaencobertadeoutros,duma inveja queprocede dos corações amarguradosdepessoasquenão estãodispostasareconheceroseu sentimentodeprofundainsatisfa- çãocom a sua própria casa espi- ritual". […]Énossoobjectivo,primeira- menteperdoar,esecundariamen- te tentar corrigir imperfeições, endireitarcaminhos,fazerpensar eviverumavidaemIgreja,como FamíliamaisSanta,maiscordata, com maior tolerância entre Ir- mãos, e com mais presença de Deus em todo o nosso pensar e agir. […] - páginas 11 a 15. Urtélia Silva
  • 4. A firmava, há dias, cá para os meus botões que, se a verdade liberta, a misericórdia salva. Escrevia-o a propósito do pregão lançado por Francisco na Missa de encerramento do Sínodo de2015: "AtarefadaIgreja éproclamar amisericórdiadeDeus,chamaràconversãoelevar todasaspessoasà salvação". Com efeito, o apóstolo e evangelista S. João retémcomopalavradeJesusaosjudeusosegmento seguinte: "conhecereis a verdade e a verdade vos libertará"(Jo 8,32).Mas,poroutrolado,segundo a Palavra de Cristo, a felicidade resulta da misericórdia, como da pobreza em espírito, da mansidão,daconsolaçãosobreaslágrimas,dafome e sede de justiça, da pureza de coração e da luta pela paz, mesmo à custa da perseguição por causa da justiça. Na verdade, "felizes os misericordiosos porquealcançarãomisericórdia"(Mt5,7)éumadas proclamasdoSermãodaMontanha(vdMt5,1-12). E esta misericórdia concretiza-se no perdão e na piedade, que se recebe de Deus e se deve replicar nos irmãos: "Não devias também tu ter piedade do teucompanheirocomoEutivedeti?"(Mt18,33).E oapóstoloS.Tiagoensinaqueamisericórdiaéuma das caraterísticasda Sabedoria que vem doAlto: "Existe alguém entre vós que seja sábio e entendido? Mostre, então, pelo seu bom procedimento, que as suas obras estão repassadas da mansidão própria da sabedoria. Mas, se tendes no vosso coração uma inveja amarga e um espírito dado a contendas, não vos vanglorieis nem falseeis a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do Alto, mas é a terrena, a da natureza corrompida, a diabólica. Pois, onde háinveja eespírito faccioso também há perturbação e todo o género de obras más. Mas a sabedoria que vem do Alto é, em primeiro lugar, pura; depois, é pacífica, indulgente, dócil, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem hipocrisia; e é com a paz que uma colheita de justiça é semeada pelos obreiros da paz.". Aliás o cúmulo da misericórdia é o Bom Pastor dar a vida pelas ovelhas (cf Jo 10,11.13), pelos homens para que tenham a vida e a tenham em abundância (cf Jo 10,10) e, à hora da morte, exclamar "Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o quefazem"(Lc23,34).Eestamisericórdiaassumida exponencialmente fica espelhada nas parábolas da misericórdia, convenientemente explanadas no capítulo 15 de S. Lucas. O Bom Pastor, que tenha 100 ovelhas, vai à procura da ovelha perdida até a encontrar, mesmoque tenha de deixar as outras 99 nodeserto;e,quandoaencontra,põe-naalegremente aos ombros e, ao aproximar-se da vizinhança, convidaàalegria(cfLc15,3-7).Atitudesemelhante tomaamulherquetem10dracmase,tendoperdido uma, não descansa até a encontrar e, encontrada, convida as vizinhas à alegria (cf Lc 15,8-10). E já vimos, noutras ocasiões, como foi a paciência do Pai que tinha dois filhos: respeitou a liberdade de cada um, mas fez festa quando o pródigo voltou e instou junto do filho maisvelho para que alinhasse na festa (cfLc 15,11-32). Com efeito, haverá mais alegria no Céu, entre os anjos de Deus, por um só pecador que seconverte doquepornoventae nove justos que não necessitam de conversão (cf Lc 15,7.10). *** Também o Padre Gentili, Diretor do Departamento para a família da CEI (Conferência Episcopal Italiana), comentando o resultado dos Sínodo dos Bispos de 2015, no passado dia 28 de outubro,sintetizouoresultadodostrabalhossinodais na frase lapidar: "O convite é conjugar verdade e misericórdia". Depois, explicou como acolher as ideias levantadasnoSínodo. Evocando a lembrança de Francisco de que a tarefadaIgrejaé"proclamaramisericórdiadeDeus, chamar à conversão e levar todas as pessoas à salvação", Paolo Gentili disse que a tarefa de aplicação do Sínodo deve ser entendida à luz do Relatório Final do Sínodo (Relatio Synodi) e deve ser feitacom grandecuidado e sensibilidadepasto- ralcom relação às famílias que vivem situações de sofrimento ede conflito. Conjugar verdade e misericórdia
  • 5. NaentrevistaquedeuaoZenit—omundovisto deRoma—GentiliexplicoucomoaIgrejaquevive em Itália recolherá alguns dos itens abordados no Sínodo:doscursosdepreparaçãoparaomatrimónio ao acompanhamento de famílias que sofreram perda, passando pela objeção de consciência dos educadores perante ideias e medidas que vão con- traamoralcristã.Não faltamalguns considerandos sobre o tema que tem suscitado o maior interesse dos meios de comunicação: a comunhão aos divorciados recasadoscivilmente. Questionadosobreobalançoglobalquefazdeste Sínodo,chamou-lhe"umaobra-primadoEspírito". E, recordando que foi uma jornada de dois anos, que teve o primeiro ponto alto na assembleia extraordinária de 2014, acentua que o Sínodo proporcionou "uma dupla consulta ao povo, para depois voltar às salas sinodais para a assembleia geralordináriaqueterminourecentemente".Eutiliza uma interessante metáfora para explicar o dinamismosinodal: "Inicialmente, parecia ouvir uma orquestra numa espécie de sala de ensaio, onde cada um afinava o próprio instrumento. Depois, porém, apareceu uma maravilhosa sinfonia e as posições diferentes revelaram-se uma riqueza, descortinando a catolicidade e a universalidade da Igreja.". A seguir, sublinhou os "três ingredientes especiais" inoculados neste itinerário pelo Papa já na vigília com que assinalou a abertura da assembleianoanopassado:"escutamútua,confronto fraterno, olhar em Cristo". E, como suporte do enunciado de que permanecer "prisioneiro de esquemas do passado" acarreta "o risco de não comunicar mais a vitalidade, a beleza e a perene novidadedoevangelho",declarou: "É muito bom fazer parte de uma Igreja viva, onde os pais se sentam à mesa com os filhos, antes de tomarem decisões importantes. Diria que as famílias iluminaram realmente o sínodo e indiretamente também indicaram o método de trabalho aos Padres sinodais. Um pai e uma mãe que têm quatro filhos, embora tendo critérios educativos claros, nunca poderão educar o quarto como o primeiro; não só porque eles mesmos mudaram e porque aquele filhoé único, mas, especialmente, por encarnar omelhor possível os valores de sempre naquele determinado contexto histórico.". Sobre a alegação de que a comunhão aos divorciados que assumiram uma outra relação afetiva, tendo sido um tema que catalisou o inter- esse da Comunicação Social, não tem referência visível na Relatio Synodi,chamou a atenção para a existência de alguns verbos-chave que indiciam a atitudeatomarrelativamenteaquemexperimentou ofracassodocasamentoeencetouumanovaunião: acompanhar,discernireincluir.Depois,explica: "O acompanhamento é a tarefa fundamental da Igreja, que é mestra e mãe, e, portanto, chamada a curar os feridos com misericórdia. O discernimento é a tarefa principal dos pastores e de seus colaboradores. Trata-se de deixar de ser "lentos de coração" (Lc 24,25) como os dois discípulos de Emaús, não reconhecendo naquela pessoa ferida Jesus que passa ao nosso lado, ou amalgamando com atitudes confusas e erróneas situações completamente diferentes. A inclusão é a atitude das parábolas da misericórdia; em par- ticular, da mulher que se deixa iluminar pela lâmpada e, reencontrando a moeda perdida, devolve todo o valor (cf Lc 15,8-10).". E é na síntese desta explicação que se encontra comocoroláriooenunciadoemepígrafe,poisPaolo Gentiliconfessa: "Em última análise, o que realmente mudou é a procura de um novo olhar sobre a comunidade dos crentes, para que abandone uma atitude de julgamento sobre as famílias feridas, conjugando eficazmente verdade e misericórdia. Só quem está em conversão pode guiar o outro na mudança do coração, senão, transforma-se em "cego e guia de cegos" (Mt 15,14). Com este olhar cheio de ternura poderão também indicar caminhos penitenciais que, em certas circunstâncias, abram a possibilidade de receber a comunhão eucarística, mas, antes de tudo, há uma comunhão de abraços a ser feita.". […] OxaláqueoSínododaVerdadeedaMisericórdia não seja encerrado na gaveta do fixismo, inércia e dacomodidade,masgereaoportunidadedeoEspírito renovar a face da Terra. Louro de Carvalho (2015.10.31)
  • 6. ainda ... Encontro de Formação O encontro com esta pessoa muitoconhecidanacomunicação social foi profundo, sério e irrefutável nas suas posições. O tema foi Deus, Jesus Cristo e a Igreja.Durantetrêsdiasouvimo- -lofalar eexpor com uma cultura foradocomumdestestemasbem atuais emuito badalados. Confessoque ouvicom muita atenção e tirei muito proveito de tudoquantoouvierefleti. As ideias expostas acerca de Deus, de Jesus Cristo, inserem- -se completamentedentro doque penso e estão em consonância, pensoeu,comtudooquepensam os meus colegas. Falou-nos sem inibições do Deus que nos ama e ama o mundo todo sem qualquer exceção. Do Jesus que veio para abrirasportasda eternidade feliz paratodaahumanidade.DaIgreja falou maisdo que não nosdisse e quetodospodíamosconcluiratra- vésdasmensagensquenostrans- mitiu. Eu penso que ele como o Papa Franciscoentendemserne- cessáriaumaprofundareformana Igreja Hierárquica e principal- mente na Cúria Romana. Depois deoterouvido,lioseulivromais recente Deus ainda tem futuro? As minhas ideias caminham em paralelo com as dele ali expostas eexplanadasdeumaformamuito filosófica e profunda. Deus tem futuro e terá sempre para podermoscompreenderoenigmá- tico mundo que nos rodeia. Sem Ele as coisas não têm sentido e só se percebem minimamente amando-O em espírito e em verdade. Por isso gostei de tudo quantonosdisseetenteiperceber porquehátantagenteresponsável e com obrigaçõesde irmaisalém e mais longe e não vai. Aqui assenta como uma luva uma crítica velada à Igreja que temos e que precisa de ser renovada e modernizadaparapodercativaros jovens e as grandes massas que vivem afastadas e nas franjas. Depois quero referir-me em especialàEucaristiadodomingo. Tudo o que aconteceu antes nos dois dias de reflexão foia grande preparação e no dia de domingo foisó o texto do Evangelho onde sefaladainstituiçãodaEucaristia lido pela secretária Ana Marta. Pensoqueestaescolhanãofoipor acaso: as mulheres na Igreja devem poderdesempenhar todas asfunçõesdohomem.São iguais em direitos, embora diferentes. Seria também assim na Igreja inicial e primitiva. Isto é dar um ponto sem nó. Seguiu-se ime- diatamente a distribuição do Pão edoVinho.Inicialmenteteriasido assim, sem formalismos, sem oraçõezinhas e sem rodeios ou dispersão. Falando com um colegasobreoassunto,perguntou- -me ele se aquilo teria sido Eucaristia… Eu respondi clara- mente que sim e todos sem qual- querexclusãoconcelebraram,ho- mensemulheres.No princípioas eucaristias teriam em boa parte aquelasimplicidade,depoisdeum bomesaudávelconvívio. Francamente gostei. Só tive penaquenãotivéssemostidomais trabalhosdegrupoparapodermos ficaraindamaisesclarecidos,pois quandohápessoasbemformadas e intencionadas "da discussão nasce a luz" ou mais luz ainda, sobrecomosedevemounãofazer as coisas para que agradem a gregoseatroianos.Ubicaritaset amor Deus ibi est. Serafim de Sousa O nosso encontro em outubro com o Prof. Dr. Anselmo Borges Fátima, outubro de 2015 ENCONTRO NACIONAL DA FRATERNITAS MOVIMENTO Fátima, 29 de Abril a 1 de Maio Este Encontro anual é, todo o sabemos, muito importante! Por isso, reserva já na tua agenda estes dias e disponibiliza-te para os viveres com alegria e em fraternidade.Ainda não dispomos de todos os dados, mas avançamos a data da sua realização.
  • 7. Comentários ao visionamento do documentário Uomini Proibiti Após termos divulgado o documentário Uomini Proibiti, de que havíamos tomado conhecimento no Encontro Internacional em Guadarrama (Madrid, Espanha), recebemos,via e-mail ou via comentários insertos no facebook, alguns ecos que aqui se reproduzem. Vi o filme. Para mim foi um choque, até porque passei por esse estrangulamento para ser livre, comofilho deDeus.É angustiante comoalguns homens (ditos"iluminados" não seiporque tenebrosas luzes) conseguem fazer leis tão obsoletas quanto desumanas, para esmagar as leis de Deus, expressas na Natureza, e fazer sofrer tanto as pessoas que se têm de anular, de se esborrachar como pessoas dignas, e no fim ouvir a classificação que lhes dão de "traidores à fé". De homens já nada sobra, porque ficaram apenas bonecos abúlicos e manejáveis... Ensinaram-nos (Oh Deus!...) que os inimigos da alma eram "o mundo, o demónio e a carne". O mundo? Mas foi para o mundo que Cristo veio! (Jo 1,11)...Acarne? Mas Cristo quis incarnar (Jo 1,14)!... O demónio?Aquiacredito, porque quem cria leis meramente humanas para anularas divinas, só pode ser "demónio"!... E tanto sofrimento se tem causadocomestas leis!... Sofrimento físico, psicológico...e empobrecimento espiritualda Igreja, para salvaguardar o seu enriquecimento material comesperadas heranças!...Tantos seres humanos atirados para as valetas da vida!... Felizmente que os cristãos estão a acordar, sobretudo com o Papa Francisco (o renovador) que nos tem ensinado a ver as coisas de outra forma mais humana. Cristo escolheu os 12 discípulos e nunca pôs o problemadeserem casados ou não!Querem inventar outros caminhos diferentes dosqueCristo indicou para os homens se realizarem comofilhos de Deus?... Paiva (por e-mail) Eu penso que este assunto só as pessoas que vivem estes problemas, é que podem dar o seu parecer, a Santa Sé havia de ser aberta, os que quisessem constituir família não haviam de ser proibidos, porque de facto sabe-se casos que são uma vergonha, havia de ser liberal, cada qual seguia o que acha-se que era melhor, para asuavida, porque ninguém poder mandar no instintodo homem. Liliana Cardoso (comentário no Facebook) Bom documentário. Na minha opinião para definir bem a sua vocação tem se ser feita quando tiver a idade adultaporque na adolescênciaháprocessos inerentesao crescimento psicológico e de sexualidade. Bem é preciso muita reflexão.Vi um seminarista bem mais velho a ser ordenado diácono nos Jerónimos. Cada um tem o seu caminho ligado a Igreja. Sónia Cristina (comentário no Facebook) Vimos o filme. É real nas três formas de abordagem. No conteúdo é muito semelhante ao retratado no do FreiBernardo* doAntonino deMendonça, com adiferença de oAntonino lhejuntara fundamentação bíblicasobre o amor que ninguém temo direitode desrespeitar. Alípio (por e-mail) *[vd Espiral nº 31,Abril/Junho de 2008]
  • 8. Recebi, lie gostei MUITO do nº 56 deEspiral. Obrigado. Foi muito bom partilhar com vocês em Fátima e em Guadar- rama (Madrid). E, como vos disse, fiquei muito feliz com a abertura da Fraternitas àFederação Europeia e à Confederação Mundial dos Padres Casados. Acho que podeampliar vossa visão, vos dar novas ideias e perspectivas. Os comentários sobre o EncontrodeFormaçãoemFátima estãomuitobons. O Pe.Anselmo Borges, pelos vistos,agradouemcheio. Sofia e eu, que já o apreciávamos, ficamos muito felizes em fazer esse Encontro de Formação com ele. É por esse apreço que eu pub- lico quase toda a semana um artigo dele no nosso site. Junto com outro de Frei Bento Domingues que também aprecio muito. Tiveaimpressãoqueelesdois estão bem além do Episcopado e do clero de Portugal. Nossa viagem de volta foi muito boa. Pena que, com Luís e Marta, não pudemos ficar para a missadeconclusão.Mastivemos a boa companhia deles até ao aeroporto de Barajas. Abraço para ti e para todos. João e Sofia Tavares Oepisódiodosmagos(Mt2,1- 12)surpreende-me.Enche-mede ternura, curiosidade, mistério. É simbólico, mas estranho. Uns desconhecidos aparecem em Jerusalém em busca de um Rei... Sãoguiadospor umaestrela,que ora aparece, ora desaparece. Esses estranhos enfrentam dificuldades na busca do ideal. Não sossegam. E assumem as consequências. Apesar de tudo, esta festa entrounaimaginaçãopopularque lhedárelevoemocionalefestivo. Aproximemos esta passagem da visita que Jesus faz à família de Betânia (Lc 10,38-42). Marta, como sabemos, afadiga-se para servir Jesus, que decerto a desilude:"Uma só coisa éneces- sária!"E Jesusaprovaa opção de Maria: "...escolheu a melhor parte". A estrela, hoje! E que coisa necessária? O papa Francisco procura a estrela que há-de guiar a Igreja a Jesus. Não éúnico! Mas não está fácil.Aestrelaestá encoberta por grossas nuvens. Ou perdeu luz? Retomar a luminosidade primi- tivacusta.Elaestálá,masprecisa de esforço coletivo para se reacender. É um problema da Igreja. Andamos todos afadigados! Muitascoisas,muitastrapalhadas enchem o coração... E "uma só é necessária!" Jesus, astuto, não ‘UMA SÓ COISA... NECESSÁRIA!...' disse qual.Apenas alerta! Marta, decerto, ficou curiosa sobre qual seria a única coisa necessária, porque Jesus acrescenta que "é a melhorparte". Amigo, ainda não descobri "essa coisa necessária". Mas tu que és perspicaz, talvez identi- fiquesaMisericórdiadivinaeeste ano Jubilar como a resposta possí- vel. Olhando à volta, a nossa igreja — cristãos, pa- dres, bispos — andamos muitoatarefados, muito cheios de trabalho... E "uma só coisa é necessária" — martela-me a consciência...Tira-me o sono. Admiro o papa Francisco. Velhocheio de genica,ultrapassa os bispos muito mais novos em idade,mas vazios da presença ao povode Deus,comsensibilidade reticenteaosproblemaspastorais. Temos muita gente cheia de livros, de teorias, de intelec- tualidade. Há dias, na ordenação deumbispo,umamigoaugurava- -lhe: "sejas mais pastor e menos administrador!" Eis a questão: Temos bons administradores. Gente boa, boas pessoas, mas administradores. Precisamos de pastores, que as suas vestes "cheirem a ovelha". J. Soares
  • 9. Depois de quase quarenta anos de percurso partilhado (7 congressos internacionais,7latino-americanose muitosoutrosnacionais),oMovimento Internacional de Presbíteros Casados,nasuaactualestruturação, comoFederaçãoLatino-americanae FederaçãoEuropeia,apóster-sereunido emCongressoemGuadarrama(Madrid, Espanha),sobotema"Presbíterosem Comunidades Adultas", decidiu tornarpúblicoestecomunicado. A todo o povo de Deus. Acabámosdecelebraro50ºaniversário doencerramentodoConcílioVaticanoII. Asesperançaseoscompromissosque aqueleacontecimentohistóricodes- pertou,incentivam-nosaoferecer,uma vezmais,anossaexperiênciaeanossa reflexão,comomovimentoeclesiale comomembrosdaComunidadeuniver- saldoscrentesemJesusdeNazaré. Na nossa origem está a reivindicação de um celibato opcionalparaospresbíterosdaIgreja CatólicadoOcidente:liberdade que deveriaserreconhecidaerespeitadanão sóporserumdireitohumano,mastam- bémporqueaopção(enãoaimposição) émaisfielàmensagemlibertadorade Jesuseàpráticamilenardasigrejas. Estaposiçãotambémestámaisinti- mamenterelacionadacomodireitodas comunidadesaestaremprovidasde servidoresdedicadosaoseucuidado, que hoje está insuficientemente satisfeito. Masocaminhoque,emgrupo,temos IGREJA, COMUNIDADES E MINISTÉRIOS vindoafazer,ampliouessaperspectiva inicial—focadanaquestãodocelibato — para aspirar e avançar para um modelo de presbítero, não cleri- cal, e um tipo de igreja não fer- reamente alicerçada num pres- bíteroexclusivamentemasculino, celibatárioeclérigo. Durantetodosestesanos,osquehoje fazemosestecomunicado,temosestado integrados e comprometidos, com simplicidadeefidelidade,emmuitos gruposcomunitários.Sempreprocura- mosdarsentidocristãoàsnossasvidas eajudaraquantosconnoscosecruzam, adescobriremasuadignidadecomo sereshumanosecomofilhosdonosso Pai-MãeDeus. A partir desses compromissos, atrevemo-nosadizer: 1º.- Estamosconvencidos —enisto coincidimoscomoutrascomunidadese movimentosdeigreja,paroquiaisenão paroquiais — que o modelo de cris- tianismomaioritariamentedominante estádesfasado.Mais:estecristianismo, emvezdeajudaràimplementaçãodo ReinodeDeusedasuajustiça,éfrequen- tementeobstáculoàvivênciadosvalores evangélicos.Urgeumnovotipode igrejaedecomunidadesparapoder apresentaralgoválido,faceaosdesafios queoserhumanotemhojepelafrente. 2º.-Oeixodestenovomodelodeigreja deve ser a comunidade: a vida comunitária dos crentes em Je- sus.Semessesgruposquepartilhama suavidaeafé,queprocuramdescobrir oReinodeDeusevivê-lo,nãoháigreja. Enãopodemosignorarqueasactuais estruturas paroquiais, em grande percentagem,sãomaisdespenseirasde serviços religiosos ecultuaisdoque comunidadesvivas. 3º.-ParaarenovaçãodaIgrejaedas comunidadesdecrentesemdirecçãoa ummodeloactivamentecomunitáriode assembleiadoPovodeDeus,éprecisa umamudançaestrutural.Nãosão suficientes meros esforços pes- soais! Há uma inércia de séculos: EstadoVaticano,cúrias,leis,tradições… queactuamcomoumpesomortoetra- vamoudesvirtuamqualquerreformapro- gressiva. 4º.- O nosso percurso tem-nos feito experimentarecompreenderqueomo- tordessatransformaçãoseencontrano interiordessasmesmascomunidades. Somente comunidades adultas, maduras, podem levar a cabo essatransformaçãoestrutural,ne- cessária e urgente.Aestrutura ac- tual—preferentementecentradana paróquiaenoculto—tendeapenasa perpetuar o imobilismo e a adoptar apenasmudançasdesuperfície,istoé, naforma,noexterior,massemiraofundo dosproblemas. 5º.-Tambémcompreendemosetemos experimentadoqueospresbíteros— célibesounão:estanãoéaquestãoprin- cipal — não podem continuar a centrar tudo nas suas pessoas e pretender assumir todas as tarefaseresponsabilidades.Asua própriaidentidadeeaqualidadedoseu ApósoCongressoInternacionaldePresbíteros Casados,foidecidido divulgar,com amáxima extensão,naúltimaEpifania,ocomunicado conjuntoqueaquireproduzimos. (continua na pág. 10)
  • 10. (conclusão da pág. 12) muito fortes. E porque nós só temos uma vida, há que respeitar omodocomocadaumseconstrói em consciência. **** Na universidade, onde voltámos a conviver, ele continuava a vibrar com uma palavra:AMOR!Confidenciava- -meentãoqueavidasóvaleapena se vivida com amor. Conheci mais tarde a esposa, que todos tratavamporFátinha,ecomquem viveumuitosanosbonitosemhar- monia exemplar. Já no Hospital do Mar, Bobadela, onde viveu acamadoosseusúltimosanos,ele confidenciou-me que tinham jurado fidelidade mesmo para além da morte. Já aposentados, ainda celebrámos aamizade através de convívios num grupo de sete casaiscomhistóriassemelhantes, queseencontravamoranumaora noutra casa. Mas a sua entrega não se resumia à família. Ouvi na Lardosa o muito que o Manuel Luísfezpelasuaterra,presidindo mesmo à direcção da associação que ergueu o maravilhoso lar ali existente.EnadirecçãodaEscola Secundária de Mem Martins (salvo erro) bem deu o corpo ao manifesto, especialmente na AminhahomenagemaoManuelLuís consecução do Pavilhão Gimno- desportivo. Foi uma vida vivida comumaintensidade talque,por problemas de saúde, se viu obrigado a parar. E ainda era novo… Quando o visitava, surpre- endia-mesemprecomumsorriso cativante numcorpoesquelético. Uma cabeça sempre desperta, boamemória,foi altura de elefa- lar com muito enlevo dos dois filhos, ela na Universidade de Harvard e ele como empresário noAlentejo, mas visitando o pai todos os dias ao fim da tarde. Assim se vão os homens, que antesdemorreraindapassampelo cadinhodolorosodoesquecimento demuitos. António Henriques serviçoimpõemumaevoluçãoparauma maiorparticipaçãoeparaumpluralismo demodelosemfunçãoeemdependência dascomunidadesconcretas. 6º.-Essascomunidadesadultasjá existem.Porvezessãoignoradasou perseguidas,masénecessárioincen- tivá-las.Sãopequenosgrupos,deredu- zidasdimensões. Osseusmembros conhecem-se,partilham,vivemaigual- dade,acorresponsabilidade,afrater- nidadeeirmandade.Temosdeconti- nuar a lutar por esse estilo de comunidades,perfeitamenteaceitá- veisdentrodapluralidadedemodelos eclesiais. 7º.- Essa maturidade e maioridade permite-lhesadaptar-seàsexigências culturaisdonossomundomutável.Assim vivemeformulamafédeformaeem linguagemcompreensível.Organizam-se segundoassuasnecessidades.Essas comunidadessãolivreseexercema liberdadedosfilhosefilhasdeDeus. Nãovivempresasaopassado.Asua referêncianãoéaobediência,masa criatividade apartirdafé.E,assim, podemsercompreendidasnasnossas sociedades. 8º.-Destepontodevista,resultacada vez mais contraditória e injusta a situação das mulheres. Estão maioritariamente presentes na vida eclesial,massãoafastadastradicio- nalmente das tarefas de estudo, de responsabilidadeegoverno.Nãohá nenhumfundamentoparamanteresta discriminação,quealémdissosupõe umaperdadeumpotencial humano insubstituível.Podeaindaesperar-se razoavelmente que a sua presença tornaráasestruturasdeanimaçãoede governomelhores,maisjustasemais equilibradas. 9º.-E,finalmente,éprecisoreconhecer a estas comunidades o direito a escolher e distribuir cargos, responsabilidades, serviços e ministérios às pessoas que considerem mais preparadas e adequadas para cada tarefa, sem distinçãodesexonemdeestado.Desta forma,possamchegarasercomunidades abertas, inclusivas, a partir da pluralidadeemútuorespeito. Temosencontradoeparticipadoem comunidadesdestetipo.Nãosãouma quimera,masumarealidadeapesardas suas deficiências e dificuldades. E estamosdecididos:continuaremosalutar paraquecadadiasejammaisnumerosas eautênticas. Estecaminhonão ésimples.Temos consciênciadequeoscompromissos queassumimospodemcausarproble- mas.Porvezesacercámo-nosdailegali- dade,emboranãoporcaprichoouarbi- trariedade.Sabemos,porexperiência, (continuação da pág. 9) (conclui na pág. 11) ComunicadoInternacional
  • 11. Manuel Duarte Luís nasceu a 5 de julho de 1935, na Lardosa (Castelo Branco), filho de Ana DuarteeMartinhoLuís,osegundo de6filhos(sóciodoSportingClub dePortugal). Aí passou a sua infância, até embarcar na viagem do Patriar- cado, primeiro no seminário de Alcains e depois em Portalegre. Durante muitos anos foi Diretor do Colégio Diocesano de Porta- legre,onde,dizem,"sempre pro- moveu um ambientede amizade, união, fraternidade e muita alegria" ajudando a transformar aquelainstituiçãonumainstituição de referência daregião.Nessaal- tura, foi também pioneiro da criação de muitos dos Agru- pamentos do Corpo Nacional de Escutas, tendo sido Assistente RegionaldosEscuteiros. Já no final dos anos 70, com mais de 40 anos, conheceu a nossa Mãe, e abraçou corajosa- mente uma nova vida, gerida pelos mesmos princípios, mas com uma estrutura comple- tamente nova. Profissionalmente,entregou-se ao ensino de Português e direção escolar em escolas como os Plátanos em Sintra e a Escola da Ouressa em Mem-Martins, onde cumpriu a promessa de tornar o ensinodos nossosadolescentes o melhor ensino possível. Após a reforma, abraçou causas sociais na "sua amada terra", promoven- do, entre outras coisas, a cons- trução da casa de repouso para idososdaLardosa. Pessoalmente,foiomelhorpai do mundo. O pai que nos amava acima de tudo, quenospromovia semlimites,quenosestruturouaté aoultimomomento. Em 2009, perdeua nossa mãe e começou a ser vencido pela doença. O Parkinsonismo come- çou a minar os seus movimentos e desde 2014, viveu acamado no HospitaldoMar,Bobadela.Aqui recebia sempre com um sorriso, ofilhoqueovisitavadiariamente e o lembrava constantemente como era real aquilo que sempre o moveu: O amor! Muitos o recordam como o educador, o diretor, o padre que se casou. O amante de causas sociais, o amante da terra natal (a Lardosa), o amante do Spor- ting. Um cérebro irrequieto e cheio desentidodehumor. Para nós, será sempre o ser humano que transformou (com a nossa querida mãe) a nossa cir- cunstâncianamelhordascircuns- tâncias.Opaiqueolhavaparanós como se fossemos magia e com issonosfaziaacreditarquepodía- mos ser mais e melhores. Para nóseraopaiquenosamavainfini- tamente, eque,apesare além das diferenças e imperfeições, nos continuavaaamar,tendoorgulho de cada milímetro da nossa existência. Manuel Duarte Luís morreu aos80anos,paideManueleInês, e avô de Joana e Marta (e sócio doSportingClubdePortugal). Obrigadopapá,portudo!Serás sempreumpedaçodenós,aquele pedaço que nos faz ser melhores e enquanto estivermos vivos viverássempreconnosco. Obrigados a todos que o amaram. Obrigados, por teres estado "Sempre alerta para servir"! Atésempre,nosso querido! Manuel e Inês Vaz Luís Ao melhor dos pais: àquelas intuições e declarações do Vaticano II: vida fraterna, solidária, ecuménica,comprometidacomapazea justiçacomtodososhomensemulheres deboavontade…Estesideais tanta ilusãodespertaram,masforamacan- tonadoscomoperigosos!Porém,hoje, com a chegada do papa Francisco, retomaramactualidadeerecuperarama suacidadaniananossaIgreja. ConvidamostodososcrentesemJesus aservalenteseembrenhar-senestes caminhosdecriatividade,maturidadee liberdade,paratornarcadadiamaisreal o Evangelho da misericórdia e da responsabilidade,diantedetodosos sereshumanosediantedanossaMãe Terra. 6dejaneirode2016. queavidavaimuitoalémdonormativo legalequeoEspíritonãoestásujeitoa leis. Osdesafiosactuaisexigem-nosabrir caminhos dediálogo ede encontro. Nestesdomínios,tãonecessitadosde mudança,temosdesercriativos.As- sumimosoprotagonismodas comu- nidades.Dessamaneira,damoscorpo (continuação da pág. 10)
  • 12. Rua Dr. Sá Carneiro, 182 - 1º Dtº 3700-254 S. JOÃO DA MADEIRA e-mail: espiral.fraternitas@gmail.com boletim de f r a t e r n i t a s m o v i m e n t o Responsável: Alberto Osório deCastro Nº 57 - Janeiro/Março de 2016 (conclui na pág. 10) In Memoriam... MANUEL DUARTE LUÍS 1936 - 2016 4 de Janeiro Mais um amigo se foi… Um amigo de muitas vidas, como eu já disse há poucos dias. Fui acompanhá-lo até ao cemitério da Lardosa e pude testemunharoambientedecomunhãoefraternidade quealitodosvivemos. AClara BacharellembravaoManel dos tempos em que ele era Director do Colégio Diocesano de Portalegre,ondeeuoacompanheiduranteoitoanos, e onde sempre primou por criar um ambiente de amizade,união,fraternidadeealegria.Sim,queum dos traços da sua personalidade era a alegria e o entusiasmo com que se dedicava às suas tarefas. E forammuitasebem marcantes.OColégio,naquele tempo,ganhoufamademuitobome,porisso,muitas famíliasdelongeoptavamporinternarosseusfilhos, maisde cemdurante anos…Um grupo de padres e professores, e mesmo os funcionários, viveram ali experiências novasdeeducação.O Pe.Eusébio,no funeral,lembroucomoatéfomospioneirosnaliturgia e na música religiosa, com violas e uma bateria na missa dominical. OManuelLuísvibrava com tudo o que se fazia. Até andava sempre à nossa frente, antecipando o futuro com um acento de optimismo que alguns achavamexagerado.Falavadosbonsresultadosdos alunos como obra de todos e alimentava mesmo a alegria de muitos deles aderirem à prática cristã com naturalidade. Irrequieto por natureza, parecia que abraçavaqualquertarefa com espírito positivo elúdico. Além do Colégio, o Sr. D.Agostinho, de quem foi também secretário uns anos antes, confiou-lhe ainda a pastoral escutista. Começando em Portalegre,foi oManuelLuís o grande pioneiro da criação de muitos dos Agrupamentos do Corpo Nacional de Escutas pela diocese fora. Como AssistenteRegional,eledesdobrava-senaformação doschefese daschefesdosescuteiros,agregando a si muitas boas vontades com o dom do seu lema prático "Sempre alerta para servir". Ficam na memória aqueles acampamentos regionais e nacionais como ponto alto da nossa vivência de juventude. OPe.Castanheira,na Lardosa,faloudoManuel Luís também como orientador nos Cursilhos de Cristandade. A sua memória prodigiosa também ajudava naqueles "rollos"dehoras,porcerto! **** Um dia, já depois de eu viver em Lisboa, soube da sua decisão de abandonaro seu múnus sacerdo- tal e viver o resto da vida em comunhão matrimo- nialcomaFátinha.Chegadosaqui,vemnaturalmente a surpresa para muitos: "O quê? Ele casou-se?" É difícil sondar o interior de cada qual, pelo que o melhor é respeitaro outro. Éverdade,comodizianaLardosaoPe.Eusébio, comalegislaçãodocostume,aIgrejaperdeumuitos talentos,vistasascoisasmaisdoladodahierarquia. Porque eu passei pelo mesmo, vamos antes ver as perspectivasdoladopessoal.Équemuitagentenão calculacomoédifícilabandonaroestatuto,ondese erajábemvistoe"efectivo"(comomedisseoamigo Dr. Marcelino) e passar a "provisório", isto é, recomeçar tudo aos 30 e talanos,quernasrelações pessoais quer na profissão e nos estudos, sem segurança alguma e ameaçados mesmo de ir "malhar com as costas na guerra do Ultramar", como aconteceu a alguns. As razões pessoais para uma decisão desta têm de ser A minha homenagem