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PROBABILIDADE ESTATÍSTICA 
V - Introdução 
Porque a estat íst ica é importante? 
Os métodos estat íst icos são usados hoje em quase todos os 
campos de invest igação cient ífica, já que eles capacitam-nos a 
responder a um vasto número de questões, tais como as listadas abaixo: 
1) Como os cient istas avaliam a validade de novas teorias? 
2) Como os pesquisadores médicos testam a eficiência de novas 
drogas ? 
3) Como os demógrafos prevêem o tamanho da população do 
mundo em qualquer tempo futuro? 
4) Como pode um economista verificar se a mudança atual no 
Índice de Preços ao Consumidor é a cont inuação de uma tendência 
secular, ou simplesmente um desvio aleatório? 
5) Como é possível para alguém predizer o resultado de uma 
eleição ent revistando apenas algumas centenas de eleitores? 
Estes são poucos exemplos nos quais a aplicação da estat íst ica é 
necessária. Podemos presumir que a matemát ica é uma das rainhas 
das ciências porque ela fornece a est rutura teórica para quase todas as 
out ras ciências. Se você já fez um curso básico de física, já está 
familiarizado com algumas das leis matemát icas que governam temas 
tão diversificados como gravidade, energia, luz, elet ricidade, etc. Mas 
também devemos considerar o fato de que as teorias matemát icas 
estão sendo desenvolvidas todos os dias em muitas áreas por estat íst icos 
teóricos - pessoas t reinadas em teoria estat íst ica e probabilidade. Para 
citar alguns poucos casos ilust rat ivos elas são desenvolvidas para teoria 
dos vôos espaciais em física; para teorias do conhecimento do 
comportamento animal e humano em psicologia; para teorias da 
migração e dos diferenciais de raça em sociologia; para teorias de 
epidemias em saúde pública. 
De fato, a estat íst ica tornou-se uma ferramenta cot idiana para 
todos os t ipos de profissionais que ent ram em contato com dados 
quant itat ivos ou t iram conclusões a part ir destes. 
A noção de “Estatística” foi originalmente derivada da mesma raiz 
da palavra “Estado”, já que foi a função t radicional de governos
cent rais no sent ido de armazenar regist ros da população, nascimentos 
e mortes, produção das lavouras, taxas e muitas out ras espécies de 
informação e at ividades. A contagem e mensuração dessas 
quant idades gera todos os t ipos de dados numéricos que são úteis para 
o desenvolvimento de muitos t ipos de funções governamentais e 
formulação de polít icas públicas. 
2 
Definição 
Estat íst ica é um conjunto de conceitos e métodos ut ilizados na 
recolha e interpretação de dados respeitantes a uma determinada 
área de invest igação, permint indo ainda, descrever e produzir situações 
em que, a variabilidade e a incerteza estão presentes. 
V.1 – População e Amostra 
Existem dois conceitos básicos em Estat íst ica: O conceito da 
população ou universo e o conceito de amost ra. 
População: é o conjunto de elementos com característ icas 
comuns no qual, se pretende estudar. Esses elementos podem ser 
pessoas, animais, plantas, explorações agrícolas, resultados 
esperimentados etx. 
Uma população pode ser finita ou infinita, pode ter um número 
elevado de elementos, por exemplo, todos formandos da Nexter Prime 
do curso de Gestão de Empresas, const ictuem uma população finita, 
enquanto a população de todo território angolano é infinita. 
Amostra: É o estudo feito sobre alguns elementos ret irados na 
população e que são efect ivamente observados. 
V.1.1 - Variável: A característ ica incomum que toma valores 
diferentes de elementos para elementos. 
Existem diversos t ipos de variáveis que serão ut ilizadas em um 
estudo estat íst ico. É importante compreender o conceito matemát ico 
de variável. 
Variável é uma abst ração que se refere a um determinado 
aspecto do fenómeno que está sendo estudado. Podemos afirmar que 
a quant idade colhida da safra anual de soja é uma variável. 
Representemos essa variável pela let ra X. Essa variável pode assumir 
diversos valores específicos, dependendo do anos de safra, por 
exemplo, X1986, X1990 e X1992. Esses valores que a variável assume em 
determinados anos não são a própria variável , mas valores assumidos 
por ela para determinados objetos ou pessoas da amost ra ou da 
população.
Se uma amost ra t iver 50 indivíduos podemos referimo-nos a X 
como sendo a variável nota de estat íst ica e a X30 como a nota de um 
indivíduo part icular, no caso o t rigésimo. 
É freqüente também na literatura ut ilizar-se let ras maiúsculas para 
a notação de variáveis e as correspondentes let ras minúsculas para 
referência aos valores part iculares assumidos por essa variável. 
Variáveis quantitativas - referem-se a quant idades e podem ser 
medidas em uma escala numérica. Exemplos: idade de pessoas, preço 
de produtos, peso de recém nascidos. 
As variáveis quant itat ivas subdividem-se em dois grupos: variáveis 
3 
quant itat ivas discretas e variáveis quant itat ivas cont ínuas. 
Variáveis discretas são aquelas que assumem apenas 
determinados valores tais como 0,1,2,3,4,5,6 dando saltos de 
descont inuidade ent re seus valores. Normalmente referem-se a 
contagens. Por exemplo: número de vendas diárias em uma empresa, 
número 9 de pessoas por família, quant idade de doentes por hospital. 
As variáveis quant itat ivas cont ínuas são aquelas cujos valores 
assumem uma faixa cont ínua e não apresentam saltos de 
descont inuidade. Exemplos dessas variáveis são o peso de pessoas, a 
renda familiar, o consumo mensal de energia elét rica, o preço de um 
produto agrícola. 
As variáveis quant itat ivas cont ínuas referem-se ao conjunto dos 
números reais ou a um de seus subconjuntos cont ínuos. 
Variáveis Qualitativas - referem-se a dados não numéricos. 
Exemplos dessas variáveis são o sexo das pessoas, a cor, o grau de 
inst rução. 
As variáveis qualitat ivas subdividem-se também em dois grupos: as 
variáveis qualitat ivas ordinais e as variáveis qualitat ivas nominais. 
As variáveis qualitat ivas ordinais são aquelas que definem um 
ordenamento ou uma hierarquia. Exemplos são o grau de inst rução, a 
classificação de um estudante no curso de estat íst ica, as posições das 
100 empresas mais lucrat ivas, etc. 
As variáveis qualitat ivas nominais por sua vez não definem 
qualquer ordenamento ou hierarquia. São exemplos destas a cor , o 
sexo, o local de nascimento, etc.
4 
V.1.2 – Amostragem aleatória simples 
Definição 
Amostragem é um processo de seleção para a obtenção de 
amost ras. 
As regras que determinam este processo, podem ser classificadas 
em duas categórias gerais: Probabilíst ica e não Probabilíst ica. 
Probabilística: São amost ras em que a seleção é aleatória de tal 
forma que, cada elemento da população tem a mesma chance de 
aparecer na dist ribuição. Neste caso, a probabilidade de cada 
elemento será de 1/N. 
Não Probabilística: São amost ras em que a escolha é deliberada 
dos elementos da amost ra. 
Amostragem aleatória simples: É o processo mais elementar e 
frequentemente ut ilizado. É equivalente a um sorteio lotérico, pode ser 
realizado numerando a população de 1 à n e sorteando-se por meio 
desta sequência corresponderão aos elementos pertencentes a 
amost ra. 
Ex: Obtemos uma amost ra de 10% representat ivo para a pesquisa 
de altura de 90 alunos de uma escola. 
1. Numerar os alunos de 1 à 90. 
2. Colocar todos os números numa urna. 
3. Misturar e ret irar 9 números que formarão a amost ra. 
V.1.3 – Métodos Estatísticos 
1. Colecta de dados 
É a Iª fase do método estat íst ico que deve ser feita, segundo 
preceitos muito rigorosos, tornando as maiores precauções, pois se assim 
não se fizer, os resultados finais poderão ser afectados por erros 
irremovíveis. Por muito perfeito que seja a técnica ut ilizada no 
t ratamento dos dados defeituosamente recolhidos, conduzem a 
resultados errados. 
2. Tratamento de dados 
Conciste na classificação, ordenação e contagem dos dados 
estat íst icos estat íst icos. No fundo, t rata-se de um t rabalho de 
simplificação tendente a evidenciar aspectos para melhor percepção 
ou compreensão dos fenómenos em estudo.
3. Apresentação dos resultados 
Procura-se simplificar os dados t ratados e dispô-los ao alcance de 
quem tenha de os ut ilizar. Normalmente os resultados são apresentados 
por meios de quadros, gráficos e diagramas. 
4. Interpretação dos dados 
É a últ ima fase do t rabalho Estat íst ico e conciste na leitura dos 
5 
dados apresentados. 
V.2 – Tabelas e Distribuições de Frequência 
A análise estat íst ica se inicia quando um conjunto conjunto de 
dados torna-se disponível de acordo com a definição do problema da 
pesquisa. Um conjunto de dados, seja de uma população ou de uma 
amost ra contem muitas vezes um número muito grande de valores. 
Além disso, esses valores, na sua forma bruta, encont ram-se muito 
desorganizados. Eles variam de um valor para out ro sem qualquer 
ordem ou padrão. Os dados precisam então ser organizados e 
apresentados em uma forma sistemát ica e sequencial por meio de uma 
tabela ou gráfico. Quando fazemos isso, as propriedades dos dados 
tornam-se mais aparentes e tornamo-nos capazes de determinar os 
métodos estat íst icos mais apropriados para serem aplicados no seu 
estudo. 
Suponhamos o seguinte conjunto de dados: 
14 12 13 11 12 13 
16 14 14 15 17 14 
11 13 14 15 13 12 
14 13 14 13 15 16 
12 12 
Para montarmos uma dist ribuição de frequências desses dados 
verificamos quais são os valores não repet idos que existem e em uma 
primeira coluna de uma tabela colocamos esses valores e na segunda 
coluna colocamos o número de repet ições de cada um desses valores. 
Para o exemplo acima, a dist ribuição de freqüências será : 
Variável Freqüência 
11 2 
12 5 
13 6 
14 7 
15 3 
16 2 
17 1
A frequência de uma observação é o número de repet ições 
dessa observação no conjunto de observações. A dist ribuição de 
frequência é uma função formada por pares de valores sendo que o 
primeiro é o valor da observação (ou valor da variável) e o segundo é o 
número de repet ições desse valor. 
6 
V.2.1 - Frequências Relativas e Acumuladas 
Para o exemplo acima também podemos calcular a frequência 
relat iva referente a cada valor observado da variável. A frequência 
relat iva é o valor da frequência absoluta dividido pelo número total de 
observações. 
Variável Frequência Absoluta Frequência relactiva 
11 2 0,0769 
12 5 0,1923 
13 6 0,2308 
14 7 0,2692 
15 3 0,1154 
16 2 0,0769 
17 1 0,0385 
TOTAL 26 1 
Podemos também calcular as frequências acumuladas. Nesse 
caso existem as freqüências absolutas acumuladas e as frequências 
relat ivas acumuladas 
Variável Frequência 
Absoluta 
Frequência 
relactiva 
Frequência 
Absoluta 
Acumulada 
Frequência 
relactiva 
Acumulada 
11 2 0,0769 
12 5 0,1923 
13 6 0,2308 
14 7 0,2692 
15 3 0,1154 
16 2 0,0769 
17 1 0,0385 
TOTAL 26 1 
V.2.2 - Histogramas 
Histograma é uma representação gráfica de uma tabela de 
dist ribuição de frequências. Desenhamos um par de eixos cartesianos e 
no eixo horizontal (abcissas) colocamos os valores da variável em 
estudo e no eixo vert ical (ordenadas) colocamos os valores das 
frequências. O histograma tanto pode ser representado para as 
frequências absolutas como para as frequências relat ivas.
No caso do exemplo anterior, o histograma seria: Desenhado 
7 
conforme dados da tabela, fica de seguinte forma. 
2 
5 
V.2.3 – Classes 
6 
7 
Definição: As classes ou intervalos de variação das variáveis são 
8 
7 
6 
5 
4 
3 
2 
1 
representadas pela let ra “ i ” ao número total de classes numa 
dist ribuição de frequência e é representado pela let ra K. 
V.2.4 – Amplitude de intervalo de classes (hi) 
É a diferença ent re o limite superior e o limite inferior: hi = Li – li 
Limites de classes: São os valores ext remos de cada classe. O 
menor número é o limite inferior (li) e o maior é o limite superior (Li). 
OBS: Numa dist ribuição de frequência o (hi) é igual a todas as 
classes. 
V.2.5 – Amplitude Total (AT) 
A amplitude total de uma dist ribuição de frequência é a 
diferença ent re o limite superior da últ ima classe e o limite inferior da 
primeira classe. AT = L – l 
Amplit ude Amost ral (AA): É a diferença ent re o valor máximo e o 
valor mínimo de uma amost ra. AA = Xi(max) – Xi(min) 
OBS: AT é sempre maior que AA. 
3 
2 
1 
0.07 0.19 0 0.23 0.26 0.11 0.07 0.03 
Frequência absoluta Frequência relactiva
V.2.6 – Etapas para elaboração de uma disribuição de frequência 
8 
1. Reagrupar os dados em ordem crescente; 
2. Determinar o Xi(max) e o Xi(min); 
3. Determinar a Amplitude amost ral (AA); 
4. Det erminar K=√n; 
5. Determinar hi=AA/K; 
6. Ident ificar o limite inferior li= Xi(min); 
V.2.7 – Ponto Médio 
Definição: O ponto médio é o ponto que divide o intervalo de 
classe em duas partes iguais. 
PMI = Li + li 
2 
V.3 – Medidas de Tendência Central 
Definição 
Uma medida de tendência cent ral é um valor calculado para um 
grupo ou uma dist ribuição de frequência e ut ilizado para descrever os 
dados observados. As mais importantes são: As médias, mediana, moda 
quart is, decis e percent is. 
Há vários t ipos de médias, sendo as mais importantes as seguintes: 
a média aritmét ica, geomét rica e harmónica. 
V.3.1 – Média aritmética 
É igual ao quoeficiente ent re a soma dos valores do conjunto (X1, 
X2, X3...Xn) e o número total dos valores (N). É representado pela let ra X. 
Casos de dados simples: Para determinar a média nestes casos, 
ut iliza-se a seguinte forma: X = x1 + x2 + x3...+ xn / n ou X = Σxi / N. 
Exercício 
Calcular a média aritmét ica dos valores seguintes 10, 14, 13, 15, 
18, 12, 16. 
Casos de dados repet idos: Se os números de x1, x2, x3...xn 
ocorrem de f1, f2, f3...fn então, a média aritmét ica será: 
X = (x1.f1) + (x2.f2) + (x3.f3)...+(xn.fn) / n
9 
ou 
X = Σxi.fi / N. 
Exercício 
Calcular a média aritmét ica dos valores acima. 
Caso de dados agrupados (Classes): Neste caso, a média será: 
X = (Pm1.f1) + (Pm2.f2) + (Pm3.f3)...+(Pmn.fn) / N 
ou 
X = ΣPmi.fi / N. 
Calcular conforme os dados do exercício já dado. 
V.3.2 – Média harmónica 
Definição: É o inverso da média aritmét ica dos valores da variável. 
As formulas deste t ipo de média depende muito dos t ipos de dados. 
Casos de dados simples: Xh = N / 1/x1 + 1/x2 + 1/x3 ... + 1/xn 
Ou Xh = N / Σ1/xi 
Ex: Calcular a média harmónica dos valores seguintes: 2, 4, 8. 
Casos de dados repet idos: Xh = N / (1/x1.f1) + (1/x2.f2) + (1/x3.f3) ... + 
(1/xn.fn). 
Ou Xh = N / Σ(1/xi.fi). 
Ex: Calcular a média harmónica dos seguintes valores: 2, 2, 4, 8, 4, 
2, 8. 
Casos de dados agrupados: X = N / (1/Pm1.f1) + (1/Pm2.f2) + 
(1/Pm3.f3)...+(1/Pmn.fn) 
ou 
X = N / Σ(1/Pmi.fi). 
Calcular conforme exercício de classe já dado.
10 
V.3.3 – Média Geométrica (Xg) 
Definição: A média geomét rica é a raiz n-ésima do produto de 
todos valores da variável. A sua fórmula depende dos t ipos de dados. 
Caso de dados simples 
Xg = n√x1*x2*x3...xn ou Xg = (x1*x2*x3...xn)¹/n 
Ex: Calcular a média geomét rica dos valores seguintes: 8, 2, 4. 
Caso de dados repet idos 
Xg = n√x1 * x2 * x3...xn 
Ex: Calcular a média geomét rica dos valores seguintes: 2, 2, 4, 8 5, 
4, 2. 
F1 F2 F3 Fn
11 
V.3.4 – Mediana (Md) 
Definição 
A mediana de um conjunto de números ordenados em ordem de 
grandeza, é o valor médio ou a média aritmét ica dos dois (2) valores 
cent rais. Em out ras palavras, a mediana pode ser definida como sendo 
o valor da variável em baixo ou em cima, no qual encont ra-se o mesmo 
número de observações. 
Número impar de dados 
1. Ordenar os dados em ordem crescente; 
2. Determinar a posição da mediana (N/2) + (1/2); 
3. Achar a mediana. 
Ex: Calcular a mediana dos valores seguintes 7, 5, 8, 4, 3, 2, 9. 
Número par de dados 
1. Ordenar os dados em ordem crescente; 
2. Achar a mediana; 
3. Achar o ponto médio ou média aritmét ica 
Ex: Calcular a mediana dos valores seguintes 7, 5, 8, 4, 3, 2, 9, 10. 
Caso de dados agrupados 
Para determinar a mediana no caso de dados agrupados, temos 
que proceder da seguinte forma: 
1. Calcular as frequências acumuladas (fa); 
2. Determinar a classe onde se encont ra a mediana, por isso, 
temos que marcar a classe correspondente a fa 
imediatamente superior a N/2. Tal classe será a classe 
mediana; 
3. Calcular a mediana aplicando uma das fórmulas: 
Md = Li – (Fa – N/2) * hi 
Fi
12 
Ou 
Md = li + (N/2 – Fa) * hi 
Fi 
Li = Limite superior da classe onde se encont ra a mediana. 
N = Tamanho da emost ra. 
Fa = Frequência acumulada da classe mediana. 
Li = Limite inferior da classe mediana. 
Fa = Frequência acumulada da classe, imediatamente inferior a 
classe mediana. 
Fi = Frequência absoluta da classe mediana. 
Hi = Amplitude de intervalo de classe. 
Ex: Calcular a mediana dos valores da tabela já dada. 
V.3.5 – Quartis 
Definição 
São medidas que dividem um conjunto de números em quat ro (4) 
partes iguais. 
Ex: 0% 25% 50% 75% 100% 
Q1: 1º Quart il – Deixa 25% dos elementos. 
Q2: 2º Quart il – Coincide com a mediana e deixa 50% dos 
elementos. 
Q3: 3º Quart il – Deixa 75% dos elementos. 
Para cálculo de dados agrupados usam-se as seguintes fórmulas: 
Q1 = li + (N/4 – Fa)*hi e Q2 = li + (N/2 – Fa)*hi 
Fi Fi
13 
Ou Q3 = li + (3N/4 – Fa)*hi 
Ex: Calcular os quart is dos valores da tabela já dada. 
V.3.6 – Decis 
Definição 
São valores que divedem um conjunto de números em 10 partes 
iguais. 
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 
i = 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9. 
Di = li + (iN/10 – Fa)*hi 
Ex: Calcular os decis dos valores acima. 
V.3.7 – Percentis 
Definição 
São valores que dividem um conjunto de números em 100 partes 
iguais. 
i = 1 à 99. 
Pi = li + (iN/100 – Fa)*hi 
Ex: Determinar o 4º decil e o 72º percent il da dist ribuição da 
tabela já dada. 
Fi 
Fi 
Fi
14 
V.3.8 – Moda 
Definição 
A moda é o valor que apresenta a maior frequência da variável 
ent re os valores observados. 
Caso de dados simples 
Neste caso, não existe um valor modal, o que significa que todos 
elementos da dist ribuição apresentam a mesma frequência absoluta. 
Esta dist ribuição é classificada como amodal. 
Caso de dados repet idos 
Neste caso, a moda pode ser determinada imediatamente 
observando o rol (organização dos dados em ordem crescente e 
decrescente). 
Ex: Determinar a moda dos seguintes valores: 
2, 2, 5, 7, 9, 9, 9, 10, 10. 
2, 3, 4, 4, 4, 5, 7, 9, 9, 9, 10, 11. 
Caso de dados agrupados 
Tratando-se de uma dist ribuição de valores agrupados em classes, 
primeiramente é necessário ident ificar a classe que apresenta a mior 
frequência (absoluta da classe modal), à seguir, a moda é calculada 
aplicando a seguinte fórmula: 
Mo = li + (fi - fia)*hi 
(fi – fia) + (fi – fip) 
Ex: Calcular a moda dos valores da tabela já dada.
15 
V.4 – Desvio-padrão (σ ou S) 
Definição 
É a medida de dispersão mais empregada no t rabalho 
experimental e nos estudos de pesquisa, pois leva em consideração a 
totalidade dos valores da variável em estudo. O desvio-padrão baseia-se 
nos desvios da média aritmét ica e sua fórmula básica pode ser 
t raduzida como: A raiz quadrada da média aritmét ica dos quadrados 
dos desvios. 
Caso de dados simples 
σ ou S = √Σ(Xi – X)² 
N 
Ex: Calcular o S dos seguintes valores: 6, 8, 10, 12, 14, 16. 
Caso de dados repet idos 
σ ou S = √Σ(Xi – X)² * fi 
N 
Ex: Calcular o S dos seguintes valores: 0, 0, 1, 1, 1, 1, 1, 1, 2, 2, 2, 2, 
2, 2, 2, 2, 2, 2, 2, 2, 3, 3, 3, 3, 3, 3, 3, 4, 4, 4. 
Caso de dados agrupados 
σ ou S = √Σ(Pmi – X)² * fi 
N 
Ex: Calcular a moda dos valores da tabela já dada. 
A Média Aritmética 
1) Ela é afetada por todas as observações e é influenciada pelas 
magnitudes absolutas dos valores ext remos na série de dados.
2) Ela é das t rês medidas de posição a que possibilita maiores 
16 
manipulações algébricas, dadas as característ icas de sua fórmula. 
3) Em amost ragem, a média é uma estat íst ica estável. Isso será 
aprofundado posteriormente. 
A Mediana 
1) Seu valor é afetado pelo número de observações e como elas 
estão dist ribuídas mas ela não é afetada pelos valores das observações 
ext remas. 
2) Sua fórmula não é passível de manipulação algébrica. 
3) Seu valor pode ser obt ido, como vimos, em dist ribuições, com 
limites superiores indeterminados para a sua últ ima classe. 
4) A mediana é a estat íst ica mais adequada para descrever 
observações que são ordenadas ao invés de medidas. 
A Moda 
1) A moda é o valor mais t ípico e representat ivo de uma 
dist ribuição. Ela representa o seu valor mais provável. 
2) Como a mediana, a moda também não é influenciada pelos 
valores ext remos da dist ribuição e não permite manipulações algébricas 
como a fórmula da média. 
Existem algumas relações ent re as diversas medidas de posição: 
1) Para qualquer série, exceto quando no caso de todas as 
observações coincidirem em um único valor, a média aritmét ica é 
sempre maior que a média geomét rica, a qual, por sua vez, é maior 
que a média harmônica. 
2) Para uma dist ribuição simét rica e unimodal, média = mediana = 
moda. 
3) Para uma dist ribuição posit ivamente assimét rica, média > 
mediana > moda. A distância ent re a mediana e a média é cerca de 
um terço da distância ent re a moda e a média. 
4) Para uma dist ribuição negat ivamente assimét rica, média < 
mediana < moda. A distância ent re a mediana e a média é cerca de 
um terço da distância ent re a moda e a média.
17 
VI. CONTABILIDADE 
VI.1 – Os limites da contabilidade geral ou financeira 
A contabilidade é um sistema normalizado de apreensão e 
t ratamento da informação apresentada em termos monetários. 
O object ivo da conatbilidade financeira é dar uma imagem fiel 
do pat rimónio da empresa, da situação financeira e do resultado da 
empresa. 
Durante o exercício, a contabilidade financeira regista: 
- As variações operadas na composição do pat rimónio da 
empresa; 
- As causas da variação do pat rimonio empresarial. 
No final do exercício apresenta: 
- A situação global pat rimonial da empresa; 
- O valor dos resultados parciais (operacional, financeiro, corrente, 
ext raordinário, antes de impostos) e do resultado líquido apurado no 
exercício. 
A contabilidade financeira most ra, de uma maneira sintét ica, 
como foi obt ido o resultado da empresa, no período, recorrendo, para 
o efeito, à diferença ent re os proveitos e os custos classificados por 
natureza (classes 7 e 6 do PGC). 
Com efeito, a contabilidade financeira toma, como base, os 
custos e perdas resultantes: 
- do consumo de matérias-primas; 
- de out ros fornecimentos e serviços externos (água, luz, 
honorários, despesas de representação, etc.); 
- do pessoal ao seu serviço; 
- da depreciação do equipamento e maquinaria ao serviço da 
empresa; 
- das provisões criadas no exercício; 
- das operações que, pela sua natureza, apresentam carácter 
ext raordinário.
Os proveitos por natureza são os que resultam, 
18 
fundamentalmente, da venda de produtos ou prestação de serviços. 
Apesar das informações que a contabilidade financeira fornece 
serem bastantes úteis, são insuficientes para uma completa 
compreensão da sua act ividade, pois a contabilidade financeira: 
- deve sujeitar-se as regras de avaliação e registo, muitas das 
quais lhe são impostas pela própria Administ ração Cent ral; 
- ut iliza dados históricos; 
- afasta-se, por vezes da realidade económica por razões jurídicas 
e/ou fiscais; 
- considera fenómenos empresariais no momento da sua 
verificação e não no momento da sua ut ilização. 
É necessário, pois, um inst rumento contabilíst ico suscept ível de 
esclarecer as condições de funcionamento interno da empresa: esse 
inst rumento é a contabilidade analít ica de exploração. 
VI.2 – Objectivos da contabilidade analítica de 
exploração 
Como vimos acima, a contabilidade financeira dá-nos a 
conhecer, de forma sintét ica, a situação pat rimonial da empresa. A 
ut ilização de uma contabilidade analít ica permite à empresa completar 
as informações fornecidas pela contabilidade financeria, já que: 
- analisa e explica, com mais pormenor, as componentes que 
cont ribuem para a formação do resultado; 
- mede com exact idão a rentabilidade dos factores de 
produção; 
- fixa responsabilidades aos diferentes agentes de cada uma das 
secções da empresa; 
- elabora estudos previsionais que, comparados com a realidade, 
permitem a análise de desvios de correcção das polít icas de actuação 
da empresa. 
Em suma, pode dizer-se que, com a contabilidade analít ica, se 
pretendem at ingir t rês grandes object ivos:
19 
1 – Calcular custos (preços de custo). 
Internamente procura: 
- calcular o custo pelo qual lhe fica bem adquirido ou fabricado; 
- determinar o valor das existências em mercadorias, matérias e 
produtos fabricados; 
- determinar o resultado analít ico por produtos, grupos de 
produtos, secções ou divisões da empresa. 
Em relação ao exterior permite: 
- a determinação da posição da empresa face à concorrência; 
- o cálculo de preços de venda mais seguros graças ao 
conhecimento correcto dos preços de custo. 
2 – Controlar custos 
Para cont rolar custos, a empresa é dividida em cent ros de 
act ividade (aprovisionamento, produção, vendas, etc.). Cada cent ro 
tem à frente um responsável que assegura a sua gestão. 
Compete ao responsável de cada cent ro executar ou fazer 
executar, com meios que foram postos à disposição do cent ro e 
segundo as inst ruções recebidas, diversas tarefas que se enquadram no 
programa geral delineado pela empresa. 
Estes cent ros de act ividade const ictuem um cent ro de custos. A 
divisão da empresa nestes cent ros de custo permite: 
- apreciar de modo autónomo as polít icas de aprovisionamento, 
de produção, de comercialização, administ rat ivas e financeiras da 
empresa; 
- detectar pontos fracos e fortes no processo produt ivo da 
empresa; 
- colocar em andamento polít icas de aceleração ou de redução 
de custos; 
- estabelecer previsões mais precisas devido à existência de 
responsáveis, colocados em pontos-chaves da empresa, contactando 
de perto com a realidade circundante. 
3 – Ajudar na tomada de decisões 
Uma empresa que ut iliza contabilidade analít ica pode tomar 
decisões fundamentais, viradas para o futuro, para a acção. Enquanto 
a contabilidade financeira regista factos passados, históricos, a 
conatbilidade analít ica procura projectar a empresa no futuro,
baseando-se, para o efeito, no caudal de informações que, quer a 
contabilidade financeira, quer out ras fontes de informação, lhe 
forneceram. 
Assim, a contabilidade analít ica serve para calcular: 
- custos dos produtos e custos por funções (aprovisionamento, 
20 
produção, vendas, administ rat ivos e financeiros); 
- custos dos meios de produção, como, por exemplo, o custo de 
uma cozinha; 
- custos de act ividade, como o custo das mercadorias 
exportadas; 
- custos por responsável. 
Mas para além de estudar custos já constatados, permite a 
determinação de custos preestabelecidos, isto é, custos que só se 
efect ivarão no futuro. A determinação de custos preestabelecidos 
permit irá ainda à empresa analisar desvios ent re o que se previa e o 
que na realidade se passou. 
VI.3 – Custos 
VI.3.1 – Custos Fixos 
São também designados de custos constantes, custos rígidos, 
custos est ruturais ou custos de marcha em vazio. 
São custos que a empresa tem que suportar quer produza ou não, 
pois são custos que se suportam independentemente das quant idades 
produzidas. 
Ex: rendas dos estabelecimentos fabris e comerciais, seguro 
cont ra incêndios, ordenados dos gerentes e out ros funcionários e as 
amort izações dos equipamentos. 
VI.3.2 – Custos vavriáveis 
Como o nome indica, aumentam com as quant idades 
produzidas. São exemplos as matérias consumidas, o consumo de água 
e energia eléct rica e a mão-de-obra paga à peça. 
Os custos variáveis podem ser proporcionais, progressivos e 
degressivos. 
Um custo variável diz-se proporcional quando aumenta na razão 
directa das quant idades produzidas, sendo, portanto, constante por 
unidade (kvp).
Dizem-se progressivos quando crescem mais rapidamente que as 
21 
(kvpr) quant idades produzidas. 
Os custos variáveis dizem-se degressivos quando aumentam mais 
lentamente que as quant idades produzidas (kvd). 
O custo variável unitário otém-se dividindo o custo variável global 
de determinado período pelas quant idades produzidas nesse mesmo 
período. Como at rás se afirmou, o custo variável proporcional é 
constante por unidade. 
VI.4 – O ponto crítico das vendas 
A determinação do valor dos custos fixos e variáveis suportados 
por uma empresa num determinado exercício é de fundamental 
importância para a determinação do ponto crít ico de vendas, ou seja, 
para a determinação do momento a part ir do qual a empresa deixa de 
ter prejuízos para passar a ter lucros, isto é, o ponto crít ico permite a 
informação do momento em que a empresa obtém proveitos 
suficientes para cobrir a totalidade dos seus custos. 
A deteminação é, ainda, importante porque, se a empresa não 
at ingir durante determinado exercício económico, apresentará, como 
resultado da sua exploração, um prejuízo. 
A determinação do ponto crít ico pode ser feita de diferentes 
maneiras. Apresentam-se duas por serem as mais usais. 
1 – Dedução matemática 
Como no ponto crít ico a empresa não tem lucro nem prejuízo, 
verifica-se a seguinte igualdade: 
V = cv * q + kf 
Onde: 
V – vendas no ponto crít ico 
Cv – custo variável unitário 
Q – quant idades vendidas 
Kf – custos fixos no período 
Mas, como o valor das vendas obtém-se mult iplicando o volume 
de vendasd (q) pelo preço unitário de vendas (p). 
V = q * p 
Tem-se: 
p * q = cv * q + kf
22 
p * q – cv x q = kf 
e q = kf / p – cv 
2 – Dedução 
Pode ser resolvido do seguinte modo: 
31/12 
1.Volume de vendas 200.000,00 
2.Custo variável 120.000,00 
3.Margem s/o custo variável (1-2) 80.000,00 
4.Custo fixo 60.000,00 
5.Resultado líquido (3-4) 20.000,00 
Determinação do ponto crít ico 
Vendas Margem 
s/kv 
200.000,00 80.000,00 
X 60.000,00 
Assim, o volume de vendas no ponto crít ico será at ingido quando 
a margem sobre o custo variável for igual ao valor dos custos fixos, pois 
só nesse momento o resultado será nulo. 
Vendas = 200.000,00 * 60.000,00 / 80.000,00 = 150.000,00 kzs 
ATT: Existe uma terceira forma, que é at ravés da representaçãoi 
gráfica, pelos valores no eixo do Y e quant idade no eixo do X. 
Contudo, a determinação de vendas permite ao gestor a 
obtenção de preciosas informações, sobretudo no que respeita à 
noção de risco ligado à act ividade empresarial e à act ividade de 
exploração empresarial. O gestor tem possibilidades de comparar o 
volume de produção orçamentado com o valor real obt ido no ponto 
crít ico e, desta forma, o lucro real com o orçamentado. 
De notar, ainda, que out ra das grandes vantagens deste 
inst rumneto de gestão reside na sua simplicidade. 
VI.5 – Análise económica e financeira 
Desde a década de 80, são frequentes as fusões de empresas, as 
ofertas públicas de compra, de venda e de t roca. É necessário 
conhecer novos produtos financeiros com a finalidade da eventual 
criação e gestão de uma carteira de t ítulos. A internacionalização da
act ividade económica obriga a função financeira a considerar 
problemas de câmbio, exposição ou cobertura de risco de câmbio, 
meios de pagamento e financiamentos internacionais, decisões de 
invest imento. 
O desenvolvimento de meios informát icos torna o processo de 
tomada de decisões mais seguro e eficaz, ligando a empresa a out ras 
do grupo, a praças financeiras internacionais, pesquisando 
oportunidades de financiamento e aplicações a prazo. 
Em resumo, podemos diqer que a função financeira engloba: 
- Tarefas ligadas à aquisição e gestão de act ivos corpóreos, 
23 
incorpóreos ou financeiros. 
- Tarefas ligadas à obtenção de capitais necessários ao 
desenvolvimento da empresa. 
- Tarefas ligadas ao cont rolo da ut ilização dos fundos dent ro da 
empresa. 
A função financeira tem como meta a realização dos object ivos 
da empresa. A maximização dos lucros foi, durante muito tempo, 
considerada o principal object ivo da empresa. Hoje, este object ivo é 
substoctuido pelo object ivo de maximização do valor da empresa. 
Interessa aos proprietários das empresas, que visam o aumento de valor 
do seu invest imento, ter em conta a incerteza, o risco e o tempo. 
Tradicionalmente, podem-se considerar na função financeira t rês 
vertenes: 
 Análise da Estrutura Empresarial – verificar se as massas 
pat rimoniais se encont ram correctamente dist ribuídas. 
 Análise da Liquidez – averiguar em que medida a empresa 
dispões de meios financeiros adequados às necessidades, 
de modo a poder funcionar com estabilidade, ou seja, 
com independência perante terceiros. 
 Análise da Rendibilidade – capacidade da empresa para 
gerar fluxos financeiros posit ivos (lucros). 
E numa perspect iva mais recente: 
 Análise de Risco – variabilidade destes fluxos financeiros no 
futuro. 
Compete a função financeira gerir o fluxo de fundos que, em 
cada momento se encont ram à disposição da empresa, embora a 
natureza dos problemas que uma empresa enfrenta não seja 
exclusivamente financeira.
Contudo, o conteito de valor de uma empresa vai mais além do 
que a análise da sua situação financeira, pois tem a ver com a noção 
da vantagem compet it iva, que assenta principalmente, nos seus 
produtos, nos recursos humanos que emprega, na tecnologia que ut iliza, 
no mercado que domina. É assim, o esforço combinado de todos os 
departamentos da empresa, orientados pela est ratégia imprimida pelos 
seus dirigentes. 
Ter fluxos financeiros posit ivos (lucros) é condição indispensável ao 
funcionamento de uma empresa, mas não é suficiente à sua 
sobrevivência e desenvolvimento. 
24 
VI.5.1 – A organização da função financeira 
A organização da função financeira varia consoante a dimensão 
da empresa. 
Numa PME, é frequente a existência de um serviço de 
conatbilidade dest inado a recolher e processar informações 
contabilíst icas e a gerir disponibilidades. É um serviço de apoio ao 
director da empresa que exerce a função financeira. 
Quando a dimensão da empresa aumenta, o director vai 
delegando parte dos seus poderes e a área financeira torna-se, 
geralmente ,autónoma e com importância igual à de out ras áreas. 
Exemplo: 
Direcção 
Direcção de 
Produção 
Direcção 
Comercial 
Direcção 
Financeira 
Na grande empresa, a função financeira está enquadrada 
geralmente de forma diversa, devido à relação da empresa com out ras 
empresas do mesmo ou de out ro grupo, da necessidade de 
planificação a mais longo prazo, do próprio âmbito, muitas vezes 
mult inacional, em que a empresa t rabalha, do volume de fluxos 
financeiros e da ut ilização de inst rumentos financeiros cada vez mais 
sofist icados. Assim, hoje em dia, podem considerar-se numa empresa:
- Órgãos de informação – Serviços de contabilidade, jurídico e 
25 
fiscal. 
- Órgãos de gestão – Tesouraria, planificação, invest imentos. 
- Órgãos de cont rolo – Cont rolo de gestão, auditoria. 
Contudo, a função financeira assume aspectos diferentes dent ro 
das empresas, tendendo para complexidade à medida que a 
dimensão das empresas aumenta. É uma área em permanente 
evolução e exige uma atenção constante das oportunidades que o 
mercado nacional e internacional oferece, de modo a const ruir-se uma 
imagem favorável da empresa. 
VI.5.1 – O papel da análise económica e financeira na gestão 
A análise financeira, como campo autónomo, procura, a part ir do 
exame de documentos conatbilíst icos.financeiros históricos, analisar a 
evolução da situação financeira da emoresa com ao object ivo de 
detectar tendências futuras, t rata-se de um conjunto de técnicas 
aplicadas não só, por observadores externos (Bancos, Estado, futuros 
invest idores, etc.), mas também no interior da própria empresa, pelos 
gestores integrados na área do Cont rolo de Gestão, no sent ido de 
analisar crit icamente o desempenho da empresa e propôr medidas 
correct ivas para o futuro. 
A análise financeira é muitas vezes, feita de acordo com os 
object ivos das ent idades que se relacionam cim a emoresa. Assim: 
 Ao pequeno accionista só interessa o seu dividendo. 
 O grande accionista estará disposto a sacrificar lucros no 
presente para obter maiores lucros no futuro. 
 Ao fisco interessará a formação e o valor dos resultados. 
 Aos fornecedores interessa saber se a emrpesa cont inua a 
ter capacidades de solver os seus compromissos. 
 Aos clientes que dependem intensamente dos produtos da 
empresa interessa analisar se a empresa está 
financeiramente qualificada, se poderá haver rupturas de 
fornecimento, se os prazos que lhe são concedidos 
correspondem ou não aos prazos médios de recebimentos 
da empresa, ect . 
 Aos bancos interessará efectuar uma análise mais 
profunda, em função dos prazos e montante de crédito já 
concedido ou a conceder. 
 Aos t rabalhadores interessará analisar a estabilidade da 
empresa, as suas perspect ivas de crescimento e possíveis 
critérios ut ilizados na dist ribuição dos resultados.
 Ao Estado interessa analisar a empresa, pela possibilidade 
que esta lhe dá de cont ribuir para a resolução dos 
problemas nacionais: deficit orçamental, deficit da 
balança de pagamentos, desemprego, assimet rias 
regionais, etc. 
Para se at ingir estes object ivos o analista deverá socorrer-se de 
documentos contabilíst icos (balanço, demonst ração de resultados, 
mapa de origem e aplicação de fundos, relatório do conselho de 
adminsit ração e relatório e parecer do conselho fiscal) e 
ext racontabilíst icos (indust ria em que a empresa está inserida, posição 
concorrencial da empresa dent ro dessa indúst ria e sua vantagem 
compet it iva, os seus produtos e as suas condições de financimento 
interno). 
26 
VI.5.2 – Os Rácios da Análise Patrimonial 
Os Rácios de Indicadores const ictuem a técnica mais ut ilizada em 
Análise Financeira. São comuns os rácios ut ilizados por cent rais de 
balanços de inst ictuições de crédito (banca e out ros) e por revistas da 
especialidade e empresas que fornecem informações de índole 
comercial e financeira. 
De todos os métodos de análise, este é o mais fácil de const ruir, o 
mais prát ico e o mais rico em conclusões, já que permite: 
- Obter informações sintét icas; 
- Comparar 
 Valores assumidos no tempo pelo mesmo indicador; 
 Valores respeitantes à empresa com valores padrão a nível 
sectorial e nacional. 
Apesar de inegáveis vantagens, há que tomar algumas 
precauções na const rução dos rácios/indicadores: 
- O quadro de rácios / indicadores deverá ser limitado mais 
significat ico; 
- Deverão ser ut ilizados rácios / indicadores homogéneos; 
- As act ividades das empresas em confronto deverão ser 
comparadas. 
Não podemos esquecer também as limitações de uma análise 
que se basie somente em rácios. São um simples inst rumentos, 
quant ificam factos, apontam indícios e detectam anomalias, mas não 
explicam as causas. São como um diagnóst ico, que não dispensa a
apreciação do analista financeiro. Acresce que um rácio só tem 
significado quando comparado no tempo com valores assumidos pelo 
mesmo rácio, com out ros rácios ou com rácios t ipo do mesmo sector de 
act ividade. 
27 
VI.5.2.1 – Tipos de Rácios 
VI.5.2.1.1 - Rácios de estrutura 
Os rácios de est rutura medem a capacidade da empresa em 
solver os seus compromissos a médio e longo prazo. Comparam os 
fundos fornecidos pelos accionistas (capitais próprios) com os fundos 
obt idos junto dos credores (capitais alheios). 
De ent re os rácios de est rutura há a considerar: 
- Rácio de solvabilidade 
A existência da solvabilidade depende: 
- do grau de cobertura do Act ivo por Capitais Próprios. 
- da capacidade da empresa em gerar lucros. 
Rácio de Solvabilidade = Capitais Próprios / Passivo Total * 100 
Quanto maior o valor deste rácio, melhor a empresa responde 
aos seus compromissos, mantendo uma certa autonomia financeira. Se 
o rácio for inferior a 1, a empresa tem que ser capaz de gerar lucros 
para sat isfazer as suas obrigações para com terceiros nos prazos 
previstos, ou, em alternat iva, os seus accionistas têm que injectar 
capitais na empresa. 
- Rácio de autonomia financeira 
Indica-nos, por cada $ 100,00 aplicados na empresa, quantos são 
próprios e quantos são alheios. Ou seja, mede a part icipação do capital 
próprio no financiamento da empresa. 
Rácio de autonomia financeira = Capitais Próprios / Activo Líquido 
* 100 
Este indicador varia ent re 0 e 1. Zero é a total dependência de 
terceiros; um é a autonomia total, a empresa não recorre a qualquer 
capital alheio. Ora, nem um ext remo, nem out ro. O endividamento junto 
de terceiros, permite o efeito da alavanca financeira, no caso de os 
capitais obt idos (alheios) por emprést imos renderem a uma taxa de 
lucro superior à taxa de juro do emprést imo. Neste caso, a taxa de 
rentabilidade dos capitais próprios aumenta com o endividamento.
- Rácio de endividamente 
Trata-se de um indicador complementar do anterior, já que a 
28 
soma dos dois valores é igual a 1. 
Rácio de endividamento = Passivo / Activo Líquido * 100 
VI.5.2.1.2 - Rácios de liquidez 
Medem a capacidade da empresa para fazer parte face às suas 
obrigações a curto prazo. Permitem, verificar se a empresa tem ou não 
capacidade para pagar as suas dívidas na data do seu vencimento. 
Normalmente o gestor recorre aos seguintes indicadores: 
- Liquidez geral 
Liquidez geral = Activo Circulante / Passivo a curto prazo 
Se o valor apurado for mairo que 1, a empresa pode ut ilizar act ivo 
líquidos para liquidar dívidas a menos de 1 ano. 
Costuma dizer-se que quanto maior for o indicador, melhor. No 
entanto, não é exactamente assim, porque um valor elevado pode 
significar: 
1 – Bastantes stcoks inúteis no armazém. 
2 – Um valor bastante elevado de dívidas por parte dos clientes. 
3 – Grandes disponibilidades em caixa ou em bancos. 
Assim, apesar de se indicar um valor ideal, acima de 2, para 
empresas bem geridas, valores ent re 1,2 e 1,4 são ideais. 
- Liquidez reduzida 
Liquidez reduzida = Activo Circulante – Existências / Passivo a 
Curto Prazo 
Este indicador diz-nos qual o peso dos stocks na est rutura da 
empresa. Se houver uma diferença exagerada ent re o valor da Liquidez 
Geral e o valor da Liquidez Reduzida, devemos acautelar-nos, pois tal 
facto, poderá significar que a empresa está a produzir para o armazém 
e não para o mercado, est ando a criar st ocks “mort os”, que pesam 
bastante em termos de custos para a empresa.
29 
VI.5.2.1.3 - Rácios de rantabilidade e rácios de actividade 
A rentabilidade (rendibilidade) tem a ver com a apt idão da 
empresa para produzir fluxos financeiros posit ivos (lucros). De um modo 
gerla, os rácios de rantabilidade relacionam o Resultado (lucro ou 
prejuízo) com os capitais que o segregaram. 
Os rácio de act ividade medem a eficiência das decisões da 
gestão da empresa sobre os recursos que dispõe. Apuram-se em termos 
de rotação ou em dias de funcionamento. Devem ut ilizar-se os valores 
médios do balanço, de forma a não serem afectados por valores 
acidentais em determinada data do balanço. 
Os principais rácios de rentabilidade e de act ividade encont ram-se 
inter-relacionados naquilo a que t radicionalmente se chama 
“pirâmide de rácios”. 
Activo Total / 
Capitais Prórpios 
- Rentabilidade dos capitais próprios 
Relaciona o lucro que a emrpresa obteve em determinado 
exercício face aos capitais próprios de que dispunha. 
A sua fórmula é: 
Rentabilidade do capital próprio = Resultado Líquido / capital 
próprio (em valor médio) * 100 
Resultado 
Líquido / 
Capitais Próprios 
* 100 
Resultado 
Líquido / Activo 
Total 
Resultado 
Líquido / Vendas 
Vendas / Activo 
Total 
Vendas / Activo 
Fixo 
Vendas / Activo 
Circulante 
Custo das 
Vendas / saldo 
médio de 
existências 
Vendas+Prestaç 
ão de serviços / 
saldo médio de 
clinetes
É o rácio preferido por accionistas e invest idores. Permite ao 
accionista calcular a taxa de retorno dos capitais que invest iu. 
Comparando esta taxa com as remunerações oferecidas no mercado 
de capitais ou com o custo do financiamento, os detentores das 
acções das empresas podem concluir se o seu capital está a ser bem 
aplicado. 
Em relação a este rácio podem tecer-se algumas considerações: 
1. Considera-se como valor razoável para rentabilidade do 
capital invest ido, um valor pelo menos igual a taxa de 
remuneração dos depósitos a prazo. 
2. Devemos considerar os lucros antes ou depois dos impostos 
que incidem sobre os lucros? Se nos colocarmos no ponto de 
vista da empresa, deveremos considerar o lucro antes dos 
impostos, pois assim determina-se a rentabilidade obt ida como 
consequência da act ividade própria da empresa; se nos 
colocarmos no ponto de vista do invest idor, deveremos 
considerar o lucro depois de deduzidos os impostos e os juros 
com que se remunerou o capital alheio ut ilizado por forma a 
determinar-se a rendibilidade líquida. 
No entanto, este rácio é afectado pela polít ica de financiamento 
de cada empresa. Daí que, para avaliar a rentabilidade do Act ivo, que 
é um rácio de avaliação do desempenho dos capitais totais invest idos 
na empresa, independentemente de serem próprios ou alheios, se 
determine: 
30 
- Rentabilidade do Activo Total 
Rentabilidade do Activo Total = Resultado Líquido / Activo líquido 
(em valor médio) * 100 
Que most ra o nível de lucro que a empresa obteve por cada $ 
100,00 invest idos. 
De notar que o Act ivo a considerar é o Act ivo Líquido, ou seja, o 
Act ivo Bruto depois de deduzidas amort izações e provisões. 
Se este indicador já é importante porque permite analisar a 
qualidade com que a gestão de fundos foi efectuada, é igualmente 
importante pois é a part ir dele que se deduz a Equação Fundamental 
da Rantabilidade: 
Lucro/Activo Total = Lucro/Vendas * Vendas/Activo Total
Assim, a rentabilidade de todos os capitais invest idos na empresa, 
depende, por um lado, do lucro obt ido por cada kwanza vendido, e 
por out ro, do número de kwanzas vendidos por cada kwanza vendido. 
O que quer dizer que a variação da rentabilidade total de uma 
empresa se pode dever, ou à alteração nas margens de lucro obt idas 
nas vendas, ou à alteração do número de rotações do act ivo da 
empresa, ou ambas. 
31 
Então, a equação fundamental referida desdobra-se em: 
- Rentabilidade Líquida das Vendas 
Rentabilidade Líquida das Vendas = Resultado Líquido / Vendas * 
100 
Mede o lucro (prejuízo) da empresa por cada kwanza invest ido. 
Trata-se de um indicador fundamental já que o seu valor depende de 
dois factores: o factor comercial e o factor indust rial. Na verdade, a 
rentabilidade das vendas melhora se a empresa mant iver o preço de 
custo e aumentar o preço de venda (factor comercial); mas a 
rentabilidade também nelhora se mant iver o preço de venda e se 
reduzir o custo unitário (factor indust rial). 
- Rotação do Activo total 
Rotação do activo total = vendas / activo total (em valor médio) 
Mede o grau de ut ilização dos act ivos. 
Um valor elevado significará que, provavelmente, a empresa está 
a t rabalhar perto do limite da sua capacidade; um valor baixo pode 
significar subut ilização dos recursos. Indica, pois, qual a eficiência com 
que a empresa conseguiu gerir o act ivo que lhe foi colocado à 
disposição. 
- Rotação do Activo fixo 
Rotação do activo fixo = Vendas / activo fixo 
Quando a situação piora ligeiramente de um período para o 
seguinte, t rata-se de uma baixa taxa de rotação do act ivo fixo. É um 
rácio que é difícil modificar de um período para o seguinte, pois é 
impossível, na maioria dos casos, conseguir adaptações a curto prazo, 
dos invest imentos fixos sem causar prejuízos à empresa. São, pois, os 
bens do capital circulante aqueles que se devem vigiar mais perto para 
efeitos de rentabilidade.
32 
- Rotação do Activo circulante 
Rotação do activo circulante = Vendas / activo circulante 
Caso a situação melhora de um período para o out ro, ao 
cont rário do que se viu na rotação do act ivo fixo, afirma-se que se a 
empresa manter a sua margem de cont ribuição, será um dos factores 
que conduzirão à melhoria do lucro obt ido pela empresa num dado 
perído. 
Como se sabe, as duas principais componentes do act ivo 
circulante são os stocks e os clientes, pelo que se deve fazer uma 
análise de ambas pelo cálculo do tempo médio de permanência dos 
stocks em armzém e o tempo médio de cobrança das dívidas dos 
clientes. 
- Tempo médio de duração das existências 
Tempo médio de duração das existências = Existências (valor 
médio Ei + Ef/2) / Custo das mercadorias vendidas e matérias 
consumidas 
Este rácio pode ser desdobrado consoante a natureza das 
existências (por exemplo, matérias, produtos acabados, etc). Se, por 
hipótese, o tempo médio de duração de determinada mercadoria é de 
20 dias, isso significa que o stock se renova 365/20, isto é, cerca de 18 
vezes por ano. 
- Tempo médio de cobrança 
Tempo médio de cobrança = saldo médio de clientes / vendas + 
prestações de serviços * 365 
Este indicador permite verificar qual é, em média, o número de 
dias que a empresa demora a receber dos seus clientes, isto é, mede o 
espaço de tempo que separa a venda do seu recebimento. Este 
diferencial é que origina a necessidade de financiamento da 
exploração. Um valor elevado deste rácio pode indicar ineficiência do 
departamento de cobranças ou falta de poder negocial da empresa 
perante os seus clientes. Ao saldo médio de clientes deverá 
acrescentar-se as let ras descontadas e não vencidas. Geralmente não 
se inclui os créditos de cobrança duvidosa para não falsear a análise. 
Int imamente relacionado com o tempo médio de cobrança está 
o tempo médio de pagamentos que deve ser superior ao tempo médio 
de cobrabça, pois só assim, a empresa estará a ser financiada por 
fornecedores e não a financiar clientes.
33 
- Tempo médio de pagamento 
Tempo médio de pagamento = Saldo médio de fornecedores / 
Compras * 365 
Existem muitos rácios que podem ser calculados. Estes são, no 
entanto, os mais frequentemente ut ilizados. 
VI.5.2.2 – O Cash flow 
A expressão cash flow é uma expressão muito usada 
int ernacionalment e e que, em port uguês, se poderá t raduzir em “fluxo 
de liquidez”. 
O Cash flow em termos dinâmicos representa a corrente de 
ent radas e saídas de dinheiro, resultante de operações directamente 
relaccionadas, não só como ciclo de exploração (cash flow 
operacional), mas também com o ciclo de invest imento ou 
financimento (cash flow ext ra-operacional). Um cash flow operacional 
elevado é geralmente indicador de um bom desempenho da empresa. 
Há alguma dificuldade em reconst ituir o cash flow em termos 
dinâmicos. É por isso que se arranjou um processo mais rápido e 
expedito, mas menos preciso, de calcular o cash flow. É o cash flow em 
termos estát icos. 
Nesta acepção, o cash flow é visto como o conjunto de meios 
libertos pela act ividade da empresa. 
Se analisarmos, sintet icamente uma Demonst ração dos 
Resultados Líquidos, verificamos que: 
Custo Merc. Vend. 
Forne. Sev. Externos 
Impstos 
Custos c/Pessoal 
Imp. s/Rendimento 
Vendas 
Prest . Serviços 
Amort . Ex. 
Prov. Ex. 
Result . Líq. 
Saídas da 
tesouraria 
S 
a 
í 
d 
a 
s 
Com os meios libertos, a empresa paga os dividendos, adquire 
novas imobilizações, reembolsa os emprést imos, ect . 
O Cash flow, nesta perspect iva, calcula-se a part ir de um único 
documento: a Demonst ração de Resultados Líquidos. 
Entradas na tesouraria E 
n 
t 
r 
a 
d 
a 
s 
Não origina 
movimentos 
de tesouraria
34 
Resultados antes do impostos 
+ Amort izações 
+ Provisões 
____________________________ 
= CASH FLOW BRUTO 
- Imposto sobre o rendimento 
____________________________ 
= CASH FLOW LÍQUIDO 
VI.5.2.3 – O Autofinanciamento 
Sabemos que o financiamneto de uma empresa é assegurado 
por capitais próprios (capital social inicial, aumentos de capital, lucros 
ret idos ou reservas) e por capitais alheios (emprést imos ou diferimentos 
de pagamentos). O financiamento é pois uma fonte de liquidez da 
empresa, mas não é a única. A empresa obtém meios líquidos at ravés 
das t ransformações internas que se processam no seu act ivo no decurso 
da sua act ividade. 
Chama-se AUTOFINANCIAMENTO à parte do financimento obt ido 
como resultado da própria act ividade da empresa. Corresponde aos 
lucros reais ret idos, quer pela sua não dist ribuição, quer pela sua 
ocultação (reservas ocultas). 
Nem sempre disposmos dos elementos que nos permitem calcular 
o autofinanciamento de acordo com a definição acima. Nesse caso: 
Resultados antes do impostos 
- Imposto s/ o rendimento 
- Dividendos a pagar 
____________________________ 
= AUTOFINANCIAMENTO 
+ Amort izações 
+ Provisões 
+ Dividendos a pagar 
____________________________ 
= CASH FLOW LÍQUIDO 
- Imposto s/ o rendimento 
____________________________ 
= CASH FLOW BRUTO

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  • 1. 1 PROBABILIDADE ESTATÍSTICA V - Introdução Porque a estat íst ica é importante? Os métodos estat íst icos são usados hoje em quase todos os campos de invest igação cient ífica, já que eles capacitam-nos a responder a um vasto número de questões, tais como as listadas abaixo: 1) Como os cient istas avaliam a validade de novas teorias? 2) Como os pesquisadores médicos testam a eficiência de novas drogas ? 3) Como os demógrafos prevêem o tamanho da população do mundo em qualquer tempo futuro? 4) Como pode um economista verificar se a mudança atual no Índice de Preços ao Consumidor é a cont inuação de uma tendência secular, ou simplesmente um desvio aleatório? 5) Como é possível para alguém predizer o resultado de uma eleição ent revistando apenas algumas centenas de eleitores? Estes são poucos exemplos nos quais a aplicação da estat íst ica é necessária. Podemos presumir que a matemát ica é uma das rainhas das ciências porque ela fornece a est rutura teórica para quase todas as out ras ciências. Se você já fez um curso básico de física, já está familiarizado com algumas das leis matemát icas que governam temas tão diversificados como gravidade, energia, luz, elet ricidade, etc. Mas também devemos considerar o fato de que as teorias matemát icas estão sendo desenvolvidas todos os dias em muitas áreas por estat íst icos teóricos - pessoas t reinadas em teoria estat íst ica e probabilidade. Para citar alguns poucos casos ilust rat ivos elas são desenvolvidas para teoria dos vôos espaciais em física; para teorias do conhecimento do comportamento animal e humano em psicologia; para teorias da migração e dos diferenciais de raça em sociologia; para teorias de epidemias em saúde pública. De fato, a estat íst ica tornou-se uma ferramenta cot idiana para todos os t ipos de profissionais que ent ram em contato com dados quant itat ivos ou t iram conclusões a part ir destes. A noção de “Estatística” foi originalmente derivada da mesma raiz da palavra “Estado”, já que foi a função t radicional de governos
  • 2. cent rais no sent ido de armazenar regist ros da população, nascimentos e mortes, produção das lavouras, taxas e muitas out ras espécies de informação e at ividades. A contagem e mensuração dessas quant idades gera todos os t ipos de dados numéricos que são úteis para o desenvolvimento de muitos t ipos de funções governamentais e formulação de polít icas públicas. 2 Definição Estat íst ica é um conjunto de conceitos e métodos ut ilizados na recolha e interpretação de dados respeitantes a uma determinada área de invest igação, permint indo ainda, descrever e produzir situações em que, a variabilidade e a incerteza estão presentes. V.1 – População e Amostra Existem dois conceitos básicos em Estat íst ica: O conceito da população ou universo e o conceito de amost ra. População: é o conjunto de elementos com característ icas comuns no qual, se pretende estudar. Esses elementos podem ser pessoas, animais, plantas, explorações agrícolas, resultados esperimentados etx. Uma população pode ser finita ou infinita, pode ter um número elevado de elementos, por exemplo, todos formandos da Nexter Prime do curso de Gestão de Empresas, const ictuem uma população finita, enquanto a população de todo território angolano é infinita. Amostra: É o estudo feito sobre alguns elementos ret irados na população e que são efect ivamente observados. V.1.1 - Variável: A característ ica incomum que toma valores diferentes de elementos para elementos. Existem diversos t ipos de variáveis que serão ut ilizadas em um estudo estat íst ico. É importante compreender o conceito matemát ico de variável. Variável é uma abst ração que se refere a um determinado aspecto do fenómeno que está sendo estudado. Podemos afirmar que a quant idade colhida da safra anual de soja é uma variável. Representemos essa variável pela let ra X. Essa variável pode assumir diversos valores específicos, dependendo do anos de safra, por exemplo, X1986, X1990 e X1992. Esses valores que a variável assume em determinados anos não são a própria variável , mas valores assumidos por ela para determinados objetos ou pessoas da amost ra ou da população.
  • 3. Se uma amost ra t iver 50 indivíduos podemos referimo-nos a X como sendo a variável nota de estat íst ica e a X30 como a nota de um indivíduo part icular, no caso o t rigésimo. É freqüente também na literatura ut ilizar-se let ras maiúsculas para a notação de variáveis e as correspondentes let ras minúsculas para referência aos valores part iculares assumidos por essa variável. Variáveis quantitativas - referem-se a quant idades e podem ser medidas em uma escala numérica. Exemplos: idade de pessoas, preço de produtos, peso de recém nascidos. As variáveis quant itat ivas subdividem-se em dois grupos: variáveis 3 quant itat ivas discretas e variáveis quant itat ivas cont ínuas. Variáveis discretas são aquelas que assumem apenas determinados valores tais como 0,1,2,3,4,5,6 dando saltos de descont inuidade ent re seus valores. Normalmente referem-se a contagens. Por exemplo: número de vendas diárias em uma empresa, número 9 de pessoas por família, quant idade de doentes por hospital. As variáveis quant itat ivas cont ínuas são aquelas cujos valores assumem uma faixa cont ínua e não apresentam saltos de descont inuidade. Exemplos dessas variáveis são o peso de pessoas, a renda familiar, o consumo mensal de energia elét rica, o preço de um produto agrícola. As variáveis quant itat ivas cont ínuas referem-se ao conjunto dos números reais ou a um de seus subconjuntos cont ínuos. Variáveis Qualitativas - referem-se a dados não numéricos. Exemplos dessas variáveis são o sexo das pessoas, a cor, o grau de inst rução. As variáveis qualitat ivas subdividem-se também em dois grupos: as variáveis qualitat ivas ordinais e as variáveis qualitat ivas nominais. As variáveis qualitat ivas ordinais são aquelas que definem um ordenamento ou uma hierarquia. Exemplos são o grau de inst rução, a classificação de um estudante no curso de estat íst ica, as posições das 100 empresas mais lucrat ivas, etc. As variáveis qualitat ivas nominais por sua vez não definem qualquer ordenamento ou hierarquia. São exemplos destas a cor , o sexo, o local de nascimento, etc.
  • 4. 4 V.1.2 – Amostragem aleatória simples Definição Amostragem é um processo de seleção para a obtenção de amost ras. As regras que determinam este processo, podem ser classificadas em duas categórias gerais: Probabilíst ica e não Probabilíst ica. Probabilística: São amost ras em que a seleção é aleatória de tal forma que, cada elemento da população tem a mesma chance de aparecer na dist ribuição. Neste caso, a probabilidade de cada elemento será de 1/N. Não Probabilística: São amost ras em que a escolha é deliberada dos elementos da amost ra. Amostragem aleatória simples: É o processo mais elementar e frequentemente ut ilizado. É equivalente a um sorteio lotérico, pode ser realizado numerando a população de 1 à n e sorteando-se por meio desta sequência corresponderão aos elementos pertencentes a amost ra. Ex: Obtemos uma amost ra de 10% representat ivo para a pesquisa de altura de 90 alunos de uma escola. 1. Numerar os alunos de 1 à 90. 2. Colocar todos os números numa urna. 3. Misturar e ret irar 9 números que formarão a amost ra. V.1.3 – Métodos Estatísticos 1. Colecta de dados É a Iª fase do método estat íst ico que deve ser feita, segundo preceitos muito rigorosos, tornando as maiores precauções, pois se assim não se fizer, os resultados finais poderão ser afectados por erros irremovíveis. Por muito perfeito que seja a técnica ut ilizada no t ratamento dos dados defeituosamente recolhidos, conduzem a resultados errados. 2. Tratamento de dados Conciste na classificação, ordenação e contagem dos dados estat íst icos estat íst icos. No fundo, t rata-se de um t rabalho de simplificação tendente a evidenciar aspectos para melhor percepção ou compreensão dos fenómenos em estudo.
  • 5. 3. Apresentação dos resultados Procura-se simplificar os dados t ratados e dispô-los ao alcance de quem tenha de os ut ilizar. Normalmente os resultados são apresentados por meios de quadros, gráficos e diagramas. 4. Interpretação dos dados É a últ ima fase do t rabalho Estat íst ico e conciste na leitura dos 5 dados apresentados. V.2 – Tabelas e Distribuições de Frequência A análise estat íst ica se inicia quando um conjunto conjunto de dados torna-se disponível de acordo com a definição do problema da pesquisa. Um conjunto de dados, seja de uma população ou de uma amost ra contem muitas vezes um número muito grande de valores. Além disso, esses valores, na sua forma bruta, encont ram-se muito desorganizados. Eles variam de um valor para out ro sem qualquer ordem ou padrão. Os dados precisam então ser organizados e apresentados em uma forma sistemát ica e sequencial por meio de uma tabela ou gráfico. Quando fazemos isso, as propriedades dos dados tornam-se mais aparentes e tornamo-nos capazes de determinar os métodos estat íst icos mais apropriados para serem aplicados no seu estudo. Suponhamos o seguinte conjunto de dados: 14 12 13 11 12 13 16 14 14 15 17 14 11 13 14 15 13 12 14 13 14 13 15 16 12 12 Para montarmos uma dist ribuição de frequências desses dados verificamos quais são os valores não repet idos que existem e em uma primeira coluna de uma tabela colocamos esses valores e na segunda coluna colocamos o número de repet ições de cada um desses valores. Para o exemplo acima, a dist ribuição de freqüências será : Variável Freqüência 11 2 12 5 13 6 14 7 15 3 16 2 17 1
  • 6. A frequência de uma observação é o número de repet ições dessa observação no conjunto de observações. A dist ribuição de frequência é uma função formada por pares de valores sendo que o primeiro é o valor da observação (ou valor da variável) e o segundo é o número de repet ições desse valor. 6 V.2.1 - Frequências Relativas e Acumuladas Para o exemplo acima também podemos calcular a frequência relat iva referente a cada valor observado da variável. A frequência relat iva é o valor da frequência absoluta dividido pelo número total de observações. Variável Frequência Absoluta Frequência relactiva 11 2 0,0769 12 5 0,1923 13 6 0,2308 14 7 0,2692 15 3 0,1154 16 2 0,0769 17 1 0,0385 TOTAL 26 1 Podemos também calcular as frequências acumuladas. Nesse caso existem as freqüências absolutas acumuladas e as frequências relat ivas acumuladas Variável Frequência Absoluta Frequência relactiva Frequência Absoluta Acumulada Frequência relactiva Acumulada 11 2 0,0769 12 5 0,1923 13 6 0,2308 14 7 0,2692 15 3 0,1154 16 2 0,0769 17 1 0,0385 TOTAL 26 1 V.2.2 - Histogramas Histograma é uma representação gráfica de uma tabela de dist ribuição de frequências. Desenhamos um par de eixos cartesianos e no eixo horizontal (abcissas) colocamos os valores da variável em estudo e no eixo vert ical (ordenadas) colocamos os valores das frequências. O histograma tanto pode ser representado para as frequências absolutas como para as frequências relat ivas.
  • 7. No caso do exemplo anterior, o histograma seria: Desenhado 7 conforme dados da tabela, fica de seguinte forma. 2 5 V.2.3 – Classes 6 7 Definição: As classes ou intervalos de variação das variáveis são 8 7 6 5 4 3 2 1 representadas pela let ra “ i ” ao número total de classes numa dist ribuição de frequência e é representado pela let ra K. V.2.4 – Amplitude de intervalo de classes (hi) É a diferença ent re o limite superior e o limite inferior: hi = Li – li Limites de classes: São os valores ext remos de cada classe. O menor número é o limite inferior (li) e o maior é o limite superior (Li). OBS: Numa dist ribuição de frequência o (hi) é igual a todas as classes. V.2.5 – Amplitude Total (AT) A amplitude total de uma dist ribuição de frequência é a diferença ent re o limite superior da últ ima classe e o limite inferior da primeira classe. AT = L – l Amplit ude Amost ral (AA): É a diferença ent re o valor máximo e o valor mínimo de uma amost ra. AA = Xi(max) – Xi(min) OBS: AT é sempre maior que AA. 3 2 1 0.07 0.19 0 0.23 0.26 0.11 0.07 0.03 Frequência absoluta Frequência relactiva
  • 8. V.2.6 – Etapas para elaboração de uma disribuição de frequência 8 1. Reagrupar os dados em ordem crescente; 2. Determinar o Xi(max) e o Xi(min); 3. Determinar a Amplitude amost ral (AA); 4. Det erminar K=√n; 5. Determinar hi=AA/K; 6. Ident ificar o limite inferior li= Xi(min); V.2.7 – Ponto Médio Definição: O ponto médio é o ponto que divide o intervalo de classe em duas partes iguais. PMI = Li + li 2 V.3 – Medidas de Tendência Central Definição Uma medida de tendência cent ral é um valor calculado para um grupo ou uma dist ribuição de frequência e ut ilizado para descrever os dados observados. As mais importantes são: As médias, mediana, moda quart is, decis e percent is. Há vários t ipos de médias, sendo as mais importantes as seguintes: a média aritmét ica, geomét rica e harmónica. V.3.1 – Média aritmética É igual ao quoeficiente ent re a soma dos valores do conjunto (X1, X2, X3...Xn) e o número total dos valores (N). É representado pela let ra X. Casos de dados simples: Para determinar a média nestes casos, ut iliza-se a seguinte forma: X = x1 + x2 + x3...+ xn / n ou X = Σxi / N. Exercício Calcular a média aritmét ica dos valores seguintes 10, 14, 13, 15, 18, 12, 16. Casos de dados repet idos: Se os números de x1, x2, x3...xn ocorrem de f1, f2, f3...fn então, a média aritmét ica será: X = (x1.f1) + (x2.f2) + (x3.f3)...+(xn.fn) / n
  • 9. 9 ou X = Σxi.fi / N. Exercício Calcular a média aritmét ica dos valores acima. Caso de dados agrupados (Classes): Neste caso, a média será: X = (Pm1.f1) + (Pm2.f2) + (Pm3.f3)...+(Pmn.fn) / N ou X = ΣPmi.fi / N. Calcular conforme os dados do exercício já dado. V.3.2 – Média harmónica Definição: É o inverso da média aritmét ica dos valores da variável. As formulas deste t ipo de média depende muito dos t ipos de dados. Casos de dados simples: Xh = N / 1/x1 + 1/x2 + 1/x3 ... + 1/xn Ou Xh = N / Σ1/xi Ex: Calcular a média harmónica dos valores seguintes: 2, 4, 8. Casos de dados repet idos: Xh = N / (1/x1.f1) + (1/x2.f2) + (1/x3.f3) ... + (1/xn.fn). Ou Xh = N / Σ(1/xi.fi). Ex: Calcular a média harmónica dos seguintes valores: 2, 2, 4, 8, 4, 2, 8. Casos de dados agrupados: X = N / (1/Pm1.f1) + (1/Pm2.f2) + (1/Pm3.f3)...+(1/Pmn.fn) ou X = N / Σ(1/Pmi.fi). Calcular conforme exercício de classe já dado.
  • 10. 10 V.3.3 – Média Geométrica (Xg) Definição: A média geomét rica é a raiz n-ésima do produto de todos valores da variável. A sua fórmula depende dos t ipos de dados. Caso de dados simples Xg = n√x1*x2*x3...xn ou Xg = (x1*x2*x3...xn)¹/n Ex: Calcular a média geomét rica dos valores seguintes: 8, 2, 4. Caso de dados repet idos Xg = n√x1 * x2 * x3...xn Ex: Calcular a média geomét rica dos valores seguintes: 2, 2, 4, 8 5, 4, 2. F1 F2 F3 Fn
  • 11. 11 V.3.4 – Mediana (Md) Definição A mediana de um conjunto de números ordenados em ordem de grandeza, é o valor médio ou a média aritmét ica dos dois (2) valores cent rais. Em out ras palavras, a mediana pode ser definida como sendo o valor da variável em baixo ou em cima, no qual encont ra-se o mesmo número de observações. Número impar de dados 1. Ordenar os dados em ordem crescente; 2. Determinar a posição da mediana (N/2) + (1/2); 3. Achar a mediana. Ex: Calcular a mediana dos valores seguintes 7, 5, 8, 4, 3, 2, 9. Número par de dados 1. Ordenar os dados em ordem crescente; 2. Achar a mediana; 3. Achar o ponto médio ou média aritmét ica Ex: Calcular a mediana dos valores seguintes 7, 5, 8, 4, 3, 2, 9, 10. Caso de dados agrupados Para determinar a mediana no caso de dados agrupados, temos que proceder da seguinte forma: 1. Calcular as frequências acumuladas (fa); 2. Determinar a classe onde se encont ra a mediana, por isso, temos que marcar a classe correspondente a fa imediatamente superior a N/2. Tal classe será a classe mediana; 3. Calcular a mediana aplicando uma das fórmulas: Md = Li – (Fa – N/2) * hi Fi
  • 12. 12 Ou Md = li + (N/2 – Fa) * hi Fi Li = Limite superior da classe onde se encont ra a mediana. N = Tamanho da emost ra. Fa = Frequência acumulada da classe mediana. Li = Limite inferior da classe mediana. Fa = Frequência acumulada da classe, imediatamente inferior a classe mediana. Fi = Frequência absoluta da classe mediana. Hi = Amplitude de intervalo de classe. Ex: Calcular a mediana dos valores da tabela já dada. V.3.5 – Quartis Definição São medidas que dividem um conjunto de números em quat ro (4) partes iguais. Ex: 0% 25% 50% 75% 100% Q1: 1º Quart il – Deixa 25% dos elementos. Q2: 2º Quart il – Coincide com a mediana e deixa 50% dos elementos. Q3: 3º Quart il – Deixa 75% dos elementos. Para cálculo de dados agrupados usam-se as seguintes fórmulas: Q1 = li + (N/4 – Fa)*hi e Q2 = li + (N/2 – Fa)*hi Fi Fi
  • 13. 13 Ou Q3 = li + (3N/4 – Fa)*hi Ex: Calcular os quart is dos valores da tabela já dada. V.3.6 – Decis Definição São valores que divedem um conjunto de números em 10 partes iguais. 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% i = 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9. Di = li + (iN/10 – Fa)*hi Ex: Calcular os decis dos valores acima. V.3.7 – Percentis Definição São valores que dividem um conjunto de números em 100 partes iguais. i = 1 à 99. Pi = li + (iN/100 – Fa)*hi Ex: Determinar o 4º decil e o 72º percent il da dist ribuição da tabela já dada. Fi Fi Fi
  • 14. 14 V.3.8 – Moda Definição A moda é o valor que apresenta a maior frequência da variável ent re os valores observados. Caso de dados simples Neste caso, não existe um valor modal, o que significa que todos elementos da dist ribuição apresentam a mesma frequência absoluta. Esta dist ribuição é classificada como amodal. Caso de dados repet idos Neste caso, a moda pode ser determinada imediatamente observando o rol (organização dos dados em ordem crescente e decrescente). Ex: Determinar a moda dos seguintes valores: 2, 2, 5, 7, 9, 9, 9, 10, 10. 2, 3, 4, 4, 4, 5, 7, 9, 9, 9, 10, 11. Caso de dados agrupados Tratando-se de uma dist ribuição de valores agrupados em classes, primeiramente é necessário ident ificar a classe que apresenta a mior frequência (absoluta da classe modal), à seguir, a moda é calculada aplicando a seguinte fórmula: Mo = li + (fi - fia)*hi (fi – fia) + (fi – fip) Ex: Calcular a moda dos valores da tabela já dada.
  • 15. 15 V.4 – Desvio-padrão (σ ou S) Definição É a medida de dispersão mais empregada no t rabalho experimental e nos estudos de pesquisa, pois leva em consideração a totalidade dos valores da variável em estudo. O desvio-padrão baseia-se nos desvios da média aritmét ica e sua fórmula básica pode ser t raduzida como: A raiz quadrada da média aritmét ica dos quadrados dos desvios. Caso de dados simples σ ou S = √Σ(Xi – X)² N Ex: Calcular o S dos seguintes valores: 6, 8, 10, 12, 14, 16. Caso de dados repet idos σ ou S = √Σ(Xi – X)² * fi N Ex: Calcular o S dos seguintes valores: 0, 0, 1, 1, 1, 1, 1, 1, 2, 2, 2, 2, 2, 2, 2, 2, 2, 2, 2, 2, 3, 3, 3, 3, 3, 3, 3, 4, 4, 4. Caso de dados agrupados σ ou S = √Σ(Pmi – X)² * fi N Ex: Calcular a moda dos valores da tabela já dada. A Média Aritmética 1) Ela é afetada por todas as observações e é influenciada pelas magnitudes absolutas dos valores ext remos na série de dados.
  • 16. 2) Ela é das t rês medidas de posição a que possibilita maiores 16 manipulações algébricas, dadas as característ icas de sua fórmula. 3) Em amost ragem, a média é uma estat íst ica estável. Isso será aprofundado posteriormente. A Mediana 1) Seu valor é afetado pelo número de observações e como elas estão dist ribuídas mas ela não é afetada pelos valores das observações ext remas. 2) Sua fórmula não é passível de manipulação algébrica. 3) Seu valor pode ser obt ido, como vimos, em dist ribuições, com limites superiores indeterminados para a sua últ ima classe. 4) A mediana é a estat íst ica mais adequada para descrever observações que são ordenadas ao invés de medidas. A Moda 1) A moda é o valor mais t ípico e representat ivo de uma dist ribuição. Ela representa o seu valor mais provável. 2) Como a mediana, a moda também não é influenciada pelos valores ext remos da dist ribuição e não permite manipulações algébricas como a fórmula da média. Existem algumas relações ent re as diversas medidas de posição: 1) Para qualquer série, exceto quando no caso de todas as observações coincidirem em um único valor, a média aritmét ica é sempre maior que a média geomét rica, a qual, por sua vez, é maior que a média harmônica. 2) Para uma dist ribuição simét rica e unimodal, média = mediana = moda. 3) Para uma dist ribuição posit ivamente assimét rica, média > mediana > moda. A distância ent re a mediana e a média é cerca de um terço da distância ent re a moda e a média. 4) Para uma dist ribuição negat ivamente assimét rica, média < mediana < moda. A distância ent re a mediana e a média é cerca de um terço da distância ent re a moda e a média.
  • 17. 17 VI. CONTABILIDADE VI.1 – Os limites da contabilidade geral ou financeira A contabilidade é um sistema normalizado de apreensão e t ratamento da informação apresentada em termos monetários. O object ivo da conatbilidade financeira é dar uma imagem fiel do pat rimónio da empresa, da situação financeira e do resultado da empresa. Durante o exercício, a contabilidade financeira regista: - As variações operadas na composição do pat rimónio da empresa; - As causas da variação do pat rimonio empresarial. No final do exercício apresenta: - A situação global pat rimonial da empresa; - O valor dos resultados parciais (operacional, financeiro, corrente, ext raordinário, antes de impostos) e do resultado líquido apurado no exercício. A contabilidade financeira most ra, de uma maneira sintét ica, como foi obt ido o resultado da empresa, no período, recorrendo, para o efeito, à diferença ent re os proveitos e os custos classificados por natureza (classes 7 e 6 do PGC). Com efeito, a contabilidade financeira toma, como base, os custos e perdas resultantes: - do consumo de matérias-primas; - de out ros fornecimentos e serviços externos (água, luz, honorários, despesas de representação, etc.); - do pessoal ao seu serviço; - da depreciação do equipamento e maquinaria ao serviço da empresa; - das provisões criadas no exercício; - das operações que, pela sua natureza, apresentam carácter ext raordinário.
  • 18. Os proveitos por natureza são os que resultam, 18 fundamentalmente, da venda de produtos ou prestação de serviços. Apesar das informações que a contabilidade financeira fornece serem bastantes úteis, são insuficientes para uma completa compreensão da sua act ividade, pois a contabilidade financeira: - deve sujeitar-se as regras de avaliação e registo, muitas das quais lhe são impostas pela própria Administ ração Cent ral; - ut iliza dados históricos; - afasta-se, por vezes da realidade económica por razões jurídicas e/ou fiscais; - considera fenómenos empresariais no momento da sua verificação e não no momento da sua ut ilização. É necessário, pois, um inst rumento contabilíst ico suscept ível de esclarecer as condições de funcionamento interno da empresa: esse inst rumento é a contabilidade analít ica de exploração. VI.2 – Objectivos da contabilidade analítica de exploração Como vimos acima, a contabilidade financeira dá-nos a conhecer, de forma sintét ica, a situação pat rimonial da empresa. A ut ilização de uma contabilidade analít ica permite à empresa completar as informações fornecidas pela contabilidade financeria, já que: - analisa e explica, com mais pormenor, as componentes que cont ribuem para a formação do resultado; - mede com exact idão a rentabilidade dos factores de produção; - fixa responsabilidades aos diferentes agentes de cada uma das secções da empresa; - elabora estudos previsionais que, comparados com a realidade, permitem a análise de desvios de correcção das polít icas de actuação da empresa. Em suma, pode dizer-se que, com a contabilidade analít ica, se pretendem at ingir t rês grandes object ivos:
  • 19. 19 1 – Calcular custos (preços de custo). Internamente procura: - calcular o custo pelo qual lhe fica bem adquirido ou fabricado; - determinar o valor das existências em mercadorias, matérias e produtos fabricados; - determinar o resultado analít ico por produtos, grupos de produtos, secções ou divisões da empresa. Em relação ao exterior permite: - a determinação da posição da empresa face à concorrência; - o cálculo de preços de venda mais seguros graças ao conhecimento correcto dos preços de custo. 2 – Controlar custos Para cont rolar custos, a empresa é dividida em cent ros de act ividade (aprovisionamento, produção, vendas, etc.). Cada cent ro tem à frente um responsável que assegura a sua gestão. Compete ao responsável de cada cent ro executar ou fazer executar, com meios que foram postos à disposição do cent ro e segundo as inst ruções recebidas, diversas tarefas que se enquadram no programa geral delineado pela empresa. Estes cent ros de act ividade const ictuem um cent ro de custos. A divisão da empresa nestes cent ros de custo permite: - apreciar de modo autónomo as polít icas de aprovisionamento, de produção, de comercialização, administ rat ivas e financeiras da empresa; - detectar pontos fracos e fortes no processo produt ivo da empresa; - colocar em andamento polít icas de aceleração ou de redução de custos; - estabelecer previsões mais precisas devido à existência de responsáveis, colocados em pontos-chaves da empresa, contactando de perto com a realidade circundante. 3 – Ajudar na tomada de decisões Uma empresa que ut iliza contabilidade analít ica pode tomar decisões fundamentais, viradas para o futuro, para a acção. Enquanto a contabilidade financeira regista factos passados, históricos, a conatbilidade analít ica procura projectar a empresa no futuro,
  • 20. baseando-se, para o efeito, no caudal de informações que, quer a contabilidade financeira, quer out ras fontes de informação, lhe forneceram. Assim, a contabilidade analít ica serve para calcular: - custos dos produtos e custos por funções (aprovisionamento, 20 produção, vendas, administ rat ivos e financeiros); - custos dos meios de produção, como, por exemplo, o custo de uma cozinha; - custos de act ividade, como o custo das mercadorias exportadas; - custos por responsável. Mas para além de estudar custos já constatados, permite a determinação de custos preestabelecidos, isto é, custos que só se efect ivarão no futuro. A determinação de custos preestabelecidos permit irá ainda à empresa analisar desvios ent re o que se previa e o que na realidade se passou. VI.3 – Custos VI.3.1 – Custos Fixos São também designados de custos constantes, custos rígidos, custos est ruturais ou custos de marcha em vazio. São custos que a empresa tem que suportar quer produza ou não, pois são custos que se suportam independentemente das quant idades produzidas. Ex: rendas dos estabelecimentos fabris e comerciais, seguro cont ra incêndios, ordenados dos gerentes e out ros funcionários e as amort izações dos equipamentos. VI.3.2 – Custos vavriáveis Como o nome indica, aumentam com as quant idades produzidas. São exemplos as matérias consumidas, o consumo de água e energia eléct rica e a mão-de-obra paga à peça. Os custos variáveis podem ser proporcionais, progressivos e degressivos. Um custo variável diz-se proporcional quando aumenta na razão directa das quant idades produzidas, sendo, portanto, constante por unidade (kvp).
  • 21. Dizem-se progressivos quando crescem mais rapidamente que as 21 (kvpr) quant idades produzidas. Os custos variáveis dizem-se degressivos quando aumentam mais lentamente que as quant idades produzidas (kvd). O custo variável unitário otém-se dividindo o custo variável global de determinado período pelas quant idades produzidas nesse mesmo período. Como at rás se afirmou, o custo variável proporcional é constante por unidade. VI.4 – O ponto crítico das vendas A determinação do valor dos custos fixos e variáveis suportados por uma empresa num determinado exercício é de fundamental importância para a determinação do ponto crít ico de vendas, ou seja, para a determinação do momento a part ir do qual a empresa deixa de ter prejuízos para passar a ter lucros, isto é, o ponto crít ico permite a informação do momento em que a empresa obtém proveitos suficientes para cobrir a totalidade dos seus custos. A deteminação é, ainda, importante porque, se a empresa não at ingir durante determinado exercício económico, apresentará, como resultado da sua exploração, um prejuízo. A determinação do ponto crít ico pode ser feita de diferentes maneiras. Apresentam-se duas por serem as mais usais. 1 – Dedução matemática Como no ponto crít ico a empresa não tem lucro nem prejuízo, verifica-se a seguinte igualdade: V = cv * q + kf Onde: V – vendas no ponto crít ico Cv – custo variável unitário Q – quant idades vendidas Kf – custos fixos no período Mas, como o valor das vendas obtém-se mult iplicando o volume de vendasd (q) pelo preço unitário de vendas (p). V = q * p Tem-se: p * q = cv * q + kf
  • 22. 22 p * q – cv x q = kf e q = kf / p – cv 2 – Dedução Pode ser resolvido do seguinte modo: 31/12 1.Volume de vendas 200.000,00 2.Custo variável 120.000,00 3.Margem s/o custo variável (1-2) 80.000,00 4.Custo fixo 60.000,00 5.Resultado líquido (3-4) 20.000,00 Determinação do ponto crít ico Vendas Margem s/kv 200.000,00 80.000,00 X 60.000,00 Assim, o volume de vendas no ponto crít ico será at ingido quando a margem sobre o custo variável for igual ao valor dos custos fixos, pois só nesse momento o resultado será nulo. Vendas = 200.000,00 * 60.000,00 / 80.000,00 = 150.000,00 kzs ATT: Existe uma terceira forma, que é at ravés da representaçãoi gráfica, pelos valores no eixo do Y e quant idade no eixo do X. Contudo, a determinação de vendas permite ao gestor a obtenção de preciosas informações, sobretudo no que respeita à noção de risco ligado à act ividade empresarial e à act ividade de exploração empresarial. O gestor tem possibilidades de comparar o volume de produção orçamentado com o valor real obt ido no ponto crít ico e, desta forma, o lucro real com o orçamentado. De notar, ainda, que out ra das grandes vantagens deste inst rumneto de gestão reside na sua simplicidade. VI.5 – Análise económica e financeira Desde a década de 80, são frequentes as fusões de empresas, as ofertas públicas de compra, de venda e de t roca. É necessário conhecer novos produtos financeiros com a finalidade da eventual criação e gestão de uma carteira de t ítulos. A internacionalização da
  • 23. act ividade económica obriga a função financeira a considerar problemas de câmbio, exposição ou cobertura de risco de câmbio, meios de pagamento e financiamentos internacionais, decisões de invest imento. O desenvolvimento de meios informát icos torna o processo de tomada de decisões mais seguro e eficaz, ligando a empresa a out ras do grupo, a praças financeiras internacionais, pesquisando oportunidades de financiamento e aplicações a prazo. Em resumo, podemos diqer que a função financeira engloba: - Tarefas ligadas à aquisição e gestão de act ivos corpóreos, 23 incorpóreos ou financeiros. - Tarefas ligadas à obtenção de capitais necessários ao desenvolvimento da empresa. - Tarefas ligadas ao cont rolo da ut ilização dos fundos dent ro da empresa. A função financeira tem como meta a realização dos object ivos da empresa. A maximização dos lucros foi, durante muito tempo, considerada o principal object ivo da empresa. Hoje, este object ivo é substoctuido pelo object ivo de maximização do valor da empresa. Interessa aos proprietários das empresas, que visam o aumento de valor do seu invest imento, ter em conta a incerteza, o risco e o tempo. Tradicionalmente, podem-se considerar na função financeira t rês vertenes:  Análise da Estrutura Empresarial – verificar se as massas pat rimoniais se encont ram correctamente dist ribuídas.  Análise da Liquidez – averiguar em que medida a empresa dispões de meios financeiros adequados às necessidades, de modo a poder funcionar com estabilidade, ou seja, com independência perante terceiros.  Análise da Rendibilidade – capacidade da empresa para gerar fluxos financeiros posit ivos (lucros). E numa perspect iva mais recente:  Análise de Risco – variabilidade destes fluxos financeiros no futuro. Compete a função financeira gerir o fluxo de fundos que, em cada momento se encont ram à disposição da empresa, embora a natureza dos problemas que uma empresa enfrenta não seja exclusivamente financeira.
  • 24. Contudo, o conteito de valor de uma empresa vai mais além do que a análise da sua situação financeira, pois tem a ver com a noção da vantagem compet it iva, que assenta principalmente, nos seus produtos, nos recursos humanos que emprega, na tecnologia que ut iliza, no mercado que domina. É assim, o esforço combinado de todos os departamentos da empresa, orientados pela est ratégia imprimida pelos seus dirigentes. Ter fluxos financeiros posit ivos (lucros) é condição indispensável ao funcionamento de uma empresa, mas não é suficiente à sua sobrevivência e desenvolvimento. 24 VI.5.1 – A organização da função financeira A organização da função financeira varia consoante a dimensão da empresa. Numa PME, é frequente a existência de um serviço de conatbilidade dest inado a recolher e processar informações contabilíst icas e a gerir disponibilidades. É um serviço de apoio ao director da empresa que exerce a função financeira. Quando a dimensão da empresa aumenta, o director vai delegando parte dos seus poderes e a área financeira torna-se, geralmente ,autónoma e com importância igual à de out ras áreas. Exemplo: Direcção Direcção de Produção Direcção Comercial Direcção Financeira Na grande empresa, a função financeira está enquadrada geralmente de forma diversa, devido à relação da empresa com out ras empresas do mesmo ou de out ro grupo, da necessidade de planificação a mais longo prazo, do próprio âmbito, muitas vezes mult inacional, em que a empresa t rabalha, do volume de fluxos financeiros e da ut ilização de inst rumentos financeiros cada vez mais sofist icados. Assim, hoje em dia, podem considerar-se numa empresa:
  • 25. - Órgãos de informação – Serviços de contabilidade, jurídico e 25 fiscal. - Órgãos de gestão – Tesouraria, planificação, invest imentos. - Órgãos de cont rolo – Cont rolo de gestão, auditoria. Contudo, a função financeira assume aspectos diferentes dent ro das empresas, tendendo para complexidade à medida que a dimensão das empresas aumenta. É uma área em permanente evolução e exige uma atenção constante das oportunidades que o mercado nacional e internacional oferece, de modo a const ruir-se uma imagem favorável da empresa. VI.5.1 – O papel da análise económica e financeira na gestão A análise financeira, como campo autónomo, procura, a part ir do exame de documentos conatbilíst icos.financeiros históricos, analisar a evolução da situação financeira da emoresa com ao object ivo de detectar tendências futuras, t rata-se de um conjunto de técnicas aplicadas não só, por observadores externos (Bancos, Estado, futuros invest idores, etc.), mas também no interior da própria empresa, pelos gestores integrados na área do Cont rolo de Gestão, no sent ido de analisar crit icamente o desempenho da empresa e propôr medidas correct ivas para o futuro. A análise financeira é muitas vezes, feita de acordo com os object ivos das ent idades que se relacionam cim a emoresa. Assim:  Ao pequeno accionista só interessa o seu dividendo.  O grande accionista estará disposto a sacrificar lucros no presente para obter maiores lucros no futuro.  Ao fisco interessará a formação e o valor dos resultados.  Aos fornecedores interessa saber se a emrpesa cont inua a ter capacidades de solver os seus compromissos.  Aos clientes que dependem intensamente dos produtos da empresa interessa analisar se a empresa está financeiramente qualificada, se poderá haver rupturas de fornecimento, se os prazos que lhe são concedidos correspondem ou não aos prazos médios de recebimentos da empresa, ect .  Aos bancos interessará efectuar uma análise mais profunda, em função dos prazos e montante de crédito já concedido ou a conceder.  Aos t rabalhadores interessará analisar a estabilidade da empresa, as suas perspect ivas de crescimento e possíveis critérios ut ilizados na dist ribuição dos resultados.
  • 26.  Ao Estado interessa analisar a empresa, pela possibilidade que esta lhe dá de cont ribuir para a resolução dos problemas nacionais: deficit orçamental, deficit da balança de pagamentos, desemprego, assimet rias regionais, etc. Para se at ingir estes object ivos o analista deverá socorrer-se de documentos contabilíst icos (balanço, demonst ração de resultados, mapa de origem e aplicação de fundos, relatório do conselho de adminsit ração e relatório e parecer do conselho fiscal) e ext racontabilíst icos (indust ria em que a empresa está inserida, posição concorrencial da empresa dent ro dessa indúst ria e sua vantagem compet it iva, os seus produtos e as suas condições de financimento interno). 26 VI.5.2 – Os Rácios da Análise Patrimonial Os Rácios de Indicadores const ictuem a técnica mais ut ilizada em Análise Financeira. São comuns os rácios ut ilizados por cent rais de balanços de inst ictuições de crédito (banca e out ros) e por revistas da especialidade e empresas que fornecem informações de índole comercial e financeira. De todos os métodos de análise, este é o mais fácil de const ruir, o mais prát ico e o mais rico em conclusões, já que permite: - Obter informações sintét icas; - Comparar  Valores assumidos no tempo pelo mesmo indicador;  Valores respeitantes à empresa com valores padrão a nível sectorial e nacional. Apesar de inegáveis vantagens, há que tomar algumas precauções na const rução dos rácios/indicadores: - O quadro de rácios / indicadores deverá ser limitado mais significat ico; - Deverão ser ut ilizados rácios / indicadores homogéneos; - As act ividades das empresas em confronto deverão ser comparadas. Não podemos esquecer também as limitações de uma análise que se basie somente em rácios. São um simples inst rumentos, quant ificam factos, apontam indícios e detectam anomalias, mas não explicam as causas. São como um diagnóst ico, que não dispensa a
  • 27. apreciação do analista financeiro. Acresce que um rácio só tem significado quando comparado no tempo com valores assumidos pelo mesmo rácio, com out ros rácios ou com rácios t ipo do mesmo sector de act ividade. 27 VI.5.2.1 – Tipos de Rácios VI.5.2.1.1 - Rácios de estrutura Os rácios de est rutura medem a capacidade da empresa em solver os seus compromissos a médio e longo prazo. Comparam os fundos fornecidos pelos accionistas (capitais próprios) com os fundos obt idos junto dos credores (capitais alheios). De ent re os rácios de est rutura há a considerar: - Rácio de solvabilidade A existência da solvabilidade depende: - do grau de cobertura do Act ivo por Capitais Próprios. - da capacidade da empresa em gerar lucros. Rácio de Solvabilidade = Capitais Próprios / Passivo Total * 100 Quanto maior o valor deste rácio, melhor a empresa responde aos seus compromissos, mantendo uma certa autonomia financeira. Se o rácio for inferior a 1, a empresa tem que ser capaz de gerar lucros para sat isfazer as suas obrigações para com terceiros nos prazos previstos, ou, em alternat iva, os seus accionistas têm que injectar capitais na empresa. - Rácio de autonomia financeira Indica-nos, por cada $ 100,00 aplicados na empresa, quantos são próprios e quantos são alheios. Ou seja, mede a part icipação do capital próprio no financiamento da empresa. Rácio de autonomia financeira = Capitais Próprios / Activo Líquido * 100 Este indicador varia ent re 0 e 1. Zero é a total dependência de terceiros; um é a autonomia total, a empresa não recorre a qualquer capital alheio. Ora, nem um ext remo, nem out ro. O endividamento junto de terceiros, permite o efeito da alavanca financeira, no caso de os capitais obt idos (alheios) por emprést imos renderem a uma taxa de lucro superior à taxa de juro do emprést imo. Neste caso, a taxa de rentabilidade dos capitais próprios aumenta com o endividamento.
  • 28. - Rácio de endividamente Trata-se de um indicador complementar do anterior, já que a 28 soma dos dois valores é igual a 1. Rácio de endividamento = Passivo / Activo Líquido * 100 VI.5.2.1.2 - Rácios de liquidez Medem a capacidade da empresa para fazer parte face às suas obrigações a curto prazo. Permitem, verificar se a empresa tem ou não capacidade para pagar as suas dívidas na data do seu vencimento. Normalmente o gestor recorre aos seguintes indicadores: - Liquidez geral Liquidez geral = Activo Circulante / Passivo a curto prazo Se o valor apurado for mairo que 1, a empresa pode ut ilizar act ivo líquidos para liquidar dívidas a menos de 1 ano. Costuma dizer-se que quanto maior for o indicador, melhor. No entanto, não é exactamente assim, porque um valor elevado pode significar: 1 – Bastantes stcoks inúteis no armazém. 2 – Um valor bastante elevado de dívidas por parte dos clientes. 3 – Grandes disponibilidades em caixa ou em bancos. Assim, apesar de se indicar um valor ideal, acima de 2, para empresas bem geridas, valores ent re 1,2 e 1,4 são ideais. - Liquidez reduzida Liquidez reduzida = Activo Circulante – Existências / Passivo a Curto Prazo Este indicador diz-nos qual o peso dos stocks na est rutura da empresa. Se houver uma diferença exagerada ent re o valor da Liquidez Geral e o valor da Liquidez Reduzida, devemos acautelar-nos, pois tal facto, poderá significar que a empresa está a produzir para o armazém e não para o mercado, est ando a criar st ocks “mort os”, que pesam bastante em termos de custos para a empresa.
  • 29. 29 VI.5.2.1.3 - Rácios de rantabilidade e rácios de actividade A rentabilidade (rendibilidade) tem a ver com a apt idão da empresa para produzir fluxos financeiros posit ivos (lucros). De um modo gerla, os rácios de rantabilidade relacionam o Resultado (lucro ou prejuízo) com os capitais que o segregaram. Os rácio de act ividade medem a eficiência das decisões da gestão da empresa sobre os recursos que dispõe. Apuram-se em termos de rotação ou em dias de funcionamento. Devem ut ilizar-se os valores médios do balanço, de forma a não serem afectados por valores acidentais em determinada data do balanço. Os principais rácios de rentabilidade e de act ividade encont ram-se inter-relacionados naquilo a que t radicionalmente se chama “pirâmide de rácios”. Activo Total / Capitais Prórpios - Rentabilidade dos capitais próprios Relaciona o lucro que a emrpresa obteve em determinado exercício face aos capitais próprios de que dispunha. A sua fórmula é: Rentabilidade do capital próprio = Resultado Líquido / capital próprio (em valor médio) * 100 Resultado Líquido / Capitais Próprios * 100 Resultado Líquido / Activo Total Resultado Líquido / Vendas Vendas / Activo Total Vendas / Activo Fixo Vendas / Activo Circulante Custo das Vendas / saldo médio de existências Vendas+Prestaç ão de serviços / saldo médio de clinetes
  • 30. É o rácio preferido por accionistas e invest idores. Permite ao accionista calcular a taxa de retorno dos capitais que invest iu. Comparando esta taxa com as remunerações oferecidas no mercado de capitais ou com o custo do financiamento, os detentores das acções das empresas podem concluir se o seu capital está a ser bem aplicado. Em relação a este rácio podem tecer-se algumas considerações: 1. Considera-se como valor razoável para rentabilidade do capital invest ido, um valor pelo menos igual a taxa de remuneração dos depósitos a prazo. 2. Devemos considerar os lucros antes ou depois dos impostos que incidem sobre os lucros? Se nos colocarmos no ponto de vista da empresa, deveremos considerar o lucro antes dos impostos, pois assim determina-se a rentabilidade obt ida como consequência da act ividade própria da empresa; se nos colocarmos no ponto de vista do invest idor, deveremos considerar o lucro depois de deduzidos os impostos e os juros com que se remunerou o capital alheio ut ilizado por forma a determinar-se a rendibilidade líquida. No entanto, este rácio é afectado pela polít ica de financiamento de cada empresa. Daí que, para avaliar a rentabilidade do Act ivo, que é um rácio de avaliação do desempenho dos capitais totais invest idos na empresa, independentemente de serem próprios ou alheios, se determine: 30 - Rentabilidade do Activo Total Rentabilidade do Activo Total = Resultado Líquido / Activo líquido (em valor médio) * 100 Que most ra o nível de lucro que a empresa obteve por cada $ 100,00 invest idos. De notar que o Act ivo a considerar é o Act ivo Líquido, ou seja, o Act ivo Bruto depois de deduzidas amort izações e provisões. Se este indicador já é importante porque permite analisar a qualidade com que a gestão de fundos foi efectuada, é igualmente importante pois é a part ir dele que se deduz a Equação Fundamental da Rantabilidade: Lucro/Activo Total = Lucro/Vendas * Vendas/Activo Total
  • 31. Assim, a rentabilidade de todos os capitais invest idos na empresa, depende, por um lado, do lucro obt ido por cada kwanza vendido, e por out ro, do número de kwanzas vendidos por cada kwanza vendido. O que quer dizer que a variação da rentabilidade total de uma empresa se pode dever, ou à alteração nas margens de lucro obt idas nas vendas, ou à alteração do número de rotações do act ivo da empresa, ou ambas. 31 Então, a equação fundamental referida desdobra-se em: - Rentabilidade Líquida das Vendas Rentabilidade Líquida das Vendas = Resultado Líquido / Vendas * 100 Mede o lucro (prejuízo) da empresa por cada kwanza invest ido. Trata-se de um indicador fundamental já que o seu valor depende de dois factores: o factor comercial e o factor indust rial. Na verdade, a rentabilidade das vendas melhora se a empresa mant iver o preço de custo e aumentar o preço de venda (factor comercial); mas a rentabilidade também nelhora se mant iver o preço de venda e se reduzir o custo unitário (factor indust rial). - Rotação do Activo total Rotação do activo total = vendas / activo total (em valor médio) Mede o grau de ut ilização dos act ivos. Um valor elevado significará que, provavelmente, a empresa está a t rabalhar perto do limite da sua capacidade; um valor baixo pode significar subut ilização dos recursos. Indica, pois, qual a eficiência com que a empresa conseguiu gerir o act ivo que lhe foi colocado à disposição. - Rotação do Activo fixo Rotação do activo fixo = Vendas / activo fixo Quando a situação piora ligeiramente de um período para o seguinte, t rata-se de uma baixa taxa de rotação do act ivo fixo. É um rácio que é difícil modificar de um período para o seguinte, pois é impossível, na maioria dos casos, conseguir adaptações a curto prazo, dos invest imentos fixos sem causar prejuízos à empresa. São, pois, os bens do capital circulante aqueles que se devem vigiar mais perto para efeitos de rentabilidade.
  • 32. 32 - Rotação do Activo circulante Rotação do activo circulante = Vendas / activo circulante Caso a situação melhora de um período para o out ro, ao cont rário do que se viu na rotação do act ivo fixo, afirma-se que se a empresa manter a sua margem de cont ribuição, será um dos factores que conduzirão à melhoria do lucro obt ido pela empresa num dado perído. Como se sabe, as duas principais componentes do act ivo circulante são os stocks e os clientes, pelo que se deve fazer uma análise de ambas pelo cálculo do tempo médio de permanência dos stocks em armzém e o tempo médio de cobrança das dívidas dos clientes. - Tempo médio de duração das existências Tempo médio de duração das existências = Existências (valor médio Ei + Ef/2) / Custo das mercadorias vendidas e matérias consumidas Este rácio pode ser desdobrado consoante a natureza das existências (por exemplo, matérias, produtos acabados, etc). Se, por hipótese, o tempo médio de duração de determinada mercadoria é de 20 dias, isso significa que o stock se renova 365/20, isto é, cerca de 18 vezes por ano. - Tempo médio de cobrança Tempo médio de cobrança = saldo médio de clientes / vendas + prestações de serviços * 365 Este indicador permite verificar qual é, em média, o número de dias que a empresa demora a receber dos seus clientes, isto é, mede o espaço de tempo que separa a venda do seu recebimento. Este diferencial é que origina a necessidade de financiamento da exploração. Um valor elevado deste rácio pode indicar ineficiência do departamento de cobranças ou falta de poder negocial da empresa perante os seus clientes. Ao saldo médio de clientes deverá acrescentar-se as let ras descontadas e não vencidas. Geralmente não se inclui os créditos de cobrança duvidosa para não falsear a análise. Int imamente relacionado com o tempo médio de cobrança está o tempo médio de pagamentos que deve ser superior ao tempo médio de cobrabça, pois só assim, a empresa estará a ser financiada por fornecedores e não a financiar clientes.
  • 33. 33 - Tempo médio de pagamento Tempo médio de pagamento = Saldo médio de fornecedores / Compras * 365 Existem muitos rácios que podem ser calculados. Estes são, no entanto, os mais frequentemente ut ilizados. VI.5.2.2 – O Cash flow A expressão cash flow é uma expressão muito usada int ernacionalment e e que, em port uguês, se poderá t raduzir em “fluxo de liquidez”. O Cash flow em termos dinâmicos representa a corrente de ent radas e saídas de dinheiro, resultante de operações directamente relaccionadas, não só como ciclo de exploração (cash flow operacional), mas também com o ciclo de invest imento ou financimento (cash flow ext ra-operacional). Um cash flow operacional elevado é geralmente indicador de um bom desempenho da empresa. Há alguma dificuldade em reconst ituir o cash flow em termos dinâmicos. É por isso que se arranjou um processo mais rápido e expedito, mas menos preciso, de calcular o cash flow. É o cash flow em termos estát icos. Nesta acepção, o cash flow é visto como o conjunto de meios libertos pela act ividade da empresa. Se analisarmos, sintet icamente uma Demonst ração dos Resultados Líquidos, verificamos que: Custo Merc. Vend. Forne. Sev. Externos Impstos Custos c/Pessoal Imp. s/Rendimento Vendas Prest . Serviços Amort . Ex. Prov. Ex. Result . Líq. Saídas da tesouraria S a í d a s Com os meios libertos, a empresa paga os dividendos, adquire novas imobilizações, reembolsa os emprést imos, ect . O Cash flow, nesta perspect iva, calcula-se a part ir de um único documento: a Demonst ração de Resultados Líquidos. Entradas na tesouraria E n t r a d a s Não origina movimentos de tesouraria
  • 34. 34 Resultados antes do impostos + Amort izações + Provisões ____________________________ = CASH FLOW BRUTO - Imposto sobre o rendimento ____________________________ = CASH FLOW LÍQUIDO VI.5.2.3 – O Autofinanciamento Sabemos que o financiamneto de uma empresa é assegurado por capitais próprios (capital social inicial, aumentos de capital, lucros ret idos ou reservas) e por capitais alheios (emprést imos ou diferimentos de pagamentos). O financiamento é pois uma fonte de liquidez da empresa, mas não é a única. A empresa obtém meios líquidos at ravés das t ransformações internas que se processam no seu act ivo no decurso da sua act ividade. Chama-se AUTOFINANCIAMENTO à parte do financimento obt ido como resultado da própria act ividade da empresa. Corresponde aos lucros reais ret idos, quer pela sua não dist ribuição, quer pela sua ocultação (reservas ocultas). Nem sempre disposmos dos elementos que nos permitem calcular o autofinanciamento de acordo com a definição acima. Nesse caso: Resultados antes do impostos - Imposto s/ o rendimento - Dividendos a pagar ____________________________ = AUTOFINANCIAMENTO + Amort izações + Provisões + Dividendos a pagar ____________________________ = CASH FLOW LÍQUIDO - Imposto s/ o rendimento ____________________________ = CASH FLOW BRUTO