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Dois galos estavam disputando, em feroz luta, pelo direito de
comandar a chácara. Enfim, um deles colocou o outro para correr. O
galo derrotado afastou-se e recolheu-se para um lugar sossegado. O
galo vencedor voando até o alto de um muro, bateu as asas e
exultante cantou com toda a sua força. Uma águia, que pairava ali
perto, lançou-se sobre ele e num bote certeiro, levou-o preso em suas
poderosas garras. O galo derrotado saiu de seu canto e daí em
diante, reinou absoluto, livre de disputa.
Conclusão: o orgulho e a arrogância são o caminho mais curto para
a ruina.
O orgulho é a fonte de todos os vícios. A falsa ideia que faz o
homem da sua natureza, do seu passado, do seu futuro, é a causa
produtora do orgulho. Não sabendo de onde vem, julga-se mais que
é; não sabendo para onde vai, concentra todos os pensamentos na
vida
terrestre. Deseja
viver
o
mais agradavelmente
possível, procurando a realização de todas as satisfações, de todos os
gozos. É por isto que investe contra o seu semelhante, se este lhe
opõe obstáculo. A causa do orgulho está na crença que o homem tem
de sua superioridade individual, e aqui se faz sentir a influência da
concentração do pensamento nas coisas da vida terrestre.
O sentimento de personalidade arrasta o homem que nada vê diante
de si, atrás de si ou acima de si; então o seu orgulho não conhece
medidas. O incrédulo só crê em si; é, portanto, natural que tenha
orgulho, não vendo nos contratempos que oferecem senão obra do
acaso; ao passo que o crente vê a mão de Deus naqueles
contratempos e curva-se submisso, enquanto o orgulhoso se revolta.
Portanto, o homem deve afastar o orgulho de si, se não quiser
perpetuar funestas consequências.
O egoísmo, que anda sempre de mãos dadas com o orgulho, tem
origem neste.
A supremacia da própria individualidade arrasta o homem a
considerar-se acima dos demais. Julgando-se com direitos
preferenciais, molesta-se por tudo o que, em seu entender, o
prejudica. A importância que, por orgulho, se atribui, o torna egoísta.
O orgulho leva o ser a crer mais do que é; a não poder sofrer uma
comparação que o possa rebaixar; a se considerar, ao contrário, tão
acima de seus pares. Por que há de cada um querer elevar-se acima
de seu irmão? Há ainda aqueles cuja suscetibilidade é elevada ao
excesso; que se melindram com as mínimas coisas, mesmo com o
lugar que lhes é destinado se não os põem em evidência.
Quando o orgulho chega ao extremo, tem-se um indício de queda
próxima, porquanto Deus nunca deixa de corrigir os soberbos. Se por
vezes consente que eles subam, é para lhes dar tempo para uma
reflexão e a que se emendem, sob golpes que de quando em quando
lhes desfere no orgulho para adverti-los. O orgulho está sempre em
ação criando-nos ilusões. De todas as disposições morais, a que
maior entrada oferece aos espíritos imperfeitos é o orgulho.
León Denis também se referiu ao orgulhoso no seu livro Depois da
Morte: “Entre todos os homens, ele é o que menos se conhece;
presunçoso, nada pode arrancá-lo do erro, pois ele evita com todo
cuidado tudo quanto serve para esclarecê-lo; odeia que o
contradigam e não se agrada senão com a companhia dos
aduladores”.
O homem não pode ser feliz enquanto não viver em paz, isto
é, enquanto não for animado pelos sentimentos de
benevolência, indulgência e condescendência recíprocas e enquanto
procurar esmagar um ao outro.
A caridade e a fraternidade resumem todas as condições e deveres
sociais, mas reclamam abnegação. E a abnegação é incompatível
com egoísmo e com orgulho; logo, com estes vícios não pode haver
verdadeira fraternidade e, em consequência, igualdade e liberdade;
porque o egoísta e o orgulhoso tudo querem para si.
Muita Paz!
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  • 2. Dois galos estavam disputando, em feroz luta, pelo direito de comandar a chácara. Enfim, um deles colocou o outro para correr. O galo derrotado afastou-se e recolheu-se para um lugar sossegado. O galo vencedor voando até o alto de um muro, bateu as asas e exultante cantou com toda a sua força. Uma águia, que pairava ali perto, lançou-se sobre ele e num bote certeiro, levou-o preso em suas poderosas garras. O galo derrotado saiu de seu canto e daí em diante, reinou absoluto, livre de disputa. Conclusão: o orgulho e a arrogância são o caminho mais curto para a ruina.
  • 3. O orgulho é a fonte de todos os vícios. A falsa ideia que faz o homem da sua natureza, do seu passado, do seu futuro, é a causa produtora do orgulho. Não sabendo de onde vem, julga-se mais que é; não sabendo para onde vai, concentra todos os pensamentos na vida terrestre. Deseja viver o mais agradavelmente possível, procurando a realização de todas as satisfações, de todos os gozos. É por isto que investe contra o seu semelhante, se este lhe opõe obstáculo. A causa do orgulho está na crença que o homem tem de sua superioridade individual, e aqui se faz sentir a influência da concentração do pensamento nas coisas da vida terrestre.
  • 4. O sentimento de personalidade arrasta o homem que nada vê diante de si, atrás de si ou acima de si; então o seu orgulho não conhece medidas. O incrédulo só crê em si; é, portanto, natural que tenha orgulho, não vendo nos contratempos que oferecem senão obra do acaso; ao passo que o crente vê a mão de Deus naqueles contratempos e curva-se submisso, enquanto o orgulhoso se revolta. Portanto, o homem deve afastar o orgulho de si, se não quiser perpetuar funestas consequências. O egoísmo, que anda sempre de mãos dadas com o orgulho, tem origem neste.
  • 5. A supremacia da própria individualidade arrasta o homem a considerar-se acima dos demais. Julgando-se com direitos preferenciais, molesta-se por tudo o que, em seu entender, o prejudica. A importância que, por orgulho, se atribui, o torna egoísta. O orgulho leva o ser a crer mais do que é; a não poder sofrer uma comparação que o possa rebaixar; a se considerar, ao contrário, tão acima de seus pares. Por que há de cada um querer elevar-se acima de seu irmão? Há ainda aqueles cuja suscetibilidade é elevada ao excesso; que se melindram com as mínimas coisas, mesmo com o lugar que lhes é destinado se não os põem em evidência.
  • 6. Quando o orgulho chega ao extremo, tem-se um indício de queda próxima, porquanto Deus nunca deixa de corrigir os soberbos. Se por vezes consente que eles subam, é para lhes dar tempo para uma reflexão e a que se emendem, sob golpes que de quando em quando lhes desfere no orgulho para adverti-los. O orgulho está sempre em ação criando-nos ilusões. De todas as disposições morais, a que maior entrada oferece aos espíritos imperfeitos é o orgulho.
  • 7. León Denis também se referiu ao orgulhoso no seu livro Depois da Morte: “Entre todos os homens, ele é o que menos se conhece; presunçoso, nada pode arrancá-lo do erro, pois ele evita com todo cuidado tudo quanto serve para esclarecê-lo; odeia que o contradigam e não se agrada senão com a companhia dos aduladores”. O homem não pode ser feliz enquanto não viver em paz, isto é, enquanto não for animado pelos sentimentos de benevolência, indulgência e condescendência recíprocas e enquanto procurar esmagar um ao outro.
  • 8. A caridade e a fraternidade resumem todas as condições e deveres sociais, mas reclamam abnegação. E a abnegação é incompatível com egoísmo e com orgulho; logo, com estes vícios não pode haver verdadeira fraternidade e, em consequência, igualdade e liberdade; porque o egoísta e o orgulhoso tudo querem para si. Muita Paz! Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br