1. As Narrativas no Campo da
Psicanálise: o que nos faz narrar?
• Débora Rocha
• Pedro Gabriel
2. Psicanálises e Narrativas: uma “Talking Cure”
As narrativas e a Psicanálise guardam entre si um
parentesco óbvio: as duas devem seu essencial à
Palavra.
3. O Nascimento da Psicanálise
Superação da “Sugestão” e da “Catarse”
para a Associação Livre;
Sintoma como sentença linguageira;
Momento da abreação;
Construções em
análise.
4. A Difusão da Psicanálise
Com o termo „GEOPSICANÁLISE‟, proposto por
Jacques Derrida, se entende os modos específicos de
implantação da psicanálise nas diversas partes do
mundo. Nesse sentido, o que é Psicanálise e qual sua
técnica não comporta uma única resposta. O
movimento Lacaniano não foi hegemônico e, em
paralelo a este, a IPA (herdeira do grupo das quartas-
feiras) continuou sua história.
5. As Narrativas na Psicanálise
Pré-analítica (constitucional);
Existem desejos, expressos em forma de narrativas, anteriores
ao nascimento do sujeito e que responderão por sua
(im)possibilidade de falar/narrar;
Narrativa na demanda por um atendimento
Lacan: “Eu te demando que recuses aquilo que te
ofereço, porque não é disso que se trata”;
Narrativa pós análise: estudos e apresentação de
caso;
Prêmio Goethe em 1030 e elogio de
Roland Barthes e demais linguistas.
6. Psicanálise e Linguagem
O acesso à linguagem (“matéria prima” do
Narrar) se daria por um processo de
ruptura, mais do que por continuidade: para
Freud haveria um estado autístico a ser
superado por um processo de separação;
Não sendo a fala (e consequentemente o
Narrar) um fenômeno Natural, o Campo do
Signo será um lugar cuja entrada é mediada por
um “porteiro”.
7. “Outro”: a “portaria” da linguagem
“...o lugar de onde pode ser colocada, para o
sujeito, a questão de sua existência e das
insígnias de sua inscrição no universo
simbólico” (Lacan, 1998)
“O significante, produz-se no campo do Outro”
e, como tal, é quem “faz surgir o sujeito de sua
significação” (Lacan, 1973)
8. Perder para Falar
O conceito de Outro nos faz pensar sobre os lugares
envolvidos na produção narrativa: quem fala, de
onde fala, para quem fala, de onde esta fala se
autoriza.
Sobre Leskov, Benjamin diz que o narrador está cada
vez mais longe de ser inteiramente
presente entre nós em sua atividade viva.
O narrar nasce de uma perda que, de
algum modo, refaz o que a Psicanálise
considera ser o movimento de
constituição do sujeito falante.
9. A Mítica Perda Primitiva
Todorov diz em, “A Narrativa Primitiva” que o canto
das Sereias “é a realidade que deve morrer para que
nasça a literatura. O canto das Sereias deve cessar
para que um canto sobre as Sereias possa surgir.”
De modo correlato, alguns autores
falam sobre o trauma que gera
Narrativas a seu respeito,
mobilizados por algo que se
perdeu.
10. Benjamin e Freud
A Narrativa não está interessada em INFORMAR, “ela
mergulha a coisa na vida do narrador para em seguida
retirá-la dele. Assim se imprime na narrativa a marca do
narrador como a mão do oleiro na argila do vaso”
(Benjamin, p.205)
O que se espera de uma análise? A possibilidade de criar
uma narrativa de si onde se investiga a trama de
narrativas que decidiu sua presença nesse mundo e que o
tenha amarrado em algo que se repete. Nessa experiência
o sujeito fala não a qualquer um, há uma fala endereçada
a quem se supõe um saber não para o INFORMAR: “a
história do sujeito, que se reordena através da fala
endereçada ao interlocutor, na medida em que haja
escuta, se reescreve” (Betts, p.36)
11. “Pour qu’on nous le
donne, ce conseil, il
faut donc que nous
commencions par nous
raconter...”
12. Narrativa ou Verbalização ?
“A Psicanálise dispõe de apenas um meio: a fala do
paciente”. Nessa teia narrativa produzida, há um
duplo apelo: “à verdade em seu princípio” e um
“apelo ao próprio vazio”. Nesses dois apelos, em
nome do narcisismo do “narrador”, há o pedido de
que o analista fale, que concorde consigo e assegure
suas hipóteses acerca de si.
A arte do analista consistirá então em suspender as
certezas do sujeito falante e não de assegurá-la, em
desfazer suas miragens. Por isso a fala será tomada
num mais além do conteúdo da sentença;
13. Concluindo
“É justamente essa assunção de sua
história pelo sujeito, no que ela é
constituída pela fala endereçada ao
outro, que serve de fundamento ao
novo método a que Freud deu o
nome de Psicanálise”.