O documento descreve a história do Santa Cruz nos anos 1980, quando conquistou vários títulos estaduais. Nesse período, o goleiro Birigui se destacou com defesas milagrosas que ajudaram o time a conquistar troféus, ganhando o apelido de "São Birigui". Além disso, o atacante Marlon se notabilizou com dribles e gols, especialmente contra rivais, tornando-se ídolo da torcida coral.
Compromisso público com a sociedade e deputados estaduais
Os milagres de Birigui e o inferno de Marlon
1. 1901santa23:Layout 1
Página 1
DOMINGO
Recife, 19 de janeiro de 2014
O santo do Santa Cruz
1986
O Santa conquistava o 19º título do Estadual.
O jogo final foi disputado na Ilha do Retiro, em
10 de agosto. Vencedor de dois turnos, o
Tricolor precisava de um empate diante do
Sport para assegurar o troféu. E a decisão
terminou com o placar de 0x0.
O endiabrado atacante
BIRIGUI
conquistou três
campeonatos
estaduais e atuou
245 vezes entre
1982 e 1988
vencedor. Novamente, o goleiro tricolor garantiu mais uma fatia do campeonato. Birigui pegou a cobrança de Jorge Ramos e
o Santa deixou a Capital do Agreste com
mais uma parte da competição na bagagem.
Com dois turnos conquistados, o Santa
precisava apenas de um empate com o
Sport, na Ilha do Retiro. E se o negócio para
conquistar o título era não sofrer gol, o time
coral estava literalmente em boas e santas mãos. Com a direita, no começo do segundo tempo, Birigui espalmou um lindo
sem-pulo de Henágio, que ainda tentaria
com uma virada à queima-roupa. O terceiro milagre foi numa bomba de Zé Guimarães.
Os refletores da Ilha foram desligados
logo após o apito final do juiz. Mas o que
reluzia naquele domingo era a luz divina
do goleiro coral, aclamado pelos seus fiéis
aos gritos de “São Birigui, São Birigui”.
O roteiro foi repetido no ano seguinte. O
Santa atropelou no primeiro turno e ga-
3
ite
gol do Santa Cruz foi protegido
por um santo na década de
1980. Entre 1982 e 1988, Marcos
Antônio Gomes transcendeu a
condição humana com a camisa 1 coral. O seu processo de canonização teve início no dia 17 de janeiro de 1982, quando estreou no amistoso
com o América/PE (vitória por 2x1). Foi a
primeira das 269 partidas que São Birigui
faria como titular do Tricolor.
No período, ele benzeu três taças estaduais e participou do mais acirrado e
leal revezamento da posição na história
do clube com Luiz Neto. No primeiro título, o do tri-supercampeonato de 1983,
Birigui deu uma enorme contribuição,
mas foi o seu amigo e concorrente
quem honrou a camisa 1 na final, defendendo um pênalti.
Nas outras duas, a situação se inverteu.
Em 1986, Luiz Neto começou como titular e foi o herói da conquista do primeiro
turno na decisão por pênaltis (3x0) com o
Sport, defendendo duas cobranças. Mas Birigui reassumiu a posição do meio para o
fim da competição e passou a operar milagres.
Um deles foi na decisão do terceiro
turno, contra o na época fortíssimo Central, em Caruaru (a Patativa, no entanto,
contou com ajuda do Náutico, que abriu
descaradamente uma partida diante dos
centralinos). Mais uma vez, o empate
(2x2) prevaleceu no tempo normal e as penalidades foram utilizadas para definir o
O
DOMINGO
Recife, 19 de janeiro de 2014
0lim
Pa
ixã
o10
0lim
ite
17:43
o10
ixã
Pa
2
17/1/2014
OS MILAGRES
de Birigui foram
catalogados nas
edições da
revista Placar
nharia fácil o terceiro se o Sport não repetisse a vergonhosa atitude do Náutico do
ano anterior. Na tentativa de forçar um supercampeonato, o Leão botou um time reserva diante dos próprios alvirrubros, que
venceram por 3x0. Na partida extra, no entanto, o Santa conquistou o turno com o
1x1. Na decisão do campeonato, novamente na Ilha do Retiro, a única bola que
passou por Birigui foi na cobrança de um
pênalti. O 1x1 no final deu o bi aos tricolores.
1987
Veio o bicampeonato pernambucano, novamente
sobre o Sport e na Ilha do Retiro. Mais uma vez, o
Santa Cruz precisava apenas de um empate e ele
veio com o 1x1. O presidente da época, José
Neves, fincou uma bandeira no meio de campo da
Ilha em comemoração à conquista.
1988
O Santa Cruz partiu em excursão para Portugal.
Ao todo, a equipe coral fez oito jogos em solo
lusitano. Foram quatro vitórias, três empates e
apenas uma derrota. Destaque para a goleada
aplicada em cima do Freamunde, pelo placar de
4x1, em 18 de agosto.
Mas o Santa Cruz não era um
time de santos naqueles anos
1980. Havia um ponta-direita
que parecia ter o diabo no
corpo. O driblador Marlon fazia
um jogo se transformar em
um inferno para os seus marcadores, que só paravam o tricolor na porrada. Luizinho, lateral-esquerdo do Sport, que o
diga.
Tanto que em 1985, o Sport
chegou a contratar um jogador
para a posição com o único intuito de impedir o carnaval de
Marlon na sua defesa. A estreia
de Souza durou 30 minutos.
Tempo suficiente para o novato perder a cabeça com tantos
dribles e ser expulso por distribuir pancadas a torto e a direito. O lateral foi dispensado
logo após a partida.
Mas Marlon não era apenas
um driblador. Ele gostava e
sabia fazer gols. Em duas temporadas com a camisa do
Santa Cruz, ele marcou 49
vezes: 23 (1985) e 26 (1986).
Desses, 12 foram nos rivais
(seis para cada). Os dribles e
gols o transformaram num
ídolo da torcida, daqueles de
fazer o torcedor ir ao estádio
1990
Mais um título comemorado em cima do rival
Sport. A decisão foi feita em dois jogos. Na Ilha,
os corais venceram por 1x0. Na volta, no dia 27
de maio, no Arruda, o Leão venceu nos 90
minutos, mas o empate por 0x0 da prorrogação
deu a taça ao time de melhor campanha.
para vê-lo jogar.
Cria da base do Guarani,
Marlon foi cedido ao Esportivo/RS, onde foi descoberto
pelo técnico Ernesto Guedes e
trazido por empréstimo para o
Arruda. Pouco tempo depois, o
Santa organizou um amistoso
a fim de arrecadar dinheiro
para a adquirir o passe do
ponta. A torcida coral, como
sempre, chegou junto e garantiu a compra ao clube.
Na mesma época, Marlon
vestiu a camisa da Seleção
Brasileira de Novos (sub-23),
onde foi titular no Campeonato Sul-Americano. No mesmo
ano, o atacante despertou o interesse dos portugueses do
Sporting e deixou o Arruda
pouco depois do título estadual
de 1986. Foi bicampeão da
Super Taça e uma vez da Taça
de Portugal. Ele chegou a atuar
no Estrela Amadora e Boa
Vista, Valladolid/ESP e Fê nix/EUA.
1993
Decisão do Pernambucano, no dia 28 de
julho. O Náutico saiu na frente e ainda ficou
com um a mais em campo depois que o
atacante Washington foi expulso. Nos sete
minutos finais, os tricolores viraram o
placar no tempo normal e seguraram o
empate na prorrogação.
O ATACANTE
virou ídolo
rapidinho e
entrou até em
cardápio de
restaurante