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Aula 00 
Administração Pública p/ Defensoria Pública-MT- Analista (Administrador) 
Professor: Rodrigo Rennó 
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Administração Pública p/ Analista da DP-MT 
Teoria e Questões Comentadas 
Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 
Aula Demonstrativa: Modelos de Gestão 
Olá pessoal, tudo bem? 
Meu nome é Rodrigo Rennó e tenho o grande prazer de iniciar com 
vocês um curso de Administração Pública para o concurso de Analista 
da Defensoria Pública do estado de Mato Grosso. 
Este edital acabou de sair do “forno” e é uma excelente opção para 
aqueles que querem entrar no serviço público. 
A prova está prevista pela banca para o dia 08 de março de 2015 e a 
banca escolhida foi a Fundação Getúlio Vargas - FGV. Esta é a sua 
chance! Meu objetivo é o de lhe preparar para conseguir uma das vagas 
deste concurso. 
Professor, e como será o curso? 
O curso que iniciaremos hoje será recheado com questões anteriores 
das principais bancas do país. Irei trabalhar a teoria necessária e 
comentar centenas de questões para que vocês cheguem prontos 
para o que “der e vier” no dia da prova! 
Tenho certeza de que esse material fará a diferença na sua 
preparação, e, além disso, estarei presente no fórum do curso, que vocês 
terão acesso exclusivo! 
Antes de qualquer coisa, vou dizer um pouquinho sobre mim: sou 
carioca e formado em Administração pela PUC do RJ, com Pós-Graduação 
em Gestão Administrativa. 
Como vocês, já fui concurseiro e disputei diversos concursos da área 
de Administração, e sei como é encarar esse desafio. Atualmente, sou 
também Gestor Federal no Ministério do Planejamento e estou lotado na 
Assessoria Especial para Modernização da Gestão, tendo sido também 
Auditor de Controle Interno na Secretaria de Fazenda do Governo do 
Distrito Federal. 
00000000000 
Sou professor de Administração Geral, Administração Pública e 
Gestão de Pessoas desde 2007 e já lecionei em muitos cursos preparatórios 
para concursos em todo o Brasil, tanto com material escrito quanto com 
material em vídeo. 
Tenho o hábito de escrever como se estivesse conversando com o 
aluno, portanto não estranhem o estilo “leve”, pois acredito que fica mais 
fácil de passar o conteúdo, e, principalmente, mais agradável para vocês 
dominarem essa matéria. 
Sei que muitos de vocês já estão na estrada dos concursos e já 
estudaram algumas destes temas. O que proponho é que façamos um 
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estudo direcionado. Os temas de nossa matéria são muitos, portanto 
temos de focar! 
Além disso, sou autor de três livros na área, publicados pela editora 
Elsevier: 
Administração Geral para Concursos - 
Teoria e mais de 600 questões 
Administração Geral e Pública ʹ Cespe/UnB 
Mais de 900 questões comentadas 
Administração de Recursos Materiais para 
Concursos - Teoria e mais de 370 questões 
comentadas 
Se aparecer uma dúvida 00000000000 
qualquer estarei disponível para 
esclarecer de modo direto e individualizado. 
Os tópicos cobrados pela banca serão disponibilizados de acordo o 
cronograma abaixo: 
Aula 0: Administração Pública burocrática; estado do bem-estar 
social; a nova gestão pública; princípios; fundamentos. 
Aula 1: Paradigmas da Administração Pública e reformas 
administrativas. 
Aula 2: Formulação e avaliação de políticas públicas: Estado e 
políticas públicas; o processo de política pública; as instituições e as 
políticas públicas; arranjos institucionais e política pública. 
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Aula 3: Mudanças institucionais: conselhos; organizações sociais; 
organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP); agência 
reguladora; agência executiva. Flexibilização da ação estatal: parcerias 
público-privadas; consórcios; terceirização; redes e parcerias com 
organizações da sociedade civil. 
Aula 4: Avaliação de programas e projetos públicos; indicadores de 
desempenho. 
Aula 5: Licitação pública: modalidades; dispensa; inexigibilidade; 
pregão; contratos e compras. 
Aula 6: Governança: princípios da governança; fundamentos e 
governança pública. Governabilidade; Accountability. Gestão por 
resultados no setor público: metodologias de gestão. 
Vamos então para o que interessa, não é mesmo? 
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Sumário 
Evolução dos modelos/paradigmas de gestão: a nova gestão pública ........................... 5 
Tipos de Dominação. ........................................................................... 5 
Administração Patrimonialista.................................................................. 6 
Administração Burocrática. .................................................................. 12 
Gerencialismo - A Nova Gestão Pública. .................................................... 31 
Gerencialismo Puro - Managerialism ........................................................ 43 
Consumerism .................................................................................. 46 
Public Service Orientation - PSO ............................................................ 47 
Tipos de Estado .................................................................................. 56 
Estado Moderno ............................................................................ 59 
Estado Liberal .............................................................................. 63 
Estado do Bem-Estar Social ou Welfare State ............................................ 64 
Crise do Estado do Bem-estar Social ..................................................... 66 
O Estado Regulador ........................................................................ 67 
Lista de Questões Trabalhadas na Aula. ........................................................ 73 
Gabarito .......................................................................................... 91 
Bibliografia ...................................................................................... 91 
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Evolução dos modelos/paradigmas de gestão: a nova gestão 
pública 
Tipos de Dominação. 
Para que possamos entender os modelos de administração pública, 
devemos conhecer os tipos de dominação. Segundo Weber1: “Dominação é 
a probabilidade de encontrar obediência a uma ordem de determinado 
conteúdo entre determinadas pessoas indicáveis”. 
Em todo Estado, deve existir alguma relação de dominação na qual 
os governantes (dominadores) exercem autoridade perante os indivíduos 
(dominados). 
Assim, a dominação não é simplesmente o exercício do “poder”, mas 
também a sua aceitação – que leva à obediência! Portanto, se diz que a 
dominação é o somatório do poder com a legitimidade. 
Dominação 
Tradicional - 
baseada nos 
costumes, na 
tradição 
Figura 1 - Tipos de dominação 
Dominação 
Carismática - 
baseada no 
carisma do líder 
Tipos de 
Dominação 
Dominação 
Racional-Legal - 
Baseada nas 
normas e 
regulamentos 
Para Weber2 existem três tipos de dominação: 
00000000000 
 Dominação Tradicional – Baseia-se na tradição, nos costumes 
arraigados, nos relacionamentos construídos por gerações. O 
“senhor” ou chefe governa não porque tenha algum mérito ou 
competência específica, mas porque seu pai governava antes dele, e 
antes dele seu avô etc. Esta dominação ocorre porque “sempre foi 
assim”; 
1 (Weber, 2000) 
2 (Weber, 2000) 
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 Dominação Carismática – Baseada no carisma de uma pessoa. 
Acredita-se que um indivíduo específico possui qualidades e 
características extraordinárias, fora do comum, que o credenciam a 
liderar seus “súditos” ou “seguidores”. Estes lhe conferem um afeto 
e uma lealdade muitas vezes “cegos”. Como exemplo, podemos citar 
o caso do ex-presidente Lula, que consegue, através do carisma com 
boa parte da população, exercer sua liderança; 
 Dominação Racional-legal – Baseada na lei! Nesse tipo de 
dominação, não seguimos um indivíduo, mas devemos obediência a 
uma série de normas e regulamentos. Assim, se você trabalha em 
uma empresa, obedece ao seu chefe porque as regras estabelecem 
que este chefe possui este poder de lhe comandar e dar ordens, e 
não porque acredita que esta pessoa tenha qualidades especiais. A 
Burocracia moderna baseia-se na dominação racional-legal. 
Administração Patrimonialista. 
O modelo patrimonialista foi introduzido no Brasil pela própria 
administração portuguesa quando ainda éramos uma colônia. Como 
Portugal era uma monarquia, todo o Estado era patrimônio da 
família real. 
Quando Dom João VI chegou aqui, em 1808, vindo fugido dos 
exércitos de Napoleão, trouxe grande parte da máquina administrativa 
portuguesa consigo. Desta forma, herdamos o modo de administrar 
português e adaptamos à nossa realidade durante o império. 
Neste sistema, existe uma confusão natural entre os bens públicos e 
particulares, pois o Rei (ou chefe político) não diferencia seu patrimônio 
particular do estatal. No patrimonialismo, segundo Weber3, o senhor tem 
um relacionamento de “troca” com seus súditos, pois depende da boa 
00000000000 
vontade deles para manter sua capacidade de prestar serviços e manter 
seu poder político. 
Em troca desta boa vontade, o senhor passa a “dever” também uma 
atenção especial a seus súditos, como proteção a perigos externos e auxílio 
em momentos difíceis. Naturalmente, este “dever” não está escrito em 
nenhuma ordem ou lei, mas deriva dos costumes, da tradição. 
Portanto, a base de sua dominação é a tradição! O governante 
trata dos assuntos do Estado como se fosse uma extensão de sua vida 
pessoal. Seus súditos seriam sua “família”. Desta forma, no 
3 (Weber, 2000) 
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patrimonialismo existe uma grande dificuldade deste senhor de diferenciar 
“esfera pública” da “esfera privada”. 
O personagem mais exemplar na história brasileira deste período é o 
“coronel”, oligarca do interior, que dominava (e em certos aspectos ainda 
domina) o cenário da política regional através da utilização do poder 
econômico e da “troca de favores” entre seus partidários. 
Dentro deste contexto, as eleições (quando existiam) eram fraudadas 
para que o grupo dominante continuasse no poder e recursos públicos são 
desviados de sua finalidade. 
Neste modelo, a posse em cargos públicos acontecia por livre escolha 
do soberano. Desta forma, estes cargos eram direcionados a amigos, 
parentes e apoiadores dos grupos dominantes. 
Assim, não existiam carreiras organizadas e profissionalizadas no 
estado. Portanto, uma característica forte deste modelo é o nepotismo e 
a corrupção. 
Lembre-se: 
No modelo 
Patrimonialista, o 
governante não separa o 
patrimônio público do 
privado! 
Os bens públicos são utilizados para fins pessoais e os cargos 
públicos são usados como “moeda de troca” de favores ao soberano 
(vemos isso atualmente quando agentes públicos utilizam carros oficiais 
para viajar a turismo, quando funcionários fazem a chamada “contratação 
cruzada” – João contrata o filho de José, e, em troca deste favor, José 
contrata o filho de João, por exemplo). 
Como o soberano está acima das regras, a racionalidade é subjetiva, 
ou seja, depende da opinião, da discricionariedade (e das arbitrariedades) 
do senhor no momento, inclusive nas decisões da Justiça. Se você é amigo 
00000000000 
do Rei pode “quebrar” algumas regrinhas! 
Já se não for conhecido de ninguém importante, terá que se 
comportar exemplarmente! Lembra do ditado: “Para os amigos tudo, 
para os inimigos a Lei”? Ele descreve bem uma prática do 
patrimonialismo, não é verdade? 
Assim sendo, no modelo patrimonialista, o patrimônio público é 
"capturado" por grupos de interesse da sociedade (que podem ser 
empresários, sindicatos, burocratas, etc.). 
Ou seja, este patrimônio deixa de servir à coletividade para passar a 
servir aos interesses do grupo dominante. Além disso, a justiça fiscal é um 
aspecto quase inexistente, pois a estrutura tributária (os impostos) é 
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desenhada para afetar pouco os nobres ou senhores dominantes. Com isso, 
a população mais pobre é a que acaba proporcionalmente pagando mais 
impostos. 
Desta forma, esse modelo é conhecido por sua tendência à corrupção 
e ao nepotismo. Veja abaixo no gráfico as principais características do 
modelo patrimonialista: 
Esfera Pública se 
confunde com a 
Privada 
Sistema fiscal injusto 
e irracional 
Falta de 
profissionalização 
Racionalidade 
subjetiva 
Tendência à 
corrupção e ao 
nepotismo 
Figura 2 - Características do modelo patrimonialista 
Raymundo Faoro4 chamava o grupo que comandava o poder no 
Estado patrimonialista brasileiro de Estamento Burocrático. Este modelo 
se caracterizava por um desrespeito aos princípios da impessoalidade 
e era composto por ocupantes de cargos públicos de alta cúpula, burocratas 
e políticos. 
Prestem atenção, pois o termo burocracia não foi estabelecido 
por Weber e sua Burocracia Profissional (baseada na dominação 
Racional-legal). O termo Burocracia vem do francês “Bureau”, que se refere 
aos órgãos do governo (seria algo como “governo de escritório”). 
Normalmente pensamos a dominação tradicional como uma disputa 
00000000000 
de classes, como uma divisão entre pobres e ricos (classes sociais). 
Entretanto, de acordo com Weber, um estamento não é exatamente uma 
classe. O autor afirma5: 
“A situação estamental pode se basear numa 
situação de classe de natureza unívoca ou ambígua. 
Mas não se determina somente por ela: a posse em 
dinheiro e a posição do empresário não são, por si 
só, qualificações estamentais – ainda que possam 
4 (Faoro, 2001) 
5 (Weber, 2000) 
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levar a estas; nem a falta de patrimônio constitui, 
por si, uma desqualificação estamental, ainda que 
também possa levar a esta.” 
Ou seja, uma divisão em estamentos é uma divisão entre pessoas 
com um tipo de educação, ou etnia (descendência genética e cultural) e 
modos de vida diferentes. 
Um filho de um funcionário público pobre que conseguisse estudar 
em um bom colégio da capital (e construísse um bom círculo de amizades) 
poderia fazer parte do estamento dominante. Já o filho de um fazendeiro 
rico do interior que não estudasse na capital provavelmente não faria parte 
deste estamento, por exemplo. 
Portanto, o estamento burocrático se relacionava com os funcionários 
públicos e membros da sociedade que mandavam no Estado 
Patrimonialista6. 
De acordo com Weber, ao quadro administrativo da dominação 
tradicional, em seu tipo puro, faltam7: 
 A competência fixa segundo regras objetivas; 
 A hierarquia racional fixa; 
 A nomeação regulada por contrato livre e o ascenso (promoção) 
regulado; 
 A formação profissional (como norma); 
 (muitas vezes) o salário fixo e (ainda mais frequentemente) o 
salário pago em dinheiro. 
As monarquias absolutistas foram sendo substituídas aos poucos, no 
final do século XIX, por Estados modernos, passando a existir a necessidade 
da separação entre os bens públicos e privados, bem como a 
profissionalização da Administração Pública. 
O Estado moderno precisava ampliar suas ações de indução do 
crescimento da economia, com uma atuação mais direta na criação de 
empresas estatais e na regulação da atuação econômica. 
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Além disso, a sociedade começou a demandar diversos serviços 
públicos e proteções sociais que não existiam. Antigamente, o Estado só 
fornecia o acesso a Justiça, a proteção policial e a defesa nacional. 
Depois, serviços públicos como a educação, a previdência social e a 
prestação de saúde passaram a ser oferecidos para grande parte da 
população. Portanto, o Estado necessitava de se capacitar e de se 
6 (Bresser Pereira L. C., 2001) 
7 (Weber, 2000) 
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profissionalizar. O modelo patrimonialista passou a ser visto como um 
problema e um limitador ao desenvolvimento por diversos países. 
Vamos ver algumas questões agora? 
1 - (ESAF – CGU – AFC – 2006) Complete a frase a seguir com a 
opção correta. 
O .................... é uma forma da administração pública que se 
caracteriza pela privatização do Estado, pela interpermeabilidade 
dos patrimônios público e privado. O príncipe não faz clara distinção 
entre patrimônio público e seus bens privados. 
a) modelo patrimonialista 
b) modelo burocrático 
c) modelo gerencial 
d) modelo racional-legal 
e) modelo estruturalista 
Esta questão pode ser respondida somente com a última frase: “o 
príncipe não faz clara distinção entre patrimônio público e seus bens 
privados”. 
Esta é uma descrição perfeita de uma das características principais 
do modelo patrimonialista. O gabarito é a letra A. 
2 - (ESAF – MPOG – PSS – 2008) Faltam, ao modelo de 
administração patrimonialista, todas as características abaixo, 
exceto: 
a) competências funcionais fixas. 
b) retribuição aos servidores pelos serviços prestados. 
c) hierarquia racional fixa. 
d) formação profissional como norma. 
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e) nomeação regulada por contrato livre, com regras de ascensão 
funcional. 
Esta questão foi retirada do livro do Max Weber: Economia e 
Sociedade. De acordo com o autor, faltam ao quadro administrativo 
tradicional (patrimonialista) as competências funcionais fixas (não fica claro 
quais são as competências necessárias para cada cargo), uma hierarquia 
racional fixa (a autoridade está relacionada com as relações pessoais, e não 
com a posição hierárquica). 
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Além disso, faltam uma formação profissional como norma (não é 
necessária esta formação para a entrada na máquina estatal) e a nomeação 
regulada por contrato livre, com regras de ascensão funcional 
(contratações são abertas a todos os interessados e as regras para 
promoção são estabelecidas. 
Entretanto, não falta uma retribuição aos servidores. Ou seja, 
estes são sim remunerados de alguma forma (não trabalham “de graça”). 
O que Weber disse foi que falta (muitas vezes) o salário fixo e (ainda mais 
frequentemente) o salário pago em dinheiro. O gabarito é, assim, a letra 
B. 
3 - (ESAF – MPOG – EPPGG – 2003) Assinale a opção que indica 
corretamente as características de uma administração 
patrimonialista. 
a) A administração patrimonialista predomina no período da 
monarquia e nos primeiros anos da república; há uma clara 
distinção entre propriedade pública e propriedade privada e os 
serviços públicos são prestados por funcionários concursados. 
b) A administração patrimonialista está presente durante os 
primeiros anos da república, não há uma clara distinção entre 
propriedade pública e propriedade privada e os serviços públicos 
são prestados por funcionários selecionados discricionariamente. 
c) A administração patrimonialista está presente durante os 
primeiros anos da república e se estende até os anos 50; há uma 
clara distinção entre propriedade pública e propriedade privada e 
os serviços públicos são prestados por funcionários concursados. 
d) A administração patrimonialista predomina no período da 
monarquia, não há uma clara distinção entre propriedade pública e 
propriedade privada e os serviços públicos são prestados por 
escravos. 
e) A administração patrimonialista predomina na nova república, 
00000000000 
há uma clara distinção entre propriedade pública e propriedade 
privada e os serviços públicos são prestados por funcionários 
selecionados discricionariamente. 
A administração patrimonialista predominava no Brasil na época do 
Império e no início da República. Neste modelo, não existe uma distinção 
clara entre a propriedade privada e a propriedade pública. Além disso, os 
servidores não eram recrutados por concursos públicos e sim por decisões 
e escolhas dos detentores do poder (método discricionário). Deste modo, o 
gabarito é a letra B. 
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Administração Burocrática. 
O termo “burocracia” é derivado do termo francês “bureau” (significa 
escritório) e do termo grego “kratia”, que se relaciona a poder ou regra. 
Desta forma, a burocracia seria um modelo em que o “escritório” ou os 
servidores públicos de carreira seriam os detentores do poder. 
Com a industrialização e a introdução de regimes 
democráticos no fim do século XIX, as sociedades ficaram cada vez 
mais complexas. A introdução da máquina a vapor acarretou uma 
evolução tremenda dos meios de transporte. Se antes se levavam meses 
para uma viagem do Brasil para a Europa, por exemplo, agora uma viagem 
por meio de navios a vapor passou a ser feita em poucos dias. 
O trem a vapor fez a mesma revolução no transporte interno. Desta 
forma, as notícias passaram a “correr” muito mais rápido e os produtos de 
cada região puderam passar a ser comercializados em cada vez mais 
mercados consumidores. 
Estes fatores levaram a uma urbanização acelerada, pois as 
indústrias necessitavam de cada vez mais “braços” para poder produzir em 
larga escala e atender ao mercado regional e mundial de produtos. 
Diante deste aumento da demanda por trabalhadores no setor 
industrial, os salários na indústria ficaram melhores do que os do campo e 
as pessoas passaram a se mudar das fazendas para as grandes cidades em 
busca de trabalho. 
Desta forma, o êxodo rural (massa de trabalhadores saída do campo 
e dirigindo-se para as cidades em busca de melhores condições de trabalho) 
foi marcante neste período. 
Estas pessoas encontravam na cidade grande uma realidade 
totalmente diferente da qual estavam acostumadas. Se antes tinham uma 
“terrinha” para cultivar alguns alimentos, agora tinham de comprar estes 
produtos no mercado. 
00000000000 
Se anteriormente aprendiam a trabalhar na prática, agora tinham de 
frequentar escolas para poder lidar com as máquinas. Assim, passaram a 
demandar serviços que antes não existiam em grande escala, como escolas 
e hospitais públicos. 
Deste modo, tinham necessidades que o Estado (que tinha uma 
filosofia liberal) ainda não estava capacitado para atender. Era o início do 
que iríamos denominar de “sociedade de massa”. 
Portanto, o Estado, que antes só se preocupava em manter a ordem 
interna e externa, passa a ter de se organizar cada vez mais para induzir o 
crescimento econômico, aumentar a infraestrutura do país e prestar cada 
vez mais serviços à população. 
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O Patrimonialismo não conseguia mais atender a este novo Estado, 
que concentrava cada vez mais atividades em sua máquina. 
O modelo Burocrático, inspirado por Max Weber, veio então suprir 
esta necessidade de impor uma administração adequada aos novos 
desafios do Estado moderno, com o objetivo de combater o nepotismo e a 
corrupção. Ou seja, uma administração mais racional e impessoal. 
Sociedades 
ficam mais 
complexas 
Patrimonialismo 
não consegue 
atender às 
demandas 
sociais 
Modelo 
Burocrático é 
visto como 
solução mais 
racional e 
adequada 
Figura 3 - Contexto da burocracia 
Desta forma, o modelo burocrático surgiu como uma necessidade 
histórica baseada em uma sociedade cada vez mais complexa, em que as 
demandas sociais cresceram, e havia um ambiente com empresas cada vez 
maiores, com uma população que buscava uma maior participação nos 
destinos dos governos. 
Portanto, não se podia mais “depender” do arbítrio de um só 
indivíduo. As regras deveriam estar claras para todos e as decisões 
deveriam ser tomadas com base em uma lógica racional. 
Uma coisa que devemos ter em mente é que a Burocracia foi 
uma grande evolução do modelo patrimonialista. Weber concebeu a 
Burocracia como o modelo mais racional existente, o qual seria mais 
eficiente na busca dos seus objetivos. 
Lembre-se: 
O modelo 
burocrático foi uma 
grande evolução do 
patrimonialismo! 
00000000000 
Atualmente, o termo Burocracia é visto como algo negativo em nossa 
sociedade, mas o modelo “puro” pensado por Weber foi um grande avanço 
em relação ao que existia antes e possibilitou a construção de um Estado 
mais atuante e capacitado do que existia. 
As características principais da Burocracia são: 
 Formalidade – a autoridade deriva de um conjunto de normas e leis, 
expressamente escritas e detalhadas. O poder do chefe é restrito aos 
objetivos propostos pela organização e somente é exercido no 
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ambiente de trabalho - não na vida privada. As comunicações 
internas e externas também são todas padronizadas e formais. 
 Impessoalidade – Os direitos e deveres são estabelecidos em 
normas. As regras são aplicadas de forma igual a todos, conforme 
seu cargo em função na organização. Segundo Weber, a Burocracia 
deve evitar lidar com elementos humanos, como a raiva, o ódio, o 
amor, ou seja, as emoções e as irracionalidades. As pessoas devem 
ser promovidas por mérito, e não por ligações afetivas. O poder é 
ligado não às pessoas, mas aos cargos – só se tem o poder em 
decorrência de estar ocupando um cargo. 
 Profissionalização – As organizações são comandadas por 
especialistas, remunerados em dinheiro (e não em honrarias, títulos 
de nobreza, sinecuras, prebendas, etc.), contratados pelo seu mérito 
e seu conhecimento (e não por alguma relação afetiva ou emocional). 
O modelo burocrático, que se caracterizou pela meritocracia na forma 
de ingresso nas carreiras públicas, mediante concursos públicos, buscou 
eliminar o hábito arraigado do modelo patrimonialista de ocupar espaço no 
aparelho do Estado através de trocas de cargos públicos por favores 
pessoais ao soberano. 
Neste modelo, as pessoas seriam nomeadas por seus conhecimentos 
e habilidades, não por seus laços familiares ou de amizade. Prebendas e 
sinecuras, características do modelo patrimonialista, ou seja, aquelas 
situações em que pessoas ocupam funções no governo ganhando uma 
remuneração em troca de pouco ou nenhum trabalho, são substituídas pelo 
concurso público e pela noção de carreira. 
Desta forma, o que se busca é a profissionalização do servidor 
público, sua especialização. De acordo com Weber, o quadro administrativo 
em uma burocracia de modelo “puro” se compõe de funcionários 
individuais, os quais8: 
 São pessoalmente livres; obedecem somente às obrigações 
00000000000 
objetivas de seu cargo; 
 São nomeados (e não eleitos) numa hierarquia rigorosa dos 
cargos; 
 Têm competências funcionais fixas; 
 Em virtude de um contrato, portanto, (em princípio) sobre a 
base de livre seleção segundo; 
8 (Weber, 2000) 
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 A qualificação profissional – no caso mais racional: 
qualificação verificada mediante prova e certificada por 
diploma; 
 São remunerados com salários fixos em dinheiro; 
 Exercem seu cargo como profissão única ou principal; 
 Têm a perspectiva de uma carreira: “progressão” por tempo 
de serviço ou eficiência, ou ambas as coisas, dependendo do 
critério dos superiores; 
 Trabalham em “separação absoluta dos meios 
administrativos” e sem apropriação do cargo; 
 Estão submetidos a um sistema rigoroso e homogêneo de 
disciplina e controle do serviço. 
Veja abaixo, em resumo, as características da Burocracia: 
Formalidade 
ͻ Autoridade é expressa 
em leis; 
ͻ Comunicação é 
padronizada; 
ͻ Controle de 
Procedimentos. 
Impessoalidade 
ͻ Isonomia no 
tratamento; 
ͻ Meritocracia; 
ͻ Racionalidade; 
ͻ Sistema legal e 
econômico previsível. 
Profissionalismo 
ͻ Comando é dos 
especialistas; 
ͻ Remuneração em 
dinheiro; 
ͻ Administrador é 
especialista - noção de 
carreira; 
ͻ Hierarquia. 
Figura 4 - Características da Burocracia 
Dentre as principais vantagens que a Burocracia trouxe, podemos 
citar: 
 O predomínio de uma lógica científica sobre uma lógica da 
intuição, do “achismo”; 
00000000000 
 A redução dos favoritismos e das práticas clientelistas; 
 Uma mentalidade mais democrática, que possibilitou igualdade 
de oportunidades e tratamento baseado em leis e regras 
aplicáveis a todos. 
Hoje em dia, o termo Burocracia virou sinônimo de ineficiência e 
lentidão, pois conhecemos os defeitos do modelo (que chamamos de 
disfunções da Burocracia), mas ele foi um passo adiante na sua época! 
Na Burocracia, existe uma desconfiança extrema em relação às 
pessoas, portanto são desenvolvidos controles dos processos e dos 
procedimentos, de forma a evitar os desvios. 
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Ou seja, os funcionários têm pouca discricionariedade, ou liberdade 
de escolha da melhor estratégia, para resolver um problema ou atender 
seus clientes! Deste modo, existe uma grande preocupação em criar 
critérios e processos que estabeleçam o método correto de se agir. 
Todos os processos e atividades são padronizados, são manualizados! 
Com isso, os servidores passam a se preocupar mais em seguir 
regulamentos e normas do que em atingir bons resultados. 
Outra característica da Burocracia é a hierarquia. As organizações são 
estruturadas em vários níveis hierárquicos, em que o nível de cima controla 
o de baixo. É o que chamamos de estrutura verticalizada, na qual as 
decisões são tomadas na cúpula (topo da hierarquia ou nível estratégico). 
Esta situação acaba gerando uma demora na tomada de decisões e 
no fluxo de informações dentro da organização! Outro problema é a 
dificuldade de trocar informações com outras áreas da empresa, pois este 
fluxo não é livre (você precisa enviar a informação ao seu chefe, que envie 
a solicitação ao chefe do outro setor etc.) 
Desta maneira, é importante não confundir a Teoria da Burocracia, 
ou seu modelo “puro”, com os problemas que a Burocracia causou – o que 
chamamos de disfunções da Burocracia. Normalmente a banca citará uma 
“disfunção” da burocracia e dirá que é uma característica da Teoria da 
Burocracia. 
Por exemplo, as nomeações para funções públicas sem base no 
mérito ainda ocorrem com frequência no Brasil. Sabemos que é um dos 
problemas da Administração Pública na prática. Entretanto, isto não faz 
parte da teoria da Burocracia, ou seja, do modelo idealizado por Weber! 
Além disso, vocês devem entender que nenhum modelo existiu 
isoladamente, mas que conviveram e convivem juntos. No nosso contexto 
atual, temos ainda aspectos presentes que são heranças do 
patrimonialismo (nomeações em cargos de confiança), aspectos da teoria 
da burocracia (concursos públicos e noção de carreira, entre outros) e 
aspectos do modelo gerencial, que veremos a seguir. 
Lembre-se: 
Convivemos atualmente 
com características dos 
três modelos: 
patrimonial, burocrático 
e gerencial. 
00000000000 
O modelo de gestão pública buscado no momento é o gerencial, mas 
ainda é muito forte a presença do modelo burocrático e, infelizmente, do 
próprio modelo patrimonialista na administração pública brasileira. Ou seja, 
nunca aplicamos o modelo “puro” da burocracia weberiana. Preste 
atenção, pois as bancas costumam cobrar muito isso. 
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Veja o texto abaixo do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do 
Estado, de 19959, documento muito importante e que recomendo a leitura 
a todos que queiram se aprofundar no tema das reformas administrativas 
no Brasil. O texto original é esse: 
“A administração pública brasileira, embora marcada 
pela cultura burocrática e regida pelo princípio do 
mérito profissional, não chegou a se consolidar, no 
conjunto, como uma burocracia profissional nos 
moldes weberianos. Formaram-se grupos de 
reconhecida competência, como é o caso das carreiras 
acima descritas, bem como em áreas da administração 
indireta, mas os concursos jamais foram rotinizados e o 
valor de sua remuneração real variou intensamente em 
função de políticas salariais instáveis. Os instrumentos 
de seleção, avaliação, promoção e treinamento que 
deram suporte a esse modelo estão superados.” 
O que fica claro é que o nosso modelo ainda guarda práticas e 
costumes patrimonialistas, e o próprio modelo burocrático hoje não é mais 
visto como adequado aos novos desafios da administração pública. 
Portanto, temos hoje um modelo ainda muito baseado na Burocracia, 
mas com resquícios de clientelismo e patrimonialismo, e alguns setores que 
já aplicam a administração gerencial. Não aplicamos o modelo “puro” 
de Weber. 
Lembre-se: 
Nunca aplicamos o 
modelo "puro" da 
burocracia de 
As principais disfunções da Burocracia são: 
Weber. 
 00000000000 
Dificuldade de resposta às mudanças no meio externo – visão 
voltada excessivamente para as questões internas (sistema fechado, 
ou seja, autoreferente, com a preocupação não nas necessidades dos 
clientes, mas nas necessidades internas da própria burocracia). 
 Rigidez e apreço extremo às regras – o controle é sobre 
procedimentos e não sobre resultados, levando à falta de criatividade 
e ineficiências. 
9 (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995) 
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 Perda da visão global da organização – a divisão de trabalho pode 
levar a que os funcionários não tenham mais a compreensão da 
importância de seu trabalho nem quais são as necessidades dos 
clientes ou dos outros órgãos da instituição. 
 Lentidão no processo decisório – hierarquia, formalidade, 
centralização e falta de confiança nos funcionários levam a uma 
demora na tomada de decisões importantes. 
 Excessiva formalização – em um ambiente de mudanças rápidas, 
não se consegue padronizar e formalizar todos os procedimentos e 
tarefas, gerando uma dificuldade da organização de se adaptar a 
novas demandas. A formalização também dificulta o fluxo de 
informações dentro da empresa. 
Podemos resumir as principais disfunções ou problemas do modelo 
burocrático no quadro abaixo: 
Perda da 
Noção Global 
Disfunções 
da 
Burocracia 
Lentidão na 
comunicação e 
processo 
decisório 
Formalização 
Excessiva 
Rigidez e falta 
de inovação 
Preocupação 
com as regras e 
não com 
resultado 
00000000000 
Figura 5 - disfunções da Burocracia 
Outro aspecto importante é a relação da burocracia com o poder 
político. Weber preocupava-se com o aumento do poder da burocracia no 
Estado moderno. Os políticos cederiam cada vez mais influência à 
burocracia, o que criaria um “absolutismo burocrático”, ou seja, um 
abuso de poder por parte da administração, em prejuízo dos representantes 
da população. 
Portanto, a criação das leis e seu controle devem ser privativos dos 
políticos, de forma a limitar o poder e o alcance desta burocracia. Outra 
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disfunção que pode ocorrer é o “insulamento burocrático”, uma situação 
em que os técnicos dentro da máquina administrativa passam a ser 
“blindados” contra a interferência do público em geral e de outros órgãos 
do governo. 
Estes órgãos ou grupo de técnicos teriam então mais liberdade para 
buscar objetivos específicos, mas também poderiam passar a não “ouvir” 
mais a população, ou seja, buscar não os objetivos desejados pelos 
cidadãos, mas os seus próprios objetivos (ou dos grupos empresariais 
dominantes). 
Desta forma, não existiria um controle social sobre o trabalho destes 
servidores, pois estes estariam “blindados” aos desejos e interesses da 
sociedade civil. 
Um grande crítico da Burocracia foi Michel Crozier10. Este autor 
buscou apontar que este modelo reduzia a eficácia das organizações, ao 
contrário do que pensava Weber. As instituições não poderiam operar como 
máquinas. 
Assim, as organizações deveriam ser vistas como algo que: 
“não está apenas constituída pelos direitos e 
obrigações da bela máquina burocrática, e nem 
muito menos pela exploração e pela resistência da 
força de trabalho a ser explorada por um patrão ou 
por uma tecnoestrutura. Ela é um conjunto 
complexo de jogos entrecruzados e 
interdependentes, através dos quais os 
indivíduos, com oportunidades frequentemente 
muito diferentes de sucesso, procuram 
maximizar seus benefícios, respeitando as 
regras não escritas do jogo que o meio lhes impõe, 
tirando partido sistematicamente de todas as suas 
vantagens e tentando minimizar as dos outros.” 
Outro ponto ressaltado por Crozier seria o caráter de estabilidade 
do modelo burocrático. Para esse autor, uma organização burocrática 
00000000000 
não é propensa a mudanças. 
Assim sendo, as burocracias costuma enfrentar longos períodos 
de estabilidade, com espaços curtos de crise aguda. Portanto, a crise 
seria o “estopim” ou a “janela de oportunidade” para as mudanças 
necessárias. 
Este seria um problema inerente ao modelo burocrático, pois estas 
organizações seriam quase sempre reativas aos problemas. E como 
sabemos, quando as crises aparecem as soluções se tornam mais difíceis e 
10 Fonte bibliográfica inválida especificada. 
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custosas. O ideal seria que a mudança na instituição ocorresse antes da 
“bomba” estourar, não é verdade? 
Vamos ver algumas questões recentes? 
4 – (ESAF – MF – ANALISTA TÉCNICO – 2013) A respeito do sistema 
de organização burocrático, analise as afirmativas abaixo, 
classificando- as como verdadeiras (V) ou falsas (F). Ao final, 
assinale a opção que contenha a sequência correta. 
( ) A crise é, efetivamente, um dos elementos distintivos de 
qualquer sistema de organização burocrática. Ela constitui o meio 
para chegar a operar os reajustes necessários. 
( ) O ritmo essencial que caracteriza uma organização burocrática 
é, particularmente, a alternância de longos períodos de estabilidade 
e curtos espaços de crise e mudança. 
( ) O poder de decisão, no interior de um sistema de organização 
burocrática, tende a situar- se, naturalmente, entre aqueles que 
dêem prioridade aos objetivos funcionais da organização 
independentemente da estabilidade do sistema político. 
a) V, F, V 
b) V, V, F 
c) F, F, V 
d) F, V, V 
e) V, F, F 
A primeira frase está correta, pois de acordo com Crozier as crises 
são os grandes impulsionadores de mudanças dentro das organizações 
burocráticas11. 
A segunda frase está também certa. Como as burocracias têm 
dificuldades de inovar e se adaptar aos novos desafios, acabam passando 
por longos períodos de estabilidade. Isso só muda quando ocorre uma crise, 
00000000000 
que precipita as mudanças. 
Finalmente, a terceira frase está errada. O poder decisório nas 
organizações burocráticas é centralizado na alta direção, e não distribuído 
“entre aqueles que deem prioridade aos objetivos funcionais da 
organização”. Deste modo, o gabarito é mesmo a letra B. 
5 – (ESAF – RFB – AUDITOR – 2012) Sobre o modelo de 
Administração Pública Burocrática, é correto afirmar que: 
11 Fonte bibliográfica inválida especificada. 
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a) pensa na sociedade como um campo de conflito, cooperação e 
incerteza, na qual os cidadãos defendem seus interesses e afirmam 
suas posições ideológicas. 
b) assume que o modo mais seguro de evitar o nepotismo e a 
corrupção é pelo controle rígido dos processos, com o controle de 
procedimentos. 
c) prega a descentralização, com delegação de poderes, atribuições 
e responsabilidades para os escalões inferiores. 
d) preza os princípios de confiança e descentralização da decisão, 
exige formas flexíveis de gestão, horizontalização de estruturas e 
descentralização de funções. 
e) o administrador público prega o formalismo, o rigor técnico e 
preocupa-se em oferecer serviços, e não em gerir programas. 
A primeira alternativa está incorreta, pois se refere ao modelo 
gerencial e não ao modelo burocrático. Esta frase foi retirada de um texto 
de Bresser12, que dizia: 
“Mais amplamente, a administração pública 
gerencial está baseada em uma concepção de 
Estado e de sociedade democrática e plural, 
enquanto que a administração pública burocrática 
tem um vezo centralizador e autoritário. Afinal o 
liberalismo do século XIX, no qual se moldou a 
forma burocrática de administração pública, era um 
regime político de transição do autoritarismo para a 
democracia. Enquanto a administração pública 
burocrática acredita em uma racionalidade 
absoluta, que a burocracia está encarregada de 
garantir, a administração pública gerencial pensa 
na sociedade como um campo de conflito, 
cooperação e incerteza, na qual cidadãos 
defendem 00000000000 
seus interesses e afirmam suas 
posições ideológicas, que afinal se expressam 
na administração pública.” 
Já a letra B está perfeita e é o nosso gabarito. A administração 
burocrática busca, através do controle dos procedimentos, eliminar a 
corrupção e o nepotismo. 
A letra C também está equivocada, pois quem prega a 
descentralização é o modelo gerencial. Pelo mesmo motivo, a letra D 
também está incorreta. 
12 (Bresser Pereira L. , 1998) 
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Finalmente, a letra E também está errada. O modelo burocrático é 
autorreferenciado, voltado para dentro. Assim, ele é voltado para a gestão 
dos programas, não para o cliente e os serviços que ele precisa. Desta 
forma, o gabarito é mesmo a letra B. 
6 - (ESAF – MPOG – EPPGG – 2003) O século XIX marca o 
surgimento de uma administração pública burocrática em 
substituição às formas patrimonialistas de administrar o Estado. O 
chamado “patrimonialismo” significa a incapacidade ou relutância 
do governante em distinguir entre o patrimônio público e seus bens 
privados. Assinale a opção que indica corretamente as 
características da administração pública burocrática. 
a) Serviço público profissional, flexibilidade organizacional e 
nepotismo. 
b) Serviço público profissional e um sistema administrativo fruto de 
um arranjo político, formal e racional. 
c) Serviço público profissional e um sistema administrativo 
impessoal, formal e racional. 
d) Serviço público fruto de um arranjo entre as forças políticas e 
um sistema administrativo seletivo de acordo com os diversos 
grupos de sustentação da base de governo. 
e) Serviço público orientado para o consumidor, ênfase nos 
resultados em detrimento dos métodos e flexibilidade 
organizacional. 
A primeira alternativa está errada, pois a Burocracia não é 
caracterizada por uma flexibilidade organizacional (aspecto ligado ao 
modelo gerencial) ou ao nepotismo (ligado ao patrimonialismo). 
A letra B também está errada, porque a Burocracia, em seu modelo 
puro, não se baseia em um “arranjo político” e sim em uma racionalidade 
00000000000 
e a legalidade. A letra C está perfeita e é o nosso gabarito. 
Na letra D, novamente aparece o “arranjo político”. A Burocracia deve 
se pautar pelo atendimento universal, e não seletivo, de seus cidadãos. A 
Burocracia deve se pautar por normas e regras, e não acordos “seletivos”. 
Finalmente, a letra E se relaciona com aspectos do modelo gerencial. 
Assim sendo, o gabarito é mesmo a letra C. 
7 - (ESAF – MPOG – EPPGG – 2003) A administração burocrática 
clássica, baseada nos princípios da administração do Exército 
prussiano, foi implantada nos principais países europeus no final do 
século XIX. Ela foi adotada porque era uma alternativa muito 
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superior à administração patrimonialista do Estado. Quais das 
seguintes características básicas pertencem ao conceito de 
burocracia de Weber? 
I. Ligação entre os patrimônios público e privado. 
II. Autoridade funcional baseada no estatuto. 
III. Gestão voltada para resultados. 
IV. Caráter hierárquico das relações de trabalho. 
V. Caráter impessoal das relações profissionais, sem ódios ou 
paixões. 
VI. Critérios de mérito para atribuição de responsabilidades e 
evolução na carreira. 
VII. Autoridade derivada de normas racionais-legais. 
Estão corretos apenas os itens: 
a) III, VII 
b) II, VI, VII 
c) II, IV, V, VI, VII 
d) II, III, VII 
e) II, VI 
Questão interessante, que mistura aspectos do patrimonialismo, da 
burocracia e do modelo gerencial. A primeira alternativa está errada, pois 
esta confusão da esfera pública com a privada se relaciona com o 
patrimonialismo. 
A outra afirmativa errada é a terceira, pois a gestão para resultados 
é um aspecto do modelo gerencial. Todas as outras frases estão ligadas ao 
modelo burocrático e, portanto, o nosso gabarito é a letra C. 
00000000000 
8 - (ESAF – MPOG – EPPGG – 2003) Weber, na década de 20, na 
Alemanha, publicou estudos sobre as organizações formais 
identificando-lhes características comuns que passaram a 
constituir o “tipo ideal de burocracia”. Com o passar do tempo, 
evidenciou-se que as características desejáveis ao funcionamento 
racional das organizações e ao alcance de sua eficiência se 
transformavam em disfunções. 
Assinale a opção que descreve corretamente uma das disfunções 
da burocracia. 
a) A burocracia tem normas e regulamentos escritos que regem seu 
funcionamento, definindo direitos e deveres dos ocupantes de 
cargos. 
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b) Numa burocracia os cargos são estabelecidos segundo o 
princípio da hierarquia, onde a distribuição de autoridade serve 
para reduzir ao mínimo o atrito. 
c) Na burocracia a divisão de trabalho leva cada participante a ter 
funções específicas e uma esfera de competência e 
responsabilidade. 
d) A burocracia tem normas e regulamentos que se transformam de 
meios em objetivos, tornando o funcionário um conhecedor de 
procedimentos. 
e) A burocracia se caracteriza pela impessoalidade, pois o poder de 
cada pessoa, como a obediência do subordinado ao seu superior, 
deriva do cargo que ocupa. 
Esta questão busca confundir o candidato com a mistura de 
características da Burocracia com seus problemas (ou disfunções). A única 
alternativa que mostra uma disfunção é a letra D. 
A superconformidade às regras e regulamentos, ou seja, a busca dos 
servidores por cumprir todas as regras e regulamentos acaba por fazer com 
que estas regras sejam um fim, e não um meio para que a máquina pública 
melhor atenda aos cidadãos. 
Esta é uma disfunção comum do modelo burocrático. As outras 
opções são características da Burocracia e não disfunções. O gabarito é, 
portanto a letra D. 
9 - (ESAF – MPOG – APO – 2008) O modelo de gestão pública 
burocrático, com base nos postulados weberianos, é constituído de 
funcionários individuais, cujas características não incluem: 
a) liberdade pessoal e obediência estrita às obrigações objetivas do 
seu cargo, estando submetidos a um sistema homogêneo de 
disciplina e controle do serviço. 
00000000000 
b) exercício do cargo como profissão única ou principal, com 
perspectiva de carreira: progressão por tempo de serviço ou mérito, 
ou ambas. 
c) competências funcionais fixas em contrato e segundo 
qualificações profissionais verificadas em provas e certificadas por 
diplomas. 
d) apropriação dos poderes de mando inerentes ao cargo (exercício 
da autoridade), mas não dos meios materiais de administração, 
nem do próprio cargo. 
e) nomeação, numa hierarquia rigorosa dos cargos, sendo 
remunerados com salários fixos em dinheiro. 
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Vejam que esta questão se baseou nas dez características de Weber 
para a burocracia. De acordo com o autor, o quadro administrativo em uma 
burocracia de modelo “puro” se compõe de funcionários individuais, os 
quais13: 
 São pessoalmente livres; obedecem somente às obrigações 
objetivas de seu cargo; 
 São nomeados (e não eleitos) numa hierarquia rigorosa dos 
cargos; 
 Têm competências funcionais fixas; 
 Em virtude de um contrato, portanto, (em princípio) sobre a 
base de livre seleção segundo; 
 A qualificação profissional – no caso mais racional: qualificação 
verificada mediante prova e certificada por diploma; 
 São remunerados com salários fixos em dinheiro; 
 Exercem seu cargo como profissão única ou principal; 
 Têm a perspectiva de uma carreira: “progressão” por tempo de 
serviço ou eficiência, ou ambas as coisas, dependendo do 
critério dos superiores; 
 Trabalham em “separação absoluta dos meios administrativos” 
e sem apropriação do cargo; 
 Estão submetidos a um sistema rigoroso e homogêneo de 
disciplina e controle do serviço. 
A única opção errada é a letra D, pois o funcionário em uma 
burocracia não se apodera do poder de mando de um cargo. Ele só tem 
autoridade dentro da lei e dos regulamentos, para atingir as finalidades da 
instituição (lembre-se que este é o modelo teórico – sabemos que na 
prática nem sempre isto ocorre). O gabarito é mesmo a letra D. 
00000000000 
10 - (ESAF – MPOG – APO – 2010) Uma das maiores obras de análise 
da estruturação e formação do Estado no Brasil foi 'Os Donos do 
Poder', de Raymundo Faoro. Assinale a opção que não corresponde 
ao pensamento de Faoro. 
a) A comunidade política conduz, comanda, supervisiona os 
negócios, como negócios privados seus, na origem, como negócios 
públicos depois, em linhas que se demarcam, gradualmente. 
b) O súdito e a sociedade se compreendem no âmbito de um 
aparelhamento a explorar, a manipular, a tosquiar nos casos 
13 (Weber, 2000) 
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extremos. Dessa realidade se projeta, em florescimento natural, a 
forma de poder, institucionalizada num tipo de domínio: o 
patrimonialismo, cuja legitimidade assenta no tradicionalismo - 
assim é porque sempre foi. 
c) O patrimonialismo estatal, no Brasil, incentivou o setor 
especulativo da economia e predominantemente voltado ao lucro 
como jogo e aventura, ou, na outra face, interessado no 
desenvolvimento econômico sob o comando político; para 
satisfazer imperativos ditados pelo quadro administrativo, com seu 
componente civil e militar. 
d) O brasileiro que se distingue há de ter prestado sua colaboração 
ao aparelhamento estatal, não na empresa particular, no êxito dos 
negócios, nas contribuições à cultura, mas numa ética confuciana 
do bom servidor, com carreira administrativa e curriculum vitae 
aprovado de cima para baixo. 
e) Na peculiaridade histórica brasileira, a camada dirigente atua em 
nome do interesse público, servida dos instrumentos políticos 
derivados de sua posse do aparelhamento estatal. Ao receber o 
impacto de novas forças sociais, a categoria estamental as amacia, 
domestica, embotando-lhes a agressividade transformadora, para 
incorporá-las a valores próprios, muitas vezes mediante a adoção 
de uma ideologia diversa, se compatível com o esquema de 
domínio. 
Esta questão é bastante complexa para os não-iniciados no estudo de 
Administração Pública, mas pode ser “decifrada” com uma leitura cuidadosa 
do seu texto. A alternativa E logo “pula” como a incorreta, pois no 
patrimonialismo a camada dirigente não atua em nome do interesse 
público, mas em próprio interesse. 
O texto correto da obra de Faoro diz o seguinte: 
“Na peculiaridade histórica brasileira, todavia, a 
00000000000 
camada dirigente atua em nome próprio, 
servida dos instrumentos políticos derivados de 
sua posse do aparelhamento estatal. Ao receber 
o impacto de novas forças sociais, a categoria 
estamental as amacia, domestica, embotando-lhe 
a agressividade transformadora, para 
incorporá-las a valores próprios, muitas vezes 
mediante a adoção de uma ideologia diversa, se 
compatível com o esquema de domínio.” 
Deste modo, o nosso gabarito é a letra E. 
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11 - (ESAF – MPOG – EPPGG – 2008) Os tipos primários de 
dominação tradicional são os casos em que falta um quadro 
administrativo pessoal do senhor. Quando esse quadro 
administrativo puramente pessoal do senhor surge, a dominação 
tradicional tende ao patrimonialismo, a partir de cujas 
características formulou-se o modelo de administração 
patrimonialista. Examine os enunciados a seguir, sobre tal modelo 
de administração, e marque a resposta correta. 
1. O modelo de administração patrimonialista caracteriza-se pela 
ausência de salários ou prebendas, vivendo os "servidores" em 
camaradagem com o senhor a partir de meios obtidos de fontes 
mecânicas. 
2. Entre as fontes de sustento dos "servidores" no modelo de 
administração patrimonialista incluem-se tanto a apropriação 
individual privada de bens e oportunidades quanto a degeneração 
do direito a taxas não regulamentado. 
3. O modelo caracteriza-se pela ausência de uma clara demarcação 
entre as esferas pública e privada e entre política e administração; 
e pelo amplo espaço à arbitrariedade material e vontade puramente 
pessoal do senhor. 
4. Os "servidores" não possuem formação profissional 
especializada, mas, por serem selecionados segundo critérios de 
dependência doméstica e pessoal, obedecem a formas específicas 
de hierarquia patrimonial. 
a) Estão corretos os enunciados 2, 3 e 4. 
b) Estão corretos os enunciados 1, 2 e 3. 
c) Estão corretos somente os enunciados 2 e 3. 
d) Estão corretos somente os enunciados 1 e 3. 
e) Todos os enunciados estão corretos. 
00000000000 
Esta questão, que analisa o patrimonialismo, e tem uma afirmativa 
considerada incorreta pela banca. A primeira frase está errada porque o 
patrimonialismo não se caracteriza pela ausência de salários e prebendas 
(uma ocupação que te traz renda com pouco trabalho). 
Naturalmente, o patrimonialismo está relacionado exatamente à 
estas prebendas (como os casos em que um político “emprega” seu filho 
no seu gabinete, mas este nunca aparece para o “trabalho”). 
No caso da afirmativa de número quatro, aparentemente a banca 
considerou a frase “obedecem a formas específicas de hierarquia 
patrimonial” incorreta. No meu entender, não deixa de existir uma certa 
“hierarquia”, mesmo que informal, no patrimonialismo. Entretanto, a banca 
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considerou esta afirmativa como equivocada. Desta forma, o gabarito é a 
letra C. 
12 - (ESAF – CGU / AFC – 2008) Indique a opção que apresenta 
respectivamente o objetivo central do modelo burocrático de 
gestão e suas principais características. 
a) Qualidade - profissionalismo, transparência e especialização. 
b) Produtividade - hierarquia, descentralização e padronização. 
c) Eficiência - padronização, descentralização e autonomia. 
d) Coordenação - especialização, hierarquia e centralização. 
e) Controle - impessoalidade, hierarquia e formalismo. 
Questão interessante. O tripé essencial do modelo burocrático é: o 
profissionalismo, a formalização e a impessoalidade. Além disso, de acordo 
com Weber, o quadro administrativo em uma burocracia de modelo “puro” 
se compõe de funcionários individuais, os quais14: 
 São pessoalmente livres; obedecem somente às obrigações 
objetivas de seu cargo; 
 São nomeados (e não eleitos) numa hierarquia rigorosa dos 
cargos; 
 Têm competências funcionais fixas; 
 Em virtude de um contrato, portanto, (em princípio) sobre a 
base de livre seleção segundo; 
 A qualificação profissional – no caso mais racional: 
qualificação verificada mediante prova e certificada por 
diploma; 
 São remunerados com salários fixos em dinheiro; 
 Exercem seu cargo como profissão única ou principal; 
00000000000 
 Têm a perspectiva de uma carreira: “progressão” por tempo 
de serviço ou eficiência, ou ambas as coisas, dependendo do 
critério dos superiores; 
 Trabalham em “separação absoluta dos meios 
administrativos” e sem apropriação do cargo; 
 Estão submetidos a um sistema rigoroso e homogêneo de 
disciplina e controle do serviço. 
14 (Weber, 2000) 
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Assim, o modelo burocrático não se caracteriza pela busca da 
qualidade, da descentralização, da autonomia ou da coordenação (um 
princípio da ciência da Administração). Dessa maneira, o gabarito é a letra 
E. 
13 - (ESAF – CGU / AFC – 2008) Considerando a diferenciação 
conceitual para fins didáticos dos modelos patrimonialista, 
burocrático e gerencial da administração pública no Brasil, 
selecione a opção que conceitua corretamente o modelo 
burocrático de gestão. 
a) Estado centralizador, onipotente, intervencionista e espoliado 
por uma elite que enriquece e garante privilégios por meio de 
exclusão da maior parte da sociedade. 
b) Estado centralizador, profissional e impessoal que busca a 
incorporação de atores sociais emergentes e estabelece normas e 
regras de funcionamento. 
c) Estado desconcentrado que privilegia a delegação de 
competências para os municípios e foca o controle social de suas 
ações. 
d) Estado coordenador de políticas públicas nas três esferas da 
federação, visando à desburocratização dos processos 
governamentais. 
e) Estado descentralizado que tem como foco de suas ações o 
contribuinte, que é visto como cliente dos serviços públicos. 
O modelo burocrático se caracteriza pelo tripé: formalismo, 
profissionalização e impessoalidade. A alternativa que melhor descreve o 
modelo burocrático é a letra B. A letra A está errada, pois cita defeitos do 
modelo na prática e não seu modelo ideal. 
A letra C está errada, pois o modelo burocrático não tem a 
00000000000 
descentralização (ou desconcentração) como um de seus princípios. 
Tampouco o controle social está previsto. 
Na letra D, não faz sentido citar a desburocratização como um dos 
princípios da burocracia, não é mesmo? A letra E também está errada, pois 
a preocupação com um atendimento de qualidade ao cliente não é uma de 
suas características. Assim, o gabarito é mesmo a letra B. 
14 - (ESAF – STN – AFC - 2008) Para Max Weber, burocracia é a 
organização eficiente por excelência. Ele destaca que este modelo 
possui características que lhe são próprias e inúmeras vantagens 
em relação a outras formas. Entretanto, suas disfunções fazem com 
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que o conceito popular seja exatamente o inverso. Analise as 
opções a seguir e marque a resposta correta. 
i) A burocracia é baseada em características que têm como 
consequência a previsibilidade do comportamento humano e a 
padronização do desempenho dos participantes, cujo objetivo final 
é a máxima eficiência da organização. 
ii) Weber viu inúmeras vantagens que justificam o avanço da 
burocracia sobre as demais formas de associação. 
iii) A burocracia apresenta disfunções que têm como consequência 
a previsibilidade do funcionamento da organização. 
iv) Weber entendia que as características da burocracia 
contribuíam, em parte, para a segurança dos processos 
organizacionais. 
a) Estão corretos os enunciados i, iii e iv. 
b) Estão corretos os enunciados ii, iii e iv. 
c) Estão corretos somente os enunciados i e iii. 
d) Estão corretos somente os enunciados i e ii. 
e) Todos os enunciados estão corretos. 
A primeira frase está correta. Lembrem-se de que a questão fala do 
modelo ideal de Weber, não sua aplicação na prática! A teoria da Burocracia 
buscava uma maior previsibilidade do comportamento das pessoas e das 
organizações e uma maior eficiência. 
A segunda afirmativa também está correta e dispensa muitos 
comentários. Naturalmente, Weber vislumbrava o modelo burocrático como 
superior ao modelo patrimonialista, por exemplo. 
Já a terceira frase está incorreta. A burocracia apresenta diversas 
disfunções na prática, mas a previsibilidade do funcionamento da 
organização não é uma delas. Isto seria um objetivo do modelo, não um 
00000000000 
problema. 
Finalmente, a quarta frase também está errada, pois Weber não faz 
esta relação entre o modelo burocrático e a segurança dos processos. O 
gabarito é, assim, a letra D. 
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Gerencialismo - A Nova Gestão Pública. 
Durante as décadas de 70 e 80 do século passado, muitos governos 
passaram por momentos difíceis, com uma economia em recessão e 
choques externos (como os do petróleo em 73 e 79), que levaram a uma 
crescente dificuldade destes governos em manter o “Estado de 
bem-estar” (série de bens e serviços fornecidos pelo Estado a qualquer 
cidadão – educação e assistência médica gratuitas, renda mínima, auxílio 
desemprego etc.). 
Além disso, a crise dificultou a manutenção do investimento 
estatal, que foi a alavanca do crescimento econômico de várias economias 
até aquele momento15. 
No caso do Brasil, o modelo de desenvolvimento era baseado em 
pesados investimentos estatais em infraestrutura e na criação de diversas 
empresas públicas para induzir o crescimento da economia nacional. 
Principalmente nos anos 60 e 70, o governo brasileiro utilizou o 
Estado para buscar esse aumento do crescimento econômico. O 
investimento direto em diversas áreas (como a petroquímica e a siderurgia) 
foi a base deste processo. Com a crise internacional, o Estado brasileiro 
viu-se impossibilitado de continuar a impulsionar a economia desta forma. 
A crise fiscal foi também um importante fator complicador, pois 
ficou cada vez mais difícil para o país “rolar16” as dívidas antigas e financiar 
os déficits. Portanto, era primordial reduzir os gastos 
governamentais. 
Naquele momento, o aumento de impostos não era visto pelo 
governo como uma alternativa “palatável” ou aceitável, pois os cidadãos 
tinham uma percepção extremamente negativa da capacidade da máquina 
estatal de utilizar os recursos públicos. 
Nesse contexto, a dívida externa brasileira cresceu enormemente e o 
Brasil acabou declarando moratória (dando o famoso “calote”) desta dívida 
– junto com diversos países latinoamericanos. 
00000000000 
Desta forma, o início da década de 80 foi marcado por um baixo 
crescimento econômico por parte da maioria destes países. Este período 
econômico da história brasileira – e sul-americana – ficou conhecido como 
a “década perdida”. 
A crise do Estado levou a uma crescente crítica ao modelo 
burocrático, visto como causador de lentidão, ineficiências e gastos 
15 (Abrucio, 1997) 
16 “rolar” uma dívida significa pagar o valor devido com uma dívida antiga com o dinheiro 
de uma nova dívida. 
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excessivos. O governo era visto como um gastador perdulário, que não 
tinha eficiência e prestava um péssimo serviço aos cidadãos. 
Na busca por uma solução para superar a crise, a alteração do modelo 
de gestão burocrático, com suas formalidades e ineficiências, era um dos 
temas discutidos. 
Muitos teóricos iniciaram então uma busca por melhores práticas e 
foram ao encontro de várias iniciativas já em curso na administração 
empresarial. O setor privado era visto como mais eficiente e detentor 
de um modelo mais avançado de gestão. 
Para ganhar eficiência, o setor público deveria eliminar processos 
desnecessários, formalidades que não agregassem valor ao serviço e 
controles em excesso. 
O setor estatal passou a adotar então o discurso de descentralização, 
da inovação, do foco nas necessidades do cliente, da estrutura mais flexível 
e enxuta que já existia no setor privado. 
O gráfico abaixo resume o contexto em que o modelo gerencial foi 
introduzido. Este processo ocorreu inicialmente na Inglaterra e Estados 
Unidos (com os governos de Margaret Thatcher e Ronald Reagan), e depois 
nos demais países desenvolvidos. 
Crise Econômica 
Crise do Estado 
Crítica ao Modelo 
Burocrático 00000000000 
Figura 1 - contexto da introdução do gerencialismo 
Essa nova concepção do Estado, em que se começou a implantar uma 
administração gerencial, é chamada também de Nova Gestão Pública (“New 
Public Management” ou NPM em inglês). 
Todavia, não podemos ver a administração gerencial como uma 
negação da Burocracia já que ela mantém diversas características, como 
a meritocracia, a avaliação de desempenho, a noção de carreira, entre 
outras. Ou seja, a administração gerencial deve ser vista como uma 
evolução do modelo burocrático, pois “aproveita” diversos de seus 
aspectos. 
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Uma das principais diferenças entre o modelo burocrático e o modelo 
gerencial está na função controle, que deve deixar de ser efetuado com 
base em processos e procedimentos (“a priori” ou “ex-ante”) para ser 
efetuado com base em resultados (“a posteriori” ou “ex-post”). 
Nova Gestão Pública - controle 
finalístico ou "a posteriori" 
Burocracia - controle dos 
processos ou "a priori" 
Veja abaixo um texto do PDRAE17 que aborda este tópico: 
“A administração pública gerencial constitui um 
avanço e até um certo ponto um rompimento com 
a administração pública burocrática. Isto não 
significa, entretanto, que negue todos os seus 
princípios. Pelo contrário, a administração pública 
gerencial está apoiada na anterior, da qual 
conserva, embora flexibilizando, alguns dos seus 
princípios fundamentais, como a admissão segundo 
rígidos critérios de mérito, a existência de um 
sistema estruturado e universal de remuneração, as 
carreiras, a avaliação constante de desempenho, o 
treinamento sistemático. A diferença 
fundamental 00000000000 
está na forma de controle, que 
deixa de basear-se nos processos para 
concentrar-se nos resultados, e não na rigorosa 
profissionalização da administração pública, que 
continua um princípio fundamental.” 
Um dos autores mais importantes quando estudamos este tema é 
Bresser Pereira. De acordo com ele18, o modelo burocrático é baseado em 
uma mentalidade de desconfiança total em relação aos servidores públicos. 
17 (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995) 
18 (Bresser Pereira L. C., 2001) 
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Esta desconfiança é a premissa básica de todos estes controles de 
procedimentos. Se não confiamos na honestidade e capacidade de decisão 
dos servidores, controlamos todos os seus atos nos mínimos detalhes, não 
é mesmo? 
O problema é que isto acarreta uma rigidez muito grande e uma 
dificuldade em lidar com problemas específicos e localizados, já que as leis 
não conseguem abranger todas as especificidades de um problema. 
Além disso, se a pessoa que está executando uma tarefa não tem 
nenhuma “liberdade” de decisão, ou seja, deve apenas cumprir um 
regulamento detalhado, não se compromete com o resultado da ação. 
Assim, o agente público cumpre o regulamento, mesmo sabendo que 
aquela ação resultará em demora no atendimento, falta de materiais, etc. 
Mais importante do que o resultado (atender bem ao cidadão, por exemplo) 
é ter “cumprido a regra”. 
Para tentar resolver esse problema, o modelo gerencial prega que o 
Estado deveria ter um grau de confiança limitado em relação aos seus 
servidores. Veja o texto original de Bresser: 
“Algumas características básicas definem a 
administração pública gerencial. É orientada para o 
cidadão e para a obtenção de resultados; pressupõe 
que os políticos e os funcionários públicos são 
merecedores de um grau real ainda que limitado de 
confiança.” 
Ou seja, deve-se dar autonomia ao servidor e cobrar resultados. O 
objetivo não pode ser que ele cumpra 497 regulamentos diversos e sim que 
os objetivos e metas dos órgãos sejam alcançados. A ideia é valorizar a 
capacidade de tomada de decisão e o empreendedorismo do servidor. 
Outra ideia é a de competição. Para muitos teóricos do gerencialismo 
(como Gaebler e Osborne19), o problema da falta de eficiência e eficácia de 
muitos órgãos públicos pode ser “debitado” ao “monopólio” destes órgãos 
na prestação de serviços públicos. 
00000000000 
Desta maneira, a Polícia Federal teria pouca preocupação em acelerar 
a emissão de passaportes, por exemplo, pois o cidadão não teria outra 
opção para conseguir este serviço. Não dá pra ir à Anatel e tirar um 
passaporte, não é mesmo? Assim, o infeliz do cidadão terá de esperar na 
fila. Para estes autores, este monopólio deveria ser “quebrado” sempre que 
possível. 
Veja abaixo no gráfico os objetivos do modelo gerencial, de acordo 
com o PDRAE: 
19 (Osborne & Gaebler, 1992) 
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Definição precisa dos objetivos que o 
administrador público deverá atingir em sua 
unidade 
Garantia de autonomia do administrador 
na gestão dos recursos humanos, materiais 
e financeiros ,para que possa atingir os 
objetivos contratados 
Competição administrada no interior do 
Controle ou cobrança a posteriori dos 
resultados 
próprio Estado 
Figura 2 - Objetivos do gerencialismo 
Vamos ver algumas questões relacionadas a estes temas? 
15 - (ESAF – STN – ANALISTA - 2013) A respeito da chamada 
administração pública gerencial, analise as assertivas abaixo, 
classificando-as como verdadeiras(V) ou falsas(F). Ao final, 
assinale a opção que contenha a sequência correta. 
( ) A administração gerencial era considerada, quando da sua 
implementação, uma forma de trazer as mais recentes conquistas 
da administração de empresas para a administração pública. 
( ) O paradigma gerencial contemporâneo, que se dizia 
fundamentado nos princípios da confiança e da descentralização da 
decisão, exigia formas flexíveis de gestão, conforme se depreende 
do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado. 
( ) A administração gerencial visava transferir atividades de setor 
de serviços competitivos ou não exclusivos mediante o processo de 
publicização, ou seja, adoção 00000000000 
pela sociedade, de formas de 
produção não lucrativas de bens e serviços públicos. 
( ) As agências executivas também surgem como uma proposta 
inovadora da reforma administrativa gerencial no setor de 
atividades não exclusivas do Estado. 
a) F, F, V, F 
b) V, V, V, F 
c) F, F, V, V 
d) V, V, F, F 
e) V, F, V, F 
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A primeira assertiva está correta. O modelo gerencial realmente 
partiu de uma tentativa de implementar no setor público diversas práticas 
e ferramentas já utilizadas na iniciativa privada, nas empresas. 
A segunda frase também está certa. O modelo burocrático tem uma 
característica de desconfiança no servidor. O modelo gerencial busca 
alterar isto. Bresser comenta que o Estado deve pregar uma “confiança 
limitada” nos servidores e no cidadão. Deste modo, um modelo mais 
flexível de gestão é buscado. 
A terceira afirmação está igualmente correta. O Plano Diretor de 1995 
incentivou a criação das organizações privadas sem fins lucrativos, que 
deveriam oferecer serviços e bens públicos. Seria o que o PDRAE chama de 
“serviços não exclusivos”. 
Finalmente, a última frase está errada. As agências executivas não 
seriam criadas para atuar no setor de atividades não exclusivas, mas sim 
no setor de “atividades exclusivas”. O gabarito é mesmo a letra B. 
16 – (ESAF – DNIT – ANALISTA – 2013) A administração pública no 
Brasil evolui-se por meio de três modelos básicos: a administração 
pública patrimonialista, a burocrática e a gerencial. Assim, pode-se 
afirmar que a reforma do aparelho do Estado que adotou o modelo 
de administração gerencial foi orientada predominantemente: 
I. pelos valores da eficiência e qualidade na prestação dos serviços 
públicos. 
II. pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial nas 
organizações. 
III. pelo rompimento com todos os princípios da administração 
pública burocrática. 
Marque a opção correta. 
a) As afirmativas I e III estão corretas. 
00000000000 
b) As afirmativas II e III estão corretas. 
c) As afirmativas I e II estão corretas. 
d) Somente a afirmativa I está correta. 
e) Somente a afirmativa III está correta. 
A primeira frase está certa. Os valores relacionados com a eficiência 
e com a qualidade na prestação dos serviços são ressaltados neste modelo. 
A gestão por resultados busca exatamente melhorar os indicadores nestes 
aspectos. 
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A segunda frase também está certa. Com um modelo mais flexível de 
gestão, buscamos dar maior autonomia aos gestores públicos, maior poder 
de decisão sobre os recursos disponíveis. Assim, isto deve gerar uma 
cultura gerencial nas organizações e nos servidores públicos, o que muitos 
autores chamam de empreendedorismo governamental. 
Finalmente, a terceira frase está errada. O modelo gerencial não 
rompe com todos os valores e princípios do modelo burocrático. Ele busca 
manter diversos aspectos, como a meritocracia, por exemplo. O gabarito é 
a letra C. 
17 – (ESAF – DNIT – ANALISTA – 2013) A reforma do aparelho do 
Estado no Brasil, que substituiu o modelo de administração 
burocrático e adotou o modelo de administração gerencial, foi 
marcada por uma diferença que é considerada fundamental. Essa 
diferença fundamental está 
a) na forma de controle, que deixa de basear-se nos resultados para 
focar nos processos. 
b) na forma de controle, que deixa de basear-se nos processos para 
focar nos resultados. 
c) na rigorosa profissionalização da administração pública que 
deixa de ser um princípio fundamental. 
d) na forma de controle, que passa a basear-se unicamente nos 
processos. 
e) na forma de controle, que deixa de basear- se nos processos e 
na profissionalização da administração pública para focar nos 
resultados. 
Questão bem tranquila da ESAF. A principal diferença entre os 
modelos burocráticos e gerenciais é o foco no controle. O modelo 
burocrático enfatiza os procedimentos, os processos de trabalho. Já o 
00000000000 
modelo gerencial enfatiza os resultados. Desta forma, o gabarito é a letra 
B. 
18 - (ESAF – STN – ANALISTA - 2013) A respeito das características 
da administração burocrática e da administração gerencial, atribua 
B à assertiva que descreva aspectos da administração burocrática 
e G à assertiva que descreva aspectos da administração gerencial. 
Ao final, assinale a opção que contenha a sequência correta. 
( ) O modo mais seguro de evitar o nepotismo e a corrupção é pelo 
controle rígido dos processos, com o controle dos procedimentos. 
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( ) Pensa na sociedade como campo de conflito, cooperação e 
incerteza no qual os cidadãos defendem seus interesses e afirmam 
suas posições ideológicas. 
( ) Preocupa-se em oferecer serviços e não em gerir programas, 
visa atender aos cidadãos. 
( ) É autorreferente e se concentra no processo, em suas próprias 
necessidades e perspectivas. 
a) G, G, B, G 
b) B, G, B, B 
c) B, B, G, G 
d) B, G, G, B 
e) G, B, B, G 
A primeira frase está associada com a Burocracia. Este modelo busca 
controlar através de rígidos procedimentos e processos de trabalho. Ao 
contrário, o modelo gerencial busca dar maior flexibilidade aos gestores e 
controlar os resultados. 
A segunda frase está relacionada com o modelo gerencial, pois é este 
que pressupõe uma sociedade em que cada pessoa busca maximizar seus 
interesses, com cenários incertos envolvendo conflitos e cooperação entre 
os indivíduos. O modelo burocrático tem uma visão mais determinista, que 
se baseia em um modelo de racionalidade absoluta. 
A terceira frase também está associada ao gerencialismo, pois este é 
mais focado no cliente/usuário dos serviços. Assim, o foco deve estar nos 
bens e serviços que são entregues e não na “máquina estatal”. Já a 
burocracia é autorreferenciada, voltada para dentro. Por este mesmo 
motivo, a quarta frase está associada ao modelo burocrático. Portanto, o 
gabarito é a letra D. 
00000000000 
19 - (ESAF – ANA – ANALISTA – 2009) Com a chegada da família 
real portuguesa, em 1808, o Brasil foi, em muito, beneficiado por 
D. João VI. Sobre a forma de administração pública vigente naquele 
período, pode-se afirmar corretamente que a coroa portuguesa 
exerceu uma administração pública: 
a) burocrática, pois, a despeito das inovações trazidas por D. João 
VI, ainda assim o aparelho do Estado funcionava como mera 
extensão do poder do soberano, não havendo diferenciação entre a 
res publica e a res principis. 
b) gerencial, com foco na racionalização e na qualidade dos 
serviços públicos prestados e tendo por objetivo primordial o 
desenvolvimento econômico e social de sua então colônia. 
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c) patrimonialista, pois, a despeito das inovações trazidas por D. 
João VI, ainda assim o aparelho do Estado funcionava como mera 
extensão do poder do soberano, não havendo diferenciação entre a 
res publica e a res principis. 
d) burocrática, com foco na racionalização e na qualidade dos 
serviços públicos prestados e tendo por objetivo primordial o 
desenvolvimento econômico e social de sua então colônia. 
e) patrimonialista, uma vez que, a fim de combater a corrupção, 
centrou suas ações na profissionalização e na hierarquia funcional 
dos quadros do aparelho do Estado, dotando-o de inúmeros 
controles administrativos. 
Pessoal, a fase do império é um exemplo clássico de administração 
patrimonialista no Brasil. Deste modo, a primeira alternativa está incorreta, 
pois o modelo de gestão não era o burocrático naquele momento. A letra A 
descreve corretamente o que ocorreu na época, mas trocou o 
patrimonialismo pelo modelo burocrático. 
A letra B também está errada, pois Dom João não tinha nenhum 
destes objetivos e tampouco existia o modelo gerencial naqueles tempos. 
Já a letra C está correta e é o nosso gabarito. 
Entretanto, na letra D a banca mais uma vez trouxe o modelo 
burocrático, que não foi adotado por Dom João. Na letra E, o problema é 
que o modelo patrimonial de Dom João não centrou esforços no combate 
da corrupção e nem profissionalizou sua máquina. Assim sendo, o gabarito 
é mesmo a letra C. 
20 - (ESAF – CGU – AFC – 2004) Ao longo de sua história, a 
administração pública assume formatos diferentes, sendo os mais 
característicos o patrimonialista, o burocrático e o gerencial. 
Assinale a opção que indica corretamente a descrição das 
características da administração pública feita no texto a seguir. 
00000000000 
O governo caracteriza-se pela interpermeabilidade dos patrimônios 
público e privado, o nepotismo e o clientelismo. A partir dos 
processos de democratização, institui-se uma administração que 
usa, como instrumentos, os princípios de um serviço público 
profissional e de um sistema administrativo impessoal, formal e 
racional. 
a) Patrimonialista e gerencial 
b) Patrimonialista e burocrático 
c) Burocrático e gerencial 
d) Patrimonialista, burocrático e gerencial 
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e) Burocrático 
A primeira situação (nepotismo, clientelismo e interpermeabilidade 
dos patrimônios públicos e privados) é característica do modelo 
patrimonialista. 
Já o modelo que se baseia no tripé: impessoalidade, profissionalismo 
e racionalidade é a burocracia. O modelo gerencial também é racional e 
impessoal, mas a formalidade “mata” a charada, pois é característica do 
modelo burocrático. Portanto, o gabarito é a letra B. 
21 - (CESPE – TRE-BA /ANAL JUD - ADMINISTRATIVA – 2010) A 
administração pública burocrática se alicerça em princípios como 
profissionalização, treinamento sistemático, impessoalidade e 
formalismo, que são abandonados à medida que a administração 
pública gerencial, calcada na eficiência e na eficácia, se sobrepõe 
ao modelo burocrático. 
O erro da questão é que nem todos estes princípios do modelo 
burocrático citados são abandonados pelo modelo gerencial, mas 
sim incorporados ao modelo gerencial. 
Portanto, o modelo gerencial é uma ruptura somente com alguns 
aspectos da burocracia (o formalismo, por exemplo), mas podemos dizer 
que “se apoia” em vários de seus princípios (profissionalização, 
meritocracia, etc.). Assim, o gabarito é questão errada. 
Continuando nossa aula, outro ponto trabalhado por Bresser é a 
noção de que se deve coibir uma forma de privatização do Estado, que ele 
chama de “Rent-seeking” (ou a busca pela renda/recurso, em tradução 
livre). 
O termo privatização não está sendo aqui usado com o significado de 
venda de empresas estatais, como é geralmente conhecido! A ideia é a de 
00000000000 
que o recurso público está se destinando a um interesse privado (interesses 
de grupos de pressão, de partidos etc.). Veja outro texto de Bresser abaixo: 
“A administração pública gerencial, por sua vez, 
assume que se deve combater o nepotismo e a 
corrupção, mas que, para isto, não são necessários 
procedimentos rígidos. Podem ter sido necessários 
quando dominavam os valores patrimonialistas; mas 
não o são hoje, quando já existe uma rejeição universal 
a que se confundam os patrimônios público e privado. 
Por outro lado, emergiram novas modalidades de 
apropriação da res publica pelo setor privado, que não 
podem ser evitadas pelo recurso aos métodos 
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burocráticos. Rent-seeking é quase sempre um 
modo mais sutil e sofisticado de privatizar o 
Estado e exige que se usem novas contra-estratégias. 
A administração gerencial — a 
descentralização, a delegação de autoridade e de 
responsabilidade ao gestor público, o rígido controle 
sobre o desempenho, aferido mediante indicadores 
acordados e definidos por contrato — além de ser uma 
forma muito mais eficiente para gerir o Estado, envolve 
estratégias muito mais efetivas na luta contra as novas 
modalidades de privatização do Estado.” 
Assim, o termo privatização é utilizado na frase não como 
venda regular de um patrimônio público à iniciativa privada, mas 
como o “parasitismo” do Estado, como o próprio Bresser define: “Rent-seeking 
é definido como a atividade de indivíduos e grupos de buscar 
“rendas” extra-mercado para si próprios através do controle do 
Estado.” 
A palavra tem origem na teoria econômica neoclássica, onde um dos 
sentidos da palavra “rent” é exatamente o ganho que não tem origem nem 
no trabalho, nem no capital. 
Este é o caso de grupos poderosos que se aproveitam de seu poder 
de influenciar o governo para receber recursos que não deveriam estar 
recebendo. Temos atualmente inúmeros casos de sindicatos, por exemplo, 
que recebem recursos públicos sem ter prestado nenhum serviço à 
sociedade, apenas por seu poder de ajudar ou atrapalhar o governante de 
ocasião! 
Desta forma, veja no quadro abaixo um resumo das principais 
características da Administração Gerencial: 
Cobrança de Resultados "a 
posteriori" 
00000000000 
Administração 
Gerencial 
Incentivo à Inovação e foco na 
qualidade 
Figura 6 - Características do modelo gerencial 
Maior Autonomia e 
Flexibilidade 
Descentralização e 
preocupação com os 
"clientes" 
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Outras características marcantes do novo modelo gerencial são: a 
demanda por maior autonomia aos gestores públicos (financeira, material 
e de recursos humanos), a definição clara de quais serão os objetivos que 
os gestores devem buscar, a descentralização administrativa, o incentivo à 
inovação, a maior flexibilidade, a preocupação com as necessidades dos 
“clientes”, o foco na qualidade dos serviços públicos e uma estrutura 
hierárquica mais achatada e flexível. 
O modelo de administração gerencial não surgiu “pronto”. Este teve 
uma evolução que podemos classificar em três momentos: inicia-se com o 
que chamamos de gerencialismo puro (ou managerialism), depois se volta 
para o “consumerism” e o PSO - “Public Service Orientation”. 
Como já vimos, as reformas administrativas implantadas nos países 
anglo-saxões a partir dos anos 70 do século passado, e depois 
disseminadas para os outros países, ficaram conhecidas pelo nome de Nova 
Gestão Pública (ou New Public Management – NPM). 
De acordo com Paula20: 
“a partir da década de 1970, a tentativa de adaptar 
e transferir os conhecimentos gerenciais 
desenvolvidos no setor privado para o setor público 
começou a se tornar preponderante, principalmente 
no Reino Unido e nos Estados Unidos. Esta visão 
alcançou o seu auge nos anos 1980 com a 
emergência da new public management ou nova 
administração pública.” 
Estas reformas foram causadas pelas crises fiscais destes países e 
geraram uma revisão do papel do Estado na economia e uma noção de que 
o atendimento aos cidadãos devia ser prestado com mais qualidade. 
Além disso, a definição e o controle de resultados, atrelados a 
mecanismos como os contratos de gestão, buscaram associar, à 
administração pública, um novo paradigma de gestão que viesse substituir 
o modelo burocrático. 
Assim, existiram três principais 00000000000 
fases destas reformas: O 
Gerencialismo Puro, o Consumerism e o Public Service Orientation. 
Veja outra questão abaixo: 
22 - (ESAF – RFB – AFRF – 2009) Considerando os modelos teóricos 
de Administração Pública, é incorreto afirmar que, em nosso país: 
a) o maior trunfo do gerencialismo foi fazer com que o modelo 
burocrático incorporasse valores de eficiência, eficácia e 
competitividade. 
20 (Paula, 2005) 
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b) o patrimonialismo pré-burocrático ainda sobrevive, por meio das 
evidências de nepotismo, gerontocracia e designações para cargos 
públicos baseadas na lealdade política. 
c) a abordagem gerencial foi claramente inspirada na teoria 
administrativa moderna, trazendo, para os administradores 
públicos, a linguagem e as ferramentas da administração privada. 
d) no Núcleo Estratégico do Estado, a prevalência do modelo 
burocrático se justifica pela segurança que ele proporciona. 
e) tal como acontece com o modelo burocrático, o modelo gerencial 
adotado também se preocupa com a função controle. 
O erro da primeira questão está relacionado com a “ordem dos 
fatores”. O que ocorreu foi que o modelo gerencial incorporou 
características do modelo burocrático (como a noção de profissionalismo) 
e não que o modelo burocrático incorporou valores do modelo gerencial. 
As alternativas restantes estão corretas. Assim, o gabarito é mesmo 
a letra A. 
Gerencialismo Puro - Managerialism 
O primeiro impulso da Nova Gestão Pública (NPM) veio com o 
gerencialismo puro (ou managerialism – em inglês). De acordo com 
Abrucio21, a Inglaterra, no governo Thatcher em 1979, foi um dos primeiros 
países a adotar os conceitos do NPM. 
O contexto era de exaustão das finanças do Estado e de incapacidade 
do mesmo em atender a todas as demandas sociais que a sociedade 
cobrava. Neste primeiro momento, as primeiras ações buscaram 
reduzir custos e pessoal. 
O objetivo era devolver ao Estado a condição de investir 
00000000000 
através da redução de custos e do aumento da eficiência. Dentro deste 
prisma, estava toda uma estratégia de reposicionar o papel do Estado na 
sociedade, reduzindo o número de atividades que eram exercidas. O 
primeiro impulso deste modelo, portanto, foi na direção de melhorar as 
finanças e a produtividade dos órgãos públicos. 
A burocracia era vista como excessivamente rígida e centralizadora 
na época, tornando o Estado lento e pouco responsivo às demandas do 
meio externo. Além disso, acabou gerando uma mentalidade no setor 
21 (Abrucio, 1997) 
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público de busca do cumprimento de regras e regulamentos, e não dos 
resultados. 
Dentre as iniciativas de Thatcher estavam: a privatização, a 
desregulamentação, a redução de cargos públicos, a definição clara 
dos objetivos de cada setor e outras com o intuito de reduzir os gastos. 
O movimento ficou conhecido como “rolling back the state”, algo como 
“retração da máquina estatal”. 
De acordo com Jenkins22: 
“Thatcher se comprometeu a mudar este modo de 
funcionamento do serviço público (centralização 
administrativa), aumentando a eficiência 
administrativa do Estado. Suas primeiras medidas 
foram reduzir o tamanho da máquina e o seu custo: 
a administração central passou de 700 mil para 
aproximadamente 600 mil funcionários. Em 
seguida, aprimorou o gerenciamento por meio das 
ações da Efficient Unit, que tinha como objetivo 
acompanhar as melhorias na administração do 
serviço público e executar avaliações do 
desempenho dos servidores.” 
Nesta visão, o cidadão é encarado pelo Estado como contribuinte 
(financiador do Estado), que deve ter seus recursos gastos de maneira mais 
consciente. 
ͻ Aumento da eficiência 
e redução de custos 
Alvo do 
Gerencialismo 
Puro 
Assim, foi implantada aos poucos uma administração voltada 
00000000000 
para os resultados, com uma maior flexibilidade e descentralização dos 
gestores públicos, em vista a um ganho esperado de eficiência, que ao final 
acabou ocorrendo – pelo menos na ótica do gasto público. 
Como falamos acima, o gerencialismo buscou aumentar a eficiência 
do setor público. Mas, após os primeiros resultados, viu-se que o setor 
público não deveria apenas se preocupar com a eficiência, mas 
principalmente com a efetividade. Vamos relembrar rapidamente estes 
conceitos? 
22 (Jenkins, 1998) apud (Abrucio, 1997) 
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ͻ Fazer bem alguma tarefa 
ͻ Utilizar da melhor forma os recursos 
ͻ Relacionado ao modo, ao meio de se fazer Eficiência 
ͻ Fazer a coisa certa 
ͻ Atingir os resultados e metas 
ͻ Relacionado aos fins Eficácia 
ͻ Impacto das ações 
ͻMudar a realidade Efetividade 
Figura 7 - Eficiência, eficácia e efetividade 
Portanto, o gerencialismo puro buscava mais a eficiência, relacionada 
à gestão dos recursos, do que a efetividade – o efeito ou impacto na 
realidade social decorrentes das ações do governo. 
De acordo com Paula23, as características principais deste modelo 
foram: 
 Descentralização do aparelho de Estado, que separou as 
atividades de planejamento e execução do governo e 
transformou as políticas públicas em monopólio dos 
ministérios; 
 Privatização das estatais; 
 Terceirização dos serviços públicos; 
 Regulação estatal das atividades públicas conduzidas pelo 
setor privado; 
00000000000 
 Uso de ideias e ferramentas gerenciais advindas do setor 
privado. 
23 (Paula, 2005) 
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Administração Pública

  • 1. Aula 00 Administração Pública p/ Defensoria Pública-MT- Analista (Administrador) Professor: Rodrigo Rennó 00000000000 - DEMO
  • 2. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 Aula Demonstrativa: Modelos de Gestão Olá pessoal, tudo bem? Meu nome é Rodrigo Rennó e tenho o grande prazer de iniciar com vocês um curso de Administração Pública para o concurso de Analista da Defensoria Pública do estado de Mato Grosso. Este edital acabou de sair do “forno” e é uma excelente opção para aqueles que querem entrar no serviço público. A prova está prevista pela banca para o dia 08 de março de 2015 e a banca escolhida foi a Fundação Getúlio Vargas - FGV. Esta é a sua chance! Meu objetivo é o de lhe preparar para conseguir uma das vagas deste concurso. Professor, e como será o curso? O curso que iniciaremos hoje será recheado com questões anteriores das principais bancas do país. Irei trabalhar a teoria necessária e comentar centenas de questões para que vocês cheguem prontos para o que “der e vier” no dia da prova! Tenho certeza de que esse material fará a diferença na sua preparação, e, além disso, estarei presente no fórum do curso, que vocês terão acesso exclusivo! Antes de qualquer coisa, vou dizer um pouquinho sobre mim: sou carioca e formado em Administração pela PUC do RJ, com Pós-Graduação em Gestão Administrativa. Como vocês, já fui concurseiro e disputei diversos concursos da área de Administração, e sei como é encarar esse desafio. Atualmente, sou também Gestor Federal no Ministério do Planejamento e estou lotado na Assessoria Especial para Modernização da Gestão, tendo sido também Auditor de Controle Interno na Secretaria de Fazenda do Governo do Distrito Federal. 00000000000 Sou professor de Administração Geral, Administração Pública e Gestão de Pessoas desde 2007 e já lecionei em muitos cursos preparatórios para concursos em todo o Brasil, tanto com material escrito quanto com material em vídeo. Tenho o hábito de escrever como se estivesse conversando com o aluno, portanto não estranhem o estilo “leve”, pois acredito que fica mais fácil de passar o conteúdo, e, principalmente, mais agradável para vocês dominarem essa matéria. Sei que muitos de vocês já estão na estrada dos concursos e já estudaram algumas destes temas. O que proponho é que façamos um Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 92 00000000000 - DEMO
  • 3. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 estudo direcionado. Os temas de nossa matéria são muitos, portanto temos de focar! Além disso, sou autor de três livros na área, publicados pela editora Elsevier: Administração Geral para Concursos - Teoria e mais de 600 questões Administração Geral e Pública ʹ Cespe/UnB Mais de 900 questões comentadas Administração de Recursos Materiais para Concursos - Teoria e mais de 370 questões comentadas Se aparecer uma dúvida 00000000000 qualquer estarei disponível para esclarecer de modo direto e individualizado. Os tópicos cobrados pela banca serão disponibilizados de acordo o cronograma abaixo: Aula 0: Administração Pública burocrática; estado do bem-estar social; a nova gestão pública; princípios; fundamentos. Aula 1: Paradigmas da Administração Pública e reformas administrativas. Aula 2: Formulação e avaliação de políticas públicas: Estado e políticas públicas; o processo de política pública; as instituições e as políticas públicas; arranjos institucionais e política pública. Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 92 00000000000 - DEMO
  • 4. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 Aula 3: Mudanças institucionais: conselhos; organizações sociais; organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP); agência reguladora; agência executiva. Flexibilização da ação estatal: parcerias público-privadas; consórcios; terceirização; redes e parcerias com organizações da sociedade civil. Aula 4: Avaliação de programas e projetos públicos; indicadores de desempenho. Aula 5: Licitação pública: modalidades; dispensa; inexigibilidade; pregão; contratos e compras. Aula 6: Governança: princípios da governança; fundamentos e governança pública. Governabilidade; Accountability. Gestão por resultados no setor público: metodologias de gestão. Vamos então para o que interessa, não é mesmo? 00000000000 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 92 00000000000 - DEMO
  • 5. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 Sumário Evolução dos modelos/paradigmas de gestão: a nova gestão pública ........................... 5 Tipos de Dominação. ........................................................................... 5 Administração Patrimonialista.................................................................. 6 Administração Burocrática. .................................................................. 12 Gerencialismo - A Nova Gestão Pública. .................................................... 31 Gerencialismo Puro - Managerialism ........................................................ 43 Consumerism .................................................................................. 46 Public Service Orientation - PSO ............................................................ 47 Tipos de Estado .................................................................................. 56 Estado Moderno ............................................................................ 59 Estado Liberal .............................................................................. 63 Estado do Bem-Estar Social ou Welfare State ............................................ 64 Crise do Estado do Bem-estar Social ..................................................... 66 O Estado Regulador ........................................................................ 67 Lista de Questões Trabalhadas na Aula. ........................................................ 73 Gabarito .......................................................................................... 91 Bibliografia ...................................................................................... 91 00000000000 Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 92 00000000000 - DEMO
  • 6. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 Evolução dos modelos/paradigmas de gestão: a nova gestão pública Tipos de Dominação. Para que possamos entender os modelos de administração pública, devemos conhecer os tipos de dominação. Segundo Weber1: “Dominação é a probabilidade de encontrar obediência a uma ordem de determinado conteúdo entre determinadas pessoas indicáveis”. Em todo Estado, deve existir alguma relação de dominação na qual os governantes (dominadores) exercem autoridade perante os indivíduos (dominados). Assim, a dominação não é simplesmente o exercício do “poder”, mas também a sua aceitação – que leva à obediência! Portanto, se diz que a dominação é o somatório do poder com a legitimidade. Dominação Tradicional - baseada nos costumes, na tradição Figura 1 - Tipos de dominação Dominação Carismática - baseada no carisma do líder Tipos de Dominação Dominação Racional-Legal - Baseada nas normas e regulamentos Para Weber2 existem três tipos de dominação: 00000000000  Dominação Tradicional – Baseia-se na tradição, nos costumes arraigados, nos relacionamentos construídos por gerações. O “senhor” ou chefe governa não porque tenha algum mérito ou competência específica, mas porque seu pai governava antes dele, e antes dele seu avô etc. Esta dominação ocorre porque “sempre foi assim”; 1 (Weber, 2000) 2 (Weber, 2000) Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 92 00000000000 - DEMO
  • 7. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00  Dominação Carismática – Baseada no carisma de uma pessoa. Acredita-se que um indivíduo específico possui qualidades e características extraordinárias, fora do comum, que o credenciam a liderar seus “súditos” ou “seguidores”. Estes lhe conferem um afeto e uma lealdade muitas vezes “cegos”. Como exemplo, podemos citar o caso do ex-presidente Lula, que consegue, através do carisma com boa parte da população, exercer sua liderança;  Dominação Racional-legal – Baseada na lei! Nesse tipo de dominação, não seguimos um indivíduo, mas devemos obediência a uma série de normas e regulamentos. Assim, se você trabalha em uma empresa, obedece ao seu chefe porque as regras estabelecem que este chefe possui este poder de lhe comandar e dar ordens, e não porque acredita que esta pessoa tenha qualidades especiais. A Burocracia moderna baseia-se na dominação racional-legal. Administração Patrimonialista. O modelo patrimonialista foi introduzido no Brasil pela própria administração portuguesa quando ainda éramos uma colônia. Como Portugal era uma monarquia, todo o Estado era patrimônio da família real. Quando Dom João VI chegou aqui, em 1808, vindo fugido dos exércitos de Napoleão, trouxe grande parte da máquina administrativa portuguesa consigo. Desta forma, herdamos o modo de administrar português e adaptamos à nossa realidade durante o império. Neste sistema, existe uma confusão natural entre os bens públicos e particulares, pois o Rei (ou chefe político) não diferencia seu patrimônio particular do estatal. No patrimonialismo, segundo Weber3, o senhor tem um relacionamento de “troca” com seus súditos, pois depende da boa 00000000000 vontade deles para manter sua capacidade de prestar serviços e manter seu poder político. Em troca desta boa vontade, o senhor passa a “dever” também uma atenção especial a seus súditos, como proteção a perigos externos e auxílio em momentos difíceis. Naturalmente, este “dever” não está escrito em nenhuma ordem ou lei, mas deriva dos costumes, da tradição. Portanto, a base de sua dominação é a tradição! O governante trata dos assuntos do Estado como se fosse uma extensão de sua vida pessoal. Seus súditos seriam sua “família”. Desta forma, no 3 (Weber, 2000) Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 92 00000000000 - DEMO
  • 8. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 patrimonialismo existe uma grande dificuldade deste senhor de diferenciar “esfera pública” da “esfera privada”. O personagem mais exemplar na história brasileira deste período é o “coronel”, oligarca do interior, que dominava (e em certos aspectos ainda domina) o cenário da política regional através da utilização do poder econômico e da “troca de favores” entre seus partidários. Dentro deste contexto, as eleições (quando existiam) eram fraudadas para que o grupo dominante continuasse no poder e recursos públicos são desviados de sua finalidade. Neste modelo, a posse em cargos públicos acontecia por livre escolha do soberano. Desta forma, estes cargos eram direcionados a amigos, parentes e apoiadores dos grupos dominantes. Assim, não existiam carreiras organizadas e profissionalizadas no estado. Portanto, uma característica forte deste modelo é o nepotismo e a corrupção. Lembre-se: No modelo Patrimonialista, o governante não separa o patrimônio público do privado! Os bens públicos são utilizados para fins pessoais e os cargos públicos são usados como “moeda de troca” de favores ao soberano (vemos isso atualmente quando agentes públicos utilizam carros oficiais para viajar a turismo, quando funcionários fazem a chamada “contratação cruzada” – João contrata o filho de José, e, em troca deste favor, José contrata o filho de João, por exemplo). Como o soberano está acima das regras, a racionalidade é subjetiva, ou seja, depende da opinião, da discricionariedade (e das arbitrariedades) do senhor no momento, inclusive nas decisões da Justiça. Se você é amigo 00000000000 do Rei pode “quebrar” algumas regrinhas! Já se não for conhecido de ninguém importante, terá que se comportar exemplarmente! Lembra do ditado: “Para os amigos tudo, para os inimigos a Lei”? Ele descreve bem uma prática do patrimonialismo, não é verdade? Assim sendo, no modelo patrimonialista, o patrimônio público é "capturado" por grupos de interesse da sociedade (que podem ser empresários, sindicatos, burocratas, etc.). Ou seja, este patrimônio deixa de servir à coletividade para passar a servir aos interesses do grupo dominante. Além disso, a justiça fiscal é um aspecto quase inexistente, pois a estrutura tributária (os impostos) é Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 92 00000000000 - DEMO
  • 9. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 desenhada para afetar pouco os nobres ou senhores dominantes. Com isso, a população mais pobre é a que acaba proporcionalmente pagando mais impostos. Desta forma, esse modelo é conhecido por sua tendência à corrupção e ao nepotismo. Veja abaixo no gráfico as principais características do modelo patrimonialista: Esfera Pública se confunde com a Privada Sistema fiscal injusto e irracional Falta de profissionalização Racionalidade subjetiva Tendência à corrupção e ao nepotismo Figura 2 - Características do modelo patrimonialista Raymundo Faoro4 chamava o grupo que comandava o poder no Estado patrimonialista brasileiro de Estamento Burocrático. Este modelo se caracterizava por um desrespeito aos princípios da impessoalidade e era composto por ocupantes de cargos públicos de alta cúpula, burocratas e políticos. Prestem atenção, pois o termo burocracia não foi estabelecido por Weber e sua Burocracia Profissional (baseada na dominação Racional-legal). O termo Burocracia vem do francês “Bureau”, que se refere aos órgãos do governo (seria algo como “governo de escritório”). Normalmente pensamos a dominação tradicional como uma disputa 00000000000 de classes, como uma divisão entre pobres e ricos (classes sociais). Entretanto, de acordo com Weber, um estamento não é exatamente uma classe. O autor afirma5: “A situação estamental pode se basear numa situação de classe de natureza unívoca ou ambígua. Mas não se determina somente por ela: a posse em dinheiro e a posição do empresário não são, por si só, qualificações estamentais – ainda que possam 4 (Faoro, 2001) 5 (Weber, 2000) Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 92 00000000000 - DEMO
  • 10. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 levar a estas; nem a falta de patrimônio constitui, por si, uma desqualificação estamental, ainda que também possa levar a esta.” Ou seja, uma divisão em estamentos é uma divisão entre pessoas com um tipo de educação, ou etnia (descendência genética e cultural) e modos de vida diferentes. Um filho de um funcionário público pobre que conseguisse estudar em um bom colégio da capital (e construísse um bom círculo de amizades) poderia fazer parte do estamento dominante. Já o filho de um fazendeiro rico do interior que não estudasse na capital provavelmente não faria parte deste estamento, por exemplo. Portanto, o estamento burocrático se relacionava com os funcionários públicos e membros da sociedade que mandavam no Estado Patrimonialista6. De acordo com Weber, ao quadro administrativo da dominação tradicional, em seu tipo puro, faltam7:  A competência fixa segundo regras objetivas;  A hierarquia racional fixa;  A nomeação regulada por contrato livre e o ascenso (promoção) regulado;  A formação profissional (como norma);  (muitas vezes) o salário fixo e (ainda mais frequentemente) o salário pago em dinheiro. As monarquias absolutistas foram sendo substituídas aos poucos, no final do século XIX, por Estados modernos, passando a existir a necessidade da separação entre os bens públicos e privados, bem como a profissionalização da Administração Pública. O Estado moderno precisava ampliar suas ações de indução do crescimento da economia, com uma atuação mais direta na criação de empresas estatais e na regulação da atuação econômica. 00000000000 Além disso, a sociedade começou a demandar diversos serviços públicos e proteções sociais que não existiam. Antigamente, o Estado só fornecia o acesso a Justiça, a proteção policial e a defesa nacional. Depois, serviços públicos como a educação, a previdência social e a prestação de saúde passaram a ser oferecidos para grande parte da população. Portanto, o Estado necessitava de se capacitar e de se 6 (Bresser Pereira L. C., 2001) 7 (Weber, 2000) Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 92 00000000000 - DEMO
  • 11. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 profissionalizar. O modelo patrimonialista passou a ser visto como um problema e um limitador ao desenvolvimento por diversos países. Vamos ver algumas questões agora? 1 - (ESAF – CGU – AFC – 2006) Complete a frase a seguir com a opção correta. O .................... é uma forma da administração pública que se caracteriza pela privatização do Estado, pela interpermeabilidade dos patrimônios público e privado. O príncipe não faz clara distinção entre patrimônio público e seus bens privados. a) modelo patrimonialista b) modelo burocrático c) modelo gerencial d) modelo racional-legal e) modelo estruturalista Esta questão pode ser respondida somente com a última frase: “o príncipe não faz clara distinção entre patrimônio público e seus bens privados”. Esta é uma descrição perfeita de uma das características principais do modelo patrimonialista. O gabarito é a letra A. 2 - (ESAF – MPOG – PSS – 2008) Faltam, ao modelo de administração patrimonialista, todas as características abaixo, exceto: a) competências funcionais fixas. b) retribuição aos servidores pelos serviços prestados. c) hierarquia racional fixa. d) formação profissional como norma. 00000000000 e) nomeação regulada por contrato livre, com regras de ascensão funcional. Esta questão foi retirada do livro do Max Weber: Economia e Sociedade. De acordo com o autor, faltam ao quadro administrativo tradicional (patrimonialista) as competências funcionais fixas (não fica claro quais são as competências necessárias para cada cargo), uma hierarquia racional fixa (a autoridade está relacionada com as relações pessoais, e não com a posição hierárquica). Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 92 00000000000 - DEMO
  • 12. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 Além disso, faltam uma formação profissional como norma (não é necessária esta formação para a entrada na máquina estatal) e a nomeação regulada por contrato livre, com regras de ascensão funcional (contratações são abertas a todos os interessados e as regras para promoção são estabelecidas. Entretanto, não falta uma retribuição aos servidores. Ou seja, estes são sim remunerados de alguma forma (não trabalham “de graça”). O que Weber disse foi que falta (muitas vezes) o salário fixo e (ainda mais frequentemente) o salário pago em dinheiro. O gabarito é, assim, a letra B. 3 - (ESAF – MPOG – EPPGG – 2003) Assinale a opção que indica corretamente as características de uma administração patrimonialista. a) A administração patrimonialista predomina no período da monarquia e nos primeiros anos da república; há uma clara distinção entre propriedade pública e propriedade privada e os serviços públicos são prestados por funcionários concursados. b) A administração patrimonialista está presente durante os primeiros anos da república, não há uma clara distinção entre propriedade pública e propriedade privada e os serviços públicos são prestados por funcionários selecionados discricionariamente. c) A administração patrimonialista está presente durante os primeiros anos da república e se estende até os anos 50; há uma clara distinção entre propriedade pública e propriedade privada e os serviços públicos são prestados por funcionários concursados. d) A administração patrimonialista predomina no período da monarquia, não há uma clara distinção entre propriedade pública e propriedade privada e os serviços públicos são prestados por escravos. e) A administração patrimonialista predomina na nova república, 00000000000 há uma clara distinção entre propriedade pública e propriedade privada e os serviços públicos são prestados por funcionários selecionados discricionariamente. A administração patrimonialista predominava no Brasil na época do Império e no início da República. Neste modelo, não existe uma distinção clara entre a propriedade privada e a propriedade pública. Além disso, os servidores não eram recrutados por concursos públicos e sim por decisões e escolhas dos detentores do poder (método discricionário). Deste modo, o gabarito é a letra B. Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 92 00000000000 - DEMO
  • 13. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 Administração Burocrática. O termo “burocracia” é derivado do termo francês “bureau” (significa escritório) e do termo grego “kratia”, que se relaciona a poder ou regra. Desta forma, a burocracia seria um modelo em que o “escritório” ou os servidores públicos de carreira seriam os detentores do poder. Com a industrialização e a introdução de regimes democráticos no fim do século XIX, as sociedades ficaram cada vez mais complexas. A introdução da máquina a vapor acarretou uma evolução tremenda dos meios de transporte. Se antes se levavam meses para uma viagem do Brasil para a Europa, por exemplo, agora uma viagem por meio de navios a vapor passou a ser feita em poucos dias. O trem a vapor fez a mesma revolução no transporte interno. Desta forma, as notícias passaram a “correr” muito mais rápido e os produtos de cada região puderam passar a ser comercializados em cada vez mais mercados consumidores. Estes fatores levaram a uma urbanização acelerada, pois as indústrias necessitavam de cada vez mais “braços” para poder produzir em larga escala e atender ao mercado regional e mundial de produtos. Diante deste aumento da demanda por trabalhadores no setor industrial, os salários na indústria ficaram melhores do que os do campo e as pessoas passaram a se mudar das fazendas para as grandes cidades em busca de trabalho. Desta forma, o êxodo rural (massa de trabalhadores saída do campo e dirigindo-se para as cidades em busca de melhores condições de trabalho) foi marcante neste período. Estas pessoas encontravam na cidade grande uma realidade totalmente diferente da qual estavam acostumadas. Se antes tinham uma “terrinha” para cultivar alguns alimentos, agora tinham de comprar estes produtos no mercado. 00000000000 Se anteriormente aprendiam a trabalhar na prática, agora tinham de frequentar escolas para poder lidar com as máquinas. Assim, passaram a demandar serviços que antes não existiam em grande escala, como escolas e hospitais públicos. Deste modo, tinham necessidades que o Estado (que tinha uma filosofia liberal) ainda não estava capacitado para atender. Era o início do que iríamos denominar de “sociedade de massa”. Portanto, o Estado, que antes só se preocupava em manter a ordem interna e externa, passa a ter de se organizar cada vez mais para induzir o crescimento econômico, aumentar a infraestrutura do país e prestar cada vez mais serviços à população. Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 92 00000000000 - DEMO
  • 14. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 O Patrimonialismo não conseguia mais atender a este novo Estado, que concentrava cada vez mais atividades em sua máquina. O modelo Burocrático, inspirado por Max Weber, veio então suprir esta necessidade de impor uma administração adequada aos novos desafios do Estado moderno, com o objetivo de combater o nepotismo e a corrupção. Ou seja, uma administração mais racional e impessoal. Sociedades ficam mais complexas Patrimonialismo não consegue atender às demandas sociais Modelo Burocrático é visto como solução mais racional e adequada Figura 3 - Contexto da burocracia Desta forma, o modelo burocrático surgiu como uma necessidade histórica baseada em uma sociedade cada vez mais complexa, em que as demandas sociais cresceram, e havia um ambiente com empresas cada vez maiores, com uma população que buscava uma maior participação nos destinos dos governos. Portanto, não se podia mais “depender” do arbítrio de um só indivíduo. As regras deveriam estar claras para todos e as decisões deveriam ser tomadas com base em uma lógica racional. Uma coisa que devemos ter em mente é que a Burocracia foi uma grande evolução do modelo patrimonialista. Weber concebeu a Burocracia como o modelo mais racional existente, o qual seria mais eficiente na busca dos seus objetivos. Lembre-se: O modelo burocrático foi uma grande evolução do patrimonialismo! 00000000000 Atualmente, o termo Burocracia é visto como algo negativo em nossa sociedade, mas o modelo “puro” pensado por Weber foi um grande avanço em relação ao que existia antes e possibilitou a construção de um Estado mais atuante e capacitado do que existia. As características principais da Burocracia são:  Formalidade – a autoridade deriva de um conjunto de normas e leis, expressamente escritas e detalhadas. O poder do chefe é restrito aos objetivos propostos pela organização e somente é exercido no Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 92 00000000000 - DEMO
  • 15. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 ambiente de trabalho - não na vida privada. As comunicações internas e externas também são todas padronizadas e formais.  Impessoalidade – Os direitos e deveres são estabelecidos em normas. As regras são aplicadas de forma igual a todos, conforme seu cargo em função na organização. Segundo Weber, a Burocracia deve evitar lidar com elementos humanos, como a raiva, o ódio, o amor, ou seja, as emoções e as irracionalidades. As pessoas devem ser promovidas por mérito, e não por ligações afetivas. O poder é ligado não às pessoas, mas aos cargos – só se tem o poder em decorrência de estar ocupando um cargo.  Profissionalização – As organizações são comandadas por especialistas, remunerados em dinheiro (e não em honrarias, títulos de nobreza, sinecuras, prebendas, etc.), contratados pelo seu mérito e seu conhecimento (e não por alguma relação afetiva ou emocional). O modelo burocrático, que se caracterizou pela meritocracia na forma de ingresso nas carreiras públicas, mediante concursos públicos, buscou eliminar o hábito arraigado do modelo patrimonialista de ocupar espaço no aparelho do Estado através de trocas de cargos públicos por favores pessoais ao soberano. Neste modelo, as pessoas seriam nomeadas por seus conhecimentos e habilidades, não por seus laços familiares ou de amizade. Prebendas e sinecuras, características do modelo patrimonialista, ou seja, aquelas situações em que pessoas ocupam funções no governo ganhando uma remuneração em troca de pouco ou nenhum trabalho, são substituídas pelo concurso público e pela noção de carreira. Desta forma, o que se busca é a profissionalização do servidor público, sua especialização. De acordo com Weber, o quadro administrativo em uma burocracia de modelo “puro” se compõe de funcionários individuais, os quais8:  São pessoalmente livres; obedecem somente às obrigações 00000000000 objetivas de seu cargo;  São nomeados (e não eleitos) numa hierarquia rigorosa dos cargos;  Têm competências funcionais fixas;  Em virtude de um contrato, portanto, (em princípio) sobre a base de livre seleção segundo; 8 (Weber, 2000) Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 92 00000000000 - DEMO
  • 16. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00  A qualificação profissional – no caso mais racional: qualificação verificada mediante prova e certificada por diploma;  São remunerados com salários fixos em dinheiro;  Exercem seu cargo como profissão única ou principal;  Têm a perspectiva de uma carreira: “progressão” por tempo de serviço ou eficiência, ou ambas as coisas, dependendo do critério dos superiores;  Trabalham em “separação absoluta dos meios administrativos” e sem apropriação do cargo;  Estão submetidos a um sistema rigoroso e homogêneo de disciplina e controle do serviço. Veja abaixo, em resumo, as características da Burocracia: Formalidade ͻ Autoridade é expressa em leis; ͻ Comunicação é padronizada; ͻ Controle de Procedimentos. Impessoalidade ͻ Isonomia no tratamento; ͻ Meritocracia; ͻ Racionalidade; ͻ Sistema legal e econômico previsível. Profissionalismo ͻ Comando é dos especialistas; ͻ Remuneração em dinheiro; ͻ Administrador é especialista - noção de carreira; ͻ Hierarquia. Figura 4 - Características da Burocracia Dentre as principais vantagens que a Burocracia trouxe, podemos citar:  O predomínio de uma lógica científica sobre uma lógica da intuição, do “achismo”; 00000000000  A redução dos favoritismos e das práticas clientelistas;  Uma mentalidade mais democrática, que possibilitou igualdade de oportunidades e tratamento baseado em leis e regras aplicáveis a todos. Hoje em dia, o termo Burocracia virou sinônimo de ineficiência e lentidão, pois conhecemos os defeitos do modelo (que chamamos de disfunções da Burocracia), mas ele foi um passo adiante na sua época! Na Burocracia, existe uma desconfiança extrema em relação às pessoas, portanto são desenvolvidos controles dos processos e dos procedimentos, de forma a evitar os desvios. Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 92 00000000000 - DEMO
  • 17. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 Ou seja, os funcionários têm pouca discricionariedade, ou liberdade de escolha da melhor estratégia, para resolver um problema ou atender seus clientes! Deste modo, existe uma grande preocupação em criar critérios e processos que estabeleçam o método correto de se agir. Todos os processos e atividades são padronizados, são manualizados! Com isso, os servidores passam a se preocupar mais em seguir regulamentos e normas do que em atingir bons resultados. Outra característica da Burocracia é a hierarquia. As organizações são estruturadas em vários níveis hierárquicos, em que o nível de cima controla o de baixo. É o que chamamos de estrutura verticalizada, na qual as decisões são tomadas na cúpula (topo da hierarquia ou nível estratégico). Esta situação acaba gerando uma demora na tomada de decisões e no fluxo de informações dentro da organização! Outro problema é a dificuldade de trocar informações com outras áreas da empresa, pois este fluxo não é livre (você precisa enviar a informação ao seu chefe, que envie a solicitação ao chefe do outro setor etc.) Desta maneira, é importante não confundir a Teoria da Burocracia, ou seu modelo “puro”, com os problemas que a Burocracia causou – o que chamamos de disfunções da Burocracia. Normalmente a banca citará uma “disfunção” da burocracia e dirá que é uma característica da Teoria da Burocracia. Por exemplo, as nomeações para funções públicas sem base no mérito ainda ocorrem com frequência no Brasil. Sabemos que é um dos problemas da Administração Pública na prática. Entretanto, isto não faz parte da teoria da Burocracia, ou seja, do modelo idealizado por Weber! Além disso, vocês devem entender que nenhum modelo existiu isoladamente, mas que conviveram e convivem juntos. No nosso contexto atual, temos ainda aspectos presentes que são heranças do patrimonialismo (nomeações em cargos de confiança), aspectos da teoria da burocracia (concursos públicos e noção de carreira, entre outros) e aspectos do modelo gerencial, que veremos a seguir. Lembre-se: Convivemos atualmente com características dos três modelos: patrimonial, burocrático e gerencial. 00000000000 O modelo de gestão pública buscado no momento é o gerencial, mas ainda é muito forte a presença do modelo burocrático e, infelizmente, do próprio modelo patrimonialista na administração pública brasileira. Ou seja, nunca aplicamos o modelo “puro” da burocracia weberiana. Preste atenção, pois as bancas costumam cobrar muito isso. Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 92 00000000000 - DEMO
  • 18. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 Veja o texto abaixo do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, de 19959, documento muito importante e que recomendo a leitura a todos que queiram se aprofundar no tema das reformas administrativas no Brasil. O texto original é esse: “A administração pública brasileira, embora marcada pela cultura burocrática e regida pelo princípio do mérito profissional, não chegou a se consolidar, no conjunto, como uma burocracia profissional nos moldes weberianos. Formaram-se grupos de reconhecida competência, como é o caso das carreiras acima descritas, bem como em áreas da administração indireta, mas os concursos jamais foram rotinizados e o valor de sua remuneração real variou intensamente em função de políticas salariais instáveis. Os instrumentos de seleção, avaliação, promoção e treinamento que deram suporte a esse modelo estão superados.” O que fica claro é que o nosso modelo ainda guarda práticas e costumes patrimonialistas, e o próprio modelo burocrático hoje não é mais visto como adequado aos novos desafios da administração pública. Portanto, temos hoje um modelo ainda muito baseado na Burocracia, mas com resquícios de clientelismo e patrimonialismo, e alguns setores que já aplicam a administração gerencial. Não aplicamos o modelo “puro” de Weber. Lembre-se: Nunca aplicamos o modelo "puro" da burocracia de As principais disfunções da Burocracia são: Weber.  00000000000 Dificuldade de resposta às mudanças no meio externo – visão voltada excessivamente para as questões internas (sistema fechado, ou seja, autoreferente, com a preocupação não nas necessidades dos clientes, mas nas necessidades internas da própria burocracia).  Rigidez e apreço extremo às regras – o controle é sobre procedimentos e não sobre resultados, levando à falta de criatividade e ineficiências. 9 (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995) Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 92 00000000000 - DEMO
  • 19. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00  Perda da visão global da organização – a divisão de trabalho pode levar a que os funcionários não tenham mais a compreensão da importância de seu trabalho nem quais são as necessidades dos clientes ou dos outros órgãos da instituição.  Lentidão no processo decisório – hierarquia, formalidade, centralização e falta de confiança nos funcionários levam a uma demora na tomada de decisões importantes.  Excessiva formalização – em um ambiente de mudanças rápidas, não se consegue padronizar e formalizar todos os procedimentos e tarefas, gerando uma dificuldade da organização de se adaptar a novas demandas. A formalização também dificulta o fluxo de informações dentro da empresa. Podemos resumir as principais disfunções ou problemas do modelo burocrático no quadro abaixo: Perda da Noção Global Disfunções da Burocracia Lentidão na comunicação e processo decisório Formalização Excessiva Rigidez e falta de inovação Preocupação com as regras e não com resultado 00000000000 Figura 5 - disfunções da Burocracia Outro aspecto importante é a relação da burocracia com o poder político. Weber preocupava-se com o aumento do poder da burocracia no Estado moderno. Os políticos cederiam cada vez mais influência à burocracia, o que criaria um “absolutismo burocrático”, ou seja, um abuso de poder por parte da administração, em prejuízo dos representantes da população. Portanto, a criação das leis e seu controle devem ser privativos dos políticos, de forma a limitar o poder e o alcance desta burocracia. Outra Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 92 00000000000 - DEMO
  • 20. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 disfunção que pode ocorrer é o “insulamento burocrático”, uma situação em que os técnicos dentro da máquina administrativa passam a ser “blindados” contra a interferência do público em geral e de outros órgãos do governo. Estes órgãos ou grupo de técnicos teriam então mais liberdade para buscar objetivos específicos, mas também poderiam passar a não “ouvir” mais a população, ou seja, buscar não os objetivos desejados pelos cidadãos, mas os seus próprios objetivos (ou dos grupos empresariais dominantes). Desta forma, não existiria um controle social sobre o trabalho destes servidores, pois estes estariam “blindados” aos desejos e interesses da sociedade civil. Um grande crítico da Burocracia foi Michel Crozier10. Este autor buscou apontar que este modelo reduzia a eficácia das organizações, ao contrário do que pensava Weber. As instituições não poderiam operar como máquinas. Assim, as organizações deveriam ser vistas como algo que: “não está apenas constituída pelos direitos e obrigações da bela máquina burocrática, e nem muito menos pela exploração e pela resistência da força de trabalho a ser explorada por um patrão ou por uma tecnoestrutura. Ela é um conjunto complexo de jogos entrecruzados e interdependentes, através dos quais os indivíduos, com oportunidades frequentemente muito diferentes de sucesso, procuram maximizar seus benefícios, respeitando as regras não escritas do jogo que o meio lhes impõe, tirando partido sistematicamente de todas as suas vantagens e tentando minimizar as dos outros.” Outro ponto ressaltado por Crozier seria o caráter de estabilidade do modelo burocrático. Para esse autor, uma organização burocrática 00000000000 não é propensa a mudanças. Assim sendo, as burocracias costuma enfrentar longos períodos de estabilidade, com espaços curtos de crise aguda. Portanto, a crise seria o “estopim” ou a “janela de oportunidade” para as mudanças necessárias. Este seria um problema inerente ao modelo burocrático, pois estas organizações seriam quase sempre reativas aos problemas. E como sabemos, quando as crises aparecem as soluções se tornam mais difíceis e 10 Fonte bibliográfica inválida especificada. Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 92 00000000000 - DEMO
  • 21. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 custosas. O ideal seria que a mudança na instituição ocorresse antes da “bomba” estourar, não é verdade? Vamos ver algumas questões recentes? 4 – (ESAF – MF – ANALISTA TÉCNICO – 2013) A respeito do sistema de organização burocrático, analise as afirmativas abaixo, classificando- as como verdadeiras (V) ou falsas (F). Ao final, assinale a opção que contenha a sequência correta. ( ) A crise é, efetivamente, um dos elementos distintivos de qualquer sistema de organização burocrática. Ela constitui o meio para chegar a operar os reajustes necessários. ( ) O ritmo essencial que caracteriza uma organização burocrática é, particularmente, a alternância de longos períodos de estabilidade e curtos espaços de crise e mudança. ( ) O poder de decisão, no interior de um sistema de organização burocrática, tende a situar- se, naturalmente, entre aqueles que dêem prioridade aos objetivos funcionais da organização independentemente da estabilidade do sistema político. a) V, F, V b) V, V, F c) F, F, V d) F, V, V e) V, F, F A primeira frase está correta, pois de acordo com Crozier as crises são os grandes impulsionadores de mudanças dentro das organizações burocráticas11. A segunda frase está também certa. Como as burocracias têm dificuldades de inovar e se adaptar aos novos desafios, acabam passando por longos períodos de estabilidade. Isso só muda quando ocorre uma crise, 00000000000 que precipita as mudanças. Finalmente, a terceira frase está errada. O poder decisório nas organizações burocráticas é centralizado na alta direção, e não distribuído “entre aqueles que deem prioridade aos objetivos funcionais da organização”. Deste modo, o gabarito é mesmo a letra B. 5 – (ESAF – RFB – AUDITOR – 2012) Sobre o modelo de Administração Pública Burocrática, é correto afirmar que: 11 Fonte bibliográfica inválida especificada. Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 92 00000000000 - DEMO
  • 22. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 a) pensa na sociedade como um campo de conflito, cooperação e incerteza, na qual os cidadãos defendem seus interesses e afirmam suas posições ideológicas. b) assume que o modo mais seguro de evitar o nepotismo e a corrupção é pelo controle rígido dos processos, com o controle de procedimentos. c) prega a descentralização, com delegação de poderes, atribuições e responsabilidades para os escalões inferiores. d) preza os princípios de confiança e descentralização da decisão, exige formas flexíveis de gestão, horizontalização de estruturas e descentralização de funções. e) o administrador público prega o formalismo, o rigor técnico e preocupa-se em oferecer serviços, e não em gerir programas. A primeira alternativa está incorreta, pois se refere ao modelo gerencial e não ao modelo burocrático. Esta frase foi retirada de um texto de Bresser12, que dizia: “Mais amplamente, a administração pública gerencial está baseada em uma concepção de Estado e de sociedade democrática e plural, enquanto que a administração pública burocrática tem um vezo centralizador e autoritário. Afinal o liberalismo do século XIX, no qual se moldou a forma burocrática de administração pública, era um regime político de transição do autoritarismo para a democracia. Enquanto a administração pública burocrática acredita em uma racionalidade absoluta, que a burocracia está encarregada de garantir, a administração pública gerencial pensa na sociedade como um campo de conflito, cooperação e incerteza, na qual cidadãos defendem 00000000000 seus interesses e afirmam suas posições ideológicas, que afinal se expressam na administração pública.” Já a letra B está perfeita e é o nosso gabarito. A administração burocrática busca, através do controle dos procedimentos, eliminar a corrupção e o nepotismo. A letra C também está equivocada, pois quem prega a descentralização é o modelo gerencial. Pelo mesmo motivo, a letra D também está incorreta. 12 (Bresser Pereira L. , 1998) Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 92 00000000000 - DEMO
  • 23. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 Finalmente, a letra E também está errada. O modelo burocrático é autorreferenciado, voltado para dentro. Assim, ele é voltado para a gestão dos programas, não para o cliente e os serviços que ele precisa. Desta forma, o gabarito é mesmo a letra B. 6 - (ESAF – MPOG – EPPGG – 2003) O século XIX marca o surgimento de uma administração pública burocrática em substituição às formas patrimonialistas de administrar o Estado. O chamado “patrimonialismo” significa a incapacidade ou relutância do governante em distinguir entre o patrimônio público e seus bens privados. Assinale a opção que indica corretamente as características da administração pública burocrática. a) Serviço público profissional, flexibilidade organizacional e nepotismo. b) Serviço público profissional e um sistema administrativo fruto de um arranjo político, formal e racional. c) Serviço público profissional e um sistema administrativo impessoal, formal e racional. d) Serviço público fruto de um arranjo entre as forças políticas e um sistema administrativo seletivo de acordo com os diversos grupos de sustentação da base de governo. e) Serviço público orientado para o consumidor, ênfase nos resultados em detrimento dos métodos e flexibilidade organizacional. A primeira alternativa está errada, pois a Burocracia não é caracterizada por uma flexibilidade organizacional (aspecto ligado ao modelo gerencial) ou ao nepotismo (ligado ao patrimonialismo). A letra B também está errada, porque a Burocracia, em seu modelo puro, não se baseia em um “arranjo político” e sim em uma racionalidade 00000000000 e a legalidade. A letra C está perfeita e é o nosso gabarito. Na letra D, novamente aparece o “arranjo político”. A Burocracia deve se pautar pelo atendimento universal, e não seletivo, de seus cidadãos. A Burocracia deve se pautar por normas e regras, e não acordos “seletivos”. Finalmente, a letra E se relaciona com aspectos do modelo gerencial. Assim sendo, o gabarito é mesmo a letra C. 7 - (ESAF – MPOG – EPPGG – 2003) A administração burocrática clássica, baseada nos princípios da administração do Exército prussiano, foi implantada nos principais países europeus no final do século XIX. Ela foi adotada porque era uma alternativa muito Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 92 00000000000 - DEMO
  • 24. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 superior à administração patrimonialista do Estado. Quais das seguintes características básicas pertencem ao conceito de burocracia de Weber? I. Ligação entre os patrimônios público e privado. II. Autoridade funcional baseada no estatuto. III. Gestão voltada para resultados. IV. Caráter hierárquico das relações de trabalho. V. Caráter impessoal das relações profissionais, sem ódios ou paixões. VI. Critérios de mérito para atribuição de responsabilidades e evolução na carreira. VII. Autoridade derivada de normas racionais-legais. Estão corretos apenas os itens: a) III, VII b) II, VI, VII c) II, IV, V, VI, VII d) II, III, VII e) II, VI Questão interessante, que mistura aspectos do patrimonialismo, da burocracia e do modelo gerencial. A primeira alternativa está errada, pois esta confusão da esfera pública com a privada se relaciona com o patrimonialismo. A outra afirmativa errada é a terceira, pois a gestão para resultados é um aspecto do modelo gerencial. Todas as outras frases estão ligadas ao modelo burocrático e, portanto, o nosso gabarito é a letra C. 00000000000 8 - (ESAF – MPOG – EPPGG – 2003) Weber, na década de 20, na Alemanha, publicou estudos sobre as organizações formais identificando-lhes características comuns que passaram a constituir o “tipo ideal de burocracia”. Com o passar do tempo, evidenciou-se que as características desejáveis ao funcionamento racional das organizações e ao alcance de sua eficiência se transformavam em disfunções. Assinale a opção que descreve corretamente uma das disfunções da burocracia. a) A burocracia tem normas e regulamentos escritos que regem seu funcionamento, definindo direitos e deveres dos ocupantes de cargos. Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 92 00000000000 - DEMO
  • 25. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 b) Numa burocracia os cargos são estabelecidos segundo o princípio da hierarquia, onde a distribuição de autoridade serve para reduzir ao mínimo o atrito. c) Na burocracia a divisão de trabalho leva cada participante a ter funções específicas e uma esfera de competência e responsabilidade. d) A burocracia tem normas e regulamentos que se transformam de meios em objetivos, tornando o funcionário um conhecedor de procedimentos. e) A burocracia se caracteriza pela impessoalidade, pois o poder de cada pessoa, como a obediência do subordinado ao seu superior, deriva do cargo que ocupa. Esta questão busca confundir o candidato com a mistura de características da Burocracia com seus problemas (ou disfunções). A única alternativa que mostra uma disfunção é a letra D. A superconformidade às regras e regulamentos, ou seja, a busca dos servidores por cumprir todas as regras e regulamentos acaba por fazer com que estas regras sejam um fim, e não um meio para que a máquina pública melhor atenda aos cidadãos. Esta é uma disfunção comum do modelo burocrático. As outras opções são características da Burocracia e não disfunções. O gabarito é, portanto a letra D. 9 - (ESAF – MPOG – APO – 2008) O modelo de gestão pública burocrático, com base nos postulados weberianos, é constituído de funcionários individuais, cujas características não incluem: a) liberdade pessoal e obediência estrita às obrigações objetivas do seu cargo, estando submetidos a um sistema homogêneo de disciplina e controle do serviço. 00000000000 b) exercício do cargo como profissão única ou principal, com perspectiva de carreira: progressão por tempo de serviço ou mérito, ou ambas. c) competências funcionais fixas em contrato e segundo qualificações profissionais verificadas em provas e certificadas por diplomas. d) apropriação dos poderes de mando inerentes ao cargo (exercício da autoridade), mas não dos meios materiais de administração, nem do próprio cargo. e) nomeação, numa hierarquia rigorosa dos cargos, sendo remunerados com salários fixos em dinheiro. Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 92 00000000000 - DEMO
  • 26. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 Vejam que esta questão se baseou nas dez características de Weber para a burocracia. De acordo com o autor, o quadro administrativo em uma burocracia de modelo “puro” se compõe de funcionários individuais, os quais13:  São pessoalmente livres; obedecem somente às obrigações objetivas de seu cargo;  São nomeados (e não eleitos) numa hierarquia rigorosa dos cargos;  Têm competências funcionais fixas;  Em virtude de um contrato, portanto, (em princípio) sobre a base de livre seleção segundo;  A qualificação profissional – no caso mais racional: qualificação verificada mediante prova e certificada por diploma;  São remunerados com salários fixos em dinheiro;  Exercem seu cargo como profissão única ou principal;  Têm a perspectiva de uma carreira: “progressão” por tempo de serviço ou eficiência, ou ambas as coisas, dependendo do critério dos superiores;  Trabalham em “separação absoluta dos meios administrativos” e sem apropriação do cargo;  Estão submetidos a um sistema rigoroso e homogêneo de disciplina e controle do serviço. A única opção errada é a letra D, pois o funcionário em uma burocracia não se apodera do poder de mando de um cargo. Ele só tem autoridade dentro da lei e dos regulamentos, para atingir as finalidades da instituição (lembre-se que este é o modelo teórico – sabemos que na prática nem sempre isto ocorre). O gabarito é mesmo a letra D. 00000000000 10 - (ESAF – MPOG – APO – 2010) Uma das maiores obras de análise da estruturação e formação do Estado no Brasil foi 'Os Donos do Poder', de Raymundo Faoro. Assinale a opção que não corresponde ao pensamento de Faoro. a) A comunidade política conduz, comanda, supervisiona os negócios, como negócios privados seus, na origem, como negócios públicos depois, em linhas que se demarcam, gradualmente. b) O súdito e a sociedade se compreendem no âmbito de um aparelhamento a explorar, a manipular, a tosquiar nos casos 13 (Weber, 2000) Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 92 00000000000 - DEMO
  • 27. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 extremos. Dessa realidade se projeta, em florescimento natural, a forma de poder, institucionalizada num tipo de domínio: o patrimonialismo, cuja legitimidade assenta no tradicionalismo - assim é porque sempre foi. c) O patrimonialismo estatal, no Brasil, incentivou o setor especulativo da economia e predominantemente voltado ao lucro como jogo e aventura, ou, na outra face, interessado no desenvolvimento econômico sob o comando político; para satisfazer imperativos ditados pelo quadro administrativo, com seu componente civil e militar. d) O brasileiro que se distingue há de ter prestado sua colaboração ao aparelhamento estatal, não na empresa particular, no êxito dos negócios, nas contribuições à cultura, mas numa ética confuciana do bom servidor, com carreira administrativa e curriculum vitae aprovado de cima para baixo. e) Na peculiaridade histórica brasileira, a camada dirigente atua em nome do interesse público, servida dos instrumentos políticos derivados de sua posse do aparelhamento estatal. Ao receber o impacto de novas forças sociais, a categoria estamental as amacia, domestica, embotando-lhes a agressividade transformadora, para incorporá-las a valores próprios, muitas vezes mediante a adoção de uma ideologia diversa, se compatível com o esquema de domínio. Esta questão é bastante complexa para os não-iniciados no estudo de Administração Pública, mas pode ser “decifrada” com uma leitura cuidadosa do seu texto. A alternativa E logo “pula” como a incorreta, pois no patrimonialismo a camada dirigente não atua em nome do interesse público, mas em próprio interesse. O texto correto da obra de Faoro diz o seguinte: “Na peculiaridade histórica brasileira, todavia, a 00000000000 camada dirigente atua em nome próprio, servida dos instrumentos políticos derivados de sua posse do aparelhamento estatal. Ao receber o impacto de novas forças sociais, a categoria estamental as amacia, domestica, embotando-lhe a agressividade transformadora, para incorporá-las a valores próprios, muitas vezes mediante a adoção de uma ideologia diversa, se compatível com o esquema de domínio.” Deste modo, o nosso gabarito é a letra E. Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 92 00000000000 - DEMO
  • 28. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 11 - (ESAF – MPOG – EPPGG – 2008) Os tipos primários de dominação tradicional são os casos em que falta um quadro administrativo pessoal do senhor. Quando esse quadro administrativo puramente pessoal do senhor surge, a dominação tradicional tende ao patrimonialismo, a partir de cujas características formulou-se o modelo de administração patrimonialista. Examine os enunciados a seguir, sobre tal modelo de administração, e marque a resposta correta. 1. O modelo de administração patrimonialista caracteriza-se pela ausência de salários ou prebendas, vivendo os "servidores" em camaradagem com o senhor a partir de meios obtidos de fontes mecânicas. 2. Entre as fontes de sustento dos "servidores" no modelo de administração patrimonialista incluem-se tanto a apropriação individual privada de bens e oportunidades quanto a degeneração do direito a taxas não regulamentado. 3. O modelo caracteriza-se pela ausência de uma clara demarcação entre as esferas pública e privada e entre política e administração; e pelo amplo espaço à arbitrariedade material e vontade puramente pessoal do senhor. 4. Os "servidores" não possuem formação profissional especializada, mas, por serem selecionados segundo critérios de dependência doméstica e pessoal, obedecem a formas específicas de hierarquia patrimonial. a) Estão corretos os enunciados 2, 3 e 4. b) Estão corretos os enunciados 1, 2 e 3. c) Estão corretos somente os enunciados 2 e 3. d) Estão corretos somente os enunciados 1 e 3. e) Todos os enunciados estão corretos. 00000000000 Esta questão, que analisa o patrimonialismo, e tem uma afirmativa considerada incorreta pela banca. A primeira frase está errada porque o patrimonialismo não se caracteriza pela ausência de salários e prebendas (uma ocupação que te traz renda com pouco trabalho). Naturalmente, o patrimonialismo está relacionado exatamente à estas prebendas (como os casos em que um político “emprega” seu filho no seu gabinete, mas este nunca aparece para o “trabalho”). No caso da afirmativa de número quatro, aparentemente a banca considerou a frase “obedecem a formas específicas de hierarquia patrimonial” incorreta. No meu entender, não deixa de existir uma certa “hierarquia”, mesmo que informal, no patrimonialismo. Entretanto, a banca Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 92 00000000000 - DEMO
  • 29. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 considerou esta afirmativa como equivocada. Desta forma, o gabarito é a letra C. 12 - (ESAF – CGU / AFC – 2008) Indique a opção que apresenta respectivamente o objetivo central do modelo burocrático de gestão e suas principais características. a) Qualidade - profissionalismo, transparência e especialização. b) Produtividade - hierarquia, descentralização e padronização. c) Eficiência - padronização, descentralização e autonomia. d) Coordenação - especialização, hierarquia e centralização. e) Controle - impessoalidade, hierarquia e formalismo. Questão interessante. O tripé essencial do modelo burocrático é: o profissionalismo, a formalização e a impessoalidade. Além disso, de acordo com Weber, o quadro administrativo em uma burocracia de modelo “puro” se compõe de funcionários individuais, os quais14:  São pessoalmente livres; obedecem somente às obrigações objetivas de seu cargo;  São nomeados (e não eleitos) numa hierarquia rigorosa dos cargos;  Têm competências funcionais fixas;  Em virtude de um contrato, portanto, (em princípio) sobre a base de livre seleção segundo;  A qualificação profissional – no caso mais racional: qualificação verificada mediante prova e certificada por diploma;  São remunerados com salários fixos em dinheiro;  Exercem seu cargo como profissão única ou principal; 00000000000  Têm a perspectiva de uma carreira: “progressão” por tempo de serviço ou eficiência, ou ambas as coisas, dependendo do critério dos superiores;  Trabalham em “separação absoluta dos meios administrativos” e sem apropriação do cargo;  Estão submetidos a um sistema rigoroso e homogêneo de disciplina e controle do serviço. 14 (Weber, 2000) Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 92 00000000000 - DEMO
  • 30. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 Assim, o modelo burocrático não se caracteriza pela busca da qualidade, da descentralização, da autonomia ou da coordenação (um princípio da ciência da Administração). Dessa maneira, o gabarito é a letra E. 13 - (ESAF – CGU / AFC – 2008) Considerando a diferenciação conceitual para fins didáticos dos modelos patrimonialista, burocrático e gerencial da administração pública no Brasil, selecione a opção que conceitua corretamente o modelo burocrático de gestão. a) Estado centralizador, onipotente, intervencionista e espoliado por uma elite que enriquece e garante privilégios por meio de exclusão da maior parte da sociedade. b) Estado centralizador, profissional e impessoal que busca a incorporação de atores sociais emergentes e estabelece normas e regras de funcionamento. c) Estado desconcentrado que privilegia a delegação de competências para os municípios e foca o controle social de suas ações. d) Estado coordenador de políticas públicas nas três esferas da federação, visando à desburocratização dos processos governamentais. e) Estado descentralizado que tem como foco de suas ações o contribuinte, que é visto como cliente dos serviços públicos. O modelo burocrático se caracteriza pelo tripé: formalismo, profissionalização e impessoalidade. A alternativa que melhor descreve o modelo burocrático é a letra B. A letra A está errada, pois cita defeitos do modelo na prática e não seu modelo ideal. A letra C está errada, pois o modelo burocrático não tem a 00000000000 descentralização (ou desconcentração) como um de seus princípios. Tampouco o controle social está previsto. Na letra D, não faz sentido citar a desburocratização como um dos princípios da burocracia, não é mesmo? A letra E também está errada, pois a preocupação com um atendimento de qualidade ao cliente não é uma de suas características. Assim, o gabarito é mesmo a letra B. 14 - (ESAF – STN – AFC - 2008) Para Max Weber, burocracia é a organização eficiente por excelência. Ele destaca que este modelo possui características que lhe são próprias e inúmeras vantagens em relação a outras formas. Entretanto, suas disfunções fazem com Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 92 00000000000 - DEMO
  • 31. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 que o conceito popular seja exatamente o inverso. Analise as opções a seguir e marque a resposta correta. i) A burocracia é baseada em características que têm como consequência a previsibilidade do comportamento humano e a padronização do desempenho dos participantes, cujo objetivo final é a máxima eficiência da organização. ii) Weber viu inúmeras vantagens que justificam o avanço da burocracia sobre as demais formas de associação. iii) A burocracia apresenta disfunções que têm como consequência a previsibilidade do funcionamento da organização. iv) Weber entendia que as características da burocracia contribuíam, em parte, para a segurança dos processos organizacionais. a) Estão corretos os enunciados i, iii e iv. b) Estão corretos os enunciados ii, iii e iv. c) Estão corretos somente os enunciados i e iii. d) Estão corretos somente os enunciados i e ii. e) Todos os enunciados estão corretos. A primeira frase está correta. Lembrem-se de que a questão fala do modelo ideal de Weber, não sua aplicação na prática! A teoria da Burocracia buscava uma maior previsibilidade do comportamento das pessoas e das organizações e uma maior eficiência. A segunda afirmativa também está correta e dispensa muitos comentários. Naturalmente, Weber vislumbrava o modelo burocrático como superior ao modelo patrimonialista, por exemplo. Já a terceira frase está incorreta. A burocracia apresenta diversas disfunções na prática, mas a previsibilidade do funcionamento da organização não é uma delas. Isto seria um objetivo do modelo, não um 00000000000 problema. Finalmente, a quarta frase também está errada, pois Weber não faz esta relação entre o modelo burocrático e a segurança dos processos. O gabarito é, assim, a letra D. Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 92 00000000000 - DEMO
  • 32. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 Gerencialismo - A Nova Gestão Pública. Durante as décadas de 70 e 80 do século passado, muitos governos passaram por momentos difíceis, com uma economia em recessão e choques externos (como os do petróleo em 73 e 79), que levaram a uma crescente dificuldade destes governos em manter o “Estado de bem-estar” (série de bens e serviços fornecidos pelo Estado a qualquer cidadão – educação e assistência médica gratuitas, renda mínima, auxílio desemprego etc.). Além disso, a crise dificultou a manutenção do investimento estatal, que foi a alavanca do crescimento econômico de várias economias até aquele momento15. No caso do Brasil, o modelo de desenvolvimento era baseado em pesados investimentos estatais em infraestrutura e na criação de diversas empresas públicas para induzir o crescimento da economia nacional. Principalmente nos anos 60 e 70, o governo brasileiro utilizou o Estado para buscar esse aumento do crescimento econômico. O investimento direto em diversas áreas (como a petroquímica e a siderurgia) foi a base deste processo. Com a crise internacional, o Estado brasileiro viu-se impossibilitado de continuar a impulsionar a economia desta forma. A crise fiscal foi também um importante fator complicador, pois ficou cada vez mais difícil para o país “rolar16” as dívidas antigas e financiar os déficits. Portanto, era primordial reduzir os gastos governamentais. Naquele momento, o aumento de impostos não era visto pelo governo como uma alternativa “palatável” ou aceitável, pois os cidadãos tinham uma percepção extremamente negativa da capacidade da máquina estatal de utilizar os recursos públicos. Nesse contexto, a dívida externa brasileira cresceu enormemente e o Brasil acabou declarando moratória (dando o famoso “calote”) desta dívida – junto com diversos países latinoamericanos. 00000000000 Desta forma, o início da década de 80 foi marcado por um baixo crescimento econômico por parte da maioria destes países. Este período econômico da história brasileira – e sul-americana – ficou conhecido como a “década perdida”. A crise do Estado levou a uma crescente crítica ao modelo burocrático, visto como causador de lentidão, ineficiências e gastos 15 (Abrucio, 1997) 16 “rolar” uma dívida significa pagar o valor devido com uma dívida antiga com o dinheiro de uma nova dívida. Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 92 00000000000 - DEMO
  • 33. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 excessivos. O governo era visto como um gastador perdulário, que não tinha eficiência e prestava um péssimo serviço aos cidadãos. Na busca por uma solução para superar a crise, a alteração do modelo de gestão burocrático, com suas formalidades e ineficiências, era um dos temas discutidos. Muitos teóricos iniciaram então uma busca por melhores práticas e foram ao encontro de várias iniciativas já em curso na administração empresarial. O setor privado era visto como mais eficiente e detentor de um modelo mais avançado de gestão. Para ganhar eficiência, o setor público deveria eliminar processos desnecessários, formalidades que não agregassem valor ao serviço e controles em excesso. O setor estatal passou a adotar então o discurso de descentralização, da inovação, do foco nas necessidades do cliente, da estrutura mais flexível e enxuta que já existia no setor privado. O gráfico abaixo resume o contexto em que o modelo gerencial foi introduzido. Este processo ocorreu inicialmente na Inglaterra e Estados Unidos (com os governos de Margaret Thatcher e Ronald Reagan), e depois nos demais países desenvolvidos. Crise Econômica Crise do Estado Crítica ao Modelo Burocrático 00000000000 Figura 1 - contexto da introdução do gerencialismo Essa nova concepção do Estado, em que se começou a implantar uma administração gerencial, é chamada também de Nova Gestão Pública (“New Public Management” ou NPM em inglês). Todavia, não podemos ver a administração gerencial como uma negação da Burocracia já que ela mantém diversas características, como a meritocracia, a avaliação de desempenho, a noção de carreira, entre outras. Ou seja, a administração gerencial deve ser vista como uma evolução do modelo burocrático, pois “aproveita” diversos de seus aspectos. Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 92 00000000000 - DEMO
  • 34. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 Uma das principais diferenças entre o modelo burocrático e o modelo gerencial está na função controle, que deve deixar de ser efetuado com base em processos e procedimentos (“a priori” ou “ex-ante”) para ser efetuado com base em resultados (“a posteriori” ou “ex-post”). Nova Gestão Pública - controle finalístico ou "a posteriori" Burocracia - controle dos processos ou "a priori" Veja abaixo um texto do PDRAE17 que aborda este tópico: “A administração pública gerencial constitui um avanço e até um certo ponto um rompimento com a administração pública burocrática. Isto não significa, entretanto, que negue todos os seus princípios. Pelo contrário, a administração pública gerencial está apoiada na anterior, da qual conserva, embora flexibilizando, alguns dos seus princípios fundamentais, como a admissão segundo rígidos critérios de mérito, a existência de um sistema estruturado e universal de remuneração, as carreiras, a avaliação constante de desempenho, o treinamento sistemático. A diferença fundamental 00000000000 está na forma de controle, que deixa de basear-se nos processos para concentrar-se nos resultados, e não na rigorosa profissionalização da administração pública, que continua um princípio fundamental.” Um dos autores mais importantes quando estudamos este tema é Bresser Pereira. De acordo com ele18, o modelo burocrático é baseado em uma mentalidade de desconfiança total em relação aos servidores públicos. 17 (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, 1995) 18 (Bresser Pereira L. C., 2001) Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 92 00000000000 - DEMO
  • 35. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 Esta desconfiança é a premissa básica de todos estes controles de procedimentos. Se não confiamos na honestidade e capacidade de decisão dos servidores, controlamos todos os seus atos nos mínimos detalhes, não é mesmo? O problema é que isto acarreta uma rigidez muito grande e uma dificuldade em lidar com problemas específicos e localizados, já que as leis não conseguem abranger todas as especificidades de um problema. Além disso, se a pessoa que está executando uma tarefa não tem nenhuma “liberdade” de decisão, ou seja, deve apenas cumprir um regulamento detalhado, não se compromete com o resultado da ação. Assim, o agente público cumpre o regulamento, mesmo sabendo que aquela ação resultará em demora no atendimento, falta de materiais, etc. Mais importante do que o resultado (atender bem ao cidadão, por exemplo) é ter “cumprido a regra”. Para tentar resolver esse problema, o modelo gerencial prega que o Estado deveria ter um grau de confiança limitado em relação aos seus servidores. Veja o texto original de Bresser: “Algumas características básicas definem a administração pública gerencial. É orientada para o cidadão e para a obtenção de resultados; pressupõe que os políticos e os funcionários públicos são merecedores de um grau real ainda que limitado de confiança.” Ou seja, deve-se dar autonomia ao servidor e cobrar resultados. O objetivo não pode ser que ele cumpra 497 regulamentos diversos e sim que os objetivos e metas dos órgãos sejam alcançados. A ideia é valorizar a capacidade de tomada de decisão e o empreendedorismo do servidor. Outra ideia é a de competição. Para muitos teóricos do gerencialismo (como Gaebler e Osborne19), o problema da falta de eficiência e eficácia de muitos órgãos públicos pode ser “debitado” ao “monopólio” destes órgãos na prestação de serviços públicos. 00000000000 Desta maneira, a Polícia Federal teria pouca preocupação em acelerar a emissão de passaportes, por exemplo, pois o cidadão não teria outra opção para conseguir este serviço. Não dá pra ir à Anatel e tirar um passaporte, não é mesmo? Assim, o infeliz do cidadão terá de esperar na fila. Para estes autores, este monopólio deveria ser “quebrado” sempre que possível. Veja abaixo no gráfico os objetivos do modelo gerencial, de acordo com o PDRAE: 19 (Osborne & Gaebler, 1992) Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 92 00000000000 - DEMO
  • 36. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 Definição precisa dos objetivos que o administrador público deverá atingir em sua unidade Garantia de autonomia do administrador na gestão dos recursos humanos, materiais e financeiros ,para que possa atingir os objetivos contratados Competição administrada no interior do Controle ou cobrança a posteriori dos resultados próprio Estado Figura 2 - Objetivos do gerencialismo Vamos ver algumas questões relacionadas a estes temas? 15 - (ESAF – STN – ANALISTA - 2013) A respeito da chamada administração pública gerencial, analise as assertivas abaixo, classificando-as como verdadeiras(V) ou falsas(F). Ao final, assinale a opção que contenha a sequência correta. ( ) A administração gerencial era considerada, quando da sua implementação, uma forma de trazer as mais recentes conquistas da administração de empresas para a administração pública. ( ) O paradigma gerencial contemporâneo, que se dizia fundamentado nos princípios da confiança e da descentralização da decisão, exigia formas flexíveis de gestão, conforme se depreende do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado. ( ) A administração gerencial visava transferir atividades de setor de serviços competitivos ou não exclusivos mediante o processo de publicização, ou seja, adoção 00000000000 pela sociedade, de formas de produção não lucrativas de bens e serviços públicos. ( ) As agências executivas também surgem como uma proposta inovadora da reforma administrativa gerencial no setor de atividades não exclusivas do Estado. a) F, F, V, F b) V, V, V, F c) F, F, V, V d) V, V, F, F e) V, F, V, F Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 92 00000000000 - DEMO
  • 37. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 A primeira assertiva está correta. O modelo gerencial realmente partiu de uma tentativa de implementar no setor público diversas práticas e ferramentas já utilizadas na iniciativa privada, nas empresas. A segunda frase também está certa. O modelo burocrático tem uma característica de desconfiança no servidor. O modelo gerencial busca alterar isto. Bresser comenta que o Estado deve pregar uma “confiança limitada” nos servidores e no cidadão. Deste modo, um modelo mais flexível de gestão é buscado. A terceira afirmação está igualmente correta. O Plano Diretor de 1995 incentivou a criação das organizações privadas sem fins lucrativos, que deveriam oferecer serviços e bens públicos. Seria o que o PDRAE chama de “serviços não exclusivos”. Finalmente, a última frase está errada. As agências executivas não seriam criadas para atuar no setor de atividades não exclusivas, mas sim no setor de “atividades exclusivas”. O gabarito é mesmo a letra B. 16 – (ESAF – DNIT – ANALISTA – 2013) A administração pública no Brasil evolui-se por meio de três modelos básicos: a administração pública patrimonialista, a burocrática e a gerencial. Assim, pode-se afirmar que a reforma do aparelho do Estado que adotou o modelo de administração gerencial foi orientada predominantemente: I. pelos valores da eficiência e qualidade na prestação dos serviços públicos. II. pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial nas organizações. III. pelo rompimento com todos os princípios da administração pública burocrática. Marque a opção correta. a) As afirmativas I e III estão corretas. 00000000000 b) As afirmativas II e III estão corretas. c) As afirmativas I e II estão corretas. d) Somente a afirmativa I está correta. e) Somente a afirmativa III está correta. A primeira frase está certa. Os valores relacionados com a eficiência e com a qualidade na prestação dos serviços são ressaltados neste modelo. A gestão por resultados busca exatamente melhorar os indicadores nestes aspectos. Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 92 00000000000 - DEMO
  • 38. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 A segunda frase também está certa. Com um modelo mais flexível de gestão, buscamos dar maior autonomia aos gestores públicos, maior poder de decisão sobre os recursos disponíveis. Assim, isto deve gerar uma cultura gerencial nas organizações e nos servidores públicos, o que muitos autores chamam de empreendedorismo governamental. Finalmente, a terceira frase está errada. O modelo gerencial não rompe com todos os valores e princípios do modelo burocrático. Ele busca manter diversos aspectos, como a meritocracia, por exemplo. O gabarito é a letra C. 17 – (ESAF – DNIT – ANALISTA – 2013) A reforma do aparelho do Estado no Brasil, que substituiu o modelo de administração burocrático e adotou o modelo de administração gerencial, foi marcada por uma diferença que é considerada fundamental. Essa diferença fundamental está a) na forma de controle, que deixa de basear-se nos resultados para focar nos processos. b) na forma de controle, que deixa de basear-se nos processos para focar nos resultados. c) na rigorosa profissionalização da administração pública que deixa de ser um princípio fundamental. d) na forma de controle, que passa a basear-se unicamente nos processos. e) na forma de controle, que deixa de basear- se nos processos e na profissionalização da administração pública para focar nos resultados. Questão bem tranquila da ESAF. A principal diferença entre os modelos burocráticos e gerenciais é o foco no controle. O modelo burocrático enfatiza os procedimentos, os processos de trabalho. Já o 00000000000 modelo gerencial enfatiza os resultados. Desta forma, o gabarito é a letra B. 18 - (ESAF – STN – ANALISTA - 2013) A respeito das características da administração burocrática e da administração gerencial, atribua B à assertiva que descreva aspectos da administração burocrática e G à assertiva que descreva aspectos da administração gerencial. Ao final, assinale a opção que contenha a sequência correta. ( ) O modo mais seguro de evitar o nepotismo e a corrupção é pelo controle rígido dos processos, com o controle dos procedimentos. Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 92 00000000000 - DEMO
  • 39. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 ( ) Pensa na sociedade como campo de conflito, cooperação e incerteza no qual os cidadãos defendem seus interesses e afirmam suas posições ideológicas. ( ) Preocupa-se em oferecer serviços e não em gerir programas, visa atender aos cidadãos. ( ) É autorreferente e se concentra no processo, em suas próprias necessidades e perspectivas. a) G, G, B, G b) B, G, B, B c) B, B, G, G d) B, G, G, B e) G, B, B, G A primeira frase está associada com a Burocracia. Este modelo busca controlar através de rígidos procedimentos e processos de trabalho. Ao contrário, o modelo gerencial busca dar maior flexibilidade aos gestores e controlar os resultados. A segunda frase está relacionada com o modelo gerencial, pois é este que pressupõe uma sociedade em que cada pessoa busca maximizar seus interesses, com cenários incertos envolvendo conflitos e cooperação entre os indivíduos. O modelo burocrático tem uma visão mais determinista, que se baseia em um modelo de racionalidade absoluta. A terceira frase também está associada ao gerencialismo, pois este é mais focado no cliente/usuário dos serviços. Assim, o foco deve estar nos bens e serviços que são entregues e não na “máquina estatal”. Já a burocracia é autorreferenciada, voltada para dentro. Por este mesmo motivo, a quarta frase está associada ao modelo burocrático. Portanto, o gabarito é a letra D. 00000000000 19 - (ESAF – ANA – ANALISTA – 2009) Com a chegada da família real portuguesa, em 1808, o Brasil foi, em muito, beneficiado por D. João VI. Sobre a forma de administração pública vigente naquele período, pode-se afirmar corretamente que a coroa portuguesa exerceu uma administração pública: a) burocrática, pois, a despeito das inovações trazidas por D. João VI, ainda assim o aparelho do Estado funcionava como mera extensão do poder do soberano, não havendo diferenciação entre a res publica e a res principis. b) gerencial, com foco na racionalização e na qualidade dos serviços públicos prestados e tendo por objetivo primordial o desenvolvimento econômico e social de sua então colônia. Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 92 00000000000 - DEMO
  • 40. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 c) patrimonialista, pois, a despeito das inovações trazidas por D. João VI, ainda assim o aparelho do Estado funcionava como mera extensão do poder do soberano, não havendo diferenciação entre a res publica e a res principis. d) burocrática, com foco na racionalização e na qualidade dos serviços públicos prestados e tendo por objetivo primordial o desenvolvimento econômico e social de sua então colônia. e) patrimonialista, uma vez que, a fim de combater a corrupção, centrou suas ações na profissionalização e na hierarquia funcional dos quadros do aparelho do Estado, dotando-o de inúmeros controles administrativos. Pessoal, a fase do império é um exemplo clássico de administração patrimonialista no Brasil. Deste modo, a primeira alternativa está incorreta, pois o modelo de gestão não era o burocrático naquele momento. A letra A descreve corretamente o que ocorreu na época, mas trocou o patrimonialismo pelo modelo burocrático. A letra B também está errada, pois Dom João não tinha nenhum destes objetivos e tampouco existia o modelo gerencial naqueles tempos. Já a letra C está correta e é o nosso gabarito. Entretanto, na letra D a banca mais uma vez trouxe o modelo burocrático, que não foi adotado por Dom João. Na letra E, o problema é que o modelo patrimonial de Dom João não centrou esforços no combate da corrupção e nem profissionalizou sua máquina. Assim sendo, o gabarito é mesmo a letra C. 20 - (ESAF – CGU – AFC – 2004) Ao longo de sua história, a administração pública assume formatos diferentes, sendo os mais característicos o patrimonialista, o burocrático e o gerencial. Assinale a opção que indica corretamente a descrição das características da administração pública feita no texto a seguir. 00000000000 O governo caracteriza-se pela interpermeabilidade dos patrimônios público e privado, o nepotismo e o clientelismo. A partir dos processos de democratização, institui-se uma administração que usa, como instrumentos, os princípios de um serviço público profissional e de um sistema administrativo impessoal, formal e racional. a) Patrimonialista e gerencial b) Patrimonialista e burocrático c) Burocrático e gerencial d) Patrimonialista, burocrático e gerencial Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 92 00000000000 - DEMO
  • 41. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 e) Burocrático A primeira situação (nepotismo, clientelismo e interpermeabilidade dos patrimônios públicos e privados) é característica do modelo patrimonialista. Já o modelo que se baseia no tripé: impessoalidade, profissionalismo e racionalidade é a burocracia. O modelo gerencial também é racional e impessoal, mas a formalidade “mata” a charada, pois é característica do modelo burocrático. Portanto, o gabarito é a letra B. 21 - (CESPE – TRE-BA /ANAL JUD - ADMINISTRATIVA – 2010) A administração pública burocrática se alicerça em princípios como profissionalização, treinamento sistemático, impessoalidade e formalismo, que são abandonados à medida que a administração pública gerencial, calcada na eficiência e na eficácia, se sobrepõe ao modelo burocrático. O erro da questão é que nem todos estes princípios do modelo burocrático citados são abandonados pelo modelo gerencial, mas sim incorporados ao modelo gerencial. Portanto, o modelo gerencial é uma ruptura somente com alguns aspectos da burocracia (o formalismo, por exemplo), mas podemos dizer que “se apoia” em vários de seus princípios (profissionalização, meritocracia, etc.). Assim, o gabarito é questão errada. Continuando nossa aula, outro ponto trabalhado por Bresser é a noção de que se deve coibir uma forma de privatização do Estado, que ele chama de “Rent-seeking” (ou a busca pela renda/recurso, em tradução livre). O termo privatização não está sendo aqui usado com o significado de venda de empresas estatais, como é geralmente conhecido! A ideia é a de 00000000000 que o recurso público está se destinando a um interesse privado (interesses de grupos de pressão, de partidos etc.). Veja outro texto de Bresser abaixo: “A administração pública gerencial, por sua vez, assume que se deve combater o nepotismo e a corrupção, mas que, para isto, não são necessários procedimentos rígidos. Podem ter sido necessários quando dominavam os valores patrimonialistas; mas não o são hoje, quando já existe uma rejeição universal a que se confundam os patrimônios público e privado. Por outro lado, emergiram novas modalidades de apropriação da res publica pelo setor privado, que não podem ser evitadas pelo recurso aos métodos Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 92 00000000000 - DEMO
  • 42. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 burocráticos. Rent-seeking é quase sempre um modo mais sutil e sofisticado de privatizar o Estado e exige que se usem novas contra-estratégias. A administração gerencial — a descentralização, a delegação de autoridade e de responsabilidade ao gestor público, o rígido controle sobre o desempenho, aferido mediante indicadores acordados e definidos por contrato — além de ser uma forma muito mais eficiente para gerir o Estado, envolve estratégias muito mais efetivas na luta contra as novas modalidades de privatização do Estado.” Assim, o termo privatização é utilizado na frase não como venda regular de um patrimônio público à iniciativa privada, mas como o “parasitismo” do Estado, como o próprio Bresser define: “Rent-seeking é definido como a atividade de indivíduos e grupos de buscar “rendas” extra-mercado para si próprios através do controle do Estado.” A palavra tem origem na teoria econômica neoclássica, onde um dos sentidos da palavra “rent” é exatamente o ganho que não tem origem nem no trabalho, nem no capital. Este é o caso de grupos poderosos que se aproveitam de seu poder de influenciar o governo para receber recursos que não deveriam estar recebendo. Temos atualmente inúmeros casos de sindicatos, por exemplo, que recebem recursos públicos sem ter prestado nenhum serviço à sociedade, apenas por seu poder de ajudar ou atrapalhar o governante de ocasião! Desta forma, veja no quadro abaixo um resumo das principais características da Administração Gerencial: Cobrança de Resultados "a posteriori" 00000000000 Administração Gerencial Incentivo à Inovação e foco na qualidade Figura 6 - Características do modelo gerencial Maior Autonomia e Flexibilidade Descentralização e preocupação com os "clientes" Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 92 00000000000 - DEMO
  • 43. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 Outras características marcantes do novo modelo gerencial são: a demanda por maior autonomia aos gestores públicos (financeira, material e de recursos humanos), a definição clara de quais serão os objetivos que os gestores devem buscar, a descentralização administrativa, o incentivo à inovação, a maior flexibilidade, a preocupação com as necessidades dos “clientes”, o foco na qualidade dos serviços públicos e uma estrutura hierárquica mais achatada e flexível. O modelo de administração gerencial não surgiu “pronto”. Este teve uma evolução que podemos classificar em três momentos: inicia-se com o que chamamos de gerencialismo puro (ou managerialism), depois se volta para o “consumerism” e o PSO - “Public Service Orientation”. Como já vimos, as reformas administrativas implantadas nos países anglo-saxões a partir dos anos 70 do século passado, e depois disseminadas para os outros países, ficaram conhecidas pelo nome de Nova Gestão Pública (ou New Public Management – NPM). De acordo com Paula20: “a partir da década de 1970, a tentativa de adaptar e transferir os conhecimentos gerenciais desenvolvidos no setor privado para o setor público começou a se tornar preponderante, principalmente no Reino Unido e nos Estados Unidos. Esta visão alcançou o seu auge nos anos 1980 com a emergência da new public management ou nova administração pública.” Estas reformas foram causadas pelas crises fiscais destes países e geraram uma revisão do papel do Estado na economia e uma noção de que o atendimento aos cidadãos devia ser prestado com mais qualidade. Além disso, a definição e o controle de resultados, atrelados a mecanismos como os contratos de gestão, buscaram associar, à administração pública, um novo paradigma de gestão que viesse substituir o modelo burocrático. Assim, existiram três principais 00000000000 fases destas reformas: O Gerencialismo Puro, o Consumerism e o Public Service Orientation. Veja outra questão abaixo: 22 - (ESAF – RFB – AFRF – 2009) Considerando os modelos teóricos de Administração Pública, é incorreto afirmar que, em nosso país: a) o maior trunfo do gerencialismo foi fazer com que o modelo burocrático incorporasse valores de eficiência, eficácia e competitividade. 20 (Paula, 2005) Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 92 00000000000 - DEMO
  • 44. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 b) o patrimonialismo pré-burocrático ainda sobrevive, por meio das evidências de nepotismo, gerontocracia e designações para cargos públicos baseadas na lealdade política. c) a abordagem gerencial foi claramente inspirada na teoria administrativa moderna, trazendo, para os administradores públicos, a linguagem e as ferramentas da administração privada. d) no Núcleo Estratégico do Estado, a prevalência do modelo burocrático se justifica pela segurança que ele proporciona. e) tal como acontece com o modelo burocrático, o modelo gerencial adotado também se preocupa com a função controle. O erro da primeira questão está relacionado com a “ordem dos fatores”. O que ocorreu foi que o modelo gerencial incorporou características do modelo burocrático (como a noção de profissionalismo) e não que o modelo burocrático incorporou valores do modelo gerencial. As alternativas restantes estão corretas. Assim, o gabarito é mesmo a letra A. Gerencialismo Puro - Managerialism O primeiro impulso da Nova Gestão Pública (NPM) veio com o gerencialismo puro (ou managerialism – em inglês). De acordo com Abrucio21, a Inglaterra, no governo Thatcher em 1979, foi um dos primeiros países a adotar os conceitos do NPM. O contexto era de exaustão das finanças do Estado e de incapacidade do mesmo em atender a todas as demandas sociais que a sociedade cobrava. Neste primeiro momento, as primeiras ações buscaram reduzir custos e pessoal. O objetivo era devolver ao Estado a condição de investir 00000000000 através da redução de custos e do aumento da eficiência. Dentro deste prisma, estava toda uma estratégia de reposicionar o papel do Estado na sociedade, reduzindo o número de atividades que eram exercidas. O primeiro impulso deste modelo, portanto, foi na direção de melhorar as finanças e a produtividade dos órgãos públicos. A burocracia era vista como excessivamente rígida e centralizadora na época, tornando o Estado lento e pouco responsivo às demandas do meio externo. Além disso, acabou gerando uma mentalidade no setor 21 (Abrucio, 1997) Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 92 00000000000 - DEMO
  • 45. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 público de busca do cumprimento de regras e regulamentos, e não dos resultados. Dentre as iniciativas de Thatcher estavam: a privatização, a desregulamentação, a redução de cargos públicos, a definição clara dos objetivos de cada setor e outras com o intuito de reduzir os gastos. O movimento ficou conhecido como “rolling back the state”, algo como “retração da máquina estatal”. De acordo com Jenkins22: “Thatcher se comprometeu a mudar este modo de funcionamento do serviço público (centralização administrativa), aumentando a eficiência administrativa do Estado. Suas primeiras medidas foram reduzir o tamanho da máquina e o seu custo: a administração central passou de 700 mil para aproximadamente 600 mil funcionários. Em seguida, aprimorou o gerenciamento por meio das ações da Efficient Unit, que tinha como objetivo acompanhar as melhorias na administração do serviço público e executar avaliações do desempenho dos servidores.” Nesta visão, o cidadão é encarado pelo Estado como contribuinte (financiador do Estado), que deve ter seus recursos gastos de maneira mais consciente. ͻ Aumento da eficiência e redução de custos Alvo do Gerencialismo Puro Assim, foi implantada aos poucos uma administração voltada 00000000000 para os resultados, com uma maior flexibilidade e descentralização dos gestores públicos, em vista a um ganho esperado de eficiência, que ao final acabou ocorrendo – pelo menos na ótica do gasto público. Como falamos acima, o gerencialismo buscou aumentar a eficiência do setor público. Mas, após os primeiros resultados, viu-se que o setor público não deveria apenas se preocupar com a eficiência, mas principalmente com a efetividade. Vamos relembrar rapidamente estes conceitos? 22 (Jenkins, 1998) apud (Abrucio, 1997) Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 92 00000000000 - DEMO
  • 46. Administração Pública p/ Analista da DP-MT Teoria e Questões Comentadas Prof. Rodrigo Rennó - Aula 00 ͻ Fazer bem alguma tarefa ͻ Utilizar da melhor forma os recursos ͻ Relacionado ao modo, ao meio de se fazer Eficiência ͻ Fazer a coisa certa ͻ Atingir os resultados e metas ͻ Relacionado aos fins Eficácia ͻ Impacto das ações ͻMudar a realidade Efetividade Figura 7 - Eficiência, eficácia e efetividade Portanto, o gerencialismo puro buscava mais a eficiência, relacionada à gestão dos recursos, do que a efetividade – o efeito ou impacto na realidade social decorrentes das ações do governo. De acordo com Paula23, as características principais deste modelo foram:  Descentralização do aparelho de Estado, que separou as atividades de planejamento e execução do governo e transformou as políticas públicas em monopólio dos ministérios;  Privatização das estatais;  Terceirização dos serviços públicos;  Regulação estatal das atividades públicas conduzidas pelo setor privado; 00000000000  Uso de ideias e ferramentas gerenciais advindas do setor privado. 23 (Paula, 2005) Prof. Rodrigo Rennó www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 92 00000000000 - DEMO