O documento discute Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho (DORT), incluindo suas definições, causas, diagnóstico, tratamento e prevenção. LER e DORT são causados por esforços repetitivos e afetam principalmente os membros superiores. O diagnóstico e tratamento multidisciplinar, juntamente com medidas preventivas nos locais de trabalho, são essenciais para melhorar a saúde e qualidade de vida dos pacientes.
2. CONCEITO E DIFERENCIAÇÃO
Segundo Varella (2012) LER (Lesões por Esforço Repetitivo)
diz de uma síndrome que abrange um grupo de doenças,
como: tendinite, tenossinovite, bursite, epicondilite, síndrome
do túnel do carpo, dedo em gatilho, síndrome do desfiladeiro
torácico, síndrome do pronador redondo, mialgias. Esta, afeta
músculos, nervos e tendões, principalmente dos membros
superiores e é responsável também por uma sobrecarga do
sistema músculo-esquelético. Provoca dores e inflamação,
podendo inclusive alterar a capacidade funcional da região
acometida pelo distúrbio. Sua principal causa são os esforços
repetitivos.
Assim como LER, DORT (Distúrbio Osteomuscular
Relacionado ao Trabalho) é caracterizada por esforços
repetitivos, porém, trata-se de alterações que aparecem
principalmente no pescoço, braços, punhos e demais membros
superiores em decorrência do trabalho. A equiparação entre
ambas está no fato da comprovação de que o trabalho foi à
causa da doença e não outro fator. (MELLO, 2012).
3. Um exemplo de diferenciação :
Considerando-se uma criança de 12 anos, aficionado
por vídeo game e que possui um joy stick, em que
utiliza com grande frequência a alavanca do polegar.
Esta criança em seu período de férias chega a ficar 4 a
5 horas jogando o seu vídeo game e em um período de
1 semana desenvolve um quadro inflamatório de um
tendão, um típico caso de LER que, no entanto, não é
considerada DORT uma vez que trata-se de uma
criança e que não trabalha.
A DORT só é caracterizada quando o fator gerador da
doença LER tenha sido o trabalho e para tanto é
imprescindível uma vistoria no posto de trabalho para
comprovar a existência da tríade – lesão – nexo e
incapacidade.
4. CAUSAS DA LER - DORT
Esses tipos de lesões são manifestações oriundas da
utilização excessiva, imposta ao sistema músculo-
esquelético, e da falta de tempo para recuperação.
(LER..., 2010).
Para a análise de cada caso deve-se considerar que os
fatores de risco não são independentes, devendo ser
analisados de forma integrada. Estes envolvem
aspectos: biomecânicos, cognitivos, sensoriais, afetivos
e de organização do trabalho.
Dentre os fatores inclui-se:
Posto de trabalho que submeta o trabalhador a
adotar posturas, a suportar certas cargas e a proceder
de forma a causar ou agravar afecções músculo-
esqueléticas.
5. Expor-se a vibrações de corpo inteiro, ou apenas do
membro superior, que podem causar efeitos
vasculares, musculares e neurológicos.
Exposição a baixas temperaturas que produzem um
efeito direto no tecido exposto e indireto quando há o
uso de equipamentos de proteção individual (Ex.:
Luvas).
Exposição a ruído elevado, que produz mudança de
comportamento.
Pressão mecânica localizada, desencadeada pelo
contato físico de cantos retos ou pontiagudos de
objetos, ferramentas e móveis com tecidos moles de
segmentos anatômicos e trajetos nervosos provocando
compressões de estruturas moles do sistema músculo-
esquelético.
6. Em relação às posturas, três características podem
aparecer simultaneamente:
Posturas extremas que forçam os limites da
amplitude das articulações.
Situações em que a força da gravidade impõe aumento
de carga sobre os músculos e outros tecidos.
Posturas que alteram a geometria músculo-
esquelética e que pode causar estresse sobre tendões,
músculos e outros tecidos e/ou reduzir a tolerância
dos tecidos.
Carga mecânica músculo-esquelética, resultante de
fatores como: a força, a repetitividade, a duração da
carga, o tipo de preensão, a postura e o método de
trabalho. A carga músculo-esquelética diz de uma
carga mecânica exercida sobre tecidos, incluindo:
tensão, pressão, fricção e irritação. (LER..., 2010).
7. DIAGNÓSTICO
O Ministério da Saúde lança em 2001, uma
cartilha, na qual aborda o diagnóstico, tratamento,
reabilitação, prevenção e fisiopatologia das Ler/Dort.
a)história clínica detalhada (história da moléstia atual)
colhida a queixa do cliente, a qual é composta pelos
sintomas, duração, localização, intensidade,
momentos e formas de instalação, momentos e formas
de instalação, fatores que influenciam na melhora ou
piora, variação do tempo.
b) investigação dos diversos aparelhos
Relacionada à importância de se averiguar outros
sintomas e doenças.
8. c) comportamentos e hábitos relevantes
Diz das atividades realizadas que possam
agravar o quadro patológico, como por exemplo, uso
excessivo de computador em casa, lavagem de
roupa manual, ato de passar grandes quantidades
de roupas.
d) antecedentes pessoais e e) antecedentes
familiares
Envolvem a investigação dos acontecimentos
precedentes com a finalidade de identificar a
possível presença de traumas, luxações que podem
ter ocasionado a dor crônica, ou até mesmo
histórico de doenças hormonais na família.
9. f) anamnese ocupacional
Tenta-se entender o ambiente de trabalho do
paciente, identificando possíveis contribuintes para
o desenvolvimento de Ler/Dort
g)exame físico detalhado
são divididas em duas etapas a inspeção e a
palpação
h) exames complementares, se necessários.
Os exames complementares: a
ultrassonografia, radiografia, tomografia
computadorizada entre outras.
10. ESTATÍSTICA
As informações transcritas abaixo foram
retiradas do Anuário Estatístico da Previdência
social, ano 2010.
Durante o ano de 2010, foram registrados no
INSS cerca de 701,5 mil acidentes do trabalho
sendo que as doenças do trabalho representam
3,0%. Quanto ao gênero 57,8% são do sexo
masculino e42,2% feminino. A faixa de maior
incidência foi a de 30 a 39 anos, com 32,3% do
total de acidentes registrados. Em 2010, o
subgrupo da CBO com maior número foi o
‘‘Trabalhadores de funções transversais’, com
13,3%.
11. Quanto aos subsetores tem-se o ‘Comércio e
reparação de veículos automotores’, com
participação de 12,5% e ‘Produtos alimentícios e
bebidas’, com 11,0%. Dentre os códigos de CID
com maior incidência nas doenças do trabalho
foram lesões no ombro (M75), sinovite e
tenossinovite (M65) e dorsalgia (M54), com
20,0%, 15,5% e 7,4%, do total. As partes do corpo
mais incidentes foram o ombro, o dorso (inclusive
músculos dorsais, coluna e medula espinhal) e
Ouvido (Externo, Médio, Interno, Audição e
Equilíbrio, com 19,0%, 12,5% e 10,2%,
respectivamente.
12. TRATAMENTO
O tratamento de pacientes acometidos por
Ler/Dort deve objetivar a melhoria de sua
qualidade de vida, propiciar alívio aos sintomas e
recuperar sua capacidade de trabalho.
O Ministério da Saúde, BRASIL (2001), aborda
alguns itens dos quais dependem o sucesso
terapêutico:
13. Momento do diagnóstico e inicio do
tratamento
Momento do afastamento do paciente das
condições causais ou agravantes:
Gravidade do quadro clínico
Família e círculo social do paciente
Empresa com políticas de prevenção
Previdência Social
Serviços de tratamento
Processo de reabilitação
14. Não há um esquema padrão para o tratamento de
Ler/Dort, entretanto percebe-se como ponto
fundamental para o sucesso do tratamento e
reabilitação do paciente a constituição de uma
equipe para um trabalho multidisciplinar
A partir daí, averigua-se a situação do paciente
(sintomas, incapacidades e limitações, as
situações enfrentadas, a dor) para estabelecer os
objetivos do tratamento e da reabilitação, que
devem ser de conhecimento do paciente de forma
a valorizar cada ganho. (BRASIL, 2001)
15. De acordo com Brasil (2001), as atividades
desenvolvidas pela Equipe incluem entre outras:
Núcleo Informativo
Sessões informativo-terapêuticas
Sessões psicoterapêuticas
Terapia corporal
Fisioterapia
Acupuntura
Atividades aeróbicas
Tratamento medicamentoso
Estímulo a atividades lúdico-sociais
Condicionamento físico
Terapia ocupacional
Tratamento cirúrgico
16. PREVENÇÃO
Não há receitas miraculosas ou locais de trabalho
perfeitos
Deve-se compreender a multicausalidade que envolve as
Ler/ Dort e a partir daí pode-se perceber a necessidade
de uma abordagem global preventiva que avalie todos os
elementos do sistema de trabalho: indivíduo, aspectos
técnicos, ambiente físico e social, organização do
trabalho e características da tarefa. (BRASIL, 2001)
A prevenção primaria de Ler/Dort diz da redução de
fatores de risco laborais ao melhorar as condições gerais
do trabalho. Utilizando a ergonomia sistemática podem-
se transformar as situações de trabalho adaptando às
possibilidades e capacidades do trabalhador.
17. Formas de prevenção:
Programas de supervisão no trabalho para gerar
soluções em busca de melhorias
Programas de discussão da problemática para
conhecimento dos fatores de predisposição e
desencadeamento de Ler/Dort.
Alternância das tarefas e rotação nos postos de
trabalho
Pausas
Redução da jornada de trabalho
Revisão da produtividade e das formas de
controle/supervisão dos trabalhadores
Treinamento
Acompanhamento de trabalhadores acometidos
Exercícios
18. A VIDA DO TRABALHADOR ANTES E
APÓS A LER E DORT E A ATUAÇÃO DO
PSICÓLOGO NO TRATAMENTO
Segundo Barbosa, Santos e Trezza (2012), os
pacientes que recebem esse diagnóstico ficam
deprimidos, angustiados, sentindo-se inferiores,
impotentes, muitos iniciam tratamento com
vários medicamentos diários que muitas vezes
não tem o efeito esperado e vão à procura de
outros tratamentos exaustivos que resultam em
longos períodos de afastamento.
19. Os depoimentos colhidos pelas autoras mostra
que as pessoas tinham uma vida tranquila e
ativa, onde cuidavam de casa, praticavam
esportes, tocavam instrumentos, e após o
diagnóstico deixaram de realizar essas atividades
por não poderem mais, ou até mesmo por se
pouparem para conseguirem render no trabalho,
ou seja, passaram a conviver com a dor diária e
ter uma péssima qualidade de vida.
20. A fala dos entrevistados sobre a vida após o
diagnóstico é de que não são a mesma pessoa, que
passaram a tomar antidepressivo, ter insônia e para
as autoras essas falas refletem o comportamento dos
pacientes acometidos por LER/DORT e por essa razão
o apoio psicológico é tão necessário durante o
tratamento.
Quando diagnosticado com a LER/DORT, o indivíduo
se vê como a possibilidade de não conseguir realizar
seu trabalho como antes, além de também não
conseguir mais realizar atividades da mesma forma
que antes, como exercícios físicos, cuidar dos afazeres
domésticos, entre outros. Sente então a cobrança por
parte de seus chefes e de si. Seu estado emocional fica
abalado, podendo se sentir culpado e incapacitado,
além do medo de ser demitido.
21. O acompanhamento psicológico pode contribuir
com esses indivíduos uma vez que o psicólogo
auxiliará seu paciente a encontrar formas para
lidar com sua nova condição, de forma que ele
possa seguir sua vida profissional e pessoal.
22. CONCLUSÃO
Conclui-se que um diagnóstico bem feito da
Ler/Dort, tem muito a contribuir para que para
saúde física e mental do cliente, uma vez que
será possível elaborar um prognóstico no qual
ajudará o cliente na ressignificação da doença e
ajustes em sua vida para que possa se adaptar a
sua nova realidade.
23. REFERÊNCIAS
BARBOSA, Maria do Socorro Alécio; SANTOS, Regina Maria dos;
TREZZA, Maria Cristina Soares Figueiredo. A vida do trabalhador
antes e após a Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e Doença
Osteomuscular Relacionada ao Trabalho (DORT). Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/reben/v60n5/v60n5a02.pdf.> Acesso em: 05 set.
2012
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Instituto Nacional do Seguro Social. Empresa de Tecnologia e Informações
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Acesso em: 14 set. 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Ações Programáticas e
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http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diag_tratamento_ler_dort.pdf>.
Acesso em: 14 set. 2012.
24. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de
Saúde do Trabalhador. Lesões por esforços Repetitivos;
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<http://www.bancodesaude.com.br/ler-dort/ler-dort>. Acesso em: 12
Set. 2012.
25. MELLO, Denise. LER e DORT qual a diferença? Revista Viva Saúde.
Escala. E. 113. 2012, Disponível em:
<http://revistavivasaude.uol.com.br/saude-nutricao/noticias/ler-e-dort-
qual-a-diferenca-151284-1.asp>. Acesso em: 12 Set. 2012.
NOVAES, Dr. Antônio Carlos. A diferença entre LER e DORT.
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<http://www.lerdort.com.br/diferencas.php?
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VARELLA. Drauzio. Lesões por esforços repetitivos – L.E.R. / D.O.
R. T. Dr. Drauzio Varella. 2012. Disponível em:
<http://drauziovarella.com.br/doencas-e-sintomas/lesoes-por-esforcos-
repetitivos-l-e-r-d-o-r-t/>. Acesso em: 12 Set. 2012.
26. GRUPO
Fábio Araújo Ferreira
Leiliane Silva
Natália Maria
Natália Resende