1. Posições sobre o
problema do livre-arbítrio
Reflexões
Filosofia 10º ano
Isabel Bernardo
Catarina Vale
2. Reflexões
Filosofia 10.º ano
Isabel Bernardo
Catarina Vale
Unidade II - A ação
humana e os
valores
Capítulo 1 - Análise
e compreensão do
agir
Determinismo e
liberdade na ação
humana
Autómato de Edward Hopper (1927)
3. Posições sobre o problema do livre-arbítrio
Teorias
compatibilistas
Apesar do
determinismo, o
homem possui livrearbítrio
Teorias incompatibilistas
Determinismo
radical
Libertismo
O homem não tem
livre-arbítrio
O homem
tem livrearbítrio
4. Compatibilismo
Tese: apesar do determinismo, o
homem possui livre-arbítrio.
Esta tese é compatibilista, pois
procura compatibilizar a existência
de causas externas ao agente que
afetam a sua ação, com a ideia de
que
a
vontade
se
pode
autodeterminar na escolha de um
curso de ação.
Patience de Georges Braque (1942)
5. Argumentos
O agente pode ser autor da sua ação por que…
1.Existe uma diferença entre causa necessária, constringente e
determinação da ação.
2.As condicionantes da ação humana, tais como as
condicionantes biológicas (por exemplo, o património genético),
não são causas necessárias, mas condições de possibilidade da
ação.
3.As condicionantes da ação podem determinar algumas ações,
mas são também a condição de possibilidade de escolha e de
realização de ações livres.
6. Condicionantes da ação humana
Fatores externos ao ser humano e que funcionam como
causas da ação humana. Por um lado, as condicionantes
são condições de possibilidade, mas, por outro, limitam e
orientam a conduta humana.
7. Condicionantes históricas, sociais e culturais
Nascemos num país, numa cultura, numa sociedade que não
escolhemos e para a qual não contribuímos, até ao momento
do nosso nascimento, para que seja como é.
Se fomos educados na cultura ocidental, nos séculos XX e
XXI, aprendemos hábitos (por ex. comer com talheres),
costumes (por ex. usar vestidos em lugar de saris), valores
(temos tendência a considerar a vida humana sagrada, acima
das outras espécies) que nos dizem o que fazer, como fazer,
o que pensar, como conhecer e interpretar a realidade.
8. Condicionantes físicas e químicas
Precisamos de energia para viver, pelo que temos de nos
alimentar.
Como qualquer corpo com massa, estamos “presos” à Terra
pela ação da gravidade.
No nosso sistema nervoso dão-se trocas químicas entre
sódio e o potássio cujo equilíbrio é fundamental para que
existam impulsos nervosos.
9. Condicionantes biológicas
Temos um património genético, inscrito no ADN, que determina a
forma do nosso corpo, aptidões físicas,
necessidades, entre muitos outros aspetos.
predisposições,
Por exemplo, se biologicamente o corpo é masculino não pode
gerar internamente um filho.
Por exemplo, podemos falar porque temos um complexo aparelho
fonador e estruturas cerebrais que o permitem.
10. Genética e condicionantes biológicas
“Uma das interpretações incorretas mais correntes em
relação à genética é que existem genes “para” as coisas.
Algumas pessoas têm genes “para” o cancro da mama,
timidez, olhos azuis, e, por isso têm de ter essa doença, essa
condição ou traço.
A compreensão dos genes não significa que tenhamos de
nos resignar a qualquer destino préprogramado. […]. Sim,
nascemos com uma certa composição genética. Não, isso
não significa que não temos qualquer controlo sobre as
nossas vidas.”
Dean Hamer ; Peter Copeland (1998). Aprenda a viver com os seus genes. Lisboa: Livros do
Brasil, pp. 27 e 31.
11. Exercício de argumentação
Com o teu colega de carteira, procura formular uma objeção
ao compatibilismo enquanto teoria sobre o problema do
livre-arbítrio.
12. Objeção ao compatibilismo
Se as condicionantes da ação humana são fatores externos
que determinam os motivos e as intenções da ação do
agente, de que forma é que o agente se pode considerar
autor da sua ação?
13. (Possível percurso complementar)
Atividades de concetualização e de argumentação com
base em análise metódica de texto
Leitura e resolução do guião de análise do texto n.º 4,
página 89-90 do manual. O trabalho pode ser desenvolvido
individualmente ou a pares.
Apresentação e discussão em grande grupo dos resultados
obtidos.
14. Determinismo radical
Tese: porque o mundo é
determinado, então o homem
não é dotado de livre-arbítrio.
Esta tese é incompatibilista, pois
nega
a
possibilidade
de
compatibilizar a existência de
causas externas ao agente, com a
ideia de que a vontade, em
circunstâncias
iguais,
pode
escolher um certo curso da ação
se esse for o seu querer.
15. Argumentos
O agente não pode ser autor da sua ação por que…
Tendo como ponto de partida uma conceção científica
sobre o universo, o determinismo radical considera que o
homem é parte desse universo, pelo que a ação humana é
um acontecimento que está sujeito às mesmas leis
causais que os restantes acontecimentos.
16. Argumentos
O agente não pode ser autor da
sua ação por que…
Todos os acontecimentos são
o resultado de uma série
infinita de causas e efeitos que
tornam os acontecimentos
previsíveis e definem apenas
um curso possível no mundo.
17. Argumentos
O agente não pode ser autor da sua ação por que…
O livre-arbítrio é a possibilidade de, perante as mesmas
circunstâncias, escolher entre alternativas, criando vários
efeitos possíveis.
A liberdade, assim entendida, é uma ilusão decorrente da
ignorância de quais as verdadeira causas que
determinam a vontade e a ação.
18. Argumento de Espinosa a favor do determinismo
radical
Espinosa começa por definir o que entende por ser livre:
aquele que se autodetermina.
Tese: a mente humana não é livre porque a vontade do
agente é determinada.
Argumento: homens pensam ser livres porque têm
consciência dos desejos que estão presentes na sua
vontade, mas ignoram as causas desses desejos e, essas
causas, escapam à sua vontade. A prova disso, é que os
homens agem segundo emoções e impulsos que não
controlam e cuja existência ignoram.
19. (Possível percurso complementar)
Atividades de concetualização e de argumentação com
base em análise metódica de texto
Leitura e resolução do guião de análise do texto n.º 3,
página 88-89 do manual. O trabalho pode ser desenvolvido
individualmente ou a pares.
Apresentação e discussão em grande grupo dos resultados
obtidos.
20. Exercício de argumentação
Com o teu colega de carteira, procura formular uma objeção
ao determinismo radical enquanto teoria sobre o problema
do livre-arbítrio.
21. Exercício de argumentação
Com o teu colega de carteira, procura formular uma objeção
ao determinismo radical enquanto teoria sobre o problema
do livre-arbítrio.
22. Objeções ao determinismo radical
Uma objeção ao determinismo radical é a de que a
experiência empírica mostra-nos permanentemente a
possibilidade de livre-arbítrio; as nossas ações diárias
assentam sobre a convicção de que existem alternativas,
vários cursos de ação possíveis e que podemos escolher
efetivamente um.
23. Objeções ao determinismo radical
Outra objeção ao determinismo radical é a de que confundem
sequência causal com sequência causal necessária.
Os opositores ao determinismo radical argumentam que não
é empiricamente visível que as causas que atuam sobre a
ação humana o fazem de modo necessário, tal como a
gravidade exerce uma força necessária sobre a pedra.
24. Libertismo
Tese: O homem é livre
porque tem capacidade de se
determinar a si próprio.
O libertismo é uma resposta
incompatibilista ao problema
do livre-arbítrio, na medida
em que nega que a tese do
determinismo causal possa
ser compatível com o livrearbítrio.
Vestígios atávicos depois da chuva
de Salvador Dalí (1934)
25. Argumentos
O agente pode ser autor da sua ação por que…
Os deterministas compreendem erradamente o conceito
de causa ao reduzir a noção de causa a causa necessária.
Na natureza podem existir causas necessárias, que
constrangem a um único desfecho possível; na ação
humana existem causas livres que são suficientes para
que a ação ocorra.
26. Argumentos
O agente pode ser autor da sua ação por que…
Numa análise a si próprio, o agente descobre-se como
sujeito de deliberação, escolha, de raciocínio prático que
pensa nas várias alternativas da ação.
27. A tese libertista de Sartre
Jean
Paul-Sartre,
um
filósofo
libertista, argumenta que a liberdade
é possível porque “a existência
precede a essência”.
Jean Paul-Sartre (1905 - 1980),
filósofo francês
Sartre não nega que os homens nascem num determinado
contexto histórico, político, social, cultural e que têm um
corpo que obedece a condicionantes químicas, físicas e
biológicas. O que Sartre afirma é que nenhuma destas
condicionantes define as escolhas que vamos fazer e o tipo
de pessoas que seremos em função dessas escolhas.
28. Exercício de argumentação
Com o teu colega de carteira, procura formular uma objeção
ao determinismo radical enquanto teoria sobre o problema
do livre-arbítrio.
29. Objeção ao libertismo
A argumentação dos libertistas pressupõe que a mente do agente
é capaz de se autodeterminar, independentemente de fatores
externos ou das leis físicas, químicas e biológicas e que regem o
funcionamento do cérebro humano.
Ora, um dos argumentos contra os libertistas reside no facto de
estes não conseguirem explicar como surge exatamente esta
causalidade autodeterminada pelo agente.
30. O problema do livre-arbítrio: um problema em aberto
John Searle, na sua obra Mente, Cérebro e Ciência discute o
problema do livre-arbítrio, e as várias posições existentes sobre ele,
e concluiu que ainda não há provas suficientes para sustentar de
que forma estados mentais intencionais podem interferir com o
mundo físico sem ser através de relações causais de tipo
determinista.
No entanto, também conclui que a inexistência dessa explicação
não elimina uma autoperceção fundamental dos seres humanos, a
saber que são livres.
31. Diz-nos Searle
“A experiência da liberdade é uma componente essencial de
qualquer caso do agir com uma intenção. Não podemos
abandonar a convicção de liberdade, porque essa convicção
está inserida em toda a ação intencional normal e
consciente. E usamos essa convicção para identificarmos e
explicarmos as ações. Este sentido de liberdade não é
apenas uma característica da deliberação, mas é parte de
qualquer ação, seja premeditada ou espontânea.”
John Searle (1987). Mente, cérebro e ciência. Lisboa: Edições 70, p. 117-118 (adaptado).
32. Exercício de argumentação
As ações intencionais têm, na maior parte dos casos,
impacto no mundo, o qual pode ser positivo ou negativo.
Partindo desta afirmação, procura mostrar, conjuntamente
com o teu colega de carteira, qual a consequência, para o
modo como avaliamos as ações dos agente intencionais, a
possibilidade de o determinismo radical ser verdadeiro.
33. Porque é tão relevante considerarmos os agentes
livres?
Se o determinismo radical for verdadeiro não faz sentido atribuir
responsabilidade ao agente pelas consequências dos seus atos
(mérito ou culpa).
34. Porque é tão relevante considerarmos os agentes
livres?
Porém, toda a ação humana nos domínios da ética, da
política e do direito, e todas as convicções, teorias e regras
que possuímos nestes campos, assentam sobre a ideia de
que o agente é dotado de liberdade da vontade e, portanto,
pode ser responsabilizado pelas consequências boas e más
da sua ação.
Neste sentido, o problema do livre-arbítrio é um problema
com interesse prático. Só tem importância refletir sobre o
melhor caminho e as melhores razões para guiarmos os
nossos passos, se houver liberdade de escolha para o fazer.
35. Reflexões
Filosofia 10.º ano
Isabel Bernardo
Catarina Vale
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36. Reflexões
Filosofia 10.º ano
Isabel Bernardo
Catarina Vale
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Trad. Paulo Ruas. S/l: Prentice Hall. Obtido em 15.06.2010 em
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Wright, G. H. (1991). Poblèmes de l’explication e de la comprehension de l’action. In Neuberg, M.
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