2. Observe:
Ao analisarmos a maioria das palavras,
percebemos que elas podem ser divididas em
vários seguimentos:
cachorr – o (animal canino masculino)
cachorr – a (animal canino feminino)
cachorr – inh – a (pequeno animal canino fêmea)
cachorr – inh – o (pequeno animal canino macho)
3. A cada um dos elementos significativos que
formam a uma palavra dá-se o nome de elementos
mórficos ou morfemas. Morfemas, são, portanto,
unidades mínimas de caráter significativo. Chama-se
análise mórfica o processo pelo qual se divide a
palavra em seus elementos mórficos.
Atenção: existem palavras que apresentam um
único morfema e, portanto, não comportam divisão
em unidades menores:: sol, mar, hoje, luz.
5. 1. Radical (também chamado de sentema)
E o elemento mórfico que funciona como base
do significado. Constitui o elemento comum a
palavras da mesma família:
• ferr o pedr a
• ferr eiro pedr eiro
• ferr agem pedr inha
radical radical
6. 1.1.Famílias etimológicas
As palavras que provêm do mesmo radical são
chamadas de palavras cognatas ou famílias
etimológicas:
• agrário, agricultor, agrícola
• atrofia, distrofia, hipertrofia
• acéfalo, bicéfalo, encéfalo
7. 1.2. Radical primário e radical secundário
• RADICAL PRIMÁRIO (radical sem afixos)
AM-ar
AM-ável
des-AM-or
JAT-o
• RADICAL SECUNDÁRIO (radical com afixos, que formam
outras palavras)
APEDREJ-ou
DESFOLH-ava
REJEIT-amos
REJEIT-asses
ENTERR-assem
8. 2. Desinências (“extremidade”)
São elementos mórficos que se apõem ao radical para
assinalar as flexões de palavra (gênero, número, modo,
tempo, pessoa). As desinências podem ser:
a) Nominal:
menin a s (em oposição a menin-o-)
desinência desinência nominal
nominal de de numero
gênero
b) verbal:
Cant á va mos
desinência desinência
modo-temporal número-pessoal
9. 2.a) desinências nominais – casos particulares
desinência nominal x vogal temática
Em palavras como mesa, cadeira, livro e caderno,
as vogais a e o que aparecem no final dos
vocábulos não são desinências, uma vez que não
estabelecem oposição de gênero (mesa, cadeira,
livro e caderno não se opõem a meso*, cadeiro*,
livra* ou caderna*). Já em menino, aluno, amada
e gata, as vogais a e o, que aparecem no final dos
vocábulos, são desinências, já que estabelecem a
oposição masculino/feminino (menino/menina;
aluno/aluna; amada/amado; gata/gato).
10. 2.a) Outras formas de estabelecimento de
gênero nos nomes (substantivos)
Enquanto uma variedade de palavras na língua “conta”
com as desinências para estabelecer as oposições de
gênero, outra variedade de palavras “recorre” a outros
processos de estabelecimento de gênero, tais como:
Os substantivos uniformes...
a) epicenos: a onça (macho/fêmea)
b) Comuns de dois gêneros: o/a colega; o/a chefe; o/a
dentista
c) Sobrecomuns: a criança; o cônjuge; a criatura,
(contexto, p. ex.: “o homem é uma criatura
inteligente”)
11. O gênero e novas formações nos nomes
O sufixo “ente” é acrescido a radical e forma o sentido de
nome (substantivo, adjetivo) agente ou paciente, laços
consaguíneos:
presidente, atendente, parente, vidente, tenente,
demente, escrevente...
Essas palavras são definidas por gênero ao se colocar a
sua frente um artigo masculino ou feminino (o/a
presidente; o/a parente; o/a vidente), isto é, o
estabelecimento de gênero é feito “fora” da estrutura da
palavra;
Contudo, existe a formação institucionalizada, quando há
uma necessidade cultural e criativa de mudar o sufixo.
Essa formação está ocorrendo com a palavra presidente,
que agora designa o gênero feminino agente como
presidenta.
12. 2.a) desinências verbais
Indicam, nos verbos, o tempo e o modo (desinências
modo-temporais), a pessoa e o número (desinências
número-pessoais). Exemplos:
Flexões de modo e tempo:
Eu cantei (indicativo, passado perfeito)
Se eu cantasse (subjuntivo, passado imperfeito)
Cante você (imperativo, presente, positivo)
Flexões de número e pessoa:
Nós cantaremos (indicativo, 1º pessoa do plural, futuro
do presente)
Se vós cantásseis (subjuntivo, 2º pessoa do plural,
passado imperfeito)
13. 2.a) desinências verbais
Ex.: cantar = futuro do presente do indicativo
verbo conjugado radical vt mt np
1º (eu) cantarei cant a re i
2º (tu) cantarás cant a rá s
3º (ele/a) cantará cant a rá Ø
1º (nós) cantaremos cant a re mos
2º (vós) cantareis cant a re is
3º (eles/as) cantarão cant a rã o
s
p
14. Desinências nas formas verbais nominais
Nas formas nominais dos verbos, as desinências vão
diferenciá-los em:
a) Forma infinitiva: cant-a-r
desinência
de infinitivo
b) Forma no gerúndio: cant-a-ndo
desinência
de gerúndio
c) Forma no particípio: cant-ado
desinência
de particípio
15. 3. Vogal temática
É a vogal que, em alguns casos, agrega-se
ao radical, preparando-o para receber as
desinências:
part i sse (ex. vt verbal)
radical vogal desinência modo-temporal
temática
luz e s (ex. vt nominal)
radical vogal desinência de número
temática
16. A vogal temática nos verbos
Nos verbos, a vogal temática indica a que conjugação
pertence: cantar (1º conjugação); vender (2º conjugação);
partir (3º conjugação).
DICA!
Para descobrir a vogal temática de um verbo conjugado em um
período, escreva-o no infinitivo e descubra seu radical. O que
vier após ele no verbo conjugado será a vogal temática (se for
diferente do verbo conjugado será vogal temática alomórfica):
“Ele cantou aquela música” = infinitivo: cant-a-r
Vogal desinência
temática verbal
cant-o-u
Vogal temática desinência
alomórfica número-pessoal
17. A vogal temática e o tema
O radical já acrescido da vogal temática
denomina-se tema. Podemos dizer, portanto,
que o tema é o radical pronto para receber
uma desinência ou um sufixo:
canta -va centra -l- -idade
tema desinência tema consoante sufixo
de ligação
Isto é: radical+vogal temática=tema
18. Onde a vogal temática não aparece
Os nomes terminados em vogal tônica não
apresentam vogal temática: maracujá, café,
dominó, saci, bambu. Considera-se que essas
vogais já fazem parte do radical e, por esse
motivo, são chamados radicais atemáticos.
Obs.: Por outro lado, a vogal temática aparece,
geralmente, em vogais finais átonas: porta,
caderno e cadeira.
19. 4. Os afixos
São elementos que se agregam ao radical a fim
de formar palavras novas. Classificam-se em:
a) prefixos – quando vêm antes do radical:
in feliz des leal
prefixo radical prefixo radical
b) sufixos – quando vêm depois do radical:
feliz mente leal dade
radical sufixo radical sufixo
20. Vogais e consoantes de ligação
Além dos elementos mórficos assinalados, em certas
palavras podem aparecer vogais e consoantes de
ligação (também chamados de infixos), que,
desprovidas de significação (não sendo, pois,
morfemas), intercalam-se no vocábulo tão-
somente para facilitar a pronúncia (metafonia).
gas ô metro pau l ada
paris i ense café t eira
vogal de ligação consoante de ligação
21. Observações finais:
Quando os sufixos agregam-se ao radical,
podem ocorrer as seguintes mudanças:
a) elisão: porta + eiro = porteiro
b) evitar a crase: porta + aria = portaria
c) alteração fônica: cantáVAmos / cantáVEis
d) Haplogia ou braquilogia (redução):
saudade + oso = saudoso
idade + oso = idoso